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2 
Sumário 
Módulo 1 - Uso da força pelos agentes de segurança pública ............................. 5 
Apresentação do Módulo ......................................................................................... 5 
Objetivos do Módulo ................................................................................................ 5 
Estrutura do Módulo ................................................................................................ 6 
Aula 1 – Uso da força: conceitos e definições ......................................................... 7 
Aula 2 – Uso da força ............................................................................................ 12 
Aula 3 – Legislação sobre o uso da força .............................................................. 15 
Código de Conduta para Encarregados da Aplicação da Lei (CCEAL) ............. 15 
Objetivo do CCEAL ............................................................................................ 23 
Princípios Básicos sobre o Uso da Força e Armas de Fogo (PBUFAF) ............. 24 
Legislação brasileira .......................................................................................... 28 
O agente de segurança pública e o uso da força ............................................... 34 
Necessidade do Uso da Força ........................................................................... 37 
Responsabilidades pelo uso da força ................................................................ 38 
Finalizando... ......................................................................................................... 40 
Módulo 2 – Modelos de uso diferenciado da força .............................................. 41 
Apresentação do Módulo ....................................................................................... 41 
Objetivos do Módulo .............................................................................................. 41 
Estrutura do Módulo .............................................................................................. 41 
Aula 1 – Propostas de modelos de uso diferenciado da força ............................... 43 
Modelos de Uso Diferenciado da Força ............................................................. 43 
Aula 2 – Descrição dos modelos ........................................................................... 46 
Modelo FLETC ................................................................................................... 46 
Modelo GILlESPIE ............................................................................................. 47 
Modelo REMSBERG .......................................................................................... 48 
Modelo CANADENSE ........................................................................................ 50 
 
 
3 
Modelo NASHVILLE. .......................................................................................... 52 
Modelo PHOENIX .............................................................................................. 53 
Aula 3 – Análise comparativa dos modelos apresentados..................................... 54 
Aula 4 – Proposta de um modelo básico do uso diferenciado da força ................. 56 
Finalizando... ......................................................................................................... 58 
Módulo 3 – Princípios básicos do uso da força ................................................... 59 
Apresentação do Módulo ....................................................................................... 59 
Objetivos do Módulo .............................................................................................. 59 
Estrutura do Módulo .............................................................................................. 60 
Aula 1 – Princípios básicos sobre o uso da força .................................................. 61 
Aspectos gerais .................................................................................................. 61 
Uso da força: questões preliminares .................................................................. 63 
Usar ou Empregar Arma de Fogo ...................................................................... 70 
Atirar ou Disparar Arma de Fogo ....................................................................... 72 
Uso da Força: ações indispensáveis .................................................................. 73 
Princípios Básicos sobre o uso da Força e Armas de Fogo pelos Funcionários 
Responsáveis pela Aplicação da Lei .................................................................. 79 
Circunstâncias especiais para disparo de arma de fogo .................................... 81 
Disparos de armas de fogo: Agentes de Segurança Pública x infratores ........... 88 
Aula 2 – O Triângulo da Força ............................................................................... 89 
Finalizando... ......................................................................................................... 92 
Módulo 4 – O Uso Diferenciado da Força.............................................................. 93 
Apresentação do Módulo ....................................................................................... 93 
Objetivos do Módulo .............................................................................................. 95 
Estrutura do Módulo .............................................................................................. 95 
Aula 1 – Uso Diferenciado da Força ...................................................................... 96 
Aula 2 – Níveis de força diferenciada .................................................................... 98 
 
 
4 
Níveis de resistência da pessoa abordada ......................................................... 98 
Aula 3 – Estudo das Reações Fisiológicas .......................................................... 111 
Direcionamento dos disparos realizados por agentes de segurança pública ... 113 
Aula 4 – Roteiro de Relatórios e de Apuração Referentes ao Uso de Força e Arma 
de Fogo................................................................................................................ 114 
RELATÓRIOS (conforme Diretriz nº 24 da Portaria nº 4226)........................... 114 
Procedimentos após o disparo de arma de fogo .............................................. 115 
Relatório básico para apuração de situações de uso da força pelo Agente de 
Segurança Pública ........................................................................................... 117 
Roteiro básico para apuração de situações de uso de força potencialmente letal 
(disparo de arma de fogo), pelo Agente de Segurança Pública ....................... 118 
Finalizando... ....................................................................................................... 120 
 
 
 
5 
Módulo 1 - Uso da força pelos agentes de 
segurança pública 
 
 
Apresentação do Módulo 
 
 
Antes de iniciar seus estudos, reflita sobre as seguintes questões: 
Você, como agente de segurança pública, tem uma opinião clara sobre o uso 
legítimo da força? 
Como você vê os limites do uso da força? 
 
Conhecer a teoria não é suficiente para se ter um controle efetivo diante de 
situações adversas que implicam a atuação do agente de segurança pública; é preciso 
também prática, isto é, saber agir. A proposta aqui apresentada objetiva criar 
condições para que vocês, agentes de segurança pública, possam estudar os 
“caminhos norteadores”, isto é, posturas adequadas de como usar a força em variadas 
situações, aplicando-a de modo eficaz sem romper com o princípio ético e moral da 
corporação pertencente, bem como com seus próprios direitos e deveres, não apenas 
como agente público a serviço da sociedade, mas também como pessoa, cidadão. 
As Nações Unidas consideram que qualquer ameaça àvida e à segurança dos 
funcionários responsáveis pela aplicação da lei deve ser encarada como uma ameaça 
à estabilidade da sociedade em geral. 
 
 
Objetivos do Módulo 
Ao final deste módulo, você será capaz de: 
• Compreender os principais conceitos relacionados ao estudo do Uso da Força; 
• Conceituar o significado do uso da força e arma de fogo pelos agentes de 
segurança pública; 
• Identificar a legislação internacional e nacional que trata do uso da força e arma 
 
 
6 
de fogo; 
• Apontar as atitudes adequadas do agente da área de segurança pública ao 
realizar uma abordagem policial em uma dada circunstância; 
• Aplicar, em situações-problema, de maneira correta, o uso diferenciado da força 
nas intervenções policiais; e 
• Listar os procedimentos técnicos e táticos a serem seguidos antes, durante e 
depois do uso da força e arma de fogo. 
 
 
 
Estrutura do Módulo 
O conteúdo deste módulo está dividido em 3 aulas: 
Aula 1 – Uso da força: conceitos e definições 
 
Aula 2 – Uso da força 
 
Aula 3 – Legislação sobre o uso da força 
 
 
 
 
 
7 
Aula 1 – Uso da força: conceitos e definições 
 
 
Uma das grandes dificuldades ao tratar da temática do Uso da Força era 
sempre a unificação de conceitos que regem a matéria. Assim sendo, desde a 
publicação da Portaria Interministerial nº 4226 de 31 de dezembro de 2010, que 
estabelece Diretrizes Sobre o Uso da Força pelos Agentes de Segurança Pública, 
alguns desses conceitos foram consolidados e padronizados como meio de facilitar o 
entendimento uniforme por todos os profissionais envolvidos. 
 
 
Conheça alguns conceitos básicos: 
 
Ética: é o conjunto de princípios morais ou valores que governam a conduta de um 
indivíduo ou de membros de uma mesma profissão. 
Armas de menor potencial ofensivo: Armas projetadas e/ou empregadas, 
especificamente, com a finalidade de conter, debilitar ou incapacitar temporariamente 
pessoas, preservando vidas e minimizando danos à sua integridade. 
Equipamentos de menor potencial ofensivo: Todos os artefatos, excluindo armas 
e munições, desenvolvidos e empregados com a finalidade de conter, debilitar ou 
incapacitar temporariamente pessoas, para preservar vidas e minimizar danos à sua 
integridade. 
Equipamentos de proteção: Todo dispositivo ou produto, de uso individual (EPI) ou 
coletivo (EPC) destinado à redução de riscos à integridade física ou à vida dos agentes 
de segurança pública. 
Força: Intervenção coercitiva imposta a pessoa ou grupo de pessoas por parte do 
agente de segurança pública com a finalidade de preservar a ordem pública e a lei. 
Instrumentos de menor potencial ofensivo: Conjunto de armas, munições e 
equipamentos desenvolvidos com a finalidade de preservar vidas e minimizar danos 
à integridade das pessoas. 
Munições de menor potencial ofensivo: Munições projetadas e empregadas, 
 
 
8 
especificamente, para conter, debilitar ou incapacitar temporariamente pessoas, 
preservando vidas e minimizando danos à integridade das pessoas envolvidas. 
Nível do uso da força: Intensidade da força escolhida pelo agente de segurança 
pública em resposta a uma ameaça real ou potencial. 
Princípio da Conveniência: A força não poderá ser empregada quando, em função 
do contexto, possa ocasionar danos de maior relevância do que os objetivos legais 
pretendidos. 
Princípio da Legalidade: Os agentes de segurança pública só poderão utilizar a força 
para a consecução de um objetivo legal e nos estritos limites da lei. 
Princípio da Moderação: O emprego da força pelos agentes de segurança pública 
deve, sempre que possível, além de proporcional, ser moderado, visando sempre 
reduzir o emprego da força. 
Princípio da Necessidade: Determinado nível de força só pode ser empregado 
quando níveis de menor intensidade não forem suficientes para atingir os objetivos 
legais pretendidos. 
Princípio da Proporcionalidade: O nível da força utilizado deve sempre ser 
compatível com a gravidade da ameaça representada pela ação do opositor e com os 
objetivos pretendidos pelo agente de segurança pública. 
Técnicas de menor potencial ofensivo: Conjunto de procedimentos empregados 
em intervenções que demandem o uso da força, através do uso de instrumentos de 
menor potencial ofensivo, com intenção de preservar vidas e minimizar danos à 
integridade das pessoas. 
Uso diferenciado da força: Seleção apropriada do nível de uso da força em resposta 
a uma ameaça real ou potencial visando limitar o recurso a meios que possam causar 
ferimentos ou mortes. 
 
