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UNIVERSIDADE FEDERAL DA FRONTEIRA SUL CAMPUS REALEZA CURSO DE NUTRIÇÃO ANA CLAUDIA JOCHEM BRUNA CASIRAGHI LENISE KRAEMER LETÍCIA SOUZA ESTUDO DE ANOREXIA NERVOSA REALEZA 2017 ESTUDO DE CASO 3 – ANOREXIA NERVOSA R.K foi atendida pelo profissional Nutricionista, após a procura desesperada de seus pais, uma vez que, a psiquiatra que tratava da paciente em questão, desistiu de dar continuidade ao tratamento, indicando aos pais da adolescente que procurassem um serviço médico especializado em Transtornos Alimentares para dar início ao processo de internação. Devido à localização, já que os centros especializados estariam quase mil quilômetros de distância entre a cidade desta família e o hospital que faria o internamento, os pais fizeram uma última tentativa de tratamento nutricional (a filha já teria sido consultada com um nutricionista, porém, não se adaptou às recomendações ofertadas). Para o atual tratamento nutricional ser iniciado, a Nutricionista fez algumas exigências: a paciente teria que realizar consultas periódicas com os profissionais de Psicologia, Psiquiatria e Clínico Geral, concomitantemente ao tratamento dietoterápico. Os pais da adolescente aceitaram as indicações dos profissionais de saúde oferecidas pela Nutricionista, assim como, que os atendimentos de psicologia e nutricional seriam realizados semanalmente em dias e horários fixos. Sendo assim, iniciou-se a Terapia Nutricional, assim como, a Psicoterapia. Dados Pessoais/Perfil do Paciente: Gênero Feminino, 16 anos, estudante, mora com os pais. Histórico Médico: dificuldade para se alimentar com rejeição de alimentos que considerava calóricos, perda brusca de peso (principalmente no início do Transtorno Alimentar), náuseas, dores epigástricas. Tempo de queixas: 3 meses. História Atual: Funcionamento irregular do intestino, ingere em torno de 3 litros de água por dia. Demonstra irritabilidade nos horários das refeições, principalmente no almoço e jantar. Evita realizar as refeições sentada à mesa com a sua família. Tem pavor de alimentos “engordativos”. Passa grande parte do tempo em seu quarto, dormindo a tarde toda. Seu rendimento escolar e disposição para as demais atividades do cotidiano foram afetados negativamente. Dados Laboratoriais: Não disponibilizava de exames recentes. Havia deixado com o profissional de Psiquiatria. Dados Antropométricos: Peso Habitual de 54 kg (setembro de 2020). Dia da Consulta: Peso de 35,1 kg; Altura de 158,2 cm e % de Gordura de – 2,5%. Evolução Após Intervenção Nutricional (principais datas): DATAS PESO (KG) ALTURA (CM) % DE GORDURA 09/12/2011 35,1 158,2 - 2,5% 14/12/2011 35,8 16/01/2012 37,3 158,4 15/02/2012 41,3 19/03/2012 51,1 16/04/2012 51,5 14/05/2012 51,2 17/09/2012 53,6 10/12/2012 56,8 29/04/2013 56,5 158,5 23% Dados Dietéticos: Ingestão Habitual: CAFÉ DA MANHÃ: não realizava. Ia para o colégio em jejum. Ingeria apenas água ao acordar. LANCHE DA MANHÃ: não realizava. ALMOÇO: (Em casa – funcionária prepara a refeição). Alface e tomate (um prato cheio). 