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1ª edição Reitor: Prof. Maurício Chermann EQUIPE DE PRODUÇÃO CORPORATIVA Gerência: Adriane Aparecida Carvalho Coordenação de Produção: Diego de Castro Alvim Coordenação Pedagógica: Karen de Campos Shinoda Equipe Pedagógica: Graziela Franco, Rúbia Nogueira Coordenação Material Didático: Michelle Carrete Revisão de Textos: Adrielly Rodrigues, Aline Gonçalves Diagramação: Amanda Holanda, Douglas Lira, Nilton Alves Ilustração: Everton Arcanjo Impressão: Grupo VLS / Gráfica Cintra Imagens: Fotolia / Freepik / Acervo próprio Os autores dos textos presentes neste material didático assumem total responsabilidade sobre os conteúdos e originalidade. Proibida a reprodução total e/ou parcial. © Copyright Brazcubas 2019 1ª edição 2019 Av. Francisco Rodrigues Filho, 1233 - Mogilar CEP 08773-380 - Mogi das Cruzes - SP S223a CDU-617.7 Santana, Marcelo. Avaliação de saúde ocular / Marcelo Santana. - 2019. - Mogi das Cruzes, SP. 111p. Bibliografia ISBN - 978-85-7188-083-2 1. Oftalmoscópio. 2. Biomicroscópico. Sumário Sumário Apresentação 5 O Professor 7 Introdução 9 1unidade I 1Oftalmoscópio 11 1.1 Introdução ao oftalmoscópio 11 1.2 Características do aparelho 17 1.3 Manobra de Brockner e Strampelli 22 1.4 Polo anterior do olho e retina 27 2unidade II 2Oftalmoscopia de polo posterior 31 2.1 Introdução 31 2.2 Avaliação da papila óptica 33 2.3 Vasos do fundo de olho 39 2.4 Mácula 43 2.4.1 Integralidade da região macular 48 2.5 Tapete retiniano 49 3unidade III 3Biomicroscópio 53 3.1 Apresentação do aparelho 53 3.2 Conduta e sistema de iluminação 72 3.3 Sistema de iluminação direta 74 3.4 Sistema de iluminação indireta 82 4unidade IV 4Manobras do optometrista para auxiliar na avaliação de saúde ocular 89 4.1 Avaliação de saúde ocular 89 4.2 Confrontação de campo 90 4.3 Livro de Amsler 95 4.4 Tonometria de pálpebra 101 4.5 Sinais clínicos do ceratocone 102 Referências 109 Apresentação 5 Apresentação Caro aluno, seja bem-vindo ao conteúdo de Avaliação de Saúde Ocular. O pro- fissional optometrista precisa discernir se o paciente tem um problema visual ou ocular. Para isso, aprenderemos diversas avaliações realizadas com aparelhos (ava- liação armada) ou por meio de procedimentos simples, mas eficientes. Você começará os estudos das unidades conhecendo os aparelhos e como manuseá-los. Será muito importante a sua dedicação aos estudos para desenvolver habilidades e competências. É fundamental que assista às videoaulas para compreender melhor o con- teúdo, além de realizar leituras complementares e as atividades no AVA (Ambiente Virtual de Aprendizagem). Todo o conteúdo o ajudará em nossas aulas e no polo. Esta disciplina será muito importante para uma avaliação da saúde ocular dos seus futuros pacientes. Objetivos da Disciplina: • Conhecer os aparelhos que o optometrista poderá usar; • Entender como eles funcionam; • Diferenciar o que se está observando: fisiológico ou patológico. Competências e Habilidades da Disciplina: • Manuseio dos aparelhos com habilidade; • Competência para utilizar o aparelho em qualquer situação de seu propósito; • Identificar cada observação feita com os aparelhos ou por meio das manobras optométricas. O Professor 7 O Professor Prof. Marcelo Santana Sou o professor Marcelo Santana. Tenho forma- ção Técnica em Óptica pelo Senac – SP (2005); gra- duado em Óptica e Optometria pela Universidade Braz Cubas – Mogi das Cruzes (2009); pós-graduado em Optometria Avançada pela mesma instituição (2013); e pós-graduando em Ortóptica e Ciência da Visão pelo Centro Universitário Celso Lisboa, no Rio de Janeiro (2017). Trabalhei em óptica desde 1999, após a formação em optometria, atuei em gabinete e hospital em São Paulo. Sou docente da Brazcubas há quase oito anos, onde ministro aulas de: Anatomia Ocular, Patologia Ocular, Avaliação de Saúde Ocular, Semiologia Ocular, Optometria Prática e estágios. Será um prazer compartilhar com você o fantástico conhecimento sobre a saúde ocular! Introdução 9 Introdução Caro aluno, a disciplina de Avaliação de Saúde Ocular é de fundamental impor- tância para você aprender a fazer uma avaliação armada (avaliação com aparelhos). Portanto, é indispensável para a sua formação. Recomendo estudar profundamente toda a base teórica do livro. “A theoria (teoria), ao elevar o objeto até o nível da sua ideia, essência ou arquétipo, capta o esquema de possibilidades do qual esse objeto é a manifestação particular e con- creta”, e “A práxis (prática), ao contrário, transforma a coisa, isto é, atualiza uma des- sas possibilidades (dada pela teoria), excluindo imediatamente todas as demais.” E, ainda, “A investigação teórica insere o ser (aluno) no corpo da possibilidade que o contém, e o explica e integra no sentido total da realidade. A práxis (prática), ao con- trário, limita suas possibilidades, realizando uma delas, sem via de retorno” (Olavo de Carvalho, 2015). Portanto, precisamos ter uma fundamentação teórica sólida para obtermos os resultados da prática (que será apenas uma gota em um oceano teórico de conhecimento). Aconselho-o a obter um aparelho chamado oftalmoscópio, a fim de praticar a teoria. Não tenha medo das práticas de Biomicroscopia/Lâmpada de Fenda. Sua presença nas aulas será fundamental para o aperfeiçoamento da prática de outras manobras. São quatro unidades, e o conteúdo de cada uma será distribuído em três prin- cipais mídias: livro didático, videoaula e Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA). Bom, pronto para iniciar?! Vamos em frente! Observação: as imagens deste livro serão melhor visualizadas na versão colorida, disponível em seu AVA. Oftalmoscópio unidade I 11 1unidade I 1Oftalmoscópio Disponível em: <https://bit.ly/2LBDHQJ>. Acesso em: 05/07/2019. 1.1 Introdução ao oftalmoscópio O aparelho oftalmoscópio tem como objetivo principal verificar o fundo de olho. Porém, antes da criação do aparelho, o único registro sobre o fundo do olho é sobre reflexo dos olhos dos animais, feito à noite, no século I d.C. Tempos depois, percebeu-se que os reflexos pupilares eram o máximo que se sabia sobre o fundo do olho. 1Comando Tabela Oftalmoscópiounidade I 12 Méry, no ano de 1704, ao colocar um gato em um vaso transparente, percebeu que quanto mais o bichano se afogava, mais as pupilas se dilatavam, de maneira que conseguia ver mais o fundo do olho do infeliz animal. Johann Purkinje, em 1827, descreveu os princípios da luz e da lente conver- gente em pupilas de animais. Seu estudo ajudou nos princípios da oftalmoscopia direta. Charles Babbage, em 18 47, desenvolveu um aparel ho que seria o mais próxim o de um oftalmoscópio. Com esse aparelho, Babbage cons eguiu verificar o segmento po sterior do olho. Porém, ao com provar a sua invenção, não levo u em consideração a luz conv ergente refletida do olho, comp ensando com lentes divergentes. Figura 1.1 – Charles Babbage Disponível em: <https://bit.ly/2cQjkyQ>. Acesso em: 07/06/2019. Augenstegel foi o nome dado ao primeiro oftalmoscópio na apresentação do aparelho na Sociedade Médica de Berlim, no ano de 1851, pelo médico Hermann von Helmoltz. Mas quando apresentado na Inglaterra, o nome oficial ficou conhecido como oftalmoscópio. Oftalmoscópio unidade I 13 Hermann entendeu que a luz incidente iria se refletir no sentido inverso no olho . Mesma manifestação de um es pelho. Figura 1.2 – Hermann von Helmholtz Disponível em: <https://bit.ly/2qUZO9J>. Acesso em: 07/06/2019. O aparelho possuía um orifício no centro de um espelho do tamanho da palma da mão. A luz (luz de vela ou lâmpada a gás), que ficava ao lado do paciente, incidia nesse espelho, refletindo em direção ao olho do paciente. Posteriormente, Hermann melhorou o aparelho acrescentando três placas pla- nas, com isso, o espelho do aparelho ficou mais divergente. Assim, outros passaram a melhorar a invenção.Reute, em 1852, desenvolveu um espelho côncavo com ori- fício. Rekoss, no mesmo ano, incorporou discos giratórios para poder focar melhor as estruturas. Loring, em 1869, finalizou o aparelho com condições de selecionar as lentes e aplicar os princípios da oftalmoscopia direta monocular. Em 1885, Dennett inventou o oftalmoscópio elétrico com lâmpada para flashes – melhorando a visão e a mobilidade do fundo de olho. Em 1958, foi introduzida a mira de fixação (retículo), como finalidade de prognóstico de terapia visual (pleóptica), segundo informa o dr. Richard Keeler. O aparelho se tornou popular em 1930, com muitas modificações, adaptações e melhorias. Tornou-se importantíssimo no processo dos cuidados do fundo de olho. Oftalmoscópiounidade I 14 Não podemos deixar de citar que nesse mesmo período outros aparelhos investigativos foram desenvolvidos, como o oftalmoscópio monocular indireto, o biomicroscópio etc. Oftalmoscópio indireto monocular compactado foi desenvolvido pela American Optical, em 1957 (veja Figura1.3). O campo de observação no fundo de olho se tor- nou maior, mesmo com miose pupilar. Todo seu mecanismo evitava a inversão da imagem observada. Atualmente, o PanOptic, Figura 1.4, da empresa Welch Allyn, é o aparelho mais moderno nesse segmento. Figura 1.3 – American Optical Disponível em: <https://bit.ly/2InnnRF>. Acesso em: 17/06/2019. Figura 1.4 – Welch Allyn – PanOptic Disponível em: <https://bit.ly/2ZxQw2d>. Acesso em: 17/06/2019. Oftalmoscópio unidade I 15 Tabela 1.1 – Oftalmoscópios: direto e indireto monocular Adaptada de: <https://bit.ly/2WPsfYF>. Acesso em: 17/06/2019. Podemos dizer que o oftalmoscópio de luz própria, assim como todos os instrumentos desenvolvidos para examinar o olho humano, consiste em um sistema de iluminação e outro de observação. Atualmente, a tecnologia do celular é capaz de