No estudo da Segurança Pública verifica-se que surgem três ideias principais 
com relação ao trabalho dos agentes de Segurança Pública: 
• Uma ideia de proteção da paz social e da ordem pública e a segurança dos 
cidadãos; 
 
 
9 
• Uma ideia de investigação ou de informações na investigação criminal; 
• A noção de que a aplicação da lei se faz pela força, se necessário. 
 
 
Segurança Pública deve estar a serviço do direito. 
 
Os Órgãos de Segurança Pública, de modo geral, têm por missão garantir a 
paz e a segurança de uma comunidade, bem como a segurança de cada cidadão, 
impondo-lhe a força, caso seja necessário, para o respeito e para cumprimento das 
leis. 
Disso se extrai que as prerrogativas dos Órgãos de Segurança Pública podem, 
em casos extremos, levar ao uso da força e de armas de fogo para garantir o 
cumprimento da lei, ao reconhecimento e ao respeito dos direitos e das liberdades de 
todos e para satisfazer as justas exigências da moral, da ordem pública e do bem-
estar de uma sociedade democrática. (artigo 29 da Declaração Universal dos Direitos 
Humanos – DUDH) 
 
Importante! 
É importante ressaltar que o Uso da Força e de armas de 
fogo deve ser limitado por leis e regulamentos, colocando 
sempre em evidência a questão do serviço e do interesse 
público. 
O exercício do poder para usar a força e armas de fogo não 
é uma questão individual, mas sim uma questão de função. 
Qualquer uso que não esteja dentro do marco legal estará sujeita 
a uma crítica por excesso, desvio, abuso de autoridade ou poder. 
É aqui, precisamente, que os valores éticos são fundamentais. 
 
 
 
 
 
 
10 
No estudo da doutrina do Uso da Força muitos autores já se pronunciaram sobre 
o tema, veja o que já foi dito e compares com a nossa doutrina brasileira: 
“Toda intervenção compulsória sobre o indivíduo ou grupos de indivíduos, quando 
reduz ou elimina sua capacidade de auto decisão.” (BARBOSA & ANGELO 2001, 
p.107) 
“Os países outorgam suas organizações de aplicação da lei à autoridade legal para 
usarem a força, se necessário, para servirem aos propósitos legais de aplicação da 
lei.” (ROVER 2000, p. 275) 
“O Estado intervém, com violência legítima, quando um cidadão usa a violência para 
ferir, humilhar, torturar, matar outros cidadãos, de forma a garantir a tranquilidade. É 
a lógica da violência legítima contendo a violência ilegítima.” (SILVA 1994, p. 48) 
 
Autores clássicos como Max Weber introduzem a expressão “monopólio da 
violência” (do alemão Gewaltmonopol des Staates) referindo-se à definição de Estado 
atribuindo-lhe o “monopólio do uso da força física dentro de um determinado território. 
Tal monopólio, segundo o autor, pressupõe um processo de legitimação. Esse 
é um princípio de todos os Estados modernos. Portanto, o Estado soberano moderno 
se define pelo “monopólio do uso da força”. 
O “monopólio da força” significa que o emprego da coerção é função de 
exclusiva competência de certos Agentes do Estado – de uma Organização ou de uma 
“máquina” institucional – e não de outros agentes da sociedade. 
Entretanto, na atividade de Segurança Pública, prefere-se utilizar o termo Uso 
da Força ao invés do termo uso da violência, pois este último nos leva a uma ideia de 
abuso, de ilegalidade e de atitudes não profissionais, ideias essas que não coadunam 
com a atividade de serviço e proteção pelos Agentesde Segurança Pública. 
Portanto, se o Agente de Segurança Pública deixar de cumprir tais requisitos, 
o Uso da Força será caracterizado como ilegítimo, sendo então, apontado como 
violência1, truculência, abuso do poder, entre outras formas de desvio de 
 
1 Violência Diretriz 14: Combate à violência institucional, com ênfase na erradicação da tortura e na redução da 
letalidade policial e carcerária. BRASIL, Decreto nº 7.037 de 21 de dezembro de 2009. Programa Nacional de 
 
 11 
procedimentos não concebíveis ao Agente da área de Segurança Pública, integrante 
de uma Organização promotora de paz social e como tal deve seguir os parâmetros 
legais e éticos. 
 
 
 
Na próxima aula, você estudará as ideias sobre o uso da força e atividade 
profissional dos agentes de segurança pública. 
 
 
Direitos Humanos- PNDH 3. Publicado no Diário Oficial da União, de 22 de dezembro de 2009. 
 
 
12 
Aula 2 – Uso da força 
 
Você deve ter notado que o simples conhecimento de um texto não é suficiente 
para que um profissional tenha uma conduta adequada. É necessário o entendimento 
de que sua profissão deriva dos ideais legais e democráticos do nosso país. Assim 
sendo, você já deve ter percebido a importância de estudar sobre Segurança Pública 
e sobre o Uso da Força e de armas de fogo no desempenho da sua atividade. 
Parte dos problemas enfrentados hoje com relação ao abuso de autoridade, e 
sua expressão última que é a brutalidade e a violência do Agente da área de 
Segurança Pública, resultam da ausência de uma substantiva sobre o emprego 
qualificado e comedido da força. 
 
 
Refletindo sobre a questão... 
 
Reflita sobre sua experiência e vivência como Agente de 
Segurança Pública. Você acredita que tais Agentes tem 
consciência da importância do Uso da Força? Do contrário, a 
que atribuiria o uso indevido da força no desempenho da função 
da Segurança Pública? 
 
 
Os órgãos de segurança pública brasileiros recebem uma série de meios legais 
para capacitar seus integrantes a cumprir seus deveres de aplicação da lei e 
preservação da ordem, sempre em busca da paz. Sem estes e outros poderes, tal 
como aquele de privar as pessoas de sua liberdade, você não conseguiria 
desempenhar a sua missão constitucional em defesa da sociedade. 
 
 
 
 
 
13 
Agente de segurança pública! 
Você recebe do Estado a autorização para usar a força quando atua em 
nome do próprio Estado. 
 
Sobre esse pensamento Rover (2000) lembra que: 
“Os Estados não negam a sua responsabilidade na proteção do 
direito à vida, liberdade e segurança pessoal quando outorgam 
aos seus encarregados de aplicação da lei a autoridade legal 
para a força e arma de fogo”. 
 
O agente de segurança pública tem o dever de aplicar a lei e de reprimir com 
energia a sua transgressão em defesa da sociedade, a mesma sociedade da qual ele 
faz parte e de onde ele foi escolhido para se juntar à Força de Segurança Pública. 
“A tarefa do agente de segurança pública é delicada na medida 
em que se reconhece como inteiramente legítimo o uso de força, 
para resolução de conflitos, desde que esgotadas todas as 
possibilidades de negociação, persuasão e mediação.” (FARIA, 
1999) 
 
Os órgãos de segurança pública existem para servir à sociedade e para 
proteger os seus direitos mais fundamentais. Cerqueira (1994, p. 1), acrescenta 
essa ideia ao relatar que: 
“O sistema de justiça criminal, no qual se inclui a polícia, atua 
fundamentalmente para garantir os direitos humanos, em 
sentido estrito, e, portanto, a lógica de uso da força para conter 
a violência é perfeitamente compreensível”. 
 
 
 
 
 
14 
A Força Pública de Segurança, por intermédio dos seus Agentes, atua para 
assegurar que os direitos fundamentais dos cidadãos, individual e coletivamente, 
sejam protegidos. O direito à vida e à segurança pessoal devem ter a mais alta 
prioridade. 
 
Art. 3º DUDH – Todo ser humano tem direito à vida, à 
liberdade e à segurança pessoal. 
 
Art. 4º Convenção Americana do Direitos Humanos: Artigo 
4(1). Direito à vida – Toda pessoa tem o direito de que se 
respeite sua vida. Esse direito deve ser protegido pela lei. 
 
 
 
Neste ponto do seu estudo, pense como o Agente de Segurança Pública 
(funcionário responsável pela aplicação da lei) tem responsabilidade pela proteção de 
todas as pessoas da sociedade. 
Se a sua conclusão foi a de que o Agente tem um grau muito elevado de 
responsabilidade para a proteção à vida das pessoas da comunidade, então 
certamente ele, como funcionário do Estado, é um protetor de vidas, é um protetor do 
direito fundamental de todas as pessoas, é um protetor do maior bem jurídico 
protegido: A VIDA. 
O Agente de Segurança Pública é, assim, um protetor e promotor dos direitos 
fundamentais, é um protetor e promotor dos Direitos Humanos. 
 
Na próxima aula, estudaremos três importantes instrumentos de Direitos Humanos 
relacionados ao uso da força pelos agentes de segurança pública. Esteja atento. 
Compare-os com o mais novo instrumento nacional, a Portaria Interministerial nº 
4.226/2010, que estabelece as Diretrizes sobre o Uso da Força pelos Agentes de 
Segurança Pública. 
 
 
 
15 
Aula 3 – Legislação sobre o uso da força 
 
 
Vamos estudar, a partir de agora, algumas Diretrizes sobre o Uso da Força 
pelos Agentes de Segurança Pública. 
 
 
Código de Conduta para Encarregados da Aplicação da Lei (CCEAL) 
 
É o código adotado por intermédio da resolução 34/169 da Assembleia Geral 
das Nações Unidas, em 17 de dezembro de 1979. É um instrumento internacional, 
com o objetivo de orientar os Estados-membros quanto à conduta dos agentes de 
segurança pública. 
Embora o Código não seja um tratado com força legal, o Código é um 
documento de orientação aos Estados que busca criar padrões para que as práticas 
de aplicação da lei estejam de acordo com as disposições básicas dos direitos e das 
liberdades humanas. 
É um código de conduta ética e baseia-se no exercício da atividade de 
segurança pública nos seus aspectos éticos e legais. Consiste em oito artigos, cada 
um acompanhado de comentários explicativos. 
 
