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2022-tcc-waguimaraes

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ 
CAMPUS DE RUSSAS 
 
 
 
 
 
 
 
WÉLLIDA DE ASSIS GUIMARÃES 
 
 
 
 
 
 
MONITORAMENTO DA TEMPERATURA E DE DEFORMAÇÕES RELATIVAS 
INDUZIDAS POR CORROSÃO EM UMA VIGA DE CONCRETO ARMADO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
RUSSAS 
2021
 
WÉLLIDA DE ASSIS GUIMARÃES 
 
 
 
 
 
 
 
MONITORAMENTO DA TEMPERATURA E DE DEFORMAÇÕES RELATIVAS 
INDUZIDAS POR CORROSÃO EM UMA VIGA DE CONCRETO ARMADO 
 
 
 
 
 
 
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao 
Curso de Engenharia Civil da Universidade 
Federal do Ceará - Campus de Russas, como 
requisito parcial à obtenção do título de 
Bacharel em Engenharia Civil. 
 
Orientador: Prof. Dr. Esequiel Fernandes 
Teixeira Mesquita. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
RUSSAS 
2021
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação 
Universidade Federal do Ceará 
Biblioteca Universitária 
Gerada automaticamente pelo módulo Catalog, mediante os dados fornecidos pelo autor 
________________________________________________________________________________________________ 
 
G981m Guimarães, Wéllida de Assis. 
 Monitoramento da temperatura e de deformações relativas induzidas por corrosão em uma viga de 
concreto armado / Wéllida de Assis Guimarães. – 2021. 
 56 f. : il. color. 
 
 Trabalho de Conclusão de Curso (graduação) – Universidade Federal do Ceará, Campus de Russas, 
Curso de Curso de Engenharia Civil, Russas, 2021. 
Orientação: Prof. Dr. Esequiel Fernandes Teixeira Mesquita. 
 
1. Durabilidade. 2. Corrosão. 3. Sensores. 4. Monitoramento. I. Título. 
CDD 620 
________________________________________________________________________________________________ 
 
 
 
 
WÉLLIDA DE ASSIS GUIMARÃES 
 
 
 
 
 
 
 
MONITORAMENTO DA TEMPERATURA E DE DEFORMAÇÕES RELATIVAS 
INDUZIDAS POR CORROSÃO EM UMA VIGA DE CONCRETO ARMADO 
 
 
 
 
 
 
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao 
Curso de Engenharia Civil da Universidade 
Federal do Ceará - Campus de Russas, como 
requisito parcial à obtenção do título de 
Bacharel em Engenharia Civil. 
 
Aprovada em: ___/___/_____. 
 
 
BANCA EXAMINADORA 
 
 
________________________________________ 
Prof. Dr. Esequiel Fernandes Teixeira Mesquita (Orientador) 
Universidade Federal do Ceará (UFC) 
 
 
_________________________________________ 
Prof. Dra. Mylene Melo Vieira 
Universidade Federal do Ceará (UFC) 
 
 
_________________________________________ 
Prof. Dr. Alexandre Matos Arruda 
Universidade Federal do Ceará (UFC) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A Deus, meu Senhor e Salvador. 
Aos meus pais, Heráclito e Gleidene. 
 
 
 
 
AGRADECIMENTOS 
 
A Deus, pelo sustento, consolo e força que me concedeu durante a academia. 
Aos meus pais, Heráclito e Gleidene, pela abnegação, apoio e recursos investidos 
para que eu concluísse essa etapa da minha vida com êxito. 
A minha irmã, Déborah, pelo companheirismo e auxílio que me deu, mesmo que 
indiretamente, durante os anos de curso. 
Ao meu companheiro, Yvis Silva, pelo apoio emocional e técnico, sem os quais eu 
não concluiria a jornada acadêmica. 
Ao Prof. Dr. Esequiel Mesquita, pela orientação e suporte na minha formação 
profissional. 
Ao Prof. Dr. Alexandre Arruda, e a equipe do Laboratório de Tecnologias 
Inovadoras, pelo extremo empenho na elaboração e acompanhamento de todo o projeto. 
Ao Tallis Maia, pela dedicação e parceria nos trabalhos laboriosos que o 
desenvolvimento deste projeto requeriu. 
Aos colegas do LAREB, em especial ao Israel Sousa e ao Guilherme Moreira, pela 
colaboração neste trabalho 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
“A glória de Deus é ocultar certos 
conhecimentos; tentar desvendá-los é a glória 
dos majestosos!” 
 
Provérbios 25:2 
 
 
RESUMO 
 
As manifestações patológicas nas estruturas de concreto armado representam a vulnerabilidade 
que uma determinada obra possui, seja por fatores externos e imprevistos em projeto ou porque 
atingiu o fim de sua vida útil. Dentre os agentes que deterioram o concreto armado, pode-se 
citar enfaticamente a corrosão, responsável pelo desgaste da armadura e por outros danos à 
estrutura. Diante dessa problemática, métodos de verificação da integridade estrutural e 
diagnóstico de danos têm se tornado relevantes na compreensão e adoção de medidas corretivas, 
como é o caso dos métodos de Monitoramento da Saúde Estrutural (MSE). Este trabalho tem 
como objetivo desenvolver o protótipo de um sistema de monitoramento de baixo custo, capaz 
de mensurar a corrosão da armadura de uma viga de concreto armado. O sistema foi composto 
por sensores de temperatura, deformação e microcontroladores, sendo aplicado em uma viga 
construída em laboratório, sujeita a ciclos de molhagem e secagem com solução de 10% de 
NaCl com o intuito de provocar a corrosão nas armaduras. Por meio dos dados de temperatura 
e deformações relativas, coletados pelos sensores, foi verificado o funcionamento do protótipo 
e elaborado um diagnóstico da condição da viga, também foi feita a análise visual, por meio de 
fotos durante todo o período do ensaio. Pelo diagnóstico foi possível identificar 
quantitativamente a expansão da armadura causada pela corrosão, no entanto, não foi possível 
eliminar o efeito da temperatura dos dados de deformação, ainda sim, pode-se constatar o 
funcionamento do sistema. Além disso, a análise visual contribuiu para identificar a presença 
de corrosão na armadura. 
 
Palavras-chave: Durabilidade; Corrosão; Sensores; Monitoramento. 
 
ABSTRACT 
 
The pathological manifestations in reinforced concrete structures represent the vulnerability 
that a given work has, either due to external and unforeseen factors in the project or because it 
has reached the end of its useful life. Among the agents that deteriorate reinforced concrete, 
one can emphatically mention corrosion, responsible for reinforcement wear and other damage 
to the structure. In face of this problem, methods to verify structural integrity and damage 
diagnosis have become relevant in the understanding and adoption of corrective measures, as 
is the case of Structural Health Monitoring (SHM) methods. This work aims to develop the 
prototype of a low-cost monitoring system capable of measuring the corrosion of the 
reinforcement of a reinforced concrete beam. The system was composed of temperature sensors, 
strain sensors and microcontrollers, and was applied to a beam built in the laboratory, subjected 
to wetting and drying cycles with a 10% NaCl solution in order to cause reinforcement 
corrosion. Through the temperature data and relative deformations, collected by the sensors, 
the prototype's operation was verified and a diagnosis of the beam's condition was elaborated. 
Through the diagnosis it was possible to quantitatively identify the reinforcement expansion 
caused by corrosion, however, it was not possible to eliminate the temperature effect from the 
strain data, even though it was possible to verify the system's operation. Furthermore, the visual 
analysis contributed to identify the presence of corrosion in the reinforcement. 
 
Keywords: Durability; Corrosion; Sensors; Monitoring. 
 
 
 
 
LISTA DE FIGURAS 
 
Figura 1 - Evolução esquemática da deterioração de estruturas de concreto por corrosão de 
armaduras.................................................................................................................................. 20 
Figura 2 - Corrosão em armadura real ...................................................................................... 21 
Figura 3 - Pilha eletroquímica em concreto armado................................................................. 23 
Figura 4 - Esquemade funcionamento de um sistema MSE .................................................... 31 
Figura 5 - Representação das dimensões da viga ..................................................................... 34 
Figura 6 - Representação da armadura utilizada ...................................................................... 35 
Figura 7 - Representação da viga: (a) Seção longitudinal; (b) Seção transversal .................... 35 
Figura 8 - Sistema de monitoramento....................................................................................... 36 
Figura 10 - Sensor de deformação (strain gauge) .................................................................... 37 
Figura 11 - Sensor de temperatura (termopar) conectado em um módulo amplificador de 
entrada ...................................................................................................................................... 37 
Figura 12 - Módulo amplificador de entrada HX711 ............................................................... 38 
Figura 9 - Módulo ESP32 acoplado em uma protoboard ......................................................... 38 
Figura 13 - Esquema representativo do funcionamento da rede mesh ..................................... 39 
Figura 14 - Disposição dos sensores de deformação na armadura ........................................... 41 
Figura 15 - Corrosão no ponto de instalação do SG03 ............................................................. 49 
 
 
 
 
LISTA DE GRÁFICOS 
 
Gráfico 1 - Principais manifestações patológicas no concreto endurecido .............................. 19 
Gráfico 2 - Diagrama de Pourbaix ............................................................................................ 22 
Gráfico 3 - Lei da Evolução dos Custos para reparos em edificações em função do tempo .... 29 
Gráfico 4 - Temperatura nas primeiras 48 horas após a concretagem...................................... 45 
Gráfico 5 - Dados de temperatura e do sensor SG02 no melhor período antes de iniciar a 
molhagem ................................................................................................................................. 46 
Gráfico 6 - Dados de temperatura e do sensor SG04 no melhor período antes de iniciar a 
molhagem ................................................................................................................................. 46 
Gráfico 7 - Dados de temperatura e do sensor SG03 no período após iniciar a molhagem ..... 47 
 
