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Peticao Inicial - Acao Declaratoria de Inexistencia de Debito

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EXCELENTÍSSIMO (A) SENHOR (A) DOUTOR (A) JUIZ (A) DE DIREITO DO 
JUIZADO ESPECIAL CÍVEL DA COMARCA DE PATO BRANCO/PR 
 
 
 
 
 
 
MARIA BELDADE, brasileira, casada, do lar, portadora do RG nr. 
1000.2000.35 e CPF nr. 2000.1000./0008, residente e domiciliada na rua das Araras 
300, apto. 301, Pato Branco, CEP: XXXXX, e-mail: XXXXXXX casada com ANTONIO 
BELDADE, brasileiro, casado, comerciante, RG nr....... e CPF nr........, por meio de sua 
procuradora abaixo subscrita, com escritório profissional localizado na Rua xxxx, Nº 
xxxx, CEP, Município de xxxx, Estado xxxx, e-mail xxxxx, onde recebe intimações e 
notificações, vem, respeitosamente, à presença de Vossa Excelência, propor 
 
AÇÃO DECLARATÓRIA DE INEXISTÊNCIA DE DÉBITO COM PEDIDO 
DE ANTECIPAÇÃO DE TUTELA C/C REPARAÇÃO POR DANOS 
MORAIS 
 
Em face de SEU CRÉDITO SUA VIDA, pessoa jurídica de direito 
privado, CNPJ nr. 001.345.978/0001-01, com endereço sito à rua Marechal Floriano 
Peixoto 777, Curitiba, Estado do Paraná, com fundamento nos Artigos 186 e 927 do 
Código Civil, bem como no art. 5º, X, CRFB/88, pelos fatos e razões a seguir expostos. 
 
 
 
 
 
1. DOS FATOS 
 
A Autora, em janeiro do ano presente ano, recebeu via Correio, uma 
correspondência da Empresa Ré, afirmando que ela tinha sido beneficiada com a 
concessão de um cartão de crédito. 
O documento que acompanhou a correspondência, afirmava que para 
seu uso, bastava ligar para um telefone desbloqueando o cartão, trazendo ainda 
outras informações relativas ao serviço. 
 Não tendo interesse no produto fornecido, guardou o cartão e 
correspondência, não efetivando o desbloqueio. 
Para seu espanto, em agosto do ano em curso, tentou realizar uma 
compra a crédito, quando então, para seu espanto, foi comunicada de que estava 
inscrita no Serasa e SPC, por dívida contraída junto a empresa SEU CRÉDITO SUA 
VIDA. 
Melhor verificando a situação, constatou que havia uma "pendência" 
sua com dita empresa, relativa a uma mensalidade do cartão no valor de R$ 35,00 
(trinta e cinco reais), vencida em junho/2021 e não paga, o que motivou sua inscrição 
junto aos órgãos acima citados, por parte da dita empresa. 
Desta forma, o envio e a cobrança ocorreram sem solicitação ou 
mesmo autorização por parte da Autora, tornando, consequentemente, a expedição 
de faturas e as negativações reiteradas, indevidas. 
 
 
2. DO DIREITO. 
 
2.1 – Da Cobrança Indevida 
 
A legislação pátria, no Código de Defesa do Consumidor, art. 39, III, 
estabelece: 
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/91585/c%C3%B3digo-de-defesa-do-consumidor-lei-8078-90
http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10602881/artigo-39-da-lei-n-8078-de-11-de-setembro-de-1990
http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10602768/inciso-iii-do-artigo-39-da-lei-n-8078-de-11-de-setembro-de-1990
 
Art. 39. É vedado ao fornecedor de produtos ou serviços, dentre outras práticas 
abusivas: 
III - enviar ou entregar ao consumidor, sem solicitação prévia, qualquer produto, ou 
fornecer qualquer serviço. 
 
Neste sentido, a Súmula 532 do STJ preconiza: 
 
“Constitui prática comercial abusiva o envio de cartão de crédito sem prévia e 
expressa solicitação do consumidor, configurando-se ato ilícito indenizável e sujeito 
à aplicação de multa administrativa” 
 
Cabe ressaltar, ainda, o que dispõe o parágrafo único do art. 39, 
do CDC: 
 
“Os serviços prestados e os produtos remetidos ou entregues ao consumidor, na 
hipótese prevista no inciso III, equiparam-se às amostras grátis, inexistindo 
obrigação de pagamento.” 
 
