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AULA 1 ANÁLISE DE CENÁRIOS FINANCEIROS Prof. Thiago Fernandes Antunes 2 TEMA 1 – PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO Etimologicamente, a palavra estratégia deriva de stratègós do grego antigo; na época, isso significava a habilidade de um general no comando de suas tropas. O significado dessa palavra influenciou na criação da obra A Arte da Guerra, de Sun Tzu, em 500 a.c., que até hoje é utilizada por militares e grandes executivos. Atualmente, com as rápidas mudanças políticas, ambientais e principalmente com a crescente evolução tecnológica e informacional, a palavra “estratégia” vem ganhando cada vez mais espaço no mundo corporativo. Isso porque organizações que buscam um constante crescimento necessitam planejar com cautela todas as suas ações (estratégia), que irão derivar de um conjunto de decisões (planejamento); pois, ao final, terão como principal objetivo apresentar ganhos em relação à situação atual. 1.1 Conceito de Planejamento Estratégico A ideia de planejamento estratégico vem da realização de um processo que objetivara o estabelecimento de metas e a definição de como alcançá-las (Chiavenato, 2000). Entretanto, nenhuma estratégia é executada sozinha, havendo necessidade da adoção de um método de ação, momento em que é estabelecido um padrão de conduta, sendo tudo isso concretizado por meio de decisões (Nogueira, 2014). Em síntese, o Planejamento Estratégico se trata do estabelecimento de objetivos e resultados a serem alcançados e da determinação de como esses devem ser atingidos. O planejamento possui como principal ideia a redução das incertezas, ou seja, diminuir a possibilidade de algo não dar certo. É importante mencionar que nunca poderemos falar em eliminação de incertezas, pois essa possibilidade não existe, em razão da constante evolução social, ambiental, política e tecnológica. 1.2 Objetivos Para entendermos os objetivos do planejamento, há apenas a necessidade de realizarmos uma pergunta: por que alguém faz um planejamento dentro de uma organização? O motivo precedente, e podemos asseverar, é que mais o importante é o estabelecimento de um norte para a empresa. A organização, quando criada, possui um proposito, sendo esse inerente a sua criação; a determinação de uma 3 direção para empresa nada mais é do que seguir a sua essência. Há também quem entenda que esse norte é sinônimo de objetivo principal da empresa. Em decorrência desse primeiro objetivo, seguiremos para a nossa segunda ideia: concentração de esforços. A exteriorização da direção para qual a organização quer seguir faz com que as pessoas saibam quais são as prioridades dentro daquela empresa, ou seja, em que sentido é necessário “navegar” para que a organização tenha sucesso. O terceiro ponto é a definição dos parâmetros de controle. O controle se trata de uma forma de verificar se o planejamento está indo conforme o combinado. Assim, com base na determinação do objetivo, ocorre também a determinação dos critérios de controle. Outro objetivo do planejamento é auxiliar na motivação e no comprometimento, pois, no momento em que os membros da organização possuem conhecimento dos objetivos e da visão de futuro da empresa, surge um envolvimento maior dos profissionais envolvidos, pois esses se sentem parte da organização. Por fim, podemos afirmar se tratar de um instrumento de autoconhecimento, pois, quando se faz um planejamento, conhece-se melhor a organização, quais os seus pontos positivos e negativos e em que lugar é possível buscar novas oportunidades. 1.3 Fases O Planejamento Estratégico possui algumas etapas; entretanto, os autores das principais doutrinas acerca do tema não chegaram a um consenso em relação a sua ordem. Há quem entenda que o primeiro passo a ser seguido é a definição dos objetivos (Chiavenato, 2000), mas também há quem assevera que o diagnóstico estratégico deva ser o ponto de início de um planejamento adequado (Oliveira, 2002). Em síntese, ambos os autores utilizam uma lógica reversa: enquanto Chiavenato primeiro determina em que quer chegar e depois estabelece como, Djalma Oliveira assevera que preliminarmente é necessário entender qual é o momento atual da organização (em que lugar que ela se encontra hoje, quais são as suas forças, fraquezas e o estado de seus concorrentes) para, em seguida, estabelecer os objetivos. 4 1.4 Níveis O Planejamento Estratégico para que alcance todos os membros de uma organização foi dividido em alguns níveis. Essa divisão também nos auxilia a entender como a ideia de planejar possui impactos diferentes em cada nível de uma empresa. Imaginemos uma organização no formato de uma pirâmide. No topo da pirâmide, representando um menor número de pessoas, teremos o planejamento estratégico (strictu sensu), responsável pela organização da empresa como um todo, ou seja, não pensar em estratégia individualizadas para cada setor da empresa, mas sim em planos gerais (genéricos e globais) que irão gerar impactos em longo prazo. No meio da pirâmide, interpretando um número médio de membros, há o planejamento tático, que visa à realização de estratégias para determinado departamento da organização, ou seja, para uma determinada “fatia” daquela empresa, de modo a detalhar um pouco mais essas ideias, focando em objetivos em médio prazo. Na base da pirâmide, identificando um número maior Fases do Planejamento CHIAVENATO Definição dos objetivos Diagnóstico Estratégico Estabelecimento de cenários Analisar e definir alternativas de ação Implementação do plano e avaliação dos resultados DJALMA OLIVEIRA Definição dos objetivos Diagnóstico Estratégico Estabelecimento de cenários Analisar e definir alternativas de ação Implementação do plano e avaliação dos resultados 5 de pessoas, está presente o planejamento operacional, que irá planejar e pensar em cada processo ou atividade de maneira individualizada e o mais detalhado possível, buscando resultados a curto prazo. Saiba mais Fantasiemos que quatro irmãos criaram a holding Los Hermanos S.A., focada na aquisição, gestão e alavancagem de negócios visando à criação de novas redes de franquias. Cada um dos irmãos dispendeu um valor considerável para que pudessem iniciar as suas aquisições, mas buscando um crescimento adequado, preliminarmente, em conjunto com todos os seus gerentes e coordenadores resolveram elaborar um planejamento estratégico. Nesse caso, eles definiram os seguintes objetivos: • No prazo de 05 anos, estarem à frente da administração de 03 empresas e com pelo menos 200 franquias de cada espalhadas pelo país; • No prazo de 7 anos, realizar o IPO de pelo menos uma dessas e iniciar o processo de internacionalização de suas franquias; • A começar do quinto ano de empresa, efetuar apenas a aquisição de negócios maiores, visando a um aumento do lucro de maneira mais acelerada e maior segurança patrimonial. • Após 10 anos de operação, tornar-se a principal holding de franquias do mercado, com franquias internacionais e empresas no mercado aberto de ações. Os planos e ações a serem executados: • Criação de um grupo especializado no estudo e análise de viabilidade de expansão de pequenos negócios; • Realização de pesquisa buscando identificar as áreas do mercado mais prósperas; • Criação de diretorias especializadas na gestão das diferentes áreas escolhidas; • Aquisição de negócios que já estejam presentes em grandes capitais e com potencial mínimo de crescimento; • Realização de workshop para aprimoramento dos possíveis colaboradores. Obtenção de empréstimos e financiamentos nos dois primeiros anos de operação, visando a uma alavancagem mais acelerada. 6 TEMA 2 – ANÁLISE SWOT Vocês lembram quando no tema 1 mencionamos as etapas do planejamento estratégico,e destacamos o diagnóstico estratégico como sendo uma das mais importantes? Pois é. Esse ponto será extremamente essencial para compreendermos o assunto atual. O mencionado diagnóstico faz uma análise situacional atual da empresa, com o objetivo de auxiliar no processo decisório da empresa dentro dos diversos cenários possíveis para o futuro. Quando realizamos um diagnóstico estratégico, basicamente temos que responder o seguinte questionamento: “qual a real situação da empresa quanto a seus aspectos internos e externos?” (Rebouças, 2006). Conforme destacado por Martins (Martins, 2007), a análise SWOT é um instrumento bastante disseminado e utilizado para elaboração desse diagnóstico, sendo sua utilização fundamental para responder à pergunta anterior realizada. A ideia de SWOT vêm de strengths, weaknesses, opportunities e threats, que correspondem a forças, fraquezas, oportunidade e ameaças, respectivamente. Em síntese, ela busca confrontar os aspectos negativos e positivos em relação às condições internas e externas que, de alguma forma, podem gerar efeitos para a empresa. O fator interno trata de questões que surgem dentro da empresa, e se subdivide em forças (positivo) e fraquezas (negativo). Por se tratar de questões que estão dentro do âmbito da empresa, são consideradas controláveis, ou seja, a organização possui atuação direta e consegue alterar o seu status. Para facilitar o entendimento, podemos destacar algumas forças: pessoal capacitado, tecnologia de última geração e dinheiro em caixa. E algumas fraquezas: falta de dinheiro em caixa, falta de pessoal e ausência de segurança sistémica adequada. Já o fator externo corresponde a questões que ocorrem fora do âmbito da organização; consequentemente, não podem ser controladas por ela. Esse se subdivide em oportunidades (positivo) e ameaças (negativo). Podemos exemplificar citando: crise econômico (ameaça), inovação tecnológico do mercado (oportunidade), mudança de governo, alteração ambiental (ameaça ou oportunidade). Nota-se que se trata de situações que a empresa, individualmente, não pode alterar e, por isso, deve se adaptar, para amenizar os possíveis efeitos negativos. 