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Álgebra I - Soluções da AD1 1a Questão: (2, 0 pontos) Considere a seguinte seqüência de somas 1 2! = 1 2 1 2! + 2 3! = 5 6 1 2! + 2 3! + 3 4! = 23 24 1 2! + 2 3! + 3 4! + 4 5! = 119 120 ... e seja P (n) a soma 1 2! + 2 3! + ...+ n− 1 n! . Determine uma expressão para P (n) e, em seguida, utilizando o Prinćıpio da Indução Finita, prove a sua validade para n ≥ 2. Solução: A lei de formação é dada por 1 2! + 2 3! + ...+ n− 1 n! = n!− 1 n! De fato, se n = 2 a fórmula fornece 2!− 1 2! = 2− 1 2! = 1 2! , ou seja, a expressão é verdadeira para n = 2. Admitimos, para hipótese de indução, que 1 2! + 2 3! + ...+ k − 1 k! = k!− 1 k! . Provemos que o resultado vale para k + 1. De fato 1 2! + 2 3! + ...+ k − 1 k! + (k + 1)− 1 (k + 1)! = (k + 1)!k!− (k + 1)! + k!(k + 1)− k! k!(k + 1)! = 1 = (k + 1)!k!− (k + 1)! + (k + 1)!− k! k!(k + 1)! = k! [(k + 1)!− 1] k!(k + 1)! = (k + 1)!− 1 (k + 1)! . 2a Questão: Seja n ≥ 1. Prove que: (a) (1, 0 ponto) 23n − 1 é sempre diviśıvel por 7; (b) (1, 0 ponto) 2n + (−1)n+1 é sempre diviśıvel por 3. Solução: (a) De fato, faremos a prova por indução sobre n. Para n = 1 23 − 1 = 7 e portanto o resultado vale para n = 1. Tomemos para hipótese de indução que 7 divide 23k − 1, isto é, existe um inteiro a tal que 23k − 1 = 7a. Provemos que 7 divide 23(k+1) − 1. Para isto, note que 23(k+1)−1 = 23k · 23 − 1 ︸ ︷︷ ︸ Utiliza-se aqui a hipótese de indução: 23k=7a+1 = (7a+ 1)·23−1 = 8·7a+23−1 = 7 (8a+ 1) Ou seja, existe a = 8a+ 1 tal que 23(k+1) − 1 = 7a, mostrando que 7 divide 23(k+1) − 1. (b) Para n = 1 tem-se que 2 + (−1)2 = 3. OK! Hipótese de Indução: Existe um inteiro a tal que 2k + (−1)k+1 = 3a. n = k + 1 2k+1 + (−1)k+1+1 = 2k+1 + (−1)k+1 (−1) = 2k+1 + ( 3a− 2k ) (−1) = 2k+1 − 3a + 2k = 2k (1 + 2)− 3a = 3 ( 2k − a ) . Ou seja, existe um inteiro a = 2k − a tal que 2k+1 + (−1)k+1+1 = 3a, 2 que mostra o resultado desejado. 3a Questão: Prove que se I1, I2, ..., Ir são ideais de Z então: (a) (1, 0 ponto) I1 ∩ I2 ∩ ... ∩ Ir é um ideal de Z. (b) (0, 5 ponto)I1 + I2 + ... + Ir = {x1 + x2 + ...+ xr : xj ∈ Ij, j = 1, 2, 3, ..., r}, é um ideal de Z. (c) (0, 5 ponto) Mostre, por meio de um contra-exemplo que, dados I1 e I2 ideais de Z, para que I1 ∪ I2 seja ideal necessariamente deve-se ter I1 j I2 ou I2 j I1. Solução: (a) Denotemos por I = r⋂ j=1 Ij. Deve-se verificar que (i) 0 ∈ I. De fato, como por hipõtese cada Ij, j = 1, 2, ..., r é um ideal então 0 ∈ Ij, j = 1, 2, ..., r, portanto 0 ∈ I. (ii) Sejam x, y ∈ I =⇒ x, y ∈ Ij, j = 1, 2, ..., r =⇒ x + y ∈ Ij, j = 1, 2, ..., r =⇒ x+ y ∈ I = r⋂ j=1 Ij. (iii) Se x ∈ I =⇒ x ∈ Ij, j = 1, 2, ..., r =⇒ −x ∈ Ij, j = 1, 2, ..., r =⇒ −x ∈ I. (iv) Seja r ∈ Z e x ∈ I então x ∈ Ij, j = 1, 2, ..., r e portanto rx ∈ Ij, j = 1, 2, ..., r pois cada Ij é ideal=⇒ rx ∈ I = r⋂ j=1 Ij. Dessa forma fica provado que I = r⋂ j=1 Ij é uma estrutura ideal de Z. (b) Denotando por I = I1 + I2 + ...