1 vez por semana consumia peito de frango grelhado ou filé de peixe (1 pequeno). Arroz branco (1 colher de sopa rasa). Não tinha o hábito de consumir leguminosas todos os dias. LANCHE DA TARDE: melancia (3 fatias grande). JANTAR: melancia (2 fatias grande). CEIA: Ás vezes leite desnatado (1 copo pequeno) ou 1 iogurte light. Diante do exposto acima, como o Profissional Nutricionista deve proceder diante deste caso? Para auxiliar na intervenção nutricional, sugere-se seguir o roteiro abaixo: 1. Descrição da Fisiopatologia (definição, causas, consequências, dietoterapia/condutas nutricionais justificadas). (0,2) Classificada com o CID‐10, a anorexia nervosa é um transtorno alimentar que se caracteriza por perda de peso induzida pelo paciente, que apresenta como sintomas principais o medo de engordar, e, relacionado a isso, restrição das escolhas alimentares, prática exagerada de exercícios físicos e utilização de métodos purgativos (SILVA; ALVES, 2011) . Os indivíduos mais afetados costumam ser do sexo feminino, geralmente adolescentes, porém pode atingir também indivíduos do sexo masculino e as mais diversas faixas etárias (ABREU; CANGELLI FILHO, 2004). Em relação às causas, acredita-se que estejam relacionadas a desorganização pessoal, o descontentamento com o corpo, pressão para manter-se magra, e, de forma mais ameaçadora, a influência da mídia, que prega um padrão perfeito para a beleza corporal. Portanto, o acompanhamento psicológico é essencial na fase de recuperação (ABREU; CANGELLI FILHO, 2004). A persistência no quadro de Anorexia nervosa leva a uma série de complicações decorrentes da desnutrição e baixo ou nulo consumo alimentar, dentre as quais se destacam o desenvolvimento de anemia, prejuízos renais associados a desidratação e hipocalemia, problemas cardiovasculares, problemas ósseos, causados pelo baixo consumo e absorção de cálcio, secreção reduzida de estrógeno e maior secreção de cortisol. Se a anorexia nervosa for do tipo purgativa pode provocar alcalose metabólica, hipocloremia e hipocalemia, no caso de vômitos e o abuso de laxantes pode causar acidose metabólica. Os níveis de tiroxina sérica (T4) também sofrem queda e o indivíduo passa a ter respostas neurológicas prejudicadas. Dependendo do grau em que se encontra, o quadro pode levar a morte (JORGE, VITALLE, 2008). O tratamento da Anorexia nervosa consiste em um acompanhamento multiprofissional, tendo grande importância a psicoterapia individual e acompanhamento médico aliados ao tratamento dietoterápico, já que na condição em que a paciente se encontra é necessário a aceitação do ganho de peso provocado pelo plano alimentar prescrito, o que caracteriza um ponto muito importante do tratamento (SILVA; ALVES, 2011). Já o acompanhamento médico é necessário para avaliar a evolução clínica da paciente e das patologias associadas ao quadro de Anorexia nervosa. Dentro do acompanhamento médico, seria de grande importância o acompanhamento ginecológico, visto a idade e o estágio de desenvolvimento em que a paciente se encontra, uma vez que interrupções no ciclo menstrual, causado pela desnutrição, pode levar a atrofia do sistema reprodutor, causando infertilidade (SILVA; ALVES, 2011). Já o acompanhamento nutricional tem por objetivo restabelecer o estado nutricional da paciente, visto que ela se encontra 18,9 kg abaixo do seu peso habitual. Como recomendação, Jorge e Vitalle (2008) indicam os parâmetros da American Psychiatric Association, que recomenda ganho de 900 g a 1,3 kg/semana para pacientes internados e de 250 g a 450 g/semana para pacientes ambulatoriais. Para que esses valores sejam alcançados o consumo energético da paciente deve ser de 30 a 40 kcal/kg de peso atual, podendo chegar entre 70 a 100 kcal/kg conforme a progressão do tratamento. Já de acordo com a Sociedade Brasileira de Nutrição Parenteral e