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Álgebra I AD1 - Primeira Avaliação a Distância - Aulas 1 a 6 Questão 1: (2, 0 pontos) Demonstre a seguinte igualdade (A×B) \ (C ×D) = [(A \ C)×B] ∪ [A× (B \D)] Solução: Mostremos inicialmente que (A×B) \ (C ×D) ⊂ [(A \ C)×B] ∪ [A× (B \D)] . Tomemos então um elemento arbitrário (a, b) ∈ (A×B)\(C ×D), das definições de produto cartesiano e diferença entre conjuntos vem que a ∈ A, b ∈ B e ou a /∈ C ou b /∈ D. Se a /∈ C, como a ∈ A, tem-se que a ∈ A \ C e como b ∈ B então concluimos que (a, b) ∈ (A \ C)×B. Analogamente se b /∈ D, como b ∈ B então b ∈ B \ D e como a ∈ A então (a, b) ∈ [A× (B \D)]. Conclusão (a, b) ∈ [(A \ C)×B] ∪ [A× (B \D)] . Vamos mostrar agora a inclusão contrária, isto é, [(A \ C)×B] ∪ [A× (B \D)] ⊂ (A×B) \ (C ×D) . Tomemos agora (a, b) ∈ [(A \ C)×B] ∪ [A× (B \D)], dáı vem que (a, b) ∈ (A \ C)×B ou (a, b) ∈ A× (B \D). Se (a, b) ∈ (A \ C) × B então a ∈ (A \ C) e b ∈ B donde conclui-se que a ∈ A, a /∈ C e b ∈ B, ou seja, (a, b) ∈ A×B e (a, b) /∈ (C ×D), isto é, (a, b) ∈ (A×B) \ (C ×D). Se (a, b) ∈ A × (B \D) então a ∈ A e b ∈ B \ D, assim a ∈ A, b ∈ B e b /∈ D donde concluimos que (a, b) ∈ (A×B) \ (C ×D). Questão 2: Para n, i ∈ N, definimos n i = n! i! (n− i)! , se n ≥ i 0, se n < i 1 (a) (1, 0 ponto) Mostre que para todo par n e i, de números naturais não nulos, vale a relação n i− 1 + n i = n + 1 i , conhecida como Relação de Stifel. (b) (1, 0 ponto) Utilizando o Prinćıpio de Indução e o item anterior, mostre que dado um par n e i de números naturais quaisquer, o número n i é natural. Solução: (a) Observe inicialmente que o número binomial ( n i ) não tem sentido quando i < 0. Se n = 1 então i = 1 (porque a fórmula não faz sentido para i = 0) e( 1 0 ) + ( 1 1 ) = 2 = ( 2 1 ) e, portanto, a expressão é verdadeira neste caso. Suponha que a expressão seja verdadeira para algum número natural, chamemos k este número e para todo i ∈ N− {0} com i ≤ k. Queremos mostrar que( k + 1 i ) + ( k + 1 i + 1 ) = ( k + 2 i + 1 ) . De fato, ( k + 1 i ) + ( k + 1 i + 1 ) = (k + 1)! i!(k − i + 1)! + (k + 1)! (i + 1)!(k − i)! = = k + 1 i k! (i− 1)!(k − i + 1)! + k + 1 (i + 1)i k! (i− 1)!(k − i)! = = (k + 1) (i + 1) (( k i− 1 ) + ( k i )) ︸ ︷︷ ︸ Hip. de Indução + (k + 1) i(i + 1) ( k i−1 ) = = (k + 1) i(i + 1) [ i ( k+1 i ) + ( k i−1 )] = = (k + 1). (k + 1)! (i + 1)!(k − i + 1)! + (k + 1)! (i + 1)!(k − i + 1)! = = (k + 2)! (i + 1)!(k − i + 1)! = ( k + 2 i + 1 ) . 2 (b) Observe que a afirmação é claramente válida para n = 0 e n = 1 e i qualquer, e para i = 0 e n qualquer. Faremos então indução sobre n, para n ≥ 1 e i ≥ 1. Suponha então, por hipótese de indução, que n i é natural para um determinado n e para i qualquer, nas condições estabelecidas acima. Da Relação de Stifel vem que n + 1 i = n i− 1 + n i , que é natural pela nossa hipótese de indução. Questão 3: (2, 0 pontos) Seja A o conjunto definido