7 Após a identificação de todos os fatores positivos e negativo, inicia-se a fase mais importante desse instrumento: a comparação entre forças/ameaças e fraquezas/oportunidades. A confrontação das oportunidades e fraquezas permite identificar as limitações de uma empresa, ou seja, quais são as oportunidades que a organização pode aproveitar e em que medida pode se beneficiar; essa análise reconhece a real situação do negócio. A relação entre as ameaças e forças permite descobrir quais são as vulnerabilidades de uma empresa. Por exemplo, uma empresa com uma marca muito forte no mercado de produtos domésticos se sente ameaçada com a chegada de uma grande multinacional da área no país, que possui notoriedade em âmbito mundial. Saiba mais Retomando o exemplo anterior, supondo que a holding Los Hermanos S.A., que possui a gestão, sendo sócia majoritária de 3 empresas: rede de pizzarias, empresa especializada em serviços odontológicos e empresa de eventos, necessite realizar um diagnóstico estratégico, ou seja, analise sua situação atual levando em consideração a data de dezembro de 2021, ela poderia ter como ponto de início o seguinte: LOS HERMANOS S.A. POSITIVOS NEGATIVOS FORÇAS • Know How no mercado de Franquias. • Profissionais qualificados e com experiência na área. • Tecnologia de última geração. • Atuação em áreas diversificadas. FRAQUEZAS • Empresa recente no mercado. • Capital inicial baixo comparado com outras empresas do ramo. • Localização desprivilegiada. F A T O R E S IN T E R N O S 8 OPORTUNIDADES • Expansão do mercado de franquias. • Desvalorização de algumas empresas e consequente diminuição do seu valor no mercado • Atuação em duas áreas não afetadas pela pandemia. AMEAÇAS • Instabilidade econômica. • Entrada de empresas estrangeiras no mercado nacional. • Aumento da inflação e consequente aumento da taxa Selic. • Instabilidade jurídica do país. F A T O R E S E X T E R N O S Após realizar essa análise, a empresa Los Hermanos poderá identificar quais são os seus pontos fracos e fortes e utilizá-los em seu benefício, conforme a atual situação do mercado, e também identificar quais são as limitações perante as dificuldades que o setor apresenta. Com base nessa análise do cenário atual da organização, ele poderá criar um planejamento de cenários mais efetivo. Como rápido exemplo, podemos destacar as legislações que entram em vigor surpreendendo as empresas, obrigando-as a se reestruturarem para manter um certo grau de competitividade e atuação efetiva no mercado. Veremos no próximo tópico do que se trata o planejamento de cenários. 2.1 Análise Pestel A análise SWOT não é a única ferramenta existente para exame de fatores externos. Há também a chama matriz PESTEL. Esse nome deriva do fato que esse instrumento é utilizado para estudo de fatores políticos, econômicos, sociais, tecnológicos, ambientais e legais que venham a interferir no âmbito negocial de uma empresa. Essa matriz tem o intuito de trazer uma visão macro das possíveis ameaças e oportunidades externas que as empresas estão sujeitas. De um modo geral, o PESTEL visa detectar oportunidade no mercado, verificar a existência de ameaças e desenvolver uma visão mais objetiva da área em que a empresa está inserida, de modo a propiciar uma compreensão mais abrangente das mudanças que estão ocorrendo no mercado. Assim, a análise PESTEL proporciona essa visão externa para que a empresa realize um planejamento interno mais efetivo, ou seja, que atinja os objetivos estratégicos e estabelecidos e minimize a possibilidade de erros. A maioria dos pesquisadores orienta que a análise PESTEL nunca pode ser utilizada sozinha, uma vez que ela apenas análise fatores exteriores; sendo 9 assim, ela deve ser utilizada como complemento de outra matriz, como a SWOT. Da mesma forma, não é uma vantagem grande utilizar a SWOT de forma isolada, pois ela não concede uma visão macro e aprofundada dos fatores externos. Saiba mais Como exemplo, podemos elaborar a seguinte ideia: supondo que uma empresa tem a ideia de desenvolver um novo produto, no ato da sua formação, ela deve considerar todos estes aspectos macros que destacamos: • Políticos: fatores políticos podem dificultar ou facilitar toda a burocracia envolvida por trás do desenvolvimento de um produto novo no mercado, aumentando ou diminuindo a intervenção do governo na esfera privada; • Econômico: o cenário econômico nacional e internacional pode facilitar ou dificultar a disponibilização de crédito com juros baixos para o aperfeiçoamento do projeto, como também influencia na taxa de câmbio e, consequentemente, no custo da importação de matéria prima para a produção do produto; • Sociais: a evolução social e cultural pode influir na aceitação do produto pelos consumidores; • Tecnológicos: a evolução tecnológica acelerada fora do país pode vir a prejudicar o desenvolvimento do produto, que precipitadamente se torna desatualizado; • Ambiental: com o aumento da responsabilidade empresarial perante o meio ambiente, durante todo o processo de formação do produto, devem ser seguidos todos os parâmetros de respeito ao meio ambiente. Como, por exemplo, eliminação de resíduos e sustentabilidade; • Legal: Trata-se de um dos aspectos basilares que deve ser observado, uma vez que, se não cumpridos os requisitos mínimos para o desenvolvimento do produto, como desenvolvimento de patente, este nem pode ser comercializado. Assim, a empresa deve ter um quadro de pessoas especializadas no enquadramento do produto as normas legais.10 TEMA 3 – PLANEJAMENTO DE CENÁRIOS O planejamento por cenários se trata de uma forma de planejar por meio da montagem de possíveis situações futuras. Assim, imaginam-se algumas possibilidades de futuro e se busca antecipadamente definir quais as medidas que seriam realizadas em cada uma dessas situações. Quando se fala em planejamento de cenários, é importante relatarmos que existem alguns atributos mínimos para esse tipo de análise. O primeiro ponto é a clareza; as pessoas devem entender do que realmente se trata aquela situação. É necessário também que se trate de um fato plausível, ou seja, não adianta realizar uma análise de cenários formulando uma situação impossível de acontecer. Por fim, devem-se imaginar eventos relevantes para aquela organização, até porque não faria sentido realizar um planejamento sobre algo que não afetará direta ou indiretamente a situação da empresa. Superados todos esses requisitos básicos, chegamos até o conceito estabelecido por Porter (1996), o qual afirma que se trata de uma visão de futuro profundamente consistente, fundado em suposições plausíveis sobre os importantes assuntos que podem influenciar um setor. O objeto principal de um cenário é verificar situações futuras, e não adivinhá-las. Por esse motivo, é muito importante que, no momento do desenvolvimento dos cenários, busquem-se informações corretas. A forma de abordagem mais indicado para esse tema é a prospectiva, que gera diversos cenários; já a forma menos aconselhada é a projetiva, que baseia o planejamento na criação de apenas um cenário. A razão pela qual criamos cenários está no intuito de projetarmos possíveis situações futuras favoráveis e desfavoráveis à empresa, que poderão estar relacionadas a fatores internos (próprios da organização) e externos, como fatores de mercado (ameaças e oportunidades), influenciadas, por exemplo, por um possível cenário político ou evolução tecnológico. Momento atual Cenário 01 Cenário 02 Cenário 03 Momento Futuro e desejado 11 Saiba mais Mantendo o mesmo exemplo, após a realização do diagnóstico estratégico e perceber quais as forças e fraquezas do negócio, a empresa Los Hermanos S.A. necessita agora iniciar a busca por possíveis cenários de futuro. Isso posto, o futuro é incerto, e se basear apenas em uma situação é muito arriscado. Mas, na prática, como isso poderia ser feito? O ano de 2022 é um ano de eleição. A empresa tem conhecimento que os candidatos A e B estão à frente de todas as apurações. Já se tornou público que o candidato A é totalmente a favor de expandir os direitos e benefícios das empresas e adepto a importar conhecimento tecnológicos de última geração de países estrangeiros, enquanto o candidato B possui um viés mais a favor dos trabalhadores e não apoia o desenvolvimento de novas tecnologias estrangeiras dentro do país. Assim, a empresa tem que elaborar uma estratégia para as duas possibilidades de eleição: a) Caso o candidato A ganhe, aproveitar as oportunidades e benefícios que serão concedidos durante o seu mandato, ou seja, usufruir o máximo durante esse período; b) O candidato B seja eleito, deve a empresa tomar precauções evitando a ocorrência de situações que causem prejuízo, principalmente no que tange aos seus empregadores. TEMA 4 – MATRIZ GUT (GRAVIDADE, URGÊNCIA E TENDÊNCIA) Trata-se de uma técnica criada por Charles H. Kepner e Benjamin B. Tregoe, especialistas na resolução de problemas empresariais. O referido instrumento também visa auxiliar na tomada de decisões; porém, possui um foco maior na priorização de resolução de problemas. Na grande maioria das organizações, há uma série de problemas para serem resolvidos, sendo muitas vezes difícil optar por onde começar em razão da vasta quantidade. Essa matriz vem com o fim de resolver tal questão, classificando cada problema por meio de três parâmetros: gravidade, urgência e tendência. Em síntese, a sua diferença em relação às outras ferramentas é que ela não busca a resolução do problema, mas sim a sua priorização, sendo muitas vezes utilizado como complemento de outras análises. 