 
 
LISTA DE TABELAS 
 
Tabela 1 - Classes de agressividade ambiental (CAA)............................................................. 25 
Tabela 2 - Correspondência entre a classe de agressividade e a qualidade do concreto .......... 26 
Tabela 3 - Correspondência entre a classe de agressividade ambiental e o cobrimento nominal 
para Δc = 10 mm ...................................................................................................................... 27 
Tabela 4 - Materiais e dispositivos do sistema de monitoramento ........................................... 40 
 
 
 
 
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS 
 
ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas 
LAREB 
MSE 
Laboratório de Reabilitação e Durabilidade das Construções 
Monitoramento da Saúde Estrutural 
NBR Norma Brasileira Regulamentar 
 
 
 
 
 
 
SUMÁRIO 
 
1 INTRODUÇÃO................................................................................................................ 13 
1.1 Importância e justificativa ............................................................................................ 13 
1.2 Problemática .................................................................................................................. 13 
1.3 Objetivo geral ................................................................................................................. 14 
1.4 Objetivos específicos ...................................................................................................... 15 
1.5 Estrutura do trabalho ................................................................................................... 15 
2 REFERENCIAL TEÓRICO .......................................................................................... 16 
2.1 Durabilidade das estruturas ......................................................................................... 16 
2.1.1 Manifestações patológicas .............................................................................................. 17 
2.2 Corrosão ......................................................................................................................... 19 
2.2.1 Camada passivadora ....................................................................................................... 21 
2.2.2 Corrosão eletroquímica .................................................................................................. 22 
2.2.3 Fatores que influenciam na corrosão ............................................................................ 24 
2.2.3.1 Agressividade do meio .................................................................................................. 24 
2.2.3.2 Relação água /cimento ................................................................................................. 25 
2.2.3.3 Espessura do cobrimento ............................................................................................. 26 
2.3 Monitoramento da saúde estrutural ............................................................................ 28 
2.3.1 Categorias do monitoramento estrutural ....................................................................... 30 
2.3.2 Funcionamento de um sistema de MSE ........................................................................ 31 
2.3.2.1 Aquisição de dados ....................................................................................................... 32 
2.3.2.2 Comunicação da informação ....................................................................................... 32 
2.3.2.3 Processamento e armazenamento ................................................................................ 32 
2.3.2.4 Diagnóstico e resultados da análise ............................................................................. 33 
3 METODOLOGIA ............................................................................................................ 34 
3.1 Viga de concreto armado .............................................................................................. 34 
3.2 Sistema de monitoramento ........................................................................................... 36 
3.3 Instalação do sistema de monitoramento .................................................................... 40 
3.4 Exposição da viga de concreto à solução salina .......................................................... 41 
3.5 Acompanhamento dos dados ........................................................................................ 42 
4 RESULTADOS ................................................................................................................ 44 
4.1 Dados nas primeiras horas após a concretagem ......................................................... 44 
4.2 Dados antes de iniciar os ciclos ..................................................................................... 45 
4.3 Dados após o início dos ciclos ....................................................................................... 47 
5 CONCLUSÃO .................................................................................................................. 50 
REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 52
 
13 
1 INTRODUÇÃO 
 
1.1 Importância e justificativa 
 
O concretopode ser definido como sendo duro, condensado, material para 
construção conseguido com a mistura de cimento, areia, pedra britada e água (HELENE,1986). 
O concreto, como as pedras naturais, apresenta alta resistência à compressão, o que 
faz dele um excelente material para ser empregado em elementos estruturais primariamente 
submetidos à compressão, como por exemplo os pilares, mas, por outro lado, suas 
características de fragilidade e baixa resistência à tração restringem seu uso isolado em 
elementos submetidos totalmente ou parcialmente à tração, como tirantes, vigas, lajes e outros 
elementos fletidos. Para contornar essas limitações, o aço é empregado em conjunto com o 
concreto, e convenientemente posicionado na peça de modo a resistir às tensões de tração 
(BASTOS, 2019). 
Com a adoção do aço na composição das estruturas de concreto o padrão de 
construção elevou-se, tornando possível a concepção de estruturas cada vez mais robustas. No 
entanto, além dos benefícios, com o uso do aço, questões relacionadas à integridade estrutural 
passaram a ser discutidas com mais frequência, dado que estruturas complexas são mais 
suscetíveis a danos. 
 
1.2 Problemática 
 
A corrosão é uma das principais e mais comuns manifestações patológicas das 
estruturas de concreto armado. Ocorre devido a influência de agentes ambientais que penetram 
o concreto e atingem a armadura, corroendo-a e diminuindo sua secção. 
Além disso, também é responsável pelo surgimento de outros danos, como as 
fissuras e o destacamento do concreto de cobrimento. Com os problemas derivados da corrosão 
na armadura, a estrutura torna-se frágil e vulnerável a outras interferências. 
Portanto, torna-se cada vez mais importante o estudo de patologias e durabilidade 
das construções. O avanço desta área tem fornecido o entendimento do comportamento 
estrutural e economizado recursos a partir da discussão acerca de ações de manutenção e 
tratamento preventivo de danos. 
 
14 
Com o advento da tecnologia, métodos de avaliação da integridade estrutural têm 
sido adotados com mais frequência atualmente, além do desenvolvimento de ensaios de 
verificação das características do concreto. 
Atualmente nesta área dispõe-se de técnicas de avaliação estrutural divididas 
principalmente entre dois grupos: inspeção visual e os ensaios, podendo estes serem destrutivos 
ou não. Essas técnicas, no entanto, em sua definição são executadas quando a estrutura já está 
em funcionamento e, em certos casos, quando já apresenta manifestações patológicas. 
Portanto, métodos que acompanhem a estrutura desde sua concepção, fornecendo 
dados sobre ela têm se revelado vantajosas e necessárias, dado que os danos estruturais que se 
iniciam internamente serão detectados mais cedo. Nesse cenário, o Monitoramento da Saúde 
Estrutural tem ganhado espaço no mercado atual, como um mecanismo de avaliação estrutural 
por meio do sensoriamento das obras, nos quais os sensores fornecem informações específicas 
da estrutura. 
Se tratando da corrosão, o monitoramento por meio de sensores pode ser um grande 
aliado na minimização de danos estruturais. Pois, o fenômeno da corrosão inicia-se 
internamente quando agentes agressivos penetram a estrutura alcançando a armadura e 
provocando reações químicas. Essas reações expandem e posteriormente reduzem a secção 
transversal da armadura, provocando fissuras, desplacamento do concreto de cobrimento e 
diminuindo a interação concreto-armadura, fundamental para a estabilidade estrutural. 
Portanto, como trata-se de uma manifestação patológica que se inicia internamente, 
se for detectada em seus estágios iniciais, pode ser controlada e consequentemente, reduzir 
problemas futuros. Nesse sentido, a instrumentação de uma estrutura com sensores desde seu 
início pode fornecer dados necessários para diagnosticar precocemente a corrosão e adotar 
medidas reparadoras. 
No mercado, atualmente encontram-se empresas especializadas nesse tipo de 
serviço como a HBM Test and Measurement e o LSE Laboratório de Sistemas Estruturais. No 
entanto, a adesão de seus serviços é onerosa, tornando muitas vezes inviável. 
 
1.3 Objetivo geral 
 
O objetivo geral deste trabalho é desenvolver o protótipo de um sistema de 
monitoramento de baixo custo, capaz de mensurar a corrosão de armaduras, por meio do 
sensoriamento estrutural e coleta de dados de temperatura e deformações relativas. O sistema é 
aplicado em uma viga de concreto armado exposta a solução salina. 
 
15 
1.4 Objetivos específicos 
 
● Desenvolver o protótipo do sistema de aquisição e transmissão wireless de dados 
por meio de sensores, para detecção de corrosão em armaduras; 
● Aplicar o sistema na armadura de uma viga de concreto armado, exposta à 
solução de 10% de NaCl; 
● Executar o acompanhamento dos dados e análise visual da degradação; 
● Verificar o funcionamento do protótipo aplicado na viga e a fiabilidade dos 
dados coletados para identificar a presença de corrosão na armadura. 
 
1.5 Estrutura do trabalho 
 
O Capítulo 1 faz a introdução do trabalho, explanando as características e a 
evolução da utilização do concreto, além de abordar o contexto no qual a problemática está 
inserida. O capítulo ainda descreve os objetivos cujo trabalho busca atingir. 
O Capítulo 2 aborda o referencial teórico, com a explicação dos conceitos de 
durabilidade das construções e manifestação de danos, bem como abrange a explicação do 
fenômeno da corrosão nas armaduras e suas consequências. O capítulo ainda descreve as 
aplicações do Monitoramento da Saúde Estrutural e as vantagens que sua adoção proporciona. 
O Capítulo 3 apresenta a metodologia deste trabalho, juntamente aos materiais e 
métodos correspondentes a aplicação do protótipo do sistema de monitoramento aplicado a uma 
viga de concreto armado e acompanhamento de dados. 
O Capítulo 4 aborda os resultados aferidos dos dados obtidos durante cerca de três 
meses, incluindo análise gráfica e visual. 
O Capítulo 5, por fim, apresenta as conclusões obtidas por meio do estudo que 
incorpora este trabalho. 
 
