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Livro - Gestão de Sis e Unidades Educacionais (1)

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1 
 
Disciplina: Gestão de sistemas e unidades educacionais 
Autora: D.ra Vanessa Roberta Massambani Ruthes 
Revisão de Conteúdos: D.ra Yara Rodrigues de La Iglesia 
Designer Instrucional: Sérgio Antonio Zanvettor Júnior 
Revisão Ortográfica: Esp. Juliano de Paula Neitzki 
Ano: 2020 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Copyright © - É expressamente proibida a reprodução do conteúdo deste material integral ou de suas 
páginas em qualquer meio de comunicação sem autorização escrita da equipe da Assessoria de 
Marketing da Faculdade UNINA. O não cumprimento destas solicitações poderá acarretar em cobrança 
de direitos autorais. 
 
 
2 
 
Vanessa Roberta Massambani Ruthes 
 
 
 
 
Gestão de sistemas e unidades 
educacionais 
1ª Edição 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
2020 
Curitiba, PR 
Faculdade UNINA 
 
 
3 
 
Faculdade UNINA 
Rua Cláudio Chatagnier, 112 
Curitiba – Paraná – 82520-590 
Fone: (41) 3123-9000 
 
 
Coordenador Técnico Editorial 
Marcelo Alvino da Silva 
 
Conselho Editorial 
D.r Alex de Britto Rodrigues / D.r Eduardo Soncini Miranda / 
D.r João Paulo de Souza da Silva / D.ra Marli Pereira de Barros Dias / 
D.ra Rosi Terezinha Ferrarini Gevaerd / D.ra Wilma de Lara Bueno / 
D.ra Yara Rodrigues de La Iglesia 
 
Revisão de Conteúdos 
Yara Rodrigues de La Iglesia 
 
Designer Instrucional 
Sérgio Antonio Zanvettor Júnior 
 
Revisão Ortográfica 
Juliano de Paula Neitzki 
 
Desenvolvimento Iconográfico 
Juliana Emy Akiyoshi Eleutério 
 
 
 
FICHA CATALOGRÁFICA 
 
 
RUTHES, Vanessa Roberta Massambani. 
Gestão de sistemas e unidades educacionais / Vanessa Roberta Massambani 
Ruthes. – Curitiba: Faculdade UNINA, 2020. 
88 p. 
ISBN: 978-65-87972-53-4 
1. Administração clássica. 2. Missão, visão e valores. 3. Práxis, sistemas e 
unidades. 
Material didático da disciplina de Gestão de sistemas e unidades educacionais – 
Faculdade UNINA, 2020. 
Natália Figueiredo Martins – CRB 9/1870 
 
 
4 
 
PALAVRA DA INSTITUIÇÃO 
 
Caro(a) aluno(a), 
Seja bem-vindo(a) à Faculdade UNINA! 
 
 Nossa faculdade está localizada em Curitiba, na Rua Cláudio Chatagnier, 
nº 112, no Bairro Bacacheri, criada e credenciada pela Portaria nº 299 de 27 de 
dezembro 2012, oferece cursos de Graduação, Pós-Graduação e Extensão 
Universitária. 
 A Faculdade assume o compromisso com seus alunos, professores e 
comunidade de estar sempre sintonizada no objetivo de participar do 
desenvolvimento do País e de formar não somente bons profissionais, mas 
também brasileiros conscientes de sua cidadania. 
 Nossos cursos são desenvolvidos por uma equipe multidisciplinar 
comprometida com a qualidade do conteúdo oferecido, assim como com as 
ferramentas de aprendizagem: interatividades pedagógicas, avaliações, plantão 
de dúvidas via telefone, atendimento via internet, emprego de redes sociais e 
grupos de estudos, o que proporciona excelente integração entre professores e 
estudantes. 
 
 
 Bons estudos e conte sempre conosco! 
 Faculdade UNINA 
 
 
 
 
 
 
 
 
5 
 
Sumário 
Prefácio...................................................................................................... 07 
Aula 1 – As teorias de gestão e o contexto escolar .................................... 08 
Apresentação da aula 1 ............................................................................. 08 
 1.1 - A História da Administração ........................................................ 08 
 1.2 - As teorias da administração ........................................................ 11 
 1.2.1 - Frederick Taylor e o princípio da supervisão do trabalho ......... 12 
 1.2.2 - Henri Fayol e a coordenação de ações de gerenciamento ....... 14 
 1.2.3 - Peter Drucker e a gestão por objetivos .................................... 15 
 1.3 - A gestão e o aprendizado organizacional ................................... 16 
Conclusão da aula 1 .................................................................................. 18 
Aula 2 – Os princípios da gestão escolar ................................................... 19 
Apresentação da aula 2 ............................................................................. 19 
 2.1 - A diferença entre administrar e gerir ........................................... 20 
 2.2 - Entre a empresa e a escola ........................................................ 23 
 2.3 - A gestão escolar e o processo de ensino-aprendizagem ............ 26 
Conclusão da aula 2 .................................................................................. 28 
Aula 3 – Gestão escolar, uma prática desenvolvida .................................. 29 
Apresentação da aula 3 ............................................................................. 29 
 3.1 - A gestão escolar e os pressupostos legais ................................. 29 
 3.2 - As leis que regem as práticas administrativas e pedagógicas da 
educação .................................................................................................. 
 
31 
 3.3 - As normativas que regem as práticas administrativas da 
instituição de ensino .................................................................................. 
 
37 
Conclusão da aula 3 .................................................................................. 40 
Aula 4 – Concepções de Gestão Escolar I ................................................. 41 
Apresentação da aula 4 ............................................................................. 41 
 4.1 - Os três paradigmas de gestão escolar ........................................ 41 
 4.2 - O paradigma técnico-científico de gestão escolar ...................... 44 
Conclusão da aula 4 .................................................................................. 49 
Aula 5 – Concepções de Gestão Escolar II ................................................ 50 
Apresentação da aula 5 ............................................................................. 50 
 5.1 - O paradigma autogestionário ..................................................... 51 
 5.2 - A gestão compartilhada na educação: possibilidades e desafios 54 
Conclusão da aula 5 .................................................................................. 58 
 
 
6 
 
Aula 6 – Concepções de Gestão Escolar III ............................................... 58 
Apresentação da aula 6 ............................................................................. 58 
 6.1 - O paradigma democrático-participativo ...................................... 59 
 6.2 - Os pressupostos teóricos do paradigma democrático-
participativo ............................................................................................... 
 
63 
Conclusão da aula 6 .................................................................................. 67 
Aula 7 – Concepções de Gestão Escolar IV .............................................. 67 
 Apresentação da aula 7 ............................................................................ 67 
 7.1 - A gestão democrático-participativa da escola e a noção de 
participação ............................................................................................... 
 
68 
 7.2 - A gestão democrático-participativa da escola e a noção de 
autonomia ................................................................................................. 
 
70 
Conclusão da aula 7 .................................................................................. 74 
Aula 8 – Liderança e Gestão Escolar ......................................................... 75 
Apresentação da aula 8 ............................................................................. 75 
 8.1 - A definição de liderança .............................................................. 768.2 - A liderança na gestão escolar ..................................................... 79 
 8.3 - O diretor como líder educacional ................................................ 81 
Conclusão da aula 8 .................................................................................. 83 
Índice Remissivo ....................................................................................... 84 
Referências ............................................................................................... 86 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
7 
 
Prefácio 
 
A disciplina de Gestão de Sistemas e Unidades Educacionais tem como 
objetivo refletir sobre os princípios teóricos que pressupõem para tal ação. Nesse 
sentido, foi estruturado um itinerário de estudos que contempla aspectos teórico-
práticos da administração, os princípios da gestão escolar e os aspectos legais 
que normatizam a gestão. 
Em um segundo momento, são apresentadas as principais concepções 
pedagógicas que baseiam a gestão escolar, a saber: técnico-científica, 
autogestionária e democrático-participativa. 
Por fim serão abordados os princípios de liderança que fundamentam a 
práxis do gestor escolar, principalmente na figura do professor. 
Bons estudos! 
 
 
 
8 
 
Aula 1 – As teorias de gestão e o contexto escolar 
 
Apresentação da aula 1 
 
Prezado (a) estudante! Iniciamos nossa primeira aula da disciplina de 
Gestão de Sistemas e Unidades Educacionais. Vamos conhecer os fundamentos 
das teorias de administração e seus principais teóricos, como também 
compreender de que forma as concepções emanadas da gestão podem atuar no 
contexto educacional. 
Na história da educação, encontramos diversas formas de fazer gestão 
escolar. Desde o surgimento das primeiras instituições formais, no fim da Idade 
Média, encontramos formas diversas de fazer a administração dos bens e 
serviços. Entretanto, essas práticas estavam mais relacionadas a um processo 
intuitivo do que a algumas práxis racionalizadas. 
 
Vocabulário 
O termo práxis indica uma relação entre o ser humano e a realidade, na qual, 
ao operar sobre a realidade, reflete suas ações e as modifica de forma a alcançar 
os objetivos propostos. No contexto educacional, podemos relacionar a práxis 
ao processo de ação-reflexão-ação (JAPIASSÚ; MARCONDES, 2006, p. 224). 
 
No contexto da administração geral, a organização de práxis racionalizada 
foi um processo paulatino, diretamente relacionado à forma ao desenvolvimento 
da humanidade e à forma como esse agregava e desenvolvia o conhecimento. 
 
