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Ricardo Matos Santana1 Sonia Maria Isabel Lopes Ferreira2 Sharon Shyrley Weyll Oliveira3 SANTANA, R. M.; FERREIRA, S. M. I. L. ; OLIVEIRA,S.W.Estruturas Organizacionais e os Serviços de Enfermagem. Ilhéus, Universidade Estadual de Santa Cruz, p. 1-12, 2002. Mimeografado. Este texto é uma "Revisão de Literatura", com vistas à sua utilização como material instrucional da Disciplina Gerenciamento de Enfermagem nos Serviços Hospitalares do Curso de Graduação em Enfermagem da UESC. Serão descritos os principais conceitos teóricos, os aspectos formal e informal dentro das organizações, as características principais e amplitude da supervisão da estrutura organizacional, além dos tipos tradicionais e contemporâneos de estruturas organizacionais. Bem como a discussão a respeito da inserção e posição dos Serviços de Enfermagem nas diversas estruturas organizacionais e suas implicações no gerenciamento de enfermagem. UNITERMOS: gerenciamento, organização, estruturas organizacionais, enfermagem. 1. INTRODUÇÃO A palavra organização pode ser usada com dois significados diferentes, como os descritos por Chiavenato (2000a): 1. Organização como uma unidade ou a entidade social, na qual as pessoas interagem entre si para alcançar objetivos específicos. Dentro desse ponto de vista, a organização pode ser visualizada sob o aspecto formal e o aspecto informal, como será abordado mais adiante neste texto; 2. Organização como função administrativa e parte do processo administrativo. Neste sentido, organização significa o ato de organizar, estruturar e integrar os recursos e os órgãos incumbidos de sua administração e estabelecer relações entre eles e atribuições de cada um deles. O desenho organizacional retrata a configuração estrutural da empresa, o seu funcionamento e constitui uma das prioridades da administração. Serve como estrutura básica, como o conjunto de mecanismos de operação, de decisão e de coordenação. Em sentido mais restrito, a estrutura organizacional pode ser considerada como elemento estrutural de uma empresa, ou seja, a estrutura formal dentro da qual ocorrem as relações funcionais e pessoais da empresa. A estrutura organizacional refere-se à forma como um grupo é composto, suas linhas de comunicação e seus meios de canalizar a autoridade e tomar decisões (MARQUIS, 1999). Para a elaboração de uma estrutura organizacional adequada há necessidade de definir uma estratégia de ação, uma vez que existem várias variáveis envolvidas no processo. Uma estrutura é mais bem desenvolvida quando 1 MATOS-SANTANA, R. Enfermeiro. Mestre em Enfermagem pela UFBA. Docente do Departamento de Ciências da Saúde da UESC-BA. 2 LOPES-FERREIRA, S.M.I. Enfermeira. Mestre em Desenvolvimento Regional e Meio Ambiente pela UESC/PRODEMA. Docente do Departamento de Ciências da Saúde da UESC-BA. 3 OLIVEIRA,S.S.W, Enfermeira.Mestre em Enfermagem pela UFBA. Docente do Departamento de Ciências da Saúde da UESC-BA. Estruturas Organizacionais e os Serviços de Enfermagem 2 SANTANA, R.M.; FERREIRA, S.M.I.L. temos em mente um modelo hipotético de organização. As variáveis principais que envolvem a definição de uma estratégia são: estabelecimento de objetivos, referencial hierárquico e as normas e programas de ação. Considerando o serviço de enfermagem como um grupo organizado de pessoas, onde é grande o número, a complexidade e diversidade das atividades realizadas, é evidente a necessidade da divisão e distribuição do trabalho entre os seus elementos, bem como do estabelecimento do padrão de relações entre eles. Com isso os esforços são coordenados para o alcance do objetivo proposto, que é a prestação da assistência de enfermagem. Para tanto, precisa haver a definição da estrutura organizacional do serviço de enfermagem. existentes entre os componentes organizacionais. É um dos meios de que se utilizam as organizações para atingirem eficientemente seus objetivos. Entretanto qualquer pessoa, que faça ou tenha feito parte de uma organização, verifica que numerosas interações que nela ocorrem não estão prescritas pela estrutura formal. Isso evidencia que as organizações, além da estrutura formal, coabitam, também, com a estrutura informal. A estrutura informal refere-se aos aspectos da organização que não foram planejados formalmente, mas que emergem espontânea e naturalmente de interações e relacionamentos sociais entre as pessoa que ocupam posições na organização formal (CHIAVENATO, 2000b). 