 
 
16 
2 REFERENCIAL TEÓRICO 
 
2.1 Durabilidade das estruturas 
 
O concreto é um material utilizado em larga escala no mundo inteiro. Em sua fase 
final de aplicação, após algumas horas, apresenta-se de forma sólida, passando a ideia de ser 
um produto altamente resistente, denso, indestrutível, durável, fácil de ser produzido 
(AMORIM, 2010). 
As estruturas de concreto devem ser projetadas e construídas de modo que, sob as 
condições ambientais previstas e quando utilizadas conforme preconizado, conservem sua 
segurança, estabilidade e aptidão em serviço durante o prazo correspondente à sua vida útil 
(NBR 6118:2014). 
As estruturas de concreto além de seguir aos requisitos definidos entre o projetista 
e o contratante, devem atender os requisitos mínimos de qualidade classificados na NBR 
6118:2014. Durante sua construção e serviço, deve-se considerar a capacidade resistente, que 
consiste na resistência e segurança à ruptura. Pode-se citar ainda, o desempenho em serviço, 
que trata da capacidade da estrutura de manter-se em condições plenas de utilização durante 
sua vida útil. Durante esse período, a estrutura não deve apresentar danos que comprometam 
em parte ou totalmente o uso para o qual foi projetada. Além disso, é importante o estudo da 
durabilidade, ou seja, a capacidade da estrutura em resistir às influências ambientais previstas 
em projeto. 
No início do desenvolvimento e da difusão do concreto armado, nas primeiras 
décadas de 1900, as estruturas eram projetadas utilizando bom senso e experiência profissional, 
em que a principal característica controlada era a resistência média à compressão e que, durante 
muito tempo, foi tida como fonte única e segura das especificações de projeto. Com o passar 
dos anos, enfatizou-se a durabilidade dessas estruturas e dos seus materiais constituintes,aliando esse conceito ao desempenho das mesmas, ou seja, ao comportamento em uso 
(MEDEIROS, 2011). 
A vida útil de projeto refere-se ao período de tempo durante o qual se mantêm as 
características das estruturas de concreto, sem intervenções significativas. Deve-se atender os 
requisitos de uso e manutenção prescritos pelo projetista e pelo construtor, bem como de 
execução dos reparos necessários decorrentes de danos acidentais ao longo do tempo. 
Segundo Silva (2020), a vida útil de um material é o período durante o qual suas 
características físicas e químicas atendem aos limites mínimos capazes de exercer sua função. 
 
17 
Esse período pode ser estendido se medidas de manutenção e prevenção de falhas forem 
atendidas. 
No entanto, a vida útil das estruturas depende também de uma série de outros 
requisitos, nomeadamente: qualidade dos materiais, abordagem de concepção adequada, 
métodos de construção adequados, execução e existência de fases de manutenção 
(MESQUITA, 2018). 
A NBR 6118:2014 estabelece que o conceito de vida útil se aplica à estrutura como 
um todo ou às suas partes. Dessa forma, determinadas partes das estruturas podem merecer 
consideração especial com valor de vida útil diferente do todo, como, por exemplo, aparelhos 
de apoio e juntas de movimentação. Entende-se que a estrutura ou o material atingiu o fim da 
vida útil, quando suas propriedades se deterioram ao limite, tornando o uso inseguro, 
antieconômico ou impróprio. 
 
2.1.1 Manifestações patológicas 
 
Segundo Mesquita (2018), as estruturas são sujeitas a ações naturais, ocorrência de 
perigos ambientais e cargas excessivas que não foram consideradas durante a fase de 
concepção, comprometendo a sua segurança estrutural. Diante de influências não previstas em 
projeto, como sobrecarga, intempéries ou intervenções, ou quando os padrões de uso e 
manutenção periódica não são atendidos, manifestações patológicas podem surgir degradando 
a estrutura. Além disso, tais influências comprometem a integridade e reduzem sua vida útil, 
que segundo a NBR 15575:2013, deve ser de no mínimo 50 anos. 
Os mecanismos mais importantes e frequentes de envelhecimento e de deterioração 
das estruturas de concreto estão descritos nas ABNT NBR 6118:2014 e ABNT NBR 
12655:2006 e listados no Quadro 1 (MEDEIROS, 2011). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
18 
Quadro 1 - Principais mecanismos de deterioração das estruturas de concreto armado. 
Mecanismos preponderantes 
de deterioração relativos ao 
concreto 
Lixiviação (águas puras e ácidas) 
Expansão (sulfatos, magnésio) 
Expansão (reação álcali-agregado) 
Reações deletérias (superficiais tipo eflorescências) 
Mecanismos preponderantes 
de deterioração relativos à 
armadura 
Corrosão devida à carbonatação 
Corrosão por elevado teor de íon cloro (cloreto). 
Mecanismos de deterioração 
da estrutura propriamente 
dita 
Ações mecânicas 
Movimentações de origem térmica 
Impactos 
Ações cíclicas (fadiga) 
Deformação lenta (fluência) 
Relaxação 
Outros 
Fonte: Adaptado de Medeiros (2011). 
 
Dentre as principais manifestações, destacam-se as fissuras, manchas, 
eflorescências e corrosão de armaduras, sendo a corrosão uma das mais frequentes nas 
edificações, segundo o Instituto de Pesquisas Tecnológicas - IPT (2016). No concreto 
endurecido, a corrosão também é mais frequente, frente a outras causas de manifestações 
patológicas, como mostra o Gráfico 1. 
 
 
19 
Gráfico 1 - Principais manifestações patológicas no concreto endurecido 
 
Fonte: Adaptado de Silva (2018). 
 
Os danos sofridos pela estrutura são identificados, em sua maioria, quando já 
atingiram níveis de desgaste capazes de comprometer a integridade e a estética das obras. 
Quando uma manifestação patológica se torna visível na superfície da estrutura, sinaliza, na 
maioria dos casos, que o interior está comprometido. A partir dessa fase de identificação, a fim 
de manter a durabilidade, torna-se necessária a aplicação de ensaios e testes para compreender 
a gravidade dos danos e estabelecer um plano de recuperação. 
 
2.2 Corrosão 
 
A corrosão pode ser entendida como a interação destrutiva de um material com o 
meio ambiente, como resultado de reações deletérias de natureza química ou eletroquímica. 
Pode ser associada ou não a ações físicas ou mecânicas de degradação (HELENE, 1993). 
A corrosão é frequentemente relacionada à presença de teores críticos de íons de 
cloreto no concreto ou no abaixamento do seu pH. Essas circunstâncias se devem às reações 
com compostos presentes no ar atmosférico, especialmente o dióxido de carbono (ARAÚJO, 
2013). 
Segundo Curcio (2008), o problema pode ser acelerado por agentes agressivos 
presentes no concreto como sulfetos, cloretos, dióxido de carbono, nitritos, gás sulfídrico, 
cátion amônio, óxidos de enxofre e fuligem. A relação água-cimento e a espessura do 
recobrimento são fatores determinantes no processo de corrosão, porque o primeiro define a 
porosidade do concreto e o segundo influencia na velocidade de carbonatação. 
 
20 
No caso de armaduras em concreto, os efeitos degenerativos manifestam-se na 
forma de manchas superficiais causadas pelos produtos de corrosão, fissuras, destacamento do 
concreto de cobrimento, redução da seção resistente das armaduras com frequente 
seccionamento de estribos, redução e eventual perda de aderência das armaduras principais, ou 
seja, deteriorações que levam a um comprometimento da segurança estrutural (HELENE, 
1993). 
Segundo Cánovas (1998), uma das grandes preocupações com o aparecimento das 
manifestações patológicas é a de que, boa parte dos danos possui caráter evolutivo, podendo 
levar a estrutura a uma situação de perigo em um curto prazo. Quando se trata da corrosão a 
preocupação é mais elevada, pois se trata de um efeito que em sua fase inicial é invisível a olho 
nu, e somente quando já se encontra em estágio avançado manifesta-se na superfície externa do 
concreto. 
Segundo Medeiros (2011), a deterioração de uma estrutura de concreto causada por 
corrosão na armadura ocorre, resumidamente, em quatro estágios: 
1. A penetração de agentes agressivos por difusão, absorção capilar ou 
permeabilidade. (Figura 1a) 
2. Fissuração devida às forças de expansão dos produtos de corrosão. (Figura 1b) 
3. Destacamento do concreto e corrosão acentuada. (Figura 1c) 
4. Destacamento acentuado e redução significativa da secção da armadura. (Figura 
1d) 
 
Figura 1 - Evolução esquemática da deterioração de estruturas de concreto por corrosão de 
armaduras 
(a) (b) 
(c) (d) 
Fonte: Adaptado de Medeiros (2011). 
 
21 
 
A Figura 2 demonstra o caso de uma armadura (já com a secção reduzida) que 
sofreu corrosão e ocasionou o destacamento da camada de cobrimento de concreto. 
 
Figura 2 - Corrosão em armadura real 
 
Fonte: Andrade (2016). 
 
Bertolini (2010) considera dois tipos de corrosão: a corrosão eletroquímica (aquosa) 
e a corrosão química (corrosão seca). A corrosão eletroquímica ocorre quando estruturas entram 
em contato com soluções aquosas, em ambientes úmidos. A corrosão química é um processo 
lento e não provoca deterioração superficial das superfícies metálicas (exceto quando se tratar 
de gases extremamente agressivos), por isso é pouco considerada na construção civil. 
 