rea-lizar fotos do fundo do olho, permitindo a análise deste com mais detalhes e precisão. Mas, nesta unidade, deve-mos aprender sobre o oftalmoscópio direto monocular (o termo direto está relacionado ao fato de não ser usada nenhuma lente de auxílio para a observação do fundo de olho por meio do oftalmoscópio). Talvez você esteja se pe rguntando: qual é o mel hor aparelho: oftalmoscóp io direto ou um Pan Optic? O PanOptic, grosso modo , tem uma observação geral no fundo do olho, o oftalmo scópio direto específico , além de outros detalhes que ver emos no decorrer do se mestre. Oftalmoscópiounidade I 16 Podemos utilizar o oftalmoscópio para: 9 Alterações oculares – alterações de polo anterior e dos meios refringentes; 9 Alterações sistêmicas – problemas no fundo do olho podem refletir hipertensão sistêmica ou diabetes; 9 Determinar a fixação excêntrica – para prognóstico de terapia visual e medidas de desvios oculares; 9 Medir defeitos refrativos – poderemos determinar o tipo de vício refrativo e até quantificá-lo; 9 Avaliação para a contatologia – verificar se as adaptações de lentes rígidas estão corretas; Porém, sem dúvida, a análise do fundo de olho é o principal objetivo desse aparelho. Pontos importantes, como: a vascularização terminal (como os pequenos vasos – vênulas, arteríolas e capitares), função de determinada região do córtex, doen- ças do fundo do olho e sistêmicas, mostram a grande importância desse aparelho quando fazemos análise de fundo de olho. Nunca o profissional optometrista poderá negligenciar o uso em seu cotidiano clínico. A maior possibilidade de detalhamento das estruturas do fundo de olho poderá ser bem observada se o optometrista se aproximar ao máximo (2,5 cm) do olho do paciente. Haverá o efeito “Buraco de fechadura”, o qual, quanto mais próximo, maior será o campo de observação, pois criará um ângulo gradativamente maior para o que está se observando. Todos os raios emergentes estarão paralelos se o foco e o objeto forem conju- gados com o cristalino totalmente desacomodado. Toda a imagem observada será virtual, não invertida, do fundo de olho. Lembrando que a magnificação das imagens ocorrerá pelas lentes do próprio olho. Na oftalmoscopia indireta (terá uma lente de +/- 20D) binocular, a magnificação ficará a cargo da lente posta à distância de um braço, pupilas dilatadas por meio de Oftalmoscópio unidade I 17 fármaco (o que nos impede, como optometristas, a utilização desse método de ava- liação do fundo de olho), imagem real e invertida. Para entendermos a magnificação do olho, faremos uma média de dioptria entre os meios refringentes: córnea (45D) e cristalino (15D). O valor da soma de ambos os meios será 60D. Dividiremos as 60D por quatro. Terá como resultado 15, que serão as vezes de aumento da imagem observada no fundo de olho. 45D (Córnea) + 15D (Cri stalino) = 60D 60D/4 = 15X de aument o. Em um olho míope, a imagem do fundo de olho será maior; já no do hiperme- trope, a imagem será menor. Porém devemos lembrar que o vício refrativo do optometrista e/ou do paciente precisa ser compensado no próprio aparelho. 1.2 Características do aparelho Oftalmoscópiounidade I 18 Tabela 1.2 – Desvantagens do oftalmoscópio direto monocular Fonte: NOVER (2000). Figura 1.5 – Oftalmoscópio – Posição dianteira 1 2 3 4 Adaptada de: <https://bit.ly/2ZvU6Ki >. Acesso em: 17/06/2019. Oftalmoscópio unidade I 19 Figura 1.6 – Localização traseira 1 2 3 4 Adaptada de: <https://bit.ly/2ZvU6Ki>. Acesso em: 17/06/2019. Tabela 1.3 – Características do aparelho Adaptada de: <https://bit.ly/2RmlhEr>. Acesso em: 17/06/2019. Oftalmoscópiounidade I 20 Figura 1.7 – Projeção da incidência de luz na observação com o aparelho Observador 0 Iθ Paciente Lente de focagem Prisma Lente condensadora Fonte de iluminação Adaptada de: <http://www.scielo.br/pdf/rbef/v36n2/03.pdf>. Acesso em: 17/06/2019. Independentemente das marcas existentes no mercado, a maioria terá os recursos dos diafragmas (grande e médio), fenda, azul de cobalto, verde, mira de fixação e um conjunto de lentes a serem ajustadas. Figura 1.8 – Aberturas e filtros Adaptada de: <https://bit.ly/2RmlhEr>. Acesso em: 17/06/2019. Oftalmoscópio unidade I 21 Tabela 1.4 – Característica do oftalmoscópio com variações entre as marcas Adaptada de: <https://bit.ly/2RmlhEr>. Acesso em: 17/06/2019. Oftalmoscópiounidade I 22 1.3 Manobra de Brockner e Strampelli As duas manobras nos ajudarão a saber se há alterações nos meios refringen- tes e qual tipo de ametropia esse paciente poderá ter (podendo até fazer a refração). As manobras de Brockner e retinoscopia de Strampelli são testes simples. Manobra de Brockner, por meio da comparação dos reflexos pupilares, ajudará a conhecer possíveis alterações nos meios refringentes. Isso ocorrerá porque o opto- metrista usará o oftalmoscópio incidindo a luz em direção às pupilas do paciente; a luz emitida chegará à retina. A retina, por se comportar como um espelho, refletirá a luz do aparelho. Contudo, se em algum meio refringente do olho, ao penetrar, a luz for impedida de atingir a retina, ou a própria retina perder a reflexibilidade, as pupilas não ficarão destacadas ou terão reflexos diferentes, sinalizando possível pro- blema nos meios refringentes, inclusive na própria retina. A seguir, lista com suspeitas que possam acometer esse olho se não refletir, ou se refletir de forma irregular, a luz do oftalmoscópio: 9 Retinoblastoma; 9 Glaucoma; 9 Catarata; 9 Retinopatia da prematuridade; 9 TORCHS; 9 Persistência da vasculatura fetal; 9 Enfermidade de COATS; 9 Toxocaríase; 9 Astrocitoma retiniano; 9 Displasia de vitreorretiniana; 9 Endoftalmite metastásica; 9 Meduloepitelioma; 9 Pars planite; 9 Hemangiomas capilares; 9 Uveíte crônica granulomatosa com hipopion; Oftalmoscópio unidade I 23 9 Hamartroma combinados de retina e EPR; 9 Angioma plano de coroide; 9 Teratoma intraocular; 9 Fibras nervosas mielinizadas extensas;9 Coloboma de nervo óptico; 9 Vitreorretinopatia exudativa familiar; 9 Ametropias; 9 Ceratocone; 9 Estrabismo; 9 Anisometropias; 9 Alterações da córnea: distrofias. De algumas dessas doenças conseguiremos suspeitar com uma análise de fundo de olho, outras não. O importante é que, observando alterações nos reflexos, na maioria das vezes, devemos encaminhar ao profissional médico. Propedêutica 1. Sala escura; 2. Distância de 1 metro (ou 50 cm); 3. Mesma altura do paciente; 4. Oftalmoscópio com o visor de dioptria em plano (0); 5. Oftalmoscópio com o diafragma maior; 6. Incida o diafragma interciliar do paciente (entre os cílios); 7. Observe na janela de observação do oftalmoscópio; 8. Compare os reflexos vermelhos da pupila (são da retina); 9. Primeiro em PPO; 10. Depois, oriente o paciente com uma mão para todas as direções do olhar; Oftalmoscópiounidade I 24 11. Sempre comparando um reflexo e outro; 12. Com reflexos diferentes, entende-se que há alteração ocular; e com refle- xos iguais, o olho é considerado normal; 13. Teremos as opacificações: fixa – que se moverá com o olho; e móvel – que se moverá mesmo quando o olho estiver parado (vítreo e câmara anterior). Figura 1.9 – Movimento da posição das manchas 1 11 1 1 1 2 2 2 3 3 3 4 4 4 2 2 3 4 2 3 3 4 4 Fonte: MICÓ (2011). Havendo opacidades no olho, podemos localizar a sua posição. Diferença entre manchas fixas e móveis: quanto às opacificações fixas (córnea e cristalino), no movi- mento do olhar, no momento da observação, não haverá movimento das manchas. Porém, se as manchas forem no humor aquoso ou corpo vítreo, ao movimentar os olhos, será observado o movimento das manchas. Localização das manchas: para localizar se a mancha está no corpo vítreo ou cristalino, ou humor aquoso e córnea, vamos pensar que no cristalino fica o ponto nodal. Quando tudo estiver atrás do ponto nodal (face posterior do cristalino e corpo vítreo), a mancha se comportará de forma oposta à posição do olhar, porém, quando Oftalmoscópio unidade I 25 estiver à frente do ponto nodal (face anterior do cristalino, humor aquoso e córnea), a mancha se comportará na mesma posição do olhar. Olhando a opacificação no desenho anterior, veremos a profundidade (e possível) localização. Com o oftalmoscópio podemos fazer a Retinoscopia de Strampelli, indicada para não cooperativos ou crianças. Bento XVI Strampelli percebeu um padrão de sombra e fez a descrição da técnica em 1931. Ao incidir a luz do oftalmoscópio direto no olho do paciente, perceberá que o reflexo não será uniforme, mas apresentará uma sombra em meia lua no olho do amétrope, variando a posição conforme o vício refrativo apresentado. Para os mío- pes, a meia lua se apresentará superior em relação ao cabo do oftalmoscópio, ou superior ao reflexo da pupila, enquanto para o hipermetrope será na mesma posição do cabo do oftalmoscópio, ou inferior ao reflexo da pupila. Figura 1.10 – Padrão da Retinoscopia de Strampelli Sombra direita - hipermetropia Sombra inversa - miopiaSem sombra Fonte: PRIMAS (2016, p. 13). • Uso em bebês, por não colaborarem; • Rápido; • Identifica anisometropias; • Se a meia lua apresentar alterações constantes , podemos desconfiar de problemas acomodativos. Vantagens: Oftalmoscópiounidade I 26 Tabela 1.5 – Observações na técnica de Strampelli Adaptada de: PRIMAS (2016, p. 13). Figura 1.11 – Emétrope Adaptada de: PRIMAS (2016, p. 13). Oftalmoscópio unidade I 27 Figura 1.12 – Sombra na mesma posição da base - Hipermetropia Adaptada de: PRIMAS (2016, p. 13). Figura 1.13 – Sombra na mesma posição da base - Miopia Adaptada de: PRIMAS (2016, p. 13). 