2. ESTRUTURA FORMAL E INFORMAL A sociedade de organizações, moderna e industrializada, é a concebida não só sob a influência da Teoria Clássica, que caracteriza o "homo economicus", sob a influência da Teoria das Relações Humanas, caracterizando "o homem social", da Teoria da Burocracia através da formalização organizacional (regras, regulamentos e estrutura hierárquica), mas em grande parte pela Teoria Estruturalista que focaliza o "homem organizacional" que desempenha papéis em diferentes organizações (CHIAVENATO, 2000b). Para o mesmo autor, dentro da organização social as pessoas ocupam certos papéis. Papel é o nome dado a um conjunto de comportamentos solicitados a uma pessoa. Como cada pessoa pode pertencer a vários grupos e organizações, ela pode desempenhar diversos papéis, ocupar muitas posições e suportar grande número de normas e regras diferentes. Enquanto a Teoria Clássica e a Teoria da Burocracia se concentravam na organização formal, e a Teoria das Relações Humanas somente na organização informal, a Teoria Estruturalista, em uma abordagem múltipla, segundo Chiavenato (2000b), busca estudar o relacionamento entre ambas as organizações: a formal e a informal. A estrutura formal da organização, é a estrutura planejada, formalizada oficialmente, aquela que está no papel (CHIAVENATO, 2000b). Representa a tentativa deliberada de estabelecer relações entre os componentes que deverão alcançar os objetivos propostos. Determina quem faz o que e onde nas organizações, assim como evidencia as relações de autoridade e poder A estrutura organizacional deve reunir e compatibilizar quatro características principais: diferenciação, formalização, centralização e integração. Essas características interagem entre si, são interdependentes, variam enormemente em cada empresa, provocando uma imensa heterogeneidade de estruturas organizacionais. No que diz respeito ao serviço de enfermagem, na definição da sua estrutura organizacional devem ser considerados: • a filosofia e os objetivos do serviço de enfermagem; • o volume e a complexidade das atividades a serem executadas; • os recursos disponíveis; • as características desejáveis na estrutura. Um conjunto de aspectos considerados na estrutura, dependendo do grau e da forma em que aparecem, é que vai caracterizá-la, provocando as diferenças na estrutura de cada organização. 3.1- Diferenciação Refere-se à divisão do trabalho organizacional em departamentos ou subsistemas e em camadas de níveis hierárquicos. Podendo ser: diferenciação horizontal, em departamentos 3. CARACTERÍSTICAS PRINCIPAIS DA ESTRUTURA ORGANIZACIONAL Estruturas Organizacionais e os Serviços de Enfermagem 3 SANTANA, R.M.; FERREIRA, S.M.I.L. DIDIDIRERETRETTOOORRRDODODOSSERVSERVERVIÇIIÇÇOOO DDDEEE ENENFENFFEEERRMRMMAAAGGGEMEMEM DIDIDIRETRERETTOOORRRDODODOSSSEEERRRVVVIÇIIÇÇOOO DEDDEE ENFENENFFEEERMRRMMAAAGGGEMEEMM SESEÇÃOSEÇÃOÇÃO DEDDEEEENFENFNFEEERMRMARMAAGGGEMEMEM MMMÉÉÉDDIDIICACCAA, ,,CICCRIIRÚRRÚRÚRGGGICIICCAAAEEE ESPESPEESPEECICCAIIAALLLIZIIZZAAADDDAAA SESEÇÃOSEÇÃOÇÃ O DEDDEE ENFENFENFEEERMRRMMAAA GGGEMEMEM MÉMÉMÉDDDICIICCAAA SEÇÃOSEÇÃOSEÇ ÃODDEDEE ENFENFENFEEERRMRMM AAAGGGEMEEMM CICCRÚRIIRÚRÚRGRGGI CIICCAAA SEÇÃOSSEEÇÃÇÃOODEDE DE ENFENENFFEEERMRRMMAAAGGGEEE MMM ESPEEESPECIASPEC IACIALLLIZIIZZAAADDDAAA DIDIDIRETRERETTOOORRRDODODOSESERVSERVRVIÇIIÇOÇOODEDEDE ENFENENFFEEERMRRMMAAAGGGEMEMEM ASASASSSSISIISSTTTEEENNNTET TEE DODODOPPEPEERÍ ODORÍORÍODDOO DADDAAMMMAAANNHÃN HÃHÃ AAASSSSSSISTIISTSTENTEN ENTTEEE DODODOPERÍODO PEPERÍODORÍO DO DDDAAATTATAARDER DERDE AASASSSSSISTIISSTTENTE ENNTETEE DODODOPERPPEERÍ ODORÍODOÍODO DADADANNNOOOITIITTEEE UnUnUnididid. ..dddeee EnEnEnf.ff.. 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Para proceder-se à divisão do trabalho, primeiro se procura determinar as atividades necessárias ao alcance dos objetivos gerais do serviço de enfermagem, para depois dividi-las, compondo unidades distintas. Como forma de divisão do trabalho, encontra-se a especialização (MASSAROLLO, 1991). Quanto maior a diferenciação, maior será a heterogeneidade dentro da organização, pelo fato de acarretar maior número de departamentos e de níveis hierárquicos. A diferenciação é responsável pela complexidade organizacional, pois muitos níveis hierárquicos e muitos departamentos diferentes exigem esquemas de integração e de entrosamento para coordenar o funcionamento e obter harmonia na totalidade (CHIAVENATO, 2000a). A tendência moderna está mais para a generalização do que para a especialização; mais para equipes integradas e transitórias de trabalho do que para órgãos definitivos e separados; mas para juntar do que para separar. A abordagem sistêmica está por trás dessa forte tendência de aglutinação (CHIAVENATO, 2000a). a) Diferenciação Horizontal DIRETOR DO SERVIÇO DE ENFERMAGEM SEÇÃO DE ENFERMAGEM MÉDICA, CIRÚRGICA E ESPECIALIZADA FIGURA 1- Especialização horizontal com desdobramento de órgãos no mesmo nível