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Profa. Ma. Frances Illes UNIDADE II Nutrição Clínica Tratamento: O tratamento da obesidade é complexo e multidisciplinar. Não existe nenhum tratamento farmacológico em longo prazo que não envolva a mudança de estilo de vida; Deve-se abordar esses indivíduos individualmente, aumentando o conhecimento sobre o problema. Tratamento dietético: O método, a velocidade de perda de peso, o ajuste fisiológico e a habilidade de manter as mudanças comportamentais de dieta e atividade física é que determinarão o sucesso, em longo prazo, de qualquer programa de emagrecimento; De acordo com a Diretriz Brasileira 2016; Uma dieta planejada individualmente, para criar um déficit de 500 a 1.000 kcal, deveria ser parte integrante de qualquer programa de perda de peso que objetive uma diminuição de 0,5 a 1 kg por semana; As dietas devem ser nutricionalmente equilibradas; Terapia nutricional na obesidade VET – Valor Energético Total: considerar as necessidades individuais; Carboidratos – de 50 a 60% do VET; Lipídeos – de 20 a 30% do VET; Proteínas – de 15 a 20% do VET ou 0,8 g/kg de peso desejável; Fibras – de 20 a 30 g/dia. Orientações nutricionais: Fracionar o consumo de alimentos em 5 a 6 vezes ao dia, de 3 em 3 horas; Comer devagar e mastigar vagarosamente os alimentos. Iniciar o almoço e o jantar pela salada; Evitar usar o açúcar simples nas preparações. Substituir o açúcar pelo adoçante artificial; Aumentar o consumo de fibras aumenta a saciedade, e reduz a ingestão energética; Consumir produtos lácteos com baixo teor de gordura, preferir desnatados e as versões light. É importante que os candidatos à cirurgia bariátrica sejam conscientizados dos riscos e das consequências deste procedimento, para a obtenção de um adequado resultado em curto e longo prazos. A nutrição exerce um papel fundamental no pré e no pós-operatório por meio de um acompanhamento individualizado. Pré-operatório: Os objetivos da terapia nutricional no pré-operatório são: corrigir as possíveis deficiências nutricionais, promover a perda de peso inicial com a preservação da massa magra, controlar as comorbidades relacionadas à obesidade, reduzir o risco cirúrgico. Pós-operatório: Dieta do pós-operatório – inicialmente, deve ser uma dieta líquida sem resíduos, líquida completa, evoluindo para a dieta pastosa, branda e em torno do terceiro mês de dieta geral; Não ingerir líquidos durante as refeições; Manter uma dieta hipocalórica e hipolipídica; Comer muito devagar, mastigando bem os alimentos; Terapia nutricional na cirurgia bariátrica Adequar a ingestão de macro e microminerais; Recomendar ao paciente comer pequenos volumes com um fracionamento maior – a cada 2 horas; Recomenda-se priorizar a ingestão de proteína PAVB nas refeições. Conduta nutricional: Orientar os riscos e os perigos; A dieta deve ser compatível com a perda ponderal; Suplementação de micronutrientes. Síndrome de Dumping: Repouso de 30 a 60 minutos após a refeição; Dieta fracionada (6 a 8 refeições/dia) com o volume reduzido; Não ingerir líquidos nas refeições (somente nos intervalos); Evitar os alimentos gordurosos e doces. R.O.T., sexo masculino, 39 anos, 173 cm, 118 kg é internado para realizar a cirurgia bariátrica. Relata já ter realizado o acompanhamento nutricional sem conseguir atingir o objetivo de adequar o peso. Como deve ser a dieta oferecida no primeiro dia após a cirurgia? Interatividade Dieta líquida restrita, com o volume de 20 mL a cada 2 horas. A dieta não deve ter resíduos e deve ser oferecida em pequenos volumes, com grande frequência. Resposta As dislipidemias são caracterizadas pelo aumento do