Enteral e Associação Brasileira de Nutrologia (2011) o fornecimento energético por meio da terapia nutricional deve se dar de forma gradual e progressiva, devendo ser ofertado, no plano alimentar inicial uma quantidade entre 10 kcal/ kg e 20 kcal/kg de peso atual por dia, o que seria mais indicado para início do tratamento de pacientes que tem um consumo alimentar praticamente nulo, sendo que nesses casos um aporte calórico muito grande seria facilmente rejeitado, levando a desistência do plano alimentar. Outras recomendações consideráveis são citadas por Silva e Mura (2010), onde sugerem um aumento calórico de 200 à 500 kcal/ semana, até atingir um valor aproximado de 3000kcal/dia, porém esse limite deve ser imposto levando em consideração a aceitação da paciente. Além do aumento da ingestão calórica, os autores sugerem o fracionamento alimentar entre 6 a 8 refeições diárias, no qual o aporte proteico deve ser de 0,8g a 1,2g/kg de peso atual por dia. Já os demais macronutrientes e micronutrientes devem estar de acordo com as recomendações.2. Diagnóstico Nutricional (desde a primeira consulta até a última data apresentada, calcule os valores de IMC e suas classificações de acordo com a evolução) e cálculo do GET (para a primeira data e última data de consulta apresentada). Descreva como faria a evolução calórica (Justificar). (0,1) A evolução do peso da paciente, informada anteriormente será apresentada juntamente com o diagnóstico do IMC em forma de tabela, que será descrita a seguir: Datas Peso (KG) Altura (CM) IMC Diagnóstico 09/12/2011 35,1 158,2 14,6 kg/m² Desn. III 14/12/2011 35,8 158,2 14,9 kg/m² Desn. III 16/01/2012 37,3 158,4 15,5 kg/m² Desn. III 15/02/2012 41,3 158,4 17,2 kg/m² Desn. I 19/03/2012 51,1 158,4 21,9 kg/m² Eutrofia 16/04/2012 51,5 158,4 21,4 kg/m² Eutrofia 14/05/2012 51,2 158,4 21,3 kg/m² Eutrofia 17/09/2012 53,6 158,4 22,3 kg/m² Eutrofia 10/12/2012 56,8 158,4 23,6 kg/m² Eutrofia 29/04/2013 56,5 158,5 23,5 kg/m² Eutrofia Como pode-se perceber o peso da paciente teve evolução positiva, sendo que em dois meses a paciente passou de desnutrição grau III para desnutrição grau I, e, a partir do mês seguinte, já apresentou eutrofia, sendo que os valores de IMC aumentaram gradativamente até a última consulta. O cálculo do TMB foi realizado pelo método da FAO/OMS (1985), indicado para crianças a partir de 10 anos. O peso utilizado para o cálculo foi o obtido na primeira consulta, resultando em um valor de 1276,32 kcal. Já a TMB calculada na última consulta, resultou em um valor de 1631,56 kcal. Para cálculo do GET da primeira consulta foi utilizada a fórmula de Harris e Benedict (1919). De acordo com Silva e Mura (2010), o cálculo de calorias pode ser realizado de acordo com tal fórmula utilizando o fator injúria 1,3, que corresponde a desnutrição. Para isso, primeiramente foi realizado o cálculo da TMB, cuja fórmula está descrita abaixo, onde P é o peso da primeira consulta, E corresponde à estatura em centímetros e I, idade. Como resultado, o valor obtido foi de 1201,52 Kcal. Para o cálculo do GET, o valor do TMB foi multiplicado pelo fator atividade, considerado 1,3, para paciente que deambula, sendo multiplicado ainda pelo fator térmico 1, pela paciente não possuir temperatura alterada, e fator injúria 1,3, conforme indicado por Silva e Mura (2010). Como resultado, foi obtido o valor de 2030,57 kcal. Para calcular o GET da última consulta, já que a paciente apresenta idade acima de 