12 A gravidade significa o impacto que o problema pode gerar ao negócio caso não seja solucionado. Esse impacto tem que ser analisado de maneira geral, levando em consideração todos os setores da empresa. Já a urgência é relacionada ao tempo, de modo que será classificado conforme o grau do dano causado em relação à demora do tempo de resolução do problema. Em síntese, quanto mais rápida a situação precisa ser resolvida, mais urgente ela é. É importante lembrar que, muitas vezes, determinadas questões possuem prazo legal para ser resolvido, fator que também será considerado aqui. A pergunta é ser feita é: “será que isso pode esperar mais um pouco?” Por fim, a tendência se refere à rapidez que o problema tem de se agravar. Assim, a organização necessita analisar se o problema tende a piorar caso não seja resolvido ou se ele permanecerá estável se não for solucionado de imediato. Em síntese, quanto maior a tendência do problema se agravar, maior o seu grau de intensidade. É importante mencionar que todos os problemas são classificados em cinco graus de intensidade. Saiba mais Supondo que a empresa BotolliFotografias tenha 02 problemas para resolver: a) Cliente fez uma reclamação no PROCON, em razão do não atendimento de prazo na entrega de materiais; b) Falta de equipamento moderno. Gravidade Urgência Tendência Resultado Problema A 3 2 1 6 Problema B 2 1 2 4 Por meio dessa tabela, podemos verificar que o problema A possui um grau de impacto maior no negócio, uma vez que expõe ao público uma imagem negativa da empresa. Já a urgência em resolver o problema é mediana, uma vez que possui prazo legal definido. Trata-se de um problema que não tem muita possibilidade de evoluir, pois não irá ultrapassar aquela esfera de contestação, caso seja resolvido com sucesso. No caso do problema B, o seu grau de gravidade é mediano, pois o impacto na empresa não é tão grande ao ponto de inviabilizar o negócio. Em relação à rapidez da evolução do problema B, também possui um baixo grau, pois o referido 13 equipamento será necessário apenas em uma situação específica, não sendo algo utilizado de forma corriqueira. Já a tendência de evolução do problema também tem um grau de evolução mediana, uma vez que, com o desenvolvimento dos trabalhos de fotografia, a utilização de um equipamento mais moderno vai se tornando algo cada vez mais necessário. Assim, concluímos, por meio da utilização da matriz GUT, que a reclamação no PROCON é um problema mais grave e deve ser priorizado em relação ao problema com a falta de equipamento. TEMA 5 – AS CINCO FORÇAS DE PORTER O mercado atual em razão de diversas circunstâncias se encontra fortemente competitivo e volátil, de modo que apenas as empresas que possuem um bom alinhamento estratégico e conseguem potencializar os seus resultados se destacam. As forças de Porter se trata de mais um instrumento utilizado para ajudar na criação do planejamento estratégico de uma empresa, com o intuito de analisar qual é o seu lugar no mercado e, consequentemente, verificar qual o posicionamento dos seus concorrentes, para, ao final, arquitetar um plano evitando que perca espaço no mercado. Em síntese, essa ferramenta estuda fatores externos que podem interferir no crescimento de um negócio dentro de seu ramo e dentro do mercado; ele também irá analisar fatores internos como relacionamento com clientes e fornecedores. Nogueira (2014) assevera se tratar de uma ferramenta que permite confrontar até o lugar em que chega à lucratividade das empresas que trabalham em determinado setor. Antes de nos aprofundarmos no assunto, é importante mencionarmos que Michael Porter é autor de diversos obrasreferentes à estratégia e competitividade no mundo dos negócios, sendo que as 05 Forças de Porter foi uma importante contribuição para as empresas em geral criado na década de 1970. Vejamos então quais são essas forças relevantes para a gestão estratégica. 5.1 Ameaça de produtos substitutos Trata-se do perigo de um dos concorrentes desenvolver outro produto ou serviço capaz de tomar o lugar de um produto ou serviço já consolidado no mercado e produzido pela empresa. Em síntese, é a possibilidade de uma 14 empresa produzir algo capaz de suprir a necessidade dos clientes de outra organização. Por exemplo, uma construtora de casas. Hoje em dia, tem sido comum a venda de “containers” visando à construção civil, por mais que não seja o mesmo produto; eles visam o mesmo tipo de cliente: aqueles que desejam adquirir uma residência ou construir uma casa em um terreno vazio. A forma mais eficaz de evitar que isso ocorra. É o investimento em pesquisas para identificar se os concorrentes apresentam algum tipo de produto ou serviço que posso ameaçar substituir aquele desenvolvido pela organização. 5.2 Ameaça de entrada de novos concorrentes É a possibilidade da chegada de novas empresas em um determinado segmento e que traga custos mais baixos ou condições especiais. Nesse caso, a maneira de proteger o seu negócio é por meio do investimento em inovação e em outras formas que sejam capazes de manter o posicionamento daquela empresa forte no mercado. Entretanto, há diversos fatores que podem atrapalhar a inserção de uma empresa dentro de um segmento: • Capital elevado a ser investido; • Alta produção inicial; • Acesso dificultoso aos fornecedores; • Produto sem diferenciação; • Política governamental. 5.3 Poder de negociação dos clientes Refere-se a uma situação muito comum ultimamente, que vem se agravando cada dia mais com a disseminação da tecnologia aos consumidores. A evolução da era digital amplia os acessos dos consumidores aos mais diversos produtos e serviços, sendo essa uma ameaça em potencial para qualquer negócio. Além disso, essa ampliação de informações faz com que os consumidores exijam produtos de mais qualidade e com bons preços. Por esse motivo, as empresas devem buscar ao máximo fidelizar os seus clientes, por meio de um atendimento diferenciado e de qualidade. 15 5.4 Poder de negociação dos fornecedores Aqui nos referimos às negociações com os fornecedores, uma organização sempre deve fazer uma pesquisa aprofundada, visando adquirir produtos e serviços da melhor qualidade, mas com preço e prazos adequados, uma vez que esse atendimento irá refletir diretamente no bom atendimento aos seus clientes, no preço do produto ou serviço e também nos custos e lucros da empresa. 5.5 Rivalidade entre os concorrentes Podemos considerar essa como a força principal dentre as cinco, pois é por meio dela que a empresa deve realizar análises para identificar os pontos fracos e fortes de seus possíveis concorrentes (vendem produto/serviço semelhante ou do mesmo ramo de atividade). Nesse caso, a empresa deve promover um estudo listando os seus principais concorrentes e definir qual o tamanho do pedaço daquele segmento que visa almejar. Também deve buscar quais os recursos utilizados pelos concorrentes, a opinião dos consumidores em relação a eles, entre outras medidas. 16 A importância dessa última força pode ser visualizada na seguinte imagem: Crédito: Tea Talk/Shutterstock. 5.6 Participantes complementares Conforme o mercado foi evoluindo, concebeu-se uma nova força, que, por mais que não tenha relação direta com os produtos e serviços de uma empresa, podem influir em seus resultados. O exemplo principal a ser utilizado são as farmácias que vendem diversos medicamentos com prescrição médica, ou seja, medicamentos esses indicados por um médico, sendo então o médico um participante complementar do ramo de farmácias. 17 REFERÊNCIAS CHIAVENATO, I. Introdução à Teoria Geral da Administração. 6. ed. Rio de Janeiro: Campus, 2000. CHIAVENATO, I.; SAPIRO, A. Planejamento Estratégico. 7 reimpr. Rio de Janeiro: Elsevier, 2003. FERREIRA, P. C. Planejamento estratégico [recurso eletrônico]. Curitiba: Contentus, 2020. 69 p. il. ISBN 978-65-5745-896-9 MARTINS, M. A. P. Gestão Educacional: Planejamento Estratégico e Marketing. Rio de Janeiro: Brasport, 2007. NOGUEIRA, C. S. Planejamento Estratégico. São Paulo: Pearson Education do Brasil, 2014. – (Coleção Bibliografia Universidade Pearson). PORTER, M. E. 1980. Estratégia Competitiva. Técnicas para análise de indústria e da concorrência. Rio de Janeiro: Elsevier, 2004 REBOUÇAS, D. de P. Oliveira. Planejamento estratégico: conceitos, metodologia e práticas. 