colesterol total, LDL colesterol e TG e diminuição do HDL. Objetivos da dietoterapia: Prevenir as comorbidades e as suas complicações; Diminuição da gordura total, gordura saturada e colesterol. Terapia nutricional nas dislipidemias Fonte: Atualização da Diretriz Brasileira de Dislipidemias e Prevenção da Aterosclerose – 2017. Tabela 6 – Recomendações dietéticas para o tratamento das dislipidemias Recomendaçõe s Perda de peso Carboidrato (%VCT) Açúcares de adição (%VCT) Proteína (%VCT) Gordura (%VCT) Ácidos graxos trans (%VCT) Ácidos graxos saturados (%VCT) Ácidos graxos monoinsaturados (%VCT) Ácidos graxos poli-insaturados (%VCT) Ácido linolênico, g/dia EPA e DHA, g Fibras LDL-c dentro da meta e sem comorbidades* (%) LDL-c acima da meta ou na presença de comorbidades* (%) Limítrofe 150-199 mg/dL (%) Triglicerídeos elevados 200-499 mg/dL (%) Muito elevado † > 500 mg/dL (%) Manter o peso saudável 50-60 < 10 15 25- 35 < 10 15 5-10 1,1-1,6 - 25 g, sendo 6 g de fibra solúvel 5-10 45-60 < 10 15 25- 35 < 7 15 5-10 - 50-60 < 10 15 25- 35 Até 5 50-55 5-10 5-10 45-50 < 5 5-10 15-20 30-35 20 30-35 < 5< 7 10- 2010- 20 10- 2010- 20 10- 2010- 20 0,5-1 1-2 >2 Excluir da dieta < 5 Orientações nutricionais: Inclua, diariamente, frutas, vegetais e legumes na alimentação; Reduza o consumo de gordura na dieta; Substitua os temperos prontos (caldo de carne e de galinha etc.) por temperos naturais, como: salsa, cebolinha, orégano, coentro, louro, alho, cebola, manjericão, dentre outros; Substitua o leite e os derivados integrais por leite e iogurte desnatado, queijo branco ou ricota; Acrescente cereais integrais, granola sem açúcar e pão integral na alimentação; Prefira as carnes magras. Retire a gordura visível das carnes, a pele do frango e o couro dos peixes. Causada por uma elevação sanguínea a níveis superiores dos normais pressão sistólica de 140 mmHg e diastólica de 90 mmHg. Fatores de risco: Obesidade ou sobrepeso; Consumo de sal. Tratamento: A meta do tratamento da hipertensão é a redução da mortalidade e da morbidade, a partir de um AVC, doenças cardíacas e renais. Dietas que auxiliam no controle dos níveis pressóricos: Dieta DASH; Dieta do Mediterrâneo; Dieta vegetariana. Recomendação nutricional: Dieta nutricionalmente adequada, restrita em sódio. Terapia nutricional na hipertensão arterial sistêmica Como os diferentes tipos de AGs podem influenciar no desenvolvimento e no controle das DCVs? Interatividade Substituir os ácidos graxos saturados da dieta por poli-insaturados, incluindo o ômega-6, deve ser recomendado para otimizar a redução dos níveis plasmáticos de LDL-colesterol. Estimular o consumo de ácidos graxos poli-insaturados ômega-3 de origem vegetal, como parte de uma dieta saudável. Substituir os ácidos graxos saturados da dieta por MUFA deve ser recomendado para otimizar a redução dos níveis plasmáticos de LDL-c. Segundo a diretriz sobre o consumo de gorduras da SBC, entre os vários componentes dietéticos, são os ácidos graxos trans que mais aumentam a LDL-c. Os ácidos graxos trans relacionam-se, fortemente, com o risco cardiovascular, especialmente em razão de aumentarem a concentração plasmática de colesterol. Resposta Objetivos: Eliminar ou reduzir o edema; Obter o peso ideal; Corrigir as deficiências de nutrientes; Reduzir a sobrecarga cardíaca e o alívio dos sintomas; Retardar a progressão da doença. Recomendação nutricional: Calorias devem ser suficientes para manter o peso adequado; Carboidratos: 50 – 60% VET; Lipídeos: 25 a 30% VET (atentar a qualidade); Proteína: a quantidade de proteína recomendada pode ser maior por existirem situações de hipermetabolismo e hipercatabolismo. A