18 anos e não apresenta mais desnutrição pode ser utilizada a fórmula da FAO/OMS (2011), descrita a seguir: Como resultado obteve-se o valor de 1314,17 kcal, que, para a obtenção so GET, foi multiplicado pelo fator atividade, considerado de 1,55 para mulheres cuja atividade é leve, levando a um resultado de 1971,26 kcal. Calculou-se também, o peso ideal da paciente referente a primeira consulta. Para isso utilizou-se a curva de crescimento da OMS, avaliando-se o IMC/Idade, já que não existe curva de peso/idade para a idade de 16 anos, em que a paciente se encontra. Dessa forma, o IMC ideal da paciente seria de 21,7kg/m², e, fazendo a fórmula inversa: estatura²x IMC ideal, chegamos ao valor de 54,17 kg. Como recomendação para chegar ao peso indicado acima, Silva e Mura (2010), sugerem um aumento calórico de 200 à 500 kcal/ semana, até atingir um valor aproximado de 3000kcal/dia, propiciando o aumento do peso. 3. Objetivos do Acompanhamento Nutricional. (0,1) O objetivo do acompanhamento nutricional para a paciente se pauta principalmente na: ● Recuperação do peso corporal; ● Recuperação do padrão alimentar saudável; ● Regulação do funcionamento intestinal; ● Alívio do desconforto gastrointestinal causado pelo transtorno alimentar; ● Suprir as carências nutricionais causadas pela privação da ingestão alimentar; Sociedade Brasileira de Nutrição Parenteral e Enteral e Associação Brasileira de Nutrologia (2011) 4. Prescrição do Plano Alimentar. (0,3) Primeiramente, antes de prescrever o plano alimentar, foi calculado o recordatório 24h da paciente, no qual foi avaliado a ingestão alimentar bem como avaliação qualitativa e quantitativa da dieta. Refeição Alimento Quantidade Grupo alimentar Porção Almoço Alface 1 prato raso Hortaliças 1 Tomate 4 rodelas Hortaliças 1 Arroz 1 colher de sopa Cereais 1/4 Frango grelhado 1 pedaço pequeno Carnes 1 Lanche da tarde Melancia 3 fatias Frutas 3 Janta Melancia 2 fatias Frutas 2 Ceia Leite de vaca desnatado 1 copo pequeno Laticínios 1 Análise quantitativa ENERGIA/MACRONUTRIENTES E COLESTEROL Encontrado Recomendado (DRIs)** + 10% : 2233,63 - 10% : 1827,51 Interpretação Energia 832,92 2030,57 Hipocalórica g % g % Carboidratos 149,12 67,2 228,4 -329,9 45 - 65 Hiperglicídica* Proteínas 46,94 21,2 50,7 - 152,3 10 - 30 Normoproteica Lipídios 11,46 11,6 56,4 - 78,9 25 - 35 Hipolipídica MICRONUTRIENTES E FIBRAS % adq. EAR RDA UL Fibras (g) 5,85 22,5 ND 26 ND Inadequado Vitamina C (mg) 188,42 289,9 56 65 1800 Adequado Vitamina A (μg RAE) 702,08 100,29 485 700 2800 Adequado Vitamina B3 (mg) 26,75 191,1 11 14 30 Adequado Vitamina B9 (μg) 94,99 23,74 330 400 800 Inadequado Vitamina B6 (mg) 2,68 223,33 1 1,2 80 Adequado Vitamina B12 (μg) 0 0 2 2,4 ND Inadequado Cálcio (mg) 373,87 28,76 ND 1300 2500 Inadequado Ferro (mg) 4,37 29,1 7,9 15 45 Inadequado Zinco (mg) 2,33 25,89 7,3 9 34 Inadequado Sódio (mg) 216,3 14,42 ND 1500 2300 Inadequado Potássio (mg) 2770,06 58,9 ND 4700 ND Inadequado Conforme pode-se observar, a alimentação da paciente encontra-se inadequada em vários pontos. A ingestão calórica encontra-se muito abaixo do recomendado, e aliado a isso, a ingestão de nutrientes encontra-se inadequada. Dentre os nutrientes avaliados, apenas algumas vitaminas estavam com ingestão adequada, devido o consumo de melancia e da salada no almoço. As vitaminas do complexo B, que provém da carne e tiveram adequação alcançada não devem ser integralmente consideradas, visto que a presença