22. ed. São Paulo: Atlas, 2006. AULA 2 ANÁLISE DE CENÁRIOS FINANCEIROS Prof. Thiago Fernandes Antunes 2 CONVERSA INICIAL Anteriormente, delimitamos alguns conceitos essenciais para o entendimento do assunto, abrangendo a real finalidade de um planejamento estratégico, o modo como esse deve ser elaborado considerando um processo de análise de cenários, e todos os instrumentos existentes para auxiliar nesse estudo, como análise SWOT, GUT e as cinco forças de Porter. Nesta aula, iniciaremos o estudo de um assunto muito importante com relação ao planejamento e análise de cenários: as estruturas de mercado e as políticas neste ambiente. Por esse motivo, nos temas iniciais explanaremos as estruturas de mercado existentes e, em seguida, nos debruçaremos sobre a análise das políticas monetária, fiscal e cambial que influenciam significativamente os destinos dos mercados. Por fim, destacaremos alguns elementos importantes da política monetária. Desse modo, essa aula foi estruturada da seguinte forma: 1. Estrutura de mercado; 2. Política monetária (taxa de juros, inflação câmbio); 3. Política fiscal e política cambial; 4. Oferta e demanda; 5. Indicadores econômicos. Ao final desta aula, esperamos que você seja capaz de: entender as diversas estruturas de mercado existentes e sua influência no âmbito concorrencial; compreender os principais pontos em uma política monetária, o funcionamento da inflação e da taxa de juros; a influência da política fiscal no mercado, e como a gestão realizada pode afetar diretamente as empresas nacionais; o funcionamento da política cambial e como seu equilíbrio é fundamental para a manutenção de uma economia estável e próspera; e, por fim, entender a importante lei da oferta e da demanda, o que facilitará a compreensão dos motivos pelo quais o mercado tende a variar. TEMA 1 – ESTRUTURAS DE MERCADO Com a evolução social e tecnológica, é cada vez mais difícil inserir-se em um determinado mercado, e é ainda mais complicado manter-se nele. Por esse motivo, o empresário, antes de iniciar um empreendimento, deve pesquisar e 3 identificar em qual estrutura de mercado seu negócio melhor se enquadra. Isso vai variar de acordo com a característica do produto ou serviço oferecido, pois cada um possui uma formatação já existente no mercado (estruturas de mercado). A compreensão desse sistema é importante, pois será o ponto inicial para a formulação de preços, quantidade de produção e análise da concorrência. Assim, a empresa, ao identificar em que estrutura se encontra, e quem são os seus concorrentes, poderá formular estratégias específicas para superar os adversários. 1.1 Mercado competitivo e não competitivo Entre as diversas estruturas, há mercados mais competitivos que outros. No mercado competitivo, é comum a existência de muitas empresas, as quais oferecem produtos e serviços muito parecidos, por isso, o diferencial entre elas acaba sendo o preço. Desse modo, o consumidor que sempre compra da empresaX, ao perceber que o preço desta sobe, passará a consumir o produto da empresa Y sem pestanejar; ou seja, os clientes não são fiéis a uma determinada marca. O preço, nesse tipo de mercado, segue a lei da oferta e da demanda, sobre a qual estudaremos mais adiante. O exemplo clássico de um mercado competitivo é o das commodities, em que os produtos são sempre os mesmos, e seu diferencial está no preço. Uma das maneiras dessas empresas se destacarem em um mercado competitivo é investindo na diferenciação de seus produtos; a partir do momento que seu produto possui características diferenciadas e um alto valor agregado, o processo de fidelização tem início, o que dificulta que o cliente troque de produto. Assaf (2012, p. 173) afirma: “A melhor medida do sucesso empresarial em mercado competitivo é a criação de valor a seus proprietários”. Uma das principais referências na fidelização é a Apple, que mesmo com preços acima da média, consegue vender mais do que empresas que comercializam produtos com valor muito mais baixo. Já o mercado não competitivo é composto por um número pequeno de companhias, entretanto de maior tamanho. Por mais que não possuam nenhuma relação entre si, é comum a realização de acordos que dificultem (ou que criem obstáculos) à entrada de novos participantes. Em razão disso, esse mercado tende a ter preços estáveis. 4 Esse mercado geralmente é formado por oligopólios, isto é, quando no mercado há vários compradores para poucos produtores. Os produtos podem ser iguais ou diferentes entre si, porém, pelo fato de as empresas oligopolistas dominarem determinado mercado, há uma grande barreira para novos entrantes. Trata-se de um mercado único, pois não serão os consumidores que farão os preços (por meio da oferta e da demanda), mas sim os produtores, muitas vezes por conluios entre as empresas. Além dos oligopólios, há outras estruturas de mercado conhecidas. Vamos conhecê-las: • Monopólio – Quando existe apenas um produtor de um bem ou serviço e o mercado passa a depender dele totalmente para conseguir aquilo que deseja. No monopólio, a dificuldade para entrar é muito grande. Entre os obstáculos, estão: já haver uma companhia dominando o mercado; capital inicial exorbitante; patentes; controle de matérias-primas; concessões e liberações dos poderes públicos; e, acesso a tecnologia de ponta. Podemos destacar as empresas de energia elétrica, que possuem monopólio estatal, e exercem seu poder monopolista dentro de um estado específico. • Concorrência perfeita – Nenhuma empresa ou consumidor tem poder de influência na definição de preços; trata-se de um mercado extremamente competitivo. Aqui, quem faz o preço são os consumidores, de acordo com o seu próprio interesse, uma vez que possuem uma gama extensa de vendedores de produtos idênticos. Consiste no modelo perfeito de competitividade, uma vez que eleva a eficiência e transparência da economia. Outro ponto importante a ser mencionado é a inexistência de barreira de entrada; logo, há entrada e saída corriqueira das empresas. • Concorrência monopolista – É uma estrutura de mercado intermediária entre a concorrência perfeita e o monopólio, uma vez que contém características de ambas. O produto ou serviço se diferencia e se sobressai por sua marca, como ocorre com McDonald’s e Burguer King: ambos oferecem produtos semelhantes, porém capazes de serem diferenciados; sua distinção se dá, majoritariamente, pela marca e pelas estratégias de marketing aplicadas, uma vez que as duas tentam atingir o mesmo público. Há outras estruturas de mercado não tão conhecidas: 5 • Monopólio bilateral – Um vendedor apenas para um comprador. Neste caso, ambas as partes exercem influência sobre o preço; assim, esse fator dependerá do poder de negociação das partes. • Monopsônio – Muitos vendedores para apenas um comprador. • Oligopsônio – Muitos vendedores para poucos compradores, de modo que a determinação dos preços fica na mão dos compradores. TEMA 2 – POLÍTICA MONETÁRIA Antes de apresentarmos o que é a política monetária nacional, é importante entendermos o sistema no qual o mercado está inserido. Há, em nosso país, o chamado Sistema Financeiro Nacional, responsável pela existência da estrutura hierárquica que faz com que a economia do país funcione da maneira mais eficiente possível. No topo dessa pirâmide, como órgão normativo está o Conselho Monetário Nacional, incumbido de definir as diretrizes do funcionamento do mercado. No meio da pirâmide, estão a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) – controle e fomento da bolsa de valores –, e o Banco Central (BACEN) – um organismo normativo secundário, executor e controlador do sistema financeiro. Na base da pirâmide, estão as instituições financeiras, abrangendo bancos comerciais/múltiplos, bancos de investimento, corretoras de valores mobiliários, entre outros responsáveis pelo aspecto operacional do mercado. No entanto, nessa aula, mergulharemos em uma importante atividade de competência do BACEN, realizada pelo Comitê de Política Monetária (COPOM): a execução da política monetária do governo. Tal política, basicamente, consiste no conjunto de atitudes adotadas para promover o controle da moeda dentro do país, ou seja, o dinheiro em circulação no mercado. Tal atitude é realizada pela definição da taxa de juros que impacta diretamente a inflação (conceitos estes que estudaremos em breve), tanto estimulando como retraindo a economia, visando superar crises ou manter a inflação sobre controle. Há duas políticas monetárias que podem ser adotadas: uma expansionista (aumento da moeda em circulação e diminuição da taxa de juros, de modo a ampliar o consumo/poder de compra), e outra contracionista (aumento da taxa de juros, diminuindo a busca por crédito junto aos bancos e, consequentemente, diminui o consumo/poder de compra reduzindo a inflação naquele período). 6 Vejamos como cada instrumento da política monetária é utilizado em cada uma destas situações: Quadro 1 – Usos dos instrumentos da política monetária Contracionista Expansionista Depósito compulsório (parcela que os bancos devem obrigatoriamente depositar no Banco Central) Com o aumento do depósito compulsório dos bancos, menor será o valor disponível no mercado (menor liquidez), o que gera maiores juros. Logo, menos pessoas buscam crédito = menos consumo = menor inflação. Com a diminuição do recolhimento compulsório, sobra mais valores para os bancos. Logo, eles concedem crédito com menos juros = mais crédito no mercado = maior consumo = maior inflação. Operação de redesconto (são os empréstimos concedidos pelo BACEN às instituições financeiras) Se o BACEN aumentar a taxa de redesconto, logo os bancos pagarão juros maiores dos empréstimos feitos no BACEN. Assim, diminui o dinheiro em circulação no mercado e, consequentemente, a inflação diminui. Se o BACEN diminui a taxa de juros dos empréstimos pedidos pelos bancos, há um aumento do dinheiro em circulação, o que gera crescimento da inflação. Open market (atuação do BACEN no mercado financeiro por meio da compra e venda de títulos públicos federais) Quando o BACEN vende títulos, retira dinheiro do mercado e, consequentemente, diminui a inflação. Quando o BACEN realiza a compra de títulos, ele está injetando dinheiro no mercado, o que gera um aumento do consumo e da inflação. 