determinação do teor proteico deve considerar o estado nutricional. Eutrofia de 0,8 a 1,2 g/kg/dia. Desnutrição de 1,5 a 2,0 g/kg dia. Terapia nutricional na insuficiência cardíaca congestiva É a necrose do músculo cardíaco devido ao suprimento inadequado de sangue ou da deficiência de oxigênio. Objetivos da dietoterapia: A redução da sobrecargacardíaca. Recomendação nutricional: Energia – estágios iniciais da recuperação, hipocalórica – repouso cardíaco; Textura alimentos líquidos ou de consistência macia, facilmente digeríveis nos primeiros dias, após uma dieta de consistência normal; Carboidratos 50 a 60% do VET; Proteínas 10 a 15% do VET; Lipídeos: controle da quantidade de ácidos graxos saturados, sendo: total: 20 – 35% VCT; Sódio – conteúdo moderadamente reduzido – 2 g/dia NaCl. Terapia nutricional no infarto agudo do miocárdio Constitui um transtorno complexo caracterizado por um conjunto de fatores de risco cardiovascular associado à deposição central de gordura e à resistência à insulina. Pode ser definida como tendo três ou mais das seguintes anormalidades: circunferência da cintura > 102 cm em homens e > 88 cm em mulheres; TG séricos de, no mínimo, 150 mg/dl; HDL < 40 mg/dl em homens e < 50 em mulheres; pressão sanguínea ≥ 135/85 mmHg ou glicose sérica ≥ 110 mg/dl (National Cholesterol Education Program). Recomendações nutricionais: Terapia nutricional na síndrome metabólica Fonte: I Diretriz de Diagnóstico e Tratamento da Síndrome Metabólica. Quadro 2 – Composição do plano alimentar recomendado para a síndrome metabólica Calorias e macronutrientes lngestão recomendada Calorias totais para reduzir o peso em 5% a 10% e prevenir a recuperação CARBOIDRATOS O total de porções diárias desse grupo de alimentos varia de acordo com o VCT do plano alimentar prescrito. Considerando que uma porção de carboidratos corresponde a uma fatia de pão de forma, ou meio pão francês, ou uma escumadeira rasa de arroz ou de macarrão, ou uma batata média, ou meia concha de feijão; por exemplo, mulheres com IMC > 27 kg/m2 e sedentárias poderão receber, apenas, seis porções/dia, enquanto homens ativos com peso normal poderão ingerir, até, 11 porções/dia. Selecionar os alimentos integrais ou minimamente processados com baixo índice glicêmico. Devem ser evitados alimentos gordurosos em geral, como: carnes gordas, embutidos, laticínios integrais, frituras, gordura de coco, molhos, cremes e doces ricos em gordura, e alimentos refogados e temperados, com o excesso de óleo ou gordura. Incluem os ácidos graxos saturados (C8-C16) e os ácidos graxos trans. Recomendar, até, 7% se LDL-colesterol for > 100mg/dL. Incluem os ácidos graxos ômega-3, os quais são encontrados em peixes, como: salmão, sardinha, cavala e arenque. O azeite de oliva possui 77% de AGMI e o seu consumo é predominante na dieta Mediterrânea. Alguns indivíduos com LDL-colesterol > 100 mg/dL podem se beneficiar com uma ingestão diária de colesterol de 200mg/dia9,55 (A,1A). 50% - 60% das calorias totais FIBRAS GORDURA TOTAL ÁCIDOS GRAXOS SATURADOS (AGS) 20 g – 30 g/dia 25% - 35% das calorias totais < 10% das calorias totais Até 10% das calorias totais Até 20% das calorias totais ÁCIDOS GRAXOS POLI-INSATURADOS (AGPI) ÁCIDOS GRAXOS MONOINSATURADOS (AGMI) COLESTEROL PROTEÍNA Corresponde a duas porções pequenas de carne magra/dia, que podem ser substituídas pelas leguminosas (soja, grão de bico, feijões, lentilha etc.) e duas a três porções diárias de leite desnatado ou queijo magro. O consumo de peixes deve ser incentivado por sua riqueza em ácidos graxos n-3. Os ovos também podem ser utilizados como substitutos da carne, respeitando-se o limite de duas