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AULA 1 
ANÁLISE DE CENÁRIOS 
FINANCEIROS 
Prof. Thiago Fernandes Antunes 
 
 
2 
TEMA 1 – PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO 
Etimologicamente, a palavra estratégia deriva de stratègós do grego antigo; 
na época, isso significava a habilidade de um general no comando de suas tropas. 
O significado dessa palavra influenciou na criação da obra A Arte da Guerra, de 
Sun Tzu, em 500 a.c., que até hoje é utilizada por militares e grandes executivos. 
Atualmente, com as rápidas mudanças políticas, ambientais e 
principalmente com a crescente evolução tecnológica e informacional, a palavra 
“estratégia” vem ganhando cada vez mais espaço no mundo corporativo. Isso 
porque organizações que buscam um constante crescimento necessitam planejar 
com cautela todas as suas ações (estratégia), que irão derivar de um conjunto de 
decisões (planejamento); pois, ao final, terão como principal objetivo apresentar 
ganhos em relação à situação atual. 
1.1 Conceito de Planejamento Estratégico 
A ideia de planejamento estratégico vem da realização de um processo 
que objetivara o estabelecimento de metas e a definição de como alcançá-las 
(Chiavenato, 2000). Entretanto, nenhuma estratégia é executada sozinha, 
havendo necessidade da adoção de um método de ação, momento em que é 
estabelecido um padrão de conduta, sendo tudo isso concretizado por meio de 
decisões (Nogueira, 2014). Em síntese, o Planejamento Estratégico se trata do 
estabelecimento de objetivos e resultados a serem alcançados e da determinação 
de como esses devem ser atingidos. O planejamento possui como principal ideia 
a redução das incertezas, ou seja, diminuir a possibilidade de algo não dar certo. 
É importante mencionar que nunca poderemos falar em eliminação de incertezas, 
pois essa possibilidade não existe, em razão da constante evolução social, 
ambiental, política e tecnológica. 
1.2 Objetivos 
Para entendermos os objetivos do planejamento, há apenas a necessidade 
de realizarmos uma pergunta: por que alguém faz um planejamento dentro de uma 
organização? 
O motivo precedente, e podemos asseverar, é que mais o importante é o 
estabelecimento de um norte para a empresa. A organização, quando criada, 
possui um proposito, sendo esse inerente a sua criação; a determinação de uma 
 
 
3 
direção para empresa nada mais é do que seguir a sua essência. Há também 
quem entenda que esse norte é sinônimo de objetivo principal da empresa. 
Em decorrência desse primeiro objetivo, seguiremos para a nossa segunda 
ideia: concentração de esforços. A exteriorização da direção para qual a 
organização quer seguir faz com que as pessoas saibam quais são as prioridades 
dentro daquela empresa, ou seja, em que sentido é necessário “navegar” para 
que a organização tenha sucesso. 
O terceiro ponto é a definição dos parâmetros de controle. O controle se 
trata de uma forma de verificar se o planejamento está indo conforme o 
combinado. Assim, com base na determinação do objetivo, ocorre também a 
determinação dos critérios de controle. 
Outro objetivo do planejamento é auxiliar na motivação e no 
comprometimento, pois, no momento em que os membros da organização 
possuem conhecimento dos objetivos e da visão de futuro da empresa, surge um 
envolvimento maior dos profissionais envolvidos, pois esses se sentem parte da 
organização. 
Por fim, podemos afirmar se tratar de um instrumento de 
autoconhecimento, pois, quando se faz um planejamento, conhece-se melhor a 
organização, quais os seus pontos positivos e negativos e em que lugar é possível 
buscar novas oportunidades. 
1.3 Fases 
O Planejamento Estratégico possui algumas etapas; entretanto, os autores 
das principais doutrinas acerca do tema não chegaram a um consenso em relação 
a sua ordem. Há quem entenda que o primeiro passo a ser seguido é a definição 
dos objetivos (Chiavenato, 2000), mas também há quem assevera que o 
diagnóstico estratégico deva ser o ponto de início de um planejamento adequado 
(Oliveira, 2002). Em síntese, ambos os autores utilizam uma lógica reversa: 
enquanto Chiavenato primeiro determina em que quer chegar e depois estabelece 
como, Djalma Oliveira assevera que preliminarmente é necessário entender qual 
é o momento atual da organização (em que lugar que ela se encontra hoje, quais 
são as suas forças, fraquezas e o estado de seus concorrentes) para, em seguida, 
estabelecer os objetivos. 
 
 
4 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
1.4 Níveis 
O Planejamento Estratégico para que alcance todos os membros de uma 
organização foi dividido em alguns níveis. Essa divisão também nos auxilia a 
entender como a ideia de planejar possui impactos diferentes em cada nível de 
uma empresa. 
Imaginemos uma organização no formato de uma pirâmide. No topo da 
pirâmide, representando um menor número de pessoas, teremos o planejamento 
estratégico (strictu sensu), responsável pela organização da empresa como um 
todo, ou seja, não pensar em estratégia individualizadas para cada setor da 
empresa, mas sim em planos gerais (genéricos e globais) que irão gerar impactos 
em longo prazo. No meio da pirâmide, interpretando um número médio de 
membros, há o planejamento tático, que visa à realização de estratégias para 
determinado departamento da organização, ou seja, para uma determinada “fatia” 
daquela empresa, de modo a detalhar um pouco mais essas ideias, focando em 
objetivos em médio prazo. Na base da pirâmide, identificando um número maior 
Fases do 
Planejamento 
CHIAVENATO Definição dos objetivos 
Diagnóstico Estratégico 
Estabelecimento de cenários 
Analisar e definir 
alternativas de ação 
Implementação do plano e 
avaliação dos resultados 
DJALMA OLIVEIRA 
Definição dos objetivos 
Diagnóstico Estratégico 
Estabelecimento de cenários 
Analisar e definir 
alternativas de ação 
Implementação do plano e 
avaliação dos resultados 
 
 
5 
de pessoas, está presente o planejamento operacional, que irá planejar e 
pensar em cada processo ou atividade de maneira individualizada e o mais 
detalhado possível, buscando resultados a curto prazo. 
Saiba mais 
Fantasiemos que quatro irmãos criaram a holding Los Hermanos S.A., 
focada na aquisição, gestão e alavancagem de negócios visando à criação de 
novas redes de franquias. Cada um dos irmãos dispendeu um valor considerável 
para que pudessem iniciar as suas aquisições, mas buscando um crescimento 
adequado, preliminarmente, em conjunto com todos os seus gerentes e 
coordenadores resolveram elaborar um planejamento estratégico. 
Nesse caso, eles definiram os seguintes objetivos: 
• No prazo de 05 anos, estarem à frente da administração de 03 empresas e 
com pelo menos 200 franquias de cada espalhadas pelo país; 
• No prazo de 7 anos, realizar o IPO de pelo menos uma dessas e iniciar o 
processo de internacionalização de suas franquias; 
• A começar do quinto ano de empresa, efetuar apenas a aquisição de 
negócios maiores, visando a um aumento do lucro de maneira mais 
acelerada e maior segurança patrimonial. 
• Após 10 anos de operação, tornar-se a principal holding de franquias do 
mercado, com franquias internacionais e empresas no mercado aberto de 
ações. 
Os planos e ações a serem executados: 
• Criação de um grupo especializado no estudo e análise de viabilidade de 
expansão de pequenos negócios; 
• Realização de pesquisa buscando identificar as áreas do mercado mais 
prósperas; 
• Criação de diretorias especializadas na gestão das diferentes áreas 
escolhidas; 
• Aquisição de negócios que já estejam presentes em grandes capitais e com 
potencial mínimo de crescimento; 
• Realização de workshop para aprimoramento dos possíveis colaboradores. 
Obtenção de empréstimos e financiamentos nos dois primeiros anos de 
operação, visando a uma alavancagem mais acelerada. 
 
 
6 
TEMA 2 – ANÁLISE SWOT 
Vocês lembram quando no tema 1 mencionamos as etapas do 
planejamento estratégico,e destacamos o diagnóstico estratégico como sendo 
uma das mais importantes? Pois é. Esse ponto será extremamente essencial para 
compreendermos o assunto atual. 
O mencionado diagnóstico faz uma análise situacional atual da empresa, 
com o objetivo de auxiliar no processo decisório da empresa dentro dos diversos 
cenários possíveis para o futuro. Quando realizamos um diagnóstico estratégico, 
basicamente temos que responder o seguinte questionamento: “qual a real 
situação da empresa quanto a seus aspectos internos e externos?” (Rebouças, 
2006). Conforme destacado por Martins (Martins, 2007), a análise SWOT é um 
instrumento bastante disseminado e utilizado para elaboração desse diagnóstico, 
sendo sua utilização fundamental para responder à pergunta anterior realizada. 
A ideia de SWOT vêm de strengths, weaknesses, opportunities e threats, 
que correspondem a forças, fraquezas, oportunidade e ameaças, 
respectivamente. Em síntese, ela busca confrontar os aspectos negativos e 
positivos em relação às condições internas e externas que, de alguma forma, 
podem gerar efeitos para a empresa. 
O fator interno trata de questões que surgem dentro da empresa, e se 
subdivide em forças (positivo) e fraquezas (negativo). Por se tratar de questões 
que estão dentro do âmbito da empresa, são consideradas controláveis, ou seja, 
a organização possui atuação direta e consegue alterar o seu status. Para facilitar 
o entendimento, podemos destacar algumas forças: pessoal capacitado, 
tecnologia de última geração e dinheiro em caixa. E algumas fraquezas: falta de 
dinheiro em caixa, falta de pessoal e ausência de segurança sistémica adequada. 
Já o fator externo corresponde a questões que ocorrem fora do âmbito da 
organização; consequentemente, não podem ser controladas por ela. Esse se 
subdivide em oportunidades (positivo) e ameaças (negativo). Podemos 
exemplificar citando: crise econômico (ameaça), inovação tecnológico do mercado 
(oportunidade), mudança de governo, alteração ambiental (ameaça ou 
oportunidade). Nota-se que se trata de situações que a empresa, individualmente, 
não pode alterar e, por isso, deve se adaptar, para amenizar os possíveis efeitos 
negativos. 
 
 
7 
Após a identificação de todos os fatores positivos e negativo, inicia-se a 
fase mais importante desse instrumento: a comparação entre forças/ameaças e 
fraquezas/oportunidades. A confrontação das oportunidades e fraquezas permite 
identificar as limitações de uma empresa, ou seja, quais são as oportunidades que 
a organização pode aproveitar e em que medida pode se beneficiar; essa análise 
reconhece a real situação do negócio. A relação entre as ameaças e forças 
permite descobrir quais são as vulnerabilidades de uma empresa. Por exemplo, 
uma empresa com uma marca muito forte no mercado de produtos domésticos se 
sente ameaçada com a chegada de uma grande multinacional da área no país, 
que possui notoriedade em âmbito mundial. 
Saiba mais 
Retomando o exemplo anterior, supondo que a holding Los Hermanos S.A., 
que possui a gestão, sendo sócia majoritária de 3 empresas: rede de pizzarias, 
empresa especializada em serviços odontológicos e empresa de eventos, 
necessite realizar um diagnóstico estratégico, ou seja, analise sua situação atual 
levando em consideração a data de dezembro de 2021, ela poderia ter como ponto 
de início o seguinte: 
 
 
LOS HERMANOS S.A. 
 
 
POSITIVOS 
 
NEGATIVOS 
 
FORÇAS 
• Know How no mercado de 
Franquias. 
• Profissionais qualificados e 
com experiência na área. 
• Tecnologia de última geração. 
• Atuação em áreas 
diversificadas. 
FRAQUEZAS 
• Empresa recente no 
mercado. 
• Capital inicial baixo 
comparado com outras 
empresas do ramo. 
• Localização 
desprivilegiada. 
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8 
OPORTUNIDADES 
• Expansão do mercado de 
franquias. 
• Desvalorização de algumas 
empresas e consequente 
diminuição do seu valor no 
mercado 
• Atuação em duas áreas não 
afetadas pela pandemia. 
 
AMEAÇAS 
• Instabilidade econômica. 
• Entrada de empresas 
estrangeiras no mercado 
nacional. 
• Aumento da inflação e 
consequente aumento da 
taxa Selic. 
• Instabilidade jurídica do 
país. 
F
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Após realizar essa análise, a empresa Los Hermanos poderá identificar 
quais são os seus pontos fracos e fortes e utilizá-los em seu benefício, conforme 
a atual situação do mercado, e também identificar quais são as limitações perante 
as dificuldades que o setor apresenta. Com base nessa análise do cenário atual 
da organização, ele poderá criar um planejamento de cenários mais efetivo. Como 
rápido exemplo, podemos destacar as legislações que entram em vigor 
surpreendendo as empresas, obrigando-as a se reestruturarem para manter um 
certo grau de competitividade e atuação efetiva no mercado. Veremos no próximo 
tópico do que se trata o planejamento de cenários. 
2.1 Análise Pestel 
A análise SWOT não é a única ferramenta existente para exame de fatores 
externos. Há também a chama matriz PESTEL. Esse nome deriva do fato que 
esse instrumento é utilizado para estudo de fatores políticos, econômicos, sociais, 
tecnológicos, ambientais e legais que venham a interferir no âmbito negocial de 
uma empresa. Essa matriz tem o intuito de trazer uma visão macro das possíveis 
ameaças e oportunidades externas que as empresas estão sujeitas. 
De um modo geral, o PESTEL visa detectar oportunidade no mercado, 
verificar a existência de ameaças e desenvolver uma visão mais objetiva da área 
em que a empresa está inserida, de modo a propiciar uma compreensão mais 
abrangente das mudanças que estão ocorrendo no mercado. 
Assim, a análise PESTEL proporciona essa visão externa para que a 
empresa realize um planejamento interno mais efetivo, ou seja, que atinja os 
objetivos estratégicos e estabelecidos e minimize a possibilidade de erros. 
A maioria dos pesquisadores orienta que a análise PESTEL nunca pode 
ser utilizada sozinha, uma vez que ela apenas análise fatores exteriores; sendo 
 
 
9 
assim, ela deve ser utilizada como complemento de outra matriz, como a SWOT. 
Da mesma forma, não é uma vantagem grande utilizar a SWOT de forma isolada, 
pois ela não concede uma visão macro e aprofundada dos fatores externos. 
Saiba mais 
Como exemplo, podemos elaborar a seguinte ideia: supondo que uma 
empresa tem a ideia de desenvolver um novo produto, no ato da sua formação, 
ela deve considerar todos estes aspectos macros que destacamos: 
• Políticos: fatores políticos podem dificultar ou facilitar toda a burocracia 
envolvida por trás do desenvolvimento de um produto novo no mercado, 
aumentando ou diminuindo a intervenção do governo na esfera privada; 
• Econômico: o cenário econômico nacional e internacional pode facilitar ou 
dificultar a disponibilização de crédito com juros baixos para o 
aperfeiçoamento do projeto, como também influencia na taxa de câmbio e, 
consequentemente, no custo da importação de matéria prima para a 
produção do produto; 
• Sociais: a evolução social e cultural pode influir na aceitação do produto 
pelos consumidores; 
• Tecnológicos: a evolução tecnológica acelerada fora do país pode vir a 
prejudicar o desenvolvimento do produto, que precipitadamente se torna 
desatualizado; 
• Ambiental: com o aumento da responsabilidade empresarial perante o 
meio ambiente, durante todo o processo de formação do produto, devem 
ser seguidos todos os parâmetros de respeito ao meio ambiente. Como, 
por exemplo, eliminação de resíduos e sustentabilidade; 
• Legal: Trata-se de um dos aspectos basilares que deve ser observado, 
uma vez que, se não cumpridos os requisitos mínimos para o 
desenvolvimento do produto, como desenvolvimento de patente, este nem 
pode ser comercializado. Assim, a empresa deve ter um quadro de pessoas 
especializadas no enquadramento do produto as normas legais.10 
TEMA 3 – PLANEJAMENTO DE CENÁRIOS 
O planejamento por cenários se trata de uma forma de planejar por meio 
da montagem de possíveis situações futuras. Assim, imaginam-se algumas 
possibilidades de futuro e se busca antecipadamente definir quais as medidas que 
seriam realizadas em cada uma dessas situações. 
Quando se fala em planejamento de cenários, é importante relatarmos que 
existem alguns atributos mínimos para esse tipo de análise. O primeiro ponto é a 
clareza; as pessoas devem entender do que realmente se trata aquela situação. 
É necessário também que se trate de um fato plausível, ou seja, não adianta 
realizar uma análise de cenários formulando uma situação impossível de 
acontecer. Por fim, devem-se imaginar eventos relevantes para aquela 
organização, até porque não faria sentido realizar um planejamento sobre algo 
que não afetará direta ou indiretamente a situação da empresa. Superados todos 
esses requisitos básicos, chegamos até o conceito estabelecido por Porter (1996), 
o qual afirma que se trata de uma visão de futuro profundamente consistente, 
fundado em suposições plausíveis sobre os importantes assuntos que podem 
influenciar um setor. 
O objeto principal de um cenário é verificar situações futuras, e não 
adivinhá-las. Por esse motivo, é muito importante que, no momento do 
desenvolvimento dos cenários, busquem-se informações corretas. A forma de 
abordagem mais indicado para esse tema é a prospectiva, que gera diversos 
cenários; já a forma menos aconselhada é a projetiva, que baseia o planejamento 
na criação de apenas um cenário. 
A razão pela qual criamos cenários está no intuito de projetarmos possíveis 
situações futuras favoráveis e desfavoráveis à empresa, que poderão estar 
relacionadas a fatores internos (próprios da organização) e externos, como fatores 
de mercado (ameaças e oportunidades), influenciadas, por exemplo, por um 
possível cenário político ou evolução tecnológico. 
 
 
 
 
 
 
Momento 
atual 
Cenário 01 
Cenário 02 
Cenário 03 
Momento 
Futuro e 
desejado 
 
 
11 
Saiba mais 
Mantendo o mesmo exemplo, após a realização do diagnóstico estratégico 
e perceber quais as forças e fraquezas do negócio, a empresa Los Hermanos S.A. 
necessita agora iniciar a busca por possíveis cenários de futuro. Isso posto, o 
futuro é incerto, e se basear apenas em uma situação é muito arriscado. Mas, na 
prática, como isso poderia ser feito? 
O ano de 2022 é um ano de eleição. A empresa tem conhecimento que os 
candidatos A e B estão à frente de todas as apurações. Já se tornou público que 
o candidato A é totalmente a favor de expandir os direitos e benefícios das 
empresas e adepto a importar conhecimento tecnológicos de última geração de 
países estrangeiros, enquanto o candidato B possui um viés mais a favor dos 
trabalhadores e não apoia o desenvolvimento de novas tecnologias estrangeiras 
dentro do país. Assim, a empresa tem que elaborar uma estratégia para as duas 
possibilidades de eleição: 
a) Caso o candidato A ganhe, aproveitar as oportunidades e benefícios que 
serão concedidos durante o seu mandato, ou seja, usufruir o máximo 
durante esse período; 
b) O candidato B seja eleito, deve a empresa tomar precauções evitando a 
ocorrência de situações que causem prejuízo, principalmente no que tange 
aos seus empregadores. 
TEMA 4 – MATRIZ GUT (GRAVIDADE, URGÊNCIA E TENDÊNCIA) 
Trata-se de uma técnica criada por Charles H. Kepner e Benjamin B. 
Tregoe, especialistas na resolução de problemas empresariais. O referido 
instrumento também visa auxiliar na tomada de decisões; porém, possui um foco 
maior na priorização de resolução de problemas. 
Na grande maioria das organizações, há uma série de problemas para 
serem resolvidos, sendo muitas vezes difícil optar por onde começar em razão da 
vasta quantidade. Essa matriz vem com o fim de resolver tal questão, classificando 
cada problema por meio de três parâmetros: gravidade, urgência e tendência. Em 
síntese, a sua diferença em relação às outras ferramentas é que ela não busca a 
resolução do problema, mas sim a sua priorização, sendo muitas vezes utilizado 
como complemento de outras análises. 
 
 
12 
A gravidade significa o impacto que o problema pode gerar ao negócio 
caso não seja solucionado. Esse impacto tem que ser analisado de maneira geral, 
levando em consideração todos os setores da empresa. 
Já a urgência é relacionada ao tempo, de modo que será classificado 
conforme o grau do dano causado em relação à demora do tempo de resolução 
do problema. Em síntese, quanto mais rápida a situação precisa ser resolvida, 
mais urgente ela é. É importante lembrar que, muitas vezes, determinadas 
questões possuem prazo legal para ser resolvido, fator que também será 
considerado aqui. A pergunta é ser feita é: “será que isso pode esperar mais um 
pouco?” 
Por fim, a tendência se refere à rapidez que o problema tem de se agravar. 
Assim, a organização necessita analisar se o problema tende a piorar caso não 
seja resolvido ou se ele permanecerá estável se não for solucionado de imediato. 
Em síntese, quanto maior a tendência do problema se agravar, maior o seu grau 
de intensidade. É importante mencionar que todos os problemas são classificados 
em cinco graus de intensidade. 
Saiba mais 
 Supondo que a empresa BotolliFotografias tenha 02 problemas para 
resolver: 
a) Cliente fez uma reclamação no PROCON, em razão do não atendimento 
de prazo na entrega de materiais; 
b) Falta de equipamento moderno. 
 Gravidade Urgência Tendência Resultado 
Problema A 3 2 1 6 
Problema B 2 1 2 4 
Por meio dessa tabela, podemos verificar que o problema A possui um grau 
de impacto maior no negócio, uma vez que expõe ao público uma imagem 
negativa da empresa. Já a urgência em resolver o problema é mediana, uma vez 
que possui prazo legal definido. Trata-se de um problema que não tem muita 
possibilidade de evoluir, pois não irá ultrapassar aquela esfera de contestação, 
caso seja resolvido com sucesso. 
No caso do problema B, o seu grau de gravidade é mediano, pois o impacto 
na empresa não é tão grande ao ponto de inviabilizar o negócio. Em relação à 
rapidez da evolução do problema B, também possui um baixo grau, pois o referido 
 
 
13 
equipamento será necessário apenas em uma situação específica, não sendo 
algo utilizado de forma corriqueira. Já a tendência de evolução do problema 
também tem um grau de evolução mediana, uma vez que, com o desenvolvimento 
dos trabalhos de fotografia, a utilização de um equipamento mais moderno vai se 
tornando algo cada vez mais necessário. 
Assim, concluímos, por meio da utilização da matriz GUT, que a 
reclamação no PROCON é um problema mais grave e deve ser priorizado em 
relação ao problema com a falta de equipamento. 
TEMA 5 – AS CINCO FORÇAS DE PORTER 
O mercado atual em razão de diversas circunstâncias se encontra 
fortemente competitivo e volátil, de modo que apenas as empresas que possuem 
um bom alinhamento estratégico e conseguem potencializar os seus resultados 
se destacam. 
As forças de Porter se trata de mais um instrumento utilizado para ajudar 
na criação do planejamento estratégico de uma empresa, com o intuito de analisar 
qual é o seu lugar no mercado e, consequentemente, verificar qual o 
posicionamento dos seus concorrentes, para, ao final, arquitetar um plano 
evitando que perca espaço no mercado. Em síntese, essa ferramenta estuda 
fatores externos que podem interferir no crescimento de um negócio dentro de seu 
ramo e dentro do mercado; ele também irá analisar fatores internos como 
relacionamento com clientes e fornecedores. Nogueira (2014) assevera se tratar 
de uma ferramenta que permite confrontar até o lugar em que chega à 
lucratividade das empresas que trabalham em determinado setor. 
Antes de nos aprofundarmos no assunto, é importante mencionarmos que 
Michael Porter é autor de diversos obrasreferentes à estratégia e competitividade 
no mundo dos negócios, sendo que as 05 Forças de Porter foi uma importante 
contribuição para as empresas em geral criado na década de 1970. Vejamos 
então quais são essas forças relevantes para a gestão estratégica. 
5.1 Ameaça de produtos substitutos 
Trata-se do perigo de um dos concorrentes desenvolver outro produto ou 
serviço capaz de tomar o lugar de um produto ou serviço já consolidado no 
mercado e produzido pela empresa. Em síntese, é a possibilidade de uma 
 
 
14 
empresa produzir algo capaz de suprir a necessidade dos clientes de outra 
organização. Por exemplo, uma construtora de casas. Hoje em dia, tem sido 
comum a venda de “containers” visando à construção civil, por mais que não seja 
o mesmo produto; eles visam o mesmo tipo de cliente: aqueles que desejam 
adquirir uma residência ou construir uma casa em um terreno vazio. 
A forma mais eficaz de evitar que isso ocorra. É o investimento em 
pesquisas para identificar se os concorrentes apresentam algum tipo de produto 
ou serviço que posso ameaçar substituir aquele desenvolvido pela organização. 
5.2 Ameaça de entrada de novos concorrentes 
É a possibilidade da chegada de novas empresas em um determinado 
segmento e que traga custos mais baixos ou condições especiais. Nesse caso, a 
maneira de proteger o seu negócio é por meio do investimento em inovação e em 
outras formas que sejam capazes de manter o posicionamento daquela empresa 
forte no mercado. Entretanto, há diversos fatores que podem atrapalhar a inserção 
de uma empresa dentro de um segmento: 
• Capital elevado a ser investido; 
• Alta produção inicial; 
• Acesso dificultoso aos fornecedores; 
• Produto sem diferenciação; 
• Política governamental. 
5.3 Poder de negociação dos clientes 
Refere-se a uma situação muito comum ultimamente, que vem se 
agravando cada dia mais com a disseminação da tecnologia aos consumidores. 
A evolução da era digital amplia os acessos dos consumidores aos mais diversos 
produtos e serviços, sendo essa uma ameaça em potencial para qualquer 
negócio. Além disso, essa ampliação de informações faz com que os 
consumidores exijam produtos de mais qualidade e com bons preços. Por esse 
motivo, as empresas devem buscar ao máximo fidelizar os seus clientes, por meio 
de um atendimento diferenciado e de qualidade. 
 