2.1 Taxa de juros Em síntese, quando falamos de taxas de juros, estamos nos referindo ao custo do dinheiro no tempo. Assaf (2012, p. 352) detalha da seguinte maneira: A taxa de juros reflete, portanto, o preço do sacrifício de poupar, o que equivale, em outras palavras, à remuneração exigida por um agente econômico ao decidir postergar o consumo, transferindo seus recursos a outro agente. Entretanto, é importante mencionar que a taxa de jurosnão é apenas um instrumento de controle da política monetária nacional, mas também uma forma de influenciar as relações entre os particulares. Podemos citar, por exemplo, a situação em que a taxa de juros se encontra em um período de baixa: é o momento mais oportuno para que uma empresa em busca de capital de terceiros realize esse tipo de captação; para o investidor, não é uma das melhores opções, pois o retorno da aplicação não será proveitoso. O juro dessa captação realizada pela empresa irá refletir o custo de oportunidade do seu capital: basicamente o preço a ser pago pelo capital tomado emprestado e aplicado em suas decisões internas. 7 É necessário compreendermos que as taxas de juros estão diretamente atreladas à denominada taxa Selic (Sistema Especial de Liquidação e Custódia). A Selic pode, portanto, ser subdividida em: • Taxa Selic Over: consiste na taxa efetivamente praticada no mercado, que representa a média diária da negociação de títulos públicos federais na Selic. • Taxa Selic Meta: trata-se da taxa definida pelo COPOM, justamente para manter a política monetária sobre controle. Essa taxa é definida visando alcançar a meta de inflação e, consequentemente, controlar a quantidade de dinheiro disponível no mercado (liquidez). A definição dessa taxa meta é feita a cada 45 dias, em reuniões ordinárias realizadas pelo COPOM. Em casos de extrema urgência, é possível que haja reuniões extraordinárias. Após estudarmos essa taxa de juros basilar, precisamos conhecer quais as possibilidades das taxas de juros presentes no mercado. A primeira que podemos destacar é a taxa de juros livre de risco (risk free), entendida como a taxa que não tem risco, ou seja, o titular desse ativo tem a certeza de sua realização. O exemplo que mais se aproxima desse tipo de taxa são os juros reais pagos por títulos públicos federais (mantendo uma aproximação ainda maior nos casos de ausência de inflação). Já a taxa de juros praticada no mercado, ou seja, aquele valor pago pelo “aluguel” do dinheiro (tomadores versus investidores), irá variar de acordo com alguns fatores. Brigham (2001) apresenta quatro deles: 1. Retorno das oportunidades de investimentos dos tomadores de recursos: quanto mais rentáveis forem as oportunidades de investimento das empresas, mais elas pagarão pelo empréstimo. Empresas com pouca rentabilidade, por sua vez, pagarão menos pelos empréstimos (taxa menor). 2. Preferências temporais de consumo: quanto mais as pessoas consomem, menos haverá poupança disponível na economia; logo, mais difícil será para as empresas captarem recursos, fato esse que eleva as taxas de juros. Contudo, se o volume de poupança no mercado for elevado, haverá maior oferta de dinheiro disponível na economia e uma taxa de juros menor. 8 3. Risco do empréstimo: é o risco de inadimplência do devedor. Quanto maior for a demonstração de incapacidade para arcar com o pagamento dos juros na data pactuada, mais altos serão os juros. 4. Inflação futura: no momento em que a inflação esperada no futuro se eleva, a taxa de juros exigida pelos poupadores também irá aumentar, pois trata- se de uma forma de compensar esse risco de depreciação monetária. Desse modo, podemos concluir que a taxa de juros básica de economia é a taxa mínima que trará retornos inferiores àqueles de ativos que não sejam títulos governamentais. Já a taxa de juros estabelecida livremente pelo mercado é a taxa que levará a retornos variáveis conforme os fatores apresentados, variando também por questões políticas, econômicas, sociais e cambiais. Assaf (2012, p. 353) destaca: O Governo, por seu lado, tem enorme poder sobre a fixação da taxa de juros. As autoridades econômicas controlam certos instrumentos de política monetária que permitem regular os níveis das taxas de juros no mercado, sempre que for julgado recomendável para a economia. 2.2 Inflação Conceituando de maneira isolada, a inflação é a elevação dos preços de bens e serviços em geral, o que ocasiona a degradação do poder aquisitivo da moeda. Justamente por esse motivo que um investidor sempre deve considerar a inflação antes de tomar uma decisão de investimento; é nesse ponto que diferenciamos a taxa de juros real (que considera a inflação em seu cálculo) da taxa de juros nominal. A elevação exacerbada da inflação faz com que o BACEN tenha de realizar uma intervenção por meio do aumento da taxa de juros, diminuindo a disponibilidade de crédito no mercado e, consequentemente, refreando o consumo, o que causa a diminuição da inflação. Assim, o investidor utiliza essa ferramenta de política monetária a seu favor, uma vez que expectativas de aumento nos índices de preços são capazes de antecipar uma elevação nas taxas de juros do mercado e, como consequência, esta será uma opção melhor de investimento (Assaf, 2012, p. 354). 9 2.3 Na prática Imaginemos que João Donald atualmente possua um saldo de R$ 100.000,00 em sua poupança, e resolva aplicar o dinheiro em um investimento com taxa de juros nominal anual de 10%. Consideremos que a inflação nesse mesmo período foi de 11% (medido pelo IPCA). Quanto essa aplicação renderia realmente? Consideremos a seguinte fórmula: 𝑇𝑇𝑇𝑇𝑇𝑇𝑇𝑇 𝑅𝑅𝑅𝑅𝑇𝑇𝑅𝑅 𝑑𝑑𝑅𝑅 𝐽𝐽𝐽𝐽𝐽𝐽𝐽𝐽𝐽𝐽 = ( 1 + Taxa Nominal 1 + IPCA ) − 1 𝑇𝑇𝑇𝑇𝑇𝑇𝑇𝑇 𝑅𝑅𝑅𝑅𝑇𝑇𝑅𝑅 𝑑𝑑𝑅𝑅 𝐽𝐽𝐽𝐽𝐽𝐽𝐽𝐽𝐽𝐽 = �1+0,10 1+0,11 � − 1 => 𝑇𝑇𝑇𝑇𝑇𝑇𝑇𝑇 𝑅𝑅𝑅𝑅𝑇𝑇𝑅𝑅 = − 0,00909091 Dessa forma, é possível concluir que a real rentabilidade do investimento naquele ano todo foi, na verdade, negativa (-0,90%), em decorrência da alta inflação daquele período. Mesmo que o valor aplicado ao final tenha totalizado R$ 111.000,00, durante este período de 12 meses a desvalorização do dinheiro (perda do poder compra) nessa mesma época fez, na realidade, o capital diminuir em 0,90%. Por esse motivo, em um momento de baixa taxa de juros e de inflação alta, é possível que pessoas que mantenham seu dinheiro em aplicações ruins, ao invés de ganhar, percam dinheiro. Por mais que, em números, o valor aumente, o poder de compra do investidor pode ser reduzido entre o momento da aplicação dos recursos e a data do recebimento do montante principal acrescido dos juros. TEMA 3 – POLÍTICA FISCAL E POLÍTICA CAMBIAL A política fiscal consiste no conjunto de atos pelos quais o governo arrecada receitas e efetua despesas. Desse modo, ele visa, dentro do orçamento previsto, obter as rendas indispensáveis para a satisfação das despesas públicas e cumprir três funções: a estabilização macroeconômica, a redistribuição de renda e a alocação de recursos. A primeira função busca promover o crescimento econômico que assegure baixo desemprego e estabilidade de preços. Já a segunda objetiva à distribuição igualitária de renda, o que complementaria a estabilidade de preços. Por fim, a alocação de recursos trata do investimento em fornecimento de bens e serviços públicos, equilibrando possíveis falhas do mercado. 10 Para identificarmos se uma política fiscal está sendo executada de maneira efetiva, podemos analisar duas perspectivas diferentes. A primeira é por meio da mensuração da qualidade do gasto público, ou seja, verificar se os valores estão sendo remanejados para as áreas com maior carência de recurso, como mão de obra e matéria-prima. O segundo trata da identificação do impacto dessa política no bem-estar dos cidadãos, ou seja, se o governo, por meio de uma boa gestão financeira, está conseguindo ampliar a qualidade dos serviços essenciais prestados à população. Em relação à identificação da boa gestão dos recursos arrecadados pelo Tesouro Nacional, é possível mensurá-la por intermédio de um indicador de fluxos primário e nominal. Para auxiliar esse entendimento, formulamos o esquema da Figura 1. Figura 1 – Indicadores defluxo primário e nominal 3.1 Política cambial Trata-se da política conduzida pelo BACEN para controlar a relação do preço de nossa moeda com o de moedas estrangeiras. Manter essa relação equilibrada é importante para a gestão da inflação e da dívida pública federal no mercado externo. Quando falamos em equilíbrio, é porque podemos identificar duas situações: 1. Real valorizado (BRL 1,00 = USD 1,00): os brasileiros passam a comprar mais produtos de fora (aumento da importação), em razão da tecnologia nacional não apresentar o mesmo nível dos produtos das grandes potências mundiais. Esse aumento da importação enfraquece o consumo 11 interno e, consequentemente, a indústria nacional, gerando desemprego e diminuindo a arrecadação do governo. 2. Real desvalorizado (BRL 5,00 = USD 1,00): trata-se do popular “o dólar está caro”. Imaginemos um produtor pecuário que venda a arroba do boi para o mercado externo a US$ 100, ou seja, o equivalente a R$ 500,00. Assim, esse mesmo produtor terá de vender para o mercado interno no valor mínimo de R$ 500,00. Portanto, quanto mais desvalorizado o real, mais cara será a carne, do mesmo modo para outros produtos, para nós brasileiros, ou seja, consumidores internos. Outro impacto causado por tal desvalorização está relacionado às dívidas das grandes empresas e do Governo Federal, uma vez que, em sua grande maioria, são precificadas em dólar; logo, quanto mais desvalorizado o real, mais caras as dívidas. Por exemplo, com o dólar a R$ 5,00, uma dívida que seja de 1 milhão de dólares equivalerá a uma dívida de 5 milhões de reais. Todas essas questões geram um aumento da inflação (aumento do preço dos produtos internos), assim como elevação do preço dos impostos (o Governo Federal terá sua dívida externa ampliada, de modo que necessita arrecadar um valor elevado). Assim, notamos que o Banco Central possui uma grande responsabilidade na gestão dessa política, pois não pode deixar o real muito valorizado, tampouco permitir que a moeda nacional fique demasiadamente desvalorizada. Para cumprir esse objetivo, o Brasil adota a política cambial flutuante suja sem banda cambial. E o que isso significa? • Política cambial flutuante: considera a lei da oferta e da demanda, ou seja, o preço irá flutuar de acordo com as demandas do mercado. Assim, se o mercado demandar por mais dólar, o preço dessa moeda aumentará, desvalorizando a moeda nacional. Se os agentes estiverem ofertando mais dólar do que o mercado é capaz de demandar, ocorrerá uma valorização demasiada do real. • Suja: é considerada suja por ocorrer uma intervenção do BACEN. O Brasil não permite que a taxa de câmbio flutue livremente (limpa), de modo que ocorre um controle por parte do governo. Tal gestão acontece pela compra e venda de dólares, sendo esse um dos motivos da existência das reservas internacionais. 