gemas/semana, em função do teor de colesterol. Excessos proteicos devem ser evitados. < 300 mg/dia 0,8 g a 1,0 g/kg atual/dia ou 15% I Diretriz Brasileira de Diagnóstico e Tratamento da Síndrome Metabólica Você é nutricionista em uma unidade de saúde. Devido ao aumento do número de casos de HAS, para otimizar o atendimento, a equipe multidisciplinar organiza grupos de atendimento. Tendo em vista o grande número de complicações que ocorrem com estes pacientes, fica definido que as orientações devem abranger não só a doença, mas, também, as suas potenciais complicações como a doença coronariana. Quais os principais pontos devem constar na orientação? Interatividade Evitar o consumo de alimentos industrializados, processados e ultraprocessados, utilizando os alimentos in natura sem a adição de sal. Escolher os alimentos que possuam pouca gordura insaturada, colesterol e gordura total, e diminuir ou evitar o consumo de doces, e bebidas com açúcar. Manter o peso corporal na faixa normal e consumir uma dieta rica em frutas e vegetais, e alimentos com baixa densidade calórica. Resposta Distúrbio metabólico que se caracteriza por uma hiperglicemia crônica. Classificação: DM tipo 1; DM tipo 2. Complicações agudas: Hiperglicemia; Hipoglicemia. Complicações crônicas: Retinopatia; Neuropatia; Nefropatia. Terapia nutricional no diabetes mellitus Objetivos do tratamento nutricional: Reduzir a glicose sanguínea a níveis normais ou ao mais próximo deles; Reduzir os efeitos da doença, com a manutenção do estado metabólico normal; Prevenir as complicações agudas e crônicas; Promover as mudanças no estilo de vida; Atender às necessidades nutricionais. Recomendações nutricionais: De acordo com a SBD 2020. Fonte: Diretrizes da Sociedade Brasileira de Diabetes 2019 – 2020. Macronutrientes Ingestão diária recomendada Carboidratos (CHO) 45 a 60%; é possível usar padrões alimentares com menor teor de carboidratos para DM2 de forma individualizada e acompanhada por um profissional especializado. Sacarose Máximo: 5 a 10% do VET. Frutose Não se recomenda a adição aos alimentos. Fibra alimentar Mínimo: 14 g/1.000 kcal, 20 g/1.000 Kcal para DM2. Gordura total 20 a 35% do VET; dar preferência para os ácidos graxos monoinsaturados e poli-insaturados; limitar saturados em, até, 10% e isenta de trans. Proteína 15 a 20% do VET. Micronutrientes Ingestão diária recomendada Vitaminas e minerais Seguem as recomendações da população sem diabetes. Quadro 1. Composição nutricional do plano alimentar indicado para pessoas com diabetes mellitus VET: valor energético total (considerar as necessidades individuais, utilizando os parâmetros semelhantes aos da população sem diabetes, em toda as faixas etárias). Fracionamento e planejamento das refeições: as refeições devem ser distribuídas dentro de um intervalo regular de tempo, integradas ao esquema insulínico utilizado (tipo, número e fracionamento das doses), com o objetivo de regular a glicemia. Quanto maior o fracionamento da dieta, mais distribuídas ficarão as calorias programadas e mais raras serão as flutuações na curva glicêmica. Edulcorantes: No Brasil, o uso de edulcorantes dietéticos é regulamentado pela Portaria 234 da Secretaria Nacional de Vigilância Sanitária/MS, publicada no DOU n. 101, de 27/05/1996. A Portaria esclarece que, para o consumo seguro, deve-se observar a ingestão diária aceitável (IDA); Não recomenda o uso de frutose como edulcorante; Adoçantes não nutritivos: o aspartame, o ciclamato, a sacarina, o acesulfame-K e a sucralose são os mais utilizados, e, praticamente, isentos de calorias. ATÉ A PRÓXIMA!
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