hierárquico. Fonte: Adaptado de Massarollo (1991, p. 25) Corresponde à especialização de atividades e de conhecimento acarretando um maior número de órgãos no mesmo nível hierárquico. É também conhecida pelo nome de departamentalização, que é o processo de reunir as atividades para fins administrativos segundo critérios previamente estabelecidos (KWASNICKA, 1989). É também denominada de processo funcional. Ocorre em todos os níveis hierárquicos e caracteriza-se pelo crescimento horizontal no organograma (fig. 1). Vários critérios podem ser utilizados para a departamentalização. Cada organização adotará o critério que melhor lhe convier, podendo adotar um critério diferente em cada nível hierárquico. FIGURA 2- Exemplo de critérios utilizados para departamentalização Fonte: Massarollo (1991, p. 25) Nos serviços de enfermagem, dentre os critérios utilizados, encontram-se as departamentalizações por especialidade, por complexidade dos cuidados prestados, pelo tipo de patologia que o paciente apresenta, por localização das unidades e por período (manhã, tarde e noite). A escolha do critério visa adequação do serviço de enfermagem, considerando uma melhor qualidade de assistência. Exemplo (fig. 2) b) Diferenciação vertical FIGURA 3- Exemplo de departamentalização vertical e horizontal simultaneamente Fonte: Massarollo (1991, p. 26) Ocorre quando na organização se verifica a necessidade de aumentar a qualidade da supervisão, acrescentando mais níveis hierárquicos de supervisão na estrutura. É também denominada de processo escalar. ASSISTENTE DO PERÍODO DA MANHÃ DO PERÍODO DA TARDE DO PERÍODO DA NOITE DIRETOR DO SERVIÇO DE SERVIÇO DE ENFERMAGEM PEDIÁTRICA SERVIÇO DE ENFERMAGEM OBSTÉTRICA SERVIÇO DE SERVIÇO DE ENFERMAGEM ENFERMAGEM MÉDICA CIRÚRGICA DIVISÃO DE ENFERMAGEM MATERNO-INFANTIL DIVISÃO DE ENFERMAGEM MÉDICO-CIRÚRGICA DEPARTAMENTO DE ENFERMAGEM Estruturas Organizacionais e os Serviços de Enfermagem 4 SANTANA, R.M.; FERREIRA, S.M.I.L. NíNíNívvelvelel OpOOpperereracaciaciiooonnnaaalll NíNíNívvelvelel IntIntInteeerrrmmmeeedddiáiáiárrrioiioo NíNíNívvelvelel DeciDDeecisocisosorrrialiiaall DDDireiireretottoorrrdddaaaDDDiviivvisiissãããooodddee e EnEEnnfeffeermrrmmagagagememem; ;; AAAssistssisssisetteennntetteesss DireDDiirreetottoorerresess dddeeeÁrÁÁerreaeaa EEnEnnfefeferrrmmmeeireirirooosssCCChhhef efefeseseseee dededemmmaaaisiissccacaatetteegorgogoirraiiaa sssdadada eqeeqquuuipiipepee ddedee eeennnfeffeerrrmmmagagagememem DEPDEDEPPAAARRRTTTAAAMMMENTE ENNTTOOO DIDIDIVVVISIISSÃÃÃ OOO SESESERRRVVVIÇIIÇÇ OOO SEÇÃSES EÇÇÃÃOOO SETSESETT OROORR TUTUTURRRMMMAA A Encarregado Chefe Chefe Diretor Diretor Diretor Caracteriza-se pelo crescimento vertical do organograma, ou seja, crescimento da cadeia de comando. É representada pela hierarquia da organização. Dificilmente ocorre a especialização horizontal sem que ocorra também a especialização vertical, e vice-versa (Fig. 3) A hierarquia divide a organização em camadas ou níveis de autoridade, tendo os superiores certo tipo de autoridade sobre os subordinados. A ênfase é colocada no relacionamento superior/subordinado. À medida que se sobe na escala hierárquica, aumenta a autoridade do ocupante do cargo (MASSAROLLO, 1991). A tendência é de que quanto maior a organização, maior tende a ser o número de níveis hierárquicos de sua estrutura. A estrutura formal tradicional representa uma cadeia de níveis hierárquicos sobrepostos, formando geralmente uma pirâmide, contendo: a direção (nível decisorial) no topo; os executores (nível operacional) na base; e as demais camadas hierárquicas nos níveis intermediários. Exemplo (fig. 4). FIGURA 4- Pirâmide Hierárquica Fonte: Adaptado de Massarollo (1991, p. 27) A nomenclatura utilizada, muitas vezes, também denota a hierarquia dos níveis. Exemplo (Fig. 5). Diretor Diretor Diretor Chefe Chefe Encarregado FIGURA 5- Nomenclatura dos níveis hierárquicos Fonte: Massarollo (1991, p. 28) 3.2- Formalização A formalização é o grau em que as regras e regulamentos são explicitamente definidos, governando o comportamento dos participantes da empresa (CHIAVENATO, 2000a). A formalização prescreve como, quando e por quem as atividades deverão ser executadas. Representa o uso de normas na organização e corresponde ao grau em que as normas, procedimentos, instruções e comunicações estão escritas (MASSAROLLO, 1991). Quanto maior a formalização, mais a empresa se torna burocrática, mecanicista, fechada, rotinizada, bem definida e programada. Chiavenato (2000a) salienta que a formalização pode ser feita por meio: • do cargo: ou seja, através de especificações relacionadas com o cargo em si, como a descrição do cargo; • do fluxode trabalho: através de instruções e