ARTIGO 1.º 
Os funcionários responsáveis pela aplicação da lei devem cumprir, a todo o 
momento, o dever que a lei lhes impõe, servindo à comunidade e protegendo todas 
as pessoas contra atos ilegais, em conformidade com o elevado grau de 
responsabilidade que a sua profissão requer. 
 
 
Funcionários responsáveis pela aplicação da lei 
Conforme o considerando da Portaria 4.226, de 1 de dezembro de 2010, 
que diz sobre “a necessidade de orientação e padronização dos 
 
 
16 
procedimentos da atuação dos agentes de segurança pública aos 
princípios internacionais sobre o uso da força”, o termo “funcionários 
responsáveis pela aplicação da lei” é aplicável a este curso, quando se trata 
dos a gentes de segurança pública. 
 
 
 
Comentário 
a) A expressão “funcionários responsáveis pela aplicação da lei” inclui todos os 
agentes da lei, quer nomeados, quer eleitos, que exerçam poderes de polícia, 
especialmente poderes de prisão ou detenção. 
b) Nos países onde os poderes policiais são exercidos por autoridades militares, 
quer em uniforme, quer não, ou por forças de segurança do Estado, a definição 
dos funcionários responsáveis pela aplicação da lei incluirá os funcionários de 
tais serviços. 
c) O serviço à comunidade deve incluir, em particular, a prestação de serviços de 
assistência aos membros da comunidade que, por razões de ordem pessoal, 
econômica, social e outras emergências, necessitam de ajuda imediata. 
d) A presente disposição abrange não só todos os atos violentos, destruidores e 
prejudiciais, mas também a totalidade dos atos proibidos pela legislação penal. 
É igualmente aplicável à conduta de pessoas não suscetíveis de incorrerem em 
responsabilidade criminal. 
 
 
ARTIGO 2.º 
No cumprimento do seu dever, os funcionários responsáveispela aplicação da 
lei devem respeitar e proteger a dignidade humana, manter e apoiar os direitos 
fundamentais de todas as pessoas. 
 
Comentário 
a) Os direitos do homem em questão são identificados e protegidos pelo direito 
nacional e internacional. Entre os instrumentos internacionais relevantes contam-se 
a Declaração Universal dos Direitos do Homem, o Pacto Internacional sobre os 
 
 
17 
Direitos Civis e Políticos, a Declaração sobre a Proteção de Todas as Pessoas 
contra a Tortura e Outras Penas ou Tratamentos Cruéis, Desumanos ou 
Degradantes, a Declaração das Nações Unidas sobre a Eliminação de Todas as 
Formas de Discriminação Racial, a Convenção Internacional sobre a Supressão e 
Punição do Crime de Apartheid, a Convenção sobre a Prevenção e Punição do 
Crime de Genocídio, as Regras Mínimas para o Tratamento de Reclusos e a 
Convenção de Viena sobre Relações Consulares. 
b) Os comentários nacionais a essa cláusula devem indicar as provisões regionais 
ou nacionais que definem e protegem esses direitos. 
 
 
ARTIGO 3.º 
Os funcionários responsáveis pela aplicação da lei só podem empregar a força 
quando tal se afigure estritamente necessário e na medida exigida para o 
cumprimento do seu dever. 
Portaria Interministerial nº 4226/2010. (Ver em materiais complementares). 
 
Comentários 
a) Essa disposição salienta que o emprego da força por parte dos funcionários 
responsáveis pela aplicação da lei deve ser excepcional. No entanto, admite que 
esses funcionários possam estar autorizados a utilizar a força na medida em que tal 
seja razoavelmente considerado como necessário, tendo em conta as circunstâncias, 
para a prevenção de um crime ou para ajudar na detenção legal de delinquentes ou 
de suspeitos – ou evitá-la. Qualquer uso da força fora desse contexto não é permitido. 
b) A lei nacional restringe normalmente o emprego da força pelos funcionários 
responsáveis pela aplicação da lei, de acordo com o princípio da proporcionalidade. 
Deve-se entender que tais princípios nacionais de proporcionalidade devem ser 
respeitados na interpretação dessa disposição. A presente disposição não deve ser, 
em nenhum caso, interpretada no sentido da autorização do emprego da força em 
desproporção com o legítimo objetivo a atingir. 
c) O emprego de armas de fogo é considerado uma medida extrema. Devem fazer-se 
todos os esforços no sentido de excluir a utilização de armas de fogo, especialmente 
contra as crianças. Em geral, não deverão utilizar-se armas de fogo, exceto quando 
um suspeito ofereça resistência armada, ou quando, de qualquer forma, coloque em 
 
 
18 
perigo vidas alheias e não haja medidas menos extremas para dominá-lo ou detê-lo. 
Cada vez que uma arma de fogo for disparada, deverá informar-se prontamente as 
autoridades competentes. 
 
 
ARTIGO 4.º 
As informações de natureza confidencial em poder dos funcionários 
responsáveis pela aplicação da lei devem ser mantidas em segredo, a não ser que 
o cumprimento do dever ou as necessidades da justiça estritamente exijam outro 
comportamento. 
 
Comentário 
Devido à natureza dos seus deveres, os funcionários responsáveis pela 
aplicação da lei obtêm informações que podem relacionar-se com a vida particular 
de outras pessoas ou ser potencialmente prejudiciais aos seus interesses e 
especialmente à sua reputação. Deve-se ter a máxima cautela na salvaguarda e 
utilização dessas informações, as quais só devem ser divulgadas no desempenho 
do dever ou no interesse. Qualquer divulgação dessas informações para outros fins 
é totalmente abusiva. 
 
 
ARTIGO 5.º 
Nenhum funcionário responsável pela aplicação da lei pode infligir, 
instigar ou tolerar qualquer ato de tortura ou qualquer outra pena ou tratamento 
cruel, desumano ou degradante, nem invocar ordens superiores ou 
circunstanciais excepcionais, tais como o estado de guerra ou uma ameaça à 
segurança nacional, instabilidade política interna ou qualquer outra emergência 
pública como justificação para torturas ou outras penas ou tratamentos cruéis, 
desumanos ou degradantes. 
 
Comentário 
a) Esta proibição decorre da Declaração sobre a Proteção de Todas as Pessoas 
contra a Tortura e outras Penas ou Tratamentos Cruéis, Desumanos ou 
 
 
19 
Degradantes, adotada pela Assembleia Geral, de acordo com a qual: tal ato é uma 
ofensa contra a dignidade humana e será condenado como uma negação aos 
propósitos da Carta das Nações Unidas e como uma violação aos direitos e 
liberdades fundamentais afirmados na Declaração Universal dos Direitos do Homem 
(e noutros instrumentos internacionais sobre os direitos do homem). 
b) A Declaração define tortura da seguinte forma: Tortura significa qualquer ato pelo 
qual uma dor violenta ou sofrimento físico ou mental é imposto intencionalmente a 
uma pessoa por um funcionário público, ou por sua instigação, com objetivos tais 
como obter dela ou de uma terceira pessoa informação ou confissão, puni-la por um 
ato que tenha cometido ou se supõe tenha cometido, ou intimidá-la a ela ou a outras 
pessoas. Não se considera tortura a dor ou sofrimento apenas resultante, inerente 
ou consequência de sanções legítimas, na medida em que sejam compatíveis com 
as Regras Mínimas para o Tratamento de Reclusos*. 
c) A expressão “penas ou tratamento cruéis, desumanos ou degradantes” não foi 
definida pela Assembleia Geral, mas deve ser interpretada de forma a abranger uma 
proteção tão ampla quanto possível contra abusos, quer físicos quer mentais. 
Lei nº 9.455, de 7 de abril de 1997 – Define os crimes de tortura e dá outras 
providências. 
 
 
ARTIGO 6.º 
Os funcionários responsáveis pela aplicação da lei devem assegurar a 
proteção da saúde das pessoas à sua guarda e, em especial, devem tomar 
medidas imediatas para assegurar a prestação de cuidados médicos sempre que tal 
seja necessário. 
 
Veja o que a Portaria Interministerial nº 4226/2010, diz, em seus itens 10 e 11, que: 
 
10. Quando o uso da força causar lesão ou morte de pessoa(s), o agente de 
segurança pública envolvido deverá realizar as seguintes ações: 
a. facilitar a prestação de socorro ou assistência médica aos feridos; 
b. promover a correta preservação do local da ocorrência; 
c. comunicar o fato ao seu superior imediato e à autoridade competente; e 
 
 
20 
d. preencher o relatório individual correspondente sobre o uso da força, disciplinado 
na Diretriz n.º 22. 
 
11. Quando o uso da força causar lesão ou morte de pessoa(s), o órgão de 
segurança pública deverá realizar as seguintes ações: 
a. facilitar a assistência e/ou auxílio médico dos feridos; 
b. recolher e identificar as armas e munições de todos os envolvidos, vinculando-
as aos seus respectivos portadores no momento da ocorrência; 
c. solicitar perícia criminalística para o exame de local e objetos bem como exames 
médico-legais; 
d. comunicar os fatos aos familiares ou amigos da(s) pessoa(s) ferida(s) ou 
morta(s); 
e. iniciar, por meio da Corregedoria da instituição, ou órgão equivalente, 
investigação imediata dos fatos e circunstâncias do emprego da força; 
f. promover a assistência médica às pessoas feridas em decorrência da intervenção, 
incluindo atenção às possíveis sequelas; 
g. promover o devido acompanhamento psicológico aos agentes de segurança 
pública envolvidos, permitindo-lhes superar ou minimizar os efeitos decorrentes do 
fato ocorrido; e 
h. afastar temporariamente do serviço operacional, para avaliação psicológica e 
redução do estresse, os agentes de segurança pública envolvidos diretamente em 
ocorrências com resultado letal. 
 
