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Débora Pimenta - Famed XIII LEUCEMIAS Introdução: Neoplasia maligna mais comum na infância. Maior índice de mortalidade no Brasil e no mundo. A sobrevida aumentou devido: tratamento apropriado e precoce de infecções, indicações transfusionais precisas e cuidados de terapia intensiva. A mais comum é a leucemia linfoide aguda, seguida pela leucemia mieloide aguda. A mais incomum é a leucemia mieloide crônica. Fatores de risco: Radiação ionizante, agentes quimioterápicos, condições genéticas, tabagismo materno/paterno. LEUCEMIA LINFOIDE AGUDA (LLA) Introdução Mais comum entre 2 a 5 anos de idade. Origem na medula óssea, decorrente da expansão clonal de células progenitoras, associada a mutações que inibem a apoptose. Em consequência à multiplicação desordenada de células anormais (linfoblastos), ocorre uma diminuição na produção de precursores de eritrócitos, leucócitos normais e plaquetas. Quadro clínico Sinais e sintomas decorrentes da infiltração neoplásica (linfoblastos) na medula óssea e da disseminação dessas células através da corrente sanguínea, para outros órgãos e sistemas. Evolução geralmente em dias ou semanas, com piora gradativa ou súbita. Dor óssea, principalmente em MMII podendo interferir na deambulação, ocorre em qualquer horário do dia. Artralgias e artrites resultantes de infiltrações articulares. Dor em coluna vertebral geralmente toracolombar e colapso vertebral no raio-x. Febre é comum devido a produção de citocinas pelas células normais ou leucêmicas, associado a infecção bacteriana, relacionada à neutropenia presente no diagnóstico. Palidez, astenia, petéquias e equimoses. Hepatomegalia, esplenomegalias e linfonodomegalias generalizadas. Exames complementares Hemograma: anemia normocrômica e normocítica com redução de reticulócitos geralmente. Leucocitose. Blastos (linfoblastos). Linfocitose. Neutropenia. Eosinófilos, monócitos e basófilos podem estar diminuídos ou ausentes. Trombocitopenia. Outros: Ureia, creatinina, eletrólitos, ácido úrico, gasometria, enzimas hepáticas, albumina, desidrogenase lática e sorologias (toxoplasmose, citomegalovírus, rubéola, herpes simples, HIV, hepatites e sífilis). Se febre: hemocultura, urocultura e PCR. Envolvimento extramedular: locais mais comuns são SNC, testículos, fígado, rins, linfonodos e baço. Diagnóstico A confirmação é realizada pelo mielograma, avaliando-se características citomorfológicas dos blastos; 25% linfoblastos na medula óssea. Imunofenotipagem com anticorpos monoclonais e citometria de fluxo também confirma, além de detectar doença residual. Citogenética complementa a análise de blastos, evidencia alterações cromossômicas e indica prognóstico. Diagnóstico diferencial Artrite reumatoide juvenil, trombocitopenia imune primária, anemia aplástica, mielodisplasia, mononucleose infecciosa e outras infecções, leucemia mieloide aguda, neuroblastoma, linfoma não Hodgkin, rabdomiossarcoma metastático, histiocitose das células de Langerhans e síndromes hemofago-cíticas. Tratamento Quimioterapia sistêmica e intratecal, visando à profilaxia do SNC. O progresso no tratamento está baseado na terapia ajustada ao grupo de risco. Transplante de medula óssea (TMO) para esses pacientes é indicado em situações específicas, entre elas para recidivas precoces. Débora Pimenta - Famed XIII LEUCEMIA MIELOIDE AGUDA (LMA) Introdução Neoplasia rara em criança, heterogênea, com vários subtipos celulares. É o segundo tipo de leucemia na faixa etária pediátria. Fatores Etiológicos Exposição in utero à radiação ionizante, síndromes genéticas (principalmente Sd de Down). No Brasil, há associação com história familiar de parente de primeiro grau. Biologia e Patologia Proliferação e diferenciação anormais de células precursoras mieloides da medula óssea, ocasionando produção insuficiente de células sanguíneas maduras normais. Apresenta grande diversidade