procedimentos detalhados sobre como executar as tarefas, como o projeto de construção de um produto; • de regras e regulamentos: através de formalização de regras e procedimentos para todas as situações impossíveis, especificando quem pode ou não fazer certas coisas, quando, onde, para quem e com que permissão. A formalização nos serviços de enfermagem pode ser feita pela descrição de cargos e funções, de normas e rotinas, da padronização de procedimentos e pelas escalas de distribuição de pessoal. É preciso analisar qual o nível necessário de formalização para o serviço de enfermagem, uma vez que isso pode funcionar como aspecto facilitador ou dificultador do desempenho dos indivíduos. Outro ponto a considerar é a forma de elaboração dos instrumentos utilizados para a formalização. Na maioria das vezes, as pessoas envolvidas não participam da sua elaboração, tornando a estrutura prescritiva e normativa, inibindo a criatividade e participação dos elementos integrantes (MASSAROLLO, 1991). A formalização serve para reduzir a variabilidade humana, impõe rigidez e obediência e elimina a liberdade pessoal a fim de assegurar que as coisas sejam feitas exatamente de acordo com o previsto. Todavia, a tendência moderna está mais para a confiabilidade nas pessoas do que na ênfase em regras e regulamentos da organização; está mais parar a desburocratização, para a desregulamentação e para a liberdade e participação das pessoas do DIVISÃO DEPARTAMENTO SERVIÇO SEÇÃO TURMA SETOR Estruturas Organizacionais e os Serviços de Enfermagem 5 SANTANA, R.M.; FERREIRA, S.M.I.L. que na imposição de regras e regulamentos (CHIAVENATO, 2000a). 3.3- Centralização Refere-se à localização e distribuição da autoridade para tomar decisões. A centralização implica em concentração das decisões no topo da organização, isto é, no nível institucional (CHIAVENATO, 2000a). Esta característica organizacional será abordada sob dois aspectos: primeiramente pela autoridade e responsabilidade, e seguidamente pela centralização e descentralização. a) Autoridade e responsabilidade A distribuição da autoridade e da responsabilidade entre os elementos dos diversos níveis da estrutura é representada pela hierarquia da organização formal. Na concepção clássica, autoridade é o poder de comandar subordinados para que executem atividade visando à realização dos objetivos propostos. O poder de comandar diminui à medida que se vai do alto para baixo na estrutura hierárquica, ou seja, a autoridade e responsabilidade fluem verticalmente em linha reta, do mais alto nível da organização ao seu nível mais baixo. Com a delegação da autoridade, forma-se os níveis hierárquicos, numa cadeia ininterrupta entre supervisores e subordinados. A autoridade pode ser representada por uma pirâmide invertida, uma vez que, à medida que sobe na cadeia de comando até o topo da estrutura de organização, a área de autoridade se expande gradativamente em cada nível hierárquico. Exemplo (Fig. 6). Dentre as relações básicas de autoridade, encontram-se: • autoridade integral: quando o dirigente tem completa responsabilidade pelas atividades do órgão dirigido (também denominada autoridade de mando ou autoridade de linha); • autoridade administrativa: quando o dirigente tem responsabilidade apenas pelas atividades administrativas do órgão dirigido; • autoridade técnica: quando o dirigente tem apenas responsabilidade técnica do órgão dirigido. A responsabilidade provém da relação superior/subordinado e refere-se à obrigação que uma pessoa tem de fazer alguma coisa para outrem. A responsabilidade não é delegada. Mesmo que a execução de uma atividade seja atribuída a um subordinado, o “chefe” será sempre responsável pelo que o subordinado faz. A autoridade e a responsabilidade devem ser equivalentes, ou seja, quando se atribui a um subordinado a responsabilidade pela execução de uma atividade, deve-se atribuir-lhe, também, a autoridade necessária para a execução dessa atividade. Exemplificando na enfermagem: quando o diretor do serviço de enfermagem delega ao enfermeiro-chefe uma determinada atividade, e este por sua vez o faz o enfermeiro-encarregado, não se altera e nem se exime o enfermeiro-chefe de responsabilidade perante o diretor do serviço de enfermagem. A apresentação de contas passa a ser do enfermeiro-encarregado para o enfermeiro- chefe, e deste para o diretor do serviço de enfermagem. PIRÂMIDE HIERÁRQUICA Diretor da Divisão de Enfermagem Assistentes Diretor da Área Enfermeiro Chefe e demais categorias da equipe de enfermagem ÁREA DE AUTORIDADE b) Centralização e descentralização Centralização refere-se à distribuição do poder nas organizações. Está relacionada com o direito de tomar decisões, que