No caso em comento, é evidente o ato ilícito da Ré, uma vez que, 
enviou ao autor um cartão de crédito não solicitado, gerou cobranças de 
anuidades e, por estas, negativou o nome da Autora. 
A situação narrada se enquadra perfeitamente nos âmbitos da 
proteção garantida ao consumidor pelo CDC e pelo STJ. 
Por todo exposto, REQUER deste douto Juízo, que condene a ré a 
declarar inexistente todos os débitos imputados a Autora e cancelar o cartão 
definitivamente. 
 
2.2 – Da Indenização por Danos Morais 
 
Como sabido, o direito ao nome é instituído pelo art. 16 do Código 
Civil como um direito personalíssimo, restando garantido a possibilidade de exigir 
que cesse qualquer ameaça ou lesão ao mesmo, cabendo inclusive, reclamar perdas 
e danos, nos termos do art. 12 do mesmo Código. 
http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10602246/par%C3%A1grafo-1-artigo-39-da-lei-n-8078-de-11-de-setembro-de-1990
http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10602881/artigo-39-da-lei-n-8078-de-11-de-setembro-de-1990
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/91585/c%C3%B3digo-de-defesa-do-consumidor-lei-8078-90
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/91585/c%C3%B3digo-de-defesa-do-consumidor-lei-8078-90
http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10729731/artigo-16-da-lei-n-10406-de-10-de-janeiro-de-2002
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/111983995/c%C3%B3digo-civil-lei-10406-02
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/111983995/c%C3%B3digo-civil-lei-10406-02
http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10729993/artigo-12-da-lei-n-10406-de-10-de-janeiro-de-2002
No mesmo sentido, o art. 5º, X, da Constituição Federal garante ser 
inviolável, dentre outros, a honra e a imagem das pessoas, assegurando o direito 
de indenização por dano material ou moral decorrente de sua violação. 
Dessa forma, claro é que a empresa requerida, ao cometer imprudente 
ato, afrontou confessada e conscientemente o texto constitucional, devendo, por 
isso, ser condenada à respectiva indenização pelo dano moral sofrido pela 
Requerente. 
Além disso, o direito do Reclamante está amparado pelo Código civil, 
uma vez que o ato ilícito praticado pela requerida gera o dever de ressarcir, assim 
vejamos: 
 
"Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, 
violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato 
ilícito". 
 
Conforme observado ainda que aquele que comete o ato ilícito deverá 
ressarcir ainda que moral, no mesmo sentido preceitua o artigo 927, caput, do 
Código Civil: 
 
"Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica 
obrigado a repará-lo." 
 
Desta forma, considerando que a Requerente está impedida de ter a 
liberação de créditos no comércio, de promover financiamentos e outros atos que 
dependam de ter o nome limpo, sem quaisquer restrições nos cadastros 
desabonadores de crédito, o que lhe causa os mais diversos danos de ordem moral 
e patrimonial. 
Neste sentido, o quantum indenizatório tem o condão de prevenir, de 
modo que o ato lesivo não seja praticado novamente. Deve-se atentar, ainda, em 
juízo de razoabilidade, para a condição social da vítima e do causador do dano, da 
gravidade, natureza e repercussão da ofensa, assim como exame do grau de 
reprovabilidade da conduta do ofensor. 
http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10641516/artigo-5-da-constitui%C3%A7%C3%A3o-federal-de-1988
http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10730704/inciso-x-do-artigo-5-da-constitui%C3%A7%C3%A3o-federal-de-1988
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/188546065/constitui%C3%A7%C3%A3o-federal-constitui%C3%A7%C3%A3o-da-republica-federativa-do-brasil-1988
O valor deve garantir ao autor e também parte lesada, reparação que 
lhe compense os danos, bem como, cause impacto suficiente para desestimular 
a reiteração do ato por aquele que realizou a conduta reprovável. 
Por isso, Excelência, diante de tudo que lhe foi apresentado, REQUER 
deste douto Juízo, conforme o narrado e provado anteriormente, que CONDENE a 
Requerida à indenização a título de danos morais, no valor de R$ xxxxxxx (__). 
 
3. DA JUSTIÇA GRATUITA (art. 98, CPC/15) 
 
A Requerente faz jus à concessão da gratuidade de Justiça, haja vista 
não possuir rendimentos suficientes para custear as despesas processuais e 
honorários advocatícios em detrimento de seu sustento e de sua família. 
Destaca o dever estatal de prestar assistência gratuitaa Constituição 
Federal do Brasil, em seu artigo 5º LXXIV, in verbis: 
 
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, 
garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade 
do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos 
seguintes: 
[...] 
XXIV – O Estado prestará assistência jurídica integral e gratuita aos que 
comprovarem insuficiência de recursos; 
 
De igual modo, enuncia o artigo 98 e seguintes, do Código de 
Processo Civil: 
 
Art. 98. A pessoa natural ou jurídica, brasileira ou estrangeira, com insuficiência de 
recursos para pagar as custas, as despesas processuais e os honorários advocatícios 
tem direito à gratuidade da justiça, na forma da lei. [...] 
 