1.1 A história da administração 
 
As explicações de como o desenvolvimento da administração ocorreu são 
inúmeras e partem de diversos pressupostos teóricos. Nós em especial vamos 
utilizar o realismo materialista. Essa é uma concepção de Xavier Zubiri, um 
pensador espanhol, que afirma que toda a realidade existente é puramente 
material e objetiva. Em outras palavras, para esse autor, uma pedra é 
simplesmente uma pedra, quem dá a ela os diferentes significados é o ser 
 
 
9 
 
humano. Ao dar a uma pedra um significado, abre-se a possibilidade de 
transformá-la segundo a aspiração humana. 
Acredito que vocês já tenham ouvido a anedota (pois não há registro de 
que ela seja um fato real) da explicação de Michelangelo frente a um elogio que 
recebera por sua obra Pietà. Para o artista, a escultura já estava presente no 
bloco de mármore, o que ele fez foi mostrá-la ao mundo. Pergunto a vocês: o 
que essa afirmação de Michelangelo expressa? O artista, ao olhar para a 
realidade concreta, doou a ela um significado e após isso a transformou. 
 
 
Pietà – Michelangelo 
Fonte: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/6/60/Michelangelo%27s_Pieta 
_5450_cropncleaned_edit-2.jpg 
 
Mas, de que forma toda essa dinâmica acontece? Segundo Zubiri (2006, 
p. 25), essas mudanças ocorrem a partir de determinados padrões sociais que 
contemplam em si questões como: organização da sociedade, concepções 
políticas, valores morais e o conhecimento acumulado. Esse último é o grande 
propulsor do desenvolvimento da humanidade, pois só há inovação na 
transformação de recursos em possibilidades se há ampliação no conjunto de 
saberes. 
Segundo Ruthes (2019, p. 483), “a realidade tem um caráter histórico e é 
considerada um processo que envolve a transformação dos recursos naturais 
 
 
10 
 
em possibilidades, que são modos de ser e estar na realidade”. Sob essa ótica 
de compreensão, podemos sintetizar essa compreensão sobre o 
desenvolvimento das formas de produção humana, com o seguinte esquema: 
 
 
Desenvolvimento das formas de produção 
Fonte: acervo do autor (2020). 
 
A realidade concreta é a fonte de todo o conhecimento acumulado pela 
humanidade, a partir desse conhecimento é que podemos produzir novos 
saberes que impactam na forma como nós atribuímos sentido à realidade. Esse 
novo significado impacta a forma como trabalhamos com o que é real, 
transformando-a e a partir disso é que temos inovações, que nos possibilitam 
mudar o paradigma no qual se vivem em determinado tempo histórico. 
 
Vocabulário 
O termo paradigma indica as formas ou padrões pelos quais podemos entender 
a realidade. São modelos explicativos compostos por conceitos e conhecimentos 
que se autocompletam (JAPIASSÚ; MARCONDES, 2006, p. 211). 
 
No contexto da administração, temos várias fases que possuíam formas 
de transformação da realidade, cada qual obedecendo o tempo histórico 
específico e o conjunto de conhecimentos acumulados. Segundo Chiavenato 
(2000), a humanidade perpassou seis paradigmas da administração, tendo em 
vista os modos de produção que lhe eram próprios: 
 
 
 
11 
 
 
Fonte: elaborado pelo autor (2020). 
 
Compreendendo o desenvolvimento da administração a partir da 
“evolução da organização social, reforça a necessidade de se explicitar a sua 
função enquanto meio de organização do trabalho na sociedade capitalista” 
(FÉLIX, 1985, p. 34). Nesse sentido, é fundamental para o melhor 
desenvolvimento de nossa reflexão compreender as principais teorias da 
administração. 
 
1.2 As teorias da administração 
 
Como vimos no item anterior, na história da administração tivemos 
diversas fases, em cada uma delas uma forma de organização dos processos 
de trabalho foi sendo desenvolvida. Em fins do século XIX, com a Revolução 
•Sociedades com alto índice de urbanização;
•Modo de produção industrial com foco na
competitidade os bens produzidos.
O Gigantismo (1914-
1945)
•Sociedades em Rede;
•Modo de produção tecnológico com foco em
novas formas de produção.
Fase moderna (1945-
1980)
•Sociedades em Rede;
•Foco na inovação, que ocorre na troca de
conhecimento e tecnologia.
A Globalização (Após 
1980)
•Sociedades com nível de urbanização baixo;
• Estrutura econômica familiar;
•Modo de produção era a manufatura.
Fase artesanal (até 
1780)
•Sociedades urbanizadas;
•Modo de produção era industrial, com foco na
mecanização.
Fase pré-industrial 
(1780-1860)
•Sociedades com alto índice de urbanização;
•Modo de produção industrial com foco na
transformação em massa de bens.
Fase industrial (1860-
1914)
 
 
12 
 
Industrial, de acordo com os primeiros teóricos da administração, a principal 
finalidade era compreender os processos de produção, buscando estratégias 
que viabilizassem mais rentabilidade e com a necessidade de melhoria na 
qualidade dos bens produzidos foi se tornando necessária uma organização 
sistemática e racional das práticas gerenciais. 
 
Saiba mais 
A Revolução Industrial foi um conjunto de mudanças que aconteceram na 
Europa nos séculos XVIII e XIX. A principal particularidade dessa revolução foi 
a substituição do trabalho artesanal pelo assalariado e com o uso das máquinas. 
Disponível no link: https://www.sohistoria.com.br/resumos/revolucaoindustrial.p 
hp 
 
Considerando esses fatos históricos e os modos de produção doperíodo, 
cada vez mais se tornou necessária uma reflexão, análise e efetivação de 
processos que gerassem: maior controle, maior rentabilidade e mais qualidade 
nos bens produzidos. 
Inúmeros pensadores refletiram essas formas, entretanto, cada um a 
partir do tempo histórico em que estava inserido. Em especial, nós vamos 
trabalhar com três autores: Frederick Taylor, Henri Fayol e Peter Drucker. 
Segundo Chiavenato (2000), cada um desses pertence a uma fase da história 
da administração: o Gigantismo, a Moderna e a Globalização. 
 
1.2.1 Frederick Taylor e o princípio da supervisão do trabalho 
 
Frederick Taylor (1856-1915) é considerado um dos primeiros pensadores 
da administração moderna, pois buscou, de forma racionalizada analisar e 
desenvolver métodos científicos para a racionalização do processo de trabalho 
dos operários industriais. 
Sua ótica de análise parte do cotidiano da linha de produção, da 
organização da rotina de trabalho que, segundo esse autor, devem ser balizadas 
por quatro princípios: 
 
 
 
13 
 
 
Fonte: elaborado pelo autor (2020). 
 
Ao elencarmos esses princípios em forma de pirâmide, estamos 
destacando que eles fazem parte de um processo de construção que visa balizar 
todo um modo de produção. Ao fazer a seleção do funcionário por meio de suas 
competências, há de se garantir a qualidade e o aumento da produtividade da 
empresa. 
Se é organizada a padronização e racionalização do tempo de produção, 
há como se garantir que o bem produzido seja entregue, a partir de padrões de 
qualidade, em um intervalo de tempo mínimo. 
Aos trabalhadores que conseguem desenvolver seu trabalho a partir 
dessa ótica, é oferecido um incentivo salarial por produtividade, o que os torna 
mais interessados em desenvolver suas atividades, ou seja, é possível e 
necessário estabelecer protocolos de trabalho que viabilizassem a 
racionalização do tempo e premiasse os funcionários com maior produtividade. 
E, por fim, para que todo esse trabalho possa ser desenvolvido é essencial 
que haja supervisão de todas as atividades, para que se analise o cumprimento 
de cada uma delas. 
Para Chiavenato (2000), nessa lógica de administração do trabalho 
encontramos quatro princípios básicos do pensamento de Taylor: 
Seleção por aptidião
Padronização e 
racionalização do tempo
Incentivo salarial
Supervisão
 
 
14 
 
 
 Fonte: acervo do autor (2020). 
 
1.2.2 Henri Fayol e a coordenação de ações de gerenciamento 
 
Henri Fayol (1841-1925), é considerado como o pai da administração 
clássica, pois não estava voltado apenas para a reflexão dos processos de 
produção, mas também, e preferencialmente, ao processo de gerenciamento 
administrativo. 
 
 
Henri Fayol (1841-1925) 
Fonte: https://peoplepill.com/people/henri-fayol/ 
 
Para Fayol, não é a forma de produção que molda a maneira como uma 
empresa é administrada, mas sim é a forma de gerenciamento que garante uma 
produção de bens com mais lucratividade. 
Segundo Chiavenato (2000), as conclusões do estudo de Fayol nos 
permitem vislumbrar um processo de administração pautado em cinco princípios: 
 
 
15 
 
prever, organizar, comandar, coordenar e controlar. Esses princípios podem ser 
considerados como modelos que, com as devidas customizações, podem ser 
implantados em diversos seguimentos de negócio. 
 
 
Fonte: acervo do autor (2020). 
 
1.2.3 Peter Drucker e a gestão por objetivos 
 
Peter Drucker (1909-2005) é considerado como um dos mais 
conceituados teóricos da administração moderna. Ele desenvolve sua teoria de 
administração por meio de uma lógica diversa de Taylor e Fayol ao apresentar 
que o que deve balizar o gerenciamento de uma empresa não é apenas a 
lucratividade, mas sim os objetivos que ela tem frente ao planejamento 
estruturado. É importante destacar que esse planejamento é de longo prazo, 
assim, por mais que determinadas ações possam garantir lucratividade imediata, 
elas não serão realizadas se não estiverem conforme as metas da organização. 
 
Importante 
O funcionário é entendido como colaborador, pois ele não exerce apenas uma 
função, mas contribui de forma direta no alcance dos objetivos e na realização 
da missão institucional. 
 
Sob esse aspecto, é que nos últimos 50 anos muitas empresas 
desenvolvem o processo de gestão a partir de três premissas básicas: a missão, 
a visão e os valores da empresa: 
 
 
16 
 
Missão É o motivo da empresa existir. Esse relaciona-se às 
pretensões da firma frente à sociedade e a seus clientes. 
Visão São os objetivos que a empresa pretende alcançar. Eles 
devem estar alinhados à missão e precisam expressar o 
planejamento estratégico da organização. 
Valores São os princípios que regem todas as ações da empresa. 
Eles fundamentam a missão e orientam a visão. 
Fonte: elaborado pelo autor (2020), adaptado pelo DI (2020). 
 