pode ser explicitado em termos de quem tem o direito de tomar que tipos de decisões e quando. (HALL apud MASSAROLLO, 1991). Assim, centralização e descentralização referem-se principalmente ao grau de delegação de tomada de decisão aos níveis mais baixos da FIGURA 6- Pirâmide hierárquica e correspondente área de autoridade. Fonte: Massarollo (1991, p. 29) organização (CHIAVENATO, 2000a). Pode-se encontrar uma gama de variações na distribuição da autoridade, indo desde uma Estruturas Organizacionais e os Serviços de Enfermagem 6 SANTANA, R.M.; FERREIRA, S.M.I.L. Nível Institucional Nível Oper DECISÕES forte centralização até uma descentralização muito ampla. O grau de descentralização depende do tamanho da organização, do tipo de atividades políticas e econômicas do país e da organização, da filosofia da cúpula administrativa, da competência dos subordinados e da facilidade de informações que permitam a tomada de decisões. A análise desses fatores é que irá determinar se as decisões administrativas devem ser centralizadas no topo da hierarquia ou descentralizada para os órgãos situados nos escalões inferiores (CHIAVENATO, 2000b). Assim, a organização mantém a mesma estrutura, mas muda de nível onde é tomada a decisão. Quanto maior a centralização (figura 7), mais a autoridade é concentrada exclusivamente no nível mais elevado da hierarquia. A dependência e submissão é total e os níveis intermediário e operacional tornam-se meros repetidores das decisões tomadas no topo. Quanto maior a descentralização, mais a autoridade é delegada e distribuída nos níveis mais baixos da hierarquia, a fim de que a execução das tarefas seja mais apropriada às características locais e às necessidades do cliente que procura a organização (CHIAVENATO, 2000a). A vantagem da descentralização, é que a organização passa a utilizar todos os cérebros envolvidos e não apenas um ou alguns deles: o do dirigente e dos mais próximos a ele (CHIAVENATO, 2000a). O maior desperdício cometido deliberadamente em nossos organizações não é o de perdas financeiras, danos materiais, baixa produtividade, custos elevados, qualidade precária e outras iniqüidades, mas decorrentes de um problema muito maior: o enorme e continuado desperdício do talento, da capacidade profissional e da motivação das pessoas. Principalmente, o desperdício do recurso humano mais elevado e sofisticado que é a inteligência: a massa encefálica que produz criatividade e inovação na solução de problemas é quase sempre rejeitada em prol da atividade mecânica e rotineira de manter o status quo. Por essas razões, a descentralização está sendo um dos caminhos indicados para a moderna gestão das empresas (CHIAVENATO, 2000a). Os serviços de enfermagem, que possuem na sua estrutura um grande número de níveis hierárquicos, apresentam sérios problemas em relação à velocidade da tomada de decisões, chegando a uma situaçãotal que, quando a decisão é tomada, ela já não se aplica à situação que a gerou. Muitas vezes ocorre também o fato de a decisão ser tomada por elementos que não possuem as informações necessárias para a resolução do problema, retardando o processo ou fazendo com que a solução não seja adequada à situação. ORGANIZAÇÃO CENTRALIZADA Nível Institucional DECISÕES Nível Intermediário Nível Operacional ORGANIZAÇÃO DESCENTRALIZADA Nível acional FIGURA 7- A centralização e a descentralização Fonte: Chiavenato (2000a, p. 212) 3.4- Integração Refere-se aos meios de coordenação e de entrosamento entre as partes da organização. A divisão do trabalho provocada pela diferenciação fragmenta as grandes tarefas em partes menores. Para evitar sua dispersão deve haver algum inter- relacionamento e interligação. A integração é o processo de facilitar o encadeamento e é feita através de meios de coordenação intra- organizacional (CHIAVENATO, 2000a). Para este autor, os esquemas de integração mais utilizados são: • Hierarquia administrativa: é a solução comum, onde a cadeia de comando funciona como um mecanismo intrínseco de integração para resolver os conflitos e coordenar as atividades ao longo da organização. • Departamentalização: é uma alternativa estrutural capaz de resolver problemas de integração, pois permite redesenhar as fronteiras das subunidades para incluir as interdependências dentro das novas fronteiras das subunidades para incluir as interdependências dentro das novas Estruturas Organizacionais e os Serviços de Enfermagem 7 SANTANA, R.M.; FERREIRA, S.M.I.L. DIDIDIRRREEETTTOOORRRDODODOSERVSERVSERVIÇOIIÇOÇO DEDEDE ENENFENFFEEERMRRMMAAAGGGEMEMEM EnEnEnfeffeermerme rmeiroiiroro CCChhhefefefeeedadad a UUUnnnidadeidadei dade MéMéMédddicaiiccaa EnEnEnfeffeermerme rmeiroiiroro ChChCheeefeffeedddaaa