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Carolina R. Dobrotinic APG 03 SOI V Complicações agudas da DM Objetivos: 1. Compreender fatores de risco, manifestações clínicas e desenvolvimento das complicações agudas da diabetes mellitus 2. Entender as orientações básicas do paciente diabetico insulino dependente 3. Conhecer as condutas éticas sobre a insulinoterapia Cetoacidose metabólica e estado hiperglicêmico hiperosmolar Fatores de risco O fator precipitante mais comum é a falta de tomar insulina, embora outros fatores de estresse, como infecções intercorrentes, doenças, traumas e certas drogas, também possam levar a essa complicação. Outros fatores precipitantes são IAM, AVC, cirurgias e pancreatite aguda, bem como o uso de medicamentos, álcool em excesso, drogas ilícitas, procedimentos invasivos e atividade física extenuante (p. ex., correr uma maratona) Ver imagem na última página O EHH pode também ser precipitado por infecções, medicações, não adesão à tratamento, DM não diagnosticado, uso abusivo de substâncias e doenças coexistentes. Infecções são a principal causa (57% dos casos), particularmente pneumonia, seguida de infecção do trato urinário e sepse. A baixa adesão à medicação para o DM causa 21% dos casos de EHH. Outras causas de EHH incluem IAM, AVC, embolia pulmonar, cirurgias e trombose da artéria mesentérica, entre outras. Desenvolvimento Ver esquema na última página A patogênese da CAD e do EHH, apesar de intensamente estudada, ainda apresenta muitos aspectos que não foram elucidados. Os defeitos subjacentes na CAD e no EHH são: (1) deficiência absoluta ou relativa de insulina na CAD ou ação ineficaz da insulina no EHH; (2) níveis elevados de hormônios contra reguladores (glucagon, catecolaminas, cortisol e hormônio de crescimento [GH]), o que resulta em aumento da produção hepática de glicose e diminuição da utilização de glicose nos tecidos periféricos; e (3) desidratação e anormalidades eletrolíticas, principalmente em virtude da diurese osmótica causada por glicosúria A deficiência de insulina estimula a lipoproteína lipase, com interrupção resultante do armazenamento adiposo e aumento nos níveis de ácidos graxos livres. Quando esses ácidos graxos livres alcançam o fígado, são esterificados à acil-coenzima A graxo. A oxidação das moléculas de acil-coenzima A graxo nas mitocôndrias hepáticas produz corpos cetônicos (ácido acetoacético e ácido β-hidroxibutírico). A taxa na qual os corpos cetônicos são formados pode exceder aquela em que o ácido acetoacético e o ácido β-hidroxibutírico podem ser utilizados pelos tecidos periféricos, levando à cetonemia e à cetonúria. Se a excreção urinária das cetonas estiver comprometida pela desidratação, o resultado é cetoacidose metabólica sistêmica. A liberação de aminoácidos cetogênicos pelo catabolismo das proteínas agrava o estado cetótico. Sabe-se menos sobre a patogênese do EHH do que sobre a da CAD. Aparentemente, os níveis circulantes de insulina são suficientes para prevenir a lipólise e, consequentemente, a cetogênese, mas inadequados para propiciar a utilização de glicose. Os pacientes com EHH são também deficientes em insulina, contudo, eles apresentam concentrações mais elevadas de insulina do que pacientes com CAD. Além disso, nos pacientes com EHH, são menores as concentrações séricas dos AGL e dos hormônios contra reguladores (cortisol, GH e glucagon). Manifestações clínicas As manifestações clínicas da cetoacidose diabética incluem fadiga, náuseas e vômitos, dor abdominal grave, odor frutado característico e respiração trabalhosa e profunda (também conhecida como respiração de Kussmaul). A persistência do estado cetótico leva, eventualmente, à depressão na consciência cerebral e ao coma. A maioria dos pacientes relata aumento progressivo e relativamente rápido dos sinais de descompensação do DM (principalmente poliúria e polidipsia) nas últimas 24 horas. Ao exame físico, são comuns sinais de desidratação, tais como mucosa bucal seca, olhos fundos, turgor da pele diminuído, taquicardia, hipotensão e, nos casos mais graves, choque. O início mais lento do EHH (vários dias), em comparação ao da CAD (< 1 a 2 dias) resulta em manifestações mais graves de hiperglicemia, desidratação e hiperosmolalidade plasmática, as quais se correlacionam