 
 
 
15 
5.4 Poder de negociação dos fornecedores 
Aqui nos referimos às negociações com os fornecedores, uma organização 
sempre deve fazer uma pesquisa aprofundada, visando adquirir produtos e 
serviços da melhor qualidade, mas com preço e prazos adequados, uma vez que 
esse atendimento irá refletir diretamente no bom atendimento aos seus clientes, 
no preço do produto ou serviço e também nos custos e lucros da empresa. 
5.5 Rivalidade entre os concorrentes 
Podemos considerar essa como a força principal dentre as cinco, pois é por 
meio dela que a empresa deve realizar análises para identificar os pontos fracos 
e fortes de seus possíveis concorrentes (vendem produto/serviço semelhante ou 
do mesmo ramo de atividade). 
Nesse caso, a empresa deve promover um estudo listando os seus 
principais concorrentes e definir qual o tamanho do pedaço daquele segmento que 
visa almejar. Também deve buscar quais os recursos utilizados pelos 
concorrentes, a opinião dos consumidores em relação a eles, entre outras 
medidas. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
16 
 
 
A importância dessa última força pode ser visualizada na seguinte imagem: 
 
 
Crédito: Tea Talk/Shutterstock. 
5.6 Participantes complementares 
Conforme o mercado foi evoluindo, concebeu-se uma nova força, que, por 
mais que não tenha relação direta com os produtos e serviços de uma empresa, 
podem influir em seus resultados. O exemplo principal a ser utilizado são as 
farmácias que vendem diversos medicamentos com prescrição médica, ou seja, 
medicamentos esses indicados por um médico, sendo então o médico um 
participante complementar do ramo de farmácias. 
 
 
17 
REFERÊNCIAS 
CHIAVENATO, I. Introdução à Teoria Geral da Administração. 6. ed. Rio de 
Janeiro: Campus, 2000. 
CHIAVENATO, I.; SAPIRO, A. Planejamento Estratégico. 7 reimpr. Rio de 
Janeiro: Elsevier, 2003. 
FERREIRA, P. C. Planejamento estratégico [recurso eletrônico]. Curitiba: 
Contentus, 2020. 69 p. il. ISBN 978-65-5745-896-9 
MARTINS, M. A. P. Gestão Educacional: Planejamento Estratégico e Marketing. 
Rio de Janeiro: Brasport, 2007. 
NOGUEIRA, C. S. Planejamento Estratégico. São Paulo: Pearson Education do 
Brasil, 2014. – (Coleção Bibliografia Universidade Pearson). 
PORTER, M. E. 1980. Estratégia Competitiva. Técnicas para análise de indústria 
e da concorrência. Rio de Janeiro: Elsevier, 2004 
REBOUÇAS, D. de P. Oliveira. Planejamento estratégico: conceitos, 
metodologia e práticas. 22. ed. São Paulo: Atlas, 2006. 
 
AULA 2 
ANÁLISE DE CENÁRIOS 
FINANCEIROS 
Prof. Thiago Fernandes Antunes 
 
 
2 
CONVERSA INICIAL 
Anteriormente, delimitamos alguns conceitos essenciais para o 
entendimento do assunto, abrangendo a real finalidade de um planejamento 
estratégico, o modo como esse deve ser elaborado considerando um processo de 
análise de cenários, e todos os instrumentos existentes para auxiliar nesse 
estudo, como análise SWOT, GUT e as cinco forças de Porter. 
Nesta aula, iniciaremos o estudo de um assunto muito importante com 
relação ao planejamento e análise de cenários: as estruturas de mercado e as 
políticas neste ambiente. Por esse motivo, nos temas iniciais explanaremos as 
estruturas de mercado existentes e, em seguida, nos debruçaremos sobre a 
análise das políticas monetária, fiscal e cambial que influenciam significativamente 
os destinos dos mercados. Por fim, destacaremos alguns elementos importantes 
da política monetária. 
Desse modo, essa aula foi estruturada da seguinte forma: 
1. Estrutura de mercado; 
2. Política monetária (taxa de juros, inflação câmbio); 
3. Política fiscal e política cambial; 
4. Oferta e demanda; 
5. Indicadores econômicos. 
Ao final desta aula, esperamos que você seja capaz de: entender as 
diversas estruturas de mercado existentes e sua influência no âmbito 
concorrencial; compreender os principais pontos em uma política monetária, o 
funcionamento da inflação e da taxa de juros; a influência da política fiscal no 
mercado, e como a gestão realizada pode afetar diretamente as empresas 
nacionais; o funcionamento da política cambial e como seu equilíbrio é 
fundamental para a manutenção de uma economia estável e próspera; e, por fim, 
entender a importante lei da oferta e da demanda, o que facilitará a compreensão 
dos motivos pelo quais o mercado tende a variar. 
TEMA 1 – ESTRUTURAS DE MERCADO 
Com a evolução social e tecnológica, é cada vez mais difícil inserir-se em 
um determinado mercado, e é ainda mais complicado manter-se nele. Por esse 
motivo, o empresário, antes de iniciar um empreendimento, deve pesquisar e 
 
 
3 
identificar em qual estrutura de mercado seu negócio melhor se enquadra. Isso 
vai variar de acordo com a característica do produto ou serviço oferecido, pois 
cada um possui uma formatação já existente no mercado (estruturas de mercado). 
A compreensão desse sistema é importante, pois será o ponto inicial para a 
formulação de preços, quantidade de produção e análise da concorrência. Assim, 
a empresa, ao identificar em que estrutura se encontra, e quem são os seus 
concorrentes, poderá formular estratégias específicas para superar os 
adversários. 
1.1 Mercado competitivo e não competitivo 
Entre as diversas estruturas, há mercados mais competitivos que outros. 
No mercado competitivo, é comum a existência de muitas empresas, as quais 
oferecem produtos e serviços muito parecidos, por isso, o diferencial entre elas 
acaba sendo o preço. Desse modo, o consumidor que sempre compra da empresaX, ao perceber que o preço desta sobe, passará a consumir o produto da empresa 
Y sem pestanejar; ou seja, os clientes não são fiéis a uma determinada marca. O 
preço, nesse tipo de mercado, segue a lei da oferta e da demanda, sobre a qual 
estudaremos mais adiante. 
O exemplo clássico de um mercado competitivo é o das commodities, em 
que os produtos são sempre os mesmos, e seu diferencial está no preço. Uma 
das maneiras dessas empresas se destacarem em um mercado competitivo é 
investindo na diferenciação de seus produtos; a partir do momento que seu 
produto possui características diferenciadas e um alto valor agregado, o processo 
de fidelização tem início, o que dificulta que o cliente troque de produto. Assaf 
(2012, p. 173) afirma: “A melhor medida do sucesso empresarial em mercado 
competitivo é a criação de valor a seus proprietários”. Uma das principais 
referências na fidelização é a Apple, que mesmo com preços acima da média, 
consegue vender mais do que empresas que comercializam produtos com valor 
muito mais baixo. 
Já o mercado não competitivo é composto por um número pequeno de 
companhias, entretanto de maior tamanho. Por mais que não possuam nenhuma 
relação entre si, é comum a realização de acordos que dificultem (ou que criem 
obstáculos) à entrada de novos participantes. Em razão disso, esse mercado 
tende a ter preços estáveis. 
 
 
4 
Esse mercado geralmente é formado por oligopólios, isto é, quando no 
mercado há vários compradores para poucos produtores. Os produtos podem ser 
iguais ou diferentes entre si, porém, pelo fato de as empresas oligopolistas 
dominarem determinado mercado, há uma grande barreira para novos entrantes. 
Trata-se de um mercado único, pois não serão os consumidores que farão os 
preços (por meio da oferta e da demanda), mas sim os produtores, muitas vezes 
por conluios entre as empresas. 
Além dos oligopólios, há outras estruturas de mercado conhecidas. Vamos 
conhecê-las: 
• Monopólio – Quando existe apenas um produtor de um bem ou serviço e 
o mercado passa a depender dele totalmente para conseguir aquilo que 
deseja. No monopólio, a dificuldade para entrar é muito grande. Entre os 
obstáculos, estão: já haver uma companhia dominando o mercado; capital 
inicial exorbitante; patentes; controle de matérias-primas; concessões e 
liberações dos poderes públicos; e, acesso a tecnologia de ponta. Podemos 
destacar as empresas de energia elétrica, que possuem monopólio estatal, 
e exercem seu poder monopolista dentro de um estado específico. 
• Concorrência perfeita – Nenhuma empresa ou consumidor tem poder de 
influência na definição de preços; trata-se de um mercado extremamente 
competitivo. Aqui, quem faz o preço são os consumidores, de acordo com 
o seu próprio interesse, uma vez que possuem uma gama extensa de 
vendedores de produtos idênticos. Consiste no modelo perfeito de 
competitividade, uma vez que eleva a eficiência e transparência da 
economia. Outro ponto importante a ser mencionado é a inexistência de 
barreira de entrada; logo, há entrada e saída corriqueira das empresas. 
• Concorrência monopolista – É uma estrutura de mercado intermediária 
entre a concorrência perfeita e o monopólio, uma vez que contém 
características de ambas. O produto ou serviço se diferencia e se sobressai 
por sua marca, como ocorre com McDonald’s e Burguer King: ambos 
oferecem produtos semelhantes, porém capazes de serem diferenciados; 
sua distinção se dá, majoritariamente, pela marca e pelas estratégias de 
marketing aplicadas, uma vez que as duas tentam atingir o mesmo público. 
Há outras estruturas de mercado não tão conhecidas: 
 
 
5 
• Monopólio bilateral – Um vendedor apenas para um comprador. Neste 
caso, ambas as partes exercem influência sobre o preço; assim, esse fator 
dependerá do poder de negociação das partes. 
• Monopsônio – Muitos vendedores para apenas um comprador. 
• Oligopsônio – Muitos vendedores para poucos compradores, de modo que 
a determinação dos preços fica na mão dos compradores. 
TEMA 2 – POLÍTICA MONETÁRIA 
Antes de apresentarmos o que é a política monetária nacional, é importante 
entendermos o sistema no qual o mercado está inserido. Há, em nosso país, o 
chamado Sistema Financeiro Nacional, responsável pela existência da estrutura 
hierárquica que faz com que a economia do país funcione da maneira mais 
eficiente possível. 
No topo dessa pirâmide, como órgão normativo está o Conselho Monetário 
Nacional, incumbido de definir as diretrizes do funcionamento do mercado. No 
meio da pirâmide, estão a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) – controle e 
fomento da bolsa de valores –, e o Banco Central (BACEN) – um organismo 
normativo secundário, executor e controlador do sistema financeiro. Na base da 
pirâmide, estão as instituições financeiras, abrangendo bancos 
comerciais/múltiplos, bancos de investimento, corretoras de valores mobiliários, 
entre outros responsáveis pelo aspecto operacional do mercado. 
No entanto, nessa aula, mergulharemos em uma importante atividade de 
competência do BACEN, realizada pelo Comitê de Política Monetária (COPOM): 
a execução da política monetária do governo. 
Tal política, basicamente, consiste no conjunto de atitudes adotadas para 
promover o controle da moeda dentro do país, ou seja, o dinheiro em circulação 
no mercado. Tal atitude é realizada pela definição da taxa de juros que impacta 
diretamente a inflação (conceitos estes que estudaremos em breve), tanto 
estimulando como retraindo a economia, visando superar crises ou manter a 
inflação sobre controle. 
Há duas políticas monetárias que podem ser adotadas: uma expansionista 
(aumento da moeda em circulação e diminuição da taxa de juros, de modo a 
ampliar o consumo/poder de compra), e outra contracionista (aumento da taxa de 
juros, diminuindo a busca por crédito junto aos bancos e, consequentemente, 
diminui o consumo/poder de compra reduzindo a inflação naquele período). 
 
 
6 
Vejamos como cada instrumento da política monetária é utilizado em cada 
uma destas situações: 
Quadro 1 – Usos dos instrumentos da política monetária 
 Contracionista Expansionista 
Depósito compulsório 
(parcela que os bancos 
devem obrigatoriamente 
depositar no Banco 
Central) 
Com o aumento do depósito 
compulsório dos bancos, menor será o 
valor disponível no mercado (menor 
liquidez), o que gera maiores juros. 
Logo, menos pessoas buscam crédito 
= menos consumo = menor inflação. 
Com a diminuição do 
recolhimento compulsório, 
sobra mais valores para 
os bancos. Logo, eles 
concedem crédito com 
menos juros = mais 
crédito no mercado = 
maior consumo = maior 
inflação. 
Operação de 
redesconto (são os 
empréstimos 
concedidos pelo 
BACEN às instituições 
financeiras) 
Se o BACEN aumentar a taxa de 
redesconto, logo os bancos pagarão 
juros maiores dos empréstimos feitos 
no BACEN. Assim, diminui o dinheiro 
em circulação no mercado e, 
consequentemente, a inflação diminui. 
Se o BACEN diminui a 
taxa de juros dos 
empréstimos pedidos 
pelos bancos, há um 
aumento do dinheiro em 
circulação, o que gera 
crescimento da inflação. 
Open market (atuação 
do BACEN no mercado 
financeiro por meio da 
compra e venda de 
títulos públicos federais) 
Quando o BACEN vende títulos, retira 
dinheiro do mercado e, 
consequentemente, diminui a inflação. 
Quando o BACEN realiza 
a compra de títulos, ele 
está injetando dinheiro no 
mercado, o que gera um 
aumento do consumo e 
da inflação. 
2.1 Taxa de juros 
Em síntese, quando falamos de taxas de juros, estamos nos referindo ao 
custo do dinheiro no tempo. Assaf (2012, p. 352) detalha da seguinte maneira: 
A taxa de juros reflete, portanto, o preço do sacrifício de poupar, o que 
equivale, em outras palavras, à remuneração exigida por um agente 
econômico ao decidir postergar o consumo, transferindo seus recursos 
a outro agente. 
Entretanto, é importante mencionar que a taxa de jurosnão é apenas um 
instrumento de controle da política monetária nacional, mas também uma forma 
de influenciar as relações entre os particulares. Podemos citar, por exemplo, a 
situação em que a taxa de juros se encontra em um período de baixa: é o momento 
mais oportuno para que uma empresa em busca de capital de terceiros realize 
esse tipo de captação; para o investidor, não é uma das melhores opções, pois o 
retorno da aplicação não será proveitoso. O juro dessa captação realizada pela 
empresa irá refletir o custo de oportunidade do seu capital: basicamente o preço 
a ser pago pelo capital tomado emprestado e aplicado em suas decisões internas. 
 
 
7 
É necessário compreendermos que as taxas de juros estão diretamente 
atreladas à denominada taxa Selic (Sistema Especial de Liquidação e Custódia). 
A Selic pode, portanto, ser subdividida em: 
• Taxa Selic Over: consiste na taxa efetivamente praticada no mercado, que 
representa a média diária da negociação de títulos públicos federais na 
Selic. 
• Taxa Selic Meta: trata-se da taxa definida pelo COPOM, justamente para 
manter a política monetária sobre controle. Essa taxa é definida visando 
alcançar a meta de inflação e, consequentemente, controlar a quantidade 
de dinheiro disponível no mercado (liquidez). A definição dessa taxa meta 
é feita a cada 45 dias, em reuniões ordinárias realizadas pelo COPOM. Em 
casos de extrema urgência, é possível que haja reuniões extraordinárias. 
Após estudarmos essa taxa de juros basilar, precisamos conhecer quais as 
possibilidades das taxas de juros presentes no mercado. A primeira que podemos 
destacar é a taxa de juros livre de risco (risk free), entendida como a taxa que não 
tem risco, ou seja, o titular desse ativo tem a certeza de sua realização. O exemplo 
que mais se aproxima desse tipo de taxa são os juros reais pagos por títulos 
públicos federais (mantendo uma aproximação ainda maior nos casos de 
ausência de inflação). 
Já a taxa de juros praticada no mercado, ou seja, aquele valor pago pelo 
“aluguel” do dinheiro (tomadores versus investidores), irá variar de acordo com 
alguns fatores. Brigham (2001) apresenta quatro deles: 
1. Retorno das oportunidades de investimentos dos tomadores de recursos: 
quanto mais rentáveis forem as oportunidades de investimento das 
empresas, mais elas pagarão pelo empréstimo. Empresas com pouca 
rentabilidade, por sua vez, pagarão menos pelos empréstimos (taxa 
menor). 
2. Preferências temporais de consumo: quanto mais as pessoas consomem, 
menos haverá poupança disponível na economia; logo, mais difícil será 
para as empresas captarem recursos, fato esse que eleva as taxas de 
juros. Contudo, se o volume de poupança no mercado for elevado, haverá 
maior oferta de dinheiro disponível na economia e uma taxa de juros menor. 
 
 
8 
3. Risco do empréstimo: é o risco de inadimplência do devedor. Quanto maior 
for a demonstração de incapacidade para arcar com o pagamento dos juros 
na data pactuada, mais altos serão os juros. 
4. Inflação futura: no momento em que a inflação esperada no futuro se eleva, 
a taxa de juros exigida pelos poupadores também irá aumentar, pois trata-
se de uma forma de compensar esse risco de depreciação monetária. 
Desse modo, podemos concluir que a taxa de juros básica de economia é 
a taxa mínima que trará retornos inferiores àqueles de ativos que não sejam títulos 
governamentais. Já a taxa de juros estabelecida livremente pelo mercado é a taxa 
que levará a retornos variáveis conforme os fatores apresentados, variando 
também por questões políticas, econômicas, sociais e cambiais. Assaf (2012, p. 
353) destaca: 
O Governo, por seu lado, tem enorme poder sobre a fixação da taxa de 
juros. As autoridades econômicas controlam certos instrumentos de 
política monetária que permitem regular os níveis das taxas de juros no 
mercado, sempre que for julgado recomendável para a economia. 
2.2 Inflação 
Conceituando de maneira isolada, a inflação é a elevação dos preços de 
bens e serviços em geral, o que ocasiona a degradação do poder aquisitivo da 
moeda. Justamente por esse motivo que um investidor sempre deve considerar a 
inflação antes de tomar uma decisão de investimento; é nesse ponto que 
diferenciamos a taxa de juros real (que considera a inflação em seu cálculo) da 
taxa de juros nominal. 
A elevação exacerbada da inflação faz com que o BACEN tenha de realizar 
uma intervenção por meio do aumento da taxa de juros, diminuindo a 
disponibilidade de crédito no mercado e, consequentemente, refreando o 
consumo, o que causa a diminuição da inflação. 
Assim, o investidor utiliza essa ferramenta de política monetária a seu favor, 
uma vez que expectativas de aumento nos índices de preços são capazes de 
antecipar uma elevação nas taxas de juros do mercado e, como consequência, 
esta será uma opção melhor de investimento (Assaf, 2012, p. 354). 
 
 
 
9 
2.3 Na prática 
Imaginemos que João Donald atualmente possua um saldo de R$ 
100.000,00 em sua poupança, e resolva aplicar o dinheiro em um investimento 
com taxa de juros nominal anual de 10%. Consideremos que a inflação nesse 
mesmo período foi de 11% (medido pelo IPCA). Quanto essa aplicação renderia 
realmente? 
Consideremos a seguinte fórmula: 
𝑇𝑇𝑇𝑇𝑇𝑇𝑇𝑇 𝑅𝑅𝑅𝑅𝑇𝑇𝑅𝑅 𝑑𝑑𝑅𝑅 𝐽𝐽𝐽𝐽𝐽𝐽𝐽𝐽𝐽𝐽 = (
1 + Taxa Nominal
1 + IPCA
) − 1 
𝑇𝑇𝑇𝑇𝑇𝑇𝑇𝑇 𝑅𝑅𝑅𝑅𝑇𝑇𝑅𝑅 𝑑𝑑𝑅𝑅 𝐽𝐽𝐽𝐽𝐽𝐽𝐽𝐽𝐽𝐽 = �1+0,10
1+0,11
� − 1 => 𝑇𝑇𝑇𝑇𝑇𝑇𝑇𝑇 𝑅𝑅𝑅𝑅𝑇𝑇𝑅𝑅 = − 0,00909091 
 Dessa forma, é possível concluir que a real rentabilidade do investimento 
naquele ano todo foi, na verdade, negativa (-0,90%), em decorrência da alta 
inflação daquele período. Mesmo que o valor aplicado ao final tenha totalizado R$ 
111.000,00, durante este período de 12 meses a desvalorização do dinheiro 
(perda do poder compra) nessa mesma época fez, na realidade, o capital diminuir 
em 0,90%. 
 Por esse motivo, em um momento de baixa taxa de juros e de inflação alta, 
é possível que pessoas que mantenham seu dinheiro em aplicações ruins, ao 
invés de ganhar, percam dinheiro. Por mais que, em números, o valor aumente, o 
poder de compra do investidor pode ser reduzido entre o momento da aplicação 
dos recursos e a data do recebimento do montante principal acrescido dos juros. 
TEMA 3 – POLÍTICA FISCAL E POLÍTICA CAMBIAL 
A política fiscal consiste no conjunto de atos pelos quais o governo 
arrecada receitas e efetua despesas. Desse modo, ele visa, dentro do orçamento 
previsto, obter as rendas indispensáveis para a satisfação das despesas públicas 
e cumprir três funções: a estabilização macroeconômica, a redistribuição de renda 
e a alocação de recursos. 
A primeira função busca promover o crescimento econômico que assegure 
baixo desemprego e estabilidade de preços. Já a segunda objetiva à distribuição 
igualitária de renda, o que complementaria a estabilidade de preços. Por fim, a 
alocação de recursos trata do investimento em fornecimento de bens e serviços 
públicos, equilibrando possíveis falhas do mercado. 
 
 
10 
Para identificarmos se uma política fiscal está sendo executada de maneira 
efetiva, podemos analisar duas perspectivas diferentes. A primeira é por meio da 
mensuração da qualidade do gasto público, ou seja, verificar se os valores estão 
sendo remanejados para as áreas com maior carência de recurso, como mão de 
obra e matéria-prima. O segundo trata da identificação do impacto dessa política 
no bem-estar dos cidadãos, ou seja, se o governo, por meio de uma boa gestão 
financeira, está conseguindo ampliar a qualidade dos serviços essenciais 
prestados à população. 
Em relação à identificação da boa gestão dos recursos arrecadados pelo 
Tesouro Nacional, é possível mensurá-la por intermédio de um indicador de fluxos 
primário e nominal. Para auxiliar esse entendimento, formulamos o esquema da 
Figura 1. 
Figura 1 – Indicadores defluxo primário e nominal 
 
3.1 Política cambial 
Trata-se da política conduzida pelo BACEN para controlar a relação do 
preço de nossa moeda com o de moedas estrangeiras. Manter essa relação 
equilibrada é importante para a gestão da inflação e da dívida pública federal no 
mercado externo. 
Quando falamos em equilíbrio, é porque podemos identificar duas 
situações: 
1. Real valorizado (BRL 1,00 = USD 1,00): os brasileiros passam a comprar 
mais produtos de fora (aumento da importação), em razão da tecnologia 
nacional não apresentar o mesmo nível dos produtos das grandes 
potências mundiais. Esse aumento da importação enfraquece o consumo 
 
 
11 
interno e, consequentemente, a indústria nacional, gerando desemprego e 
diminuindo a arrecadação do governo. 
2. Real desvalorizado (BRL 5,00 = USD 1,00): trata-se do popular “o dólar 
está caro”. Imaginemos um produtor pecuário que venda a arroba do boi 
para o mercado externo a US$ 100, ou seja, o equivalente a R$ 500,00. 
Assim, esse mesmo produtor terá de vender para o mercado interno no 
valor mínimo de R$ 500,00. Portanto, quanto mais desvalorizado o real, 
mais cara será a carne, do mesmo modo para outros produtos, para nós 
brasileiros, ou seja, consumidores internos. Outro impacto causado por tal 
desvalorização está relacionado às dívidas das grandes empresas e do 
Governo Federal, uma vez que, em sua grande maioria, são precificadas 
em dólar; logo, quanto mais desvalorizado o real, mais caras as dívidas. 
Por exemplo, com o dólar a R$ 5,00, uma dívida que seja de 1 milhão de 
dólares equivalerá a uma dívida de 5 milhões de reais. Todas essas 
questões geram um aumento da inflação (aumento do preço dos produtos 
internos), assim como elevação do preço dos impostos (o Governo Federal 
terá sua dívida externa ampliada, de modo que necessita arrecadar um 
valor elevado). 
Assim, notamos que o Banco Central possui uma grande responsabilidade 
na gestão dessa política, pois não pode deixar o real muito valorizado, tampouco 
permitir que a moeda nacional fique demasiadamente desvalorizada. Para cumprir 
esse objetivo, o Brasil adota a política cambial flutuante suja sem banda 
cambial. E o que isso significa? 
• Política cambial flutuante: considera a lei da oferta e da demanda, ou seja, 
o preço irá flutuar de acordo com as demandas do mercado. Assim, se o 
mercado demandar por mais dólar, o preço dessa moeda aumentará, 
desvalorizando a moeda nacional. Se os agentes estiverem ofertando mais 
dólar do que o mercado é capaz de demandar, ocorrerá uma valorização 
demasiada do real. 
• Suja: é considerada suja por ocorrer uma intervenção do BACEN. O Brasil 
não permite que a taxa de câmbio flutue livremente (limpa), de modo que 
ocorre um controle por parte do governo. Tal gestão acontece pela compra 
e venda de dólares, sendo esse um dos motivos da existência das reservas 
internacionais. 
 