+ Ir teremos que: (i) 0 ∈ I, pois 0 = 0 + 0 + ...+ 0, com 0 ∈ Ij, j = 1, 2, ..., r. (ii) Sejam x = x1+x2+ ...+xr e y = y1+ y2+ ...+ yr pertencentes a I então como cada xj, yj ∈ Ij, j = 1, 2, ..., r tem-se que xj + yj ∈ Ij, j = 1, 2, ..., r =⇒ x+ y ∈ I. (iii) se x ∈ I =⇒ x = x1 + x2 + ... + xr, com xj ∈ Ij, j = 1, 2, ..., r =⇒ −xj ∈ Ij, j = 1, 2, ..., r =⇒ −x = −x1 + (−x2) + ...+ (−xr) ∈ I. (iv) Dado s ∈ Z e x ∈ I então sx = sx1 + sx2 + ... + sxr e como sxj ∈ Ij, j = 1, 2, ..., r então sx ∈ I. Portanto I é um ideal de Z. 3 (c) De fato, tomando como exemplo I1 = 2Z e I2 = 3Z nota-se que I1 * I2 e I2 * I1 e 8 e 9 ∈ I1 ∪ I2, mas no entanto 1 = 9− 8 /∈ I1 ∪ I2, ou seja, I1 ∪ I2 não é ideal de Z. 4a Questão: Determine se cada uma das afirmações abaixo é verdadeira ou falsa. Prove as que julgar verdadeiras e apresente um contra-exemplo para as falsas: (a) (1, 0 ponto) Se I ⊂ Z é um ideal de Z então o complementar Ic ⊂ Z também é um ideal de Z; (b) (1, 0 ponto) O conjunto I = {m ∈ Z; m2 é diviśıvel por 2} é um ideal de Z. Solução: (a) Falsa Basta observar que, sendo I um ideal, 0 ∈ I. Logo, 0 /∈ Ic e, portanto, Ic não é um ideal. (b) Verdadeira • 0 ∈ I, pois 02 = 0 e 2 | 0, visto que 2 · 0 = 0 • Se x, y ∈ I, então existem inteiros p e q tais que x2 = 2p e y2 = 2q.. Assim (x− y)2 = x2 + y2 − 2xy = 2p+ 2q − 2xy = 2(p+ q − xy) e, portanto, (x− y) ∈ I. • Se x ∈ I, então existe inteiro p tal que x2 = 2p. Assim, para todo r ∈ Z, (rx)2 = r2x2 = r22p = 2(r2p) e, portanto, rx ∈ I. 5a Questão: (1, 0 ponto) Seja A o conjunto definido por A = {X ⊂ Z tal que X é um conjunto limitado} . Verifique se valem as propriedades reflexiva, anti-simétrica e transitiva para a relação definida em A por X ≤ Y ⇐⇒ existe x ∈ X tal que x ≤ y, qualquer que seja y ∈ Y , 4 e conclua se esta é uma relação de ordem. Solução: Observe, inicialmente, que um conjunto limitado de números inteiros é um con- junto finito da forma X = {x1, x2, x3, x4, ...xn} e, portanto, possui um elemento mı́nimo m e um elemento máximo M . • É reflexiva X ≤ X, pois X possui um mı́nimo m tal que m ≤ x, qualquer que seja x ∈ X. • Não é anti-simétrica Para X = {1, 2} e Y = {1, 3}, tem-se X ≤ Y e Y ≤ X, mas X 6= Y . • É transitiva Sejam X, Y e Z tais que X ≤ Y e Y ≤ Z. Como Y ≤ Z então existe y0 ∈ Y tal que y0 ≤ z, qualquer que seja z ∈ Z. Por outro lado, se X ≤ Y então existe x ∈ X tal que x ≤ y, qualquer que seja y ∈ Y . Em particular, x ≤ y0 ≤ z, qualquer que seja z ∈ Z. Logo, X ≤ Z. Conclusão: Não é uma relação de ordem. Questão 6: (1, 0 ponto) Como mdc(a, b) = 1, então existem inteiros r e s tais que ar + bs = 1 e, portanto, acr + bcs = c. Como a | bc, existe um inteiro q tal que bc = aq. Assim c = acr + bcs = acr + aqs = a(cr + qs) = aq, e,portanto, a | c. 5
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