com níveis de consciência alterados Diferentemente do que ocorre na CAD, o EHH tem desenvolvimento insidioso e se manifesta dias a semanas após o(s) eventos(s) precipitantes. Neste período, são frequentes manifestações de descompensação do DM e distúrbios do sensório. Taquipneia apenas se faz presente diante de concomitante CAD ou acidose láctica. A desidratação geralmente é mais intensa no EHH, devido ao maior déficit de líquidos (8 a 10 versus 3 a 6 ℓ). Orientações básicas e éticas sobre insulinoterapia ➔ Armazenamento Faz-se necessário registrar a data de abertura no frasco Quando armazenada em temperatura ambiente (evite exposição ao sol ou lugares com calor ou frio excessivo Quando armazenada em geladeira doméstica (2 e 8 ºC): ● Armazenar nas prateleiras do meio, nas da parte inferior, ou na gaveta de verduras, longe das paredes, na embalagem original e acondicionada em recipiente plástico ou de metal com tampa ● Não deve ser congelada (se isso acontecer, deve ser descartada) ● Não é recomendável guardar a caneta recarregável em geladeira ➔ Transporte O transporte doméstico pode ser feito em embalagem comum, evite exposição ao sol ou calor excessivo Quando usado em embalagem térmica ou isopor, a insulina não deve entrar em contato direto com gelo ou similar Em qualquer deslocamento, independentemente da forma e do tempo, a insulina deve ser transportada em bagagem de mão ➔ Preparo Retirar a insulina da geladeira entre 15 e 30 minutos antes da aplicação: reduz a dor e irritação no local de injeção 1. Homogeneizar a suspensão de insulina NPH com 20 movimentos (rolamentos entre as palmas das mãos, circulares ou em pêndulo) suaves 2. Lavar as mãos com água e sabão e secá-las 3. Proceder a assepsia da borracha do frasco de insulina com álcool 70% 4. Manter o protetor da agulha e aspirar o ar até a graduação correspondente a dose de insulina prescrita 5. Retirar o protetor da agulha e injetar o ar no frasco de insulina 6. Sem retirar a agulha, posicionar o frasco de cabeça para baixo e aspirar a insulina até a dose prescrita 7. Eliminar bolhas de ar, se presentes 8. Virar o frasco para a posição inicial 9. Remover a agulha do frasco, protegendo-a até o momento da aplicação Recomenda-se a seringa com agulha fixa para o preparo seguro da insulina (não têm espaço residual e possibilita associar dois tipos de insulina na mesma seringa) As agulhas mais curtas, com 4, 5 e 6 mm de comprimento, são mais seguras, menos dolorosas e melhor toleradas Prega subcutânea: tem como objetivo evidenciar o tecido subcutâneo, evitando que se injete a insulina no músculo. Deve ser realizada, preferencialmente, com os dedos polegar e indicador pressionando levemente, para permitir a acomodação da insulina injetada, e mantida durante toda a administração. Após injetada toda a insulina, deve ser mantida por alguns segundos (mínimo de 5 segundos para seringas e 10 segundos para canetas). Ângulo de aplicação: tem como objetivo prevenir aplicação no músculo. Os ângulos recomendados são de 90 ou 60 graus, conforme o comprimento da agulha que será usada. ➔ Aplicação Com seringa Orientações para o preparo de um tipo de insulina 1. Realizar assepsia com álcool 70% no local escolhido para aplicação; esperar secar 2. Fazer a prega subcutânea (se aplicável) 3. Introduzir a agulha com movimento único, rápido, firme e leve 4. Injetar insulina continuamente, mas não de modo rápido 5. Manter a agulha no tecido subcutâneo, com o êmbolo pressionado, por, no mínimo, 5 segundos 6. Soltar a prega subcutânea e remover a agulhasuavemente, com movimento único 7. Realizar suave pressão local, por alguns segundos, caso ocorra sangramento Orientações para o preparo de dois tipos de insulina (NPH + Regular) na mesma seringa 1. Proceder a assepsia da borracha dos frascos de insulinas. 2. Aspirar, na seringa, ar correspondente a dose de insulina NPH. 3. Injetar o ar no frasco de insulina NPH, depois retirar a agulha do frasco sem aspirar a insulina NPH. 4. Aspirar, na seringa, ar correspondente a dose de insulina Regular. 5. Injetar o ar no frasco de insulina regular, virar o frasco e aspirar a dose prescrita de insulina regular. 6. Colocar o frasco de insulina regular na posição inicial e retirar a agulha. 