1.4 Polo anterior do olho e retina Avaliação do polo anterior corresponde à distância desde as sobrancelhas até chegar ao fundo do olho, diminuindo no disco de Recoss as dioptrias. Ou seja, da maior dioptria corresponde a estrutura mais externa (sobrancelha) até a menor dioptria (retina). Oftalmoscópiounidade I 28 Ajuste o aparelho com +20D positivas (cor verde na janela de observação do aparelho), com o aparelho oftalmoscópio na mão direita e observando com o olho direito do paciente a uma distância de 2,5 cm de distância. Nesse momento, observar sobrancelhas, pálpebras, cílios (inferior e superior), esclera (conjuntiva), fazer eversão de pálpebra. Se mantiver a distância recomendada e perceber que está desfocado, comece a diminuir a dioptria. Mas na pupila, ao diminuir a dioptria, você começará a adentrar o olho. Por ser transparente, humor aquoso, cristalino e corpo vítreo não serão vistos (porém, se houver alguma opacificação, será observado no decorrer da diminuição da dioptria do aparelho). Tabela 1.6 – Dioptrias do oftalmoscópio correspondentes a estruturas a serem observadas Adaptada de: GROSVENOR (2004). 1. Segure o aparelho com a mão direita e observe com o olho direito o olho direito do paciente. Procure observar de forma perpendicular em relação à córnea, e evite contato rosto/rosto com o paciente. 2. É recomendado usar máscara para fazer a avaliação com oftalmoscópio. Não converse durante a manobra com o paciente, converse ao terminar a avaliação. 3. Lave suas mãos antes e depois do atendimento. Lembre-se... Oftalmoscópio unidade I 29 Conheça mais: Na observação do polo anterior, é muito importante a descrição do que está sendo observado (pálpebras, cílios e afins). Podemos também dese- nhar aquilo que vimos. Características consideradas normais das estruturas observadas ocor- rem quando as sobrancelhas forem presentes, ou que não tenham falhas, ou, ainda, sem a presença de piolhos. Pálpebras sem manchas ou feri- das. Cílios alinhados, sem caspas ou grudados. Conjuntiva transparente, sem visualização dos vasos. Córnea transparente, ou seja, não pode estar opaca, com vasos ou branca. Íris não pode apresentar vaso ou manchas elevadas. Pupilas redondas e centradas. Cristalino precisa se apresentar de forma transparente. A descrição é muito importante! Qualquer sinal de alteração precisa ser descrito na ficha optométrica. Aprendemos que: Sobre a história do oftalmoscópio, suas características e importância. Aprendemos algumas manobras, como as simples manobras de Bruckner e Strampellim, que nos indicam pistas do estado refrativo do paciente, ou, ainda, patologias. Até a próxima unidade! Oftalmoscopia de polo posterior unidade II 31 2unidade II 2Oftalmoscopia de polo posterior 2.1 Introdução A avaliação do fundo do olho é extremamente import ante na conduta do optometrista no cuidado primário ocular. Com isso , o optometrista detec- tará possíveis patologias e ajudará na prevenção de ou tras. Após você ter feito avaliação do polo anterior, onde ob servou sobrance- lhas com dioptria +20D no oftalmoscópio e, diminuída essa dioptria, analisou córnea e cristalino, chegará com dioptria entre +2,00 DE e -2,00DE no oftal- moscópio no fundo do olho. 2Comando Tabela Oftalmoscopia de polo posteriorunidade II 32 Importante! Se o avaliador (você) e/ou o paciente forem amétropes, será importante realizar ajuste no disco de Reckos para compensar o vício refrativo. A correção será feita com o cálculo da soma das ametropias (avaliador + paciente – a acomodação). Lente no oftalmoscópio = (refração do avaliador + refração do paciente) – acomodação. Exemplo: (-3,00 + 5,00) – 1,00 = +1,00DE. Se o astigmatismo for maior que 1,00DC, calcular o Equivalente Esférico para compensar no esférico do oftalmoscópio e verificar o fundo de olho. Para uma dioptria: -3,00DE ^-1,50DC X 180. Dividir o astigmatismo por dois e acrescentar no esférico. -1,50DC/2 = 0,75DC, e ao resultado somam-se: -3,00DE. -3,00DE + (-0,75DC) = -3,75DE. Após verificar o Equivalente Esférico, fazer o segundo cálculo para saber a lente do oftalmoscópio. Chegando ao fundo do olho, você começará a avaliaçã o dele pelo disco óptico, depois osvasos, e segue observando a mácula ; por último, fará uma varredura no tapete retiniano. Estes são os quatro importantes pontos a serem avaliados: Oftalmoscopia de polo posterior unidade II 33 2.2 Avaliação da papila óptica 1. Borda da papila; 2. Anel neurorretiniano; 3. ISNT (Inferior maior que Superior, Nasal maior que Temporal); 4. Profundidade de copa; 5. Posição dos vasos; 6. Aspecto dos vasos. Para avaliação da papila , precisamos analisar as seguintes característica s: Figura 2.1 – Borda da papila e escavação Disco Escavação Adaptada de: <https://bit.ly/2XruRvm>. Acesso em: 17/06/2019. Conheça mais: 1. Para que possamos fazer distinção entre a hemorragia e o fundo de olho bem pigmentado, devemos usar o filtro verde. Quando houver sangue (vasos ou hemorragias) no fundo de olho, este ficará mais escuro; quando for pigmentação no fundo de olho, ficará mais claro; Oftalmoscopia de polo posteriorunidade II 34 2. Exceto na observação foveolar, para observar o fundo de olho o paciente deve olhar para o infinito – assim ele evita a acomodação; 3. Ambiente deve ser bem escuro; 4. Para observar o fundo de olho com nitidez, faz-se necessário ajustar no disco de Reckos a dioptria. Ajustando no disco de Reckos até enxergar o fundo de olho, mantenha o ajuste no disco até borrar. Quando borrar, volte no disco à última dioptria com que havia enxergado nitidamente; 5. Peça para o paciente olhar para o infinito. Imagine que está saindo uma linha do centro da pupila. Procure olhar o fundo de olho com cerca de 15° em relação a essa linha imaginária. Assim você chegará à papila; 6. Quanto mais jovem for o paciente, maior será a midríase pupilar; Observe essas dicas no decorrer do processo de aprendizado e boa prática! Conforme a Figura 2.2, a borda do disco (em vermelho) deve ser bem definida. O anel neurorretiniano é localizado na borda do disco (em vermelho) até o limite da escavação (em azul), tem forma de anel, constituído pelas células nervosas (células ganglionares) do nervo óptico. Observaremos que a margem inferior desse anel é maior que a superior, e a nasal é maior que a temporal (ISNT). Importante verificar se o anel neurorretiniano está pálido, pois pode indicar lesão no nervo óptico. Figura 2.2 – ISNT Nasal Superior Temporal Inferior Adaptada de: <https://bit.ly/2XruRvm>. Acesso em: 17/06/2019. Oftalmoscopia de polo posterior unidade II 35 A escavação estará levemente descentrada, tem aspecto esbranquiçado (em alguns casos, a escavação não será evidenciada na observação; em outros casos, terá um tamanho que poderá indicar possível alteração ocular), com deflexão dos vasos que estarão saindo dessa região. Dependendo do tama- nho da escavação, poderemos observar a lâmina crivosa (orifícios que repre- sentam a inserção das fibras ganglionares do nervo óptico). A escavação (tam- bém conhecida como copa ou copo) pode ser centralizada ou descentrada. A sigla americana C/D quer dizer: “CUP – TO – DISC” (relação copa [esca- vação] disco [disco óptico]). Atribui-se um valor de 0,1 a 10 a essa relação (conforme Figura 2.3). Se o tamanho for 0,5 em ambos os olhos, costuma ser fisiológico. Alguns livros indicam as medidas horizontal e vertical: 0,4H x 0,5V. Porém, se houver assimetria (OD 0,5 /OE 0,2), pode indicar possível patologia. Formato: redondo, porém para míopes será menor na visualização, enquanto para os hipermetropes será visualizado com tamanho maior, e para os astigmatas (com altas miopias) será de formato ovalado (com maior eixo na vertical). O formato ovalado pode ser inclinado. Portanto, forma redonda, oval e inclinada. O disco óptico (também conhecid o como escotoma fisiológico ou p apila) é a inserção do nervo óptico no b ulbo ocular. O nervo óptico é com parado a um revestimento de cabo, no qual o s fios seriam as células gangliona res. A inser- ção do nervo óptico na região da esclera posterior será a janela de entrada das células ganglionares para a form ação da retina no fundo do olho . Tem como característica: diâmetro +/- 1,5MM . Borda temporal bem definida. Oftalmoscopia de polo posteriorunidade II 36 Figura 2.3 – Relação disco/escavação (C/D) Horizontal Vertical Disco Escavação (copo) Adaptada de: <https://bit.ly/2Rl8yBP>. Acesso em: 17/06/2019. A Figura 2.3 demonstra a relação disco/escavação, que é indicada no exame de fundo de olho com a seguinte descrição técnica: 0,8H X 0,7V. O valor de 0,8H corres- ponde à região horizontal de 0,8 (como se observássemos 80% da região horizontal do tamanho da escavação em relação ao disco, que seria o total de 100%) e à região vertical 0,7 (como se observássemos 70% na região vertical do tamanho da escava- ção em relação ao disco, que seria o total de 100%). Figura 2.4 – Relação disco/escavação (C/D) Adaptada de: <https://bit.ly/2RHbkBK>. Acesso em: 26/06/2019. Oftalmoscopia de polo posterior unidade II 37 Na Figura 2.4, que demonstra a relação disco /escavação, é indicada no exame de fundo de olho a seguinte descrição té cnica: 0,4H X 0,3V. O valor de 0,4H corresponde à região horizontal de 0,4 (como se observássemos 40% da região horizontal do tamanho da escavação em relaç ão ao disco, que seria o total de 100%) e à região vertical de 0,3 (como se obser vássemos 30% na região vertical do tamanho da escavação em relação ao disco , que seria o total de 100%). Muito importante observar na saída dos vaso s na escavação o pulsar da veia (com as lentes negativas do oftalmoscópio ). Mas caso observe a artéria pul- sando, pode indicar ataque de glaucoma agudo . Outro fator importante é saber a profundidade da escavação. Imagine um buraco no chão, este pode ter abertura gran de, com profundidade pequena ou extensa. Para sabermos, precisamos verifi car essa profundidade. Quando