 
12 
• Sem banda cambial: a existência de uma banda cambial consiste na 
fixação, por parte da instituição monetária, de uma faixa na qual o câmbio 
pode flutuar livremente. O regime adotado pelo nosso país não considera 
essa faixa livre. 
TEMA 4 – OFERTA E DEMANDA 
A lei da oferta e demanda possui grande importância e influência no 
mercado. Em uma explicação breve, nada mais é do que um grupo de 
compradores e vendedores de certo produto ou serviço. O grupo de compradores 
irão determinar a demanda, e o conjunto de vendedores irá precisar a oferta. A 
importância dessa lei pode ser exemplificada pela influência que a oferta e a 
demanda têm na determinação das taxas de câmbio (Gitman, 2012, p. 704). 
Para entendermos melhor, faremos primeiro uma análise, levando em 
consideração o Ceteris Paribus (“todo o resto é constante”), ou seja, não 
consideraremos nenhum fator que possa influenciar a teoria. Quando falamos de 
oferta e demanda, há uma série de fatores que podem intervir no resultado desse 
estudo. Por esse motivo, ao final desse tema destacaremos alguns deles. 
4.1 Lei da demanda 
A demanda possui relação direta com o consumidor. Em síntese, consiste 
na quantidade que os consumidores estão dispostos a comprar de determinado 
bem ou serviço. Essa teoria afirma que quanto menores os preços dos produtos, 
maior é o número de pessoas interessadas em adquiri-lo, do mesmo modo que 
preços elevados diminuem a procura pelo produto. É por esse motivo que a curva 
de procura e demanda é decrescente. Observe o Gráfico 1. 
Gráfico 1 – Lei da demanda 
 
R$0,00
R$20,00
R$40,00
R$60,00
R$80,00
R$100,00
R$120,00
QUANTIDADE: 05
peças
10 peças 15 peças 20 peças
Vestido marca XXZ
 
 
13 
Nesse gráfico, há, na linha horizontal, a quantidade de produtos, e, na faixa 
vertical, o valor deles. É possível perceber que quanto mais barato o vestido XXZ, 
mais procurado ele é, ou seja, maior é a quantidade comprada. De modo que se 
o vestido custasse R$ 100,00, haveria apenas uma demanda por 5 peças; caso o 
valor caísse para R$ 80,00, teríamos então uma demanda maior, de 10 peças, e 
assim por diante. Isso mostra que, nesse mercado – sem levar em consideração 
qualquer outro fator além do preço –, conforme o valor do produto, diminui ou 
aumenta a quantidade de consumidores. Outra constatação é que se o vestido 
custasse R$ 40,00, aumentaria demasiadamente a demanda, ocasionando um 
excesso de demanda. 
4.2 Lei da oferta 
Na lei da oferta, a relação é direta com o vendedor, uma vez que, quanto 
mais elevado o preço do produto, maior será o esforço dos vendedores em 
comercializar quantidades maiores, assim, haverá uma curva crescente, que está 
representada no Gráfico 2. 
Gráfico 2 – Lei da oferta 
 
Assim, o vendedor do vestido XXZ, visando ao aumento de seus lucros, 
quanto maior for o preço, mais elevada será a quantidade que ele buscará vender. 
Portanto, vendendo 5 peças a R$ 40,00, ele obterá um lucro de R$ 200,00; 
vendendo 10 peças a R$ 60,00, o lucro será de R$ 600,00, e assim por diante. 
Entretanto, ao realizar a venda de 20 peças custando R$ 100,00, com lucro de R$ 
2.000,00 estaremos diante de um excesso de oferta. Desse modo, quanto maior 
o preço do produto, mais disposto o vendedor estará em produzir mais. 
 
R$0,00
R$20,00
R$40,00
R$60,00
R$80,00
R$100,00
R$120,00
05 peças 10 peças 15 peças 20 peças
Vestido XXZ
 
 
14 
4.3 Equilíbrio 
 Nesse momento, vamos considerar as duas teorias em conjunto. 
Suponhamos que a loja “A” esteja vendendo o vestido XXZ pelo preço de R$ 
40,00, e a loja “B” vende a mesma peça por R$ 100,00. 
• Loja A: em razão do baixo preço, produziu poucas peças; entretanto, o 
baixo valor da peça fez com que a procura fosse muito grande; assim, não 
sobrou nenhuma peça, ou seja: houve baixa oferta e alta demanda. 
• Loja B: o alto valor fez com que a loja produzisse muitas peças, porém, o 
alto preço não atraiu compradores. Desse modo, o estoque está cheio, isto 
é: há alta oferta, mas baixa demanda. 
Assim, o mercado precisa encontrar uma forma de equilibrar essas 
relações, para que não haja falta de produtos e tampouco sobra demasiada. E 
como resolver esse problema? 
No caso da loja “A”, há necessidade de aumentar o preço do vestido, de 
modo a diminuir a demanda demasiada (procura pelo produto) e aumentar a oferta 
por parte do vendedor (produção de uma quantidade maior de peças). Quanto à 
loja “B”, há a necessidade de reduzir o valor do produto, gerando a diminuição da 
oferta (produção de uma quantidade menor de peças), e aumento da demanda 
(com o preço mais baixo, a procura pelo produto será maior). 
Gráfico 3 – Oferta e demanda 
 
Dessa maneira, por meio da intersecção presente nesse gráfico, é possível 
identificar que o equilíbrio está na venda do produto pelo valor de R$ 70,00, de 
modo que não haverá oferta elevada tampouco demanda acentuada. 
R$0,00
R$20,00
R$40,00
R$60,00
R$80,00
R$100,00
R$120,00
05 peças 10 peças 15 peças 20 peças
LOJA A LOJAB
 
 
15 
4.4 Outros fatores relevantes 
Além do preço, há diversas outras variáveis que podem influenciar os 
gráficos elaborados acima. Neste subtema iremos destacar algumas variáveis que 
entendemos serem mais importantes. 
Em relação à demanda, podemos destacar, em primeiro lugar, a renda: se 
a população tem um aumento em sua renda, e tem interesse em gastar, 
consequentemente haverá um aumento da demanda, dada a elevação do nível 
de consumo. Outro ponto que podemos citar é o preço dos bens relacionados: 
supondo que um indivíduo possua uma loja de brigadeiro de chocolate com 
granulado, se houver aumento do preço do granulado, automaticamente o 
brigadeiro, como um todo, também sofrerá esse aumento; assim, a demanda de 
um, influencia o outro. Os gostos também podem gerar alteração nos gráficos: 
imaginemos que grande parte da população consuma manteiga: entretanto, 
começa a haver a disseminação de notícias na internet destacando que tal 
alimento faz mal à saúde, e que a margarina seria mais benéfica; logo, a demanda 
de manteiga irá diminuir. A expectativa é outro fator importante. Para facilitar o 
entendimento, imaginemos que há uma greve de caminhoneiros prestes a iniciar, 
sendo certo que haverá falta de gasolina nas bombas durante esse período. 
Dessa forma, grande parte da população irá correr para os postos de gasolina, 
aumentando excessivamente a demanda. Por fim, o número de compradores é 
outro fator que pode influir na demanda: consideremos que, durante o segundo 
semestre de 2021, o aumento da taxa de natalidade foi de 50%; assim, também 
podemos esperar a ampliação da demanda por produtos relacionados a recém-
nascidos. 
Quanto aos fatores relacionados à oferta, mencionaremos os três que 
entendemos como mais importantes. O preço dos insumos: imaginando o 
mesmo exemplo do brigadeiro, se o preço do leite condensado subir, 
consequentemente, o preço do brigadeiro também irá aumentar. A tecnologia: 
podemos mencionar o caso de uma empresa de sapatos que adquiriu uma 
máquina de produção mais eficiente, gerando uma produção diária maior de 
sapatos, aumentando a oferta, portanto. O número de produtores também é um 
elemento fundamental, pois a oferta no mercado aumenta ou diminui conforme o 
número de vendedores fornecendo o produto em um dado ramo. 
 
 
 
16 
4.5 Na prática 
Leitura obrigatória 
Leia a reportagem intitulada “Aumento nos preços se espalha por vários 
setores da economia mesmo com a população comprando menos”, publicada pelo 
G1 em 12 de outubro de 2021. Ela divulga o aumento dos preços em diversos 
setores da economia, mesmo com a diminuição do consumo. Disponível em: 
<https://g1.globo.com/jornal-nacional/noticia/2021/10/12/aumento-nos-precos-se-
espalha-por-varios-setores-da-economia-mesmo-com-a-populacao-comprando-
menos.ghtml>. Acesso em: 18 fev. 2022. 
 É possível perceber que o aumento dos preços não teve nenhuma relação 
com o aumento da demanda, mas pela influência de diversos outros fatores. O 
primeiro deles é o custo de produção, que se tornou mais elevado. A explicação 
elaborada pelo economista José Roberto Mendonça é que, durante a pandemia, 
com o fechamento das fábricas, a produção veio a zero; quando o consumo voltou, 
a demanda cresceu demasiadamente, se distanciado muito da oferta e 
desarranjando todo o mercado. Nesse momento, regularizar a situação se torna 
algo mais difícil (lei da oferta e demanda). 
 Um segundo fator importante é a desvantagem na hora de realizar negócios 
em razão da desvalorização da moeda nacional, além do fato de que os países 
estrangeiros retomaram a economia de forma mais acelerada (política cambial). 
 Por fim, mesmo o baixo consumo da população durante o período de 
pandemia, muito por conta do isolamento social, não foi suficiente para inibir o 
aumento da inflação. Ainda assim, buscando uma melhora nesse ponto, o governo 
realizou o aumento da taxa básica de juros (inflação e taxa de juros). 
TEMA 5 – INDICADORES ECONÔMICOS 
Estudamos, anteriormente, alguns indicadores econômicos fundamentais 
para o mercado e para a economia. Nesse último tema, iremos complementar 
esses indicadores principais, de modo a ampliar nossa visão sobre o tema, para 
que possamos entender o assunto como um todo. 
 
 
 
 
17 
5.1 Produto Interno Bruto (PIB) 
O PIB consiste na soma de todos os bens e serviços finais produzidos no 
país durante determinado período. Em síntese, o PIB mede a riqueza de uma 
nação. Sua medição pode ser feita em real ou dólar; normalmente, irá considerar 
o período de um ano. 
É importante frisar que o PIB não vai considerar a produção de bens e 
serviços intermediários, a fim de evitar que o mesmo produto seja calculado duas 
vezes. Por exemplo, no caso da produção de um pão de forma, a farinha de trigo 
utilizada não será contabilizada para fins de cálculo do PIB, pois este apenas leva 
em consideração os serviços e produtos finais. Aqui destacamos o chamado PIB 
agregado, que apenas refletirá o valor agregado, desconsiderando o que for gasto 
com insumos. Supondo que uma indústria tem, por unidade de produto um custo 
de R$ 1.000,00, e o vende por R$ 1.800,00, será considerado como contribuição 
para o PIB o valor de R$ 800,00 por produto vendido. 
Além do PIB agregado, há também o PIB nominal (bens e serviços finais, 
mas sem considerar o desconto da inflação), e o PIB real (que somente considera 
eventual evolução após a realização do desconto da inflação no cálculo do 
indicador). 
O cálculo do PIB considera a seguinte equação: 
 
 
 
• C: consumo (bens duráveis, não duráveis e serviços); 
• I: investimentos (na cadeia produtiva, em empresas, variação de estoque); 
• G: gastos do Governo; 
• NX: exportações líquidas (exportações – importações). 
5.2 Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) 
O IPCA é o índice responsável pelo acompanhamento das metas 
estabelecidas pelo sistema de inflação. Em resumo, é o índice oficial de inflação 
do Brasil. Ele é calculado pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e 
Estatística), e trata-se de índice verificado mensalmente, com período de coleta 
entre o 1º e o 30º dia do mês de referência. Seu objetivo é a população que aufere 
rendimentos mensais entre 1 e 40 salários-mínimos, residente nas seguintes 
PIB = C + I + G + NX 
 
 
18 
áreas urbanas: Rio de Janeiro, Porto Alegre, Belo Horizonte, Recife, São Paulo, 
Belém, Fortaleza, Salvador, Curitiba, Distrito Federal e Goiânia. 
O IPCA é utilizado como referência para a meta de inflação definida pelo 
Conselho Monetário Nacional. O IBGE pesquisa, todos os meses, os preços de 
alimentos, transporte, comunicação, despesas pessoas, entre outros, e chega a 
uma média ponderada. Quanto maior a variação positiva do IPCA no período, 
menor será o poder de compra do brasileiro e, consequentemente, mais elevada 
será a inflação. 
5.3 Índice Geral de Preços do Mercado (IGP-M) 
O IGP-M é um índice calculado pela Fundação Getulio Vargas (FGV), 
visando atender necessidades privadas, ou seja, é um indicador independente e 
sem relação com o Estado. Ele irá abranger todos os setores da economia, como 
o atacado e a construção civil. 
Desse modo, podemos entender que o IPCA é a forma de o governo 
calcular a inflação; o IGP-M tem a mesma função, porém é o método usado pela 
iniciativa privada. 
Quadro 2 – Índices e médias ponderadas para cálculo do IGP-M 
60% de IPA Índice de Preços no Atacado 
30% de IPC Índice de Preços ao Consumidor 
10% de INCC Índice Nacional de Custo de Construção 
O prazo de coleta do IGP-M é diferente do IPCA. Ele é realizado entre o dia 
21 do mês anterior ao de referência, ao dia 20 do mês de referência. 
 
 
 
19 
REFERÊNCIAS 
ASSAF, A. N. Estrutura e análise de balanços: um enfoque econômico-
financeiro. São Paulo: Atlas, 2012. 
AUMENTO nos preços se espalha por vários setores da economia mesmo com a 
população comprando menos. G1,12 out. 2021. Disponível em: 
<https://g1.globo.com/jornal-nacional/noticia/2021/10/12/aumento-nos-precos-se-
espalha-por-varios-setores-da-economia-mesmo-com-a-populacao-comprando-
menos.ghtml>. Acesso em: 18 fev. 2022. 
BRIGHAM, E. F.; GAPENSKI, L. C.; EHRHARDT, M. C. Administração 
financeira. São Paulo: Atlas, 2001. 
FGV – Fundação Getulio Vargas. IGP-M: resultados 2021. 4 jan. 2021. Disponível 
em: <https://portal.fgv.br/noticias/igp-m-resultados-2021>. Acesso em: 18 fev. 
2022. 
GITMAN, L. J. Princípios de administração financeira. 12. ed. São Paulo, 
Pearson Prentice Hall, 2010. 
IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Painel de indicadores, 
2022. Disponível em: <https://www.ibge.gov.br/indicadores#ipca>. Acesso em: 18 
fev. 2022. 
 
 
 
AULA 3 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ANÁLISE DE CENÁRIOS 
FINANCEIROS 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Prof. Thiago Fernandes Antunes 
 
 
2 
INTRODUÇÃO 
Caro(a) aluno(a), seja bem-vindo à essa aula. Como já vimos, o 
planejamento de cenários consiste na elaboração de um plano de ação 
(construção de estratégias), considerando todos os aspectos possíveis dentro do 
mercado. Desse modo, o objetivo é construir um método capaz de produzir 
resultados em diferentes situações mercadológicas. Também estudamos as 
questões econômicas que podem afetar a participação de uma instituição no 
mercado, enfatizando pontos de atenção da empresa durante a sua atuação, para 
o aproveitamento das oportunidades. 
Nesta aula, vamos estudar outros pontos capazes de influir no mercado. As 
empresas deverão se atentar aos temas em pauta, mantendo um certo grau de 
flexibilidade, para que alcancem todos os seus objetivos, independentemente das 
alterações no mercado. Dentre os temas em debate, destaque para fatores 
tecnológicos (desenvolvimento de novas tecnologias, considerando a rapidez com 
que o mundo vem se automatizando); fatores legais (a forma como o 
estabelecimento de normas e leis pode afetar uma empresa); fatores políticos (a 
adoção de determinadas medidas pelo governo pode influenciar as empresas, 
positiva ou negativamente); e, por fim, fatores sociais (às vezes, a evolução social 
faz com que algo antes considerado errado torne-se um fato comum/cotidiano, um 
costume, cabendo às empresas se adaptarem para apoiar as novas causas 
sociais). 
Desse modo, ao final desta aula você será capaz de compreender todos os 
indicadores que de alguma forma influenciam não apenas o mercado, mas 
também as decisões estratégicas adotadas pelas empresas, devendo considerar 
tanto os aspectos tecnológicos e ambientais, como os aspectos políticos, sociais 
e legais. Podemos agrupar os temas em dois grupos: os dois primeiros 
apresentam certa relação (ambiente e tecnologia); assim como os três últimos 
(sociedade, política e legalidade). 
TEMA 1 – INDICADORES AMBIENTAIS 
À medida que os anos passam, aumentam as incertezas em quase todas 
as áreas do conhecimento (Buarque, 2003). O meio ambiente é o setor em que 
essa situação é mais preocupante. Por esse motivo, as empresas e os governos 
ao redor do mundo têm dado maior importância a essa área quando elaboram o 
 
 
3 
seu planejamento estratégico, destacando as possibilidades de futuros e as 
decisões que serão tomadas em relação a esses acontecimentos. 
Quando o assunto é meio ambiente, não podemos elaborar cenários para 
eliminar incertezas e variáveis. Entretanto, é possível, com base em projeções 
futuras, diminuir o impacto que os eventos podem acarretar à sociedade como um 
todo. Assim, a análise ambiental visa promover uma antecipação, ou seja, antever 
condições de futuro que são fundamentais para que os objetivos sejam atingidos 
(Buarque, 2008). 
Uma empresa, quando elabora uma análise ambiental, obtém uma série de 
benefícios, não apenas para os negócios, mas para a sociedade como um todo. 
Essa análise pode ser desenvolvida em diversas situações. 
• Lançamento de um novo produto ou serviço: a instituição, quando lança um 
novo produto no mercado, deve analisar todos os possíveis impactos. Isso 
porque, a depender dos efeitos, podem surgir problemas que coloquem a 
empresa em risco, acarretando um impacto que depois não poderá ser 
amenizado. Suponha que uma instituição, por conta da elaboração de um 
novo projeto, feito sem planejamento, causa um dano ao meio ambiente: 
além de ser a pioneira de um prejuízo ambiental, considerando todos os 
danos causados, essa situação também cria uma imagem negativa para o 
negócio, impactando diretamente as finanças da empresa. 
• Abertura de uma nova filial: no momento em que uma instituição abre uma 
nova filial, além de todos os estudos de viabilidade financeira, legal, 
econômica e social, também deve observar os fatores ambientais que 
permeiam a inovação, como impactos hídricos, territoriais, geológicos e 
topográficos. 
• Planejamento de ações (aplicação de recursos): uma empresa, quando 
programa suas atividades futuras, deve considerar a possibilidade de 
investimentos em políticas de sustentabilidade. 
Atualmente, muitas empresas têm direcionado o seu foco para a promoção 
do desenvolvimento sustentável, colocando esse objetivo entre as suas missões. 
Por exemplo, as atitudes de bancos, além de diversos projetos que são lançados 
em conjunto. Tais instituições mudaram, de forma radical, a sua forma de 
trabalhar: retirada de envelopes de depósito, com máquinas modernas; validação 
de abertura de contas e outros contratos, com a assinatura digital (economia 
 
 
4 
extrema de folhas); produção de folhas de cheque em papel reciclável; além da 
adoção de projetos como o medidor de consumo de papel. 
 
Crédito: monticellllo/Adobe Stock. 
A valorização do meio ambiente no âmbito corporativo é um aspecto que 
compõe a responsabilidade social de uma empresa. Trata-se de um dos principais 
fundamentos sociais de toda a instituição (como veremos mais adiante). Em 
síntese, a adoção dessas medidas tem como consequência melhores condições 
e benefícios para os stakeholders (abrange a sociedade em geral, assim como 
acionistas, credores, fornecedores, clientes e até mesmo o governo), trabalhando 
de maneira efetiva o viés ético da empresa, que muitas vezes é deixado de lado, 
afinal, o foco principal das empresas é alavancar a esfera econômica e 
concorrencial. 
Conforme destaca Assaf Neto (2014, p. 41), “A responsabilidade social 
defende o objetivo de maximização do lucro até o limite que isso não destrua o 
meio ambiente, promova exploração do trabalho, pratique atos imorais de 
corrupção etc.”. 
Em nosso país, temos dois exemplos negativos a respeito do assunto: 
Mariana e Brumadinho. Esses acidentes causaram prejuízos extensos e 
permanentes ao meio ambiente, como no caso de Mariana, em que uma grande 
camada de lama atingiu toda a vegetação, criando uma espécie de cimento sobre 
a terra, que impede o desenvolvimento de vegetação. O prejuízo à vida marinha 
na região também foi incalculável. O ocorrido também impactou as vidas dos 
trabalhadores e moradores da região, além de todas as empresas envolvidas – 
 
 
5 
além do prejuízo milionário, com processos judiciais ambientais e trabalhistas, as 
empresas levam consigo uma imagem negativa. 
Tais prejuízos poderiam ser evitados se, dentro de seus planos 
estratégicos, as empresas tivessem considerado os aspectos ambientais 
pertinentes à atividade, que no caso dessas empresas são de extrema 
importância, uma vez que elas impactam uma vasta porção do bioma da região. 
TEMA 2 – INDICADORES TECNOLÓGICOS 
Dentre todos os setores da economia, a tecnologia é o que mais evolui, 
tanto por sua essencialidade quanto pela relação de dependência criada com os 
consumidores atuais. Pesquisas apontam que, nos últimos dez anos, o mundo 
passou por uma evolução tecnológica superior a dos últimos cinquenta anos, o 
que evidencia a evolução acelerada de nossos tempos.Por exemplo, no início de 
2008, nossos aparelhos celulares eram utilizados apenas para fazer ligações, 
mandar SMS e talvez usar uma calculadora. Quem imaginaria que hoje já temos 
em mãos um aparelho capaz de nos conectar com todo o mundo, incluindo 
serviços de pagamento de contas, depósito de cheques e documentos de 
identidade? Isso demonstra que a tecnologia não é foco apenas das empresas 
privadas, mas sim do governo como um todo, que a cada dia desenvolve novos 
aplicativos para facilitar a vida do usuário. 
Não há dúvidas de que, juntamente com a sustentabilidade, as 
transformações tecnológicas são os indicadores do momento. As empresas que 
não estão atualizadas sobre esses assuntos acabam ficando para trás. Porém, 
diferentemente da sustentabilidade, o investimento na área tecnológica às vezes 
traz um benefício financeiro direto para a empresa. Assim como o investimento 
em tecnologia da informação, a construção de uma base de dados sólida ajuda 
no desenvolvimento de um perfil de consumo dos indivíduos, considerando os 
comportamentos de consumo e verificando a necessidade ou não de aquisição de 
um produto ou serviço. Ou seja, a empresa que adota uma política de big data 
com certeza desenvolverá negócios rentáveis. 
Além disso, o investimento em tecnologia, atualmente, é sinônimo de 
velocidade e qualidade de venda, facilitando a produção e elevando o volume de 
vendas. Esse ponto caminha em consonância com a evolução social no acesso 
às informações, pois o consumidor moderno é capaz de demandar novas 
exigências. Em síntese, a evolução tecnológica também tornou o cliente mais 
 
 
6 
exigente, de modo que as empresas devem estar à frente dessa evolução, sempre 
inovadoras, surpreendendo os compradores. 
O que as empresas podem fazer para estar à frente da evolução? 
Principalmente através da criação de diferentes cenários. Toda evolução 
tecnológica nasce de uma pesquisa e de uma dor que a sociedade enfrenta, que 
precisa ser sanada. 
Considere o e-commerce, processo de compra, venda e troca de produtos 
e prestação de serviços por meio da internet (computadores ou aplicativos). Até o 
início de 2019, a utilização de um canal de e-commerce era apenas uma opção 
para as empresas. A maioria delas optava por não utilizar essa forma de venda, 
pois acreditava que o investimento em um canal de vendas diferenciado não traria 
rentabilidade positiva. Entretanto, em março de 2019, com a proliferação do 
COVID-19 e a adoção de medidas restritivas por parte do governo, o e-commerce 
passou de última para primeira opção. Desse modo, as empresas que já tinham 
uma boa estrutura, mesmo que primária, para a realização de vendas online, 
saíram na frente, e consequentemente tiveram prejuízos menores em relação às 
outras. Além disso, as restrições impostas pela pandemia não foram suficientes 
para desacelerar o mercado de startups no Brasil, que já estava em alta, em 
grande parte pela desnecessidade de espaços físicos e pela possibilidade de alto 
desenvolvimento em um curto espaço de tempo. 
Por fim, vamos tratar de um assunto atual que tem movimentado o mercado 
de grandes empresas, artistas e jogadores: as NFTs, Sigla em inglês para token 
não fungível. A expressão token é velha conhecida do mundo da tecnologia. 
Desde 2008, com a BTC, temos o token representativo de dinheiro, registrado em 
um blockchain. Porém, o mundo vem se expandido cada vez mais, de modo que 
o token não representa apenas moedas, mas também propriedades ou obras de 
arte. Assim, a NFT é uma representação de um item exclusivo, como músicas, 
obras de artes e itens de jogos que não podem ser substituídos (são únicos dentro 
do mercado). A aquisição de uma NFT funciona como um certificado digital de 
propriedade. Outras pessoas até podem ter uma cópia da obra, mas apenas o 
detentor do certificado tem a obra original. 
Empresas como Adidas e Nike, que já sondam há tempos o mercado do 
metaverso, resolveram sair na frente e lançar as suas NFTs. Não foi uma decisão 
fácil e com certeza foram realizados diversos estudos, com diferentes projeções 
de cenários, uma vez que se trata de uma tecnologia 100% nova, de modo que 
 
 
7 
não há como ter certeza dos seus resultados, muito menos de sua aceitação no 
mercado. De início, o projeto de NFT da Adidas provou ser um sucesso, com a 
arrecadação de US$ 22 milhões com a venda de NFTs. Com certeza, outros 
grandes players do mercado, incentivados por essas empresas, vão buscar o seu 
espaço no metaverso, para não perder a sua “fatia do bolo” nos próximos anos. 
 