 
Comentário 
a) "Cuidados Médicos”, significando serviços prestados por qualquer pessoal 
médico, incluindo médicos diplomados e paramédicos, devem ser assegurados 
quando necessários ou solicitados. 
b) Embora o pessoal médico esteja geralmente adstrito aos serviços de aplicação 
da lei, os funcionários responsáveis pela aplicaçãoda lei devem tomar em 
consideração a opinião de tal pessoal, quando este recomendar que deve 
proporcionar-se à pessoa detida tratamento adequado, através ou em colaboração 
com pessoal médico não adstrito aos serviços de aplicação da lei. 
 
 
21 
c) Subentende-se que os funcionários responsáveis pela aplicação da lei devem 
assegurar também cuidados médicos às vítimas de violação da lei ou de acidentes 
que dela decorram. 
 
 
ARTIGO 7.º 
Os funcionários responsáveis pela aplicação da lei não devem cometer 
qualquer ato de corrupção. Devem, igualmente, opor-se rigorosamente e combater 
todos os atos dessa índole. 
 
Comentário 
a) Qualquer ato de corrupção, tal como qualquer outro abuso de autoridade, é 
incompatível com a profissão de funcionário responsável pela aplicação da lei. A lei 
deve ser aplicada na íntegra em relação a qualquer funcionário que cometa um ato 
de corrupção, dado que os Governos não podem esperar aplicar a lei aos cidadãos 
se não a puderem ou quiserem aplicar aos seus próprios agentes e dentro dos seus 
próprios organismos. 
b) Embora a definição de corrupção deva estar sujeita à legislação nacional, deve-se 
entendê-la como tanto a execução ou a omissão de um ato, praticadas pelo 
responsável, no desempenho das suas funções ou com estas relacionado, em virtude 
de ofertas, promessas ou vantagens, pedidas ou aceites como a aceitação ilícita 
desses atos, uma vez a ação cometida ou omitida. 
c) A expressão “ato de corrupção”, anteriormente referida, deve ser entendida no 
sentido de abranger tentativas de corrupção 
 
 
ARTIGO 8.º 
Os funcionários responsáveis pela aplicação da lei devem respeitar a lei e o 
presente Código. Devem, também, na medida das suas possibilidades, evitar e opor-
se vigorosamente a quaisquer violações da lei ou do Código. 
Os funcionários responsáveis pela aplicação da lei que tiverem motivos para 
acreditar que se produziu ou irá produzir uma violação desse Código, devem 
comunicar o fato aos seus superiores e, se necessário, a outras autoridades com 
poderes de controle ou de reparação competentes. 
 
 
22 
Comentário 
a) Este Código será observado sempre que tenha sido incorporado na legislação ou 
na prática nacionais. Se a legislação ou a prática contiverem disposições mais 
limitativas do que as do atual Código, devem observar-se essas disposições mais 
limitativas. 
b) O presente artigo procura preservar o equilíbrio entre a necessidade de disciplina 
interna do organismo do qual, em larga escala, depende a segurança pública, por um 
lado, e a necessidade de, por outro lado, tomar medidas em caso de violações dos 
direitos humanos básicos. Os funcionários responsáveis pela aplicação da lei devem 
informar das violações os seus superiores hierárquicos e tomar medidas legítimas 
sem respeitar a via hierárquica somente quando não houver outros meios disponíveis 
ou eficazes. Subentende-se que os funcionários responsáveis pela aplicação da lei 
não devem sofrer sanções administrativas ou de outra natureza pelo fato de terem 
comunicado que se produziu ou que está prestes a produzir-se uma violação deste 
Código. 
c) A expressão “autoridade com poderes de controle e de reparação competentes” 
refere-se a qualquer autoridade ou organismo existente ao abrigo da legislação 
nacional, quer esteja integrado nos organismos de aplicação da lei quer seja 
independente destes, com poderes estatutários, consuetudinários ou outros para 
examinarem reclamações e queixas resultantes de violações deste Código. 
d) Em alguns países, pode considerar-se que os meios de comunicação social (mass 
media) desempenham funções de controle, análogas às descritas na alínea anterior. 
Consequentemente, os funcionários responsáveis pela aplicação da lei poderão, 
como último recurso e com respeito pelas leis e costumes do seu país e, ainda, pelo 
disposto no artigo 4.º do presente Código, levar as violações à atenção da opinião 
pública através dos meios de comunicação social. 
e) Os funcionários responsáveis pela aplicação da lei que cumpram as disposições 
deste Código merecem o respeito, o total apoio e a colaboração da comunidade em 
que exercem as suas funções, do organismo de aplicação da lei no qual servem e dos 
demais funcionários responsáveis pela aplicação da lei. 
 
 
O artigo 3º do CCEAL trata diretamente do uso da força pelos agentes 
de segurança pública. Ele estipula que os encarregados da aplicação 
 
 
23 
da lei só podem empregar a força quando estritamente necessário e 
na medida exigida para o cumprimento do seu dever. 
É enfatizado pelo documento que o uso da força deve ser excepcional 
e nunca ultrapassar o nível razoavelmente necessário para se atingir 
os objetivos legítimos de aplicação da lei. Nesse sentido, entende-se 
que o uso da arma de fogo é uma medida extrema. 
 
 
 
 
Refletindo sobre a questão... 
 
Tendo em vista o contido no Código de Conduta sobre o uso de 
arma de fogo, qual é sua ideia a respeito? Pense na sua 
realidade e na sua experiência profissional. Você acredita que o 
uso da arma de fogo é uma medida extrema? 
 
 
 
Objetivo do CCEAL 
 
O código objetiva sensibilizar os integrantes das organizações 
responsáveis pela aplicação da lei, ou seja, sensibilizar você, agente de 
segurança pública, para a enorme responsabilidade que o Estado lhes outorga. 
Você é um sujeito de autoridade do Estado e como tal está investido de poder 
de grande alcance, e a natureza de seus deveres coloca-o em situações de corrupção 
e violência em potencial. O documento afirma ainda que expor abertamente esses 
perigos escondidos é o primeiro passo para combatê-los efetivamente. 
A atitude de autoridade tem uma forte relação com a imagem e percepção da 
organização como um todo; carrega assim, alta expectativa com relação aos padrões 
éticos mantidos dentro dos órgãos de segurança pública. 
 
 
 
24 
Importante! 
 
Um agente de segurança pública que excede no uso da força ou 
que seja corrupto pode fazer com que todos os agentes sejam 
vistos como violentos ou corruptos, porque o ato individual 
reflete como ato coletivo da organização. 
 
 
 
O agente de segurança pública protege e socorre a sociedade e, nesse 
sentido, exige-se um grau de confiança muito grande entre o órgão de segurança 
pública e a comunidade como um todo. Essa confiança nasce no momento da 
abordagem, quando a imagem do protetor dos direitos fundamentais das pessoas, 
conhecedor da sua posição no tecido social e, principalmente, da imagem que tem 
das pessoas com quem fala e interage, e as quais aborda, adverte, socorre e captura 
ou prende em flagrante delito. 
Os padrões estabelecidos pelo código devem fazer parte da crença do agente 
de segurança pública, e isto significa que esses valores devem estar conscientemente 
incorporados na sua atuação cotidiana de segurança pública. 
 
 
Princípios Básicos sobre o Uso da Força e Armas de Fogo (PBUFAF) 
É o segundo instrumento internacional mais importante sobre o uso da 
força e arma de fogo. Esses princípios foram adotados no oitavo congresso das 
Nações Unidas sobre a “Prevenção do Crime e o Tratamento dos Infratores”, realizado 
em Havana, Cuba, de 27 de agosto a 7 de setembro de 1990. 
Embora os Princípios Básicos não sejam um documento considerado como 
tratado, isto é, com força legal, é um documento de orientação aos Estados, 
proporcionando normas orientadoras na tarefa de assegurar e promover o papel 
adequado dos agentes de segurança pública. Neste curso, será tratado somente do 
Uso da Força nos níveis que antecedem a letalidade. 
 
 
25 
Os PBUFAF estabelecem parâmetros a serem considerados e respeitados 
pelos governos no contexto da legislação e da prática nacional, e levados ao 
conhecimento dos agentes de segurança pública, assim como de magistrados, 
promotores, advogados, membros do executivo, legislativo e do público em geral. 
O preâmbulo dosPBUFAF reconhece a importância e complexidade do 
trabalho dos agentes de segurança pública, além de destacar seu papel de vital 
importância na proteção da vida, liberdade e segurança de todas as pessoas. 
Acrescenta que ênfase especial deve ser dada à eminência da preservação da ordem 
pública e paz social, bem como da importância das qualificações, treinamento e 
conduta dos encarregados da aplicação da lei. 
 
 
São 26 Princípios (PB) divididos da seguinte maneira: 
 
• Disposições gerais: PB 1 a 8; 
• Disposições específicas: PB 9 a 11. 
• Policiamento de reuniões ilegais: PB 12 a 14. 
• Policiamento de indivíduos sob custódia ou detenção: PB 15 a 17. 
• Habilitação, formação e orientação: PB 18 a 21 
• Procedimentos de comunicação e revisão: PB 22 a 26. 
 
ATENÇÃO!!! 
Veremos a explicação dos pontos mais importantes dos PBUFAFs, mas 
convém que você leia todo o seu conteúdo. 
 
 
Perceba que, nos PB 1 e 2, estão as atribuições dos governos com relação à 
adoção de normas reguladoras no Uso da Força e armas de fogo e na obrigação de 
dotar seus Funcionários Responsáveis pela Aplicação da Lei com variedade de tipos 
de armas e munições que permitam o Uso Diferenciado da Força e de armas de fogo, 
bem como a inclusão de armas incapacitantes não-letais e equipamentos de legítima 
defesa e proteção. 
 