vemos a escavação com grande tamanho (ab ertura), precisamos avaliar essa profundidade. Fazemos da seguinte forma: ve rifique quantas dioptrias o apa- relho oftalmoscópio apresenta na janela de o bservação de dioptria assim que enxergar o disco óptico nítido. Quando focar na escavação, perceberá o aspecto borrado similar à gema do ovo, por isso deve- se mudar a dioptria (lentes nega- tivas) no disco de Reckos para proporcionar n itidez da escavação (aspecto de pontos que é característico da lâmina crivosa) , prossiga mudando no disco de Reckos até borrar a escavação. Quando isso oc orrer, volte no disco de Reckos à última dioptria em que a escavação apresento u-se nítida. Observe, na janela de observação de dioptria do oftalmoscópio, qua l dioptria está registrada. A dife- rença da dioptria antes (quando observou a p apila nítida e escavação borrada) e depois (escavação nítida) será a profundidad e da escavação em dioptria. Para sabermos em milímetros qual a profundidade dessa escavação, basta pensar- mos que, para cada diferença de três dioptrias, há equivalência de um milímetro de profundidade da escavação (GROSVENOR, 2 004). Outra característica presente no fundo de olh o de míopes e hipermetro- pes é a borda do disco, onde podemos ter u ma crescente papilar, em decor- rência do aumento anteroposterior do olho, p ortanto, o aspecto da esclera. O Epitélio Pigmentar da Retina (EPR) não cresceu o suficiente para chegar à borda do disco. Isso ocorre porque o olho é míope (miopia axial), quando apenas a esclera cresce. No caso do hipermetrope ocor re concentração de pigmentação na borda papilar, apresentando uma borda be m marcante. Ambos os casos são apenas características de ametropias altas (aci ma de 6,00 dioptrias tanto hiper- metropes quanto míopes). Oftalmoscopia de polo posteriorunidade II 38 Conheça mais: Segundo Jonas (1999), o tamanho do disco tem variação por diversos fatores: • Sexo: homens possuem o disco menor em relação ao das mulheres. • Ametropia: miopia axial possui o disco menor do que o disco da hiper- metropia axial. • Etnia: o disco doscaucasianos é menor do que dos asiáticos e hispâni- cos, que, por sua vez, possuem o disco maior do que os afro-americanos. Outro aspecto importante são as saídas dos vasos na escavação ou no disco. Em uma escavação com tamanho acima de 0,5 (C/D = 0,5H/0,5V), por exemplo, pre- cisamos perceber que, se os vasos saírem da borda, poderá caracterizar alteração ocular, porém, se saírem do centro da escavação, será considerado normal. Figura 2.5 – Diferença de uma escavação normal (A) e uma escavação grande glaucomatosa (B) Vasos saindo do centro da esca- vação, enquanto esta é extrema- mente pequena, não evidenciada na obervação. Saída dos vasos na periferia da escavação, que se encontra em um tamanho próximo ao do disco (Esc. 0,8 para 0,9). Disponível em: <https://bit.ly/2MUdn6I>. Acesso em: 17/06/2019. Importante! Devemos observar no disco: forma, brilho, mancha de sangue (hemorra- gia), anel neurorretiniano, ISNT, hemorragias, escavação (tamanho em relação ao disco e profundidade), comportamento da saída dos vasos e o pulsar dos vasos. Oftalmoscopia de polo posterior unidade II 39 2.3 Vasos do fundo de olho Após analisarmos a papila, devemos sair dela e seguir os vasos (artéria e veia) até o cruzamento arteriovenoso. Lembrando que a veia é mais grossa (calibre maior), apresenta cor mais avermelhada, enquanto a artéria será mais fina e na cor verme- lho mais claro. Nessa trajetória, analisaremos: 1. Percurso anatômico dos vasos (artéria s e veias); 2. Cruzamento arteriovenoso; 3. Cores das artérias e veias; 4. Relação artéria e veia (A/V); 5. Calibre dos vasos. A artéria no fundo do olho é mais fina que a veia, co m isso, devemos observá-las; ocorrendo diferença nessa observação, o u seja, se a artéria se apresentar na mesma espessura ou mais grossa que a veia, devemos encami- nhar para um médico para avaliar a probabilidade de haver problemas sistê- micos (hipertensão arterial sistêmica) que possam esta r afetando o paciente. Sempre que analisarmos vasos ou compará-los, deve mos observar o mais próximo do cruzamento arteriovenoso do fundo de olho. Anatomicamente os vasos são ligeiramente tortuosos , porém, depen- dendo do nível de tortuosidade, o paciente deverá ser encaminhado para um cardiologista. Oftalmoscopia de polo posteriorunidade II 40 Figura 2.6 – Alterações do percurso dos vasos Sinal de Bonnet Sinal de Gunn Sinal de Salus Disponível em: <https://bit.ly/2KWAuef>. Acesso em: 17/06/2019. Vamos ao AVA! Importante ler o artigo que está no AVA sobre retinopatia hipertensiva, para associar a patologia e as alterações por ela provocadas. Na porção mais periférica do fundo de olho observarem os os cruzamen- tos arteriovenosos. Sem alteração, o cruzamento será n itidamente observado sem mudanças no comportamento dos vasos. Oftalmoscopia de polo posterior unidade II 41 Figura 2.7 – Cruzamento arteriovenoso Cruzamento arteriovenoso Adaptada de: <https://bit.ly/2N8smtZ>. Acesso em: 17/06/2019. Os vasos, além de terem a espessura (calibre) alterada, possuem cores distintas, como você aprendeu. Ambos têm cor verm elha, mas a artéria é mais clara, e a veia, mais escura. Outro ponto importante é a relação A/V (artéria/veia). C omo sabemos, a artéria é mais fina, enquanto a veia é mais grossa, p ortanto, quando esti- ver analisando essa diferença, será importante, ao ch egar próximo de um cruzamento arteriovenoso, comparar paralelamente a artéria em relação à veia. Costumo aconselhar o colega a verificar quantas a rtérias poderiam ser postas dentro da veia ao lado. Conheça mais: Veja na tabela a seguir a diferença entre artéria e veia: Oftalmoscopia de polo posteriorunidade II 42 Tabela 2.1 – Diferenças entre artéria e veia Fonte: elaborada pelo autor. Importante! Verifique agora a classificação de Keith-Wagner-Baker: Tabela 2.2 – Classificação de Keith-Wagner-Baker Adaptado de: Keith-Wagner-Baker Oftalmoscopia de polo posterior unidade II 43 2.4 Mácula Diferentemente da papila, a mácula não é demarcada, porém a percebemos pela alta concentração de pigmentação. Seu centro terá a fovéola. Perceberemos a fovéola, quando a observamos, como um pequeno brilho minúsculo (igual à cabeça de um alfinete). A mácula não poderá apresentar manchas, nem próximo da fovéola pode haver vasos. Conheça mais: Com o diafragma menor, diminui a quantidade de luz, inibindo parcial- mente a reação pupilar. Você pode usar o filtro verde para observar a mácula. Quando for observar a mácula do paciente, oriente-o a olhar para a borda superior da luz do seu aparelho no momento em que você estiver olhando o fundo de olho. Ao observar com a mira, peça para o paciente olhar para a luz do aparelho até observar a mira (demora alguns segundos). Quando o paciente relatar que está vendo a mira, você precisará ajustar (no disco de Reckos) o mais nítido a mira no fundo do olho do seu paciente. No momento em que você e o seu paciente enxergarem a mira ao mesmo tempo, você verá o brilho foveolar – se o paciente não tiver uma pseudofóvea. Oftalmoscopia de polo posteriorunidade II 44 Quando enxergamos uma imagem, esta será projetada na fovéola. Se isso não ocorrer é porque, provavelmente, há um desvio. Por isso analisa- remos a fovéola para melhor compreensão da binocularidade do paciente, pois o desvio (estrabismo) compromete a binocularidade. O estudo da fixação foveolar (GUTIÉRREZ, 2006) permite conhecer o estrabismo do paciente. Projetaremos uma imagem (estrela ou mira) na retina do paciente, onde veremos essa imagem e o paciente relatará o mesmo; dependendo do comportamento foveolar (fixação), definiremos sua excentricidade (ROSA et al., 1996). Em 1958, foi introduzido um retículo (mira) no oftalmoscópio, para ava- liação dessa fixação. Quem a introduziu foi a ortóptica na terapia da pleóptica, segundo o Dr. Richard Keeler, do The Royal College of Ophthalmology. A fóvea (com diâmetro de 5°), que não possui vasos nem células gan-glionares da retina, tem anatomia de um “poço”. Nesse poço ocorre um reflexo bem centralizado, este reflexo (do poço) é conhecido como fovéola (MEIN e HARCOURT, 1986). Sendo a mácula (difícil definir ár ea macular, mas está em torno d e 18°) responsável pela visão de melho r resolução, é a região mais imp ortante do fundo do olho, percebendo em s eu centro um ponto brilhante com o nome de fóvea (GUTIÉRREZ, 2006). Oftalmoscopia de polo posterior unidade II 45 Figura 2.8 – Exemplo de determinação de localização e magnificação da fixação excêntrica fovea 3∆ OF NASAL EF RIGHT EYE Adaptada de: CALOROSO e ROUSE (1993, p. 34). Neste momento é impo rtante relembrarmos a definição anatômica do olho: disco nasal, a mác ula será temporal, porta nto olho direito; brilho f oveo- lar para o sentido temp oral, a base será nasal; se brilho foveolar estiv er no terceiro risco (da mira) , precisamos começar a contar a partir da bord a da mira, portanto, 3 DP (Di optria Prismática) de de svio. Figura 2.9 – Tipos de miras conforme modelos dos aparelhos A B C Fonte: CALOROSO e ROUSE (1993, p. 34). Oftalmoscopia de polo posteriorunidade II 46 Figura 2.10 – Mira do modelo Riester D Adaptada de: <https://bit.ly/2RjEO8t>. Acesso em: 17/06/2019. Conheça mais: Caro aluno, para conhecer as possíveis medidas por meio do retículo, acesse o material da midiateca. É imprescindível que o leia, pois o texto também traz o passo a passo da realização da medida no paciente. Figura 2.11 – Medida da excentricidade fovea 3∆ OF NASAL EF RIGHT EYE Fonte: CALOROSO e ROUSE (1993, p. 34). Oftalmoscopia de polo posterior unidade II 47 Tabela 2.3 – Possíveis alterações Fonte: ADLER (2003); GROSVENOR (2004). Figura 2.12 – Regiões da retina 1 2 3 4 Disponível em: <https://bit.ly/2RzXqkJ>. Acesso em: 26/06/2019. Oftalmoscopia de polo posteriorunidade II 48 Na prática! Ao observarmos o brilhofoveolar, precisamos saber o tipo (central ou não centralizada (excêntrica)), adireção (a pseudofóvea – que será a região da retina que substitui o brilho foveolar [nasal, temporal, superior ou infe- rior]), a magnitude (medir a distância do brilho com a pseudofóvea que estará no retículo [medidas em dioptrias prismáticas]) e a sua estabilidade (se é estável ou instável). Com isso, saberemos o desvio, a condição da qua- lidade visual e o prognóstico terapêutico. 