2.2.1 Camada passivadora 
 
Inicialmente, devido à alta alcalinidade do concreto (pH > 11), o aço das armaduras 
está protegido pelo que se denomina camada passivadora. A passivação é a formação de 
películas protetoras sobre a superfície dos metais por imposição de correntes. É um processo 
natural na qual o potencial de um eletrodo é modificado no sentido de menor atividade, 
tornando-se mais catódico e, por consequência, imune à corrosão (FRAUCHES-SANTOS et 
al., 2014). 
A Gráfico 2 ilustra o Diagrama de Pourbaix para o ferro em solução aquosa para 
temperatura ambiente. Nele, pode-se observar as possíveis fases deequilíbrio estáveis do 
sistema eletroquímico. 
 
 
22 
Gráfico 2 - Diagrama de Pourbaix 
 
Fonte: Andrade (2021). 
 
Segundo Andrade (2021), na faixa de potencial entre -0,55 V e -0.60 V, para um 
pH igual a 12, ocorre a formação de um filme protetor de óxido de ferro (Fe3O4), que por ser 
compacto e aderente, atua como uma barreira entre o meio corrosivo e a superfície do aço. A 
proteção gerada pelo Fe3O4 diminui a taxa de dissolução da armadura e a protege contra a 
corrosão na ausência de íons cloreto. 
Para a região na qual o potencial de eletrodo é menor do que -0.60 V, tem-se a 
chamada zona de imunidade, devido ao aço não reagir com o meio, qualquer que seja a natureza 
desse, ácida, neutra ou alcalina (HELENE, 1993). 
Entretanto, se quando o aço estiver fora da zona de imunidade, ocorrer a diminuição 
do pH, o filme passivo de Fe3O4 deixa de ser estável, havendo a formação de Fe2O3.3H2O, 
um óxido não compacto e de baixa aderência, e que deixa a tão famosa aparência de “ferrugem” 
no metal (RIBEIRO et al.,2014). 
 
2.2.2 Corrosão eletroquímica 
 
Em obras civis a corrosão eletroquímica é a mais relevante, produzindo óxidos e 
hidróxidos de ferro, chamados de ferrugem, caracterizados por serem pulverulentos, porosos e 
 
23 
apresentarem cor avermelhada. Para esse fenômeno, são necessárias três condições: existência 
de um eletrólito, diferença de potencial e presença de oxigênio (COMIM; STACECHEN, 
2017). 
De acordo com Cascudo (1997), seu mecanismo de corrosão promove a formação 
de pilhas eletroquímicas, que se estabelecem entre dois metais diferentes de uma mesma 
solução ou em regiões diferentes de um mesmo metal, como é o caso da armadura no interior 
do concreto. Uma pilha eletroquímica é formada pelos seguintes componentes: 
 
● ânodo: eletrodo onde ocorre oxidação e a corrente elétrica entra no eletrólito, na 
forma de íons metálicos positivos; 
● cátodo: eletrodo onde ocorre redução por meio das cargas negativas (elétrons) e 
a corrente elétrica sai do eletrólito; 
● eletrólito: condutor (normalmente líquido) contendo íons que transportam a 
corrente elétrica do ânodo para o cátodo; 
● circuito metálico: ligação metálica entre o ânodo e o cátodo por onde escoam os 
elétrons, no sentido ânodo-cátodo (GENTIL, 1996). 
 
Figura 3 - Pilha eletroquímica em concreto armado 
 
Fonte: Silva (2020). 
 
Qualquer diferença de potencial entre as zonas anódicas e catódicas causa o 
surgimento de corrente elétrica. A corrosão acontece de acordo com o tamanho dessa corrente 
e o livre acesso de oxigênio. A Figura 3 representa a formação de uma célula de corrosão no 
concreto armado, com armadura despassivada. A camada passivadora da armadura é destruída 
 
24 
pela ação conjunta de umidade, oxigênio e agentes agressivos (principalmente os cloretos), que 
penetram o concreto. A ação destes elementos ocorre de forma variável ao longo da armadura, 
formando assim, uma pilha de corrosão, devido a diferença de potencial entre os diferentes 
trechos da armadura (ânodo e cátodo) (SILVA, 2020). 
É importante considerar que, de acordo com Gentil (1996), o ferro em atmosfera de 
baixa umidade relativa praticamente não sofre corrosão, enquanto que em umidade acima de 
70% o processo se torna acelerado. 
 
2.2.3 Fatores que influenciam na corrosão 
 
A corrosão de armaduras é um caso frequentemente verificado nas estruturas e 
fortemente influenciada por ambientes agressivos, umidade, alta porosidade, alta capilaridade, 
deficiência de cobrimento, materiais de construção contestáveis e fissuração acentuada 
(SILVA, 2020). 
 
2.2.3.1 Agressividade do meio 
 
Conforme a NBR 6118:2014, a agressividade do meio ambiente está relacionada às 
ações físicas e químicas que atuam sobre as estruturas de concreto, independentemente das 
ações mecânicas, das variações volumétricas de origem térmica, da retração hidráulica e outras 
previstas no dimensionamento das estruturas. 
Nos projetos das estruturas correntes, a agressividade ambiental deve ser 
classificada de acordo com a Tabela 1, podendo ser avaliada, simplificadamente, segundo as 
condições de exposição da estrutura ou de suas partes. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
25 
Tabela 1 - Classes de agressividade ambiental (CAA) 
Classe de 
agressividade 
ambiental 
Agressividade 
 
Classificação geral do tipo 
de ambiente para efeito de 
projeto 
 
Risco de 
deterioração 
da 
estrutura 
I Fraca 
Rural 
Insignificante 
Submersa 
II Moderada Urbana a,b Pequeno 
III Forte 
Marinha a 
Grande 
Industrial a,b 
IV Muito forte 
Industrial a,c 
Elevado 
Respingos de maré 
a 
 Pode-se admitir um microclima com uma classe de agressividade mais branda (uma classe acima) 
para ambientes internos secos (salas, dormitórios, banheiros, cozinhas e áreas de serviço de 
apartamentos residenciais e conjuntos comerciais ou ambientes com concreto revestido com argamassa 
e pintura). 
b 
 Pode-se admitir uma classe de agressividade mais branda (uma classe acima) em obras em regiões de 
clima seco, com umidade média relativa do ar menor ou igual a 65 %, partes da estrutura protegidas de 
chuva em ambientes predominantemente secos ou regiões onde raramente chove. 
c 
Ambientes quimicamente agressivos, tanques industriais, galvanoplastia, branqueamento em 
indústrias de celulose e papel, armazéns de fertilizantes, indústrias químicas. 
Fonte: NBR 6118:2014. 
 
Quando exposta a solução salina, configurando um ambiente agressivo, o concreto 
se torna vulnerável à ação dos cloretos e ao possível surgimento de corrosão nas armaduras. 
Por isso a classe de agressividade de ambientes marinhos se apresenta com valores elevados, 
pois apresentam concentração salina média próxima a 3,5% em relação à massa de água. 
Segundo Meira e Ferreira (2019), nos ensaios com ciclos de molhagem e secagem 
do concreto com solução salina, a sucção capilar prevalece nas camadas superficiais. A sucção 
capilar é caracterizada pela penetração dos íons cloreto na rede porosa do material por tensões 
capilares. No entanto, nas camadas mais profundas, onde a perda de água não é tão acentuada 
durante a secagem, também ocorre difusão, assemelhando-se significativamente com a 
realidade. 
 
2.2.3.2 Relação água /cimento 
 
Outro fator que interfere diretamente na qualidade do concreto e colabora para o 
surgimento de corrosão nas armaduras é a relação água/cimento, pois influencia no surgimento 
de vazios (poros), reduzindo a resistência e a durabilidade, e aumentando a permeabilidade. A 
depender do ambiente em que se encontra, uma estrutura com concreto poroso e de fácil 
permeabilidade facilita a penetração de agentes agressivos. O fator a/c deve ser sempre o mais 
 
26 
baixo possível, dentro das exigências de trabalhabilidade do concreto e qualidade de seus 
componentes (SILVA, 2020). 
A NBR 6118:2014 determina o fator água/cimento mínimo desejável, de acordo 
com o tipo de estrutura e a classe de agressividade à qual está sujeita, como mostra a Tabela 2. 
 
Tabela 2 - Correspondência entre a classe de agressividade e a qualidade do concreto 
Concreto a Tipo b, c 
Classe de agressividade 
I II III IV 
Relação 
água/cimento 
em massa 
CA ≤ 0,65 ≤ 0,60 ≤ 0,55 ≤ 0,45 
CP ≤ 0,60 ≤ 0,55 ≤ 0,50 ≤ 0,45 
Classe de 
concreto 
(ABNT NBR 
8953) 
CA ≥ C20 ≥ C25 ≥ C30 ≥ C40 
CP ≥ C25 ≥ C30 ≥ C35 ≥ C40 
a O concreto empregado na execução das estruturas deve cumprir com os requisitos estabelecidos na 
ABNT NBR 12655. 
b CA corresponde a componentes e elementos estruturais de concreto armado. 
c CP corresponde a componentes e elementos estruturais de concreto protendido. 
Fonte: NBR 6118:2014. 
 