Com base na necessidade demonstrada, aguarda o Requerente o 
deferimento da justiça gratuita de modo integral. 
 
 
 
4. DA TUTELA DE URGÊNCIA 
 
A Requerente encontra-se atualmente com o seu crédito abalado, 
sem condições de efetuar qualquer transação comercial a prazo, suportando 
danos difíceis de serem prontamente reparados, tudo isso em razão da conduta 
ilícita da empresa Demandada. 
 
A tutela de urgência é medida assaz urgente e necessária, vez que, 
com a negativação de seu nome, a Requerente está impedida de ter a liberação de 
créditos no comércio, de promover financiamentos e outros atos que dependam de 
ter o nome limpo, sem quaisquer restrições nos cadastros desabonadores de 
crédito, além de sofrer os mais diversos danos de ordem moral e patrimonial. 
Assim, preconiza o Código de Processo Civil: 
 
Art. 300. A tutela de urgência será concedida quando houver elementos que 
evidenciem a probabilidade do direito e o perigo de dano ou o risco ao resultado 
útil do processo. 
 
Ademais, inexiste perigo de irreversibilidade do provimento, vez que, 
a qualquer momento, poderá ser revogado e a inclusão refeita. 
 É medida que se impõe, não só pela ilegitimidade do débito, mas, 
especialmente, pelo fato da existência da presente discussão judicial a respeito do 
débito, sob pena de aplicação de multa, nos termos do art. 537, do CPC, 
propendendo de imediato, estancar os danos da conduta ilícita e arbitrária. 
Desta forma, com amparo no art. 303 do Código de Processo Civil 
Brasileiro e art. 84 do Código de Defesa do Consumidor, diante da manifesta prova 
aportada aos autos, se faz necessário a concessão liminarmente da tutela de 
urgência a fim de que a Requerida proceda com a imediata retirada do nome da 
Autora dos Órgãos de Proteção ao Crédito, para de imediato, cessar os danos da 
conduta ilícita e arbitrária. 
 
5. DOS PEDIDOS. 
 
Ante todo o exposto, passa a requerer: 
 
a) O processamento da presente demanda nos termos do Juizado 
Especial, nos termos da Lei nº 9.099/95 e, no que couber, do Código de Processo 
Civil; 
 
b) O deferimento dos benefícios da justiça gratuita, nos termos do 
art. 98 e seguintes do CPC/2015; 
 
c) a citação do réu para que querendo apresente resposta no prazo 
legal; 
 
d) A inversão do ônus da prova, em favor do Autor, nos termos do 
Art. 6º, VIII da Lei 8.078/90 (CDC); 
 
e) A concessão da tutela provisória de urgência antecipada, a fim 
de que a primeira requerida retire a inscrição do nome do autor dos cadastros de 
proteção ao crédito, até o término deste processo, com a determinação de multa 
diária em caso de descumprimento da liminar, no valor a ser estipulado por Vossa 
Excelência; 
 
f) O provimento integral da presente ação, no intuito de condenar a 
ré a declarar inexistente todos os débitos imputados a autora, com o cancelamento 
definitivo do cartão, confirmando os efeitos da tutela antecipada requerida, bem 
como ao pagamento dos ônus sucumbenciais; 
 
g) Seja a presente demanda julgada procedente para condenar a 
Empresa Ré a indenizar a parte autora a título de danos morais, no valor que Vossa 
Excelência entender como justo e equitativo, sugestionando para tanto, o montante 
de R$__ (__); 
 
Protesta provar o alegado por todos os meios de prova admitidos 
em direito, notadamente, pela juntada de novos documentos. 
 
Dá-se a causa o valor de R$ ____________ (_______). 
 
Nestes termos, respeitosamente, pede deferimento. 
 
Cidade, data. 
 
Advogado (a) - OAB 
http://www.jusbrasil.com.br/topicos/28895641/artigo-98-da-lei-n-13105-de-16-de-marco-de-2015
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/174276278/lei-13105-15
http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10607666/artigo-6-da-lei-n-8078-de-11-de-setembro-de-1990
http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10607335/inciso-viii-do-artigo-6-da-lei-n-8078-de-11-de-setembro-de-1990
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/91585/c%C3%B3digo-de-defesa-do-consumidor-lei-8078-90
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/91585/c%C3%B3digo-de-defesa-do-consumidor-lei-8078-90

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