Crédito: concept w/Adobe Stock. 
Saiba mais 
BÚSSOLA. Mercado de startups ignora a pandemia e cresce no Brasil em 
2021. Exame, 10 dez. 2021. Disponível em: 
<https://exame.com/bussola/mercado-de-startups-ignora-a-pandemia-e-cresce-
no-brasil-em-2021/>. Acesso em: 25 mar. 2022. 
O QUE SÃO NFTs? Entenda como funcionam os tokens não fungíveis. 
InfoMoney, 2022. Disponível em: <https://www.infomoney.com.br/guias/nft-
token-nao-fungivel/>. Acesso em: 25 mar. 2022. 
TEMA 3 – INDICADORES SOCIAIS 
Para trabalhar com indicadores sociais, devemos primeiramente diferenciá-
los dos indicadores políticos. Afinal, é comum que as mídias sociais confundam 
os dois conceitos. Ambas as definições estão interligadas, no entanto o indicador 
social é o resultado do indicador político. Imagine que o governo atual elabora um 
projeto político que foi aprovado em todos os órgãos. Esse projeto começa a surtir 
 
 
8 
efeito positivo dentro da área da educação. Tal resultado refere-se a um indicador 
social. 
A realização de uma análise social é extremamente importante, pois ajuda 
a identificar o quanto determinado país pode se desenvolver. Justamente por essa 
razão, as multinacionais, quando decidem investir em nosso país, não realizam 
apenas uma prospecção econômica, mas também uma averiguação social, 
observando alguns pontos fundamentais, para que assim seja possível 
desenvolver um plano estratégico de atuação. Dentre os temas observados, 
temos: expectativa de vida média da população; taxa de mortalidade (adulta e 
infantil); taxa de pessoas analfabetas; renda nacional bruta per capita; qualidade 
da saúde; taxa de acesso a condições sanitárias mínimas (como esgoto e água 
tratada); entre outros aspectos importantes que as empresas, dependendo do 
ramo de atuação. 
Em síntese, diversos fatores sociais são observados pelas instituições no 
momento de planejar um cenário, pois grande parte desses indicadores 
repercutem diretamente em questões econômicas. 
Os indicadores sociais têm ganhado tanto destaque que as empresas vêm 
adotando políticas sociais internamente, pois são muito valorizadas pelo mercado 
como um todo. A responsabilidade social, em conjunto com a governança 
corporativa e a transparência, estão entre os novos fatores de competitividade, 
tornando-se diferenciais para a criação de valor da empresa no mercado. 
Além do benefício na área de planejamento estratégico, a responsabilidade 
social também resulta em outros retornos para a empresa, como: facilidade no 
acesso ao crédito, com taxas de juros mais interessantes; melhor imagem perante 
os consumidores e o mercado (uma opção de valorização de imagem para além 
do marketing); atração de novos investidores (atualmente, o foco dos investidores 
recai em empresas transparentes e participativas em causas e projetos sociais, 
pois elas melhoram a sua posição no atual mercado competitivo); maior retenção 
e atração de talentos. 
Um exemplo é a atuação do banco Bradesco, uma das principais 
instituições financeiras do país, na área da educação, através de sua fundação, 
que proporciona, a famílias de baixa renda, a garantia de ensino, desde a 
educação infantil até o ensino médio, abrangendo também a educação financeira. 
Trata-se de uma atitude que gera efeitos diretos na taxa de analfabetismo do país. 
 
 
9 
 
Crédito: buffaloboy/Shutterstock.Desse modo, a instituição, quando decide realizar um planejamento 
estratégico, principalmente de longo prazo, deve observar os aspectos sociais que 
permeiam a atividade. 
• Adoção de projetos sociais, que trazem benefícios diretos à sociedade, 
assim como à empresa, em razão do marketing positivo. 
• Observar, dentro de sua área de atuação, os possíveis impactos sociais 
negativos que podem ser gerados, buscando eliminá-los ou reduzi-los. 
Além disso, é importante aproveitar as oportunidades do mercado. Isso só 
pode ser feito através de uma análise profunda dos cenários. É importante apontar 
que um estudo prévio de impacto social pode ajudar a empresa a antever 
possíveis volatilidades econômicas, auxiliando em um planejamento mais efetivo, 
por meio da elaboração de um número maior de cenários/opções, o que amplia o 
alcance dos resultados. 
TEMA 4 – INDICADORES LEGAIS E POLÍTICOS 
No sistema legislativo brasileiro, há uma série de espécies normativas cujo 
intuito é regulamentar os mais diversos temas da sociedade, delimitando uma 
forma de funcionamento do Estado. Por conta da importância desses atos 
regulamentares, o seu desenvolvimento não é simples. Sendo assim, surge a 
necessidade de passar pelo chamado processo legislativo. Quais seriam essas 
espécies normativas? E quais seriam as suas formas de elaboração? 
• Emenda Constitucional: única forma de alterar a Constituição. Entretanto, 
não pode ser utilizada para qualquer norma, uma vez que as chamadas 
Cláusulas Pétras (presentes no art. 60, parágrafo 4º da CF/88) não podem 
ser modificadas. Sendo assim, as emendas constitucionais são 
 
 
10 
responsáveis por alterar os ditames constitucionais, ou seja, as bases da 
lei de uma determinada matéria. Por esse motivo, devem partir de uma 
Proposta de Emenda Constitucional – PEC, com previsão no art. 60 da 
CF/88, podendo ser proposta por 1/3, no mínimo, de membros da Câmara 
dos Deputados ou do Senado Federal; pelo Presidente da República; ou 
por mais da metade das Assembleias Legislativas das unidades da 
Federação (maioria de cada uma das casas). 
• O quórum de aprovação também é mais burocrático, com a necessidade 
de dois turnos de votação, caso no primeiro turno não seja alcançada a 
quantidade de 3/5 dos votos da casa. Em seguida, a proposta é 
encaminhada para a casa revisora, onde passará por dois turnos de 
votação. Então, se aprovada, poderá ser promulgada e publicada. 
• Lei Complementar: espécie normativa responsável pela regulamentação de 
um preceito previsto pela Constituição Federal. Ou seja, a sua elaboração 
é necessária quando a CF/88 expressamente prevê a necessidade de 
normatizar determinada matéria por Lei. Trata-se de tipo normativo abaixo 
da Constituição Federal. O conteúdo normatizado pela Lei Complementar 
pode ser alterado apenas por legislação da mesma espécie (também 
complementar). Exemplo: Lei Complementar n. 179, de 24 de fevereiro de 
2021, que dispõe sobre os objetivos do Banco Central do Brasil. 
• Lei Ordinária: trata-se do ato normativo mais comum no mundo jurídico, 
responsável por editar normas gerais e abstratas de diferentes assuntos. 
Pode tratar de qualquer assunto, salvo aqueles próprios de uma Lei 
Complementar, ou internos do Congresso Nacional (como formas de 
funcionamento e regras administrativas, aspectos regulados por decretos e 
resoluções). Exemplo: Código de Processo Civil, Lei n. 13.105/2015. 
Quadro 1 – Leis 
Itens LEI ORDINÁRIA LEI COMPLEMENTAR 
Quórum de votação Maioria simples/relativa Maioria absoluta 
Quanto a Matéria Residual: todas que não 
pertençam exclusivamente a 
LC, DL e resolução 
Quando expressa a 
necessidade em norma da CF 
Previsão Art. 47 da CF Art. 69 da CF 
 
 
11 
Vejamos a diferença entre maioria simples e maioria absoluta. A maioria 
absoluta considera apenas os votos favoráveis da maioria + 1, 
independentemente do número de congressistas presentes. Ou seja, a Câmara 
tem 513 deputados. Se estiverem presentes apenas 257, todos terão que votar a 
favor para que o suposto projeto seja aprovado. Se apenas um deputado votar 
contra, o projeto será arquivado. Agora, no caso da maioria simples, para que haja 
aprovação, existe a necessidade de maioria dos votos favoráveis dos 
parlamentares presentes na sessão, desde que compareça a maioria absoluta de 
seus membros, ou seja, mais do que a metade (257). Havendo número inferior, a 
votação não poderá ser iniciada. Exemplo: em uma sessão em que compareçam 
300 membros, 151 votos devem ser favoráveis para a aprovação. 
• Lei Delegada: Messa (2018) afirma tratar-se de uma espécie de norma 
produzida pelo Presidente da República, mas com o aval do Congresso 
Nacional. Consiste em um ato normativo primário. Assim, não podemos 
dizer que o presidente pode criar leis, pois assim estaríamos 
desrespeitando a repartição dos poderes, atribuindo uma função legislativa 
ao poder executivo. Por esse motivo, surge a necessidade de aval do 
congresso, que irá inclusive delimitar a matéria que pode ser tratada. 
• Medida Provisória: trata-se de uma outra forma a partir da qual o Presidente 
da República pode legislar. Consiste em um instrumento “com força de lei”. 
O Chefe do Poder Executivo Federal poderá utilizá-lo em casos de 
relevância e urgência. Essa medida será convertida em lei apenas após a 
aprovação do Congresso (tácita ou expressa). Previsão no art. 62 da 
Constituição Federal. 
• Decretos Legislativos: matérias de competência exclusiva do Congresso 
Nacional, dispensando a necessidade de sanção ou veto do executivo. 
Todo procedimento para a sua realização está previsto em regimento 
interno, com quórum de aprovação de maioria simples. 
• Resolução: estabelece Massa (2018) que esse tipo normativo tem o intuito 
de veicular matérias de competência própria da Câmara dos Deputados, 
do Senado Federal ou do Congresso Nacional (matérias que não foram 
objeto de decreto legislativo). 
Como vimos anteriormente, cada espécie normativa tem uma forma própria 
de elaboração. Por esse motivo, não descrevemos em detalhes cada um dos 
 
 
12 
processos de elaboração. As únicas que ainda apresentam certa semelhança são 
as Leis Ordinárias e Complementares. 
Qualquer um dos tipos normativos pode, a qualquer momento, afetar o 
andamento de um cenário de mercado político, financeiro, ambiental, social, 
tecnológico, entre outras áreas diversas. Entre os exemplos atuais, podemos citar 
as reformas da previdência e tributária, que geram efeitos diretos na vida da 
sociedade, principalmente na vida das empresas. Não são apenas as legislações 
federais que causam esse impacto, pois as normais estaduais, muitas vezes, 
interferem ainda mais nesses cenários. 
Por essa razão, quando uma instituição resolve elaborar um plano de 
cenários, é fundamental analisar o andamento dos projetos de leis em tramitação 
no Congresso Nacional, seja na Câmara dos Deputados ou no Senado Federal. 
Muitas vezes, uma estratégia pode ser totalmente inutilizada em razão da 
aprovação de determinada norma. Assim, se conhecemos o trâmite do respectivo 
projeto, podemos planejar uma segunda via de atuação. 
 
Crédito: Billion Photos/Shutterstock. 
O estudo dos indicadores políticos dentro de uma análise estratégica é 
fundamental, pois está diretamente relacionado com questões sociais e legais. 
Assim como todos os outros indicadores, este não afeta apenas as empresas 
nacionais, mas também as multinacionais. Assim, trata-se este de um ponto 
importante a ser observado pelas empresas que buscam implementar negócios 
em território nacional. A observância deste fator é conhecida como risco político. 
 
 
13 
Gitman (2010) afirma que esse risco corresponde à possibilidade de 
implementação, por parte do governo nacional, de regras e normas específicas 
(risco legal) capazes de acarretar descontinuidade ou expropriação das 
operações de multinacionais. Isso podeocorrer através de medidas que buscam 
a nacionalização, a desapropriação e o confisco (apropriação de ativos sem 
pagamento de indenização ou com indenização em valor irrisório), ou ainda por 
meio de atitudes que inviabilizam a operação. 
• Risco macro: consiste no risco responsável por mudanças políticas, 
inovações políticas e revoluções que afetam as empresas estrangeiras. Ou 
seja, nenhuma empresa recebe tratamento diferenciado, de modo que a 
perda dos ativos ocorre uma única vez. Exemplo: implantação do regime 
comunista na China, em 1949. 
• Risco micro: gerado ligado a alterações políticas que afetam determinadas 
empresas – uma única empresa, ou ainda determinadas instituições que 
atuam em um determinado setor da economia. 
• Risco global: terceira vertente, criada nos últimos anos, ligada a eventos 
globais que afetam as operações de diversas empresas multinacionais em 
todo mundo, como terrorismo, movimentos e manifestações 
antiglobalização, hackers, pobreza, aids e meio ambiente. 
Por essa razão, as empresas multinacionais têm adotado diversos 
instrumentos preliminares, de modo a obter dados históricos para a análise da 
probabilidade de desestabilização política de um país, considerando ainda os 
efeitos dessas alterações. 
Gitman (2010) também apresenta abordagens que podem ser adotadas por 
essas empresas. A primeira delas é a abordagem positiva, que consiste em atos 
de negociação prévia de contratos, com a utilização de executivos locais, pontos 
de varejo e compras locais. Já a segunda é a abordagem negativa, comumente 
utilizada por empresas dos ramos de petróleo, gás natural e mineração. Consiste 
em atividade como: licenças ou restrições de patentes, regidas por acordos 
internacionais; controle de matérias-primas externas; controle de transporte para 
o mercado externo. Por fim, existem as abordagens externas, como seguros 
internacionais ou a garantia de investimento, considerando ainda a realização de 
financiamento local. 
 
 
 
14 
TEMA 5 – MISSÃO, VISÃO E NEGÓCIO 
Por fim, destacamos um assunto importante, que toda empresa deve 
considerar: missão, visão e negócio da instituição. Esses quesitos apresentam o 
motivo pelo qual a empresa foi criada, bem como os objetivos que estão sendo 
buscados, sendo fundamentais para a realização do planejamento estratégico. 
A missão consiste na razão de ser da organização, ou seja, por qual motivo 
a instituição existe e qual deve ser o papel da empresa perante a sociedade. 
Busca responder a seguinte pergunta: por que a sociedade precisa dessa 
organização? 
Todo negócio, quando criado, visa solucionar uma dor presente na 
sociedade. A partir do momento que temos essa delimitação, surge a missão da 
empresa. Além de propriamente definir esse objetivo, o conceito de missão resulta 
em outros benefícios: auxilia na motivação de membros e colaboradores do 
negócio para o atingimento de metas individuais e departamentais, uma vez que, 
a partir do momento em que conhecem os benefícios que as empresas oferecem 
à sociedade, eleva-se o seu grau de estímulo; define as principais necessidades 
a serem atendidas pela empresa. Trata-se de um instrumento bem estável e 
genérico, que não se altera com o tempo. 
Chiavenato e Sapiro (2003) destacam que o intuito da missão é clarificar 
os objetivos, os valores e as estratégias adotadas pela organização. Os autores 
afirmam que é fundamental que todos os participantes conheçam a real missão 
do negócio, pois a partir desse momento podem lograr êxito em seguir o melhor 
caminho. Ou seja, uma pessoa que participa de uma empresa, mas que não 
conhece o motivo de sua existência, dificilmente tomará as melhores decisões. 
No que tange à visão, podemos afirmar que se trata de um objetivo macro, 
ou seja, refere-se ao destino desejado pela empresa. Esse instrumento responde 
à seguinte pergunta: Onde a empresa se vê em 10 anos? A empresa não vai 
estabelecer valores que deseja alcançar, ou números, mas sim um objetivo geral. 
A visão de futuro detecta sinais de mudança, verificando a existência de 
oportunidades e ameaças, de modo a direcionar os esforços para o seu 
aproveitamento, transformando o propósito em ação. 
Já o negócio apresenta um viés mais conjuntural do que a missão – ou 
seja, define o que fazer naquele instante. Sendo assim, estabelece o objetivo 
imediato da empresa. Podemos exemplificar da seguinte maneira: a produtora e 
 
 
15 
a concessionária de veículos TFM tem como missão o oferecimento de uma 
alternativa de transporte. Entretanto, o seu negócio é a venda de veículos. 
Assim, quando a empresa define o negócio, auxilia diretamente no 
estabelecimento de estratégias, processo que está ligado às necessidades dos 
clientes, a partir das seguintes perguntas: Por que motivo o cliente escolhe a 
nossa empresa? Que benefícios oferecemos? 
A definição de negócio, doutrinariamente, também é uma forma de delimitar 
a área de competência da empresa. Vamos supor que a sociedade empresarial 
TFM, produtora e comercializadora de veículos, foi recentemente criada. 
Buscando a realização de um planejamento estratégico, ela define 
preliminarmente a Missão, a Visão e os Valores. 
Quadro 2 – Empresa TFM 
TFM 
Missão Tornar acessível ao máximo de pessoas a utilização de um transporte seguro. 
Visão Tornar-se número 1 na América Latina em venda de veículos populares. 
Negócio Aumentar o número de veículos vendidos anualmente. 
 
 
 
 
16 
REFERÊNCIAS 
ASSAF NETO, A. Finanças corporativas e valor. 7. ed. São Paulo: Atlas, 2014. 
BUARQUE, S. C. Construindo o desenvolvimento local sustentável. Rio de 
Janeiro: Garamond, 2008. 
_____. Metodologia e técnicas de construção de cenários globais e regionais. 
IPEA Texto para Discussão, Brasília, n. 939, fev. 2003. 
CHIAVENATO, I.; SAPIRO, A. Planejamento estratégico. Rio de Janeiro: 
Elsevier, 2003. 
GITMAN, L. J. Princípios de administração financeira. 12. ed. São Paulo: 
Pearson Prentice Hall, 2010. 
MESSA, A. F. Direito constitucional. 5. ed. São Paulo: Rideel, 2018. 
 
 
 
AULA 4 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ANÁLISE DE CENÁRIOS 
FINANCEIROS 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Prof. Thiago Fernandes Antunes 
 
 
2 
INTRODUÇÃO 
Caros alunos, seja muito bem-vindo à aula da nossa temática de “análise 
de cenários”. Como visto anteriormente, o planejamento de cenários consiste na 
elaboração de um plano de ação, através da construção de estratégias que 
consideram todos as possibilidades do mercado. 
Por esse motivo, anteriormente verificamos todos os métodos que auxiliam 
na produção deste plano. Em outro momento, analisamos todos as questões 
econômicas que podem abalar a participação de uma instituição no mercado. Em 
seguida, estudamos alguns pontos que são capazes de sensibilizar o mercado, 
como fatores tecnológicos, políticos e jurídicos, concluindo que as empresas 
devem se adaptar às mudanças contínuas que essas condições causam, de modo 
a atingir os seus objetivos, independentemente das alterações do mercado. 
Desse modo, nesta aula, além de estudarmos o importante Princípio do 
Risco e Retorno que permeia grande parte das relações e análises financeiras, 
também verificaremos a existência de alguns métodos de análise de risco, como 
por exemplo o CAPM, que é capaz de verificar o grau de risco não diversificável 
(sistemático), através do uso do coeficiente beta. E o CMPC, comumente 
chamado de custo médio ponderado de capital que, em síntese, verifica o valor 
do custo de determinado capital adquirido por uma empresa, seja através de 
terceiros ou captação própria. 
Analisamos também alguns outros métodos que são utilizados no momento 
de tomar uma decisão financeira, instrumentos estes que geram uma seleção 
mais sábia e racional, dentre estes temos o VPL, TIR, TMA e Payback. Por fim, 
fizemos a iniciação ao tema de demonstrativos contábeis, destacando algunsde 
seus principais conceitos. Os temas trabalhados serão os seguintes: 
• Relação risco e retorno; 
• CAPM: Capital Asset Pricing Model; 
• CMPC: Custo Médio Ponderado de Capital; 
• Instrumentos de análise de viabilidade; e 
• Iniciação em demonstrativos contábeis. 
 
 
 
 
3 
TEMA 1 – RELAÇÃO RISCO E RETORNO 
A definição de risco pode ser compreendida de diversas formas, tudo irá 
depender do contexto daquele que está avaliando. Por exemplo, o risco de uma 
pessoa contrair alguma doença durante um período de baixa imunidade, o risco 
de um empresário ao se aventurar em uma nova área de atuação, ou o risco de 
acontecer algum acidente em uma residência, cujo o proprietário não possui 
seguro. Em síntese, o risco está sempre associado à incerteza da ocorrência de 
determinado acontecimento. 
Quando mencionamos esse assunto no âmbito empresarial, estamos nos 
referindo à administração financeira, que tem como uma de suas funções a 
administração de ativos, diretamente ligada à busca da melhor estrutura em 
termos de risco e retorno, quando o assunto são os investimentos empresariais. 
Conforme estabelece Assaf (2014), o risco é um custo evidente nos 
negócios financeiros, havendo necessidade de ser quantificado. Em síntese, em 
toda decisão de investimento, é indispensável que se considere o risco, ou seja, 
a medida de incerteza associado aos retornos daquele investimento. Sendo 
assim, há dois fatores importantes que irão influir no probabilidade de risco de um 
investimento: volatilidade dos retornos e maturidade. 
A volatilidade significa a regularidade de oscilações notadas em um fluxo 
de retornos e resultados. Pra melhor exemplificar, vejamos o seguinte quadro: 
Quadro 1 – Volatilidade 
Invest/Retornos Mar/2021 Abr/2021 Mai/2021 Jun/2021 Resultado 
Invest. X 9,0% 9,1% 10,0% 8,0% - RISCO 
Invest. Y 10,0% 10,05% 8,0% 13,0% + RISCO 
Nota-se que o investimento X apresenta menos volatilidade que o 
investimento Y, tendo este último maior flutuação e consequentemente um risco 
superior. 
Já a maturidade do ativo consiste no seu prazo de vencimento. Assim, 
quanto maior o prazo de recuperação financeira do valor aplicado, mais alto se 
apresenta o seu risco. Deste modo, verifica-se que a volatilidade e o tempo de 
maturação do investimento são fatores essenciais para o estudo de probabilidade 
de risco de um ativo. Mas e no que tange ao retorno? 
 
 
4 
Esse instituto possui relação direta com o risco, uma vez que por mais que 
um investimento não ofereça certeza com relação aos seus resultados futuros, 
podendo alcançar altos e baixos retornos, todo investimento deve recompensar 
os riscos oferecidos. Deste modo, podemos concluir que quanto maior o grau de 
risco oferecido, mais elevado será a probabilidade de retorno, de forma a 
recompensar aquele que decidiu por um negócio mais arriscado. Assim, a relação 
risco e retorno é proporcional. Vejamos a seguinte situação, um investimento 
realizado em títulos de renda fixa, os quais possuem volatilidade mínima, logo 
produzem retornos estáveis, porém menores, além de um baixo grau de risco. 
Gitman (2010), além de afirmar que o retorno é medido conforme a 
variabilidade do ativo, também destaca que este deve ser medido com base nas 
distribuições de caixa durante o período de investimento, somado a variação do 
valor. Sendo assim, aplica-se a seguinte fórmula: 
𝑅𝑅𝑅𝑅 =
Ct + Pt − Pt − 1
Pt − 1
 
De modo que “Rt” representa a taxa de retorno efetiva esperada durante 
determinado período, “Ct” significa o fluxo de caixa recebido a partir do 
investimento no ativo e o “Pt” o preço do ativo no tempo. 
Na prática: para compreendermos com mais clareza, vejamos o seguinte 
exemplo: supondo que determinado investidor aplica seu dinheiro na compra de 
duas empresas do ramo de serviços de tecnologia, simultaneamente. A empresa 
Alfa foi adquirira por R$ 40.000,00 e terminou o ano com o valor de mercado de 
R$ 43.000,00 e durante esse período de um ano gerou R$ 1.600,00 em receita 
após todos os impostos. Já a empresa Beta foi adquirida pela quantia de R$ 
20.000,00, terminando o ano com o valor de mercado de R$ 19.400,00, entretanto 
apresentou receita de R$ 3.000,00 após impostos. Desse modo, temos: 
𝑅𝑅𝑅𝑅 𝐴𝐴𝐴𝐴𝐴𝐴𝐴𝐴 =
R$1.600,00 + R$43.000,00 − R$ 40.000,00
R$ 40.000,00
= 11,5% 
 
𝑅𝑅𝑅𝑅 𝐵𝐵𝐵𝐵𝑅𝑅𝐴𝐴 =
R$ 3.000,00 + R$ 19.400,00 − R$ 20.000,00
R$ 20.000,00
= 12,0% 
Assim, é possível verificar que por mais que o valor de mercado do ativo 
Alfa tenha sido superior ao do ativo Beta, o fluxo de caixa desse último 
proporcionou um retorno mais elevado do que o primeiro ativo, durante o mesmo 
período. Por essa razão que a análise de resultado deve ser feita levando em 
 
 
5 
consideração tanto a valorização do ativo quanto a receita gerada pelo fluxo de 
caixa. 
1.1 Risco Sistemático e Risco não Sistemático 
Antes de adentrarmos no tema citado, é necessário compreendermos como 
ocorre a avaliação do risco total de uma empresa, caso em que deveremos 
observar duas espécies de risco: econômico e financeiro. 
No que tange ao risco econômico, estes são inerentes à própria natureza 
da economia, abrangendo tanto alterações do mercado e da tecnologia, por 
exemplo, o crescimento da concorrência ou o surgimento de uma empresa 
destaque, como também o próprio planejamento e gestão da empresa, incluindo 
as vendas, investimentos e os preços que utilizam. 
Já o risco financeiro está relacionado com o grau de endividamento da 
empresa, ou seja, o seu passivo. Aqui não encontramos nenhum fator que tenha 
vínculo com os ativos da empresa, pois este está diretamente ligado ao risco 
econômico. 
Superados esses conceitos iniciais, podemos iniciar o cerne deste assunto. 
Destaca Assaf (2014) que o risco total de um ativo é composto por um pedaço 
sistemático e outro não sistemático. 
O risco sistemático é aquele próprio de todos os ativos existentes no 
mercado, sendo determinado por aspectos políticos, econômicos e sociais. A 
diferença entre um ativo e outro em relação a esses fatores está no fato de que 
cada ativo se comporta de maneira diferente em relação aos acontecimentos 
gerados. Entretanto, podemos chegar à conclusão conjunta de que nenhum 
investimento realizado, seja em qual ativo for, estará livre do risco sistemático. 
Deste modo, por mais diversificado que seja a carteira de um investidor, ele não 
conseguirá escapar dessa modalidade de risco. 
Quando citamos o risco não sistemático, a conversa é diferente, uma vez 
que este é identificado nas características do próprio ativo, sendo assim este não 
afeta os outros ativos de uma carteira, de modo que o método de diversificação 
de ativos, neste caso, é suficiente para diminuir ou evitar o risco não sistemático. 
Essa diversificação pode ocorrer de diversas maneiras, desde a combinação de 
ativos de renda fixa e renda variável (que possui comportamentos diferentes 
diante da elevação da taxa de juros) até a mescla de ativos de renda variável de 
 