UUnUnnidadeidida addee PePedPeddiátiiát átrrricaiicaca EnEnEnfeffeermrmer meeiroiiroro ChCChheefeffeeedddaa a UUUnnnidadeiiddade ade ProProPronnntottoo SSoSoocccooorrorrrroo EnEEnnfeffeerrmerme meiroiiroro CCChhhefefefeeedadad a UUUnnnidadeidadei dade CirCCiiúrúrúrgrgrgiciiccaa a EnEEnnfeffeerrmerme meiroiiroro CCChhhefefefeeedadad a UnUUnnidaidadeid adede ObObObstststétét étrirrcaiicaca DIDIDIRETRETRETOOORRRDODDOOSESESERVRVRVIÇIIÇÇOOO DEDDEE ENFENENFFEEERMRRMMAAAGGGEMEEMM AAASSSSSSISTIISTSTENEN ENTTTEEE AAASSSSSSISTIISTSTENEN ENTTTEEE ENFENFENFEEERMRMRMEIEIEIRORORO CHEFCHEFCHEFEEE ENFENFENFEEERRMRMMEIEIEIRORORO CHECHECHEFFFEEE ENFEENNFFEEERMRMRMEI EIEIRORORO ENFENFENFEEERRMRM MEIEIEIRORORO fronteiras das subunidades que possam ser facilmente administradas. • Comissões e forças-tarefas: as comissões e forças-tarefas podem ser utilizadas para facilitar a integração de subunidades de empresa. As reuniões, comissões e forças- tarefas são mecanismos integrativos que permitem resolver problemas de integração que outros mecanismos não conseguem. • Regras e procedimentos: constituem um mecanismo para livrar a hierarquia da sobrecarga. Quando as situações de decisão são rotineiras e envolvem partes da organização, é possível estabelecer regras e procedimentos sobre a maneira pela qual elas deverão ser tomadas. • Arranjo físico ou arquitetura: é utilizado para facilitar a integração entre unidades ou pessoas, por meio da disposição física (layout) ou territorial das coisas, dos equipamentos e das pessoas. A arquitetura permite a proximidade física que torna a comunicação mais fácil, arranjos de escritórios capazes de facilitar os contatos entre as pessoas e espaços abertos capazes de aproximar as pessoas entre si. 4- AMPLITUDE DA SUPERVISÃO Também é denominada de amplitude administrativa e extensão do controle. Compreende o número de subordinados que uma pessoa pode supervisionar com eficiência. Devem ser levados em consideração o número de pessoas supervisionadas, a distância física entre elas e o tempo necessário ou seja, quantos elementos uma pessoa pode supervisionar, a que distância e em que tempo (MASSAROLLO, 1991). A amplitude da supervisão varia de acordo com a situação, dependendo de fatores como similaridade das funções, proximidade física, complexidade do trabalho, competência dos subordinados, grau necessário de supervisão direta. Isso implica que nem todos os administradores têm o mesmo número de subordinados (MASSAROLLO, 1991). Quanto maior a amplitude, maior o número de subordinados e, conseqüentemente, menor o grau de atenção e controle que o superior pode desenvolver sobre eles (CHIAVENATO, 2000a). Vasconcelos e Hemsley citados por Massarollo (1991), asseguram que a amplitude de supervisão está relacionada com a estrutura hierárquica. Ela é inversamente proporcional ao número de níveis hierárquico. Quanto maior a amplitude menor o número de níveis, e vice- versa. Como salienta Chiavenato (2000a), ela influencia a estrutura organizacional dando-lhe um formato ou configuração peculiar. Nas empresas com grande amplitude de controle, a configuração global da organização é tipicamente achatada, tendo poucos níveis hierárquicos com grandes grupos de trabalho em cada nível (figura 8). FIGURA 8- Grande amplitude de supervisão: configuração tipicamente achatada. Fonte: Massarollo (1991, p. 30) Por outro lado, o mesmo autor acrescenta que nas empresas onde ocorre pequena amplitude, a configuração global da organização é tipicamente alta, tendo uma longa cadeia de autoridade (muitos níveis hierárquicos) com poucos grupos de trabalho em cada um deles (figura 9) FIGURA 9 - Pequena amplitude de supervisão: configuração tipicamente alta. Fonte: Massarollo (1991, p. 31) ENFERMEIRO ENFERMEIRO Estruturas Organizacionais e os Serviços de Enfermagem 8 SANTANA, R.M.; FERREIRA, S.M.I.L. DIDIDIRRREEETTTOOORRRDODODOSERVSERVSERVIÇIIÇÇOOO DEDEDE ENENENFFFEEERRRMMMAAAGGGEEEMMM AAASSSSSSISTIISTSTENENENTTTEEE AAADDDMMIMIINININISSSTTTRARARATTTIVIIVVOOO EEEnnnfeffeermermer meiroiiroro ChChCheeefeffeedddaaa UnUnUnidididadadadee edddeee ClClClínínínicaicaic a MéMéMédicdicdic aaa AAASSSSSSISTIISTSTENTENTENTEEE TÉTÉTÉCCCNNNICIICCOOO EEnEnnfeffeermrrmmeeeiroi irroo ChChChefefefeeedddaa a UnUnUnidididadadadee edddeee ClClClínínínicaicaic a CiCiCirúrúrúrgrgrgiciic caaa EEEnnnfeffeermermer meiroiiroro ChCChheefeffeeedda daa UnUnUnidiiddaaadddeeeddd eee ClíClíClínnnicaicai ca PePPeedddiáiiátáttrirrciica caa EEEnnnfeffeermermer meiroiiroro ChChCheeefeffeedddaaa UnUnUnidididadadadee edddeee ClClClínínínicaicaic a OOObbbstéststétrétrt ricaiicaca DIDIDIVVVISÃIISSÃÃOOODDEDEE ENEENNFFFEEERRMRMMAAAGGGEMEEMM SSERVISERVIER VIÇÇÇOOODEDDEE ENFEENNFFEEERMARMRMA