de carne na alimentação se dá apenas uma vez na semana, sendo calculada no recordatório apenas para observar a maior ingestão calórica conseguida pela paciente. Já em relação aos minerais não houve adequação em nenhum dos avaliados, também justificado pelo baixo consumo alimentar, principalmente de carnes e grãos. A distribuição de macronutrientes na dieta encontrou-se hiperglicídica, normoproteica e hipolipídica, de acordo com o valor calórico alcançado no recordatório. Avaliação qualitativa Para avaliar a qualidade da alimentação consumida pela paciente foi utilizada como base a pirâmide alimentar, sendo avaliados todos os grupos alimentares consumidos. GRUPO ALIMENTAR QTD. RECOMENDADA QTD. ATINGIDA INTERPRETAÇÃO Cereais pães e massas 5 à 9 porções diárias ¼ porção Inadequado Frutas 3 è 5 porções diárias 5 porções Adequado Hortaliças 4 à 5 porções diárias 2 porções Inadequado Leguminosas 1 porção diária 0 porções Inadequado Leite e derivados 3 porções diárias 1 porção Inadequado Carnes e ovos 1 à 2 porções diárias 1 porção Adequado Óleos e gorduras 1 à 2 porções 0 porções Inadequado Açúcares e doces 1 porções diárias 0 porções Adequado* De acordo com o recordatório 24h da paciente observou que a mesma ingere uma quantidade extremamente baixa de cereais, que se restringe a menos de uma porção ao dia. Em relação às frutas o consumo encontra-se adequado, porém as frutas consumidas são repetitivas. As carnes apresentaram adequação, porém não são consumidas diariamente, o que se torna um problema. As leguminosas não são consumidas, bem como nenhuma porção do grupo das gorduras. O consumo de leguminosas é importante para o fornecimento de minerais e fibras, já o consumo de alimentos do grupo das gorduras, como o azeite de oliva, por ser fonte de ácidos graxos importantes e auxiliar na complementação do aporte energético. A recomendação do grupo das hortaliças também não foi alcançado, devido seu consumo se dar apenas no almoço. O consumo de doces também não ocorreu, porém não deixade ser adequado, já que o consumo de doces não pode ser estimulado por parte do nutricionista. PLANO ALIMENTAR Para o cálculo do plano alimentar foi levado em consideração o valor energético máximo diário que a paciente consegue atingir acrescido de 200 kcal, conforme recomendação de Silva e Mura (2010), que sugerem um aumento calórico de 200 à 500 kcal/ semana, até atingir um valor aproximado de 3000kcal/dia, propiciando o aumento do peso. Dessa forma, o valor obtido no recordatório, de 832,92 kcal foi adicionado de mais 200kcal, resultando em 1032,92 Kcal/ dia, utilizado como recomendação para a primeira semana de intervenção nutricional. PLANO ALIMENTAR Refeição Horário Alimento Quantidade Grupo alimentar Porção Café da manhã 07:00 Pão integral 1 fatia Cereais 1 Requeijão light 1 colher sobremesa Laticínios 1/2 Café 50 ml - - Leite desnatado 100 ml Laticínios 1/2 Maçã 1 unidade p Frutas 1 Multimax 2 cápsulas - - Água Colação 09:30 Banana 1 unidade Frutas 1 Água Almoço 12:00 Arroz Integral 3 colheres de sopa Cereais 1 Feijão preto 1 colher de sopa Leguminosas 1/2 Peito de frango grelhado 1 unidade pequena Carnes 1 Beterraba cozida 1 colher de sopa Hortaliças 1/2 Cenoura ralada 2 colheres de sopa Hortaliças 1/2 Alface 1 prato raso Hortaliças 1 Azeite de oliva 1 colher de chá Óleos 1/2 Sal ½ colher de café - - Laranja 1 unidade Frutas 1 Água Lanche 15:30 Iogurte desnatado 1 pote Laticínios 1 Granola 1 colher de sopa Cereais 