2.4.1 Integralidade da região macular Precisamos observar na região macular: exsudações, vasos sanguíneos, pig- mentação e reflexo foveolar. Importante não haver manchas ou vasos sanguíneos. Por isso, na observação da mácula, há o uso de filtro verde para distinguir pig- mentação e vaso (quando houver sangue, ficará mais escuro, e quando for pigmen- tação, será mais claro). Quando observar a região central da mácula, verificar o brilho foveolar (dia- fragma maior ou menor com luz normal sem filtro). Em uma acuidade visual baixa e na observação (com o oftalmoscópio) de ausência do brilho, haverá suspeita de patologia (retinopatia serosa central, edema macular ou distrofia macular). Outra forma de análise da função foveolar é projetar no fundo de olho, 2,5 cm de distância, a fenda do oftalmoscópio. Pedir para o paciente olhar para a luz (fenda) e relatar se observa essa luz de forma contínua (aspecto de fenda) ou se ela se divide em duas partes. Ao relatar uma luz contínua, significa que a função foveolar está preservada, porém, se relatar duas partes, a função foveolar apresenta compro- metimento estrutural (retinopatia serosa central, edema macular ou distrofia macu- lar). Essa manobra tem o nome de teste de Watzke-Allen (perda da continuidade da fenda). Oftalmoscopia de polo posterior unidade II 49 Ao passar a fenda devagar na região macular, você pode observar mudanças da forma da faixa, caracterizando inchaço ou depressão daquela região. 2.5 Tapete retiniano Esta etapa é uma avaliação geral do fundo de olho. Será muito importante avaliar possíveis alterações significativas. Porém, podemos destacar quatro tipos de fundo de olho com base em etnias ou características de ordem genética. Conheça mais: Para você observar todo o fundo de olho, pode usar qualquer diafragma (maior ou menor); Filtro verde é uma ótima opção porque definirá melhor pigmentação (mais claro) e sangue (mais escuro) ao observar todo o fundo do olho. Figura 2.13 – Fundo de olho bem pigmentado Fonte: NOVER (2000). Oftalmoscopia de polo posteriorunidade II 50 Figura 2.14 – Fundo de olho tigroide ou rarefação do Epitélio Pigmentar da Retina (EPR) Fonte: NOVER (2000). Figura 2.15 – Fundo de olho albino Fonte: NOVER (2000). Oftalmoscopia de polo posterior unidade II 51 Figura 2.16 – Fundo de olho asiático Fonte: NOVER (2000). De modo geral, precisamos verificar no fundo de olho: manchas, hemorragias, depressões ou elevações. Qualquer alteração do fundo de olho significa que será importante encaminhar para avaliação médica. Aprendemos que: A avaliação do fundo de olho tem pontos específicos que devem ser analisados. Prováveis alterações podem ser características de cada indivíduo, por- tanto, alterações não patológicas. Os quatro pontos importantes do fundo de olho (papila, vasos, mácula e tapete retiniano) devem ser bem analisados para não corrermos o risco de passar alguma alteração patológica. Oftalmoscópio pode nos ajudar inclusive para estrabismos. Até a próxima unidade! Biomicroscópio unidade III 53 3unidade III 3Biomicroscópio 3.1 Apresentação do aparelho O biomicroscópio deve seu nome ao fato de permitir q ue o profissional observe, com pouco aumento, os tecidos vivos do olh o. O instrumento con- siste em um sistema de iluminação, um sistema de ob servação, um aparato mecânico necessário para seu suporte e coordenação . O aparelho também é conhecido como lâmpada de fenda, porém, em algu mas literaturas, a bio- microscopia é definida como a ação da observação feit a com o aparelho cha- mado Lâmpada de Fenda. 3Comando Tabela Biomicroscópiounidade III 54 O sistema de iluminação consiste em uma incidência luminosa precisa e variável, com mecanismo de abertura em fenda e diafragmas de vários tamanhos. O sistema de observação é um microscópio binocular com capacidade para amplo aumento. Possui filtros: azul de cobalto, verde e difusor (para incidência homogê- nea de luz sobre o polo anterior do olho). Possui sistema de magnificação de 7X a 40X. Porém, quanto maior a magnificação, menor será o campo visual. Figura 3.1 – As partes do aparelho no modelo Haag-Streit Sistema de acomodação do paciente Sistema de iluminação Sistema de observação Sistema de focalização Fonte: elaborada pelo autor. Biomicroscópio unidade III 55 Figura 3.2 – As partes do aparelho no modelo Zeiss Sistema de observação Sistema de acomodação do paciente Sistema de iluminação Sistema de focalização Fonte: elaborada pelo autor. O aparato mecânico é dividido em sistemas, que, por sua vez, são: iluminação, microscópio e focalização. Cada sistema possui as seguintes características: Tabela 3.1 – Sistema do biomicroscópio Fonte: ORÉFICE (1989); MÉIJOME (2005); BERNUY e BRUSI (2014). Biomicroscópiounidade III 56 Vamos analisar os sistemas separadamente. O primeiro sistema que estudaremos será o de iluminação. A Figura 3.3 des- taca todo o sistema de forma isolada, a fim de se obter noção clara dele. Figura 3.3 – Sistema de iluminação Fonte: elaborada pelo autor. As lâmpadas do aparelho podem ser a halógena (possui iluminação mais intensa) ou a comum de tungstênio (que aquece mais no decorrer da manobra de avaliação, porém com custo menor). Mas com ambas o aparelho funciona bem. Na parte superior do sistema de iluminação teremos a lâmpada. Os apare- lhos podem funcionar tanto com lâmpadas halógenas quanto com lâmpadas de tungstênio. Figura 3.4 – Lâmpada halógena e tungstênio Disponíveis em: <https://bit.ly/2XFiPhT> e <https://bit.ly/2J4Fvjt>. Acesso em: 02/07/2019. Biomicroscópio unidade III 57 Além das lâmpadas, outro importante item no aparelho é o conjunto das lentes condensadoras. O diferencial de custo de um aparelho está vinculado diretamente à qualidade dessa parte, pois a qualidade das lentes condensadoras estará ligada à aberração cromática. Figura 3.5 – Lentes condensadoras Fonte: elaborada pelo autor. Para diminuir ou aumentar a abertura, torná-la paralelepípedo ou fenda, os diafragmas vertical e horizontal serão decisivos para as diversas manobras. Na Figura 3.6, veremos o local do sistema de iluminação para modificar essas aberturas. Figura 3.6 – Diafragma vertical e horizontal Diafragma vertical - controle de altura da fenda Diafragma horizontal - controle da largura da fenda (em alguns aparelhos existe largura do diafragma) Fonte: elaborada pelo autor. Biomicroscópiounidade III 58 O controle de altura e l argura da fenda é feito por meio dos dois dia- fragmas: vertical e horiz ontal. Diafragma vertical dimi nui no sentido vertical o feixe luminoso, produz feixe luminoso cilíndrico (lápis luminoso – diâme tro grande; pincel lumin oso – diâmetro pequeno), a justa a altura da fenda e ainda ajusta o filtro azul. Porém pode ser mudad o conforme o modelo d o aparelho. Um item importante no gabinete optométrico é a fluoresceína, que é usada com o filtro azul de cobalto do biomicroscópio. Quando precisamos fazer uma adap- tação de lentes de contato rígida, ou analisar possível lesão na córnea, usamos a fluoresceína sódica tópica (Figura 3.7). Figura 3.7 – Fluoresceína sódica em tiras ou gotas Disponíveis em: <https://bit.ly/2Xn2ChO> e <https://bit.ly/2Npg6Fm>. Acesso em: 02/07/2019. A fluoresceína sódica co m o filtro azul é usada p elo profissional médico e optometrista. Na Tabe la 3.2 veremos de form a resumida o uso daflu ores- ceína e filtro azul pelas duas profissões. Biomicroscópio unidade III 59 Tabela 3.2 – Filtro azul de cobalto e sua utilidade Fonte: ORÉFICE (1989); MÉIJOME (2005); BERNUY e BRUSI (2014). A dinâmica que o biomicroscópio nos oferece para uma avaliação bem ampla do polo anterior do olho está ligada diretamente à mudança do diafragma (parale- lepípedo e fenda) e à possibilidade de rotação da fenda, como na Figura 3.8. Figura 3.8 – Modificação da fenda ROTAÇÃO DA FENDA Controle de rotação da fenda. Fonte: elaborada pelo autor. A fenda vertical é usada normalmente pelo optometrista. Fenda horizontal e oblíqua é usada (pelo médico) com frequência para o estudo da retina na perife- Biomicroscópiounidade III 60 ria, corpo vítreo, ângulo camerular e polo posterior (com lentes três espelhos de Goldmann). Alguns modelos não têm a haste, e sim uma roda dentada para alterar o diâ- metro das aberturas. Na Figura 3.9 temos o exemplo de uma haste para essa função (modificar o diâmetro da abertura). Figura 3.9 – Hastes Haste Fonte: elaborada pelo autor. A modificação da abertura ou fenda, em alguns aparelhos, pode ser medida em milímetros. Com a modificação da fenda (Figura 3.8) e da haste (Figura 3.9), a finalidade é medir o tamanho vertical, horizontal e inclinado de uma lesão na córnea, nevus, diâmetro total da íris (Diâmetro Horizontal Visível da Íris – DHVI), diâmetro pupilar (com filtro azul de cobalto), entre outras funções. Figura 3.10 – Modificação do tamanho da abertura ou fenda Ajusta o diâmetro do diafragma, fenda no sentido vertical e o filtro azul de cobalto. Fonte: elaborada pelo autor. Biomicroscópio unidade III 61 Na Figura 3.10 observamos a escala das aberturas dos diafragmas na haste – ao girar a haste (Figura 3.9), projetaremos a