AGGGEMEEMM MAMMAATTTEEERRNO- RNO-NO- INININFFFAAANNNTTTILILIL SSSeeeçãççããooodedede EEnEnnfeffeerrrmmmagaaggeme emm MéMédMéddicaiiccaa SSERSERERVVIVIIÇÇO ÇOO DDEDEE EEENNNFFFEEERMRMRMAAAGGGEEE MMM MÉMÉMÉDIDIDICCO- CO-O- CICICIRÚRGRRÚRGÚ RGICIICCAAA SSSeeeçççãããooodedede EnEEnnfefefermrrmmaagem agemgem CCiCiirúrúrúrgrrggiciiccaaa SSSeeeçãççããooodedede EEnEnnfeffeerrrmmmagaaggeme emm PPePeediddátiiáárttirrcaiic caa SSSeeeççãoçãoão dedede EnEEnnfefefermrrmmaagem agemgem OObstObstbstét ététrrricaiicaca Seção de Enfermagem Cirúrgica Seção de Enfermagem Médica Seção de Enfermagem Obstétrica Seção de Enfermagem Pediátrica Os tipos de estrutura de organização podem ser explicados através das teorias de administração. A estrutura formal, embora algumas vezes previamente determinada, é explicada no processo histórico pela ênfase que naquele momento está sendo dada a uma ou mais variáveis organizacionais (KURCGANT e MASSAROLLO apud MASSAROLLO, 1991). São inúmeros os modelos estruturaisorganizacionais, diferindo, para cada organização, em função dos objetivos propostos, do tamanho dela, da conjuntura que atravessa e da natureza dos serviços que presta. Contudo, as diferentes relações existentes nas organizações foram, por muito tempo, classificadas em três tipos básicos: • Estrutura de Organização Funcional • Estrutura de Organização Linear; • Estrutura de Organização Linha-Assessória (ou linha-staff) 5.1- Estrutura de organização funcional É o tipo de estrutura organizacional que tem como base a “supervisão funcional”, proposta por Taylor, que aplica o princípio da especialização das funções. Apresenta como característica a autoridade funcional, que é relativa e baseada na especialização, a negação do princípio da unidade de comando, a utilização de linhas diretas de comunicação e a descentralização das decisões. Exemplo (Fig.10) Apesar de suas vantagens proporciona a especialização nos diversos órgãos ou cargos da organização; permite melhor supervisão técnica, uma vez que a cada órgão ou cargos se reporta a especialistas no assunto; desenvolve comunicações diretas, sem intermediação, mais rápidas e menos sujeitas a distorções de transmissão, apresenta sérias desvantagens. Dentre elas: • o fato de nem sempre ser feito o que é solicitado, principalmente quando a orientação provinda de dois órgãos se mostra contraditória; • subordinação múltipla, levando os órgãos ou cargos a não saberem exatamente a quem recorrer para resolver determinados problemas, acarretando perda de tempo e confusões; • tendência à concorrência entre especialistas provocando perda de visão de conjunto, tensão e conflitos, além da confusão quanto aos objetivos da organização. FIGURA 10- Estrutura de organização funcional. Fonte: Massarollo (1991, p. 32) 5.2- Estrutura de organização linear Constitui a forma estrutural mais simples, e foi concebida por Fayol, influenciado pelas organizações militares e eclesiásticas dos tempos medievais. A denominação linear se deve ao fato de que entre o superior e os subordinados existem linhas diretas e únicas de autoridade e responsabilidade. Esse tipo de estrutura apresenta graficamente uma forma tipicamente piramidal, ou seja,: à medida que se sobe na escala hierárquica, diminui o número de cargos ou órgãos. FIGURA 11- Estrutura de organização linear. Fonte: Massarollo (1991, p. 33) 5. TIPOS TRADICIONAIS DE ESTRUTURAS ASSISTENTE ADMINISTRATIVO ASSISTENTE TÉCNICO DIRETOR DO SERVIÇO DE ENFERMAGEM Enfermeiro Chefe da Unidade de Clínica Obstétrica Enfermeiro Chefe da Unidade de Clínica Pediátrica Enfermeiro Chefe da Unidade de Clínica Cirúrgica Enfermeiro Chefe da Unidade de Clínica Médica SERVIÇO DE ENFERMAGEM MATERNO- INFANTIL SERVIÇO DE ENFERMAGEM MÉDICO- CIRÚRGICA DIVISÃO DE ENFERMAGEM Estruturas Organizacionais e os Serviços de Enfermagem 9 SANTANA, R.M.; FERREIRA, S.M.I.L. DIDIDIRERERETTTOOORRRDDDAAADDDIVIIVVISIISÃSÃÃOOODEDEDE ENENENFFFEEERRMRMMAAAGGGEMEEMM AASASSSSSISTIISSTTENEEN NTTTEEE EnEEnnfeffeermermrmeieiirororo ChChCheeefeffee AASASSSSSISTIISSTTENEEN NTTETEE EnEnEnfeffeermerrmmeeiroiiroro ChChCheeefeffee EnEnEnfeffeermermermeiroiiroro ChChChefeeeffee EnEnEnfeffeermermermeiroiiroro ChChChefeeeffee CCCooommmisiisssssãoãoãodeddee AudAuAudidiitottoorirraiiaa Na organização linear, é seguido rigidamente o princípio da hierarquia, determinando os chamados “órgãos de linha”. É aplicada a autoridade linear ou única, decorrente da aplicação do princípio da unidade. Nesse tipo de estrutura há centralização das decisões no topo da hierarquia. Apesar de ser uma estrutura simples e de fácil compreensão e de apresentar nítida e clara delimitação das responsabilidades, tem sérias desvantagens e limitações: rigidez e inflexibilidade da organização, dificultando a adaptação e inovação e a adaptação da organização a novas situações, e congestionamento das linhas formas de comunicação, que geralmente são demoradas e sujeitas a intermediários e distorções. 