12 • Sem banda cambial: a existência de uma banda cambial consiste na fixação, por parte da instituição monetária, de uma faixa na qual o câmbio pode flutuar livremente. O regime adotado pelo nosso país não considera essa faixa livre. TEMA 4 – OFERTA E DEMANDA A lei da oferta e demanda possui grande importância e influência no mercado. Em uma explicação breve, nada mais é do que um grupo de compradores e vendedores de certo produto ou serviço. O grupo de compradores irão determinar a demanda, e o conjunto de vendedores irá precisar a oferta. A importância dessa lei pode ser exemplificada pela influência que a oferta e a demanda têm na determinação das taxas de câmbio (Gitman, 2012, p. 704). Para entendermos melhor, faremos primeiro uma análise, levando em consideração o Ceteris Paribus (“todo o resto é constante”), ou seja, não consideraremos nenhum fator que possa influenciar a teoria. Quando falamos de oferta e demanda, há uma série de fatores que podem intervir no resultado desse estudo. Por esse motivo, ao final desse tema destacaremos alguns deles. 4.1 Lei da demanda A demanda possui relação direta com o consumidor. Em síntese, consiste na quantidade que os consumidores estão dispostos a comprar de determinado bem ou serviço. Essa teoria afirma que quanto menores os preços dos produtos, maior é o número de pessoas interessadas em adquiri-lo, do mesmo modo que preços elevados diminuem a procura pelo produto. É por esse motivo que a curva de procura e demanda é decrescente. Observe o Gráfico 1. Gráfico 1 – Lei da demanda R$0,00 R$20,00 R$40,00 R$60,00 R$80,00 R$100,00 R$120,00 QUANTIDADE: 05 peças 10 peças 15 peças 20 peças Vestido marca XXZ 13 Nesse gráfico, há, na linha horizontal, a quantidade de produtos, e, na faixa vertical, o valor deles. É possível perceber que quanto mais barato o vestido XXZ, mais procurado ele é, ou seja, maior é a quantidade comprada. De modo que se o vestido custasse R$ 100,00, haveria apenas uma demanda por 5 peças; caso o valor caísse para R$ 80,00, teríamos então uma demanda maior, de 10 peças, e assim por diante. Isso mostra que, nesse mercado – sem levar em consideração qualquer outro fator além do preço –, conforme o valor do produto, diminui ou aumenta a quantidade de consumidores. Outra constatação é que se o vestido custasse R$ 40,00, aumentaria demasiadamente a demanda, ocasionando um excesso de demanda. 4.2 Lei da oferta Na lei da oferta, a relação é direta com o vendedor, uma vez que, quanto mais elevado o preço do produto, maior será o esforço dos vendedores em comercializar quantidades maiores, assim, haverá uma curva crescente, que está representada no Gráfico 2. Gráfico 2 – Lei da oferta Assim, o vendedor do vestido XXZ, visando ao aumento de seus lucros, quanto maior for o preço, mais elevada será a quantidade que ele buscará vender. Portanto, vendendo 5 peças a R$ 40,00, ele obterá um lucro de R$ 200,00; vendendo 10 peças a R$ 60,00, o lucro será de R$ 600,00, e assim por diante. Entretanto, ao realizar a venda de 20 peças custando R$ 100,00, com lucro de R$ 2.000,00 estaremos diante de um excesso de oferta. Desse modo, quanto maior o preço do produto, mais disposto o vendedor estará em produzir mais. R$0,00 R$20,00 R$40,00 R$60,00 R$80,00 R$100,00 R$120,00 05 peças 10 peças 15 peças 20 peças Vestido XXZ 14 4.3 Equilíbrio Nesse momento, vamos considerar as duas teorias em conjunto. Suponhamos que a loja “A” esteja vendendo o vestido XXZ pelo preço de R$ 40,00, e a loja “B” vende a mesma peça por R$ 100,00. • Loja A: em razão do baixo preço, produziu poucas peças; entretanto, o baixo valor da peça fez com que a procura fosse muito grande; assim, não sobrou nenhuma peça, ou seja: houve baixa oferta e alta demanda. • Loja B: o alto valor fez com que a loja produzisse muitas peças, porém, o alto preço não atraiu compradores. Desse modo, o estoque está cheio, isto é: há alta oferta, mas baixa demanda. Assim, o mercado precisa encontrar uma forma de equilibrar essas relações, para que não haja falta de produtos e tampouco sobra demasiada. E como resolver esse problema? No caso da loja “A”, há necessidade de aumentar o preço do vestido, de modo a diminuir a demanda demasiada (procura pelo produto) e aumentar a oferta por parte do vendedor (produção de uma quantidade maior de peças). Quanto à loja “B”, há a necessidade de reduzir o valor do produto, gerando a diminuição da oferta (produção de uma quantidade menor de peças), e aumento da demanda (com o preço mais baixo, a procura pelo produto será maior). Gráfico 3 – Oferta e demanda Dessa maneira, por meio da intersecção presente nesse gráfico, é possível identificar que o equilíbrio está na venda do produto pelo valor de R$ 70,00, de modo que não haverá oferta elevada tampouco demanda acentuada. R$0,00 R$20,00 R$40,00 R$60,00 R$80,00 R$100,00 R$120,00 05 peças 10 peças 15 peças 20 peças LOJA A LOJAB 15 4.4 Outros fatores relevantes Além do preço, há diversas outras variáveis que podem influenciar os gráficos elaborados acima. Neste subtema iremos destacar algumas variáveis que entendemos serem mais importantes. Em relação à demanda, podemos destacar, em primeiro lugar, a renda: se a população tem um aumento em sua renda, e tem interesse em gastar, consequentemente haverá um aumento da demanda, dada a elevação do nível de consumo. Outro ponto que podemos citar é o preço dos bens relacionados: supondo que um indivíduo possua uma loja de brigadeiro de chocolate com granulado, se houver aumento do preço do granulado, automaticamente o brigadeiro, como um todo, também sofrerá esse aumento; assim, a demanda de um, influencia o outro. Os gostos também podem gerar alteração nos gráficos: imaginemos que grande parte da população consuma manteiga: entretanto, começa a haver a disseminação de notícias na internet destacando que tal alimento faz mal à saúde, e que a margarina seria mais benéfica; logo, a demanda de manteiga irá diminuir. A expectativa é outro fator importante. Para facilitar o entendimento, imaginemos que há uma greve de caminhoneiros prestes a iniciar, sendo certo que haverá falta de gasolina nas bombas durante esse período. Dessa forma, grande parte da população irá correr para os postos de gasolina, aumentando excessivamente a demanda. Por fim, o número de compradores é outro fator que pode influir na demanda: consideremos que, durante o segundo semestre de 2021, o aumento da taxa de natalidade foi de 50%; assim, também podemos esperar a ampliação da demanda por produtos relacionados a recém- nascidos. Quanto aos fatores relacionados à oferta, mencionaremos os três que entendemos como mais importantes. O preço dos insumos: imaginando o mesmo exemplo do brigadeiro, se o preço do leite condensado subir, consequentemente, o preço do brigadeiro também irá aumentar. A tecnologia: podemos mencionar o caso de uma empresa de sapatos que adquiriu uma máquina de produção mais eficiente, gerando uma produção diária maior de sapatos, aumentando a oferta, portanto. O número de produtores também é um elemento fundamental, pois a oferta no mercado aumenta ou diminui conforme o número de vendedores fornecendo o produto em um dado ramo. 16 4.5 Na prática Leitura obrigatória Leia a reportagem intitulada “Aumento nos preços se espalha por vários setores da economia mesmo com a população comprando menos”, publicada pelo G1 em 12 de outubro de 2021. Ela divulga o aumento dos preços em diversos setores da economia, mesmo com a diminuição do consumo. Disponível em: <https://g1.globo.com/jornal-nacional/noticia/2021/10/12/aumento-nos-precos-se- espalha-por-varios-setores-da-economia-mesmo-com-a-populacao-comprando- menos.ghtml>. Acesso em: 18 fev. 2022. É possível perceber que o aumento dos preços não teve nenhuma relação com o aumento da demanda, mas pela influência de diversos outros fatores. O primeiro deles é o custo de produção, que se tornou mais elevado. A explicação elaborada pelo economista José Roberto Mendonça é que, durante a pandemia, com o fechamento das fábricas, a produção veio a zero; quando o consumo voltou, a demanda cresceu demasiadamente, se distanciado muito da oferta e desarranjando todo o mercado. Nesse momento, regularizar a situação se torna algo mais difícil (lei da oferta e demanda). Um segundo fator importante é a desvantagem na hora de realizar negócios em razão da desvalorização da moeda nacional, além do fato de que os países estrangeiros retomaram a economia de forma mais acelerada (política cambial). Por fim, mesmo o baixo consumo da população durante o período de pandemia, muito por conta do isolamento social, não foi suficiente para inibir o aumento da inflação. Ainda assim, buscando uma melhora nesse ponto, o governo realizou o aumento da taxa básica de juros (inflação e taxa de juros). TEMA 5 – INDICADORES ECONÔMICOS Estudamos, anteriormente, alguns