1/2 Água Jantar 19:00 Arroz integral 2 colheres de sopa Cereais 1/2 Batata sauté 1 pedaço pequeno Cereais 1/2 Carne moída 1 colher de sopa Carnes 1/2 Cenoura ralada 2 colheres de sopa Hortaliças 1/2 Couve refogada 1 colher de sopa Hortaliças 1/2 Alface 1 prato raso Hortaliças 1 Azeite de 1 colher de Óleos 1/2 oliva café Sal ½ colher de café - - Água Ceia 21:30 Leite desnatado 1 copo Laticínios 1 Banana 1 unidade p Frutas 1 Aveia em flocos 1 colher de sopa Cereais 1/2 Água Análise quantitativa Para avaliar o plano alimentar, do ponto de vista quantitativo, os dados foram colocados em tabelas para melhor compreensão. ENERGIA/MACRONUTRIENTES E COLESTEROL Encontrado Recomendado (DRIs)** + 10% : 1136,2 - 10% : 929,62 Interpretação Energia 1025,89 1032,92 Normocalórica g % g % Carboidratos 135,32 52,8 116,2 - 167,8 45 - 65 Normoglicídica Proteínas 67,12 26,2 25,8 - 77,5 10 - 30 Normoproteica Lipídios 25,7 22,5 28,69 - 40,2 25 - 35 Hipolipídica Ácidos graxos saturados (%) 9,53 8,36 <11,4 <10 Adequado Ácidos graxos monoinsaturados (%) 8,86 7,77 18,88 15 Adequado Ácidos graxos poliinsaturados (%) 3,63 3,18 5,7 - 11,4 5 - 10 Inadequado* Colesterol (mg) 129,54 <300 Adequado MICRONUTRIENTES E FIBRAS % adq. EAR RDA UL Fibras (g) 14,98 57,6 ND 26 ND Inadequado Vitamina C (mg) 110,63 169,2 56 65 1800 Adequado Vitamina A (μg RAE) 2276,05 325,2 485 700 2800 Adequado Vitamina B3 (mg) 44,17 315,2 11 14 30 Inadequado Vitamina B9 (μg) 456,57 114,1 330 400 800 Adequado Vitamina B6 (mg) 2,73 227,5 1 1,2 80 Adequado Vitamina B12 (μg) 5,42 225,8 2 2,4 ND Adequado Cálcio (mg) 1114,13 85,7 ND 1300 2500 Adequado Ferro (mg) 18,75 125 7,9 15 45 Adequado Zinco (mg) 13,59 151 7,3 9 34 Adequado Sódio (mg) 1812,95 120,8 ND 1500 2300 Adequado Potássio (mg) 2948,93 62,7 ND 4700 ND Inadequado Distribuição de macronutrientes nas refeições REFEIÇÃO NUTRIENTES GRAMAS CALORIAS % INTERPRETAÇÃO Café da manhã CHO 29,37 117,48 52,51 Normoglicídica PTN 9,08 36,32 16,23 Normoproteica LIP 7,77 69,93 31,26 Normolipídica 223,73 Lanche da manhã CHO 17,55 70,2 91,69 Hiperglicídica PTN 0,78 3,12 4,08 Hipoproteica LIP 0,36 3,24 4,23 Hipolipídica Almoço CHO 21,76 87,04 32,37 Hipoglicídica PTN 32,53 130,12 48,38 Hiperproteica LIP 5,75 51,75 19,26 Hipolipídica Lanche CHO 21,48 85,92 52,64 Normoglicídica PTN 11,47 45,88 28,11 Normoproteica LIP 3,49 31,41 19,25 Hipolipídica Jantar CHO 22,98 91,92 49,98 Normoglicídica PTN 6,79 27,16 14,76 Normoproteica LIP 7,21 64,89 35,27 Normolipídica Ceia CHO 22,18 88,72 71,14 Hiperglicídica PTN 6,47 25,88 20,77 Normoproteica LIP 1,12 10,08 8,09 Hipolipídica A dieta apresentou quantidade calórica adequada, tendo em vista que o valor energético ainda é baixo por conta da condição em que a paciente se encontra. O plano alimentar foi avaliado como normoglicígico, normoproteico e hipolipídico. O fato de apresentar uma quantidade de gordura menor do que a indicada se deve a prescrição de laticínios desnatados para a paciente, como forma de evitar que a mesma desista de seguir a prescrição alimentar. Para aumentar o valor lipídico foi recomendado o consumo de azeite de oliva para temperar as saladas no almoço e no jantar. O percentual protéico também apresentou-se um pouco elevado, porém ainda dentro da recomendação de distribuição de macronutrientes. Em relação aos micronutrientes avaliados, apenas apresentou inadequação as fibras, o potássio e a vitamina B3, sendo que a última ultrapassou a quantidade indicada na UL, já