 
26 
O PB 4 ressalta a importância de se recorrer ao Uso da Força e de armas de 
fogo. 
Os PB 5 e 6 indicam o dever dos funcionários responsáveis pela aplicação da 
lei sempre que o Uso da Força e de armas de fogo for inevitável. Perceba que o 
princípio consagrado é sempre agir com moderação, diminuir a quantidade de danos 
ou lesões e dar assistência e preservar a vida humana e comunicar oficialmente os 
atos ocorridos. Lembre-se dos Princípios da Legalidade, Necessidade e 
Proporcionalidade e os demais Princípios também consagrados na Portaria 
Interministerial 4226/2010 no Brasil. 
Os PB 7 e 8 nos recordam que o uso arbitrário ou abusivo é um delito. Lembre-
se: nenhum agente de segurança pública está acima da lei. 
 
ATENÇÃO! 
 
Os PBs 9 e 10 são importantíssimos para a atividade de Segurança 
Pública e devem ser lidos e relidos com muita atenção para evitar uma falsa 
interpretação dos Princípios. A Portaria Interministerial 4226 aborda muito 
claramente as questões colocadas nesses dois Princípios Básicos. Busque 
a informação e compare! 
 
É por isso que os treinamentos e as instruções dos Agentes de Segurança 
Pública são fundamentais para evitarem-se erros na atuação operacional. Os 
treinamentos que você deve levar a efeito são aqueles que guardam semelhança com 
a realidade do serviço de proteção da sociedade. Ex: técnicas de abordagem, técnicas 
adequadas de tiro, técnicas de verbalização, negociação, mediação, resolução de 
conflitos, entre outras. 
Veja que as técnicas de Segurança Pública são importantes, mas importantes 
também são os valores ético profissionais e a observância dos direitos fundamentais 
das pessoas. Isso tudo é um conjunto indissociável que faz parte da sua profissão. A 
sociedade requer um Agente profissional e preparado para a sua defesa e que não 
viole as normas que todos temos de cumprir. Se o Agente se Segurança Pública 
recorre a violações da lei com a desculpa de que tem de fazê-lo para manter a ordem 
 
 
27 
pública, ele não é muito diferente do infrator que está combatendo. As violações por 
parte dos Órgãos de Segurança Pública só reduzem a sua autoridade e a sua 
confiabilidade. 
O PB11 diz respeito ao conteúdo das normas e regulamentos sobre o Uso da 
Força e armas de fogo. 
Os PBs 12, 13 e 14 fazem referência à atuação do Agente de Segurança 
Pública em reuniões públicas. Fazem referência ao direito de reunião pacífica previsto 
em instrumentos internacionais de direitos humanos. Verifique os Princípios de 
Moderação do emprego dos meios estão sempre presentes. 
Os PBs 15, 16 e 17 fazem referência à segurança do cidadão em relação a 
Indivíduos sob custódia ou detenção. Aqui também se repetem os Princípios já 
elencados anteriormente. 
Os PBs 18, 19, 20 e 21 dizem respeito à habilitação, formação e orientação dos 
profissionais encarregados pela aplicação da lei. São mencionados os processos 
seletivos para o ingresso nos Órgãos de Segurança Pública, as qualidades esperadas 
de cada pessoa que ingressa no serviço de Segurança Pública e a necessidade da 
formação contínua no decorrer da carreira. Os treinamentos específicos para cada 
tipo de arma a ser utilizada e os elevados padrões profissionais desejados com o 
estudo de várias áreas do conhecimento humano, entre eles a ética e os direitos 
humanos. 
Por fim, menciona ainda a necessidade de acompanhamento psicológico, quando 
necessário. 
 
De igual maneira a Portaria Interministerial 4226 aborda muito claramente as 
questões colocadas nestes quatro Princípios Básicos. Busque a informação e 
compare! 
Os PBS 22, 23, 24, 25 e 26 dizem respeito à necessidade de se estabelecer 
procedimentos eficazes de comunicação e revisão, aplicáveis e incidentes que 
envolvam o uso da força e de armas de fogo. Eles também mencionam a 
responsabilidade dos funcionários em função de mando caso obtenham conhecimento 
de que incidentes tenham acontecido e não tomaram as medidas administrativas 
adequadas. Por fim, mencionam a questão na inexigibilidade do cumprimento de 
 
 
28 
ordens ilegais para o uso da força e de armas de fogo. 
Aqui também a Portaria Interministerial 4.226 aborda muito claramente as 
questões colocadas nestes cinco Princípios. Busque a informação e compare! 
Além desses instrumentos internacionais, existem os instrumentos nacionais 
que corroboram com eles e devem ser de conhecimento de todos os agentes de 
Segurança Pública. 
 
 
Legislação brasileira 
 
São vários os instrumentos que regulam o Uso da Força e arma de fogo pelos 
Agentes de Segurança Pública. Confira! 
 
IMPORTANTE! 
A Constituição da República Federativa de 1988, no art. 144, 
estabelece que a “Segurança Pública, dever do Estado, direito e 
responsabilidade de todos, é exercida para a preservação da 
ordem pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio”, 
por intermédio de vários órgãos dos Órgãos de Segurança. (grifo 
nosso) 
 
 
Código Penal 
 
O Código Penal contém justificativas ou causas de exclusão da antijuridicidade 
relacionadas no artigo 23, ou seja, estado de necessidade, legítima defesa, estrito 
cumprimento do dever legal e exercício regular de direito, como se vê: 
Exclusão de ilicitude 
Art. 23. Não há crime quando o agente pratica o fato: 
I. em estado de necessidade; 
 
 
29 
II. em legítima defesa; 
III. em estrito cumprimento do dever legal ou no exercício 
regular de direito. 
 
 
Código de Processo Penal 
 
O Código de Processo Penal contém em seu teor dois artigos que permitem o 
emprego de força pelos agentes de segurança pública no exercício profissional, são 
eles: 
Art. 284. Não será permitido o emprego de força, salvo a 
indispensável no caso de resistência ou tentativa de fuga do 
preso(...). 
Art. 293. Se o executor do mandado verificar, com segurança, 
que o réu entrou ou se encontra em alguma casa, o morador 
será intimado a entregá-lo, à vista da ordem de prisão. Se não 
for obedecido imediatamente, o executor convocará duas 
testemunhas e, sendo dia, entrará à força na casa, arrombando 
as portas, se preciso; sendo noite, o executor, depois da 
intimação ao morador, se não for atendido, fará guardar todas 
as saídas, tornando a casa incomunicável, e logo que 
amanheça, arrombará as portas e efetuará a prisão. 
 
 
Código Penal Militar 
 
O Código Penal Militar contém em seu teor o artigo 42 relacionado com a 
Polícia Militar, no tocante ao emprego de força, como se vê: 
 
Exclusão de crime 
Art. 42. Não há crime quando o agente pratica o fato: 
I. em estado de necessidade; 
 
 
30 
II. em legítima defesa;III. em estrito cumprimento do dever legal; 
IV. em exercício regular de direito. 
 
 
Código de Processo Penal Militar 
O Código de Processo Penal Militar contém, em seu teor, artigos 
relacionados com o emprego de força na ação policial. Veja esses artigos a 
seguir. 
 
 
Artigo 231 - Captura em domicílio 
Se o executor verificar que o capturando se encontra em alguma casa, 
ordenará ao dono dela que o entregue, exibindo-lhe o mandado de prisão. 
Parágrafo único. Se o executor não tiver certeza da presença do capturando na casa, 
poderá proceder à busca, para a qual, entretanto, será necessária a expedição do 
respectivo mandado, a menos que o executor seja a própria autoridade competente 
para expedi-la. 
Artigo 232 - Caso de busca 
Se não for atendido, o executor convocará duas testemunhas e procederá da 
seguinte forma: sendo dia, entrará à força na casa, arrombando-lhe a porta, se 
necessário; sendo noite, fará guardar todas as saídas, tornando a casa incomunicável, 
e, logo que amanheça, arrombar-lhe-á a porta e efetuará a prisão. 
Artigo 234 - Emprego de força 
O emprego da força só é permitido quando indispensável, no caso de 
desobediência, resistência ou tentativa de fuga. Se houver resistência da parte de 
terceiros, poderão ser usados os meios necessários para vencê-la ou para defesa do 
executor e seus auxiliares, inclusive a prisão do ofensor. De tudo se lavrará auto 
subscrito pelo executor e por duas testemunhas. 
 
 
 
 
31 
Emprego de algemas 
O emprego de algemas deve ser evitado, desde que não haja perigo de fuga 
ou de agressão da parte do preso, e de modo algum permitido, nos presos a que se 
refere o art. 242. 
 
Uso de armas 
O recurso do uso de armas só se justifica quando for absolutamente necessário 
para vender e resistência ou para proteger a incolumidade do executor da prisão ou 
de auxiliar seu. (art. 234, 2º, do CPPM). 
 
 
STF Súmula Vinculante nº 11- Sessão Plenária de 13/08/2008 – 
Dje nº 157/2008, p. 1, em 22/08/2008 – DO de 22/08/2008, p. 1. 
Uso de Algemas – Restrições – Responsabilidades do Agente 
e do estado - Nulidades 
Só é lícito o uso de algemas em casos de resistência e de fundado 
receio de fuga ou de perigo à integridade física própria ou alheia, 
por parte do preso ou de terceiros, justificada a excepcionalidade 
por escrito, sob pena de responsabilidade disciplinas, civil e penal 
do Agente e da Autoridade e de nulidade da prisão ou do ato 
processual a que se refere, sem prejuízo da responsabilidade civil 
do Estado. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
32 
Portaria 4.226, de 31 de dezembro de 2010 
 
A Portaria Interministerial nº 4.226, de 31 de dezembro de 2010, estabelece as 
diretrizes sobre uso da força pelos agentes de segurança pública. É importante neste 
momento fazer algumas considerações quanto ao uso da arma de fogo, com base 
nessas diretrizes. Veja a seguir: 
 
Diretriz 7 
O ato de apontar arma de fogo contra pessoas durante os procedimentos de 
abordagem não deverá ser uma prática rotineira e indiscriminada. 
 