morfológica e subtipos biologicamente distintos. Morfologicamente, podem apresentar características granulocítica, monocítica, eritroide e megacariocítica. Síndrome mielodisplásica pode preceder a LMA, caracterizada por citopenias de causa não nutricional, inexplicadas e com baixa contagem de células imaturas, blásticas não preenchendo critérios para leucemia aguda. Quadro clínico Sintomas relacionados às citopenias pela insuficiência de produção de células sanguíneas maduras normais. Palidez e cansaço pela anemia, equimoses, petéquias e sangramento de mucosa pela plaquetopenia, neutropenia febril. Relacionados à síndrome proliferativa: dor óssea, aumento do volume abdominal em consequência da hepatoesplenomegalia, linfonodomegalia e eventualmente crescimento de células leucêmicas em tecidos extramedulares (ex: tecido retro-orbitário causando proptose ocular), esse crescimento é chamado de sarcoma granulocítico. Leucemia cútis, infiltração localizada da pele pelas células blásticas e hipertrofia gengival. Menor frequência de leucocitose diferente da LLA. Exames complementares Hemograma: ponto de partida para o diagnóstico. Diagnóstico A confirmação é realizada pelo aspirado e/ou biópsia de medula óssea por agulha. Coletar material para análise morfológica (lâminas), imunofenotipagem, estudo citogenético com cariótipo, com bandamento e estudo genético-moleculares apropriados. IMPORTANTE INVESTIGAÇÃO DE RECORRÊNCIA DA QUEIXA OU DOS SINTOMAS NOS ÚLTIMOS 3 MESES, NA INTERPRETAÇÃO DO HEMOGRAMA, ATENÇÃO AOS SINAIS DE SÍNDROME GENÉTICA, HISTÓRIA FAMILIAR DE CÂNCER E HISTÓRIA DE TRATAMENTO PRÉVIO COM QUIMIOTERAPIA. Diagnóstico diferencial Síndromes mielodisplásicas, alterações hematológicas secundárias a viroses ou infecção grave, citopenias nutricionais. Tratamento Tratamento específico baseado em protocolos de quimioterapia estabelecidos. O sucesso depende da suspeição diagnóstica e encaminhamento precoce ao centro de referência, após estabilização e tratamento de suporte adequado. LMA da Sd de Down: redução de doses especialmente antraciclinas. Leucemia promielocítica: quimioterapia que causam complicações hemorrágicas e efeitos cardiotóxicos tardios que podem comprometer a sobrevida. Esse tipo responde a all-transretinoic acid (Atra - derivado da vitamina A) e ao trióxido de arsênico, logo, sem quimioterapia pode-se alcançar a remissão. Manutenção da remissão: doses contínuas de quimioterápicos antimetabólicos (mercaptopurina e metotrexato) com poucos efeitos adversos. Débora Pimenta - Famed XIII LEUCEMIA MIELOIDE CRÔNICA (LMC) Introdução Mais frequente em adultos. Caracteriza-se por apresentar proliferação anormal dos precursores mieloides da medula óssea com maturação preservada. Apresenta grande quantidade de células maduras no sangue periférico. Quadro clínico Hepatoesplenomegalia volumosa, hemograma com leucocitose acentuada e neutrofilia, muitas vezes com desvio à esquerda. Prognóstico Paciente pediátricos tendem a ter um curso mais agressivo, comparado com adultos. Diagnóstico Surgimento de células imaturas e blásticas pode fazer parte da transformação para leucemia aguda, que ocorre em proporção maior em crianças. A proliferação é decorrente do rearranjo gênico entre os genes BCR e ABL consequente da translocação t(91,22)(q34,q11) ou cromossomo Filadélfia. Tratamento A oncoproteína BCR/ABL tem atividade tirosina-quinase e pode ser inibida por moléculas específicas como imatinibe, dasatinibe, entre outras. Esses medicamentos são o tratamento de escolha, apresentam altas taxas de sobrevida longa. O transplante de células-tronco hematopoiéticas é um recurso utilizado nos casos de recaída ou de transformação para leucemia aguda. Referências Bibliográficas: 1. BOM APKP & CÓRDOBA JC. Leucemias. Tratado de pediatria. Sociedade Brasileira de Pediatria. v. 2, c. 2, p. 454-460. São Paulo, 2022.
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