luz em diafragma circular (com diversos milímetros de tamanho), assim como projetaremos a luz em diafragma com ajuste vertical e o filtro azul de cobalto. Figura 3.11 – Localização dos ajustes do biomicroscópio Ajuste da altura e espessura da fenda Sistema de filtros Diafragma vertical Acompanhamento da rotação da fenda Fonte: elaborada pelo autor. O biomicroscópio nos dá a liberdade de diminuir a abertura de forma horizon- tal (Figura 3.12) e vertical (Figura 3.9). Figura 3.12 – Ajuste do diafragma horizontal Diafragma horizontal Fonte: elaborada pelo autor. Biomicroscópiounidade III 62 Diminuirá o feixe luminoso no sentido do meridiano horizontal, produzindo duas fendas luminosas: paralelepípedo e o corte óptico. Figura 3.13 – Paralelepípedo e corte óptico (fenda) Fonte: elaborada pelo autor. Na Figura 3.14 vemos quais partes interpretaremos quando projetarmos a fenda para observar córnea e cristalinos. A imagem é de uma pupila dilatada, mas com a pupila menor conseguiremos observar também. Figura 3.14 – Partes do olho que observamos com o biomicroscópio Cápsula anterior do cristalino Núcleo do cristalino Córtex posterior do cristalino Córnea A B C D Adaptada de: <https://bit.ly/2NyUhn5>. Acesso em: 18/06/2019. Biomicroscópio unidade III 63 O biomicroscópio possui dois espelhos que ajudam na visualização do polo anterior (espelho grande) e fundo de olho (espelho pequeno). O último é o mais uti- lizado pelo oftalmologista. Figura 3.15 – Espelhos grande e pequeno Grande Pequeno Fonte: elaborada pelo autor. O espelho grande é o mais utilizado para uma avaliação geral do polo anterior do olho, porém, para avaliação de fundo de olho que o médico faz com o colírio midriático para dilatar a pupila e verificar a retina periférica, o espelho menor é o mais utilizado. Figura 3.16 – Local do espelho Espelho Fonte: elaborada pelo autor. Biomicroscópiounidade III 64 Na Tabela 3.3, deixo separada a função dos espelhos. Tabela 3.3 – Espelhos Fonte: ORÉFICE (1989); MÉIJOME (2005); BERNUY e BRUSI (2014). Outra característica do aparelho são seus filtros. Cada filtro ajudará a manter a avaliação do paciente confortável ou a observar possíveis alterações entre a pigmen- tação e hemorragias. Figura 3.17 – Sistema de filtros Sistema de filtros Fonte: elaborada pelo autor. Na Tabela 3.4 há a função de cada filtro no manuseio do aparelho para a inves- tigação do polo anterior. Biomicroscópio unidade III 65 Tabela 3.4 – Filtros Fonte: ORÉFICE (1989); MÉIJOME (2005); BERNUY e BRUSI (2014). Uma função não tão utilizada pelo optometrista é a inclinação do sistema de iluminação (SI). Figura 3.18 – Inclinação do sistema de iluminação (SI) Fonte: elaborada pelo autor. A inclinação do sistema de iluminação serve para estudar a região iridocor- neana, corpo vítreo e retina em sua periferia (usado por médico). A incidência de luz será mais espessa e convergente (oblíquo e horizontal) em cada estrutura acima (quando focado). Biomicroscópiounidade III 66 Os sistemas de iluminação e o de microscopia estão acoplados quando con- jugados, ou seja, ambos se cruzam em um mesmo plano. Quando desacoplamos, separamos os dois sistemas e transformaremos o cruzamento em eixos paralelos. Figura 3.19 – Desacoplagem (click stop) do SI Rotação do SI Fonte: elaborada pelo autor. Saindo do sistema de iluminação, vamos para o sistema de observação. No sistema de observação temos as objetivas, que podem ser alteradas por meio de alavanca, mudanças no canhão das objetivas ou dispositivo lateralizado. Com isso, muda-se a magnificação do aparelho. Figura 3.20 – Sistema de microscopia Objetivas Canhão das oculares Prisma de Porro Fonte: elaborada pelo autor. Biomicroscópio unidade III 67 Figura 3.21 – Local das objetivas Figura 3.22 – Objetivas Fonte: elaborada pelo autor. Fonte: elaborada pelo autor. As objetivas na ocular podem ser trocadas para uma ampla observação do polo anterior ou, ainda, apesar da troca das objetivas que ajudam na observação do polo anterior do olho, com a modificação da alavanca, podem magnificar a imagem ainda mais. Na Figura 3.23 há um terceiro tipo de ajuste das objetivas, na região late- ral do aparelho. Figura 3.23 – Mudança das objetivas por meio de sistema lateral do biomicroscópio Fonte: elaborada pelo autor. Dispositivo lateralizado para a troca da magnificação. Biomicroscópiounidade III 68 Figura 3.24 – Sistema de alavanca Fonte: elaborada pelo autor. A mudança da magnificação do biomicroscópio pode s er realizada ape- nas na troca da ocular ou por meio da alavanca (ou, a inda, por ambas com um conjugado de alavanca e ocular – com essa comb inação a magnificação será aumentada conforme mostra a Tabela 3.5), ou ape nas girando na lateral a magnificação que for desejada. Isso dependerá do m odelo. Alavanca Tabela 3.5 – Combinação de magnificação – ocular e alavanca Fonte: ORÉFICE (1989). Biomicroscópio unidade III 69 O aumento ou a magnificação do aparelho será importante tanto para obser- vações gerais quanto específicas. O aparelho apresenta três níveis de magnificação: Tabela 3.6 – Magnificação Fonte: ORÉFICE (1989); MÉIJOME (2005); BERNUY e BRUSI (2014). O terceiro e importante sistema é o de focalização, pois mesmo que você saiba os ajustes necessários, se não souber focalizar o polo anterior do paciente, não con- seguirá ter êxito nas manobras. Figura 3.25 – Sistema de focalização Trava de base Cremalheira Joystick Base Fonte: elaborada pelo autor. Biomicroscópiounidade III 70 O joystick serve para: a justar o foco (empurran do ou puxando o apa- relho no sentido do pa ciente), vasculhar a est rutura (quando deslizam os o aparelho de um lado pa ra o outro) ou subir e de scer o aparelho (girando -o). O aparelho possui trava s. Essas travas, uma vez acionadas, imobilizarão o aparelho para não mo dificar a posição deste e m relação à estrutura a nali- sada. Com o aparelho t ravado, podemos regist rar com uma câmera (c elular ou fotográfica) a imagem para futuros trabalhos(comportamento das le sões, nevus etc.). O sistema de acomodaç ão do paciente correspo nde ao posicionamento dele no aparelho. Se o paciente se afastar por estar incomodado em frente ao aparelho, você não c onseguirá ver nitidamen te. Figura 3.26 – Sistema de acomodação do paciente Testeira Queixeira Linha de ajuste da altura Fonte: elaborada pelo autor. É fundamental que, no momento da avaliação, o paciente fique confortável, com o queixo na queixeira e a testa na testeira. Ao menor movimento do paciente para se afastar da testeira ou da queixeira, a imagem ficará desfocada. Biomicroscópio unidade III 71 Figura 3.27 – Ajustes dos ângulos Ângulo de ajuste do sistema de microscopia e iluminação Fonte: elaborada pelo autor. Na Figura 3.27 o círculo vermelho da imagem indica onde devemos ajustar o sistema de iluminação e observação criando um ângulo. Alguns aparelhos não pos- suem medidas como na figura citada, levando o especialista a realizar um ângulo dos sistemas de forma subjetiva. Quando você for trabalhar em algum lugar em que outros profissionais se utili- zem do mesmo biomicroscópio para observar o polo anterior, é importante ajustá-lo com o bastão de ajuste de foco. Figura 3.28 – Bastão de ajuste de foco “Eye pience” ou haste de focalização Fonte: elaborada pelo autor. Biomicroscópiounidade III 72 No kit do biomicroscópio há o bastão de ajuste de foco, sua função é ajustar o foco na objetiva do aparelho de acordo com o problema refrativo do avaliador. 1. Se você tiver uma dioptria entre +/- 6,00DE, faça o aju ste sem a sua corre- ção. Se tiver um astigmatismo até 1,50, faça o Equivalen te Esférico e ajuste na ocular do biomicroscópio; 2. Segure a ocular e gire para ajustar em +6,00D; 3. Coloque na base do biomicroscópio o bastão de foco; 4. Ligue o aparelho e projete no diafragma maior, no bastão de ajuste de foco, o diafragma maior; 5. Observe, através da ocular, com o olho direito aberto e o esquerdo fechado, a projeção do diafragma maior no bastão de ajuste de foco; 6. Ajuste na ocular (que você deixou com +6,00D), girand o no sentido a dimi- nuir a dioptria até ajustar o foco do diafragma projetad o no bastão de ajuste de foco; 7. Quando ajustar a imagem no olho direito, repita o p rocesso, fechando o olho direito e abrindo o esquerdo; 8. Após ajustar o foco de ambos os olhos, segure as oc ulares com as duas mãos, como se fossem um binóculo, assim, observe n o bastão de ajuste de foco o movimento nas duas oculares até chegar a imag em única com ambos os olhos abertos. 9. O aparelho está ajustado para observar as estruturas. Ajuste do biomicroscópio 3.2 Conduta e sistema de iluminação Você perceberá que muitas manobras no sistema de iluminação têm nomes na optometria e na medicina. Pretendo colocar ambos os nomes para você fazer a manobra na optometria e, caso converse com um médico, saber de qual manobra estará falando. Biomicroscópio unidade III 73 Vamos analisar o estado anatômico do polo anterior (p ortanto é muito importante fazer uma revisão de anatomia ocular apen as no polo anterior), a patologia (estudar a patologia sabendo o estado ana tômico normal o aju- dará neste primeiro momento) e o estado fisiológico. Importante explicar o exame ao paciente, para que ele colabore. Oriente-o sobre a necessidade de não se afastar da q ueixeira nem da tes- teira. Paciente não usará a sua correção. Na rotina do atendimento, trabalharemos das estrutu ras mais ante- riores para as posteriores, e das estruturas superiore s para as inferiores, rastreando da temporal para a nasal, sempre observa ndo do geral (macro) para o específico (micro), com ajuste da magnificaç ão da menor para a maior, maior abertura de luz para a menor abertura , enquanto a intensi- dade de luz será da menor para a maior. As figuras a seguir mostrarão o mapa de avaliação com a lâmpada de fenda. Figura 3.29 – Manobras da biomicroscopia – Sistema de iluminação direta Feixe cilíndrico/ lápis luminoso Difusor Paralelepípedo Fenda óptica/ corte óptico ou seção óptica Técnica de Van Herick Feixe cônico (Haz Conico)/ Pincel luminoso Especular/Reflexão Especular Tangencial Sistema de iluminação Difusa Focal Direito Adaptada de: ORÉFICE (2013). Biomicroscópiounidade III 74 Figura 3.30 – Manobras de biomicroscopia – Sistema de iluminação indireta Focal Difusa Campo negro Campo amarelo Campo branco Campo vermelho Sistema de iluminação indireta Adaptada de: ORÉFICE (2013). 