 
6 
diversos setores, como construção civil, gás e oléo, financeiro, varejo e 
investimentos em ativos de mercados externos. 
1.2 Probabilidades e Desvio padrão 
O conceito de risco tem origem na incerteza sobre o futuro, justamente por 
esse motivo que a sua mensuração é realizada através de um critério de 
probabilidades, ou seja, o aplicador deve atribuir probabilidades aos diversos 
estados que podem ser esperados, bem como a consequência deste nos 
resultados. Estas probabilidades se dividem em objetiva e subjetiva. A primeira 
considera dados e informações históricas, assim, observa as experiências 
acumuladas com o passado. Já a segunda possui como fundamento a intuição e 
experiência do investidor, há também quem diga que a crença também influi nesta 
probabilidade. 
Conforme afirma Assaf (2014), o risco é interpretado pelos desvios 
previsíveis dos fluxos futuros de caixa, consequência deuma decisão de 
investimento, somado aos fatos considerados como de natureza incerta. Assim, a 
variabilidade dos resultados esperados de caixa em relação à média são 
considerados. 
Outro ponto a ser observado é a medida de dispersão (desvio – padrão), 
de modo que quanto maior o grau de desvio (variabilidade da média – retorno 
esperado), mais elevado é o risco. 
Imaginemos a seguinte situação: 
Ativo X Ativo Y 
Retorno Probabilidade Retorno Probabilidade 
14% 20% - 10% 40% 
24% 60% 0% 60% 
30% 80% 20% 80% 
40% 40% 60% 20% 
 
𝐸𝐸(𝑟𝑟𝑟𝑟) = (14% 𝑟𝑟 0,20) + (24% 𝑟𝑟 0,60) + (30% 𝑟𝑟 0,80) + (40% 𝑟𝑟 0,40) = 57,2% 
𝐸𝐸(𝑟𝑟𝑟𝑟) = (−10% 𝑟𝑟 0,40) + (0% 𝑟𝑟 0,60) + (20% 𝑟𝑟 0,80) + (60% 𝑟𝑟 0,20) = 24% 
 Nota-se que ambos demonstram um grau de dispersão, sendo que o ativo 
Y demonstra um grau de dispersão superior ao do ativo X, o que indica maior 
risco. Deste modo, o ativo X apresenta um menor risco além de um maior retorno 
esperado. Tal assertiva pode ser confirmada, no momento em que analisamos o 
 
 
7 
desvio padrão de ambos ativos, sendo possível verificar que o desvio do ativo Y 
é superior ao do X. 
TEMA 2 – CAPM 
A sigla CAPM representa a expressão em inglês Capital Asset Pricing 
Model, que se trata de um modelo de formação de preços de ativos, que tem como 
principal objetivo relacionar o risco e o retorno de todos os ativos presentes no 
mercado. O CAPM pode ser considerado como uma forma de explicar os 
acontecimentos da realidade, ou seja, através deste tenta-se buscar situações 
possíveis de acontecer. 
Vimos em tópico anterior a existência dos riscos sistemáticos e não 
sistemáticos, ambos conceitos também podem ser denominados de riscos não 
diversificáveis e risco diversificável, respectivamente. O risco diversificável possui 
essa nomenclatura, uma vez que pode ser eliminado através do método de 
diversificação da carteira, uma vez que situações próprias de cada ativo não tem 
potencial de atingir os outros ativos de uma carteira (por exemplo, processo 
judicial ou greve de funcionários de uma empresa em espécifico não irão afetar 
as outras empresas presentes nesta carteira). Já o risco não diversificável, como 
o próprio nome já diz, não podem ser evitados através de uma carteira variada de 
ativos, pois nesse caso há fatores macroeconômicos que abrangem todas as 
empresas, como inflação, desemprego, taxa de juros, taxa de câmbio, incidentes 
internacionais, eventos políticos e até mesmo o crescimento de um país. 
Gitman (2010) afirma que como qualquer investidor pode realizar a 
diversificação em uma carteira de investimento elimando o risco diversificável, o 
único risco relevante é o não diversificável. 
Em síntese, a diversificação é capaz de diminuir o risco inerente ao ativo 
ou ao setor deste ativo, entretanto sendo insuficiente para acabar com o risco 
sistemático presente no mercado como um todo. Conforme presente no gráfico a 
seguir: 
 
 
 
8 
Gráfico 1 – Risco 
 
Fonte: elaborado com base em Ciência e Negócios, 2016. 
Este modelo, visando verificar o grau de variabilidade de retorno de um 
ativo em resposta a uma variação do retorno de mercado (risco sistemático), se 
utiliza do coeficiente beta (ß). Uma das formas de alcançar esse coeficiente é 
através da análise dos retornos históricos de um ativo, além do estudo que 
representa o retorno da carteira de mercado, sendo comum a utilização por parte 
dos investidores da S&P 500 (Standard & Poor’s 500 Stock Composite Index). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
9 
Figura 1 – Retorno 
 
 
Fonte: Gitmam, 2014, p. 223. 
Neste gráfico, é possível verificar como é realizada essa análise combinada 
entre retornos individuais (eixo vertical) do ativo e os retornos do mercado (eixo 
horizontal). Ambos os ativos analisados (“S” e “R”) possuem um grau de 
inclinação, sendo este denominado beta. É possível verificar que o grau de 
inclinação do ativo “S” é superior ao do ativo “R”, assim, mais sensível as 
variações dos retornos de mercado, sendo mais arriscado. 
O beta pode ser calculado resultando em um valor negativo ou positivo, 
comumente varia de 0,5% a 2,0%. Para entendermos melhor a questão da 
sensibilidade das variações, vejamos o seguinte: 
 
 
 
 
10 
 Beta Resultado 
Ativo A 0,5% Significa que para cada 1% de variação do mercado, o ativo A irá variar 
em 0,5% 
Ativo B 1,5% Significa que para cada 1% de variação do mercado, o ativo B irá variar 
em 1,5% 
Após a obtenção do coeficiente beta com o intuito de medir o risco não 
diversificável, é possível efetuar o cálculo do CAPM através da seguinte equação: 
𝐸𝐸𝑅𝑅𝐸𝐸 = 𝑅𝑅𝐴𝐴 + ß𝐸𝐸(𝑅𝑅𝑅𝑅 − 𝑅𝑅𝐴𝐴) 
Eri Expectativa de retoro de um ativo “i”qualquer; 
Rf Ativo livre de risco; 
ßi Beta relativo ao ativo “i”; 
Rm Retorno do mercado 
Rm - Rf Retorno do mercado menos a taxa livre de risco (Prêmio pelo risco) 
 
Assim, é possível concluir que o modelo de formatação de preços de ativos 
CAPM tem como uma de suas funções o uso do “(...) beta para relacionar o risco 
relativo de um ativo em relação ao do mercado com o retorno exigido do ativo” 
(Gitman, 2010, p. 232). 
O modelo CAPM também concede a oportunidade de identificar, por meio 
do traçado da reta do mercado de títulos (SML), a taxa de retorno mínima exigida 
pelos proprietários de empresas, denominado custo de capital próprio (medida 
utilizado para o cálculo do WACC). Essa atitude é de grande importância na 
tomada de decisões financeiras de uma instituição e em seu procedimento de 
avaliação de desempenho. 
Assaf (2014) afirma que os estudiosos financeiros vêm pesquisando outros 
modelos decorrentes do CAPM, sendo o APT (Arbitrage Pricing Theory), uma 
destas alternativas, que considera não apenas um beta, mas sim múltiplos. Desse 
modo, o APT avalia o risco-retorno de um ativo mediante uma série de fatores 
sistemáticos, logo, analisa o risco de maneira mais ampla. 
 Na prática: suponhamos que as ações da Irmãos Fernandes Pereira 
(IFPA3) apresentem um beta de 0,80 em relação ao mercado brasileiro. Hoje, a 
taxa livre de risco no país está em 7% ao ano e o retorno esperado do mercado 
em 14%. Qual seria o retorno mínimo exigido pelo investidor para investir na 
IFPA3? 
𝑅𝑅𝐸𝐸 = 0,07 + 0,80 (0,14 − 0,07) = 12,60% 
 
 
11 
No caso em tela, o retorno mínimo exigido pelo acionista seria de 12,60%. 
Assim, o retorno mínimo de um acionista ao investir na Irmãos Fernandes Pereira 
tem que ser de 12,60%, pois ela é um ativo menos arriscado que o mercado (beta 
em 0,80%), o retorno do mercado está em 14%, sendo então aceitável o retorno 
de 12,60%. 
TEMA 3 – CMPC – CUSTO MÉDIO PONDERADO DE CAPITAL 
O Custo médio ponderado de capital e comumente conhecido como WACC 
– Weighted Average Cost of Capital, mas qual seria o significado dessa 
complicada expressão? 
Uma empresa, para manter um bom funcionamento e muitas vezes para se 
reerguer no mercado diante de um momento de dificuldade, necessita captar 
recursos financeiros. Essa captação pode ser realizada de duas maneiras: a) 
através da utilização de capital de terceiros; b) utilização de capital dos próprios 
sócios. Entretanto o uso desse valor por parte da empresa acarreta um custo. Em 
síntese, o WACC irá significar o quanto custa o dinheiro que uma empresa vem 
utilizando durante um determinado período. Poderiamos citar como exemplo o 
juros pela utilização de dinheiro de terceiro. 
Quando falamos da arrecadação de valor através de capital de terceiro, a 
empresa acaba por entrar em dívidas, pelo fato de ser um possível problema para 
a empresa, isso faz com que a mesma possua um risco elevado neste tipo de 
operação. Por outro lado, para o investidor o risco de emprestar esse dinheiro é 
menor, pois normalmente a empresa que recorre ao banco para angariar recurso 
coloca patrimônio próprio como garantia. Justamente, pelo fato de o risco do 
investidor ser menor,essa operação apresenta um menor retorno para o mesmo 
e consequentemente um juro menor para a empresa, tratando-se de um crédito 
mais barato. 
No que tange ao capital próprio, trata-se da busca de capital através dos 
acionista das empresas (ações). Desse modo, estes não serão denominados 
credores desta empresa, mas sim sócios. Por esse motivo, para a empresa o risco 
é bem menor, pois não adentrará em dívidas. Entretanto, para os investidores o 
risco se eleva, pois não se apresentam como credores daquela empresa e na 
ordem de preferência de recebimento do crédito estão os detentores de títulos e 
contratos de dívidas, justamente por isso o retorno nesses casos é maior (retorno 
elevado), tratando-se então de uma forma de aquisição de capital mais cara para 
 
 
12 
a empresa. É importante diferenciar que quando se fala em capital próprio o 
investidor espera retorno, já no capital de terceiros são juros. 
O cálculo que resulta no WACC é realizado através da multiplacação do 
custo específico de cada modalidade de financiamento por sua participação, em 
porcentagem, na estrutura de capital da empresa e ao final soma-se todos estes 
valores ponderados. Vejamos a fórmula: 
𝑊𝑊𝐴𝐴𝑊𝑊𝑊𝑊 = (𝑊𝑊𝑊𝑊𝑊𝑊 𝑟𝑟 𝐾𝐾𝑊𝑊𝑊𝑊) + (𝑊𝑊𝑊𝑊𝑅𝑅 𝑟𝑟 𝐾𝐾𝑊𝑊𝑅𝑅) 𝑟𝑟 (1 − 𝐼𝐼𝑅𝑅) 
Wacc Custo médio ponderado de capital 
Wcp Custo do capital próprio 
Kcp Percentual de capital próprio na estrutura do capital 
Wct Custo do capital de terceiro 
Kct Percentual de capital de terceiro na estrutura do capital 
 
Este desconto de imposto de renda (IR) é realizado apenas no custo de 
capital de teceiro, uma vez que este é considerado dívida, sendo dívida uma 
despesa financeira. Esse custo financeiro no momento da apuração do balanço é 
abatido sobre o lucro. Deste modo, quanto mais capital de terceiro, maior o 
benefício do desconto no IR. 
É comum que uma empresa tenha em sua composição diversas espécies 
de capital próprio ou de terceiro. 
Na prática: suponhamos que a mesma empresa do exemplo anterior 
Irmãos Fernandes e Pereira apresente a seguinte estrutura de capital: 
 Montante Prop. de cada Fonte Custo 
Capital Ordinário R$1.600.000,00 40% 30% a.a. 
Capital Preferencial R$ 1.000.000,00 25% 25% a.a. 
Empréstimo R$ 1.400.000,00 35% 15% a.a. (pós IR) 
Total R$ 4.000.000,00 100% 
 
𝑊𝑊𝐴𝐴𝑊𝑊𝑊𝑊 = (30% 𝑟𝑟 0,40) + (25% 𝑟𝑟 0,25) + (15% 𝑟𝑟 0,35) = 12% + 6,25% + 5,25% = 𝟐𝟐𝟐𝟐,𝟓𝟓𝟓𝟓% 
 
 
 
 
 
 
 
13 
Deste modo, o WACC ficou definido em 23,50%, mas também podemos 
realizar esta análise através de cálculo em reais: 
Origem de Capital Remuneração exigida (juros/retorno) 
Capital Ordinário R$ 1.600.000,00 x 30% R$ 480.000,00 
Capital Preferencial R$ 1.000.000,00 x 25% R$ 250.000,00 
Empréstimo R$ 1.400.000,00 x 15% R$ 210.000,00 
Total R$ 4.000.000,00 R$ 940.000,00 
 
Trata-se também de uma maneira de confirmação de cálculo, uma vez que 
23,50% de 4 milhões de reais resulta na quantia de R$ 940.000,00. Desse modo, 
é possível concluir que a taxa mínima de retorno ou de atratividade econômica da 
empresa Irmãos Fernandes e Pereira é de 23,50%, que equivale a R$ 940.000,00 
ao ano, sendo assim, este é o custo das decisões de investimento optadas pela 
empresa. De modo que, a partir do momento que a empresa não alcança um 
retorno operacional pelo menos igual ao seu custo total de capital, ela deixa de 
remunerar de forma adequada as suas fontes de financiamento, prejudicando seu 
valor de mercado. 
Em síntese, se o retorno deste custo de capital aplicado foi inferior ao 
WACC, além de reduzir a riqueza dos seus sócios, também destrói o valor da 
empresa no mercado. Por outro lado, se os retornos forem superiores a essa taxa, 
haverá uma elevação no valor agregado da empresa, pois ela obteve um resultado 
superior ao mínimo exigido pelo proprietários do capital. Por conseguinte, uma 
empresa que possui uma taxa de retorno maior do que seu custo de capital, 
elaborou decisões financeiras eficientes, agregando riqueza e alcançando o 
objetivo de potencializar o valor de mercado. 
3.1 Alavancagem Financeira 
Como vimos anteriormente, o custo do capital próprio é mais elevado do 
que o custo de capital de terceiro, logo, uma empresa que possui apenas capital 
próprio em sua composição possui um alto WACC. 
Em razão desse custo elevado do capital próprio, é comum que empresas 
optem por contrair dívidas (utilização de capital de terceiros), pois esta, em razão 
do baixo custo, geram à empresa uma chance de crescimento acelerado, 
momento este em que podemos afirmar que uma empresa está alavancando os 
recursos próprios com o uso de capital de terceiros. 
 
 
14 
Em síntese, quanto mais dinheiro de terceiro, maior será o nível de 
alavancagem da empresa, de modo que este endividamento diminui o WACC, 
entretanto possibilita maior crescimento. Quanto mais alavancada, mais arriscada 
se torna a empresa. 
𝐴𝐴𝐴𝐴𝐴𝐴𝐴𝐴𝐴𝐴𝐴𝐴𝑊𝑊𝐴𝐴𝐴𝐴𝐵𝐵𝑅𝑅 =
𝐶𝐶𝐴𝐴𝑊𝑊𝐸𝐸𝑅𝑅𝐴𝐴𝐴𝐴 𝑑𝑑𝐵𝐵 𝑇𝑇𝐵𝐵𝑟𝑟𝑊𝑊𝐵𝐵𝐸𝐸𝑟𝑟𝑇𝑇
𝐶𝐶𝐴𝐴𝑊𝑊𝐸𝐸𝑅𝑅𝐴𝐴𝐴𝐴 𝑃𝑃𝑟𝑟ó𝑊𝑊𝑟𝑟𝐸𝐸𝑇𝑇
 
TEMA 4 – INSTRUMENTO DE ANÁLISE DE VIABILIDADE 
Além do CAPM e o CMPC, há algumas outras fases no momento de realizar 
uma decisão de investimento, trata-se da utilização de métodos de avaliação 
econômica com intuito de apurar os resultados das aplicações de capital. Logo, 
neste capítulo desenvolveremos alguns aspectos destes métodos de análise de 
investimento. Um dos segmentos a ser mencionado é o método quantitativo de 
análise de viabilidade econômica, que subdivide-se em dois grupos: a) aquele que 
considera o valor do dinheiro no tempo por meio do critério do fluxo de caixa 
descontado; b) não leva em consideração o valor do dinheiro no tempo (o único é 
o Payback). Vejamos então estes instrumentos: 
4.1 VPL – Valor Presente Líquido 
Esse método considera expressamente o valor do dinheiro no tempo, 
sendo definido como uma técnica sofisticada de análise. Deste modo, essa ténica 
também utiliza o fluxo de caixa, mas aplica um desconto de uma taxa espécifica 
(taxa de desconto, retorno requerido, custo de capital ou custo de oportunidade). 
Em síntese, o VPL é encontrado através do investimento inicial subtraído o valor 
presente de suas entradas, descontada a taxa de custo de capital da empresa. 
𝑉𝑉𝑃𝑃𝑉𝑉 = 𝐴𝐴𝐴𝐴𝐴𝐴𝑇𝑇𝑟𝑟 𝑊𝑊𝑟𝑟𝐵𝐵𝑝𝑝𝐵𝐵𝐴𝐴𝑅𝑅𝐵𝐵 𝑑𝑑𝐴𝐴𝑝𝑝 𝐵𝐵𝐴𝐴𝑅𝑅𝑟𝑟𝐴𝐴𝑑𝑑𝐴𝐴𝑝𝑝 𝑑𝑑𝐵𝐵 𝑊𝑊𝐴𝐴𝐸𝐸𝑟𝑟𝐴𝐴 − 𝑅𝑅𝐴𝐴𝑟𝑟𝐴𝐴 𝑑𝑑𝐵𝐵 𝑊𝑊𝑐𝑐𝑝𝑝𝑅𝑅𝑇𝑇 𝑑𝑑𝐵𝐵 𝑊𝑊𝐴𝐴𝑊𝑊𝐸𝐸𝑅𝑅𝐴𝐴𝐴𝐴 𝑑𝑑𝐴𝐴 𝐵𝐵𝑅𝑅𝑊𝑊𝑟𝑟𝐵𝐵𝑝𝑝𝐴𝐴 
4.2 TIR – Taxa Interno de Retorno 
Trata-se de outra técnica sofisticada e comumente usada no mercado, que 
representa a taxa de desconto que faz com que a VPL de uma oportunidade de 
investimento seja igual a R$ 0,00, ou seja, em determinado momento ela se iguala 
(normalmente usado a data de início do investimento – marco zero). 
O cálculo dessa taxa consiste em uma procedimento complicado de 
tentativa e erro, o qual testa diversas taxas de desconto, sendo adequada àquela 
 
 
15 
que torna o valor presente das entradas de caixa do projeto idêntico a R$ 0,00 
(VPL = 0). Visando facilitar esse cálculo que as calculadoras ciéntificas possuem 
pré-programadas a tecla IRR. 
4.3 TMA – Taxa Mínima de Atratividade 
Consiste na taxa mínima de atratividade desejada para a decisão de 
investimento, ou seja uma taxa mínima de retorno para analisar uma viabilidade 
de um projeto. Também pode ser vista como o custo máximo que um tomador de 
dinheiro se propõe a pagar quando faz um financiamento. Diretamente, ela é 
utilizada para verificar fluxos de caixa e através do desconto, trazer esses fluxos 
de caixa ao valor presente. 
A TMA deve conter sempre 03 indicadores: custo de oportunidade 
(representa o retorno mínimo que se pode ter em investimento no mercado 
financeiro sem risco, como por exemplo investir em renda fixa com retornosbaseados na Selic); risco do negócio (agrega um percentual de risco à taxa 
mínima de atratividade); prêmio de liquidez (perda da disponibilidade dos recursos 
financeiros, quando investido dentro da atividade produtiva de um negócio). 
4.4 Payback 
O período de Payback é muito utilizado na prática, e consiste no 
estabelecimento do prazo necessário para que um suposto capital investido seja 
recuperado através dos fluxos de caixas promovidos pelo investimento. Ainda que 
muito comum, essa técnica é considerada pouco sofisticada para realização de 
análise de orçamento, por não considerar o valor do dinheiro no tempo. 
Justamente por este motivo que muitas instituições o utilizam como um método 
suplementar. 
Na prática, a empresa deve delimitar qual seria o período máximo aceitável 
de payback (quantificação fixada através de estudos de projetos, análise de riscos 
e outros fatores). Deste modo, no momento de decidir acerca de um investimento, 
se o período de payback for inferior ao período máximo aceitável, o projeto deve 
ser aceito, já se o prazo de payback for superior ao período máximo aceitável, o 
projeto deve ser descontinuado/recusado. 
As críticas a este método vão desde a não consideração do valor do 
dinheiro no tempo até o fato de que o período de payback é definido de forma 
 
 
16 
subjetiva. Essa opnião negativa também inclui que o citado método considera 
apenas o fluxo de caixa e não o lucro contábil. 
Para que fique evidente a simplicidade do método, vejamos este exemplo: 
Situação Valor investido Fluxos de Caixa 
Ano 01 Ano 02 Ano 03 Ano 04 Ano 05 
A R$ 200.000,00 R$ 
30.000,00 
R$ 
20.000,00 
R$ 
20.000,00 
R$ 
80.000,00 
R$ 
350.000,00 
B R$ 200.000,00 R$ 
100.000,00 
R$ 
100.000,00 
R$ 
100.000,00 
R$ 
100.000,00 
R$ 
100.000,00 
 
Através dessa tabela, pode concluir o seguinte: 
a) O investimento A teve investimento no valor de R$ 200.000,00, de modo 
que possui fluxo de caixa médio de R$ 100.000,00 (30.000$ + 20.000$ + 
20.000$ + 80.000$ + 350.000$ = 500.000$ / 05 anos = R$ 100.000,00 ao 
ano). Através deste cálculo, podemos concluir que o payback médio é de 
02 anos. 
b) O investimento B teve um investimento no valor de R$ 200.000,00, de modo 
que possui fluxo de caixa médio de R$ 100.000,00 (100.000$ + 100.000$ 
+ 100.000$ + 100.000$ + 100.000$ = 500.000$ / 05 anos = R$ 100.000,00 
ao ano). E da mesma forma possui um payback médio é de 02 anos. 
Entretanto, é importante mencionarmos que quando falamos em payback 
efetivo, a história é diferente, uma vez que enquanto o investimento “B” possui o 
mesmo prazo de 02 anos, o investimento “A” possui um payback efetivo de 4,2 
anos. 
TEMA 5 – INICIAÇÃO EM DEMONSTRATIVOS CONTÁBEIS 
 Neste tópico, apresentaremos brevemente como são estruturadas as 
demonstrações contábeis, além dos fatores de avaliação da mensuração de ativos 
e passivos, das receitas e despesas. 
 Conforme previsão da Lei n. 11.638/07, as sociedades por ações tem o 
dever de elaborar e publicar as seguintes demonstrações contábeis: 
• Balanço Patrimonial: é dividido em Ativo, Passivo Exigível e Patrimônio 
Líquido, podendo os dois primeiros serem circulante ou não circulante. O 
ativo não circulante é formado por realizáveis a longo prazo, investimento, 
imobilizado e intangível. Já o passivo não circulante consiste no exigível a 
 
 
17 
longo prazo (empréstimos, financiamentos, debêntures e outras 
obrigações) e patrimônio líquido (capital social integralizado, reservas de 
capital, reserva de lucros e ações em tesouraria). No que tange aos ativos 
e passivos circulantes há: a) ativos – disponibilidades, aplicações 
financeiras, clientes (duplicatas descontadas), estoques e despesas 
antecipadas; b) passivos – empréstimos e financiamentos, fornecedores e 
impostos e valores a recolher. 
• Demonstração das Mutações Patrimoniais: em síntese, trata da conciliação 
entre os saldos iniciais e finais do exercício social de todas as contas que 
compõem o patrimônio líquido, devendo restar evidente os fatos que 
provocaram mudanças apenas internas, sem alterar o patrimônio líquido, e 
também os que afetaram todo o patrimônio líquido. 
• Demonstração dos Resultados do Exercício: tem como intuito exclusivo a 
apuração do lucro ou prejuízo de determinado exercício, incluindo as 
receitas, despesas, ganhos e perdas do exercício apurados durante aquele 
regime de competência, excluindo seus pagamentos e recebimentos. 
• Demonstração dos Fluxos de Caixa: passou a ser uma exigência com a Lei 
n. 11.638/07, esta é voltada nas origens e aplicações de caixa (depósitos 
bancários, recursos em espécie e qualquer valor que se encontra 
imediatamente disponível), logo, revelando onde os recursos de caixa 
foram obtidos e onde foram investidos durante aquele exercício. A DFC é 
capaz de avaliar a atual situação financeira da empresa, demonstrando a 
sua efetiva capacidade de pagamento. 
• Demonstração do Valor Adicionado: Outra demonstração que passou a ser 
obrigatória com a Lei n. 11.638/07, visa destacar para quem a empresa 
está direcionando a riqueza apurada em determinado exercício. Nesse 
caso, consideramos o Valor Adicionado Bruto que é apurado através da 
diferença entre Receitas (receitas de venda e provisão de devedores 
duvidosos) e os gastos com aquisições de bens e serviços de terceiros 
(matérias-primas consumidas, custos das mercadorias e serviços 
vendidos, materiais e contas de consumo). 
Futuramente, iremos nós aprofundar um pouco mais neste tema, sendo 
este tópico apenas uma introdução para o desenvolvimento que ainda iremos 
elaborar. 
 