indicadores econômicos fundamentais para o mercado e para a economia. Nesse último tema, iremos complementar esses indicadores principais, de modo a ampliar nossa visão sobre o tema, para que possamos entender o assunto como um todo. 17 5.1 Produto Interno Bruto (PIB) O PIB consiste na soma de todos os bens e serviços finais produzidos no país durante determinado período. Em síntese, o PIB mede a riqueza de uma nação. Sua medição pode ser feita em real ou dólar; normalmente, irá considerar o período de um ano. É importante frisar que o PIB não vai considerar a produção de bens e serviços intermediários, a fim de evitar que o mesmo produto seja calculado duas vezes. Por exemplo, no caso da produção de um pão de forma, a farinha de trigo utilizada não será contabilizada para fins de cálculo do PIB, pois este apenas leva em consideração os serviços e produtos finais. Aqui destacamos o chamado PIB agregado, que apenas refletirá o valor agregado, desconsiderando o que for gasto com insumos. Supondo que uma indústria tem, por unidade de produto um custo de R$ 1.000,00, e o vende por R$ 1.800,00, será considerado como contribuição para o PIB o valor de R$ 800,00 por produto vendido. Além do PIB agregado, há também o PIB nominal (bens e serviços finais, mas sem considerar o desconto da inflação), e o PIB real (que somente considera eventual evolução após a realização do desconto da inflação no cálculo do indicador). O cálculo do PIB considera a seguinte equação: • C: consumo (bens duráveis, não duráveis e serviços); • I: investimentos (na cadeia produtiva, em empresas, variação de estoque); • G: gastos do Governo; • NX: exportações líquidas (exportações – importações). 5.2 Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) O IPCA é o índice responsável pelo acompanhamento das metas estabelecidas pelo sistema de inflação. Em resumo, é o índice oficial de inflação do Brasil. Ele é calculado pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), e trata-se de índice verificado mensalmente, com período de coleta entre o 1º e o 30º dia do mês de referência. Seu objetivo é a população que aufere rendimentos mensais entre 1 e 40 salários-mínimos, residente nas seguintes PIB = C + I + G + NX 18 áreas urbanas: Rio de Janeiro, Porto Alegre, Belo Horizonte, Recife, São Paulo, Belém, Fortaleza, Salvador, Curitiba, Distrito Federal e Goiânia. O IPCA é utilizado como referência para a meta de inflação definida pelo Conselho Monetário Nacional. O IBGE pesquisa, todos os meses, os preços de alimentos, transporte, comunicação, despesas pessoas, entre outros, e chega a uma média ponderada. Quanto maior a variação positiva do IPCA no período, menor será o poder de compra do brasileiro e, consequentemente, mais elevada será a inflação. 5.3 Índice Geral de Preços do Mercado (IGP-M) O IGP-M é um índice calculado pela Fundação Getulio Vargas (FGV), visando atender necessidades privadas, ou seja, é um indicador independente e sem relação com o Estado. Ele irá abranger todos os setores da economia, como o atacado e a construção civil. Desse modo, podemos entender que o IPCA é a forma de o governo calcular a inflação; o IGP-M tem a mesma função, porém é o método usado pela iniciativa privada. Quadro 2 – Índices e médias ponderadas para cálculo do IGP-M 60% de IPA Índice de Preços no Atacado 30% de IPC Índice de Preços ao Consumidor 10% de INCC Índice Nacional de Custo de Construção O prazo de coleta do IGP-M é diferente do IPCA. Ele é realizado entre o dia 21 do mês anterior ao de referência, ao dia 20 do mês de referência. 19 REFERÊNCIAS ASSAF, A. N. Estrutura e análise de balanços: um enfoque econômico- financeiro. São Paulo: Atlas, 2012. AUMENTO nos preços se espalha por vários setores da economia mesmo com a população comprando menos. G1,12 out. 2021. Disponível em: <https://g1.globo.com/jornal-nacional/noticia/2021/10/12/aumento-nos-precos-se- espalha-por-varios-setores-da-economia-mesmo-com-a-populacao-comprando- menos.ghtml>. Acesso em: 18 fev. 2022. BRIGHAM, E. F.; GAPENSKI, L. C.; EHRHARDT, M. C. Administração financeira. São Paulo: Atlas, 2001. FGV – Fundação Getulio Vargas. IGP-M: resultados 2021. 4 jan. 2021. Disponível em: <https://portal.fgv.br/noticias/igp-m-resultados-2021>. Acesso em: 18 fev. 2022. GITMAN, L. J. Princípios de administração financeira. 12. ed. São Paulo, Pearson Prentice Hall, 2010. IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Painel de indicadores, 2022. Disponível em: <https://www.ibge.gov.br/indicadores#ipca>. Acesso em: 18 fev. 2022. AULA 3 ANÁLISE DE CENÁRIOS FINANCEIROS Prof. Thiago Fernandes Antunes 2 INTRODUÇÃO Caro(a) aluno(a), seja bem-vindo à essa aula. Como já vimos, o planejamento de cenários consiste na elaboração de um plano de ação (construção de estratégias), considerando todos os aspectos possíveis dentro do mercado. Desse modo, o objetivo é construir um método capaz de produzir resultados em diferentes situações mercadológicas. Também estudamos as questões econômicas que podem afetar a participação de uma instituição no mercado, enfatizando pontos de atenção da empresa durante a sua atuação, para o aproveitamento das oportunidades. Nesta aula, vamos estudar outros pontos capazes de influir no mercado. As empresas deverão se atentar aos temas em pauta, mantendo um certo grau de flexibilidade, para que alcancem todos os seus objetivos, independentemente das alterações no mercado. Dentre os temas em debate, destaque para fatores tecnológicos (desenvolvimento de novas tecnologias, considerando a rapidez com que o mundo vem se automatizando); fatores legais (a forma como o estabelecimento de normas e leis pode afetar uma empresa); fatores políticos (a adoção de determinadas medidas pelo governo pode influenciar as empresas, positiva ou negativamente); e, por fim, fatores sociais (às vezes, a evolução social faz com que algo antes considerado errado torne-se um fato comum/cotidiano, um costume, cabendo às empresas se adaptarem para apoiar as novas causas sociais). Desse modo, ao final desta aula você será capaz de compreender todos os indicadores que de alguma forma influenciam não apenas o mercado, mas também as decisões estratégicas adotadas pelas empresas, devendo considerar tanto os aspectos tecnológicos e ambientais, como os aspectos políticos, sociais e legais. Podemos agrupar os temas em dois grupos: os dois primeiros apresentam certa relação (ambiente e tecnologia); assim como os três últimos (sociedade, política e legalidade). TEMA 1 – INDICADORES AMBIENTAIS À medida que os anos passam, aumentam as incertezas em quase todas as áreas do conhecimento (Buarque, 2003). O meio ambiente é o setor em que essa situação é mais preocupante. Por esse motivo, as empresas e os governos ao redor do mundo têm dado maior importância a essa área quando elaboram o 3 seu planejamento estratégico, destacando as possibilidades de futuros e as decisões que serão tomadas em relação a esses acontecimentos. Quando o assunto é meio ambiente, não podemos elaborar cenários para eliminar incertezas e variáveis. Entretanto, é possível, com base em projeções futuras, diminuir o impacto que os eventos podem acarretar à sociedade como um todo. Assim, a análise ambiental visa promover uma antecipação, ou seja, antever condições de futuro que são fundamentais para que os objetivos sejam atingidos (Buarque, 2008). Uma empresa, quando elabora uma análise ambiental, obtém uma série de benefícios, não apenas para os negócios, mas para a sociedade como um todo. Essa análise pode ser desenvolvida em diversas situações. • Lançamento de um novo produto ou serviço: a instituição, quando lança um novo produto no mercado, deve analisar todos os possíveis impactos. Isso porque, a depender dos efeitos, podem surgir problemas que coloquem a empresa em risco, acarretando um impacto que depois não poderá ser amenizado. Suponha que uma instituição, por conta da elaboração de um novo projeto, feito sem planejamento, causa um dano ao meio ambiente: além de ser a pioneira de um prejuízo ambiental, considerando todos os danos causados, essa situação também cria uma imagem negativa para o negócio, impactando diretamente as finanças da empresa. • Abertura de uma nova filial: no momento em que uma instituição abre uma nova filial, além de todos os estudos de viabilidade financeira, legal, econômica e social, também deve observar os fatores ambientais que permeiam a inovação, como impactos hídricos, territoriais, geológicos e topográficos. • Planejamento de ações (aplicação de recursos): uma empresa, quando programa suas atividades futuras, deve considerar a possibilidade de investimentos em políticas de sustentabilidade. Atualmente, muitas empresas têm direcionado o seu foco para a promoção do desenvolvimento sustentável, colocando esse objetivo entre as suas missões. Por exemplo, as atitudes de bancos, além de diversos projetos que são lançados em conjunto. Tais instituições mudaram, de forma radical, a sua forma de trabalhar: retirada de envelopes de depósito, com máquinas modernas; validação de abertura de contas e outros contratos, com a assinatura digital (economia 4 extrema de folhas); produção de folhas de cheque em papel reciclável; além da adoção de projetos como o medidor de consumo de papel. Crédito: monticellllo/Adobe Stock. A valorização do meio ambiente no âmbito corporativo é um aspecto que compõe a responsabilidade social de uma empresa. Trata-se de um dos principais fundamentos sociais de toda a instituição (como veremos mais adiante). Em síntese, a adoção dessas medidas tem como consequência melhores condições e benefícios para os stakeholders (abrange a sociedade em geral, assim como acionistas, credores, fornecedores, clientes e até mesmo o governo), trabalhando de maneira efetiva o viés ético da empresa, que muitas vezes é deixado de lado, afinal, o foco principal das empresas é alavancar a esfera econômica e concorrencial. Conforme destaca Assaf Neto (2014, p. 41), “A responsabilidade social defende o objetivo de maximização do lucro até o limite que isso não destrua o meio ambiente, promova exploração do trabalho, pratique atos imorais de corrupção etc.”