2.2.3.3 Espessura do cobrimento 
 
Segundo Nakamura (2011), o concreto além de ter sua capacidade de suportar as 
cargas verticais, também tem o importante papel de proteger as armaduras, cobrindo o aço de 
modo a evitar seu contato direto com o ambiente agressivo. Deforma geral, quanto maior for 
o cobrimento maior será a proteção que a armadura de aço terá. 
Segundo a NBR 6118:2014, a durabilidade das estruturas é altamente dependente 
das características do concreto e da espessura e qualidade do concreto do cobrimento da 
armadura. Pela referida norma, é necessário estabelecer o cobrimento mínimo da armadura, que 
é o menor valor a ser respeitado ao longo de todo o elemento. Para garantí-lo deve-se considerar 
o cobrimento nominal (cnom), que é o cobrimento mínimo acrescido da tolerância de execução 
(Δc). 
 
cnom = cmin + Δc (1) 
 
 
27 
Os cobrimentos nominais e mínimos estão sempre referidos à superfície da 
armadura externa, em geral à face externa do estribo. O cobrimento nominal de uma 
determinada barra deve sempre ser: 
 
cnom ≥ Φ barra (2) 
cnom ≥ Φ feixe = Φn = (3) 
cnom ≥ 0,5 Φ bainha. (4) 
 
Assim, as dimensões das armaduras e os espaçadores devem respeitar os 
cobrimentos nominais, estabelecidos na Tabela 3, para Δc = 10 mm, além de atender os 
requisitos da referida norma. No caso do controle adequado da qualidade e limites rígidos de 
tolerância durante a execução, pode-se considerar Δc = 5 mm, mas a exigência do controle de 
qualidade deve estar explícita no projeto. 
 
Tabela 3 - Correspondência entre a classe de agressividade ambiental e o cobrimento nominal 
para Δc = 10 mm 
Tipo de 
estrutura 
Componente ou 
elemento 
Classe de agressividade ambiental 
I II III IV 
Cobrimento nominal 
mm 
Concreto 
armado 
Laje b 20 25 35 45 
Viga/pilar 25 30 40 50 
Elementos 
estruturais em 
contato com o solo d 
30 40 50 
Concreto 
protendido a 
Laje 25 30 40 50 
Viga/pilar 30 35 45 55 
a
 Cobrimento nominal da bainha ou dos fios, cabos e cordoalhas. O cobrimento da armadura passiva deve 
respeitar os cobrimentos para concreto armado. 
b Para a face superior de lajes e vigas que serão revestidas com argamassa de contrapiso, com 
revestimentos finais secos tipo carpete e madeira, com argamassa de revestimento e acabamento, como 
pisos de elevado desempenho, pisos cerâmicos, pisos asfálticos e outros. 
c Nas superfícies expostas a ambientes agressivos, como reservatórios, estações de tratamento de água e 
esgoto, condutos de esgoto, canaletas de efluentes e outras obras em ambientes química e intensamente 
agressivos, devem ser atendidos os cobrimentos da classe de agressividade IV. 
d No trecho dos pilares em contato com o solo junto aos elementos de fundação, a armadura deve ter 
cobrimento nominal ≥ 45 mm. 
Fonte: NBR 6118:2014. 
 
Além disso, a dimensão máxima característica do agregado graúdo utilizado no 
concreto não pode superar em 20% a espessura nominal do cobrimento, ou seja, dmáx ≤ 1,2 cnom. 
 
 
28 
2.3 Monitoramento da saúde estrutural 
 
O Monitoramento da Saúde Estrutural (MSE), trata-se da execução de mecanismos 
de observação e análise de estruturas, quanto às suas condições de integridade, durabilidade e 
deterioração. O monitoramento é desenvolvido por instrumentação específica, dependendo dos 
dados desejados, podendo ser dados referentes a deformação, temperatura, corrosão, entre 
outros. 
Segundo Silva, et al. (2019), o MSE tem por finalidade monitorar o comportamento 
da estrutura, bem como verificar modelos analíticos e numéricos. Esses modelos são utilizados 
na concepção de uma estrutura solicitada sob várias condições de carregamentos, inclusive com 
o intuito de se verificar a ocorrência de danos ou deteriorações. 
Por meio do MSE é realizada a aquisição e compilação dos dados provenientes das 
estruturas, os quais são posteriormente analisados de forma sistêmica. Dessa forma, é possível 
a detecção precoce de danos estruturais, bem como a verificação de modelos teóricos referentes 
ao comportamento da estrutura (SILVA, et al., 2019). 
Com o desenvolvimento tecnológico dos últimos anos, acompanhamentos de 
estruturas utilizando mecanismos como o MSE têm se mostrado funcionais e relevantes, 
principalmente se tratando de construções históricas. Nos últimos dez anos têm sido notados 
esforços centrados na definição de boas práticas comuns e na normalização do MSE, voltadas 
para esse tipo de construção, como pode ser citado o Boletim número 11 da Associación 
Latinoamericana de Control de Calidad, Patología y Recuperación de la Construción - 
ALCONPAT (MESQUITA, 2018). 
Segundo Mesquita (2018), a avaliação estrutural baseia-se em dois grupos distintos 
de dados: a informação da inspecção visual e os dados dos testes experimentais. 
Essencialmente, a inspecção visual tem sido o passo inicial da avaliação estrutural, e o alerta 
sobre o surgimento de danos. A inspecção se dá, em primeiro lugar, pelas observações dos 
próprios proprietários. No entanto, esse tipo de técnica é limitada, dado que depende da 
observação e experiência do avaliador, além de se tornarem visíveis em estágios intermediários 
ou avançados do dano. 
Quando o diagnóstico de danos é feito precocemente, mais cedo pode-se adotar 
medidas de reparação, evitando colapsos e minimizando perdas. Dessa forma, é possível 
otimizar a vida útil, preservar a durabilidade e manter a segurança da estrutura. 
Segundo a Lei da Evolução dos Custos (Gráfico 3), ou Lei de Sitter (1984), os 
custos de intervenção crescem exponencialmente quanto mais tarde for essa intervenção, sendo 
 
29 
os custos de projeto, execução e manutenção preventiva muito menores que os custos de 
manutenção corretiva. 
 
Gráfico 3 - Lei da Evolução dos Custos para reparos em edificações em função do tempo 
 
Fonte: Silva, 2018. 
 
Assim, pode-se afirmar que, após a fase de projeto e construção, a integridade de 
uma estrutura está principalmente relacionada às ações ambientais às quais estará sujeita, e a 
consequente adoção de medidas de manutenção. Desse modo o MSE poderia ser utilizado para 
detectar e diagnosticar danos ainda nas fases iniciais e prever os riscos estruturais, evitando seu 
desenvolvimento. No entanto, um método não se sobrepõe ao outro, sendo ideal a 
complementaridade das técnicas, a fim de minimizar erros. 
Além da inspeção visual, a caracterização do comportamento estrutural pode ser 
executada por meio de testes destrutivos, que correspondem a ensaios que destroem uma 
amostra da estrutura a fim de obter informações sobre sua qualidade. Sendo esta uma das 
técnicas mais utilizadas para obter dados sobre estruturas já existentes. 
Contudo, segundo Mesquita (2018), as novas perspectivas em MSE introduzem o 
conceito de "avaliação não-intrusiva" na avaliação estrutural. Nesta linha, o número de testes 
não destrutivos, especialmente para aplicações in situ, apresentou um aumento expressivo 
motivado principalmente pela necessidade de menor impacto na construção, redução mais 
competitiva do custo e do tempo de aquisição de dados durante o processo de avaliação. 
A sua concretização implica o recurso a diversos tipos sensores que são fixados ou 
embebidos no objeto a ser monitorizado. Estes sensores produzem diversos tipos de dados que 
são posteriormente recolhidos, analisados e armazenados para análises futuras, através de um 
sistema de aquisição e armazenamento (FRAGA, 2015). 
 
30 
Mesquita (2018) afirma que a implementação de sistemas MSE produz um retorno 
significativo em termos de otimização da manutenção, detecção de falhas estruturais em idades 
precoces, perdas de equipamento e estrutura, e o mais importante, evitar lesões humanas ou 
fatalidades. No entanto, ainda apresentam um elevado custo de investimento, em termos 
monetários. Ressalta-se que seu custo tem diminuído, nos últimos anos, especialmente devido 
ao constante desenvolvimento de sensores e técnicas de baixo custo. 
No mercado pode-se citar comoequipamento comercial de referência, o aquisitor 
modelo QuantumX-MX840A fabricado pela HBM Test and Measurement, cotado no valor de 
R$ 14.571,43 em setembro de 2011 por Silva (2019). 
Na literatura, é possível destacar trabalhos voltados para o estudo do 
monitoramento de estruturas, como o de Fraga (2015), no qual aborda o acompanhamento de 
edifícios históricos por meio de sensores, a fim de justificar o estudo de estruturas patrimoniais, 
além de estudar detalhadamente os sistemas de monitorização que permitem efetuar a avaliação 
estrutural. O trabalho de Silva (2019) desenvolve um comparativo entre um equipamento 
comercial de referência e um sistema de monitoramento low cost desenvolvido pelo autor, para 
adquirir dados de deformação, deslocamento e força durante ensaios de flexão em lâminas 
metálicas e vigas de concreto armado. 
 