3.3 Sistema de iluminação direta Magnificação – baixa (7 x a 10x); Ângulo do sistema de i luminação – 30° a 60°; Abertura – diafragma m aior (8x8 mm); Intensidade da ilumina ção – baixa; Observação (macro – g eral) – polo anterior. Na prática! Todas as manobras da biomicroscopia serão demonstradas nas videoau- las e feitas em sala de aula com seu professor, é muito importante a leitura do livro e do conteúdo do AVA. A magnificação corresponde a quanto teremos de aumento na imagem. Apesar de a magnificação ser denominada “Baixa”, a imagem aumenta significativamente. Ângulo corresponde ao sistema de iluminação em relação ao sistema de observa- ção. Já intensidade de luz baixa (baixar a iluminação) é o sistema de iluminação cuja Biomicroscópio unidade III 75 incidência de luz e cujo ponto de observação estão na mesma localização, ou seja, no mesmo plano. Sistema direto difuso f eixe cilíndrico 9 Medida de 8 x 8 mm ; 9 Estudo do polo ante rior. Figura 3.31 – Feixe cilíndrico com iluminação de observação Sistema de iluminação difusa - difusor 9 Não há margens de finidas; 9 Principalmente para fotografias. Figura 3.32 – Iluminação difusa, maior campo de observação Biomicroscópiounidade III 76 Sistema de iluminação direta difusa No sistema de ilumina ção direta difusa anali saremos de forma macro o polo anterior , portanto é important e observar as seguinte s estruturas: 9 Pálpebras; 9 Cílios; 9 Sobrancelhas; 9 Glândulas de Meibo mius; 9 Menisco Lacrimal; 9 Conjuntiva (Tarsal, B ulbar e Fórnice); 9 Córnea; 9 Íris; 9 Pupila; 9 Lentes de contato. Conheça mais: Importante recordar as aulas de anatomia ocular e patologia do segmento anterior. Enquanto a primeira ensinou uma estrutura normal, a segunda mostrou alterações. Portanto agora você está aprendendo a vê-los ao vivo! Esse primeiro momento da avaliação é para verificar se há alguma alteração a ser investigada. É a avaliação geral, a macro, para perceber se anatomicamente está dentro de uma normalidade. Assim, com o sistema direto eu iluminarei (sistema de iluminação) e observarei a mesma estrutura. Após verificar alguma alteração possí- vel, mudo a manobra para o sistema de iluminação direta focal. No sistema de iluminação direta focal teremos cerca de seis manobras. As duas primeiras são o paralelepípedo e a fenda. Biomicroscópio unidade III 77 Figura 3.33 – Diferença entre paralelepípedo e fenda PARALELEPÍPEDO A’ A B C D AB CD C’D’ A’B’ C’ B’ D’ FENDA Adaptada de: ORÉFICE e BORATTO (1989). Tabela 3.7 – Estudo do paralelepípedo e fenda Fonte: ORÉFICE (1989). Sistema de iluminação direta focal em paralel epípedo de Vogt 9 Magnificação – baix a (7x a 10x); 9 Ângulo do sistema d e iluminação – 30° a 60 °; 9 Abertura – largura d e 2 a 3 mm; 9 Intensidade da ilum inação – média; 9 Observação (micro) – rico em detalhes. Biomicroscópiounidade III 78 Com essa manobra estudaremos a localização especial das lesões da córnea (anterior e posterior) e o cristalino. Verifique se há alterações de transparência da córnea ou depósitos nas lentes de contato. Figura 3.34 – Paralelepípedo Fonte: ORÉFICE e BORATTO (1989); Disponível em: <https://bit.ly/2KNgkEa>. Acesso em: 28/06/2019. Sistema de iluminaçã o direta focal em fen da óptica (corte óptico ou secção óptica ) 9 Magnificação – méd ia a máxima (16xa 40x) ; 9 Ângulo do sistema d e iluminação – 30° a 60 °; 9 Abertura – largura d e 1 mm; 9 Intensidade da ilum inação – média e máxim o; 9 Observação (micro) – lesões em profundida de e com muito detalhe. Biomicroscópio unidade III 79 Observe e analise a córnea, a câmara anterior e o cristalino. Avalie de forma profunda a córnea (corpo estranho, opacidade, espessura, edema e infiltrados) e camadas do cristalino. Figura 3.35 – Observação pela manobra da fenda Adaptada de: <http://www.isaacramos.com.br/2013/10/26/catarata-2/>. Acesso em: 30/06/2019. Reflexo especular 9 Magnificação – méd ia a alta (16x a 40x); 9 Ângulo do sistema d e iluminação – 45º (esqu erdo do observador); 9 Abertura – largura d e 1 mm; 9 Intensidade da ilum inação – 45° (direito do observador) máxima; 9 Observação (micro) – padrão do endotélio c orneano e epitélio do cristalino. Biomicroscópiounidade III 80 Figura 3.36 – Manobra do reflexo especular Adaptada de: <https://bit.ly/2YrMgBn>. Acesso em: 28/06/2019. Na Figura 3.36, na imagem em paralelepípedo, percebemos pontinhos na parte posterior do paralelepípedo (no círculo). Padrão normal do endotélio corneano. Técnica ou manobra de Van Herick 9 Magnificação – baix a (7x a 10x); 9 Ângulo do sistema d e iluminação – 60°; 9 Abertura – fenda de 1 mm; 9 Intensidade da ilum inação – alta; 9 Observação (micro) – analisar se a câmara anterior é rasa. Biomicroscópio unidade III 81 Feixe cônico 9 Magnificação – méd ia a alta (16x a 40x); 9 Ângulo do sistema de iluminação – 25° a 6 0° na temporal do pa- ciente; 9 Abertura – menor cí rculo 1 mm; 9 Intensidade da ilum inação – máxima; 9 Observação (micro) . No feixe cônico observamos o humor aquoso, que se encontra na câmara ante- rior, para verificar se há células inflamatórias ou perda da transparência. Importante! Quando assistimos a filmes de terror, percebemos um feixe de luz em um ambiente escuro. No feixe de luz costumamos perceber uma espécie de fumaça ou uma poeira. Este efeito é chamado Tyndall. Quando olhamos para a câmara anterior, projetamos o feixe cônico e vemos uma “poeira” na câmara anterior, é um indicativo de células inflamatórias. Sinal clínico de possível uveíte. Iluminação tangencial 9 Magnificação – baix a a média (7x a 16x); 9 Ângulo do sistema de iluminação – 70° a 9 0° na temporal do pa- ciente (na borda da íris) ; 9 Abertura – menor cí rculo 1 mm; 9 Intensidade da ilum inação – média a máxim a; 9 Observação (micro) – tumor na íris, pigment ação da íris e estudo na iridologia. Biomicroscópiounidade III 82 3.4 Sistema de iluminação indireta O sistema de iluminação indireta é aquele em que iluminamos uma estrutura próxima para observarmos possível alteração no ponto não iluminado. É um sistema de iluminação cuja incidência de luz e o ponto de observação não estão na mesma localização, ou seja, não se encontram no mesmo plano. Figura 3.37 – Esquema do sistema de iluminação indireta Focal Difusa Campo negro Campo amarelo Campo branco Campo vermelho Sistema de iluminação indireta Fonte: ORÉFICE (1989). Sistema de iluminação indireta focal/Retroilu minação indireta: 9 Iluminação incidind o em uma região próxi ma ao ponto de observ a- ção; 9 Desacoplado (click-s top) sistema de observa ção e iluminação. Biomicroscópio unidade III 83 Figura 3.38 – Sistema de iluminação indireta focal Adaptada de: ORÉFICE e BORATTO (1989). Sistema de iluminação indireta difusa manterá em paralelo o sistema de obser- vação e iluminação, portanto não estarão cruzando em um mesmo plano. Vamos desacoplar (click-stop) os sistemas para ficarem paralelos. Sistema de iluminaçã o indireto difuso ca mpo negro/dispersão escleral: 9 Sistemas desacopla dos (click-stop); 9 Incidir a luz na regiã o do limbo temporal. Biomicroscópiounidade III 84 Figura 3.39 – Sistema de iluminação indireta tipo campo negro Adaptada de: ORÉFICE e BORATTO (1989). Sistema de iluminação indireta difuso campo branco: 9 Toda estrutura à fre nte do cristalino. Figura 3.40 – Sistema de iluminação indireta campo branco Adaptada de: ORÉFICE e BORATTO (1989). Biomicroscópio unidade III 85 Sistema de iluminação indireta difuso campo vermelho/retroilumi- nação da retina: 9 Incidir a luz na pupi la sem tocar na borda d a íris, criando um reflex o (geralmente vermelho) na pupila; 9 Se não houver falta de transparência, o refl exo não será vermelho; 9 Corpo vítreo, cristali no e íris. Figura 3.41 – Sistema de iluminação indireta campo vermelho Adaptada de: ORÉFICE e BORATTO (1989). Sistema de iluminação indireto difuso campo amarelo/retroilumina - ção da íris: 9 Luz incidida na íris. Biomicroscópiounidade III 86 Figura 3.42 – Sistema de iluminação indireta campo amarelo Adaptada de: ORÉFICE e BORATTO (1989). Além das manobras, podemos utilizar filtros para melhorar a nossa observação. Iluminação com filtro a zul de cobalto 9 Magnificação – baix a a alta (7x a 40x); 9 Ângulo do sistema d e iluminação – variada; 9 Abertura – todas as aberturas; 9 Intensidade da ilum inação – variada; 9 Observação (micro) – fluoresceína, filtro wra tten#12. Contatologia e lesões da córnea e conj untiva. Iluminação com filtro verde 9 Magnificação – qualquer; 9 Ângulo do sistema de iluminação – variada; 9 Abertura – todas as aberturas; 9 Intensidade da iluminação – variada; 9 Observação (micro) - conjuntiva. Biomicroscópio unidade III 87 Aprendemos que: Não tenha medo de manusear o biomicroscópio. Ele será útil para avalia- ção de polo anterior do olho. Aprendemos que o aparelho com pouca mag- nificação proporcionará magnificação significativa. No momento em que percebermos alterações da estrutura do olho, o aparelho oferece ajustes e manobras que nos ajudam a analisar cada estrutura de forma específica. Com isso, podemos dizer que o biomicroscópio é um grande aliado na ava- liação da saúde ocular dentro do gabinete optométrico. Manobras do optometrista para auxiliar na avaliação de saúde ocular unidade IV 89 4unidade IV 4Manobras do optometrista para auxiliar na avaliação de saúde ocular 4.1 Avaliação de saúde ocular Até agora você aprendeu a verificar o polo anterior do olho e boa parte do polo posterior. Acredito que tenha p raticado a oftalmoscopia e a biomicr osco- pia. Se você for igual a mim, deve ter ficado maravilhado ao ver as estrutu ras do olho com uma magnificação maior, o u o fundo de olho e suas particularid ades. Nesta unidade, aprenderemos várias manobras para reforçar a nossa hip ótese diagnóstica. 