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unesp UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA 
 “JÚLIO DE MESQUITA FILHO” 
Faculdade de Ciências e Letras 
Campus de Araraquara - SP 
 
 
Idalires da Silva Almeida 
Márcia Raquel Camani 
Mayara Ferreira 
 
 
 
 
 
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O desenvolvimento do desenho na criança. 
 
 
 
 
 
 Trabalho apresentado para 
 A disciplina de Psicologia da Educação 
Prof.ª Dra. Luciene Tognetta 
 
 
 
 
 
ARARAQUARA – SP 
Junho/2015 
Apresentação 
 
Este trabalho sobre o desenvolvimento do desenho na criança tem por objetivo a 
apresentação do que é o desenho e como são realizadas as expressões simbólicas de 
acordo com a idade de cada criança. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
O desenho é a expressão plástica do pensamento; é composto pela produção e/ou 
expressão artística e contribui para a construção intelectual do indivíduo. Para a 
produção de um desenho é indispensável que haja uma interpretação da realidade e ao 
mesmo tempo o uso da imaginação; percorre-se um ‘caminho’ que se inicia no 
descobrimento (imaginação) e vai até o conhecimento (apreende-se o saber científico). 
Assim o desenho é uma representação mental dos conhecimentos, interdependente dos 
instrumentos de simbolização, que resulta em uma vinculação mútua. 
A imaginação é sinônimo de irreal, fantástico, que nada tem a ver com a 
realidade; ignora o fato de que todo ato criador carrega a estrutura de base, proveniente 
da imaginação, que o torna possível. 
Para alcançar o real é necessário sonhar e manipular a realidade das coisas 
através de uma relação ativa entre imaginação (fantasia – compreende mentalmente a 
partir de elementos retirados da realidade) e mundo (realidade). 
As principais características do desenho são: a pluridirecionalidade (capacidade 
para realização de várias análises da realidade – distintas perspectivas), o conhecimento 
mediatizado pelos instrumentos com que se analisa a realidade, os sistemas simbólicos 
aplicados (linguagem oral ou escrita; desenhos; etc.) e a multiplicidade de saberes de 
compreensão e/ou explicação de seu mundo. 
É de fundamental importância que a escola não utilize o desenho como um 
método de imitação do adulto, mas sim como instrumento organizador do pensamento 
ou como sistema gráfico de comunicação. Dessa maneira é muito importante para a 
criança a forma como o seu desenho é avaliado pelo adulto, uma vez que o desenho é a 
demonstração de originalidade do desenvolvimento da criança; observando que o elogio 
e/ou a correção excessivos podem ser maléficos à criança, causando transtornos que 
podem perdurar até mesmo na vida adulta. 
Luquet (1927) descreveu o desenho em quatro níveis de desenvolvimento, dentre 
os quais, os momentos de síntese artística da criança (rabiscos ou garatujas) – realismo 
fortuíto, realismo gorado, realismo intelectual e realismo visual. O realismo fortuito tem 
como principal característica a experimentação sobre a direcionalidade, é o desenhar 
linhas sem a consciência de que estas possam representar o objeto; no realismo gorado 
há a presença exagerada ou a omissão de partes do desenho – importância atribuída aos 
detalhes, negligencia proporções e distâncias; o realismo intelectual reproduz ‘o que o 
olho vê’; e o realismo visual tende a coordenar os objetos e proporções métricas. 
 Ainda pontuou que o desenho espontâneo é instrumento de expressão simbólica 
das funções da representação; ressaltando que o desenho infantil passa por diferentes 
momentos evolutivos (etapas de aquisição), sendo que a estabilidade (progressão) 
depende do nível evolutivo adquirido pela criança. Para a expressão gráfica a criança 
utiliza o recordado e/ou o imaginado, sendo que aqui a imaginação é considerada a 
representação da realidade expressa graficamente; a criança analisa cognitivamente a 
realidade, apercebendo-se do conhecimento através do desenho. 
Ressalta-se que a há diferentes momentos evolutivos para a simbolização gráfica 
entre 03 a 05 anos de idade, pois o desenho é a construção individual e cognitiva que 
não se subordina às normas. 
Desenhar um objeto 
Nesta fase ocorre a descoberta do papel e do lápis como instrumentos que 
possibilitam a expressão e a aproximação a novas possibilidades cognitivas através da 
expressão gráfica. Ocorrem as primeiras tentativas, os denominados ‘Rabiscos’, 
composto por uma mistura de riscos e cores, sem a intenção de representar um objeto 
determinado. Esta fase é evolutiva, pois a criança experimenta a direcionalidade dos 
traços, os quais com o tempo aproximam-se à forma, selecionando dentre os múltiplos 
traços alguns que ao se unirem originem um objeto. 
Todo esse processo denomina-se “a expressão da realidade” da qual a criança 
faz parte e/ou “de suas idéias”, o que não é uma tarefa fácil; pois encontrar significado 
para os desenhos é uma construção significado-significante e até que se estabeleça uma 
‘forma’ o significado será variado pela criança, obtendo-se então diferentes leituras a 
partir de um mesmo desenho (ocasiona, por exemplo, a inespecificidade da forma e o 
sentido polissemântico). Quando a criança começa a organizar algumas ‘linhas’, 
fechando-as e relacionando-as, confeccionam-se as primeiras formas, denominadas 
Núcleo ou Base, carregando as singularidades do desenho, portanto a sua construção 
ocorre através da junção da base com os elementos particulares de cada indivíduo. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
O desenho do objeto 
Como já mencionado anteriormente, o desenho é a representação da criança, de 
sua percepção imediata sobre tudo o que é vivido/visto de forma direta; o ponto de 
partida para o ato de desenhar pode ser uma lembrança mais ou menos próxima ou a 
percepção imediata de determinado objeto, sendo que o resultado não é uma simples 
cópia (pois quando considerado como uma simples cópia despreza a subjetividade 
interpretativa que a criança tem da realidade – a construção cognitiva que permite 
observar, perceber e compreender a realidade; suporte para a arte de se expressar). 
Quando a criança atinge um ‘estágio’ no qual há a realização do ‘traçado 
correto’, há um resultado evolutivo de simbolização e representação mental; além da 
relação entre observação da realidade e a atividade perceptiva. 
Ainda é visível a presença de modificações na realização dos desenhos, por 
conta de sugestões que venham a ser dadas as crianças; por conta da fragilidade da 
imagem mental ou por conta da necessidade de constante releitura; fazendo com que o 
resultado obtido ao final do desenhar seja diferente da idéia pensada inicialmente; para 
que haja a coincidência entre a idéia inicial e sua consecução é indispensável a perícia 
gráfica (ajuste entre a representação mental e a simbolização gráfica – depende da 
habilidade motora do sujeito). Há certa dificuldade para harmonizar percepção e 
observação, e esse fato é por causa da incapacidade de síntese, a qual ocasiona a 
justaposição dos objetos e a falta de relacionamento da parte com o todo. 
Quando não ocorre a perícia gráfica a criança muda o desenho e 
conseqüentemente entra em conflito devido a necessidade de arranjar um novo 
significado para o mesmo; criando assim diversas possibilidades válidas ou adaptáveis 
ao desenho, a esse processo chamamos analogia morfológica. 
 