Curiosidade 
Na administração clássica há os pensadores: Taylor e Fayol, ambos 
desenvolveram suas análises no mesmo período histórico e ambos buscaram 
compreender de que forma os processos de trabalho podiam ser otimizados. 
Taylor analisou as relações de trabalho a partir da linha de produção, buscando 
compreender de que forma essas podiam ser padronizadas para a melhoria da 
produtividade. Fayol analisou a forma como os processos de gerenciamento da 
empresa podem ser mais eficazes. 
 
Outro aspecto importante da gestão por objetivos é a forma como 
compreende o funcionário da empresa. Ele recebe o nome de colaborador, pois 
não é apenas um prestador de serviços, mas alguém que contribui de forma 
direta para concretização da missão, no alcance da visão, por meio dos valores. 
Assim, há a necessidade de que as pessoas que integram o efetivo da instituição 
identifiquem-se com a missão da instituição e também com os valores. 
Por esse motivo, os princípios do gerenciamento são diversos dos já 
apresentados. Eles não se relacionam diretamente à supervisão e ao controle, 
mas sim à descentralização administrativa que por meio da criação de 
oportunidades e do desenvolvimento pessoal gera resultados compatíveis com 
a visão da instituição 
 
1.3 A gestão e o aprendizado organizacional 
 
Como vimos, no contexto da administração moderna, e principalmente na 
teoria de Peter Drucker, o alinhamento pessoal com a missão e com os valores 
é fundamental para o desenvolvimento da visão da empresa. Isso pressupõe que 
esse indivíduo não vai apenas contribuir com a instituição, mas que essa vai 
contribuir com ele, em seu desenvolvimento. Essa compreensão baseia-se na 
 
 
17 
 
noção de capital humano, na qual as empresas compreendem que o seu 
desenvolvimento está diretamente relacionado ao desenvolvimento de seus 
colaboradores. 
 
Curiosidade 
Dentre os pensadores do período de 1960, Peter Drucker é considerado como 
um dos mais revolucionários, pois afirmava que o lucro não era a única finalidade 
de uma empresa, mas sim o que ela desejava entregar para seu mercado 
consumidor. Para ele, a missão, visão e valores são premissas interconectadas, 
pois a primeira expressa as pretensões que ela tem junto aos clientes, a 
segunda, os objetivos para alcançá-los e a terceira, os princípios por meio dos 
quais serão realizadas as ações. 
 
Nessas instituições, o conhecimento não é uma realidade verticalizada, 
mas horizontalizada, ou seja, não há uma imposição dos saberes, mas há sim 
um aprendizado conjunto construído continuamente. Essa construção ocorre na 
prática, a partir do know-how dos colaboradores e das situações que precisam 
ser enfrentadas. 
Um teórico que versou sobre esse assunto foi Peter Senge, que apresenta 
cinco disciplinas a partir das quais a empresa pode ser considerada como uma 
instituição que aprende. Para Senge (2005), uma disciplina é uma técnica de 
desenvolvimento que precisa ser desenvolvida de forma pessoal ou coletiva, 
gerando e oportunizando aprendizado. 
 
Importante 
O aprendizadoorganizacional se fundamenta na construção conjunta do saber, 
a partir do desenvolvimento de uma visão compartilhada que permite uma visão 
sistêmica da organização. 
 
As cinco disciplinas são: 
 
 
 
18 
 
 
Fonte: elaborado pelo autor (2020). 
 
Essas cinco disciplinas devem ser compreendidas como um 
desenvolvimento da equipe de trabalho, que impacta diretamente nos processos 
de produção de uma empresa. Elas são uma construção, com vistas a alcançar 
o pensamento sistêmico, buscando compreender as necessidades da instituição 
de forma ampla e profunda. Nesse modelo de gestão, o profissional como 
membro de uma equipe em desenvolvimento tem um papel transformador no 
contexto da empresa. 
 
Curiosidade 
Peter Senge afirma que, para uma empresa obter sucesso na produção de bens 
e de serviços, é importante que ela priorize o aprendizado organizacional, para 
isso é necessário que todos os sujeitos estejam abertos à aprendizagem em 
equipe, buscando modificar seu modelo mental a fim de construir uma visão 
compartilhada. 
 
Conclusão da aula 1 
 
Como vimos nesta primeira aula, a administração surge como área do 
conhecimento visando estabelecer parâmetros de organização e gerenciamento 
dos modos de produção. As teorias da administração nos mostram que nos 
Domínio Pessoal: “Desenvolvimento contínuo e aprofundamento das capacidades 
individuais, com paciência, alocação de energias nas situações corretas e ver a 
realidade de maneira objetiva ” (SENGE, 2005, p. 45).
Modelos mentais: “São ideias profundamente arraigadas, generalizações ou 
mesmo imagens que influenciam nosso modo de encarar o mundo e nossas 
atitudes” (SENGE, 2005, p. 51).
Visão Compartilhada: “É um conjunto de instrumentos e técnicas para 
alinhar todas as aspirações desencontradas em torno de coisas que as 
pessoas têm em comum” (SENGE, 2005, p. 54).
Aprendizagem Coletiva: “Nenhuma instituição se torna grande se não tiver 
objetivos, missões que se tornem compartilhados através de toda a 
organização” (SENGE, 2005, p. 61).
Pensamento Sistêmico: É a capacidade que uma pessoa tem de analisar um 
fenômeno, levando em conta seu contexto e suas possíveis implicações.
 
 
19 
 
diferentes tempos e espaços vamos encontrar concepções que tentam 
estabelecer parâmetros de gerenciamento diversos. Isso permite compreender 
que as teorias de gestão se pautam no autorregulação dos sujeitos e processos, 
compreendendo que essa deve proporcionar um aprendizado organizacional. 
 
Atividade de Aprendizagem 
As teorias da administração nos permitem compreender que nos diferentes 
tempos históricos são necessárias diferentes estratégias gerenciais. Essa 
necessidade relaciona-se diretamente com a forma como a sociedade se 
organiza e busca consumir os bens produzidos. Nesse sentido, busque 
conhecer os contextos históricos de Henri Fayol e Peter Drucker, depois 
preencha o quadro a seguir, correlacionando esses aspectos aos princípios de 
suas teorias. 
Autor Tempo histórico Princípios 
Henri Fayol 
 
 
Peter Drucker 
 
 
Autor Tempo histórico Princípios 
Henri Fayol 
 
 
 
 
Peter Drucker 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Aula 2 – Os princípios da gestão escolar 
 
Apresentação da aula 2 
 
Prezados estudantes! Nesta segunda aula vamos compreender quais são 
os princípios da gestão escolar, como também a sua finalidade. A partir dos 
conceitos estudados anteriormente, vamos buscar identificar a diferença de 
administrar e gerir uma organização, entender as diferenças existentes entre 
gerir uma empresa e uma instituição escolar, e por fim compreender a relação 
 
 
20 
 
entre o processo de gestão escolar e o compromisso com o ensino-
aprendizagem. 
A gestão escolar, mais que uma prática, é um conjunto de técnicas que 
possibilitam a administração da escola para que cumpra sua função social de ser 
espaço promotor do ensino-aprendizagem. Uma empresa produz um bem ou um 
serviço para que seja destinado ao seu público consumidor. 
A escola não produz bem ou serviços, ela desenvolve um processo de 
formação que não apenas favorece o conhecimento para os sujeitos, mas busca 
significar esses saberes a fim de contribuir no desenvolvimento da autonomia da 
pessoa para o exercício da cidadania. 
Assim, a escola não é apenas uma empresa, não podendo ser gerida a 
partir de técnicas de administração clássicas, utilizadas no mercado. Dessa 
forma, ao refletir sobre a gestão escolar, precisamos compreender não apenas 
seus princípios, mas também suas finalidades e formas de atuação. 
 
2.1 A diferença entre administrar e gerir 
 
Nos últimos 50 anos, o termo “gestão” vem sendo aplicado de forma 
ampla, designando as práticas e ações da administração de uma instituição. 
Entretanto, o ato de gerir não corresponde ao de administrar, e vice-versa. 
Assim, por que essa mudança ocorreu? Quais são os motivos que explicam a 
alterção conceitual e consequentemente prática? 
Para respondermos tais questões é necessário retomarmos a noção de 
dinâmica histórica de Xavier Zubiri (2006) trabalhada em nossa primeira aula. A 
mudança histórica está relacionada à alteração dos padrões sociais, que por sua 
vez alteram a forma como as pessoas compreendem a realidade e as 
possibilidades de transformação dela. No que tange à produção de bens e 
serviços, muitas mudanças ocorreram ao longo do século XX, possibilitando a 
mudança de concepção sobre a forma de conduzir os processos de trabalho de 
uma organização. 
Se formos analisar as propostas de gestão dos quatro autores estudados 
em nossa primeira aula, vamos compreender suas concepções diferenciadas 
sobre a maneira de comandar uma organização. As teorias de Taylor e Fayol 
 
 
21 
 
fundamentam a administração, já as teorias de Drucker e Senge fundamentam 
as práticas de gestão. 
 
 
Fonte: desenvolvido pelo autor (2020). 
 
Segundo Chiavenato (2000), Taylor e Fayol compreendem que a 
condução dos processos de trabalho deve estar diretamente relacionada à 
supervisão e controle dos modos de produção, que eram exercidos por um 
indivíduo ou organização externo à prática operacional da empresa. Esses dois 
princípios garantiam a objetividade e racionalidade das estratégias escolhidas, 
garantido bons resultados. 
Já Drucker e Senge compreendem que os processos de trabalho devem 
ser organizados por meio da autorregulação. Essa garante a participação dos 
vários sujeitos na tomada de decisão, possibilitando um olhar mais amplo e mais 
eficaz frente às demandas do mercado consumidor. Assim, o que garante bons 
resultados é a sinergia de toda a equipe em busca de um mesmo objetivo. 
Sob essa ótica, e compreendendo que esses dois grupos de autores 
viveram em tempos históricos diferentes, com padrões sociais diversos, é que 
Dias (2002) afirma que a gestão e a administração têm objetos comuns, mas se 
constituem práticas diferentes. 
 