4Comando Tabela Manobras do optometrista para auxiliar na avaliação de saúde ocularunidade IV 90 4.2 Confrontação de campo O teste de confrontação de campo é simples e serve para analisar o campo visual do paciente. Assim, o campo visual do optometrista deverá ser normal, para comparar com o do paciente. Por isso recomendo verificar se seu campo visual é considerado normal. Alterações do campo visual estarão ligadas a muitas doenças. Algumas, como glaucoma, retinose pigmentar ou edema de papila, apresentarão campo visual menor do que o do optometrista. Esse teste é muito comum em outras profissões, e cada uma executa de forma diferente. Nesta unidade, você aprenderá sobre a manobra com base na confrontação de campo da Brien Holden Vision Institute, porém, vale ressaltar que existem outras formas de manobra. Segundo o instituto, as vantagens da avaliação de confrontação de campo estão na facilidade, na rapidez e na não utilização de instrumentos. As desvantagens incluem o fato de que serão detectados apenas defeitos gros- seiros; havendo variações no campo visual do avaliador, o monitoramento eficiente do campo visual do paciente pode ficar comprometido. A Brien Holden Vision Institute recomenda cinco procedimentos, nesta sequência: Tabela4.1 – Etapas da confrontação de campo Fonte: BRIEN HOLDEN VISION INSTITUTE. Manobras do optometrista para auxiliar na avaliação de saúde ocular unidade IV 91 Alguns pontos são importantes: 1. Distância entre o paciente e o avaliador deve ser de, aproximadamente, um braço (60 cm); 2. Campo visual do avaliador precisa ser normal; 3. No momento da avaliação, é importante avaliador e paciente se manterem na mesma altura; 4. Paciente ocluirá um olho enquanto o avaliador ocluirá o olho do mesmo lado do paciente (paciente ocluirá olho direito, avaliador ocluirá o olho esquerdo). Vamos aos procedimentos? a. Paciente, olhando para o nariz do avaliador, deverá dizer se observa o canto da boca do avaliador, orelhas, topo da cabeça e sobrancelhas. Nesta etapa, é importante que o avaliador observe se o paciente está olhando para o seu nariz. Figura 4.1 – Posição de avaliação Manobras do optometrista para auxiliar na avaliação de saúde ocularunidade IV 92 a. Divida (mentalmente) o olho do paciente em quatro quadrantes, conforme a figura a seguir, pensando que o cruzamento dessa linha imaginária será o centro da pupila do seu paciente. b. Começando com a mão fechada, apresentará, em cada quadrante por vez, a mão. Figura 4.2 – Localização dos quadrantes Quadrante 1 Quadrante 2 Quadrante 3 Quadrante 4 Figura 4.3 – Posição do teste Manobras do optometrista para auxiliar na avaliação de saúde ocular unidade IV 93 a. Fazer da mesma forma que o CD, porém apresentar os dedos simultanea- mente em dois quadrantes e pedir que o paciente os conte. Figura 4.4 – Posição do teste a. Apresentar as costas das mãos e perguntar se percebe diferença, uma em relação à outra, por exemplo: cor e nitidez. Figura 4.5 – Posição de execução do teste Manobras do optometrista para auxiliar na avaliação de saúde ocularunidade IV 94 a. Paciente olhará para o olho do examinador, e este, por sua vez, vasculhará o campo visual mais periférico do paciente. Verifique na Tabela 4.2 os possíveis achados caso ocorram problemas de perda de campo visual: Tabela 4.2 – Possíveis achados na manobra Fonte: BRIEN HOLDEN VISION INSTITUTE. Confrontação de campo é um teste s imples que ajudará no gabinete opto - métrico. Importante manobra para mais uma confirmação de hipótese diag- nóstica caso o paciente diga, na an amnese, que está esbarrando nas c oisas, que há casos de glaucoma na família , traumas na cabeça etc. Ou quando ainda é verificada assimetria da escavaçã o, cabeça de nervo diferente no m esmo paciente quanto ao brilho, ou quan do se verifica limites da cabeça de nervo. Em uma medida de tonometria pal pebral, verificar valor acima de 21 m mHg. Ou seja, mais uma forma para se id entificar possíveis problemas com a visão do paciente. Manobras do optometrista para auxiliar na avaliação de saúde ocular unidade IV 95 Conheça mais: Estique para frente o braço direito (ou esquerdo), levante o polegar de forma que consiga ver a sua unha. Feche um olho (oposto ao braço levan- tado). Olhe para o centro da unha, você perceberá que o centro da unha está nítido, e perceberá que, ao se afastar da unha, estará desfocando. A unha estará projetada na mácula, e a nitidez estará na fovéola. Saindo da região da unha, será o campo visual. 4.3 Livro de Amsler Tem como objetivo ana lisar apenas a região m acular em todo o seu campo (lembra-se do te ste em que você estico u o braço e olhou no ce ntro da unha?). Verifica se h á algum tipo de alteraç ão nessa região, pois fi cará evidente no teste. Imagine que o paciente relate no gabinete que a imagem está distor- cida como nunca havia sido, nem com os óculo s essa distorção melhor a. Ele relata uso de medicam ento para o coração, p or exemplo. Fazendo a oftal- moscopia, você verifico u manchas na mácula, sendo que o paciente tem mais de 40 anos. São fo rtes indícios de alteraçõ es na mácula. As alterações na glându la pituitária também po dem ser observadas no teste do livro de Amsler . O equipamento necess ário, além do teste ou livro de Amsler, será o oclusor, ambiente bem iluminado, correção par a perto. O teste de Amsler, ou livro de Amsler, surgiu em 1945, criado por Marc Amsler, oftalmologista suíço. Manobras do optometrista para auxiliar na avaliação de saúde ocularunidade IV 96 Características do teste: 1. São sete cartas; 2. De 10 x 10 cm; 3. Usado para detectar pequenas anomalias (1°) no campo central, que não poderiam ser detectadas em avaliações normais; 4. Avalia os 20° centrais do campo macular. Figura 4.6 – Simulado da projeção da grade de Amsler Adaptada de: KANSKI (2008, p. 17). Manobras do optometrista para auxiliar na avaliação de saúde ocular unidade IV 97 Na prática! Propedêutica • Paciente sentado de forma confortável; • Com correção/armação de prova com refração para perto; • Segurar a tela do teste de Amsler a 35 cm; • Teste bem iluminado; • Ocluir olho de pior visão e começar o teste com o olho de melhor visão; • Orientá-lo sobre olhar fixamente no ponto central sem desviar-se deste. Conhecemos a tabela de Amsler, mas existe um livro com várias grades que exploram a região macular com melhor eficiência. Figura 4.7 – Grade 1 – comum nos testes Manobras do optometrista para auxiliar na avaliação de saúde ocularunidade IV 98 Figura 4.8 – Grade 2 – linhas diagonais auxiliam na fixação se o paciente possui escotoma central Figura 4.9 – Grade 3 – quadrantes vermelhos, estimula cones (onda longa). Indicado para escoto- ma e dessaturação de cores (maculopatias tóxicas, neuropatias ópticas e lesões no quiasma) Manobras do optometrista para auxiliar na avaliação de saúde ocular unidade IV 99 Figura 4.10 – Grade 4 – pontos aleatórios para a distinção de escotoma e metamorfopsia Figura 4.11 – Grade 5 – Detecta metamorfopsias Manobras do optometrista para auxiliar na avaliação de saúde ocularunidade IV 100 Figura 4.12 – Grade 6 – Linhas centrais próximas e escuras com fundo branco, avaliação detalhada na região foveolar Figura 4.13 – Grade 7 – linhas centrais finas, cada quadrante tem um ângulo de meio grau – mais sensível Manobras do optometrista para auxiliar na avaliação de saúde ocular unidade IV 101 Figura 4.14 – Grade 8 – fundo amarelo e linhas azuis, toxidade medicamentosa Na ausência de problemas, anote : Amsler ELN (Amsler em Limites Normais), porém, havendo problem a, anote: Olho, natureza do proble ma e localização na tela. Ou, ainda peça pa ra o paciente desenhar em uma folha com a tela de Amsler como está enxergan do. 4.4 Tonometria de pálpebra Além da anamnese, confrontação de ca mpo e oftalmoscopia, outro aliado importante é a tonometria palpeb ral. Na anamnese, é importante saber os s inais clínicos e antecedentes familiares, sendo a incidência maior em etnia negra (glaucoma de ângulo aberto), ou em casos de câmara rasa (gla ucoma de ângulo fechado). Manobras do optometrista para auxiliar na avaliação de saúde ocularunidade IV 102 Teste muito importante é a confrontação de campo. Devemos realizá-lo a fim de observar se o campo visual está normal. Na oftalmoscopia (unidade II) aprende mos sobre sinais clínicos de fundo de olho (cabeça de nervo, vasos, m ácula e tapete da retina). Tonômetro palpebral não é considerado u ma medida padrão (dos tonô- metros existentes, o de aplanação de G oldmann é considerado o “padrão ouro”). O tonômetro palpebral tem varia ção de 2 mmHg para mais ou para menos em relação ao tonômetro de ap lanação de Goldmann. O limite da Pressão Intraocular (PIO) é de 9 mmHg a 21 mmHg. Com a soma de todas as informações (anamnese, confrontaçã o de campo, oftalmoscopia), temos a certeza de um encaminhamento mais e ficiente em suspeitas de glaucoma. Figura 4.15 – Tonômetro de pálpebra Disponível em: <https://bit.ly/2MVoFHC>. Acesso em: 18/06/2019. 4.5 Sinais clínicos do ceratocone