2.3.1 Categorias do monitoramento estrutural 
 
Antes de iniciar o monitoramento é necessário identificar a categoria mais adequada 
para a estrutura na qual a avaliação será feita, considerando as características que se deseja 
estudar. Pode-se indicar quatro categorias: ensaios de campo estáticos, ensaios de campo 
dinâmicos, monitoramento periódico, e monitoramento contínuo. 
Cada ensaio tem uma função definida, sendo os ensaios de campo estáticos e 
dinâmicos testes pontuais no tempo. Essa categoria de ensaio é ideal para análises que não 
necessitam de longas observações. 
O monitoramento periódico consiste na aplicação recorrente de ensaios que são 
executados durante um determinado período de tempo. Com esse tipo de monitoramento, pode-
se identificar o comportamento estrutural e sua evolução. 
Por fim, quando se diz que o monitoramento é do tipo contínuo, refere-se ao 
funcionamento constante do sistema, no qual se tem o controle sem limitação temporal de uma 
estrutura. O sistema fornece as informações a intervalos previamente definidos, suficientemente 
 
31 
curtos para interpretação. O monitoramento contínuo pode, ainda, ser classificado em duas 
modalidades: 
 
● Monitorização passiva: quando o sistema apenas lê os dados dos sensores; 
● Monitorização ativa: quando o sistema de monitorização tem a capacidade de 
interagir ou excitar a estrutura. 
 
Desse modo, a qualidade da análise torna-se mais detalhada, pois o sistema adquire 
os dados representativos para cada período de tempo, tornando os resultados e comparações 
mais assertivos. Com a utilização do monitoramento de integridade estrutural desde a 
concepção da construção a análise e detecção de danos tornam-se mais acuradas, visto que que 
serão obtidos dados de toda a vida útil da estrutura. 
 
2.3.2 Funcionamento de um sistema de MSE 
 
O processo de monitoramento da saúde de uma estrutura, de modo geral, inicia-se 
com a concepção do sistema onde são definidos seus principais objetivos e o seu nível de 
resposta. Após a idealização do sistema, o monitoramento é dividido, geralmente, nas seguintes 
etapas: aquisição de dados, comunicação da informação, processamento e armazenamento, 
diagnóstico e resultados (Figura 4). 
 
Figura 4 - Esquema de funcionamento de um sistema MSE 
 
Fonte: Elaborado pelo autor. 
 
 
 
32 
2.3.2.1 Aquisição de dados 
 
A aquisição de dados compreende um sistema que inclui a leitura de dados dos 
sensores, conversão e disponibilização destes dados ao usuário. Este sistema descrito refere-se 
a um sistema informatizado, também conhecido como computadorizado. Entretanto estes 
sistemas podem ser manuais, ou seja, quando a leitura é feita por um operador em cada um dos 
sensores. No caso de um sistema informatizado, o mesmo inclui um Dispositivo de Aquisição 
de Dados (DAQ), condicionadores de sinais para tratamento e filtragem, bem como conversores 
analógicos-digitais, para envio das informações a um computador (SILVA, et al., 2019). 
Os sensores são o primeiro contato da monitorização com a estrutura e têm como 
objetivo medir os parâmetros físico-mecânicos definidos: os mais frequentes são o 
deslocamento, a rotação, a deformação e a aceleração. Têm-se em conta também parâmetros 
ambientais para se correlacionar o seu efeito nos dados medidos pelos sensores, como será 
analisado posteriormente (FRAGA, 2015). 
 
2.3.2.2 Comunicação da informação 
 
Corresponde a etapa em que os dados são amplificados e transmitidos para o local 
de onde serão processados e em seguida armazenados. Essa comunicação pode ser feita por 
cabeamento ou via wireless. 
A transmissão dos dados para o exterior por meio da internet tem ganhado destaque 
nos processos de monitoramento atuais. Dentre as vantagens que sua utilização oferece, 
destaca-se a desnecessidade de deslocação para acesso aos dados, além de não estarem sujeitos 
a alterações no local de instalação, como queda de energia, desde que tomadas as devidas 
medidas para adaptar o sistema. 
A tecnologia wireless é vantajosa em comparação ao cabeamento, dado que sem os 
cabos há uma economia e facilidade de instalação do sistema, ampliando a rede de 
monitorização e facilitando o manuseio. No entanto, esse método reduz o alcance de 
comunicação entre os sensores e o módulo receptor, além de possuir um custo mais elevado. 
 
2.3.2.3 Processamento e armazenamento 
 
Esta etapa refere-se a um pré-tratamento, no qual o sinal dos sensores é convertido 
em dados legíveis e processados para reduzir ruídos e informações equivocadas. Em seguida os 
 
33 
dados são armazenados de forma que seja possível estudá-los posteriormente e retirar 
informações. 
 
2.3.2.4 Diagnóstico e resultados da análise 
 
Após coletados e processados é necessário analisar os dados para convertê-los em 
respostas estruturais. Essa etapa depende diretamente do operador, visto que é este que define 
o método de análise dos dados, verifica as implicações dos dados coletados na segurança 
estrutural e enfim retira conclusões. 
Feito o diagnóstico, segundo Fraga (2015), define-se os processos posteriores que 
forem necessários, como a necessidade de intervenção, a correção de modelos numéricos, 
avaliação da segurança estrutural, entre outras. Terminada esta fase, pode-se planejar com mais 
precisão futuras intervenções e prevenir com mais certeza a necessidade de intervenção. 
 
 
 
 
 
 
34 
3 METODOLOGIA 
 
O presente trabalho propõe-se a desenvolver o protótipo de um sistema de 
monitoramento capaz de mensurar, por meio da utilização de sensores e dos conceitos de MSE, 
o processo de corrosão da armadura de uma viga. O elemento estrutural é submetido ao contato 
com uma solução de NaCl com 10% de concentração. 
Para o estudo do processo de corrosão e suas influências nas estruturas de concreto 
armado, desenvolveu-se em laboratório uma viga de concreto armado monitorada desde de sua 
montagem por um sistema de monitoramento estrutural de sensores. O sistema, também foi 
produzido em laboratório, a fim de reduzir os custos de operação e validar o funcionamento do 
conjunto como um sistema de monitoramento low-cost. 
 
3.1 Viga de concreto armado 
 
O objeto de estudo deste trabalho consiste em uma viga de concreto armado com 
dimensões de 85 cm de comprimento, 15 cm de largura e 30 cm de altura (Figura 5), 
confeccionada no Laboratório de Reabilitação e Durabilidade das Construções (LAREB), 
vinculado à Universidade Federal do Ceará (UFC). 
 
Figura 5 - Representação das dimensões da viga 
 
Fonte: Elaborado pelo autor. 
 
A armadura (Figura 6) é composta por barras de aço CA-50, sendo duas de 8mm 
de diâmetro em sentido longitudinal negativo e duas de 12,5 mm de diâmetro em sentido 
longitudinal positivo. Os estribos são de 5 mm de diâmetro, espaçados a cada 7 cm. Para 
 
35 
reforçar as laterais da viga adicionou-se duas barras longitudinais (Figura 7) de 5 mm de 
diâmetro equidistantes, em cada lateral da armadura. Foi considerado um cobrimento de 2,5 
cm, facilitando a permeabilidade da solução salina,sem infringir os padrões da NBR 
6118:2014. 
 
 
Figura 6 - Representação da armadura utilizada 
 
Fonte: Elaborado pelo autor. 
 
Figura 7 - Representação da viga: (a) Seção longitudinal; (b) Seção transversal 
(a) 
(b) 
Fonte: Elaborado pelo autor. 
 
Para o concreto, optou-se por adotar padrões de porosidade e baixa resistência, a 
fim de auxiliar na aceleração do processo de corrosão da armadura. O traço considerado foi de 
1:2:2, sendo constituído de cimento CP II-E, brita 0 e areia, com 0,50 de relação água/cimento. 
Foram confeccionados 6 corpos de prova cilíndricos de 10 cm de diâmetro e 20 cm 
de altura, os quais foram submetidos ao ensaio de compressão, cujo resultado indicou uma 
resistência média do concreto de 20,06 MPa. 
 
 
36 
3.2 Sistema de monitoramento 
 
O protótipo do sistema de monitoramento low cost foi desenvolvido em parceria 
com o Laboratório de Tecnologias Inovadoras (LTI), vinculado a UFC. O conjunto é composto, 
principalmente, de elementos de coleta, amplificação, transmissão e armazenamento de dados, 
sendo estes: 
 
● Sensores para coleta de dados, tanto de deformação (strain gauge) quanto de 
temperatura (termopar); 
● Módulo amplificador de entrada HX711; 
● Módulos ESP32, para transmissão de dados; 
● Módulo de armazenamento Shield Micro SD. 
 
Após adquiridos e processados, os dados são direcionados para o servidor de dados, 
onde passam por uma etapa de pré-tratamento e posteriormente armazenados para diagnóstico. 
A Figura 8 representa a arquitetura simplificada do sistema de monitoramento adotado. 
 
Figura 8 - Sistema de monitoramento 
 
Fonte: Elaborado pelo autor 
 
 
37 
Para a etapa de coleta de dados, os strain gauges do tipo BX120-3AA (Figura 9), 
cujo fator de Fator de sensibilidade é de 2,00 - 2,20, e o termopar (Figura 10) foram ligados aos 
módulos amplificadores de entrada HX711, que amplificam os sinais e efetuam a conversão de 
sinal analógica-digital (AD) em uma taxa de 24 bits (Figura 11). 
 
 Figura 9 - Sensor de deformação (strain gauge) 
 
Fonte: Autor. 
 
Figura 10 - Sensor de temperatura (termopar) conectado em um módulo amplificador de 
entrada 
 
Fonte: Autor. 
 