Diretriz 17 
Nenhum agente de segurança pública deverá portar armas de fogo ou 
instrumento de menor potencial ofensivo para o qual não esteja devidamente 
habilitado e, sempre que um novo tipo de arma ou instrumento de menor potencial 
ofensivo for introduzido na instituição, deverá ser estabelecido um módulo de 
treinamento específico com vistas à habilitação do agente. 
 
Diretriz 23 
Os órgãos de segurança pública deverão criar comissões internas de controle 
e acompanhamento da letalidade, com o objetivo de monitorar o uso efetivo da força 
pelos seus agentes. 
 
Diretriz 24 
 Os agentes de segurança pública deverão preencher um relatório individual 
todas as vezes que dispararem arma de fogo e/ou fizerem uso de instrumentos de 
menor potencial ofensivo, ocasionando lesões ou mortes. O relatório deverá ser 
encaminhado à comissão interna mencionada na Diretriz n.º 23 e deverá conter no 
mínimo as seguintes informações: 
a. circunstâncias e justificativa que levaram ao uso da força ou de arma de fogo por 
parte do agente de segurança pública; 
b. medidas adotadas antes de efetuar os disparos/usar instrumentos de menor 
 
 
33 
potencial ofensivo, ou as razões pelas quais elas não puderam ser contempladas; 
c. tipo de arma e de munição, quantidade de disparos efetuados, distância e pessoa 
contra a qual foi disparada a arma; 
d. instrumento(s) de menor potencial ofensivo utilizado(s), especificando a 
frequência, a distância e a pessoa contra a qual foi utilizado o instrumento; 
e. quantidade de agentes de segurança pública feridos ou mortos na ocorrência, 
meio e natureza da lesão; 
f. quantidade de feridos e/ou mortos atingidos pelos disparos efetuados pelo(s) 
agente(s) de segurança pública; 
g. número de feridos e/ou mortos atingidos pelos instrumentos de menor potencial 
ofensivo utilizados pelo(s) agente(s) de segurança pública; 
h. número total de feridos e/ou mortos durante a missão; 
 
i. quantidade de projéteis disparados que atingiram pessoas e as respectivas 
regiões corporais atingidas; 
j. quantidade de pessoas atingidas pelos instrumentos de menor potencial ofensivo 
e as respectivas regiões corporais atingidas; 
k. ações realizadas para facilitar a assistência e/ou auxílio médico, quando for o 
caso; e 
l. . se houve preservação do local e, em caso negativo, apresentar justificativa. 
 
 
Importante! 
 
Você sabia que a Polícia Militar de Minas Gerais publicou no ano de 
1984 a Nota de Instrução nº 001/84 – que trata de maneira bem objetiva 
e clara sobre “O uso de força no exercício do poder de polícia”? 
 
 
 
 
 
 
 
34 
Saiba mais... 
 
A Polícia Militar de Minas Gerais publicou no ano de 1984 a Nota de 
Instrução nº 001/84 – que trata de maneira bem objetiva e clara sobre “O 
uso de força no exercício do poder de polícia”. 
Esse documento apresenta um rol de orientações ao preservador da 
ordem pública mineiro em suas intervenções legítimas com o emprego de 
força e as consequências do excesso, senão veja: 
“O policial militar pode e deve fazer uso da força, no desempenho de sua 
missão, de forma tal que esse uso não vá além do necessário e chegue a 
configurar o excesso ou uma ação policial violenta.” (PMMG, 1984). 
Outro documento produzido pela PMMG de importância para o uso da força 
são as Diretrizes Auxiliares de Operações nº 1, de 1994, nos seus itens “4. 
m. 2)”, que descrevem doze orientações aos policiais militares sobre o uso 
da força. Na verdade, são orientações dirigidas aos policiais militares do 
estado de Minas Gerais, mas podem e devem ser aplicadas por todos os 
policiais brasileiros. 
 
 
 
O agente de segurança pública e o uso da força 
Ao fazer uso da força, o agente de segurança pública deve ter 
conhecimento da lei e estar preparado tecnicamente, por meio da formação e do 
treinamento, bem como ter princípios éticos solidificados que possam nortear 
sua ação. Ao ultrapassar qualquer desses limites, não se esqueça de que suas 
ações infringirão a lei. 
O agente de segurança pública é um cidadão que porta a singular permissão 
para o uso da força e das armas de fogo, no âmbito da lei, o que lhe confere natural e 
destacada autoridade para a construção social ou para sua devastação (Ricardo 
Balestreri, adaptado). 
O uso legítimo da força não se confunde com truculência, como assevera 
 
 
35 
Balestreri: 
 
A fronteira entre a força e a violência é delimitada, no campo 
formal, pela lei; no campo racional pela necessidade técnica e, 
no campo moral, pelo antagonismo que deve reger a 
metodologia de agentes de segurança pública e criminosos. 
 
“A aplicação da lei não é uma profissão em que se possa utilizar 
soluções padronizadas para problemas padronizados que 
ocorrem em intervalos regulares.” (ROVER 2000, p. 274) 
 
Espera-se que você tenha a compreensão do espírito e da forma da lei, bem 
como saiba comoresolver as circunstâncias únicas de um problema particular. Trata-
se de uma arte na aplicação de palavras como negociação, mediação, persuasão e 
resolução de conflitos. No entanto, existem situações em que, para se obter os 
objetivos da legítima aplicação da lei, ou você deixa como está e o objetivo não será 
atingido, ou você decide usar a força para alcançá-lo. 
 
Seja profissional e decida adequadamente conforme a ocorrência, partindo 
sempre de sua conduta legal. 
 
Em algumas intervenções, o agente de segurança pública tem o dever de fazer 
o uso da força para que os objetivos da aplicação da lei sejam alcançados, desde que 
não haja outro modo de atingi-los. Um caso típico é quando um cidadão infrator coloca 
em risco a vida de pessoas atirando em suas direções. Nessa situação, o agente de 
segurança pública deve fazer o uso da força para neutralizar a ação do infrator. 
 
Os países não apenas autorizaram seus encarregados da 
aplicação da lei a usar a força, mas alguns chegaram a obrigar 
os encarregados a usá-la.” (ROVER 2000, p. 275) 
 
 
 
 
36 
As dificuldades que os chefes e dirigentes das organizações de segurança 
pública enfrentam referem-se ao desenvolvimento de atitudes pessoais dos agentes 
de segurança pública que demonstrem a incorporação de valores éticos, morais e 
legais, fazendo diminuir o comportamento impulsivo, substituído por reações 
tecnicamente sustentadas que não colocarão em risco a população atendida, a 
imagem pública da organização e do próprio agente de segurança pública. 
É importante que você faça uma avaliação individualmente quando houver uma 
situação em que surja a opção de uso da força. O agente de segurança pública 
somente recorrerá ao uso da força quando todos os outros meios para atingir um 
objetivo legítimo tenham falhado, justificando o seu uso. 
Somente será permitido ao policial empregar a quantidade de força necessária 
para alcançar um objetivo legítimo. 
O agente de segurança pública pode chegar à conclusão de que as implicações 
negativas do uso da força em uma determinada situação não são equiparadas à 
importância do objetivo legítimo a ser alcançado, recomendando-se, neste caso, que 
os policiais se abstenham de prosseguir. 
A autoridade legal para empregar a força, incluindo o uso letal de armas de 
fogo em situações em que se torna necessário e inevitável para os propósitos legais 
da aplicação da lei, ROVER (2000, p. 271) lembra que isso cria uma situação na qual 
o policial e membros da comunidade se encontram em lados opostos, o que pode 
influenciar na qualidade do relacionamento entre a Força de Segurança e a 
comunidade como um todo. No caso de uso da força ilegal e indevida, esse 
relacionamento será ainda mais prejudicado. 
 
Importante! 
O não atendimento a qualquer desses princípios caracteriza 
uso indevido da força pelo órgão de segurança pública. Não 
esqueça isso, agente de segurança pública! 
Fica fácil concluir que o uso da força é uma das atividades 
 
 
37 
desempenhadas pelo órgão de segurança pública, mas, o 
agente de segurança pública deve estar cônscio da 
importância da sua atividade para as políticas de segurança 
pública. É necessário que o órgão de segurança pública 
tenha mecanismos de controle da atuação de seus 
integrantes para evitar dissabores quanto ao abuso de 
poder. 
 
 
Necessidade do Uso da Força 
 
Quando você perceber a necessidade de usar a força para atender o objetivo 
legítimo da aplicação da lei e manutenção da ordem pública, responda a algumas 
questões importantes que lhe servirão como guias. 
 
A primeira é se a aplicação da força é necessária. 
Para responder, o agente de segurança pública precisa identificar o objetivo a 
ser atingido. A resposta adequada atende aos limites considerados mínimos para que 
se torne justa e legal a ação. Caso contrário, o agente de segurança pública cometerá 
um abuso e poderá ser responsabilizado. 
 
A segunda refere-se a um questionamento se o nível de força a ser utilizado é 
proporcional ao nível de resistência oferecida. 
Esse questionamento sugere verificar se todas as opções estão sendo 
consideradas e se existem outros meios menos danosos para se atingir o objetivo 
desejado. Neste momento, verifica-se a proporcionalidade do uso da força e, caso não 
haja, estará caracterizado o abuso de poder. 
 