por A = {X ⊂ Z tal que X é um conjunto limitado} . Verifique se valem as propriedades reflexiva, anti-simétrica e transitiva para a relação definida em A por X ≤ Y ⇐⇒ existe x ∈ X tal que x ≤ y, qualquer que seja y ∈ Y , e conclua se esta é uma relação de ordem. Solução: Observe, inicialmente, que um conjunto limitado de números inteiros é um con- junto finito da forma X = {x1, x2, x3, x4, ...xn} e, portanto, possui um elemento mı́nimo m e um elemento máximo M . • É reflexiva X ≤ X, pois X possui um mı́nimo m tal que m ≤ x, qualquer que seja x ∈ X. • Não é anti-simétrica Para X = {1, 2} e Y = {1, 3}, tem-se X ≤ Y e Y ≤ X, mas X 6= Y . • É transitiva Sejam X,Y e Z tais que X ≤ Y e Y ≤ Z. Como Y ≤ Z então existe y0 ∈ Y tal que y0 ≤ z, qualquer que seja z ∈ Z. Por outro lado, se X ≤ Y então existe x ∈ X tal que x ≤ y, qualquer que seja y ∈ Y . Em particular, x ≤ y0 ≤ z, qualquer que seja z ∈ Z. Logo, X ≤ Z. 3 Conclusão: Não é uma relação de ordem. Questão 4: (2, 0 pontos) Dados n números naturais consecutivos, mostre que um e apenas um destes números é diviśıvel por n. Solução: Se n = 1 ou n = 2, então a afirmação é verdadeira porque 1 divide qualquer número e para qualquer número natural a, ou bem a é par ou bem a + 1 é par. Portanto, exatamente um dos números a, a + 1 é diviśıvel por 2. Sejam a, a + 1, · · · , a + n − 1 os n números naturais consecutivos. Vamos mostrar que um, e somente um, deles é diviśıvel por n. Pelo Teorema de Euclides existem inteiros d e r, com 0 ≤ r < n tais que a = n · d + r. Logo, a + k = n · d + r + k, para todo k ∈ {0, 1, · · · , n − 1}. Como 0 ≤ r < n existe k ∈ {0, 1, · · · , n− 1} tal que r + k = n e, portanto, a + k é diviśıvel por n para este k. Por outro lado, não podem existir dois múltiplos de n na sequência. De fato, se b e c são termos da sequência (suponha b < c) e n divide ambos, então n divide a c − b (confira!) e claramente temos 0 < c− b < n. Uma contradição, já que o menor múltiplo positivo de n é n. Questão 5: (2, 0 pontos) Na organização de uma festa de aniversário estão dispońıveis 180 balas de caramelo, 252 balas de hortelã e 324 balas de iogurte. Pretende-se dividir as balas em pacotes que só contenham um sabor, mas espera-se que cada pacote tenha a mesma quantidade e que não sobre bala após a divisão. Quantas unidades, no máximo, pode haver em cada pacote? Solução: Seja d o número de balas que devemos colocar em cada pacote. Como cada pacote só tem um sabor de bala, se o número de pacotes de balas de caramelo, hortelã e iogurte são, respectivamente, q1, q2 e q3, então vale 180 = q1 · d, 252 = q2 · d, 324 = q3 · d, isto é, d divide os três número 180, 252 e 324. Queremos que o número de balas em cada pacote seja o maior posśıvel, ou seja, queremos que d divida os três número e que seja máximo nesta propriedade. Logo, d = mdc(180, 252, 324) = 36. 4
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