 
38 
Figura 11 - Módulo amplificador de entrada HX711 
 
Fonte: Autor. 
 
Para a montagem do sistema, a plataforma ESP32 que possui tecnologia de 
transmissão de dados wireless (sem fio), é embarcada no módulo (hardware) e que suporta 
upgrade remoto de firmware (código de controle do módulo) (Figura 12). 
 
Figura 12 - Módulo ESP32 acoplado em uma protoboard 
 
Fonte: Autor. 
 
Os módulos HX711 são ligados a microcontroladores ESP32 “escravos” (slaves) e 
esses, por sua vez, são conectados via rede wireless a um outro microcontrolador ESP32, do 
tipo “mestre” (master), onde juntos, formam uma rede mesh. 
O microcontrolador “mestre”, solicita as informações aos dispositivos “escravos” 
em intervalos de tempo de cinco minutos, definidos no código. Os “escravos” enviam os dados 
solicitados e após recebê-los, o “mestre” armazena e envia os dados via rede wireless em tempo 
real para um banco de dados disponível em um serviço na nuvem (Figura 13). 
 
39 
 
 
Figura 13 - Esquema representativo do funcionamento da rede mesh: (I) Mestre solicita 
informação; (II) Escravos enviam a informação para o mestre; e (III) Mestre envia os dados 
via wireless para a nuvem 
 
Fonte: Elaborado pelo autor. 
 
Dessa forma, as informações obtidas pelo sistema de monitoramento ficam 
disponíveis para acesso remoto em tempo real. A linguagem de programação empregada na 
automatização das atividades na camada de software, foi a C++, incluindo o uso de bibliotecas 
exclusivas da plataforma ESP32. 
A composição do sistema é feita com a conexão descentralizada dos sensores aos 
microcontroladores ESP32, ou seja, os sensores não são conectados a um único 
microcontrolador. Desse modo, o conjunto apresenta proteção contra possíveis falhas: se um 
sensor falhar, o sistema não é prejudicado como um todo. 
A Tabela 4 descreve os materiais e dispositivos utilizados no desenvolvimento do 
sistema de monitoramento. 
 
 
 
 
40 
Tabela 4 - Materiais e dispositivos do sistema de monitoramento 
Descrição dos itens US$ Unitário Quant. US$ Total 
ESP 32 Xtensa® Dual-Core 32-bit LX6 7,60 5 38,00 
Protoboard 830 furos 3,95 4 15,80 
Strain gauge BX120-3AA 2,30 6 13,80 
Termopar Tipo J 15,10 1 15,10 
Módulo Amplificador HX711 3,45 6 20,70 
Módulo de armazenamento Shield Micro SD 2,45 1 2,45 
Outros componentes eletrônicos (fios, soldas, 
conector e resistor) 
4,00 4,00 
Valor total 109,85 
Fonte: Elaborado pelo autor. 
 
3.3 Instalação do sistema de monitoramento 
 
Inicialmente, preparou-se a armadura e a fôrma, conforme as dimensões 
predefinidas e considerando um cobrimento de 2,5 cm, facilitando a permeabilidade da solução 
agressiva, sem infringir os padrões da NBR 6118:2014. 
Antes de iniciar a concretagem foram instalados na viga os sensores de deformação, 
sendo três sensores nas barras longitudinais negativas da armadura e outros três nas barras 
positivas, intercalando as posições, conforme indica a Figura 14. Cada sensor foi ligado ao 
sistema de coleta de dados por cabos devidamente isolados e protegidos de possíveis 
degradações ao longo do estudo. 
Os sensores de deformação, doravante denominados SG01, SG02, SG03, SG04, 
SG05 e SG06, foram acoplados a molas de metal enroscadas às barras, a fim de ampliar o campo 
de captação de possíveis pontos de deformações na barra. A união foi feita com cola de silicone, 
para não interferir na movimentação da barra ou no funcionamento dos sensores. Os sensores 
foram isolados com espuma expansiva a fim de impedir a degradação dos mesmos ao longo do 
processo de corrosão. 
Durante o processo de concretagem foi também instalado o sensor de temperatura, 
doravante denominado T1, posicionado no centro geométrico da viga. 
 
 
41 
Figura 14 - Disposição dos sensores de deformação na armadura 
 
Fonte: Autor. 
 
3.4 Exposição da viga de concreto à solução salina 
 
A viga, concretada em 20 de julho de 2021, foi mantida em laboratório livre de 
incidência solar. Durante um período de 69 dias, compreendendo o processo de cura do concreto 
e intervalo de aquisição de dados da estrutura para posterior análise. 
Considerando a corrosão como um evento lento, em condições ambientais de baixa 
agressividade, e a intenção de acelerar este processo na armadura da viga para obter os dados 
de interesse, submeteu-se a estrutura a ciclos de molhagem com solução salina. 
A solução desenvolvida em laboratório compreende um teor de 10% de NaCl, 
característica de ensaios acelerados, visto que corresponde a um valor acima do que se encontra 
em campo, como na água do mar, por exemplo. No entanto, esse índice de salinidade elevado 
não interfere nas considerações do trabalho, dado que o objetivo é provocar a corrosão e não 
reproduzir uma situação real. 
Os ciclos foram feitos com processos de molhagem e secagem, a fim de expor a 
estrutura ora a solução salina, ora ao oxigênio, compostos que favorecem o surgimento da 
corrosão. 
Utilizou-se 5 litros de solução por dia para molhar a viga progressivamente em 
pequenas dosagens, possibilitando a absorção da solução pelo concreto. Por fim, a viga ficava 
em processo de secagem natural até o dia seguinte quando se inicia o ciclo novamente. 
 
42 
A molhagem foi executada em períodos de cinco dias seguidos e intervalos de dois 
dias, nos quais não ocorria a molhagem. Os ciclos foram repetidos 11 vezes, totalizando um 
período de 78 dias de ensaio, iniciados no dia 27 de setembro de 2021 e finalizados no dia 13 
de dezembro de 2021. O avanço da degradação da viga foi acompanhado, além dos dados 
coletados, por análise visual. 
 
3.5 Acompanhamento dos dados 
 
Cada um dos seis sensores de deformação e o sensor de temperatura permaneceram 
ligados ao sistema durante todoo período do experimento, a fim de obter-se uma visão geral 
do funcionamento do sistema e compreender o desempenho individual de cada sensor. 
A partir da finalização da concretagem da viga, iniciou-se o processo de coleta de 
dados, cuja análise foi dividida em três etapas: 
 
● Dados nas primeiras 48 horas após a concretagem 
● Dados antes de iniciar a molhagem; 
● Dados a partir do início da molhagem. 
 
Antes de analisados, os dados são sintetizados através de uma média móvel que 
permite reduzir os valores para intervalos de hora a hora. Dessa forma, elimina-se as variações 
pontuais do sensor devidas a erros de leitura. 
Em seguida, o tratamento dos dados procura a eliminação dos efeitos ambientais 
nos dados, como a temperatura e umidade relativa. Sabendo que os dados ambientais provocam 
alterações nos registos obtidos pelos sensores, é necessário que o período desta fase abranja as 
alterações que esses dados sofreram ao longo do ano. Normalmente, é recomendável que a 
monitorização cubra três vezes o ciclo de variação dos efeitos ambientais, definindo o ciclo de 
um ano, considera-se ideal um período entre 1,5 a 3 anos para garantir que todos os efeitos 
devidos ao ambiente sejam analisados (FRAGA, 2015). 
A correlação definida entre os dados registrados pelo sistema de monitoramento e 
os efeitos ambientais contribui para compreender a tendência de evolução dos danos da 
estrutura estudada. Tal correlação é estabelecida matematicamente, retirando-se o efeito 
ambiental dos dados coletados, e assim obtendo o comportamento real da evolução dos danos. 
Segundo Fraga (2015), primeiro é feita a correlação do parâmetro físico-mecânico 
estático com o efeito ambiental para uma regressão linear. Caso a correlação entre ambos os 
 
43 
parâmetros seja satisfatória, retira-se a influência da temperatura sobre os valores originais, 
obtendo-se assim a variação do parâmetro apenas com base no comportamento mecânico e sem 
o efeito dos parâmetros ambientais. Sabendo disso, os dados foram plotados em gráficos a fim 
de visualizar a correlação com o tempo e o desenvolvimento da deformação. 
 
44 
4 RESULTADOS 
 
A depender da etapa analisada, alguns sensores apresentaram variações com 
destoam da realidade, concluindo-se erros na coleta ou falha na calibração. Por conta dessas 
variações, necessitou-se de uma recalibração dos sensores durante o processo do experimento. 
No entanto, além da recalibração, as variações que poderiam interferir na análise 
completa dos dados foram desconsideradas, incluindo os outliers (valores zerados), dado que 
representam queda de energia ou falha na transmissão dos dados. 
Para todas as etapas, os dados de temperatura e deformação foram sintetizados 
através de média móvel, para reduzir a divergência e amenizar os efeitos causados por eventuais 
erros de operação. 
Os sensores de deformação foram submetidos em cada etapa a um tratamento a fim 
de eliminar o efeito da temperatura dos valores de deformação. Porém não foi possível 
estabelecer uma relação entre ambos, em nenhuma das etapas, pois não foi identificado um 
coeficiente de correlação linear satisfatório. Deve-se considerar, ainda, que a variação do sinal 
dos sensores não é suficiente para estabelecer tal relação. 
 