que foi necessário fazer a suplementação a fim de alcançar a recomendação dos demais nutrientes. Porém, a suplementação tem um caráter temporário, não representando danos à saúde da paciente. O suplemento utilizado foi o Multimax Multivitamínico Complex Max Titanium, sendo recomendado a ingestão de duas cápsulas por dia. A distribuição de macronutrientes nas principais refeições também se deu de forma adequada, com exceção do almoço, que foi classificado como hipoglicídico, hiperproteico e normolipídico. Tal classificação se deu pela recomendação de carne na refeição, caracterizando uma alta concentração protéica, visto que a quantidade calórica da refeição era restrita. Análise qualitativa A análise qualitativa tem por objetivo analisar os grupos alimentares consumidos, conforme descritos abaixo: GRUPO ALIMENTAR QTD. RECOMENDADA QTD. ATINGIDA INTERPRETAÇÃO Cereais pães e massas 5 à 9 porções diárias 4 Inadequado Frutas 3 è 5 porções diárias 4 Adequado Hortaliças 4 à 5 porções diárias 4 Adequado Leguminosas 1 porção diária 1/2 Inadequado Leite e derivados 3 porções diárias 3 Adequado Carnes e ovos 1 à 2 porções diárias 1 ½ Adequado Óleos e gorduras 1 à 2 porções 1 Adequado Açúcares e doces 1 porções diárias 0 Adequado O consumo de alimentos do grupo dos cereais e tubérculos ainda não alcançou a recomendação mínima diária, porém, como a paciente não chegava a ingerir uma porção desses alimentos diariamente o consumo de 4 porções está adequado para o início do tratamento, por se tratar de uma fase de adaptação. Do mesmo modo ocorreu com o grupo das leguminosas. Os demais grupos alimentares apresentaram adequação. Ao recomendar alimentos do grupo dos laticínios optou-se por indicar produtos light, por apresentar maior aceitação por parte da paciente, porém, conforme a evolução do tratamento pode-se introduzir os leites e derivados integrais, por possuir maior concentração lipídica e densidade energética. 5. Sobre os exames laboratoriais, qual deles o profissional Nutricionista poderia solicitar para este caso? Cite-os e justifique. (0,1) Os exames bioquímicos são de grande importância para os casos de Anorexia Nervosa, não como critério de diagnóstico, mas para compreender as possíveis alterações causadas pela desnutrição. Tais alterações podem ser revertidas através da correção alimentar. Dentre os exames que podem ser solicitados encontra-se o hemograma, importante para avaliar as condições hematológicas, sendo muito comum o diagnóstico de anemia, que costuma ser normocítica e normocrômica. Além disso o exame também é importante para observar presença de leucopenia e trombocitopenia, que são diagnósticos de interesse médico (Associação Médica Brasileira e Conselho Federal de Medicina, 2011). Além do hemograma outros exames também possuem grande importância, como a dosagem do potássio e perfil lipídico. A dosagem do potássio é importante pelo fato de grande parte dos pacientescom Anorexia nervosa do tipo purgativa desenvolverem hipopotassemia, que consiste em um desequilíbrio hidroeletrolítico. A análise do perfil lipídico é importante pois cerca de 50% dos pacientes com anorexia nervosa desenvolvem o quadro de hipercolesterolemia, causando grande risco cardiovascular (Associação Médica Brasileira e Conselho Federal de Medicina, 2011). .A Anorexia nervosa também pode levar ao desenvolvimento da síndrome do eutireoidismo doente, caracterizado por baixos níveis de T3 e elevados de T3 reverso, eventualmente acompanhada de queda de T4, sem alteração no nível do TSH, sendo, dessa maneira, importante a monitoração desses valores (Associação Médica Brasileira e Conselho Federal de Medicina, 2011). Além de todos esses exames, o profissional nutricionista pode prescrever exames de dosagem sérica de nutrientes, a fim de detectar qualquer alteração. 