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Heidegger apresenta algumas estruturas existenciais para a composição de um olhar diferenciado para o acontecimento humano. São consideradas por ele constituintes do ser-ai-no-mundo as seguintes dimensões: temporalidade, espacialidade, o ser-com-o-outro, a disposição, a compreensão, o cuidado (Sorge) e o ser-para-a-morte. Essas estruturas irão compor um quadro de análise para o filósofo a partir da produção de uma metodologia denominada de: Recuperação Destrutiva. A leitura fenomenológica existencial do homem aponta para a formação de uma narrativa que, à primeira vista, pode parecer um tanto quanto abstrata e de difícil entendimento por se tratar de um plano iminentemente filosófico. Em sua origem estão os esforços de produção de sentidos ao fenômeno humano para além dos referenciais já articulados pelos diversos discursos científicos. Apesar da exigência de esforços de compreensão de seu campo temático, está no cerne de significações desta perspectiva três noções fundamentais para a apreensão do fenômeno humano, quais são elas: Natureza, história e existência. Os psiquiatras suíços, Ludwin Binswanger e Medard Boss encontraram nas noções dos existentes de Heidegger elementos e consistência filosófica para a produção de uma clínica psiquiátrica radicalmente diferenciada em suas perspectivas médico-científicas tradicionais, acolhendo a perspectiva do adoecer como condição significativa da própria existência humana. Como desdobramento desta influência e deste posicionamento científico com relação ao entendimento do ser humano, os autores também contribuem para o surgimento de uma nova abordagem na Psicologia, denominada de: Psicologia Humanista O termo Daseinsanálise é utilizado pelo filósofo alemão Martin Heidegger, que apresenta seus pensamentos formulados na obra Ser e Tempo (1927). Nela encontram-se expressos os fundamentos para a formação de uma leitura fenomenológica do homem, combatendo a noção ontológica das coisas por elas mesmas e rompendo, radicalmente, com a ideação de essência originária das coisas no mundo. Concordando com a leitura de Heidegger, assinale a alternativa que melhor define a Daseinsanálise: Importa-se com as questões ontológicas do ser analisado em seus aspectos históricos Há, dentre outras dimensões éticas para o acontecimento clínico na perspectiva fenomenológica, uma condição fundante deste encontro que exige do terapeuta um manejamento criativo e sensível da presença do cliente que, em certos momentos pode parecer estar vivendo uma espécie de bloqueio existencial, não lhe permitindo compreender o momento ou ao menos, atribuir-lhe certo sentido familiar. Com relação ao manejamento terapêutico, está correto o que se apresenta na alternativa: O terapeuta estará atento ao plano interpretativo que o próprio cliente faz de seu jogo narrativo, devolvendo para ele os seus sentidos e significados de enunciações. A clínica na perspectiva da Daseinsanálise se caracteriza como um encontro entre o ser do terapeuta coexistente ao ser do cliente. Uma prática que se estabelece na ética do cuidado que se revela até mesmo em termos de nomenclaturas e definições a serem assumidas pelos envolvidos nessa clínica. Deste modo, a substituição da terminologia paciente para cliente torna-se um bom exemplo para a reflexão. Sobre esta mudança terminológica, considere as seguintes alternativas: I. A mudança nesta terminologia recoloca o sujeito como protagonista de sua própria narrativa histórica. II. Estabelece um modo de relação em que a subjetividade do terapeuta é tomada como matéria para o encontro com o cliente. III. A mudança de nomenclatura se justifica pelo caráter econômico da relação, a qual se constitui como um serviço e o terapeuta é remunerado por isso. IV. A mudança terminológica se justifica pela superioridade de existência do ser médico sobre o sujeito. Está correto o que se apresenta na alternativa: I e II Na obra O estigma da Loucura e a perda da autonomia, Naffah (1998, p. 4) apresenta a seguinte proposição: “Mesmo pacientes que seriam considerados psiquiatricamente bastante comprometidos pela ciência acadêmica vigente podem viver num clima de liberdade, de autonomia e de consideração mútua, dependendo apenas de que se lhes respeite a condição de seres humanos”. NAFFAH, A. N. O estigma da Loucura e a perda da autonomia. Bioética, São Paulo, v. 6, n. 1, p. 1-5, 1998. Disponível em: https://revistabioetica.cfm.org.br/index.php/revista_bioetica/article/view/328. Acesso em: 30 jun. 2021. A concepção de ser humano expressa pela passagem deste autor revela uma leitura teórico-prática da Psicologia, que abordagem é esta: Abordagem fenomenológica. Para desenvolver um plano filosófico que de fato rompesse com as análises metafísicas ocidentais formuladas na dualidade dos fenômenos em suas parcialidades dicotômicas, tais como, corpo e mente, alma e matéria, teoria e prática, dentre outras, Heidegger apresentará, em suas formulações um projeto discursivo a partir do que denominou de Essenciais Fundamentais. Fazem parte deste projeto as noções de: Fazem parte dos existenciais fundamentais de Heidegger a noção de tempo, espaço, corpo e cuidado. Heidegger, em sua trajetória acadêmica, foi assistente de Husserl e ambos contribuíram de maneira significativa para inaugurar um novo pensamento filosófico sobre o homem e o mundo, transformando o entendimento e os modos de acesso do pensamento científico às manifestações do ser e, consequentemente, do entendimento de uma nova possibilidade de pensamento em psicologia. Assinale a alternativa correta sobre o pensamento destes filósofos: Para Husserl, é possível se chegar as essências através da consciência, responsável por dar sentido as coisas. Para Heidger, o ser não se confunde com as essências, apesar de se manifestar também por nelas. Na base da Daseinsanálise está a produção de Heidegger de um vocabulário próprio. Como parte desta produção, a analítica da existência inaugura uma perspectiva de pensamento sobre o ser do homem, livre e independente do pensamento filosófico ocidental, baseado na análise metafísica do sujeito e na transcendentalidade da consciência como único acesso ao conhecimento das coisas. Identifique as citações que caracterizam o correto sentido de analítica adotado pelo filósofo: I. É uma fragmentação do todo em partes acessíveis às possibilidades existenciais. II. Constitui-se em uma modalidade de pensamento como atitude reflexiva do ser. III. É o processo que constitui o homem como ente interrogado pelo ser. IV. É uma objetividade sobre o homem a partir de suas possibilidades existenciais. II e III