. Em nosso país, temos dois exemplos negativos a respeito do assunto: Mariana e Brumadinho. Esses acidentes causaram prejuízos extensos e permanentes ao meio ambiente, como no caso de Mariana, em que uma grande camada de lama atingiu toda a vegetação, criando uma espécie de cimento sobre a terra, que impede o desenvolvimento de vegetação. O prejuízo à vida marinha na região também foi incalculável. O ocorrido também impactou as vidas dos trabalhadores e moradores da região, além de todas as empresas envolvidas – 5 além do prejuízo milionário, com processos judiciais ambientais e trabalhistas, as empresas levam consigo uma imagem negativa. Tais prejuízos poderiam ser evitados se, dentro de seus planos estratégicos, as empresas tivessem considerado os aspectos ambientais pertinentes à atividade, que no caso dessas empresas são de extrema importância, uma vez que elas impactam uma vasta porção do bioma da região. TEMA 2 – INDICADORES TECNOLÓGICOS Dentre todos os setores da economia, a tecnologia é o que mais evolui, tanto por sua essencialidade quanto pela relação de dependência criada com os consumidores atuais. Pesquisas apontam que, nos últimos dez anos, o mundo passou por uma evolução tecnológica superior a dos últimos cinquenta anos, o que evidencia a evolução acelerada de nossos tempos.Por exemplo, no início de 2008, nossos aparelhos celulares eram utilizados apenas para fazer ligações, mandar SMS e talvez usar uma calculadora. Quem imaginaria que hoje já temos em mãos um aparelho capaz de nos conectar com todo o mundo, incluindo serviços de pagamento de contas, depósito de cheques e documentos de identidade? Isso demonstra que a tecnologia não é foco apenas das empresas privadas, mas sim do governo como um todo, que a cada dia desenvolve novos aplicativos para facilitar a vida do usuário. Não há dúvidas de que, juntamente com a sustentabilidade, as transformações tecnológicas são os indicadores do momento. As empresas que não estão atualizadas sobre esses assuntos acabam ficando para trás. Porém, diferentemente da sustentabilidade, o investimento na área tecnológica às vezes traz um benefício financeiro direto para a empresa. Assim como o investimento em tecnologia da informação, a construção de uma base de dados sólida ajuda no desenvolvimento de um perfil de consumo dos indivíduos, considerando os comportamentos de consumo e verificando a necessidade ou não de aquisição de um produto ou serviço. Ou seja, a empresa que adota uma política de big data com certeza desenvolverá negócios rentáveis. Além disso, o investimento em tecnologia, atualmente, é sinônimo de velocidade e qualidade de venda, facilitando a produção e elevando o volume de vendas. Esse ponto caminha em consonância com a evolução social no acesso às informações, pois o consumidor moderno é capaz de demandar novas exigências. Em síntese, a evolução tecnológica também tornou o cliente mais 6 exigente, de modo que as empresas devem estar à frente dessa evolução, sempre inovadoras, surpreendendo os compradores. O que as empresas podem fazer para estar à frente da evolução? Principalmente através da criação de diferentes cenários. Toda evolução tecnológica nasce de uma pesquisa e de uma dor que a sociedade enfrenta, que precisa ser sanada. Considere o e-commerce, processo de compra, venda e troca de produtos e prestação de serviços por meio da internet (computadores ou aplicativos). Até o início de 2019, a utilização de um canal de e-commerce era apenas uma opção para as empresas. A maioria delas optava por não utilizar essa forma de venda, pois acreditava que o investimento em um canal de vendas diferenciado não traria rentabilidade positiva. Entretanto, em março de 2019, com a proliferação do COVID-19 e a adoção de medidas restritivas por parte do governo, o e-commerce passou de última para primeira opção. Desse modo, as empresas que já tinham uma boa estrutura, mesmo que primária, para a realização de vendas online, saíram na frente, e consequentemente tiveram prejuízos menores em relação às outras. Além disso, as restrições impostas pela pandemia não foram suficientes para desacelerar o mercado de startups no Brasil, que já estava em alta, em grande parte pela desnecessidade de espaços físicos e pela possibilidade de alto desenvolvimento em um curto espaço de tempo. Por fim, vamos tratar de um assunto atual que tem movimentado o mercado de grandes empresas, artistas e jogadores: as NFTs, Sigla em inglês para token não fungível. A expressão token é velha conhecida do mundo da tecnologia. Desde 2008, com a BTC, temos o token representativo de dinheiro, registrado em um blockchain. Porém, o mundo vem se expandido cada vez mais, de modo que o token não representa apenas moedas, mas também propriedades ou obras de arte. Assim, a NFT é uma representação de um item exclusivo, como músicas, obras de artes e itens de jogos que não podem ser substituídos (são únicos dentro do mercado). A aquisição de uma NFT funciona como um certificado digital de propriedade. Outras pessoas até podem ter uma cópia da obra, mas apenas o detentor do certificado tem a obra original. Empresas como Adidas e Nike, que já sondam há tempos o mercado do metaverso, resolveram sair na frente e lançar as suas NFTs. Não foi uma decisão fácil e com certeza foram realizados diversos estudos, com diferentes projeções de cenários, uma vez que se trata de uma tecnologia 100% nova, de modo que 7 não há como ter certeza dos seus resultados, muito menos de sua aceitação no mercado. De início, o projeto de NFT da Adidas provou ser um sucesso, com a arrecadação de US$ 22 milhões com a venda de NFTs. Com certeza, outros grandes players do mercado, incentivados por essas empresas, vão buscar o seu espaço no metaverso, para não perder a sua “fatia do bolo” nos próximos anos. Crédito: concept w/Adobe Stock. Saiba mais BÚSSOLA. Mercado de startups ignora a pandemia e cresce no Brasil em 2021. Exame, 10 dez. 2021. Disponível em: <https://exame.com/bussola/mercado-de-startups-ignora-a-pandemia-e-cresce- no-brasil-em-2021/>. Acesso em: 25 mar. 2022. O QUE SÃO NFTs? Entenda como funcionam os tokens não fungíveis. InfoMoney, 2022. Disponível em: <https://www.infomoney.com.br/guias/nft- token-nao-fungivel/>. Acesso em: 25 mar. 2022. TEMA 3 – INDICADORES SOCIAIS Para trabalhar com indicadores sociais, devemos primeiramente diferenciá- los dos indicadores políticos. Afinal, é comum que as mídias sociais confundam os dois conceitos. Ambas as definições estão interligadas, no entanto o indicador social é o resultado do indicador político. Imagine que o governo atual elabora um projeto político que foi aprovado em todos os órgãos. Esse projeto começa a surtir 8 efeito positivo dentro da área da educação. Tal resultado refere-se a um indicador social. A realização de uma análise social é extremamente importante, pois ajuda a identificar o quanto determinado país pode se desenvolver. Justamente por essa razão, as multinacionais, quando decidem investir em nosso país, não realizam apenas uma prospecção econômica, mas também uma averiguação social, observando alguns pontos fundamentais, para que assim seja possível desenvolver um plano estratégico de atuação. Dentre os temas observados, temos: expectativa de vida média da população; taxa de mortalidade (adulta e infantil); taxa de pessoas analfabetas; renda nacional bruta per capita; qualidade da saúde; taxa de acesso a condições sanitárias mínimas (como esgoto e água tratada); entre outros aspectos importantes que as empresas, dependendo do ramo de atuação. Em síntese, diversos fatores sociais são observados pelas instituições no momento de planejar um cenário, pois grande parte desses indicadores repercutem diretamente em questões econômicas. Os indicadores sociais têm ganhado tanto destaque que as empresas vêm adotando políticas sociais internamente, pois são muito valorizadas pelo mercado como um todo. A responsabilidade social, em conjunto com a governança corporativa e a transparência, estão entre os novos fatores de competitividade, tornando-se diferenciais para a criação de valor da empresa no mercado. Além do benefício na área de planejamento estratégico, a responsabilidade social também resulta em outros retornos para a empresa, como: facilidade no acesso ao crédito, com taxas de juros mais interessantes; melhor imagem perante os consumidores e o mercado (uma opção de valorização de imagem para além do marketing); atração de novos investidores (atualmente, o foco dos investidores recai em empresas transparentes e participativas em causas e projetos sociais, pois elas melhoram a sua posição no atual mercado competitivo); maior retenção e atração de talentos. Um exemplo é a atuação do banco Bradesco, uma das principais instituições financeiras do país, na área da educação, através de sua fundação, que proporciona, a famílias de baixa renda, a garantia de ensino, desde a educação infantil até o ensino médio, abrangendo também a educação financeira. Trata-se de uma atitude que gera efeitos diretos na taxa de analfabetismo do país. 9 Crédito: buffaloboy/Shutterstock.
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