Taylor e Fayol
Controle externo
Compreende que a crise 
pode ser evitada
A objetividade e 
racionalidade garantem 
bons resultados
O poder de decisão é 
centralizado
Drucker e Senge
Autorregulação
A crise é fonte de 
aprendizagem
A sinergia coletiva 
garante bons resultados
O poder é compartilhado 
e possibilita crescimento
 
 
22 
 
 
Fonte: elaborado pelo autor (2020). 
 
Enquanto a administração está relacionada à aplicação de teorias 
pautadas na racionalização dos processos, a gestão parte dessas teorias e 
busca, a partir das especificidades do contexto organizacional soluções para 
alcançar os objetivos propostos. Tal compreensão remete à raiz latina da palavra 
gestão que encontra no substantivo gestio o ato de querer, ou ainda a ação que 
possui em si uma intencionalidade; ou ainda no verbo gestation a conotação do 
ato de gestar, de formar uma determinada realidade desde sua origem até o 
momento em que está completa. 
Nessa reflexão sobre a diferença entre administrar e gerir, ainda nos cabe 
uma pergunta: qual ação é mais efetivano processo de condução dos processos 
organizacionais, a administração ou a gestão? 
Para responder essa questão, precisamos resgatar a compreensão de 
Zubiri (2006), na qual a transformação dos padrões sociais é determinante, pois 
no contexto atual, tendo em vista a multiplicidade social e a globalização, não há 
apenas uma resposta para a questão posta. Cada instituição deve atentar-se à 
sua realidade para refletir sobre seu contexto social, o público-alvo, os objetivos 
organizacionais e a estratégias de mercado, para que possa discernir qual das 
duas formas de atuação deve escolher. 
 
 
 
Administração implica 
"planejar, organizar, dirigir e 
controlar pessoas para atingir 
de forma eficiente e eficaz dos 
objetivos de uma organização" 
(DIAS, 2002, p. 10).
Gestão "é lançar mão de todas as 
funções e conhecimentos necessários 
para através de pessoas atingir os 
objetivos de uma organização de forma 
eficiente e eficaz" (DIAS, 2002, p. 10).
 
 
23 
 
2.2 Entre a empresa e a escola 
 
Como pontuamos na introdução desta aula, há uma grande diferença 
entre realizar a gestão de uma empresa e de uma escola. Segundo Ferreira 
(2003), isso se deve diretamente a três pontos básicos: 
 
 
Fonte: elaborado pelo autor (2020). 
 
Curiosidade 
A diferença entre a gestão empresarial e a escolar é que uma tem um trabalho 
objetivo de produção de bens e prestação de serviços que visam à aceitação dos 
consumidores e o retorno financeiro, e a outra tem um trabalho voltado para a 
formação de sujeitos. 
 
Segundo Bartinik (2012, p. 47), a gestão empresarial está diretamente 
relacionada aos objetivos e finalidades de um determinado grupo de pessoas, 
que possuem interesses financeiros explícitos. Os princípios da gestão 
empresarial, independentemente dos processos por ela estabelecidos, estão 
calcados em aspectos de ordem técnica, que em si compreendem uma limitação 
metodológica nos processos de produção. De outro, esses mesmos aspectos 
administrativos e burocráticos têm como finalidade a obtenção de objetivos 
específicos e delimitados. 
Os métodos de trabalho utilizados na gestão empresarial estão 
diretamente relacionados com os padrões de qualidade estabelecidos pela 
instituição. Esses são eminentemente objetivos, pois têm critérios claros e 
Gestão Empresarial
Visa ao crescimento econômico
Produção de bens e serviços
Consumidores interessados na 
aquisição do produto ou serviço
Gestão escolar
Visa à educação e à ampliação do 
conhecimento
Desenvolvimento de processos 
pedagógicos
Sujeitos aos quais é oferecido 
acesso ao processo de ensino-
aprendizagem
 
 
24 
 
podem ser mensurados. Outro aspecto importante é a forma como a divisão do 
trabalho é realizada: as funções e os papéis são estrategicamente estruturados 
de forma que as metas estabelecidas sejam alcançadas com qualidade e 
assertividade. 
Na gestão escolar, por sua vez, temos como foco a organização da 
instituição escolar para que ela ofereça as condições necessárias para que se 
cumpram a finalidade da educação: formação do sujeito para a atuação na 
sociedade de forma autônoma e consciente. Nesta gestão, a escola não realiza 
a produção de bens ou ainda prestação de serviços, nem resultados 
predefinidos, mas desenvolve processos pedagógicos focados no ensino-
aprendizagem, envolvendo sujeitos detentores de saberes e com uma biografia 
que é construída nessa interação. 
Como afirma Paro (2008): 
 
O estudante é, não apenas o beneficiário dos serviços que ela presta, 
mas também participante de sua elaboração. É evidente que essa 
matéria-prima peculiar, que é o estudante, deve receber um tratamento 
todo especial, bastante diverso do que recebem elementos materiais 
que participam do processo de produção, no interior de uma empresa 
industrial qualquer (PARO, 2008, p. 126). 
 
Outro ponto que precisa ser ressaltado é que o trabalhador da educação 
não desenvolve produtos ou oferece serviços, mas é protagonista de um 
processo de formação de sujeitos. Segundo Paro (2008, p. 131), a não distinção 
dos tipos de trabalho e dos papéis de um profissional da educação é responsável 
pela desqualificação do professor e a desvalorização de sua função social. 
 
Curiosidade 
Na indústria, a desqualificação do operário deu-se por força da divisão 
pormenorizada do trabalho que visa à maior produtividade. Na escola, embora 
não se possa menosprezar a divisão do trabalho como fator de desqualificação 
profissional, não se deve desprezar também outros aspectos específicos da 
realidade escolar. Nesse contexto, é justo afirmar que o ponto de partida dessa 
desqualificação não foi a preocupação com a eficiência da escola, mais 
precisamente a desatenção para com a degradação de seus produtos como 
acontece em qualquer processo de produção. Na medida em que o bem ou 
serviço a ser produzido poder ser de qualidade bastante inferior, passa-se a 
utilizar, em sua elaboração, meios de produção e mão de obra de qualidade 
 
 
25 
 
também inferior, os quais estão disponíveis geralmente, em maior quantidade e 
a preços mais baixos. No processo de degradação das atividades do educador 
escolar, com a consequente desqualificação de seu trabalho, e o aviltamento de 
seus salários, deu-se algo semelhante: na medida em que não interessava à 
classe detentora do poder político e econômico, pelo menos no que diz respeito 
à generalização para as massas trabalhadoras, mais que um ensino de 
baixíssima qualidade, o Estado, como porta-voz dos interesses dessa classe, 
passou a dar cada vez menor importância à educação pública, endereçando para 
aí recursos progressivamente mais insuficientes e descurando cada vez mais 
das condições em que aí se realizava o ensino de massa. 
 
Sob essa ótica apresentada por Paro (2008), surge uma problemática: a 
aplicação não refletida de uma gestão empresarial no contexto educacional. 
Sabemos que atualmente os padrões de qualidade educacional são um dos 
objetivos das redes de ensino. Entretanto, essa qualidade não pode 
desconsiderar a função emancipadora e cidadã que se pressupõe em uma 
formação íntegra, que promova a inclusão social. 
Bartnik (2012, p. 50) nos apresenta de forma sistemática a diferença entre 
uma gestão com foco empresarial e uma gestão com foco educacional: 
Dimensão Foco empresarial Foco educacional 
Escola Atenta-se para a 
organização burocrática. 
Prioriza a racionalidade 
técnica, observando os 
valores de mercado. 
Possui uma visão 
emancipadora e cidadã. Busca 
a formação integral e assume 
a inclusão como princípio e 
compromisso social. 
Desafio Busca garantir a qualidade 
formal, a fim de assegurar o 
desempenho da escola por 
meio da implementação do 
planejamento estratégico. 
Busca garantir a qualidade 
técnica, humana e política por 
meio da construção e da 
implementação coletiva do 
projeto político-pedagógico. 
Pressupostos Mantém o pensamento 
separado da ação. Usa a 
avaliação como forma de 
controle. Tende a centralizar 
o poder em determinados 
postos hierárquicos. 
Usa teoria e prática (práxis). 
Promove a participação da 
comunidade no processo de 
decisão. Usa a avaliação 
diagnóstica e o poder 
compartilhado. 
Gestão Estabelece o processo 
verticalizado na tomada de 
decisões: diretores, 
gerentes, supervisores e 
colaboradores. 
Estabelece o processo 
democrático na tomada de 
decisões coletivas, decorrente 
de consensos construídos com 
a participação de 
representantes dos diversos 
segmentos da escola. 
Fonte: elaborado pelo autor (2020), adaptado pelo DI (2020). 
 
 
26 
 
Essa compreensão é destacada por Veiga (2001), quando afirma que as 
diferenças entre o foco empresarial e o foco pedagógico da gestão escolar são 
profundas, como também estão relacionadas não somente à forma de condução 
dos processos administrativos, mas aos princípios educacionais que os 
fundamentam. Assim, a gestão escolar não pode ser circunstancial, mas 
intencional. 
 
2.3A gestão escolar e o processo de ensino-aprendizagem 
 
Como vimos no item anterior, não há como desvincular a gestão escolar 
do processo de ensino-aprendizagem. Seja qual for o princípio que rege o 
processo de gestão, ele sempre deve estar voltado para essa dimensão. 
A escola é uma instituição, entretanto essa não pode ser compreendida 
de forma metafísica, ela é composta por uma série de sujeitos que direta ou 
indiretamente participam e contribuem com o processo de gestão escolar. 
Alguns desses sujeitos são: 
 
 
Fonte: elaborado pelo autor (2020). 
 