 
 
18 
REFERÊNCIAS 
ASSAF NETO, A. FINANÇCAS CORPORATIVAS E VALOR. 7. ed. São Paulo: 
Atlas, 2014. 
BRASIL. Lei n. 11.638, de 28 de dezembro de 2007. Diário Oficial da União, 28 
dez. 2007. 
GITMAN, L. J. Princípios de administração financeira. 12. ed. – São Paulo: 
Pearson Prentice Hall, 2010. 
PRATES, W. R. Teoria de Markowitz (Teoria da carteira) e a fronteira eficiente. 
Ciencias e negócios.com, 2 nov. 2016. Disponível em: 
<https://cienciaenegocios.com/teoria-de-markowitz-teoria-da-carteira-e-a-
fronteira-eficiente/>. Acesso em: 26 mar. 2022. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
AULA 5 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ANÁLISE DE CENÁRIOS 
FINANCEIROS 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Prof. Thiago Fernandes Antunes 
 
 
 
2 
INTRODUÇÃO 
Caro(a) aluno(a), seja muito bem-vindo(a) à nossa aula sobre o tema da 
análise de cenários. Como visto anteriormente, o planejamento de cenários 
consiste na elaboração de um plano de ação, mediante construção de estratégias 
que considerem todos as possibilidades do mercado. Por esse motivo, em aulas 
anteriores verificamos diversos instrumentos que têm como objetivo realizar uma 
prospecção de cenários possíveis. Na sequência, analisamos todos as questões 
econômicas que abrangem a política monetária, cambial e fiscal do país, capazes 
de abalar a participação de uma instituição no mercado. Em seguida, estudamos 
alguns pontos que são capazes de sensibilizar o mercado, como fatores 
tecnológicos, políticos e jurídicos, concluindo que as empresas devem se adaptar 
às mudanças contínuas que essas condições causam, sendo essa a única forma 
de uma empresa se manter em destaque em determinado mercado, durante um 
longo período. Por fim, estudamos o importante conceito de risco e retorno, além 
de outros diversos instrumentos fundamentais para tomada de uma decisão 
financeira racional, diante das diversas variáveis do mercado. 
Já na aula atual, nos aprofundaremos em alguns demonstrativos contábeis, 
perfazendo os seguintes cinco assuntos: 
1. Balanço Patrimonial (BP) 
2. Demonstrativo de Resultados do Exercício (DRE) 
3. Demonstração do Fluxo de Caixa (DFC) 
4. Análise de demonstrativos contábeis 
5. Indicadores de desempenho 
Desse modo, ao final desta aula você será capaz de compreender e 
elaborarum esquema de Balanço Patrimonial (BP) em que constem todas as 
contas do Ativo (Circulante e Não Circulante), do Passivo (Circulante e Não 
Circulante) e do Patrimônio Líquido (PL), além de entender e esquematizar uma 
Demonstração de Resultados do Exercício (DRE). Em seguida, compreenderá 
como se realiza a Demonstração de Fluxo de Caixa (DFC) e em que ponto esse 
conceito está no BP de uma empresa, bem como a sua importância. Ao final, 
também logrará êxito na realização da análise vertical e horizontal aplicada aos 
esquemas supramencionados, assim como entenderá os principais indicadores 
de desempenho que auxiliam na exteriorização da atual posição de uma empresa, 
no mercado. 
 
 
3 
TEMA 1 – BALANÇO PATRIMONIAL (BP) 
Conforme mencionado no último tópico da aula anterior, o instituto do BP, 
bem como os que mencionaremos em seguida, possuem sua regulamentação na 
Lei n. 6.404/1976, com importantes alterações promovidas pela Lei n. 
11.638/2007, sendo que ambos esses institutos estabelecem regras para a 
contabilidade em relação às demonstrações financeiras, assim como seus 
critérios de avaliação (Brasil, 1976, 2007). O art. 176, caput e inciso I, do primeiro 
dispositivo legal mencionado no parágrafo anterior, estabelece que, ao final de 
cada exercício social, deverão ser elaboradas demonstrações financeiras, de 
modo a evidenciar o patrimônio da companhia, sendo incluso nesses 
demonstrativos o BP (inciso I) (Brasil, 1976). 
O BP tem como principal objetivo evidenciar a posição patrimonial (conjunto 
de bens, direitos e obrigações avaliados em moeda) e financeira 
(disponibilidades, representadas pela conta-caixa, banco-movimento, aplicações 
com liquidez imediata e numerários em trânsito) da empresa em determinada 
data. Por isso, ele é considerado uma demonstração estático-dinâmica. 
Esse conjunto de bens que mencionamos podem se subdividir em: 
a. materiais/tangíveis: bens móveis (veículos, máquinas, aparelhos celulares, 
computadores etc.) e bens imóveis (casas, apartamentos, galpões, entre 
outros); 
b. imateriais/intangíveis: marcas, patentes, softwares e licenças para fins 
futuros. 
Por outro lado, os direitos são os valores que a companhia tem para 
receber de terceiros e que ainda não estão disponíveis para sua imediata 
utilização. Já as obrigações são os valores que a empresa tem de pagar para 
terceiros (dívidas). 
Por intermédio da organização de toda essa estrutura patrimonial, é 
possível que todas as empresas se utilizem da mesma sistemática, sendo 
possível realizar uma comparação entre elas. Dessa forma, conclui-se que, dentro 
de uma empresa, existe um Ativo (bens e direitos), um Passivo (obrigações com 
terceiros) e um PL (capital investido pelos proprietários), representados na 
seguinte equação: 
𝐴𝐴𝐴𝐴𝐴𝐴𝐴𝐴𝐴𝐴 = 𝑃𝑃𝑃𝑃𝑃𝑃𝑃𝑃𝐴𝐴𝐴𝐴𝐴𝐴 + 𝑃𝑃𝑃𝑃𝐴𝐴𝑃𝑃𝐴𝐴𝑃𝑃ô𝑛𝑛𝐴𝐴𝐴𝐴 𝐿𝐿í𝑞𝑞𝑞𝑞𝐴𝐴𝑞𝑞𝐴𝐴 
 
 
4 
1.1 Ativo 
Como vimos anteriormente, o Ativo é o conjunto de bens e direitos da 
empresa, conta em que são aplicados os recursos dessa empresa, possuindo 
natureza devedora. Esses itens devem ser separados e obedecer a uma ordem, 
prevista no art. 178 da Lei n. 6.404/1976, de modo que sejam organizados por 
ordem de liquidez e separados em duas contas: Ativo Circulante e Ativo Não 
Circulante. Conforme vimos em outras aulas, a liquidez é a facilidade de 
determinado ativo ser transformado em dinheiro sem ocorrer a perda significativa 
de seus valores. Por esse motivo é que os bens circulantes (realizáveis em curto 
prazo) estão à frente dos bens não circulantes (realizáveis a longo prazo, ou seja, 
com um valor que demora para ser transformado em dinheiro e entrar em caixa). 
1.1.1 Ativo Circulante e Ativo Não Circulante 
O Ativo Circulante trata-se daqueles itens realizáveis a curto prazo, de 
modo que seus valores tendem a mudar com frequência. O ativo, para ser 
considerado circulante, conforme previsto na legislação, deve preencher qualquer 
um destes requisitos (de modo não cumulativo): 
• aguarda-se que seja realizado, vendido ou consumido no decurso normal 
do ciclo operacional da entidade; 
• quando mantido essencialmente com o propósito de ser negociado; 
• que seja realizável até 12 meses após a data do BP; 
• que seja caixa ou equivalente de caixa. 
Esses ativos circulantes correspondem, então, além de a todos esses 
ativos até 12 meses após o BP, a contas de clientes, duplicatas a receber, 
aplicações financeiras, contas representativas de caixa e equivalentes de 
caixa (trata-se daquilo que você pode transformar em dinheiro em uma velocidade 
considerável). Por fim, temos ainda os estoques, que consistem em todos os bens 
disponíveis para comercialização e consumo da própria empresa (materiais de 
limpeza e de escritório); e as despesas antecipadas, quando os recursos são 
aplicados em itens cujo serviço ou benefício será usufruído no exercício seguinte, 
por exemplo, um seguro contratado com duração de 12 meses, logo cujo benefício 
da despesa seja partilhado em 12 parcelas. Assim, para realizar um resultado 
correto e não jogar todo o valor do seguro para o resultado de apenas um período, 
 
 
5 
é necessário manter esse valor no Ativo Circulante e se ir adicionando ao 
resultado a fração que foi consumida pelo seguro. 
Já o Ativo Não Circulante consiste conjunto de itens realizáveis em longo 
prazo, ou seja, após 12 meses da data do balanço. Tratam-se de ativos cujos 
valores não mudam com frequência e sobre os quais a empresa possui controle, 
em razão da vida longa útil deles. No mais, constituem meio e não fim de 
determinada atividade, sendo utilizados como meio de produção ou renda, não 
sendo destinados para venda. Assaf Neto (2014) destaca que, de acordo com a 
Lei n. 11.638/2007 (Brasil, 2007), todos os ativos originários de operações de 
longo prazo devem ser ajustados a valor presente. 
Esses ativos abarcam os ativos realizáveis a longo prazo (todos os 
créditos a receber com vencimento em prazo superior a 12 meses da data do 
balanço, além de créditos sobre o que se tem uma incerteza elevada de seu 
recebimento, como empréstimos a diretores e sócios). Entre os ativos não 
circulantes, existe o chamado ativo permanente, que é formado por: 
Investimentos (valores que são caracterizados como bens de renda, ou seja, 
recursos aplicados com a intenção de se ganhar com o seu rendimento no tempo 
ou até um imóvel adquirido com o intuito de percepção de valores de aluguel), 
Imobilizado (todos os bens de uso da empresa, por exemplo aquisição de imóvel 
para utilizar como galpão) e Intangível (valores que não tem caráter corpóreo, 
mas tem valor financeiro e podem gerar benefício futuro para a empresa, por 
exemplo, marcas e patentes). 
É importante mencionar, conforme afirmado por Assaf Neto (2014), que o 
ativo imobilizado deve preencher três requisitos: possuir duração longa; não ser 
destinado à venda; ser utilizado nas operações e negócios da empresa, sendo 
essas características que diferenciam um galpão utilizado para uso da empresa 
(bem intangível). 
1.2 Passivo Exigível 
O Passivo representa as obrigações da entidade com terceiros, possui 
natureza credora e também é denominada a origem do capital de terceiros. Ele 
também é organizado em Circulante e Não Circulante; porém, a ordem de 
organização é feita por meio de exigibilidade, ou seja: tudo aquilo que a empresa 
tem que pagar preferencialmente está em primeiro lugar e assim sucessivamente. 
Podemos citar como parte dessa conta os empréstimos de uma empresa, que 
 
 
6 
podem estar presentes tanto no Passivo Circulante como no Passivo Exigível a 
Longo Prazo, pois, quando os empréstimos executados a longo prazo se tornam 
vencíveis no exercício social seguinte, eles passam do Ativo Não Circulante para 
o Ativo Circulante. 
O Passivo Circulante, conforme supramencionado, respeita um critério de 
exigibilidade e apresenta características muito parecidascom o Ativo Circulante: 
• espera-se que seja liquidado durante o ciclo operacional da entidade; 
• também é mantido com a finalidade de ser negociado; 
• deve ser liquidado em até 12 meses após a data do balanço. 
1.3 Patrimônio Líquido (PL) 
O PL, que é o capital dos sócios, inclui o capital próprio da companhia, que 
não é exigido de terceiros, abrangendo os lucros e despesas das diferentes contas 
registradas. Há também quem considere o PL como uma obrigação com os 
sócios. A legislação não prevê uma ordem de classificação, entretanto estabelece 
as contas em que o PL é dividido: Capital Social Subscrito; Reservas de 
Capital; Reservas de Lucro; Ajustes de Avaliação Patrimonial; Ações em 
Tesouraria; Prejuízos Acumulados; e Capital a Integralizar, sendo essas 
últimas consideradas contas redutoras. Esse PL, em síntese, é o reflexo do BP, 
uma vez que irá refletir a situação líquida da empresa. 
Figura 1 – Patrimônio Líquido 
 
 
 
 
 
 
Por esse motivo é que a equação antes mencionada também pode ser 
visualizada da seguinte maneira: Ativos – Passivo = Patrimônio Líquido. Ou 
seja, em outros termos, o PL é o valor residual das aplicações após dele se 
deduzir o capital de terceiros. 
ATIVOS 
(CIRCULANTE E NÃO 
CIRCULANTE): 
BENS/DIREITOS 
PASSIVO EXIGÍVEL 
(CIRCULANTE E NÃO 
CIRCULANTE): 
DÍVIDAS/OBRIGAÇÕES 
PATRIMÔNIO LÍQUIDO 
(CAPITAL PRÓPRIO) 
Credora Devedora 
 
 
7 
É importante mencionar que o BP revela as aplicações e também as 
origens dos recursos, que podem prover tanto de capital próprio (PL), quanto de 
capital de terceiros (Passivo Exigível); e as aplicações serão para onde esses 
recursos serão dirigidos (Ativo). 
1.4 Na prática 
No decorrer deste tema, destacamos algumas expressões que estão 
presentes no BP, para cujo entendimento elaboraremos, na prática, um suposto 
BP da empresa FFA Comércio de Móveis. 
Tabela 1 – Balanço Patrimonial da empresa FFA Comércio de Móveis 
Ativo 31/12/2021 AV AH 31/12/2020 AV 
Ativo Circulante R$ 250.000,00 R$ 200.000,00 
Caixa e Equivalente R$ 90.000,00 R$ 30.000,00 
Clientes R$ 60.000,00 R$ 20.000,00 
Estoques R$ 50.000,00 R$ 100.000,00 
Despesas Antecipadas R$ 50.000,00 R$ 50.000,00 
Ativo Não Circulante R$ 650.000,00 R$ 720.000,00 
Realizável a Longo Prazo R$ 100.000,00 R$ 200.000,00 
Investimentos R$ 150.000,00 R$ 120.000,00 
Imobilizado R$ 300.000,00 R$ 280.000,00 
Intangível R$ 100.000,00 R$ 120.000,00 
Total do Ativo R$ 900.000,00 R$ 920.000,00 
 
Passivo e Patrimônio 
Líquido 31/12/2021 AV AH 31/12/2020 AV 
Passivo Circulante R$ 150.000,00 R$ 180.000,00 
Fornecedores R$ 80.000,00 R$ 80.000,00 
Empréstimos a Pagar R$ 70.000,00 R$ 100.000,00 
Passivo Não Circulante R$ 330.000,00 R$ 540.000,00 
Empréstimos a Pagar R$ 280.000,00 R$ 390.000,00 
Outros Passivos R$ 50.000,00 R$ 150.000,00 
 
 
8 
Patrimônio Líquido R$ 420.000,00 R$ 200.000,00 
Capital Social R$ 210.000,00 R$ 50.000,00 
Reserva de Lucros R$ 100.000,00 R$ 70.000,00 
Reserva de Capital R$ 110.000,00 R$ 80.000,00 
Total do Passivo e 
Patrimônio Líquido R$ 900.000,00 R$ 920.000,00 
Nos próximos temas, a Tabela 1 será completada, de modo que 
entenderemos o tema como um todo. Nota-se que, neste primeiro tema, 
alimentamos a tabela apenas com o BP e suas respectivas contas do Ativo, do 
Passivo e do PL. 
TEMA 2 – DEMONSTRAÇÃO DE RESULTADOS DO EXERCÍCIO (DRE) 
A análise de uma empresa não pode ser realizada apenas por intermédio 
do BP, uma vez que este não exprime a totalidade do desempenho da companhia, 
sendo necessário um estudo mais detalhado para que possa ser compreendido o 
que realmente ocorreu em determinado período. Por esse motivo, existe também 
a DRE. Esse instituto possui previsão no art. 187 da Lei n. 6.404/1976 e no 
Pronunciamento Técnico CPC 26 (R1) (Brasil, 1976; CPC, 2011). 
A estrutura da DRE é composta por alguns importantes elementos, cujo 
entendimento, para facilitar, sistematizaremos pelas seguintes operações: 
• Faturamento Bruto/Vendas Brutas 
(-) Devolução e cancelamentos de vendas, abatimentos sobre vendas, 
descontos incondicionais concedidos, impostos e contribuições sobre 
vendas e serviços (Imposto sobre Operações relativas à Circulação de 
Mercadorias e Prestação de Serviços de Transporte Interestadual e 
Intermunicipal e de Comunicação – ICMS, Imposto sobre Serviços – ISS, 
Programa de Integração Social – PIS e Contribuição para o Financiamento 
da Seguridade Social – Cofins) e ajuste a valor presente sobre cliente. 
• (=) Vendas Líquidas ou Receita Líquidas de Vendas: afirma Assaf Neto 
(2014) se tratar de valor efetivamente recebido pela venda de produtos e 
serviços, já que os impostos, na realidade, são recursos transitórios do 
caixa. 
 
 
9 
(-) Custo das Mercadorias e Serviços Vendidos (CMV): podemos considerar 
aqui os valores gastos para deixar a mercadoria em condições de venda 
(transporte, seguros e embalagem). 
Fórmula: CMV = Estoques Iniciais + Custo de Produção do Período – 
Estoques Finais. 
• (=) Lucro Bruto 
(-) Despesas Operacionais (despesas com vendas, parte administrativa, 
despesas gerais, financeiras e outras) 
(+) Receitas Operacionais 
• (=) Resultado Operacional Líquido (lucro ou prejuízo) 
(-) Outras Despesas Não Operacionais 
(+) Outras Receitas Não Operacionais 
• (=) Resultado Antes do IR e CSLL (Lair) 
(-) Despesa com IR e CSLL 
• (=) Resultado Após o IR e CSLL (antes das participações) 
(-) Participações Estatutárias sobre o Lucro (debêntures, empregados, 
administradores, partes beneficiárias, fundo de assistência/previdência e 
empregados; essa subtração deve ser feita de forma extracontábil, ou seja, 
de maneira separada. 
• (=) Lucro ou Prejuízo Líquido do Exercício: esse resultado líquido final 
(DRE) é transferido para a conta de Lucros ou Prejuízos Acumulados, de 
modo que, na DRE, deve ser calculado o quanto desse lucro obtido 
pertence a cada classe e espécie de ação. Por isso é que, ao final de 
determinado exercício, a DRE de todo ano tem seu saldo zerado. 
No mais, é possível perceber que, enquanto, no BP, temos as figuras do 
Ativo, do Passivo e do PL, na DRE haverá receitas, custos e despesas. 
 2.1 Na prática 
Complementando a questão anterior, adicionaremos aos dados da Tabela 
1 a DRE da empresa FFA Comércio de Móveis, construindo a Tabela 2. 
Relembramos que se tratam os dados informados de valores simulados, uma vez 
que a sua importância didática está na facilitação visual do tema. Nesta Tabela 2, 
utilizaremos a forma de análise da DRE prevista no Pronunciamento Técnico CPC 
 
 
10 
26 (R1), a qual se inicia com a verificação da DRE diretamente pela receita líquida 
e não pela receita bruta, como previsto na legislação (CPC, 2011). 
Tabela 2 – Balanço Patrimonial da empresa FFA Comércio de Móveis 
Demonstração de Resultados 31/12/2021 AV AH 31/12/2020 AV 
Receita Operacional Líquida R$ 900.000,00 
 
 R$ 790.000,00 
 
(-) Custo dos Produtos Vendidos -R$ 360.000,00 
 
 -R$ 320.000,00 
(=) Lucro Bruto R$ 540.000,00 
 
 R$ 470.000,00 
(-) Despesas Operacionais -R$ 310.000,00 
 
 -R$ 300.000,00 
* Despesas Comerciais -R$ 200.000,00 
 
 -R$ 230.000,00 
* Despesas Administrativos -R$ 110.000,00 
 
 -R$ 70.000,00 
(=) Lucro Antes Rec. e Desp Financeiras R$ 230.000,00 
 
 R$ 170.000,00 
(-) Encargos Financeiros Líquidos -R$ 25.000,00 
 
 -R$ 45.000,00 
(=) Lucro Antes de Tributos R$ 205.000,00 
 
 R$ 125.000,00 
(-) Tributos sobre o Lucro -R$ 60.000,00 
 
 -R$ 65.000,00 
(=) Lucro Líquido do Exercício R$ 145.000,00 
 
 R$ 60.000,00 
Nota-se que, diferentementedo BP, a DRE não tem um total, pois a ideia é 
realizar uma comparação com Receita Operacional Líquida. 
TEMA 3 – DEMONSTRAÇÃO DO FLUXO DE CAIXA (DFC) 
A DFC é considerada muito complexa. Tem sua previsão na legislação já 
mencionada e também no Pronunciamento Técnico CPC 03 (R2) (CPC, 2010). 
Importa ressaltar que a Lei n. 11.638/2007 tornou obrigatória a elaboração da DFC 
para todas as companhias abertas e para as companhias fechadas com PL igual 
ou superior a 2 milhões de reais na data de encerramento desse balanço (Brasil, 
2007). 
Assaf Neto (2014) acentua que o objetivo da DFC é revelar como os 
recursos do caixa foram conquistados e em que foram aplicados, num dado 
exercício, sendo um instrumento fundamental para se conhecer a real capacidade 
de pagamento da empresa. Gitman (2010) complementa que uma maneira de 
verificar, de forma antecipada, possíveis problemas no fluxo de caixa é por meio 
do estudo da liquidez da empresa, uma vez que certas dificuldades financeiras, 
 
 
11 
por vezes, originam-se de liquidez baixa e em declínio, gerando incapacidade de 
saldar as obrigações a curto prazo. 
Todas as alterações realizáveis em caixa e equivalentes serão divididas em 
no mínimo três fluxos: financiamento, investimento e operacional, para evitar que 
haja possíveis confusões. Em síntese, a DFC informa a alternância de entradas e 
saídas, em dinheiro, de uma instituição por meio dos três fluxos 
supramencionados (variação de caixa). Ela existe, exclusivamente, para esse tipo 
de operação, entrada e saída de dinheiro do caixa, não se preocupando com fato 
gerador, regime de competência ou período da transação. A DFC informa essa 
variação de caixa com uma qualidade e eficiência aprofundada. Sendo assim, a 
DFC, com seus números, verifica a capacidade da empresa de gerar fluxos 
positivos de caixa futuro; de honrar seus compromissos; a sua liquidez, solvência 
e flexibilidade financeira; a sua taxa de conversão de lucro em disponibilidade, ou 
seja, a porcentagem do lucro que se reverte em dinheiro para a entidade. 
Quanto ao termo equivalentes de caixa, tratam-se daqueles com finalidade 
de atender a compromissos de curto prazo. Entretanto, esse curto prazo é 
diferente daquele previsto no BP, uma vez que consiste no prazo de apenas três 
meses. Portanto, os equivalentes de caixa possuem três características 
cumulativas: 
1. conversibildiade imediata; 
2. insignificante risco de mudança de valor; 
3. vencimento em três meses ou menos. 
Quando mencionamos o saldo bancário a descoberto, devemos ponderar 
sobre algumas peculiaridades. Também considerado como cheque especial, 
trata-se de uma modalidade de empréstimo do banco, sendo denominado fluxo 
de atividade de financiamento. Porém, caso seja liquidado em curto prazo, irá 
integrar a gestão de caixa da empresa, sendo considerado caixa e equivalente de 
caixa. É muito importante enquadrarmos os fluxos de caixa existentes no BP 
(Figura 2). 
 
 
 
12 
Figura 2 – Fluxos de caixa no Balanço Patrimonial 
 
 
 
 
 
 
3.1 Atividades operacionais 
Atividades operacionais são os principais geradores de receitas de uma 
empresa, não se classificando como financiamento ou investimento. Gitmam 
(2010) defende tratarem-se de fluxo gerado das operações regulares da empresa, 
normalmente transitando pela apuração do lucro líquido ou do prejuízo de um 
período. Para exemplificar, venda de mercadorias, prestação de serviços, prêmios 
de seguradoras e contratos e negociação imediata são consideradas atividades 
operacionais de entrada de caixa. Já pagamento de fornecedores, de 
empregados, de seguradoras e até de Imposto de Renda são consideradas 
atividades de saída de caixa. 
3.2 Atividades de investimento 
Atividades de investimento tratam-se de atividades relativas a compra e 
venda de ativos circulantes, investimentos, imobilizados e realizáveis a longo 
prazo, desde que não constituam negócios usuais na atividade operacional da 
empresa. Nesse caso, podemos considerá-las como entradas de caixa a venda 
de ativo imobilizado e liquidação de empréstimos concedidos a terceiros. Agora, 
a aquisição de ativos intangíveis ou de longo prazo, a aquisição de instrumentos 
patrimoniais e os adiantamentos de empréstimos são considerados saídas do 
caixa de atividade de investimento. 
3.3 Atividades de financiamento 
Atividades de financiamento possuem relação com as práticas de 
financiamentos concedidos à sociedade de origem de terceiros, como é o caso da 
Fluxo de Caixa Operacional 
Fluxo de Caixa de Investimentos 
Fluxo de Caixa de Financiamento 
Ativo Circulante 
Ativo Não Circulante 
Passivo Não Circulante 
 
 
13 
integralização do capital social em dinheiro. Por exemplo, a emissão de ações, 
debêntures e títulos de vida se enquadram nas entradas desse tipo de caixa. Por 
outro lado, as amortizações de empréstimos e financiamentos caracterizam a 
saída de caixa. 
3.4 Modelos de apresentação da DFC 
Há duas formas de analisar e apresentar a DFC. A primeira delas é o 
chamado método direto, em que consideraremos os recebimentos e pagamentos 
brutos das atividades operacionais, de investimento e financiamento para 
chegarmos até a estrutura de DFC. A segunda maneira é por meio do chamado 
método indireto, o qual realiza algumas conciliações na DRE que resultam em 
lucro ajustado, considerando: 
• receitas e despesas que não têm impacto financeiro e não são atividades 
operacionais (por exemplo, a depreciação reduz o resultado na DRE, mas 
em caixa não produzem impacto, sendo necessário que sejam somadas na 
DFC); 
• aumento e diminuição das contas patrimoniais (Ativo e Passivo). 
TEMA 4 – ANÁLISE DE DEMONSTRATIVOS CONTÁBEIS 
A análise das demonstrações contábeis visa identificar a origem da 
elaboração dos demonstrativos e a real situação econômico-financeira da 
empresa, por intermédio de um processo completo de coleta de dados contábeis 
e estudo desses dados. O intuito dessa análise é produzir informações capazes 
de influenciar as tomadas de decisões de uma empresa, para que seja realizada 
a atitude mais racional e inteligente dadas as circunstâncias de um dado período. 
4.1 Análise vertical e análise horizontal 
A análise vertical e a análise horizontal possuem aplicação direta no BP e 
na DRE, pois estão ligadas à composição da estrutura da empresa (vertical) e à 
análise de períodos, tendências e histórico (horizontal). 
 