6. Descreva o que achar conveniente para este tratamento dietoterápico. (0,2) Orientações nutricionais para Anorexia Nervosa Recomendado Não-recomendado Utilizar alimentos liquefeitos, como: sucos, vitaminas, mingaus e sopas. Evitar o consumo de alimentos gordurosos, como: feijoadas, lasanha, estrogonofe, Evoluir para preparações pastosas, como: sopas enriquecidas, mingaus e purês. Evitar grandes intervalos entre as refeições. Fazer ingestão de cereais integrais e leguminosas. Evitar o consumo elevado de fibras. Preferir alimentos light e diet. Não utilizar frituras na preparação dos alimentos, como: frituras, milanesa, empanados e folhados Consumir frutas. Evitar engolir cascas e bagaços das frutas. Cozinhar legumes e verduras. Evitar consumo excessivo de doces, como: bombons, balas, chocolates, biscoitos, bolos, sorvetes, bolachas, paçocas, leite condensado. Aumentar a ingestão de líquidos. Evitar alimentos processados. Aumentar a ingestão gradualmente de ovos, peixes, aves, carnes. Não realizar atividades físicas intensas. Fracionar as refeições, com intervalos de 2 a 3 horas. Reduzir o volume das refeições. Preferir alimentos frios ou gelados. Evitar alimentos extremamentes quentes. Prefira alimentos coloridos e frescos. Consumir um cardápio variado. 7. Referências: ABREU, Cristiano Nabuco; CANGELLI FILHO, Raphael. Anorexia nervosa e bulimia nervosa – abordagem cognitivo-construtivista de psicoterapia. Rev. Psiq. Clin. 31 (4); 177-183, 2004. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/rpc/v31n4/22405.pdf>. Acesso em: 15 de maio de 2017. JORGE, Stella Ricci Ferreira; VITALLE, Maria Sylvia de Souza. Entendendo a anorexia nervosa: foco no cuidado à saúde do adolescente. Arq Sanny Pesq Saúde 1(1): 57-71, 2008. Disponível em:<http://www.cepsanny.com.br/pdf/v1n1a8.pdf>. Acesso em: 17 de maio de 2017. http://www.scielo.br/pdf/rpc/v31n4/22405.pdf http://www.cepsanny.com.br/pdf/v1n1a8.pdf SILVA, Blenda Lúcia; ALVES, Cintia Marques. Anorexia nervosa e bulimia nervosa: diagnóstico e tratamento em uma visão multiprofissional. Disponível em:<revistasaude.unipam.edu.br/documents/.../anorexia_nervosa_e_bulimia_nervos a.pdf>. Acesso em: 15 de maio de 2017. SILVA, Sandra Maria Chemin Seabra; MURA, Joana D’Arc Pereira.Tratado de Alimentação, nutrição e dietoterapia - 2.ed.- São Paulo : Roca, 2010. Sociedade Brasileira de Nutrição Parenteral e Enteral Associação Brasileira de Nutrologia. Terapia Nutricional no paciente com transtornos alimentares. disponível em < https://diretrizes.amb.org.br/_BibliotecaAntiga/terapia_nutricional_no_paciente_com _transtornos_alimentares.pdf> Acesso em: 25 de maio de 2017. Associação Médica Brasileira e Conselho Federal de Medicina. Anorexia Nervosa: Diagnóstico e Prognóstico. Projeto Diretrizes, 2011. Disponível em:< http://www.sbmfc.org.br/media/file/diretrizes/05anorexia_nervosa_diagnostico_e_pro gnostico.pdf>. Acesso em: 25 de maio de 2017 VILLELA Nilze Barreto; ROCHA Raquel. Manual Básico para atendimento ambulatorial em nutrição. 2. ed. Revista e ampliada. Salvador, 2008. 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