O profissional que possui mais responsabilidades nesse processo, por ser 
considerado o líder, é o diretor, pois ele gerencia os diversos processos de 
gestão realizados na escola: gestão administrativa, financeira, de pessoas, de 
instâncias colegiadas e pedagógica. Os demais profissionais participam de dois 
ou mais processos. Você deve estar se perguntando: por que necessariamente 
de dois processos? Porque independentemente de sua função, o profissional 
sempre estará relacionado à gestão pedagógica. Por exemplo: os estudantes 
além de serem responsáveis por desenvolver bem seu papel na dinâmica de 
ensino-aprendizagem, participam indiretamente a gestão financeira, ao fazer 
bom uso dos bens da escola. 
Diretor Pedagogos Professores
Agentes 
educacionais
Estudantes Responsáveis 
Comunidade 
social
 
 
27 
 
Mas, o que queremos enfocar é que todos os profissionais estão e devem 
estar envolvidos no processo de gestão pedagógica, que prima pela qualidade 
da educação. Como afirma Saviani (1986), em especial os profissionais da 
educação devem estar comprometidos com essa qualidade. Para isso, antes de 
tudo devem se entender como educadores, responsáveis pela formação de 
sujeitos. Como afirma Bartnik (2012 p. 49): “O processo de gestão escolar 
propõe a melhoria da qualidade do ensino ofertado, com o objetivo de promover 
o desenvolvimento de sujeitos autônomos e participativos na sociedade”. 
A gestão escolar tem como finalidade a garantia de uma educação de 
qualidade para todos. Para que a gestão pedagógica possa ser realizada com 
sucesso, é fundamental que a organização administrativa e financeira, como 
também a demanda de qualificação de pessoal, esteja alinhada com suas 
necessidades. 
Sob essa ótica, a gestão escolar não é apenas uma proposta, ela 
“materializa-se em práticas concretas e ações objetivas a fim de cumprir os 
objetivos definidos na organização do trabalho escolar”. Por esse motivo é que 
a gestão pedagógica não é apenas mais um processo de gestão, ela está contida 
em todos os outros: 
 
 
Fonte: elaborado pelo autor (2020). 
 
Gestão 
Administrativa 
e Financeira
Gestão de 
Instâncias 
Colegiadas
Gestão de 
Pessoas
Gestão 
Pedagógica
 
 
28 
 
Para que isso ocorra, é fundamental que a escola tenha orientações 
internas e externas, que garantam uma gestão com princípios contínuos. Essas 
orientações são as Políticas Públicas Educacionais, as Diretrizes Educacionais 
e o Projeto Político-Pedagógico. As duas primeiras são de caráter externo, 
estabelecidas pelo Estado, constituindo-se um planejamento de curto, médio e 
longo prazo, que busca garantir o desenvolvimento pleno da educação. A 
terceira é uma orientação interna, construída pela escola a partir do cenário 
social e dos princípios educacionais que a constituem. Por meio desses a 
instituição estabelece ações e estratégias que auxiliarão na busca dos objetivos 
traçados. 
 
Conclusão da aula 2 
 
Nesta segunda aula, identificamos que a administração e a gestão têm 
princípios teórico/práticos diferentes que podem ser aplicados de forma 
circunstancial. De outro lado, vimos que a gestão Empresarial e a Gestão Escolar 
podem utilizar aportes teóricos semelhantes, mas seu objeto de trabalho é 
diverso. Assim a gestão escolar não pode ser circunstancial, pois tem como 
premissa a complexidade que é composta por sujeitos e processos que têm 
como objetivo único o desenvolvimento do ensino-aprendizagem. 
 
Atividade de Aprendizagem 
A gestão escolar tem especificidades teóricas que suplantam as teorias de 
gestão clássicas. Isso ocorre pela especificidade da instituição escolar e de 
sua missão na sociedade. Entretanto, se aplicarmos a lógica empresarial à 
escola, essa será compreendida pelos indicadores qualitativos que possui, e 
seus profissionais não serão entendidos como educadores, mas como 
prestadores de serviço. Assim, releia a reflexão de Paro (no box Saiba Mais), 
e desenvolva um argumento sobre ela. 
 
 
 
 
 
 
 
 
29 
 
Aula 3 – Gestão escolar, uma prática desenvolvida 
 
Apresentação da aula 3 
 
Prezado (a) estudante! Nesta nossa terceira aula vamos buscar 
compreender que a gestão escolar, além de um processo fundamentado em 
princípios educacionais, é também uma prática desenvolvida com base em um 
aporte legal. Para isso, vamos identificar os diferentes tipos de legislação que 
balizam a educação e compreender de que maneira elas orientam o 
desenvolvimento da gestão administrativa e pedagógica. 
Como vimos nas duas primeiras aulas, o processo de gestão tem seus 
princípios teóricos, e no caso da gestão escolar, são agregadas a essas 
questões de cunho pedagógico, que não apenas pressupõem, mas orientam a 
forma como uma instituição escolar deve ser organizada. 
Em especial, como tratamos na aula anterior, as demandas 
administrativas, financeiras, de pessoal, precisam convergir para o fomento da 
qualificação do processo de ensino-aprendizagem. Como afirma Lück (2009): 
 
A gestão pedagógica é de todas as dimensões da gestão escolar, a 
mais importante, pois está mais diretamente envolvida com o foco da 
escola que é o de promover aprendizagem e formação dos alunos [...] 
Constitui-se como a dimensão para a qual todas as demais convergem, 
uma vez que essa se refere ao foco principal do ensino que é a atuação 
sistemática e intencional de promover a formação e a aprendizagem 
dos alunos, como condição para que desenvolvam as competências 
sociais e pessoais necessárias para sua inserção proveitosa na 
sociedade e no mundo do trabalho, em uma relação de benefício 
recíproco. Também para que se realizem como seres humanos e 
tenham qualidade de vida (LÜCK, 2009, p. 95). 
 
No que tange à organização dessa forma de gestão, não são utilizados 
apenas os princípios educacionais, mas há uma série de legislações que 
baseiam as atividades desenvolvidas pelos gestores educacionais e pelas 
comunidades escolares. 
 
3.1 A gestão escolar e os pressupostos legais 
 
Segundo Barbosa (2010), o que rege a visão e a forma de gestão de uma 
instituição de ensino são as legislações educacionais. São elas que normatizam 
 
 
30 
 
todas as suas ações, desde a implantação e a manutenção de processos, como 
também a sua possível extinção. Em outras palavras, são as leis que garantem 
a legitimidade social das práticas educacionais, e são elas que visam garantir 
sua efetividade. 
Sob essa ótica, segundo Alves (2012, p. 7), a legislação educacional se 
constitui um conjunto de leis e normas que orientam a escola quanto às questões 
pedagógicas e administrativas. 
 
Curiosidade 
A legislação educacional é dividida em dois tipos, as que orientam todos os 
sistemas educacionais, e aquelas que organizam a escola internamente. Essas 
também são divididas em reguladoras e regulamentadoras, ou seja, entre as que 
apresentam os princípios e aquelas que demostram como esses podem ser 
colocados em prática. 
 
Existem duas formas pelas quais a legislação se apresenta: 
 
 
Fonte: elaborado pelo autor (2020). 
 
No que tange à legislação reguladora, temos como exemplo a 
Constituição Federal e a Lei de Diretrizes e Base da Educação 9394/96. Já na 
legislação regulamentadora temos diversas formas de expressão, tais como: 
instruções de aplicação de demandas escolares, deliberações sobre temas 
considerados polêmicos e portariasque explicitam elementos que precisam ser 
considerados na tomada de decisão frente à gestão pedagógica. 
•Tem caráter descritivo;
•São leis que definem as competências 
constitucionais da educação;
•Estabelece parâmetros de ação nas esferas 
municipais, estaduais e federais.
Reguladora
•Tem caráter prescritivo;
•É voltada para a práxis educacional;
•Estabelece normas de implantação das legislações 
educacionais;
•Define a forma de funcionamento das instituições 
escolares. 
Regulamentadora
 
 
31 
 
3.2 As leis que regem as práticas administrativas e pedagógicas da 
educação 
 
O aporte legal que relacionado à educação é muito vasto, como já vimos 
ele tem a responsabilidade de descrever quais são os princípios e as 
competências frente à educação. 
O primeiro documento a ser citado é a Constituição Federal de 1988. Esse 
documento expressa de forma ampla quais são as diretrizes que precisam ser 
consideradas para o desenvolvimento da organização educacional no país. 
Também apresenta as funções do gestor público e de todos os profissionais da 
educação. 
Entretanto, antes de iniciarmos uma análise dos artigos que se referem 
diretamente ao desenvolvimento educacional, é fundamental compreendermos 
que todos eles estão calcados em diretos fundamentais da pessoa. O Artigo 5º 
da Carta Magna assegura a todos os cidadãos a igualdade perante a lei, como 
também os direitos fundamentais: 
 
Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, 
garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a 
inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança 
e à propriedade (BRASIL, 2016). 
 
Se a igualdade é a premissa da obediência a lei e o usufruto dos diretos, 
podemos afirmar que a educação também está inserida nesse contexto. Aqui 
não estamos falando apenas das questões que envolvem o acesso à educação 
de qualidade, mas também à função do gestor educacional. Precisa desenvolver 
suas ações visando ao bem comum, conforme o artigo 37º da Constituição: “A 
administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos 
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de 
legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência”. Dessa forma, 
o princípio da ética na gestão escolar não é apenas uma demanda da moral, mas 
também uma questão relacionada à legalidade. Como afirmam Silva e Periotto 
(2015): 
 
Assim quando o gestor escolar age de forma ética cumpre bem e 
melhor seu papel com aceitação da comunidade, uma vez que a ética 
está afinada com a lei, devendo o gestor escolar ser atento a todos os 
seus deveres de administrador bem como submeter-se ao 
 
 
32 
 
cumprimento do que está estabelecido legalmente (SILVA; 
PERIOTTO, 2015, p. 36852). 
 