 
 
 
 
38 
O terceiro e último questionamento verifica se a força a ser empregada será por 
motivos sádicos ou maléficos. 
Busca-se verificar a boa-fé por parte do agente de segurança pública e os seus 
princípios éticos. A boa-fé demonstra a intenção do agente, embora ele possa errar 
ao adotar uma opção equivocada, decorrente de uma análise também equivocada. 
Como já foi exposto anteriormente, vale ressaltar as consequências drásticas 
que a violência ilegítima do agente de segurança pública pode acarretar, levando a 
uma séria desordem pública, pela qual o órgão de segurança pública tem, então, que 
responder, podendo assim expô-lo a situações perigosas e desnecessárias, fazendo 
com que ele se torne mais vulnerável aos contra-ataques, conduzindo a uma falta de 
confiança na própria polícia por parte da comunidade. 
E ainda, o agente de segurança pública será responsabilizado civil e 
criminalmente pelo uso abusivo da força. 
 
 
Responsabilidades pelo uso da força 
 
Na rotina do órgão de segurança pública, os agentes agem individualmente ou 
em equipes. Para cada intervenção existe o potencial de se fazer necessário o 
exercício de sua autoridade e poderes. Procedimentos adequados de supervisão e 
revisão servem para garantir a existência de um equilíbrio apropriado entre o poder 
discricionário exercido individualmente pelos policiais e a necessária responsabilidade 
legal e política das organizações de segurança pública como um todo. (ROVER 2000, 
p. 272) 
A responsabilidade cabe tanto aos agentes de segurança pública envolvidos 
em um incidente particular com o uso da força e armas de fogo como a seus 
superiores. Os chefes têm o dever de zelo, o que não retira a responsabilidade 
individual dos encarregados por suas ações. (ROVER, 2000, p. 286) 
É importante a compreensão de que o reconhecimento, pelo Estado, de sua 
responsabilidade, apontando o erro de seu representante, não implica postura 
subalterna ou desvalorização do agente da polícia (BARBOSA & ANGELO, 2001). 
Mas sim, assume a mais nobre das suas funções, que é a proteção da pessoa, célula 
 
 
39 
essencial de sua existência abstrata, além de cumprir importante papel 
exemplificador, fator de transformação e solidificação. 
 
 
 
 
40 
Finalizando... 
 
Neste primeiro módulo, você estudou os principais conceitos relacionados ao 
uso da força e os aspectos legais, internacionais e nacionais, que devem nortear a 
ação do policial (agente de segurança pública). No próximo módulo, você estudará 
sobre os principais modelos existentes, utilizados pelas diversas polícias pelos órgãos 
de segurança pública do mundo, sobre a diferenciação do uso da força. 
 
 
 
41 
Módulo 2 – Modelos de uso diferenciado da 
força 
 
Apresentação do Módulo 
 
 
Nesta aula, você estudará e analisará vários modelos gráficos de Uso da Força. 
São modelos amplamente utilizados em diversos Órgãos de Segurança Pública do 
mundo, com o objetivo de ajudar nos conceitos, planejamento, treinamento e 
comunicação dos critérios da política institucional sobre o emprego da força nas 
Corporações de Segurança Pública. Os modelos permitirão que você constate as 
diferentes possibilidades de Uso da Força na atividade de segurança Pública, com 
suas características, vantagens e desvantagens. 
 
 
Objetivos do Módulo 
 
Ao final deste módulo, você será capaz de: 
 
• Identificar os modelos que orientam o uso diferenciado da força; 
• Identificar os componentes de cada escala e a forma como estão relacionados; 
• Analisar o modelo proposto para autilização do uso diferenciado da força; e 
• Elaborar sugestões para aplicação de um modelo de uso diferenciado da força 
em sua organização de segurança pública. 
 
 
Estrutura do Módulo 
 
O conteúdo deste módulo está dividido em 4 aulas: 
Aula 1 – Propostas de modelos de uso diferenciado da força 
Aula 2 – Descrição dos modelos 
 
 
42 
Aula 3 – Análise comparativa dos modelos apresentados 
Aula 4 – Proposta de um modelo básico do uso diferenciado da força 
 
 
 
43 
Aula 1 – Propostas de modelos de uso diferenciado da força 
 
 Modelos de Uso Diferenciado da Força 
 
Um modelo de Uso da Força é um recurso visual padrão, traduzido 
normalmente num gráfico, esquema ou desenho de configuração bastante simples, 
que vem ilustrado, ou não, em diferentes cores, indicando aos Agentes de Segurança 
Pública o tipo e a quantidade de força legal a ser utilizada contra uma pessoa que 
resista a uma ordem, abordagem ou intervenção de um Agente de Segurança Pública. 
Por ser uma questão de muita discussão, ainda não existe um consenso entre 
as Corporações de Segurança sobre um modelo ideal e padrão para todos. Desse 
modo, vemos a multiplicidade de formas e conteúdo desses modelos que você 
passará a estudar. Os modelos de Uso da Força são estruturas que abrangem os 
elementos da utilização da força na atividade de prestação de serviços de Segurança 
Pública. Nos modelos são também apresentadas as alternativas táticas 
potencialmente disponíveis ao Agente de Segurança Pública para ganhar e/ou manter 
o controle em determinadas situações em que tenha que atuar. 
A configuração dos modelos deve ser simples, facilitando o entendimento do 
agente durante a instrução inicial e reforçando a capacidade de lembrança 
instantânea durante uma confrontação real. 
Portanto, um modelo é por natureza “genérico”, e sua adaptação deve ser 
possível a todas, ou pelo menos à grande maioria, das instruções e ações dos 
Organismos de Segurança Pública. 
Em um modelo o que seve é a aplicação diferenciada da força, com a 
possibilidade da seleção adequada de opções dessa força em resposta ao nível de 
acatamento/submissão do indivíduo a ser controlado, isto é, o Agente de Segurança 
Pública deve perceber o grau de risco oferecido quando se depara com pessoas que 
deve abordar. 
Dessa forma, a percepção desse risco é que vai permitir ao Agente de 
Segurança Pública escolher pelo aumento ou pela diminuição do grau de força a ser 
empregado em cada situação específica. Isto requer muito treinamento e experiência 
profissional. 
Como normalmente se fala na linguagem dos Agentes de Segurança Pública: 
 
 
44 
“nenhuma ocorrência é igual a outra”. Cada decisão de emprego da força depende 
das circunstâncias e dos fatos que se apresentam ao Agente. 
 
São elementos dos modelos de Uso Diferenciado da Força: 
Instrumentos 
 Tópicos disponíveis no currículo dos programas de treinamento. 
Ex: armas, procedimentos, comportamento, entre outros; 
 
Táticas 
 É a incorporação dos instrumentos a estratégia de ação. 
 
Tempo 
 É a presteza da ação do Agente de Segurança Pública em faze à reação do 
indivíduo. 
 
 
Mas, o que é um modelo? 
 
Um modelo é um esquema que contém linhas gerais sobre determinado 
assunto, sobre determinadas ações, sobre determinados procedimentos e que pode, 
quando utilizado, orientar a execução de algo. 
Os modelos de uso diferenciado da força surgiram para orientar o policial sobre 
a ação a ser tomada a partir das reações da pessoa flagrada cometendo um delito, ou 
até mesmo em atitude suspeita quando questionada. 
Alguns países e estudiosos sobre o assunto criaram diversos modelos que 
explicam e exemplificam a escala de gradação necessária à utilização da força. 
 
Cada modelo criado possui um nome que geralmente está associado ao nome 
do autor que o apresentou ou à sua origem, como se vê a seguir: 
 
Modelo FLETC: Aplicado pelo Centro de Treinamento da Polícia Federal de Glynco 
(Federal Law Enforcement Training Center), Georgia, Estados Unidos da América 
(EUA). 
Modelo GILIESPIE: Apresentado no livro Police – Use of Force – A Line Officer’s 
 
 
45 
Guide, 1998. 
Modelo REMSBERG: Apresentado no livro: The Tactical Edge – Surviving High – Risk 
Patrol – 1999. 
Modelo CANADENSE: Utilizado pela polícia canadense. 
Modelo NASHVILLE: Utilizado pela Polícia Metropolitana de Nashville, EUA. 
Modelo PHOENIX: Utilizado pelo Departamento de Polícia de Phoenix, EUA. 
A seguir você estudará, especificamente, cada um deles. 
 
 
 
46 
Aula 2 – Descrição dos modelos 
Modelo FLETC 
 
É um modelo gráfico em degraus com cinco camadas e três painéis. Em um 
dos painéis está a percepção do agente de segurança pública em relação à atitude do 
suspeito. Em outro painel, a percepção de risco para o agente, simbolizado por 
números em algarismos romanos e cores, que também correspondem às camadas. 
No terceiro painel, encontramos as respostas (reação) de força possíveis em relação 
à atitude dos suspeitos e percepção de riscos. 
 
As setas duplas descrevem o processo de avaliação e seleção de alternativas. 
De acordo com a atitude do suspeito e percepção de risco, haverá uma reação do 
agente de segurança pública na respectiva camada. Os níveis são crescentes de 
baixo para cima. 
 
Comentário 
O autor não considera a “presença do agente” como um nível de força, 
vinculando o primeiro nível com comandos verbais. Trata-se de um modelo de fácil 
adaptação a todas as organizações policiais e pode ser utilizado perfeitamente pelo 
órgão de segurança pública. 
 
Veja a figura 1, que mostra o modelo FLETC. 
 
 
Figura 1: Modelo "FLETC de uso diferenciado da força. 
Fonte – GRAVES & CONNOR (1994, p.8); BARBOSA & ANGELO (2001, p.126). 
 
 
47 
Modelo GILlESPIE 
 
É um modelo gráfico em forma de tabela, com cinco colunas graduadas por cor 
e seis linhas básicas, divididas em comportamento do agente e ação-resposta do 
policial, mas aplicável a qualquer agente de segurança pública. A atitude do suspeito 
é dividida em quatro colunas que estão subdivididas respectivamente em situações 
diferentes sobre a percepção do policial em relação a ele. 
 