4.1 Dados nas primeiras horas após a concretagem 
 
Foi considerado para essa etapa o período de 48 horas a partir do início da 
concretagem, e foram analisados, principalmente, os dados referentes a temperatura, cujo 
Gráfico 4 demonstrou uma elevação cerca de 12 horas após a concretagem, referente ao calor 
de hidratação do concreto no estado fresco. 
O Gráfico 4 demonstrou uma elevação cerca de 12 horas após a concretagem, 
referente ao calor de hidratação do concreto, que é aquele liberado por conta da reação química 
do cimento com a água. Esse processo acontece nas primeiras horas após a aplicação do 
concreto fazendo com que a temperatura do concreto aumente. 
 
 
45 
Gráfico 4 - Temperatura nas primeiras 48 horas após a concretagem 
 
Fonte: Elaborado pelo autor. 
 
Desse modo, o pico confirma a detecção do calor de hidratação, configurando o 
bom funcionamento do sensor de temperatura, com dados fiáveis e condizentes com a realidade. 
Quanto aos sensores de deformação, para essa etapa apresentaram valores 
inconsistentes, provavelmente devido à instabilidade do concreto durante o período de secagem, 
erro de calibração, manuseio, influência da umidade ou temperatura. 
 
4.2 Dados antes de iniciar os ciclos 
 
Para essa etapa foi selecionado o período após as horas iniciais de concretagem e 
antes da molhagem, que apresentasse dados consistentes e adequados para análise. O período 
corresponde a ciclos diários durante 10 dias. 
Essa etapa tem como objetivo observar os dados de deformação antes de provocar 
a corrosão na armadura, a fim de confirmar o funcionamento do sistema na etapa posterior. 
Nesta etapa apenas os sensores SG02 e SG04 (Gráfico 5) apresentaram valores 
significativos para análise. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
46 
Gráfico 5 - Dados de temperatura e do sensor SG02 no melhor período antes de iniciar a 
molhagem 
 
Fonte: Elaborado pelo autor. 
 
Pelo Gráfico 5 infere-se que a deformação do sensor SG02 atingiu a variação 
máxima de 0,03 mm seguida por um declínio nos valores, no período analisado. 
Analisando graficamente de uma forma local é perceptível que os movimentos 
registrados pelo sensor podem ser associados à variação da temperatura, demonstrando a 
provável relação entre ambos, apesar de não ser possível relacioná-los. 
 
Gráfico 6 - Dados de temperatura e do sensor SG04 no melhor período antes de iniciar a 
molhagem 
 
Fonte: Elaborado pelo autor. 
 
 
47 
Para o sensor SG04 (Gráfico 6) pelos dados, percebe-se pequenas oscilações que 
variam de 0,0026 mm a 0,0030 mm, com coincidência de picos de temperatura e deformação, 
demonstrando a influência do efeito ambiental sobre a deformação, apesar de não ser possível 
relacioná-los. 
 
4.3 Dados após o início dos ciclos 
 
Nesta etapa, considerou-se dados referentes ao período de 78 dias após o início da 
molhagem, como pode ser visto no Gráfico 7. Os sensores perderam sua funcionalidade ao 
longo desta etapa, exceto o SG03, sendo este o único utilizado para análise de dados. 
 
Gráfico 7 - Dados de temperatura e do sensor SG03 no período após iniciar a molhagem 
 
Fonte: Elaborado pelo autor. 
 
Pelos valores finais, pode-se afirmar que as oscilações podem ser ocasionadas por 
influência da temperatura apesar de não ser possível estabelecer uma relação adequada. No 
entanto, pelos dados brutos, pode-se inferir que os valores sofreram oscilações dentro do 
intervalo de 0,005 mm e 0,03 mm, e ao fim os dados se estabilizam em valores maiores, 
indicando que apesar da influência indefinida da temperatura, o ponto realmente sofreu 
deformação. Considerando que antes de induzir a corrosão, os valores variam em torno de 0,003 
mm e que após, variam em torno de 0,01 mm, pode-se confirmar que ocorreu uma pequena 
deformação ocasionada por corrosão. 
 
 
48 
4.4 Análise visual 
 
Pela análise das fotos diárias da viga foi possível observar a evolução dos danos 
visíveis a partir do início da molhagem da viga. O Quadro 2 apresenta as fotos organizadas 
cronologicamente. 
 
Quadro 2 - Imagens em ordem cronológica da deterioração da viga pela indução da corrosão 
 
Antes de iniciar a molhagem 
(27/09/2021) 
Semana 1 
 
Semana 3 Semana 6 
 
Semana 7 Semana 9 
 
Semana 10 
Último dia de molhagem 
(13/12/2021) 
Fonte: Elaborado pelo autor. 
 
 
49 
Pelas imagens, nota-se que desde a primeira semana de ensaio, a viga apresenta 
sinais visíveis de corrosão, provavelmente derivado do mau adensamento do concreto na etapa 
de concretagem, formando vazios que facilitam o contato com a armadura. Ao longo das 
semanas é possível verificar o surgimento de outros pontos de corrosão,indicando que de fato 
a armadura está sendo atingida. 
Após a finalização da coleta de dados pelo sistema, a fim de verificar se realmente 
houve a ocorrência de corrosão detectada no ponto do sensor 03, a viga foi aberta para análise 
visual da armadura, como pode ser visto na Figura 15. 
 
Figura 15 - Corrosão no ponto de instalação do SG03 
 
Fonte: Autor. 
 
Pela análise visual foi possível conferir a manifestação patológica no ponto, 
confirmando o funcionamento do sistema e sua utilização para a detecção de corrosão em 
armaduras. 
 
 
50 
5 CONCLUSÃO 
 
Este trabalho teve por objetivo desenvolver o protótipo de um sistema de 
monitoramento low cost encarregado de monitorar a temperatura e as deformações relativas 
provocadas pelo avanço da corrosão em uma viga de concreto armado. Configura-se como um 
teste inicial realizado como parte integrante de um projeto de dissertação de mestrado intitulado 
“Desenvolvimento de sistema de monitoramento low cost para pontes de concreto armado”, do 
aluno Tallis Maia, cujo objetivo é desenvolver sistemas de monitoramento de baixo custo em 
estruturas mais amplas e complexas. 
Foi constatado o bom funcionamento do sensor de temperatura para todo o período 
de monitoramento. Quanto aos sensores de deformação, após o início dos ciclos de molhagem 
e secagem, apresentaram variações nos valores que configuram a influência de fatores externos 
como umidade e temperatura. 
Nas etapas seguintes, antes e após a molhagem, os strain gauges SG02, SG03 e 
SG04, os únicos que permaneceram em funcionamento, apresentaram pequenas deformações 
relativas ao longo do tempo, variando entre valores positivos e negativos. A oscilação entre 
positivo e negativo é natural, dado que a corrosão não é um processo uniforme, e podem ocorrer 
movimentações dos sensores referentes a expansão ou compressão. 
Por meio da análise visual constatou-se a presença e o avanço da corrosão na 
armadura. Notou-se que os pontos de aplicação dos sensores apresentavam corrosão enquanto 
o restante da armadura estava normal. Isso indica a possível percolação da água por meio do 
cabo do sensor, facilitando a degradação do ponto e a interferência de agentes agressivos como 
a umidade nos dados coletados. 
Não foi possível estabelecer matematicamente uma equação de correlação entre a 
temperatura do concreto e as movimentações captadas pelos sensores de deformação. Isso pode 
ser justificado pelo curto período de tempo de estudo ou pela interferência de outros fatores 
desconhecidos e de difícil mensuração. Pode-se considerar, ainda, possíveis falhas nos sensores, 
erro no código do programa, ambiente pouco controlado, ou características do próprio método 
de correlação escolhido. 
Por fim, o protótipo mostrou-se funcional e foi bem sucedido em monitorar a 
corrosão, mensurando as deformações, apesar de necessitar de otimização, tanto em relação a 
instalação, quanto a qualidade dos sensores. É mais indicado um sensor de deformação mais 
robusto, que não seja interferido por movimentações tão pequenas. 
 
51 
Desse modo, o estudo contribuiu para o entendimento de métodos de 
monitoramento de estruturas e suas aplicações. Além disso, propôs ensaios iniciais para um 
sistema de baixo custo para monitorar o avanço da corrosão em armaduras, servindo como teste 
para estudos futuros mais avançados na área, com valor total de U$ 109,85, expressivamente 
menor que os equipamentos do mercado atual de cerca de R$ 14.000. 
Como sugestões para futuros trabalhos, pode-se indicar: 
 
● Adotar o encapsulamento dos sensores com espuma polimérica, ou seguindo 
padrões mais detalhados da literatura, para restringir a movimentação do sensor 
por outros agentes e coletar apenas informações derivadas da movimentação da 
expansão da armadura; 
● Utilizar outros métodos de tratamento de dados para reduzir a interferência da 
temperatura ou processos de redução de ruídos de dados, como o filtro de 
Savitzky-Golay, e compará-los com o método da regressão linear. 
● Aplicação do sistema em elementos menores, para análise pontual e 
aperfeiçoamento da instalação. 
● Análises em grandes elementos por um período de tempo mais longo, para 
verificação e confirmação da influência da temperatura nos dados de 
deformação. 
● Aplicar o sistema em estruturas reais, em campo, para discretizar a instalação 
com distâncias maiores entre os sensores, e validar o funcionamento para casos 
reais. 
 
 
 
 
 
 
52 
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