Os artigos que rezam de forma direta sobre a legislação escolar são o 205 
a 217. Eles tratam de questões relacionadas à educação básica e ao ensino 
superior. Tendo em vista nosso objetivo, vamos abordar apenas as demandas 
relacionadas à educação básica. 
 
Curiosidade 
Na administração escolar pública, o gestor deve ter seu comportamento regido 
pelos princípios da legalidade, da impessoalidade, da moralidade, da publicidade 
e da eficiência. 
 
O artigo 205 apresenta que a educação é “direito de todos e dever do 
Estado e da família”. Em outras palavras, o acesso universal à educação deve 
ser garantido por meio da estruturação de redes e instituições de ensino 
distribuídos de forma igualitária por todo o país. 
 
Importante 
A Constituição Federal considera que a educação é um direito de todos, que 
precisa estar pressuposta na liberdade frente ao processo pedagógico, ao 
pluralismo de ideias que é garantido por meio de uma gestão democrática e que 
visa à construção de uma educação com qualidade. 
 
Tal demanda é um dever do Estado, ou seja, ele precisa empenhar parte 
de seu orçamento para a garantia de acesso, mas também fornece as diretrizes 
para o desenvolvimento educacional. E a educação também é dever da família, 
que tem a obrigação perante a lei de garantir que os sujeitos em idade escolar 
tenham acesso à educação, sob pena da lei. 
No artigo 206, são apresentados os princípios básicos que devem reger 
os processos educacionais. Dentre esses, escolhemos cinco, a saber: igualdade, 
liberdade, pluralismo, gestão democrática e qualidade. 
 
 
 
33 
 
 
Fonte: elaborado pelo autor (2020). 
 
Dentre as garantias apontadas pela Constituição Federal, o artigo 208 
destaca a obrigatoriedade do Ensino Fundamental e o oferecimento do Ensino 
Médio, como também oferecimento de material didático, transporte e 
alimentação. Também é garantido, por esse artigo, o acesso à educação infantil, 
e o atendimento especializado a pessoas com deficiência. 
Por fim, o artigo 214 versa sobre a necessidade de uma legislação que 
regulamente um Plano Nacional de Educação que oriente o estabelecimento de 
metas e estratégias para todas as ações educacionais desenvolvidas por todas 
as redes de ensino, seja em nível nacional, estadual ou municipal. Para isso 
estabelece seis objetivos: 
 
Igualdade: Refere-se às condições de acesso, como também de 
permanência na escola.
Liberdade: Relaciona-se com a autonomia dos sujeitos frente ao 
processo de ensino-aprendizagem. Também contempla o direito de 
divulgação de pensamento pautado em estudos e pesquisas 
científicas. 
Pluralismo: Garante a aplicação da multiplicidade de ideias e 
correntes pedagógicas na prática escolas.
Gestão democrática: garantindo a participação dos sujeitos nas 
decisões sobre demandas escolares.
Qualidade: apresnta a necessidade das Redes de Educação primarem 
pela excelência no processo de ensino-aprendizagem.
 
 
34 
 
 
Fonte: elaborado pelo autor (2020). 
 
Sob a ótica da gestão escolar, todos os princípios que apresentamos se 
constituem condições sine qua non para a organização da administração das 
instituições de ensino. Em especial, precisamos destacar que o princípio da 
gestão democrática na esfera educacional pública é apresentado como princípio 
na forma da lei. 
 
Vocabulário 
Sine qua non: é uma expressão que se originou do termo legal em latim que 
pode ser traduzido como “sem a/o qual não pode ser”. Refere-se a uma ação 
cuja condição ou ingrediente é indispensável e essencial. (Extremamente 
importante, essencial; que não se pode nem se consegue dispensar; 
indispensável). 
 
Nesse ponto é importante destacar que Constituição Federal de 1998 é 
um tipo de legislação reguladora, pois apresenta os princípios que regem a vida 
dos cidadãos e instituições de nosso país, em nosso caso, a educação. Mas, 
para que esses princípios sejam seguidos são necessárias leis 
A erradicação do analfabetismo
A universalização do atendimento escolar
A melhoria da qualidade de ensino
Formação para o trabalho
Promoção humanística, científica e tecnológica do país
Estabelecimento de meta de aplicação de recursos públicos em educação 
como proporção do produto interno bruto
 
 
35 
 
regulamentadoras, que apresentam a forma como esses princípios serão 
colocados em prática. 
No que tange à educação, a construção participativa de uma lei que 
regulamentasse os princípios constitucionais durou cerca de oito anos. Segundo 
Brandão (2003) esse processo teve um longo caminho devido a diferentes 
interesses e intervenções na constituição daquela que seria a Lei de Diretrizes e 
Bases da Educação (LDB): 
 
Saiba mais 
Durante o período de elaboração da Lei de Diretrizes e Bases da Educação 
ocorreram “discussões, envolvendo grande parte dos setores organizados da 
educação (instituições científicas, acadêmicas e estudantis, movimentos sociais, 
sindicato de professores, de trabalhadores em educação, de donos de escolas, 
entidades de classe, etc.) conduzidas de forma relativamente consensual” 
(BRANDÃO, 2003, p. 14). Entretanto vários percalços impediram que sua 
aprovaçãoocorresse em um curto espaço de tempo. Dentre essas, encontramos 
manobras do legislativo para inserir textos substitutivos que desfiguravam toda 
a discussão realizada com a sociedade, inícios e términos de mandatos 
legislativos, interesses de grupos educacionais. Em 1996, após uma sequência 
de tentativas de alteração substancial do texto desenvolvido por meio da 
participação popular, é aprovado um conteúdo sincrético, repleto de emendas 
parlamentares, mas que segundo Brandão (2003) atendiam as reivindicações da 
sociedade. 
 
Segundo Silva e Periotto (2015), sendo uma legislação regulamentadora 
a LDB 9394/96 possui: 
 
Peculiar destaque já que estabelece os princípios da educação e os 
deveres do Estado em relação à educação escolar pública, garantida 
a livre iniciativa privada bem como determina as responsabilidades da 
parceria entre União, Estados, Distrito Federal e os municípios na 
gestão do processo (SILVA; PERIOTTO, 2015, p. 36854). 
 
Em sua estrutura, a LDB 9394/96 fundamenta-se nos princípios 
constitucionais anteriormente destacados, enfocando a igualdade, 
universalidade e pluralidade da educação em todas as suas esferas: básica e 
superior. 
No que tange ao processo de gestão escolar, no artigo 12 da LDB 
encontramos as principais incumbências dos estabelecimentos de ensino, 
 
 
36 
 
constituindo-se os balizadores para o desenvolvimento da gestão. Esses 
balizadores são: 
 
I - elaborar e executar sua proposta pedagógica; II - administrar seu 
pessoal e seus recursos materiais e financeiros; III - assegurar o 
cumprimento dos dias letivos e horas-aula estabelecidas; IV - velar pelo 
cumprimento do plano de trabalho de cada docente; V - prover meios 
para a recuperação dos alunos de menor rendimento; VI - articular-se 
com as famílias e a comunidade, criando processos de integração da 
sociedade com a escola; VII - informar pai e mãe, conviventes ou não 
com seus filhos, e, se for o caso, os responsáveis legais, sobre a 
frequência e rendimento dos alunos, bem como sobre a execução da 
proposta pedagógica da escola; VIII – notificar ao Conselho Tutelar do 
Município a relação dos alunos que apresentem quantidade de faltas 
acima de 30% (trinta por cento) do percentual permitido em lei; IX - 
promover medidas de conscientização, de prevenção e de combate a 
todos os tipos de violência, especialmente a intimidação sistemática 
(bullying), no âmbito das escolas; X - estabelecer ações destinadas a 
promover a cultura de paz nas escolas; XI - promover ambiente escolar 
seguro, adotando estratégias de prevenção e enfrentamento ao uso ou 
dependência de drogas. 
 
Nesses princípios encontramos elementos relacionados à: gestão 
pedagógica, de pessoas, administrativa e financeira; articulação com a 
comunidade e a Rede de Proteção, promoção de um bom clima escolar e um 
ambiente seguro. É importante ressaltarmos que nem todos esses elementos 
estavam na primeira versão da LDB 9394/96, os parágrafos de VII a XI foram 
posteriormente inseridos. Isso se deve a uma reflexão ampla da sociedade sobre 
a função social da escola. 
Em continuidade, outra legislação regulamentadora, o Plano Nacional de 
Educação, cuja última versão é expressa na lei 13.005/2014. Essa possui 20 
metas para a educação no Brasil, que imputam aos gestores da educação a 
necessidade de pensar estrategicamente um plano de ação para alcançá-las. 
 
Importante 
O Plano Nacional de Educação, tem como objetivo garantir a igualdade, a 
universalidade e a pluralidade da educação em nível nacional, com o 
estabelecimento de metas. 
 
Dentre essas metas, destacamos: 
 
 
 
37 
 
 
Fonte: elaborado pelo autor (2020). 
 
Saiba mais 
Para que você possa conhecer com mais profundidade o PNE e seu impacto da 
gestão educacional, leia o artigo: Impactos das Políticas Educacionais no 
cotidiano das Escolas Públicas, Plano Nacional de Educação, disponível no link: 
http://pne.mec.gov.br/images/pdf/Noticias/impactos_politicas_educacionais_coti
diano_escolas_publica_PNE.pdf 
 
3.3 As normativas que regem as práticas administrativas da instituição de 
ensino 
 
No item anterior vimos quais são as legislações ad extra que versam sobre 
a organização escolar, elas regem todo o sistema de ensino público e privado, 
nas três esferas: federal, estadual e municipal. Nesse item vamos conhecer as 
normativas internas que organizam as práticas de gestão na escola. São elas: 
Projeto Político-Pedagógico (PPP), Proposta Pedagógica Curricular (PPC) e 
Regimento Escolar. 
Segundo Vasconcelos (2010), o PPP é previsto na LDB 9394/96. No artigo 
12, ele se constitui a primeira incumbência da gestão. No artigo 13 é prevista a 
participação dos docentes na elaboração desse Projeto, garantindo assim o 
princípio da gestão democrática. 
 