 
 
 
 
 
 
Desenhar um tema 
O mundo das idéias e sua respectiva representação são amplos e difusos; os 
objetos são ‘momentos’, criações particulares que servem para uma descrição geral: a 
necessidade cognitiva, a qual conduz a relação entre as distintas figuras; assim a criança 
reconhecerá que pode desenhar mais aspectos do que os que já foramdesenhados. 
Nessa fase encontramos algumas dificuldades como: a representação de 
movimentos (pois as representações nos desenhos são estáticas – devem ser insinuados 
por meio das marcas gráficas); a superposição dos elementos; a necessidade de 
expressar o todo (inclusive aquilo que não se vê – transparência); a dificuldade de 
relacionar objetos. 
Dessa forma há a conquista do objeto permanente e a formação da imagem 
mental – operações concretas; a criança reconstrói seus esquemas de ação através da 
representação, manifestando a necessidade de consciência dos novos níveis de 
conhecimento. Encontramos nessa fase desenhos em perspectiva, proporções ciclópicas 
(desenho composto por várias figuras inseridas umas nas outras) e caráter 
desmensurado. 
 
 Desenhar uma historieta. 
Para a representação de um tema faz-se necessário a articulação dos objetos 
entre si, visando à obtenção de uma construção correta; compondo a partir de pequenos 
temas todas e cada cena, formando um todo. O desenho – sistema simbólico de 
expressão do pensamento – é um veículo de comunicação, no qual o particular e o geral 
se articulam em um único sistema de compreensão. É o funcionamento estrutural 
isomorfo que inicialmente apresenta o 
desenho de um objeto e seqüencialmente uma composição temática. 
Partindo da observação da realidade deparamos com duas vertentes: a percepção 
de imagens estáticas (ao invés de cenas dinâmicas) e a relação entre a continuidade 
estável e a alteração dos elementos. 
Ao representar uma historieta a criança fazer referência à totalidade a partir de 
um desenho; consciente da necessidade de explicar os vários momentos para 
compreender o todo. Construindo assim múltiplos significantes e articulando 
argumento, idéia e significado. É indispensável manter a forma e a cor, pois estas são 
constantes de ordem figurativa que permitem identificar/reconhecer objetos e 
personagens através da construção 
lingüística. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Conclusão 
Aprender a desenhar é aprender a simbolizar graficamente todos os 
conhecimentos da realidade circundante; é o ponto de partida para a aquisição de todos 
os demais códigos lingüísticos. Não é só atingir um conjunto de técnicas, mas sim 
construir um instrumento com o qual podemos conhecer a realidade expressando o 
conhecimento que dela se possui. 
Desenhar é a construção própria do pensamento quanto as formas de 
interpretação do mundo; expressando-se mediante símbolos; uma forma de vida. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Referência: 
FORTUNY, Joan. “Construtivismo e Educação”, Anais do XII Encontro Nacional de 
Professores do PROEPRE. Campinas, 1995. (O desenho como expressão do 
pensamento, p. 11-19). 
 
ASSIS, Orly Zucatto Mantovani de. PROEPRE – Fundamentos Teóricos. Campinas, 
1999. (Direito à Educação e Prática Pedagógica). 
 
ASSIS, Orly Zucatto Mantovani de. PROEPRE – Prática Pedagógica. Campinas, 1999. 
(O desenho).

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