7. Posicionar o frasco de insulina NPH de cabeça para baixo, introduzir a agulha da seringa que já está com a insulina regular e aspirar a dose correspondente a insulina NPH. O total de insulina na seringa deve corresponder a soma das doses das duas insulinas. 8. Retornar o frasco a posição inicial. 9. Remover a agulha do frasco, protegendo-a até o momento da aplicação. 10. Se a dose aspirada na seringa for maior que a soma das doses prescritas, o excesso não deve ser devolvido ao frasco. É necessário, então, descartar a seringa com a insulina e reiniciar o procedimento com uma seringa nova. Com caneta 1. Realizar assepsia com álcool 70% no local a que será acoplada a agulha; esperar secar. 2. Rosquear a agulha e retirar seus protetores externo e interno, reservando o protetor externo 3. Selecionar a dose de insulina 4. Realizar assepsia com álcool 70% no local escolhido para aplicação; esperar secar 5. Fazer a prega subcutânea (se aplicável) e introduzir a agulha 6. Pressionar o botão injetor para injetar a insulina 7. Aguardar, no mínimo, 10 segundos para retirar a agulha e desfazer a prega subcutânea; manter o botão injetor pressionado 8. Remover a agulha, usando o protetor externo 9. Recolocar a tampa da caneta Regiões do corpo recomendadas para aplicação subcutânea de insulina ● Braços: face posterior, três a quatro dedos abaixo da axila e acima do cotovelo (considerar os dedos de quem receberá a injeção de insulina) ● Nádegas: quadrante superior lateral externo ● Coxas: face anterior e lateral externa superior, quatro dedos abaixo da virilha e acima do joelho ● Abdome: regiões laterais direita e esquerda, com distância de três a quatro dedos da cicatriz umbilical Rodízio sequencial de aplicações ● Dividir cada local de aplicação recomendado em pequenos quadrantes/metades: as aplicações, nesses quadrantes, devem ser espaçadas em pelo menos 1 cm entre elas, seguindo em sentido horário ● Recomenda-se usar um pequeno quadrante a cada 14 dias, tempo necessário de cicatrização, prevenindo a lipo-hipertrofia ➔ Descarte Todo o lixo resultante da aplicação de insulina e monitorização da glicose devem ser descartados em coletores específicos para perfurocortantes. Na ausência do coletor próprio, recomenda-se usar recipiente de material inquebrável, paredes rígidas e resistentes a perfuração, com abertura larga e tampa. Em ambiente domiciliar, seringas com agulha acoplada, frascos de insulina e agulhas devem ser descartadas em recipiente rígido resistente, como frasco de amaciante. Não descartar em garrafa PET devido a sua fragilidade Quando o recipiente estiver cheio, entregar na unidade básica de saúde para descarte adequado Canetas recarregáveis, sem o refil de insulina, e tampas de canetas descartáveis podem ser depositadas em lixo comum ➔ Automonitorização Glicêmica Domiciliar Todos os usuários de insulina devem receber 3 a 4 fitas/dia para realização de glicemia, independentemente do número de aplicações de insulina ao dia (De acordo com a Lei nº 11.347 de 2006) Além disso, deve ser avaliado anualmente: ● as habilidades para o autocuidado; ● as habilidades para o uso adequado das informações colhidas com o teste; ● a exatidão e precisão dos resultados oferecidos pelos glicosímetros ● os resultados do teste com o glicosímetro devem ser comparados com os da glicemia em jejum de laboratório, medidos simultaneamente. Os esquemas devem ser adequados à insulinoterapia, sendo entregues 25 a 124 tiras de glicemia/mês, de acordo com: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2006/lei/l11347.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2006/lei/l11347.htm ● Condições clínicas associadas ao diabetes Número de aplicações de insulina/dia (1 a 6) ● se o paciente realiza ou não ajustes nas doses de insulina de ação rápida baseado na glicemia pré-prandial ● Necessidade de manutenção de controle glicêmico estrito (gestantes em uso de insulina por exemplo) Esquema de automonitorização glicêmica de acordo com a insulinoterapia - estabeleça horários específicos para medição da glicemia, tendo como objetivos os ajustes das doses de insulina basal e bolus e a otimização de recursos. Fatores principiantes da cetoacidose diabética Automonitorização da glicemia domiciliar Armazenamento da insulina Patogênese da CAD e EHH
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