Importante 
O Projeto Político-Pedagógico é constituído por três marcos, que possibilitam o 
mapeamento do contesto social e o posicionamento pedagógico que vão 
fundamentar o plano de ação da escola. 
A universalização 
de todos os níveis 
e modalidades de 
ensino
A elevação da 
escolaridade média 
de pessoas entre 18 
e 29 anos
A elevação da 
alfabetização para 
93,4%, e erradicar o 
anafalbetismo absoluto.
A valorização dos 
profissionais da 
educação
Assegurar condições para a 
efetivação da gestão 
democrática no âmbito da 
educação pública
 
 
38 
 
No contexto da instituição de ensino, o PPP é o documento norteador da 
prática pedagógica escolar. Ele é a expressão da reflexão e planejamento da 
escola, considerando três marcos: situacional, conceitual e o operacional. 
 
 
Fonte: elaborado pelo autor (2020). 
 
Saiba mais 
Para ampliar seus conhecimentos sobre a importância do PPP como uma 
ferramenta de gestão pedagógica e escolar, leia o artigo: A Construção do 
Projeto Político-Pedagógico em uma Perspectiva Democrática: Limites e 
Possibilidades, disponível no link: http://www.gestaoescolar.diaadia.pr.gov.br 
/arquivos/File/producoes_pde/artigo_iraci_rambo_vicentini.pdf 
 
A PPC apresenta as orientações curriculares (sempre pautadas em 
documentos oficiais) e disciplinares, como também os encaminhamentos que 
garantem a transposição didática a partir da concepção pedagógica da escola. 
É considerada uma normativa que acompanha o PPP, complementando-o no 
processo de desenvolvimento do ensino-aprendizagem. 
O Regimento Escolar, por sua vez, é um documento regulamentador que 
normatiza toda a organização e o funcionamento da instituição de ensino. Ele 
define as funções e atribuições de cada um dos sujeitos da escola. Além desse 
caráter normatizador, o Regimento busca viabilizar a operacionalização do PPP, 
a partir de regras que norteiam ações como: a organização do processo 
educacional e de gestão, os princípios de convivência para a garantia de um bom 
Situacional
Expressa o contexto 
social no qual a 
instituição de ensino 
se encontra, 
apresentando os 
desafios e as 
estratégias que serão 
utilizadas para o 
desenvolvimento do 
ensino-
aprendizagem.
Conceitual
Expressa a 
concepção 
pedagógica a partir 
da qual a escola 
desenvolve os 
processos 
pedagógicos.
Operacional
Expressa o Plano de 
Ação da instituição de 
ensino frente os 
desafios 
apresentados no 
Marco Situacional e 
refletidos a partir do 
Marco conceitual. 
 
 
39 
 
clima escolar, e o processo avaliativo (que devem ser entendido em suas três 
formas: diagnóstico, formativo e somativo). 
 
Importante 
O Regimento Escolar é um documento regulamentador que define tanto as 
funções dos profissionais quanto os processos de organização da escola. Ele 
viabiliza o desenvolvimento do Projeto Político-Pedagógico e estabelece 
parâmetros para a gestão. 
 
Pode-se afirmar que a escola é um sistema e, segundo Lück (2000), a 
escola constitui-se em uma “organização sistêmica aberta”, e isso significa que 
a escola é feita de elementos pessoais com diferentes papéis e estruturas de 
relacionamentos, integrando-se mutuamentena busca do sucesso e da 
qualidade do público a ser atendido. 
Para que esse sistema funcione de forma integrada, deve-se propor uma 
colaboração mútua entre todos os envolvidos, desprendida de interesses 
individuais e vaidades para que venha realmente ter uma gestão escolar 
democrática. 
Nesse contexto, deve-se considerar a gestão da sociedade globalizada 
em uma correlação com a gestão educacional, pois o cenário econômico e social 
tem forte impacto na condução das práticas gestoras da escola. Dessa forma, 
considero importante lançar uma reflexão inicial acerca dos valores e ideais que 
estão implícitos nas práticas dos gestores. 
Ferreira (2003), afirma que: 
 
A educação e sua gestão, portanto, enquanto responsáveis por esta 
“condução”, necessitam firmar-se em ideais comprometidos com a 
formação humana de profissionais da educação e de profissionais em 
geral, de todos os cidadãos e cidadãs. Nesse sentido, cabe pensar e 
questionar: Quais são os ideais que orientam as “tomadas de decisões” 
na sociedade globalizada e nas instituições? São ideais de equidade, 
de justiça social, de solidariedade, de democracia ou são ideais 
individualistas, de dominação e exclusão social? (FERREIRA, 2003, 
p.03). 
 
Ao pensar sobre esses aspectos considerados fundamentais no processo 
de gestão democrática e nas atitudes dos gestores (sejam eles professores ou 
não), precisa-se compreender que são ideais que favorecem o alcance dos 
 
 
40 
 
objetivos propostos para a gestão da escola, do grupo de professores, do grupo 
de alunos, do grupo de funcionários que compõem o sistema escolar. No 
entanto, não é difícil encontrar inúmeras escolas que vivem em um campo 
minado, com pessoas se lutam apenas por seus próprios interesses. Isso ocorre 
porque, infelizmente, a competitividade e o individualismo sugeridos pela 
produção e pelo consumo (que se tornaram uma ideologia dominante) são a 
fonte de novos comportamentos totalitários que se instala no mundo 
contaminado pela violência, pela falta de tolerância e por toda a ordem de 
questões que desmantelam a integridade humana. 
 
Conclusão da aula 3 
 
A gestão escolar possui um aparato legal que normatiza e orienta sua 
prática. Esse embasamento legal, em âmbito nacional, garante à educação os 
princípios de universalidade de acesso e permanência. Já, no contexto da 
instituição de ensino, as normativas internas da escola que, fundamentadas na 
legislação, orientam a gestão da instituição escolar. 
 
Atividade de aprendizagem 
A gestão escolar não é apenas um processo que se pauta em teorias da 
administração, mas também em legislações que apresentam os princípios que 
balizam as ações do gestor escolar. Dentre essas, encontramos as que são de 
caráter regulador e as que são de caráter regulamentador. Assim, retome os 
conteúdos estudados e apresente quais legislações são reguladoras e quais 
são regulamentadoras. 
Reguladoras 
 
Regulamentadoras 
 
Reguladoras 
 
Regulamentadoras 
 
 
 
 
 
 
 
 
41 
 
Aula 4 – Concepções de Gestão Escolar I 
 
Apresentação da aula 4 
 
Prezado (a) estudante, nesta quarta aula vamos começar a abordar as 
diversas concepções pedagógicas de gestão. Após compreender os princípios 
administrativos da gestão escolar e de conhecer os parâmetros legais para o seu 
desenvolvimento, vamos abordar as diversas concepções e seus impactos no 
contexto educacional. Para isso nós vamos conhecer os três paradigmas da 
gestão e já compreender como se estrutura o técnico-científico. 
Em nossas 03 aulas anteriores, nos dedicamos a compreender os 
princípios da gestão escolar por uma perspectiva da administração e da 
legislação. A partir desta aula, vamos conhecer os principais paradigmas da 
gestão escolar, seus pressupostos, objetivos e finalidades. 
 
4.1 Os três paradigmas de gestão escolar 
 
Como vimos em nossa terceira aula, o aporte legal relacionado à 
educação não está diretamente relacionado à concepção pedagógica, mas 
também vimos que as normativas internas, principalmente o PPP, fundamentam 
o processo de gestão pedagógica a partir do marco situacional e do marco 
conceitual. 
Nesse contexto, é que Libâneo, Oliveira e Toschi, (2003) classificam as 
concepções de gestão em três grandes grupos: a técnico-científica, a 
autogestionária e a democrático-participativa. É importante destacarmos que 
essa classificação é de cunho metodológico, ou seja, as características delas 
podem, e geralmente estão, presentes de maneira entrecruzada e muitas vezes 
permitem a reconstrução de um desses grupos de concepções, a partir do marco 
situacional. 
Segundo Bartnik (2012, p. 74), essas concepções podem ser descritas da 
seguinte forma: 
 
 
 
42 
 
 
Fonte: elaborado pelo autor (2020). 
 
Essas concepções têm delimitações muito claras: a concepção técnica 
científica visa à eficiência dos serviços, o autogestionário fundamenta-se na 
horizontalidade da gestão, e a concepção democrático-participativa nos 
objetivos assumidos por todos. Libâneo, Oliveira e Toschi, (2003, p. 327) nos 
ajudam a compreender a diferença entre essas concepções: 
 
Técnico-científica Autogestionária Democrático-
participativa 
Prescrição detalhada de 
funções e tarefas, 
acentuando a divisão 
técnica do trabalho 
escolar. 
Tende a negar a 
autoridade e as formas 
centralizadas de poder, 
valorizando a 
construção de normas e 
de regulamentos pelo 
próprio grupo. 
Definição explícita, por 
parte da equipe escolar, 
de objetivos 
sociopolíticos e 
pedagógicos da escola. 
Poder centralizado no 
diretor, destacando-se 
as relações de 
subordinação, em que 
uns têm mais 
autoridade do que 
outros; 
Vincula as formas de 
gestão interna com as 
formas de autogestão 
social (poder coletivo na 
escola para preparar 
formas de autogestão 
no plano político. 
Articulação da atividade 
de direção com a 
iniciativa e a 
participação das 
pessoas da escola e 
das que se relacionam 
com ela. 
Ênfase na 
administração regulada 
(rígido sistema de 
normas, regras, 
procedimentos 
burocráticos de controle 
Há decisões coletivas 
(assembleias, reuniões) 
e eliminação de todas 
as formas de exercício 
de autoridade e de 
poder. 
Qualificação e 
competência 
profissional. 
•“Baseia-se na hierarquia de cargos e funções, 
em regras e procedimentos administrativos, 
visando a eficiência dos servios escolares”.
Concepção técnico-
científica 
•“Baseia-se na responsabilidade coletiva, na 
ausência de direção centralizada e na 
acentuação da participação direta e por igual de 
todos os membros da instituição escolar”.
Concepção autogestionária 
• "Baseia-se na relação entre a direção e a 
participação dos membros da equipe, prioriza 
os objetivos assumidos por todos a tomada de 
decisões coletivas".
Concepção democrático-
participativa
 