 
 
14 
4.1.1 Análise vertical 
A análise vertical busca identificar a composição patrimonial de uma 
empresa, mediante a determinação de pesos/percentuais de cada conta ou grupo 
de contas em relação ao Ativo Total, ao Passivo Total ou ao Patrimônio Líquido 
Total. Por meio do estudo prático que faremos em cima das duas tabelas 
anteriormente elaboradas, será mais descomplicada a compreensão desse 
conceito. 
É comum a utilização dessa análise para elaboração de comparativos entre 
empresas do mesmo setor, verificando os seus níveis de composição e, em caso 
de grande desproporção, da causa das diferenças registradas. Outro motivo pelo 
qual ocorre esse estudo é para comparação entre exercícios subsequentes, em 
que, se constatada alguma diferença, será possível verificar uma mudança da 
política da empresa. 
4.1.2 Análise horizontal 
Trata-se a análise horizontal da análise de período, verificando-se a 
evolução temporal dos elementos contábeis. O estudo é feito de maneira isolada, 
de modo a complementar a análise vertical. Ela verifica o comportamento histórico 
da empresa, visando identificar possíveis tendências. Essa análise de 
demonstração não utiliza a inflação, ou seja, se, por meio de uma análise vertical, 
ficar constatado o aumento de 20% em vendas brutas e, no entanto, a inflação 
daquele período tiver sido de 12%, o ganho real de vendas não será de 20%, mas 
sim bem inferior. 
A análise horizontal pode ser classificada em: 
a. encadeada, a qual considera umano específico; 
b. anual, que leva em consideração o ano anterior. 
4.2 Na prática 
Ambos os modelos, vertical e horizontal, devem ser executados 
complementando-se. Na Tabela 3, iremos utilizar as tabelas desenvolvidas nos 
exemplos anteriores e realizaremos uma análise vertical e horizontal de cada um 
de seus pontos: BP (Ativo, Passivo e PL) e DRE. 
 
 
15 
Tabela 3 – Balanço Patrimonial (Ativos) da empresa FFA Comércio de Móveis 
com análises vertical (AV) e horizontal (AH) 
Ativo 31/12/2021 AV AH 31/12/2020 AV 
Ativo Circulante R$ 250.000,00 27,78% 125% R$ 200.000,00 21,74% 
Caixa e Equivalente R$ 90.000,00 10,00% 300% R$ 30.000,00 3,26% 
Clientes R$ 60.000,00 6,67% 300% R$ 20.000,00 2,17% 
Estoque R$ 50.000,00 5,56% 50% R$ 100.000,00 10,87% 
Despesas Antecipadas R$ 50.000,00 5,56% 100% R$ 50.000,00 5,43% 
Ativo Não Circulante R$ 650.000,00 72,22% 90% R$ 720.000,00 78,26% 
Realizável a Longo Prazo R$ 100.000,00 11,11% 50% R$ 200.000,00 21,74% 
Investimentos R$ 150.000,00 16,67% 125% R$ 120.000,00 13,04% 
Imobilizado R$ 300.000,00 33,33% 107% R$ 280.000,00 30,43% 
Intangível R$ 100.000,00 11,11% 83% R$ 120.000,00 13,04% 
Total do Ativo R$ 900.000,00 100% 98% R$ 920.000,00 100,00% 
Realizamos a análise das contas do Ativo do BP da empresa FFA Comércio 
de Móveis durante dois anos consecutivos e por isso podemos concluir o seguinte: 
• Análise vertical: do total do Ativo do ano de 2021 (100%), tem-se 27,78% 
de Ativo Circulante e 72,22% de Ativo Não Circulante na composição 
daquele grupo. Dentro desses grupos temos algumas contas e verificamos 
qual a porcentagem de cada uma delas em relação ao todo, por exemplo: 
o Estoque corresponde a 5,56% do total do Ativo. O mesmo se aplica ao 
ano anterior, em que os valores são diferentes e, consequentemente, a 
composição também. 
• Análise horizontal: tem o intuito de efetuar a comparação dos Ativos de 
um ano para o outro. Conforme consta na análise da quarta coluna da 
Tabela 3, no ano de 2021 o Ativo Circulante correspondeu a um total de 
125% em face do Ativo Circulante de 2020, ou seja, houve um aumento de 
25%. Já em relação ao Estoque, vimos que o ano de 2021 correspondeu a 
50% do ano de 2020, ou seja, tivemos uma diminuição de 50% em relação 
a esse ativo. Desse modo, conclui-se que, quando a porcentagem for 
superior a 100%, tivemos um aumento; se igual a 100% não houve 
mudanças; já se for inferior a 100%, tivemos uma diminuição. 
 
 
16 
A mesma regra e os mesmos cálculos se aplicam no que tange ao Passivo 
(Tabela 4). 
Tabela 4 – Balanço Patrimonial (Passivos) da empresa FFA Comércio de Móveis 
com análises vertical (AV) e horizontal (AH) 
Passivo e Patrimônio 
Líquido 31/12/2021 AV AH 31/12/2020 AV 
Passivo Circulante R$ 150.000,00 16,67% 83% R$ 180.000,00 19,57% 
Fornecedores R$ 80.000,00 8,89% 100% R$ 80.000,00 8,70% 
Empréstimos a Pagar R$ 70.000,00 7,78% 70% R$ 100.000,00 10,87% 
Passivo Não Circulante R$ 330.000,00 36,67% 61% R$ 540.000,00 58,70% 
Empréstimos a Pagar R$ 280.000,00 31,11% 72% R$ 390.000,00 42,39% 
Outros Passivos R$ 50.000,00 5,56% 33% R$ 150.000,00 16,30% 
Patrimônio Líquido R$ 420.000,00 46,67% 210% R$ 200.000,00 21,74% 
Capital Social R$ 210.000,00 23,33% 420% R$ 50.000,00 5,43% 
Reserva de Lucros R$ 100.000,00 11,11% 143% R$ 70.000,00 7,61% 
Reserva de Capital R$ 110.000,00 12,22% 138% R$ 80.000,00 8,70% 
Total do Passivo e 
Patrimônio Líquido R$ 900.000,00 100% 98% R$ 920.000,00 100% 
Em relação à DRE, o modo de análise é o mesmo, entretanto é possível 
verificar que na DRE não existe um total dos valores, sendo que a ideia principal 
da análise vertical será a comparação com base na Receita Operacional Líquida. 
Diferentemente das tabelas anteriores, a análise vertical, na DRE, compõe 
também a porcentagem em que os valores são abatidos do cálculo total até se 
chegar ao Lucro Líquido do Exercício. Portanto, é possível notar que, da Receita 
Operacional Líquida, a empresa FFA Comércio de Móveis obteve como lucro 
líquido daquele exercício apenas 16% daquele valor. 
 
 
 
17 
Tabela 5 – DRE da empresa FFA Comércio de Móveis com análises vertical (AV) 
e horizontal (AH) 
TEMA 5 – INDICADORES DE DESEMPENHO 
Os indicadores são critérios qualitativos ou quantitativos que mostram a 
atual situação de uma operação, procedimento ou sistema. Já o desempenho é a 
relação do que foi executado pela operação em comparação com a expectativa 
do cliente ou a finalidade do gestor. Em síntese, os indicadores de desempenho 
são métodos que exteriorizam a comparação do que foi executado por uma 
operação em relação a uma meta ou objetivo. 
Dentre os papéis dos indicadores existem a medição dos resultados, os 
fatores críticos (pontos-chaves que, quando executados de forma eficiente, 
garantem o desenvolvimento da empresa), bem como do desempenho 
(comportamentos ou meios que se pretende colocar em prática), uma vez que, 
sem esses, o gestor não consegue realizar um gerenciamento efetivo, de modo a 
abolir os procedimentos ineficazes e manter os processos eficientes. 
O intuito desse instrumento é efetuar o controle de três grandes 
indicadores, que veremos na sequência. 
 
Demonstração de Resultados 
31/12/2021 AV AH 31/12/2020 AV 
Receita Operacional Líquida R$ 900.000,00 100% 113,92% R$ 790.000,00 100% 
(-) Custo dos Produtos Vendidos -R$ 360.000,00 -40% 112,5% -R$ 320.000,00 -41% 
(=) Lucro Bruto R$ 540.000,00 60% 114,89% R$ 470.000,00 59% 
(-) Despesas Operacionais -R$ 310.000,00 -34% 103,33% -R$ 300.000,00 -38% 
* Despesas Comerciais -R$ 200.000,00 -22% 86,96% -R$ 230.000,00 -29% 
* Despesas Administrativas -R$ 110.000,00 -12% 157,14% -R$ 70.000,00 -9% 
(=) Lucro Antes Rec. e Desp. 
Financeiras R$ 230.000,00 26% 135,29% R$ 170.000,00 22% 
(-) Encargos Financeiros Líquidos -R$ 25.000,00 -3% 55,56% -R$ 45.000,00 -6% 
(=) Lucro Antes de Tributos R$ 205.000,00 23% 164% R$ 125.000,00 16% 
(-) Tributos sobre o Lucro -R$ 60.000,00 -7% 92,31% -R$ 65.000,00 -8% 
(=) Lucro Líquido do Exercício R$ 145.000,00 16% 241,67% R$ 60.000,00 8% 
 
 
18 
5.1 Liquidez 
O indicador de liquidez objetiva a medição da capacidade de pagamento 
de uma entidade durante determinado período de tempo, para o que ele 
representa o cálculo do saldo das contas do Ativo e do Passivo. Há alguns índices 
vinculados a esse indicador, destacados pelo doutrinador Marion (2012), a saber: 
a. liquidez geral, que objetiva a análise de capacidade de pagamento a longo 
prazo e curto prazo; 
b. liquidez corrente, que visa verificar exclusivamente a capacidade de 
pagamento a curto prazo; 
c. liquidez seca, que se trata do cálculo do Ativo Circulante subtraído pelo 
Estoque, ou seja, mede a capacidade de uma empresa de pagar suas 
dívidas sem recorrer aos ativos do Estoque. 
Quanto mais elevados esses índices, mais vantajoso para a empresa. 
5.2 Endividamento 
O índice de endividamento mensura a proporção de dívidas de terceiros 
para financiar as operações da empresa e normalmente tem como credores os 
bancos. É calculado por meio dos saldos das contas do Passivo, em relação ao 
Ativo e ao PL. 
Também possui importantes índices, tais como: 
a. endividamento geral, que abrange o grau de endividamento de longo e 
curto prazo; 
b. endividamento de curto prazo, que, como sugere a própria denominação, 
trata do endividamento a curto prazo; 
c. endividamento proporcional ao PL, no qual o Passivo Circulante soma-se 
ao Passivo Não Circulante, sendo ao final dividido pelo PL. 
Nesse caso, quanto menores os índices, melhor será para a empresa. 
Marion (2012) complementa asseverando que esse indicador também informa a 
proporção de capital de terceiros em face do capital próprio que é utilizado pela 
empresa,ou seja, donde podemos concluir se ocorre a utilização de mais capital 
de terceiros do que recursos próprios. 
 
 
 
19 
5.3 Rentabilidade 
Esse indicador mede a rentabilidade e a lucratividade das operações 
realizadas por uma entidade, por meio do cálculo dos saldos das contas de DRE, 
PL e Ativo. Em relação aos seus índices, apresenta uma determinação diferente, 
em que: 
• Lucratividade: Lucro Líquido dividido pelas Vendas Líquidas de uma 
empresa (LL/VL) 
• Retorno sobre o Patrimônio Líquido (ROE): Lucro Líquido sobre o 
Patrimônio Líquido (LL/PL) 
• Retorno sobre o Ativo (ROA): Lucro Líquido dividido pelos Ativos Totais 
(LL/AT) 
Quanto mais elevadas essas características, melhor será para a empresa, 
uma vez que maior será a sua rentabilidade/taxa de retorno (Perez Junior; Begalli, 
2015). 
 
 
 
20 
REFERÊNCIAS 
ASSAF NETO, A. Finanças corporativas e valor. 7. ed. São Paulo: Atlas, 2014. 
BRASIL. Lei n. 6.404, de 15 de dezembro de 1976. Diário Oficial da União, 
Brasília, 17 dez. 1976. Disponível em: 
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l6404consol.htm>. Acesso em: 28 mar. 
2022. 
_____. Lei n. 11.638, de 27 de dezembro de 2007. Diário Oficial da União, 
Brasília, 28 dez. 2007. Disponível em: 
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2007/lei/l11638.htm>. 
Acesso em: 28 mar. 2022. 
CPC – Comitê de Pronunciamentos Contábeis. Pronunciamento Técnico CPC 
03 (R2): demonstração dos fluxos de caixa. Brasília, 7 out. 2010. Disponível em: 
<http://www.cpc.org.br/Arquivos/Documentos/183_CPC_03_R2_rev%2014.pdf>. 
Acesso em: 28 mar. 2022. 
_____. Pronunciamento Técnico CPC 26 (R1): apresentação das 
demonstrações contábeis. Brasília, 15 dez. 2011. Disponível em: 
<http://www.cpc.org.br/Arquivos/Documentos/243_CPC_16_R1_rev%2013.pdf>. 
Acesso em: 28 mar. 2022. 
GITMAN, L. J. Princípios de administração financeira. 12. ed. São Paulo: 
Pearson Prentice Hall, 2010. 
MARION, J. C. Análise das demonstrações contábeis. 7. ed. São Paulo: Atlas, 
2012. 
PEREZ JUNIOR, J. H.; BEGALLI, G. A. Elaboração e análise das 
demonstrações financeiras. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2015. 
AULA 6 
ANÁLISE DE CENÁRIOS 
FINANCEIROS 
Prof. Thiago Fernandes Antunes 
 
 
2 
INTRODUÇÃO 
O planejamento de cenários consiste na elaboração de um plano de ação, 
por meio da construção de estratégias que consideram todos as possibilidades do 
mercado. Entretanto, elaborar esse plano de ação não é um procedimento 
simples, sendo necessário amplo conhecimento acerca de diversos aspectos 
contábeis, financeiros, econômicos, legais, sociais e até políticos. 
Justamente buscando o entendimento de todos esses aspectos, é preciso 
verificar instrumentos que objetivam a realização de possíveis cenários e estudar 
alguns importantes sistemas, como política monetária, cambial e fiscal do nosso 
país, para compreender quais fatores podem abalar a participação de uma 
instituição no mercado. Além disso, é preciso conhecer os fatores capazes de 
sensibilizar o mercado, como avanço da tecnologia, mudanças políticas e 
jurídicas, compreendendo como as empresas devem se adaptar a essas 
alterações contínuas. 
Também é preciso dominar o conceito de risco e retorno, bem como 
instrumentos fundamentais para a tomada de decisões financeiras ponderadas. 
Por fim, é importante conhecer os demonstrativos contábeis fundamentais para a 
realização de um adequado planejamento de cenários, como balanço patrimonial, 
demonstrativo de resultados do exercício, demonstrações de fluxo de caixa e 
indicadores de desempenho. 
Na presente etapa, nos aprofundaremos em alguns outros importantes 
aspectos contábeis: capital circulante líquido; necessidade de capital de giro; 
indicadores de atividade; ciclo operacional, financeiro e econômico; e gestão de 
estoques. Ao final desse conteúdo, vocês serão capazes de verificar e diferenciar 
as mais variadas vertentes de um capital de giro, como o capital circulante líquido, 
a necessidade de capital de giro e o saldo em tesouraria. No mais, também 
saberão como identificar os principais indicadores de atividade (Prazo médio de 
estoque, recebimento e pagamentos), que influenciam diretamente no ciclo 
operacional. Consequentemente, aprenderão como verificar um ciclo operacional, 
financeiro e econômico – análise fundamental para entender como ocorre a 
gestão dos ativos e passivos de uma empresa. 
 
 
 
3 
TEMA 1 – CAPITAL CIRCULANTE LÍQUIDO 
Antes de adentrar no tópico, é necessário compreender a importância da 
administração financeira em uma empresa. Gitman (2010) destaca a relevância 
da administração financeira a curto prazo, afirmando que seus principais aspectos 
são representados pelo grau de investimento em ativos circulantes e o de 
financiamento em passivos circulantes. Ele complementa afirmando que a 
finalidade desta administração é gerenciar cada elemento do ativo circulante e 
passivo circulante, visando um equilíbrio entre rentabilidade e risco. 
Superado esse conceito, passamos para a análise do capital circulante 
líquido. Essa expressão também é muito conhecida como capital de giro líquido 
(CGL); não se trata de um indicador – como liquidez, rentabilidade e 
endividamento –, mas faz parte do tema liquidez e solvência. Por esse motivo, 
quando falamos na solvência de uma instituição, se tem como foco o fato da 
empresa possuir recursos disponíveis para quitar suas obrigações sem esforços. 
Já a liquidez mede a capacidade de pagamento da organização imediata, no curto 
e no longo prazo. 
Assim, o capital circulante líquido verifica a capacidade da empresa em 
manter os negócios no curto prazo, pois traz a ideia de que as fontes de curto 
prazo, denominadas passivo circulante, devem ser utilizadas para financiar 
aplicações de curto prazo, denominadas ativos circulante. Em síntese, a 
conceituação pode ser formulada da seguinte maneira: 
𝐶𝐶𝐿 = 𝐴𝐶 − 𝑃𝐶 
CCL Capital Circulante Líquido 
PC Passivo Circulante 
AC Ativo não Circulante 
Essa fórmula terá como resultado um valor maior ou menor do que zero. 
Se o CCL for superior a zero, os ativos circulantes serão mais que suficientes para 
cobrir os passivos circulantes. Já se o CCL for inferior a zero, os ativos circulantes 
não serão capazes de cobrir os passivos circulantes. Nessa última situação a 
empresa terá que recorrer ao ativo não circulante para pagar as dívidas de curto 
prazo. Em razão disso, ocorre diminuição na liquidez, pois a empresa terá que 
buscar recursos em ativos mais demorados (imobilizado). Após a realizar esta 
 
 
4 
análise, verificando se o capital de giro líquido é positivo ou não, concluiremos que 
quanto mais capital de giro líquido a empresa alcançar, menor será o risco 
(probabilidade de não pagar as contas) de incorrer em insolvência. 
1.1 Na prática 
Observe o quadro que traz o ativo e o passivo circulante da empresa FFA 
Comércio de Móveis. Nele, é possível verificar que a empresa, durante dois anos 
seguidos, obteve capital de giro líquido positivo, em 2021, com R$ 100.000,00 e 
no em 2020, com R$ 20.000,00. Nota-se também que em 2021 a empresa possui 
probabilidade menor de se tornar insolvente. 
Ativo 31/12/2021 31/12/2020 
Ativo Circulante R$ 250.000,00 R$ 200.000,00 
Caixa e equivalente R$ 90.000,00 R$ 30.000,00 
Clientes R$ 60.000,00 R$ 20.000,00 
Estoque R$ 50.000,00 R$ 100.000,00 
Depesas antecipadas R$ 50.000,00 R$ 50.000,00 
Passivo e Pat. Líquido 31/12/2021 31/12/2020 
Passivo Circulante R$ 150.000,00 R$ 180.000,00 
Fornecedores R$ 80.000,00 R$ 80.000,00 
Empréstimos a Pagar R$ 70.000,00 R$ 100.000,00 
1.2 Variações do ativo e passivo e a sua relação com rentabilidade e risco 
Visualizamos anteriormente que quanto maior o capital de giro líquido ou 
capital circulante líquido menor será o risco de insolvência. Gitman (2010) 
demonstra que essa análise é feita por meio da relação entre risco e rentabilidade,pois há ligação direta entre as variações de ativo e passivo circulante. 
Assim, para realizar tal análise, estudaremos primeiramente o impacto 
presente nas variações das representações do ativo circulante em face do total 
de ativos; em síntese, a variação de quanto aquele ativo circulante corresponde 
em face do ativo total. Em um segundo momento, demonstraremos a relação entre 
o passivo circulante e o total de ativos, representado pela porcentagem do ativo 
total que está sendo financiado pelo passivo circulante. 
 
 
 
5 
1.3 Na prática 
Indicador Variações Rentabilidade Risco 
Ativo circulante 
representa 60% 
do total de ativos 
Aumento para 
80% 
 
Diminuição para 
40% 
 
30% do ativo total 
está sendo 
financiado pelo 
passivo circulante 
Aumento para 
50% 
 
Diminuição para 
15% 
 
Nota-se que quando a variação do ativo circulante é positiva (aumenta), a 
rentabilidade diminui, pois os ativos circulante são menos rentáveis, ou seja 
concedem menos lucro do que um ativo imobilizado (exemplo: máquinas de 
produção), que por gerar mais valor ao produto aumentam a lucratividade. Já o 
indicador risco também irá diminuir, uma vez que a elevação do ativo circulante 
amplia o capital de giro líquido, e como já estudamos, quanto maior o capital de 
giro líquido menor será o risco de gerar dívidas que não se pode pagar. 
Por outro lado, a diminuição dessa variação (negativa), representa uma 
porcentagem maior de ativos não circulantes (imobilizados e intangíveis), que 
geram mais valor ao produto e, consequentemente, mais lucros. Da mesma 
maneira, decaindo esse ativo circulante, ocorre um aumento no risco, pois com a 
diminuição do capital de giro líquido, a possibilidade de insolvência se eleva. 
Quanto à variação da porcentagem do ativo total que está sendo financiado 
pelo passivo circulante, o aumento desse quociente angaria mais rentabilidade, 
pois a empresa utiliza mais financiamento com passivo de curto prazo e menos 
com passivos de longo prazo, sendo o primeiro mais barato, porque apenas parte 
dele possui custo e o restante corresponde apenas a encargos e juros. 
Da mesma forma, o aumento desse quociente eleva o risco de insolvência, 
já que o aumento do passivo circulante reduz o capital de giro líquido. Em 
contrapartida, a diminuição do ativo total financiado pelo passivo circulante gera 
diminuição da rentabilidade em razão do aumento no financiamento do passivo 
 
 
6 
de longo prazo, que é de custo elevado. Já em relação ao risco, também ocorre 
diminuição, consequência da elevação do capital de giro líquido. 
TEMA 2 – NECESSIDADE DE CAPITAL DE GIRO (NCG) 
Para estudar esse item, necessitamos inserir, preliminarmente, outros 
conceitos que facilitarão o entendimento. Tanto os ativos circulantes quanto os 
passivos circulantes podem ser subdivididos em dois grupos: 
• Ativo Circulante Operacional: são aplicações realizadas nas atividades 
operacionais da empresa, como disponibilidades mínimas necessárias, 
adiantamento a fornecedores, estoques, impostos a recuperar e 
despesas antecipadas. 
• Passivo Circulante Operacional: decorrem das fontes de financiamentos 
originadas dessas atividades operacionais, como fornecedores, 
impostos a pagar, adiantamentos a clientes, salários e encargos, ou 
seja, todos os passivos inerentes ao ciclo operacional, que veremos 
posteriormente. 
• Ativo Circulante Financeiro: abrange as que não fazem parte do ciclo 
operacional da empresa, como disponibilidades ociosas, aplicações 
financeiras, investimentos, caixa, créditos de empresas coligadas. 
• Passivo Circulante Financeiro: empréstimos, financiamentos, dívidas 
com coligadas e duplicatas descontadas. 
Compreendida essa diferenciação, passamos ao conceito de necessidade 
de capital de giro, que simboliza a parte de um ativo operacional não financiado 
por passivos operacionais, mas por passivos financeiros ou circulantes. 
𝑁𝐶𝐺 = 𝐴𝐶 𝑜𝑝𝑒𝑟𝑎𝑐𝑖𝑜𝑛𝑎𝑙 − 𝑃𝐶 𝑜𝑝𝑒𝑟𝑎𝑐𝑖𝑜𝑛𝑎𝑙 
Em síntese, se o passivo circulante operacional não for suficiente para 
cobrir os ativos operacionais, uma parte deste terá que ser financiada por um 
passivo de longo prazo ou será necessário gerar uma dívida (passivo financeiro) 
para cobrir essa atividade operacional. Deste modo, a situação mais favorável 
para o empregador é o NCG negativo, pois demonstra a ausência de necessidade 
de utilizar essa outra forma de capital. Assaf (2014) defende que a dependência 
de investimento em capital de giro espelha o volume líquido e os recursos 
 
 
7 
demandados pelo ciclo operacional, consequência de sua política de compras, 
vendas e estocagem. 
2.1 Na prática 
Utilizaremos o exemplo anterior, adicionando apenas outras formas de 
passivos circulantes. Nota-se que os itens grifados representam os ativos e 
passivos operacionais, sendo excluídos do cálculo os ativos e passivos 
financeiros, como caixa e empréstimos a pagar. 
𝑁𝐶𝐺 𝑑𝑒 2021 = 𝑅$ 110.000,00 − 𝑅$ 97.000,00 = 𝑅$ 13.000,00 
𝑁𝐶𝐺 𝑑𝑒 2020 = 𝑅$ 120.000,00 − 𝑅$ 122.000,00 = −𝑅$ 12.000,00 
Em 2021, a necessidade de capital de giro foi de R$13.000,00. Logo, para 
cobrir essa diferença será necessário utilizar fontes não operacionais, como fontes 
financeiras do passivo circulante ou não circulante. Em síntese, em 2021 foi 
necessário tomar recursos emprestados para poder trabalhar. Já em 2020, a 
necessidade de capital de giro foi negativa, o que demonstra não ser preciso obter 
capital originado do passivo circulante não financeiro ou não circulante. 
Com esse exemplo, é possível perceber que a necessidade de capital de 
giro não significa falta de dinheiro, pois há atitudes que podem ser tomadas pelo 
empresário para melhorar uma NCG positiva. Uma delas é pela negociação com 
fornecedor, visando aumentar o prazo de pagamento, o que geraria aumento do 
passivo operacional. A redução do valor de estoques e do prazo de pagamento 
também seria outra opção, pois diminuiria o ativo operacional. 
 