Para a progressão de força, possui cinco níveis, com subdivisões crescentes 
de respostas do agente de segurança pública, que interagem entre si. O modelo 
correlaciona a atitude do abordado com a avaliação de risco, condição mental do 
agente de segurança pública e resposta de força a ser utilizada. 
 
 
Comentário 
Para o autor, a verbalização é uma graduação de força que se interage com 
outros níveis. Inicia-se no segundo nível de força e prossegue até o penúltimo, antes 
de se usar a força letal. É um modelo complexo, porém bem completo em suas opções 
de ação e reação. 
O agente de segurança pública que compreende a sua dinâmica está apto a 
fazer o uso correto da força. Pode ser adaptado para uso nos órgãos de segurança 
pública brasileiros, com o devido treinamento, dada a sua complexidade. 
 
 
48 
 
Figura 2: Modelo Giliespie 
 
 
Modelo REMSBERG 
 
Esse modelo é concebido em forma de degraus em elevação. Os degraus mais 
baixos simbolizam os níveis de força mais baixos; e os mais altos, os níveis de força 
mais altos. O modelo não faz correlações do nível de força com a ação da pessoa em 
atitudes suspeitas ou percepção de risco por parte do policial agente de segurança 
pública, embora o autor observe esse fato na sua teoria explicativa. 
 
São cinco níveis de força e cada um é subdividido em subníveis que também 
estão em ordem crescente de baixo para cima. Para utilizar esse modelo, o agente de 
segurança pública utiliza o degrau correspondente ao nível de força de resposta que 
julgar melhor para a situação vivida. Em caso de mudanças de situação, deve-se subir 
ou descer os níveis. 
 
 
 
 
49 
Comentário. 
É muito simples e de fácil assimilação pelos agentes de segurança pública. Noentanto, não é um modelo completo. Faz apenas a diferença do uso da força. 
 
 
 
Figura 3: Modelo "REMBERG" de uso diferenciado da força. 
Fonte – REMSBERG (1999, p.433) 
 
 
 
 
 
50 
Modelo CANADENSE 
 
É composto por círculos sobrepostos e subdivididos em níveis diferentes. O 
círculo interno central corresponde a situação ou ocorrência (SITUATION). As três 
setas formando um círculo nos lembram o que o Agente de Segurança Pública sempre 
deve fazer quando se depara com situação de risco: ASSESS (Avaliar) PLAN 
(Planejar) e ACT (Agir). Esse modelo demonstra que o processo de avaliação é um 
ciclo constante e que nunca termina na intervenção do Agente de Segurança Pública. 
O processo de contínua avaliação por parte do Agente ajuda a entender que o 
comportamento do suspeito, assim como a ação do Agente, pode alterar muito 
rapidamente, o que também requerer uma mudança de tática no emprego da força. 
O próximo círculo representa as diversas categorias de comportamento dos 
suspeitos: COOPERATIVE (cooperativo), PASSIV RESISTANT (resistente passivo), 
ACTIVE RESISTANT (resistente ativo), ASSAULTIVE (agressivo), GRIEVOUS 
BODILY HARM OR DEATH (pode causar lesões graves ou morte). 
O próximo círculo representa a percepção do Agente de Segurança Pública 
(Perception) e as considerações táticas (tactical considerations) que estão interligadas 
e contidas na mesma área do modelo. 
O círculo externo corresponde às opções de ação e de resposta do Agente de 
Segurança Pública, graduadas em sete níveis diferentes. Cada nível interage com o 
outro meio de mudanças de cores. A mudança não é estanque, ou seja, onde termina 
um nível de força, outros ainda estão disponíveis. São usadas cores para cada uma 
das graduações de força. As opções vão desde a presença do Agente de Segurança 
Pública (officer presence), habilidades de comunicação e verbalização 
(communication skills), técnicas de controle físico (SOFT- HARD physical control 
techniques), armas intermediárias ou não letais (intermediate weapons), e força letal 
(lethal force). 
A presença do Agente de Segurança Pública e as habilidades de comunicação 
não são consideradas como sendo opções de uso da força física, mas foram incluídas 
no modelo para ilustrar a gama de fatores que têm impacto sobre o comportamento 
de pessoa. 
 
 
51 
Lembre-se: o Agente de Segurança Pública constantemente avalia a situação e age 
de maneira apropriada para preservar a segurança dele mesmo e da comunidade. 
 
Comentário. 
É um modelo muito prático, de fácil entendimento e memorização por parte do agente 
de segurança pública. 
 
 
 
 
 
Figura 4: Modelo "CANADENSE" de uso diferenciado da força. 
 
 
 
 
 
 
 
 
52 
Modelo NASHVILLE. 
 
Este modelo possui um formato gráfico em forma de “eixo de coordenadas”. O 
eixo “x” corresponde à atitude dos suspeitos e é dividido em cinco níveis. O eixo “y” 
corresponde aos quatro níveis de força. A utilização do modelo é feita através da 
análise do gráfico formado pelo cruzamento dos dois eixos “x e y”, que pode ser feita 
de duas formas: uma mais severa e outra menos severa. Fazendo parte do gráfico, 
como orientação, são colocados os fatores e circunstâncias que podem influenciar o 
policial para a escolha do nível de força a ser utilizado. 
 
Comentário 
É um modelo simples. Possui duas variáveis para o uso da força, não estando 
presente a avaliação do risco proporcionado pela presença do agente de segurança 
pública. 
 
 
Figura 5: Modelo NASHVILLE de uso diferenciado da força. 
Fonte – Metropolitan Nashville Police (1996). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
53 
Modelo PHOENIX 
 
É o mais simples dos modelos estudados. Foi elaborado no formato de tabela, 
com duas colunas. A primeira coluna corresponde à ação do agente de segurança 
pública, e a segunda coluna à atitude da pessoa em atitudes suspeitas. O modelo 
divide os níveis de força e atitude dos suspeitos em sete graduações diferentes. O 
primeiro nível é a ausência de força e a ausência de resistência pelo suspeito. 
 
Comentário 
É de fácil assimilação e pode ser adaptado por qualquer órgão de segurança pública. 
 
 
 
Figura 6: Modelo PHOENIX de uso diferenciado da força. 
Fonte – Phoenix Department Police (1996). 
 
 
 
 
 
54 
Aula 3 – Análise comparativa dos modelos apresentados 
 
Em essência, os modelos estudados são semelhantes entre si. Eles relacionam o uso 
diferenciado da força pelo órgão de segurança pública à atitude demonstrada pela 
pessoa em atitudes suspeitas. 
 
 
 
 
 
 
 
55 
Alguns, como os modelos “FLETC” e “GILIESPIE”, colocam uma avaliação de 
risco como parte integrante do gráfico, e outros não. Dos modelos estudados, três são 
interessantes para serem utilizados pelos órgãos de segurança pública, por terem um 
conteúdo mais completo e reproduzirem bem a realidade operacional da Força de 
Segurança Pública: modelos “FLETC”, “GILIESPIE” e “CANADENSE”. Considera-se, 
porém, o modelo “CANADENSE”, o mais indicado, por apresentar facilidade de 
aprendizagem e riqueza de conteúdo de forma gráfica. 
A adoção de um modelo é perfeitamente viável. Servirá para orientar os 
agentes de segurança pública em seu dia a dia operacional, dando-lhes um parâmetro 
mais perceptivo sobre quando, onde, como e por que fazer o uso da força. Além do 
mais, uma vez utilizada a força, fornece- se um bom fundamento para a avaliação e 
acompanhamento do processo por parte da organização de segurança pública, 
facilitando o planejamento, treinamento, supervisão e a revisão sobre o assunto. 
 
Importante! 
A divulgação ampla do modelo escolhido é o segredo para o 
sucesso de seu emprego. Na prática, o uso de um modelo é 
realizado por meio da distribuição de cartões plastificados para 
agentes de segurança pública, de cartazes colocados em locais 
de reuniões, em salas de aula, durante o treinamento de 
abordagens, estudos de casos, entre outros. 
 
 
 
 
56 
Aula 4 – Proposta de um modelo básico do uso diferenciado 
da força 
 
Sabendo que um “modelo de uso da força” é um recurso visual, destinado a 
auxiliar na conceituação, planejamento, treinamento e comunicação dos critérios 
sobre o uso da força pelos policiais, deve-se seguir um modelo: 
 
 
Figura 7: Modelo básico do uso diferenciado da força. 
 
O modelo apresentado é um gráfico em forma de trapézio com degraus em seis 
níveis, representados por cores. De um lado (esquerdo) há a percepção do agente de 
segurança pública em relação à atitude do suspeito. Do outro lado (direito), as 
respostas (reações) de forças possíveis em relação à atitude do suspeito. 
A seta, que é dupla, descreve o processo de avaliação e seleção de 
alternativas. De acordo com a atitude do suspeito, haverá uma reação do agente de 
segurança pública, na respectiva camada. Os níveis são crescentes de baixo para 
cima. 
É importante relembrar que o uso efetivo da força depende da compreensão 
sobre as relações de causa e efeito entre agente de segurança pública e o suspeito, 
o que gera uma avaliação prática e consequente resposta. Observam-se as ações da 
 
 
57 
pessoa em atitudes suspeitas dentro de um contexto de confrontação, e o agente de 
segurança pública escolhe o nível mais adequado de força a ser usado ou não. 
Na prática, sua resposta como agente de segurança pública será orientada pelo 
procedimento do suspeito. Ele decide o que quer de você, e, com suas próprias ações 
ou pelo modo como se comporta, esse suspeito justificará a utilização de certo nível 
de força pelo órgão de segurança pública. Você deve empregar apenas a força 
necessária para controlá-lo. 
Da base para o topo, cada nível representa um aumento na intensidade de 
força. Isso é, a escala se move daquelas opções que são mais reversíveis para 
aquelas que são menos reversíveis; daquelas que oferecem menor certeza de 
controle para aquelas que oferecem maior certeza. Assim, quanto mais

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