 
43 
 
das atividades), 
descuidando-se, às 
vezes, dos objetivos 
específicos da 
instituição escolar. 
Enfatiza a auto-
organização do grupo 
de pessoas da 
instituição por meio das 
eleições e de 
alternância no exercício 
de funções. 
Busca objetividade no 
trato das questões da 
organização e da 
gestão mediante coleta 
de informações reais. 
Recusa as normas e os 
sistemas de controles, 
acentuando a 
responsabilidade 
coletiva. 
Acompanhamento a e 
avaliação sistemáticos 
com finalidade 
pedagógica: 
diagnóstico, 
acompanhamento dos 
trabalhos, reorientação 
de rumos e ações, 
tomada de decisão. 
Comunicação 
assimétrica, baseada 
em normas e regras. 
Acredita no poder 
instituinte da instituição 
e recusa todo poder 
instituído. O caráter 
instituinte dá-se pela 
prática da participação 
e da autogestão, modos 
pelos quais se contesta 
o poder instituído. 
Todos dirigem e são 
dirigidos, todos avaliam 
e são avaliados. 
Mais ênfase nas tarefas 
do que nas pessoas. 
Enfatiza as 
interrelações mais do 
que as tarefas. 
Ênfase tanto nas tarefas 
quanto nas relações. 
Fonte: elaborado pelo autor (2020), adaptadopelo DI (2020). 
 
Importante 
A autogestão é um processo horizontalizado de poder, no qual há uma atuação 
coletiva dos sujeitos, a gestão participativa, por sua vez, na colaboração e no 
desenvolvimento das ações, baseia-se na adesão individual a uma proposta. A 
concepção histórico-crítica concebe o ser humano como fruto de um processo 
histórico e social, assim a prática pedagógica deve conduzir esse estudante a 
compreender a realidade para que possa transformá-la. 
 
Como afirmamos, essas concepções não são estanques entre si, como 
afirma Bartnik (2012, p. 76): “os princípios e os métodos das concepções de 
gestão estão presentes, de uma forma ou de outra, na prática educativa das 
escolas e, na maioria das vezes, não são aplicados na íntegra”. Assim, apesar 
de uma dessas ser predominante, não é excludente. 
 
 
44 
 
4.2 O paradigma técnico-científico de gestão escolar 
 
Para Libâneo, Oliveira e Toschi, (2003), o paradigma técnico-científico 
fundamenta-se nas teorias clássicas de administração que conhecemos em 
nossa primeira aula. Para os autores, esse modelo se fundamenta nos princípios 
de supervisão e controle, que objetivam estabelecer regras, parâmetros e 
protocolos para que o processo educacional se desenvolva. Em outras palavras, 
busca a eficiência e a eficácia do processo de ensino-aprendizagem por meio da 
utilização de dados quantitativos, com vista a desenvolver a plicar planejamentos 
que possibilitem a qualificação do processo. 
 
Curiosidade 
A gestão de qualidade total aplica a educação os princípios empresariais que 
buscam garantir uma prestação de serviço de qualidade. Assim, os estudantes 
são os clientes diretos da escola, que oferece um processo de ensino-
aprendizagem de excelência. O modelo técnico-científico desconsidera a 
autonomia e o protagonismo dos profissionais da educação, como também não 
considera a construção do conhecimento como um elemento de formação do 
sujeito. 
 
É importante esclarecer que essa forma de gestão é voltada à geração de 
resultados a curto prazo, própria do modelo gerencial denominado de Gestão de 
Qualidade Total (GQT). 
 
Saiba mais 
O modelo de Gestão de Qualidade Total (GQT) é originário da administração 
japonesa e tem o foco na participação dos colaboradores, resultando em altos 
índices de produtividade e de eficiência das tarefas propostas. [...] a GQT é 
responsável por desenvolver um processo em busca do melhoramento contínuo 
baseado em análises das atividades empresariais (BARTNIK, 2012, p. 77). 
 
A GQT tem como princípio fundamental que a qualidade é uma 
responsabilidade de todas as pessoas imbricado em um processo. Tal 
compreensão está diretamente relacionada à teoria de Frederick Taylor, que 
 
 
45 
 
analisou a forma como os processos poderiam gerar melhores resultados. Para 
isso a utilização de métodos que possibilitem alcançar melhores resultados é a 
grande responsabilidade do gestor. Depois que os protocolos de trabalho são 
estabelecidos, eles se tornam responsabilidade de todos os sujeitos, tendo em 
vista que os resultados estão diretamente relacionados à sincronia de ações. 
Sob essa lógica, a GQT possui alguns termos próprios que nos ajudam a 
identificar a compreensão que esse modo de gestão tem das formas de produção 
e prestação de serviços. Esses termos são: processo, produto e cliente: 
 
 
Fonte: elaborado pelo autor (2020). 
 
Em outras palavras, a GQT desenvolve processos que buscam resultados 
quantitativos e qualitativos que viabilizem a melhoria dos produtos ou serviços 
oferecidos. 
No contexto da educação, a GQT estabelece parâmetros de 
aprendizagem e desenvolvimento do estudante. O melhoramento contínuo 
desse processo é que balizará os protocolos de aprendizagem. É importante 
destacamos que o centro de todo esse processo de gestão é a formação do 
estudante. Sob essa ótica, Bartnik (2012, p. 79-80) afirma que a tríade que 
embasa o desenvolvimento da GQT na educação é assim compreendida: 
 
Processo
•Delimita o conjunto de ações e como elas devem ser realizadas.
Produto
Resultados dos processos desenvolvidos a fim de possibilitar melhorias
aos indivíduos.
Cliente
Indivíduos (internos ou externos) que compõem o público atendido pela
instituição.
 
 
46 
 
 
Fonte: elaborado pelo autor (2020). 
 
O estabelecimento dos padrões de qualidade está diretamente 
relacionado à avaliação do processo de ensino-aprendizagem. Para isso esses 
padrões devem possuir critérios de avaliação, principalmente qualitativa, pois 
esses permitirão a verificação do nível de aprendizagem do estudante e sua 
capacidade de evolução no processo de escolarização. Como afirma Bartnik 
(2012): 
 
Os objetivos da gestão pela qualidade passam pela necessidade de se 
atingir um padrão de operações que garanta a eficiência e a eficácia 
dos procedimentos, aumentando a competitividade da escola, na 
medida em que, após passar pelo processo de implantação, as 
inovações e as melhorias possam ser reconhecidas (BARTNIK, 2012, 
p. 83). 
 
No Brasil, no ano de 2007, foi criado o Índice de Desenvolvimento da 
Educação Básica (IDEB), um indicador que possibilita a avaliação da qualidade 
da Educação, que estabelece uma relação direta entre a habilidade dos 
estudantes em avaliações externas e o seu desempenho escolar. 
 
Curiosidade 
IDEB é o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica, criado em 2007, pelo 
Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), 
formulado para medir a qualidade do aprendizado nacional e estabelecer metas 
para a melhoria do ensino. O Ideb funciona como um indicador nacional que 
possibilita o monitoramento da qualidade da Educação pela população por meio 
de dados concretos, com o qual a sociedade pode se mobilizar em busca de 
Processo
•"A instituição de ensino como um todo é o processo, cuja consequência 
principal é a prestação dos serviços educacionais".
Produto
•"Na escola é o resultado do trabalho da equipe docente, pedagógica e 
administrativa, tendo como eixo a aprendizagem do estudante".
Cliente
•"São todas as pessoas envolvidas no processo de ensino 
aprendizagem, como professores, equipe pedagógica, funcionários, 
alunos, pais de alunos e comunidade em geral".
 
 
47 
 
melhorias. Para tanto, ele é calculado a partir de dois componentes: a taxa de 
rendimento escolar (aprovação) e as médias de desempenho nos exames 
aplicados pelo Inep. Os índices de aprovação são obtidos a partir do Censo 
Escolar, realizado anualmente. As médias de desempenho utilizadas são as da 
Prova Brasil, para escolas e municípios, e do Sistema de Avaliação da Educação 
Básica (Saeb), para os estados e o País, realizados a cada dois anos. As metas 
estabelecidas pelo Ideb são diferenciadas para cada escola e rede de ensino, 
com o objetivo único de alcançar 6 pontos até 2022, média correspondente ao 
sistema educacional dos países desenvolvidos. 
 
Quando falamos em média de desempenho, nos referimos ao índice de 
proficiência do estudante frente aos saberes do período da escolarização no qual 
ele se encontra. Segundo o Centro de Políticas Públicas e Avaliação na 
Educação (CAED, 2020), a proficiência é: 
 
Uma medida que representa um determinado traço latente (aptidão) de 
um aluno, assim sendo, podemos dizer que o conhecimento de um 
aluno em determinada disciplina é um traço latente que pode ser 
medido através de instrumentos compostos por itens elaborados a 
partir de uma matriz de habilidades (CAED, 2020). 
 
Para conseguirmos mensurar a proficiência, é necessário desenvolver 
avaliações pautadas na Teoria de Resposta ao Item (TRI) na qual os “itens que 
a prova apresenta possuem características fundamentais que devem ser 
consideradas na resolução: a dificuldade, a probabilidade e a discriminação” 
(RUTHES. 2019, p. 39). Dessas três características, a que é fundamental nesse 
tipo de avaliação é a probabilidade, pois na TRI a probabilidade de acerto de 
uma