Ativo 31/12/2021 31/12/2020 
Ativo Circulante R$ 250.000,00 R$ 200.000,00 
Caixa e equivalente R$ 90.000,00 R$ 30.000,00 
Clientes R$ 60.000,00 R$ 20.000,00 
Estoque R$ 50.000,00 R$ 100.000,00 
Depesas antecipadas R$ 50.000,00 R$ 50.000,00 
Passivo e Pat. Líquido 31/12/2021 31/12/2020 
Passivo Circulante R$ 167.000,00 R$ 222.000,00 
Fornecedores R$ 80.000,00 R$ 80.000,00 
Empréstimos a Pagar R$ 70.000,00 R$ 100.000,00 
Salários a Pagar R$ 12.000,00 R$ 30.000,00 
Tributos a Pagar R$ 5.000,00 R$ 12.000,00 
 
 
8 
2.2 Saldo em Tesouraria (ST) 
Trata-se de um valor obtido por meio da subtração entre ativo financeiro e 
passivo financeiro. Vale mencionar que o capital circulante líquido se decompõe 
entre necessidade de capitalde giro e saldo em tesouraria. 
𝑆𝑇 = 𝐴𝐶 𝑓𝑖𝑛𝑎𝑛𝑐𝑒𝑖𝑟𝑜 − 𝑃𝐶 𝑓𝑖𝑛𝑎𝑛𝑐𝑒𝑖𝑟𝑜 
Quando o saldo de tesouraria for superior a zero, a empresa possui 
disponibilidade de recursos para garantir liquidez a curtíssimo prazo; se o saldo 
for inferior a zero significa que há dificuldades financeiras latentes e a 
habitualidade de uma situação igual a essa representa iminência ainda maior, pois 
indica que a empresa, por diversas vezes, possui ativos financeiros insuficientes 
para cobrir seu passivo. 
2.3 Na prática 
Para compreender melhor a coexistência entre esses três indicadores, 
faremos uma pequena atividade comparando quatro empresas diferentes. 
Observe a seguinte tabela. 
Empresa CCL NCG ST 
FFA - X + - + 
FFA - Y + + + 
FFA - Z - + - 
FFA - B - - - 
• FFA – X: essa empresa possui CCL positivo e tem ativos circulantes 
suficientes para cobrir o passivo circulante. Logo, é possível quitar as 
dívidas de curto prazo sem precisar utilizar o ativo não circulante. Seu NCG 
negativo significa que não é necessário utilizar outra forma de capital, pois 
possui há passivo circulante operacional do aque ativo circulanteoperacional, não sendo necessário criar dívidas ou utilizar o passivo não 
circulante para arcar com atividades operacionais. O ST positivo permite 
que a empresa disponha de liquidez a curtíssimo prazo, possuindo mais 
ativos circulantes financeiros do que passivos circulantes financeiros; trata-
se do melhor cenário possível de uma empresa no mercado. 
 
 
9 
• FFA – Y: essa empresa possui todos os itens da tabela positivos; autores 
que estudam o tema classificam essa situação como estável, sendo 
também um cenário positivo, ainda que, em razão do NCG positivo, a 
empresa necessite recorrer aos passivos financeiros (dívida) ou não 
circulantes para financiar parte de seu ativo operacional, pois há menos 
passivos circulantes operacionais do que ativos circulantes operacionais. 
• FFA – Z: neste caso, apenas o NCG é positivo, sendo os outros dois 
indicadores negativos. Em razão disso, os autores consideram um cenário 
ruim; na realidade, eles consideram como a pior situação possível (muito 
ruim), pois o ST negativo representa dificuldades financeiras da empresa 
(ativo circulante financeiro é inferior ao passivo circulante financeiro), o CCL 
negativo significa que os ativos circulantes não são suficientes para arcar 
com os passivos circulantes, sendo necessário recorrer aos ativos não 
circulantes, e para completar possui um NCG positivo que demonstra a 
necessidade de gerar uma dívida para arcar com o passivo. 
• FFA – B: aqui, todos os indicadores estão negativos, o que representa 
apenas um benefício em relação ao NCG, não necessitando se endividar 
para cobrir os ativos operacionais, motivo pelo qual é considerada uma 
situação ruim, classificada como segundo pior cenário. 
TEMA 3 – INDICADORES DE ATIVIDADE 
São os indicadores que se preocupam com prazos médios das contas 
vinculadas à gestão do capital de giro da empresa (ativo circulante e passivo 
circulante). Assaf (2014) destaca que o principal objetivo desses instrumentos é 
determinar o prazo de duração de um ciclo operacional, que, conforme 
comentado, abrange todas as fases operacionais, isto é, da aquisição da matéria-
prima básica até o recebimento do valor inerente às vendas realizadas. 
Uma empresa sempre irá buscar o ciclo operacional mais efetivo, aquele 
mais reduzido e que demanda menos investimento. Para tanto, as companhias 
utilizam prazos de pagamento de estoque diferenciados, além de operações de 
desconto de duplicatas relativas ás vendas a crédito. 
Para o cálculo de todos os índices que apresentaremos a seguir será 
necessário utilizar fórmulas que empregam dados do Balanço Patrimonial e da 
Demonstração do Resultado, de um ano completo, sendo calculado em dias. Por 
este motivo utilizamos nas fórmulas o número 360 (representativo da quantidade 
 
 
10 
de dias). Trata-se de uma média aproximada; caso quiséssemos calcular com 
base em meses utilizaríamos o multiplicador 12. 
3.1 Prazo médio de compras ou pagamento 
Apresenta o tempo médio em que a empresa atrasa o pagamento de suas 
dívidas de fornecedores quando estas forem realizadas a prazo. Nas palavras de 
Assaf (2014), com essa fórmula é possível chegar à rotação das contas a pagar. 
O autor também destaca que a partir do momento que os encargos embutidos 
nessas compras a prazo não excedem a taxa inflacionária do período, se torna 
interessante para a empresa um prazo de pagamento elevado. Por este motivo, a 
decisão relativa à compra (à vista ou a prazo) leva muito em consideração a taxa 
de juros da melhor aplicação financeira do mercado. 
Prazo médio de pagamento (PMC) = 
𝐶𝑜𝑛𝑡𝑎𝑠 𝑎 𝑝𝑎𝑔𝑎𝑟 𝑎 𝑓𝑜𝑟𝑛𝑒𝑐𝑒𝑑𝑜𝑟𝑒𝑠
𝐶𝑜𝑚𝑝𝑟𝑎𝑠
𝑥 360 
𝐶𝑜𝑚𝑝𝑟𝑎𝑠 = 𝑐𝑢𝑠𝑡𝑎 𝑑𝑎𝑠 𝑣𝑒𝑛𝑑𝑎𝑠 + 𝐸𝑠𝑡𝑜𝑞𝑢𝑒 𝐹𝑖𝑛𝑎𝑙 − 𝐸𝑠𝑡𝑜𝑞𝑢𝑒 𝐼𝑛𝑖𝑐𝑖𝑎𝑙 
3.2 Prazo médio de estoque 
É o tempo médio necessário para uma completa renovação de estoque. 
Quanto mais elevado for este índice, maior será o prazo em que os produtos se 
mantêm estocados e, consequentemente, mais custosa serão as necessidades 
de investimento nessa parte do ativo, gerando redução em seu retorno. Por meio 
deste número será possível identificar a eficiência em que os estoques são 
administrados e quanta influência há sobre o retorno global da empresa. 
Prazo médio de estocagem (PME) = 
𝐸𝑠𝑡𝑜𝑞𝑢𝑒𝑠
𝐶𝑢𝑠𝑡𝑜 𝑑𝑎𝑠 𝑣𝑒𝑛𝑑𝑎𝑠
𝑥 360 
3.3 Prazo médio de vendas ou recebimento 
Em contrapartida ao índice anterior, este indicador revela o tempo médio 
de recebimento das vendas realizadas a prazo. É sempre mais vantajoso para a 
empresa diminuir o máximo possível o prazo de recebimento das vendas, pois 
aumentará os recursos disponíveis para outros investimentos, além de ampliar o 
giro de seus ativos, gerando maior rentabilidade. Uma forma de reduzir o volume 
desses valores a receber é pelo desconto de duplicatas em bancos comerciais. 
 
 
11 
Prazo médio de Recebimento (PMR) = 
𝐶𝑜𝑛𝑡𝑎𝑠 𝑎 𝑟𝑒𝑐𝑒𝑏𝑒𝑟
𝑅𝑒𝑐𝑒𝑖𝑡𝑎 𝑑𝑒 𝑣𝑒𝑛𝑑𝑎𝑠
𝑥 360 
3.4 Na prática 
Agora que já compreendemos todos os aspectos conceituais do assunto, 
vamos analisar uma situação prática. As tabelas a seguir representam o balanço 
patrimonial e o demonstrativo de resultado das Lojas Renner (LREN3). Nessa 
análise iremos verificar apenas o período até 30/09/2021. 
 
https://www.investsite.com.br/balanco_patrimonial_ativo.php?cod_negociacao=LREN3 
LOJAS RENNER - BPA – 20210930 
Balanço Patrimonial - Ativo - 
Consolidado (R$ mil) 30/09/2021 % total 31/12/2020 % total 
Ativo Total 19.462.761 100,00% 14.642.583 100,00% 
Ativo Circulante 12.473.226 64,09% 8.896.766 60,76% 
Caixa e Equivalentes de 
Caixa 5.276.525 27,11% 2.066.781 14,11% 
Aplicações Financeiras 514.194 2,64% 605.572 4,14% 
Contas a Receber 3.883.599 19,95% 3.811.668 26,03% 
Estoques 1.696.046 8,71% 1.381.662 9,44% 
Ativos Biológicos 0 - 0 - 
Tributos a Recuperar 928.688 4,77% 961.997 6,57% 
Despesas Antecipadas 0 - 0 - 
Outros Ativos Circulantes 174.174 0,89% 69.086 0,47% 
Ativo Não Circulante 6.989.535 35,91% 5.745.817 39,24% 
Ativo Realizável a Longo 
Prazo 1.095.714 5,63% 950.883 6,49% 
Investimentos 0 - 0 - 
Imobilizado 4.793.105 24,63% 3.854.298 26,32% 
Intangível 1.100.716 5,66% 940.636 6,42% 
Balanço Patrimonial - Passivo - 
Consolidado (R$ mil) 30/09/2021 % total 31/12/2020 % total 
Passivo Total 19.462.761 100,00% 14.642.583 100,00% 
Passivo Circulante 5.408.443 27,79% 5.633.411 38,47% 
Obrigações Sociais e 
Trabalhistas 333.603 1,71% 226.816 1,55% 
Fornecedores 1.389.226 7,14% 1.404.852 9,59% 
Obrigações Fiscais 208.682 1,07% 402.930 2,75% 
Empréstimos e 
Financiamentos 944.116 4,85% 1.418.471 9,69% 
Outras Obrigações 2.466.473 12,67% 2.113.283 14,43% 
Provisões 66.343 0,34% 67.059 0,46% 
 
 
12 
 
Demonstração de Resultado 
do Exercício - Consolidado 
(R$ mil) 
01/07/2021 a 
30/09/2021 % total 
01/01/2021 a 
30/09/2021 % total 
Receita de Venda de Bens e/ou 
Serviços 2.626.014 100,00% 6.695.812 100,00% 
Custo dos Bens e/ou Serviços 
Vendidos -1.110.935 -42,30% -2.788.693 -41,65% 
Resultado Bruto 1.515.079 57,70% 3.907.119 58,35% 
Despesas/Receitas 
Operacionais -1.307.326 -49,78% -3.612.135 -53,95% 
Resultado Antes do Resultado 
Financeiro e dos Tributos 207.753 7,91% 294.984 4,41% 
Resultado Financeiro -18.470 -0,70% -147.936 -2,21% 
Resultado Antes dos Tributos 
sobre o Lucro 189.283 7,21% 147.048 2,20% 
Imposto de Renda e 
Contribuição Social sobre o 
Lucro -17.327 -0,66% 70.278 1,05% 
Resultado Líquido das 
Operações Continuadas 171.956 6,55% 217.326 3,25% 
Resultado Líquido de 
Operações Descontinuadas 0 - 0 - 
Lucro/Prejuízo Consolidado do 
Período 171.956 6,55% 217.326 3,25% 
Lucro por Ação - (Reais / Ação) 0,00000 - 0,00000 - 
Passivos sobre Ativos Não-
Correntes a Venda e 
Descontinuados 0 - 0 - 
Passivo Não Circulante 4.556.703 23,41% 3.507.856 23,96% 
Empréstimos e 
Financiamentos 2.425.184 12,46% 1.966.508 13,43% 
Outras Obrigações 2.055.761 10,56% 1.486.11110,15% 
Tributos Diferidos 0 - 0 - 
Provisões 75.758 0,39% 55.237 0,38% 
Passivos sobre Ativos Não-
Correntes a Venda e 
Descontinuados 0 - 0 - 
Lucros e Receitas a Apropriar 0 - 0 - 
Patrimônio Líquido 
Consolidado 9.497.615 48,80% 5.501.316 37,57% 
Capital Social Realizado 7.743.271 39,79% 3.805.326 25,99% 
Reservas de Capital -88 0,00% -25.430 -0,17% 
Reservas de Reavaliação 0 - 0 - 
Reservas de Lucros 1.694.324 8,71% 1.694.515 11,57% 
Lucros/Prejuízos 
Acumulados -43.161 -0,22% 0 - 
Ajustes de Avaliação 
Patrimonial 0 - 0 - 
Ajustes Acumulados de 
Conversão 0 - 0 - 
Outros Resultados 
Abrangentes 103.269 0,53% 26.905 0,18% 
Participação dos Acionistas 
Não Controladores 0 - 0 - 
 
 
13 
Destacamos em verde o período que iremos analisar e em vermelho os 
dados que são importantes para alcançar as respostas relativas aos prazos 
médios de estoque, recebimentos e pagamentos. 
• Cálculo do prazo médio de estoque: 
(PME) = 
1.696.046
2.788.683
𝑥 360 = 219 𝑑𝑖𝑎𝑠 (𝑎𝑝𝑟𝑜𝑥𝑖𝑚𝑎𝑑𝑎𝑚𝑒𝑛𝑡𝑒) 
• Cálculo do prazo médio compras: neste caso, preste mais atenção, pois há 
necessidade de realizar o cálculo das compras anuais a prazo, resultado 
que será adquirido pela soma dos custos das vendas com o estoque final, 
subtraindo o estoque inicial (saldo do estoque do balanço anterior). 
𝐶𝑜𝑚𝑝𝑟𝑎𝑠 = 2.788.693 + 1.696.046 − 1.381.662 = 3.103.077 
(PMC) = 
1.389.226
3.103.077
𝑥 360 = 161 𝑑𝑖𝑎𝑠 (𝑎𝑝𝑟𝑜𝑥𝑖𝑚𝑎𝑑𝑎𝑚𝑒𝑛𝑡𝑒) 
• Cálculo do prazo médio de recebimentos: 
(PMR) = 
3.883.599
6.695.812
𝑥 360 = 209 𝑑𝑖𝑎𝑠 (𝑎𝑝𝑟𝑜𝑥𝑖𝑚𝑎𝑑𝑎𝑚𝑒𝑛𝑡𝑒) 
Esse estudo deixou claro que, atualmente, o estoque da Renner demora 
em média 219 dias para ser renovado, além de possuir prazo médio de 
recebimento superior ao prazo médio de pagamento, o que demonstra certa 
desvantagem, pois a empresa demora mais para receber do que para pagar, ou 
seja, vende com prazos superiores aos que compra junto aos fornecedores, 
gerando necessidade de utilizar outras formas de capital. 
TEMA 4 – CICLO OPERACIONAL, FINANCEIRO ECONÔMICO 
Para que o gestor de uma empresa possua visão ampla de todo o processo 
de compra, armazenagem, vendas e recebimentos de pagamentos, ele utiliza os 
prazos médios para verificar todo esse período, sendo fundamental a separação 
desse procedimento em ciclos: econômico, financeiro e operacional. 
O ciclo operacional representa todo o período entre a compra da matéria-
prima e o recebimento do valor relativo à venda daquele bem que utilizou a mesma 
matéria-prima, ou seja, é a duração prevista (em meses ou dias), que perdura da 
aquisição da matéria-prima até o recebimento da venda do produto acabado. 
 
 
14 
 
Fonte: Assaf Neto; Silva, 2012, p. 11. 
Neste quadro, é possível verificar que cada uma das fases de um ciclo 
operacional possui certa duração. Assim, a empresa/indústria realiza a compra da 
matéria-prima e até sua fabricação teremos o PMEmp (prazo médio de estocagem 
de matéria-prima). Depois de iniciada a fabricação, inicia-se o PMF (prazo médio 
de fabricação); quando finalizada, origina o PMV (prazo médio de venda), também 
denominado PMEpt (prazo médio de estocagem de produtos terminados), que irá 
perdurar até o momento da venda. Mesmo após realizar a venda, há outro prazo 
que permanecerá até o dia do recebimento do valor correspondente à venda, o 
de PMC ou PMR (prazo médio de cobrança ou prazo médio de recebimento). 
Durante todos esses períodos incide o custo operacional, uma vez que este 
ciclo operacional gera obrigações com fornecedores, pagamento de salários dos 
funcionários, pagamentos de luz, água e aluguéis, e de títulos. Ao final do 
processo, com a venda do produto é gerada a obrigação do pagamento dos 
tributos, além das duplicatas a receber no caso de venda a prazo. Após a venda, 
o dinheiro vem para o caixa, onde será possível pagar todas as custas relativas 
ao processo. Pelo estudo deste ciclo é possível identificar o quanto de fôlego 
financeiro é necessário durante o período. 
O ciclo econômico representa o tempo que o produto fica no estoque até a 
venda. Logo, considerando o orgonograma anterior, este ciclo abrangerá o 
PMEmp, o PMF e o PMV, momento em que ocorrerá efetivamente a venda. Já o 
ciclo financeiro é composto pelo prazo médio de pagamento aliado ao prazo médio 
de recebimento. Para identificá-lo, é necessário somar todo o ciclo operacional 
menos o prazo médio de pagamento aos fornecedores. 
 
 
15 
4.1 Na prática 
Para auxiliar o entendimento sobre o tópico, imaginemos que uma empresa 
que venda sapatos possui as seguintes características: 
• Compra no dia 01/07 e venda no dia 01/08. Sendo o ciclo econômico do 
produto de 30 dias; 
• Com a compra em 01/07 e a venda em 01/08 (30 dias), a loja concede 
prazo de recebimento; parcelamento em 4 vezes, sendo 30, 60, 90 e 120 
dias; a média de recebimento é de 75 dias. Desse modo, concluímos que 
o ciclo operacional possui prazo total de 30 + 75 = 105 dias. 
• Ao mesmo tempo, essa loja de sapatos costuma pagar os fornecedores em 
3 vezes, isto é, com 30, 60 e 90 dias, tendo como prazo médio de 
pagamento de 60 dias. 
Assim, possuindo o prazo total do ciclo operacional de 105 dias e o prazo 
médio de pagamento aos fornecedores de 60 dias, é possível concluir que o ciclo 
financeiro dessa empresa perdura pelo prazo de 45 dias, ou seja, a loja deve 
possuir caixa suficiente para suportar 45 dias até receber do cliente. 
4.2 Efeito tesoura 
A administração inadequada do capital de giro pode levar ao chamado 
efeito tesoura. O NCG (necessidade de capital de giro) quando positivo, gera a 
necessidade de recorrer ao patrimônio líquido e ao passivo não circulante, mas 
supondo que esses dois não sejam suficientes, a empresa terá que recorrer à 
tesouraria (caixa; dívidas com o banco). 
A necessidade de financiar a falta de capital de giro em financiamentos de 
curto prazo (juros mais elevados) é ruim para a empresa. O efeito tesoura nascerá 
quando o NCG crescer e as fontes de longo prazo não acompanharem. Assim, a 
cada período (ano) que faltar capital, surge um novo financiamento pelo banco, 
mas chega um momento em que a dívida bancária se torna impossível de ser 
solvida, sendo constatado o efeito tesoura. Tal efeito pode ser consequência de: 
a) vendas em prejuízo; b) ampliação de estoques; c) utilização de dinheiro de 
capital de giro para ativos imobilizados; d) aumento excessivo das vendas sem ter 
estrutura de capital. 
 
 
 
16 
TEMA 5 – GESTÃO DE ESTOQUE 
A gestão de estoques é um ativo, abrangendo os produtos já prontos para 
venda e aqueles em processo de produção. Conforme afirma Gitman (2010), o 
principal objetivo da administração de estoques é girá-los (renová-los) o mais 
rápido possível, sem causar perdas de vendas decorrentes de faltas. 
Empresas de grande porte que têm diversos diretores/administradores, 
geralmente possuem problemas no que tange ao estoque, pois administradores 
financeiros, de marketing e de produção possuem pontos de vista diferentes 
quanto ao nível apropriado de estoque, e cada um irá buscar o mais vantajoso, 
considerando seus próprios objetivos. 
O administrador financeiro buscará baixo nível de estoque, impedindo 
investimentos desnecessários em recursos excessivos; o diretor de marketing 
visará a um alto estoque para atender todos os clientes com agilidade, evitando 
atrasos e faltas; o administrador de produção defenderá o alto nível de estoques, 
pois a produção em lotes reduziria o custo unitário do produto. Em razão dessa 
divergência, foram desenvolvidas técnicas de administração efetiva de estoque. 
• Sistema ABC: classificam os estoques em três grupos, de modo que o 
grupo A inclui os itens de maior investimento em dinheiro, o grupo B 
corresponde aos itens que demandem o segundo maior investimento, e o 
grupo C abrange um grande número de itens que demandem baixo 
investimento. Após realizaressa divisão, institui-se um método de 
monitoramento diferenciado para cada um destes, sendo o A monitorado 
diariamente em razão do alto investimento, o B com análises periódicas por 
conta da média importância, enquanto o C apresenta técnicas rudimentares 
de monitoramento. 
• EOQ (economic orden quantity): trata-se do método mais adequado para 
gestão de itens que demandem maior investimento. Este divide os custos 
relevantes do estoque em custos de pedido e de carregamento. O primeiro, 
inclui custos administrativos fixos, como custo de preenchimento de ordem 
de compra, processamento de documentação e recebimento de pedido e 
sua conferência, sendo estabelecidos em valores monetários de cada um 
dos pedidos. Já o custo de carregamento, corresponde aos custos variáveis 
unitários de manter um bem em estoque durante determinado período, 
como custo de armazenagem, seguro e deterioração, sendo estes 
 
 
17 
estabelecidos por unidade e por período. Este modelo, visa comparar a 
compensação entre custos de pedido e de carregamento, definindo o 
tamanho do pedido que minimiza o custo total de estoque. 
• JIT (just-in-time): possui a ideia de que os materiais só devem chegar no 
momento em que forem necessários para a produção, com o intuito de 
minimizar o investimento em estoques. Por esse motivo, não defende a 
realização de um estoque de segurança. Esse método exige cooperação 
muito grande do fornecedor (concedendo produtos de qualidade) e de 
transportadores (entregas no prazo), pois atrasos na entrega e problemas 
com a qualidade de insumos acarretariam interrupção da produção. 
5.1 Gestão de contas 
Este componente é ser dividido em dois grupos: gestão de contas a pagar 
e gestão de contas a receber, que possibilitam levantar tudo o que a empresa tem 
a pagar e a receber no curto e longo prazo. A admininistração de contas a receber 
objetiva controlar os recebimentos e adotar medidas para reduzir a inadimplência. 
Para isso, é necessário também adotar medidas preliminares de análise de 
crédito, evitando possíveis inadimplências. Ou seja, a aplicação de instrumentos 
para determinar os eventuais clientes que fazem jus ao crédito, como os cinco Cs, 
conceito fundamental para a correta administração de contas a receber. 
Quando o assunto é a gestão de contas a receber, o foco está na 
diminuição do prazo médio de recebimento, havendo dois subgrupos: a) intervalo 
entre a venda e o momento em que o cliente efetivamente paga; b) tempo 
necessário para receber, processar e transformar o pagamento em caixa. 
No que tange a gestão de contas a pagar, também há uma divisão: a) prazo 
entre a compra a crédito de bens e o momento em que a empresa efetiva o 
pagamento; b) tempo necessário para que a empresa fornecedora realize todo o 
procedimento de recebimento do valor transformando-o em caixa, também 
conhecido como float. Nesse caso, o principal objetivo da empresa é estender ao 
máximo o prazo de pagamento, sem prejudicar o rating de crédito. Uma gestão 
eficiente sempre irá efetuar o pagamento no último dia possível de vencimento, 
permitindo aproveitar ao máximo o recurso durante este prazo. No mais, evitar o 
pagamento de multas, juros e contas em duplicidade também faz parte de uma 
gestão efetiva por parte da empresa. 
 
 
 
18 
REFERÊNCIAS 
ASSAF NETO, A. Finançcas Corporativas e Valor. 7. ed. São Paulo: Atlas, 2014. 
GITMAN, L. J. Princípios de administração financeira. 12. ed. São Paulo: 
Pearson Prentice Hall, 2010. 
LOJAS RENNER. Balanço anual 2020. Disponível em: <https://api.mziq.com/m
zfilemanager/v2/d/13154776-9416-4fce-8c46-3e54d45b03a3/5fd9ad54-a083-
5e3e-b279-7001d66f8c46?origin=1>. Acesso em: 1º abr. 2022. 
INVEST SITE. Balanço Patrimonial Ativo – Lojas Renner. Disponível em: 
<https://www.investsite.com.br/balanco_patrimonial_ativo.php?cod_negociacao=
LREN3>. Acesso em: 1º abr. 2022. 
INVEST SITE. Demonstração do Resultado do Exercício - Consolidado – 
Lojas 
Renner. Disponível em: <https://www.investsite.com.br/demonstracao_resultado.
php?cod_negociacao=LREN3>. Acesso em: 1º abr. 2022. 
MARTINS, E.; MIRANDA, G. J.; DINIZ, J. A. Análise Didática das Demonstrações 
Contábeis. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2020.

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