5.3- Estrutura de organização linear assessória Para o aconselhamento e recomendações aos órgãos de linha, Fayol propôs órgãos staff ou de assessoria, que não obedecem aos princípios da hierarquia e da autoridade de comando, dando origem a esse tipo de estrutura, que busca incrementar as vantagens das estruturas linear e funcional e reduzir suas desvantagens. Na organização linha-assessoria, existem órgãos de linha (órgãos de execução) e de assessoria (órgãos de apoio) mantendo relações entre si. É considerado como fusão da estrutura linear com a estrutura funcional, com predomínio da primeira. Permite a manutenção da hierarquia (linha) e de especialização (staff) que fornece os serviços de assessoria e de consultoria. FIGURA 12- Estrutura de organização linha-assessoria Fonte: Massarollo (1991, p. 34) Nesse tipo de estrutura, podem ocorrer conflitos entre os órgãos de linha e assessoria, uma vez que o assessor não tem autoridade linear sobre os executores. Ele apenas sugere, opina, mas não manda. Suas sugestões podem ser aceitas ou não pelo chefe de linha, que não tem sua autoridade e responsabilidades diminuídas pela assessoria. Os tipos de estrutura apresentados não consideram o comportamento humano na organização, negando totalmente a existência da estrutura informal nas organizações. Com a Teoria das Relações Humanas é que surgiu o conceito de organização informal. Como essas estruturas também denominadas de tradicionais rígidas e inflexíveis, demonstraram ineficiência para lidar com as mudanças no ambiente, com o tamanho e a complexibilidade das organizações e com a evolução da tecnologia, houve necessidade de novas formas estruturais que apresentassem maior flexibilidade. Nesse sentido, nas últimas décadas, várias tentativas têm sido feitas com novas alternativas, denominadas de estruturas inovativas. 6.1- Estrutura matricial Dentre as estruturas inovativas, encontra-se a estrutura matricial, que tem como base a departamentalização matricial, que é a utilização simultânea de dois ou mais tipos de departamentalização sobre os mesmo membros de uma organização, sendo que um dos tipos normalmente é departamentalização por programas ou por projetos. Na estrutura matricial, um gerente de projeto ou de programa coordena os esforços do pessoal cedido pelas diversas áreas da empresa com pouca autoridade formal. Seu papel dentro da organização em matriz é de integração e de coordenação das tarefas e deve assegurar os serviços e recursos fornecidos pelo pessoal de suporte, sobre os quais tem pouca ou nenhuma autoridade formal (CHIAVENATO, 2000c). Kast e Rosenzweig (1980), identificam, na forma matricial, dois principais fluxos de autoridade: o fluxo vertical, originado dos vários administradores funcionais, e o fluxo horizontal, da autoridade do projeto. Enfermeiro Chefe Enfermeiro Chefe ASSISTENTE Enfermeiro Chefe Enfermeiro Chefe ASSISTENTE Comissão de Auditoria DIRETOR DA DIVISÃO DE ENFERMAGEM 6. TIPOS CONTEMPORÂNEOS DE ESTRUTURAS Estruturas Organizacionais e os Serviços de Enfermagem 10 SANTANA, R.M.; FERREIRA, S.M.I.L. DEDEDEPPPAAARTRTRTAAAMMMEEENNNTTTOOODEDEDE ENENENFFEFEERRRMMMAAAGGGEMEEMM CCCoorooroordddeeennnaaadododorrr dododoPPProgrrogogrrraaammmaaaAAA DDiDiirerreetottoorrrdddaaa DivDDiivvisãiissããoooddede e EEnEnnfeffeerrmarma magggemeemm MéMédiMédidic cacaa DDiDiirerreetottoorrrdddaaa DivDDiivvisãiissããoooddede e EEnEnnfeffeerrmarma magggemeemm CCCirúiirúrúrgrgrgiciiccaaa DDDireiireretottoorrrdddaaa DDiDiivvvisiissãããooodedde e EnEEnnfeffeermarrmmagag geememm PePPeedddiáiiátáttrirrciicaca a CCCoooroorordddeeennnaaadododorr r dododoPPProgrrogograrraammmaaaBBB Linhade autoridade de programa Linha de autoridade de funcional FIGURA 13- Estrutura de organização matricial Fonte: Massarollo (1991, p. 36) Como observa Chiavenato (2000c), a matriz viola a unidade de comando e introduz conflitos inevitáveis de duplicidade de supervisão, embora tal violação possa levar a problemas de conflito disfuncional, em muitos casos pode apresentar ótimos resultados quanto ao desempenho. Por outro lado, segundo o mesmo autor, a estrutura matricial constitui uma das maneiras mais participativas e flexíveis e, pela sua própria natureza, depende profundamente da colaboração entre muitas pessoas diferentes. Isto ocorre em função da matriz enfatizar a interdependência entre departamentos em vez de situar as fronteiras entre eles e proporciona oportunidades de delegação, maior contribuição pessoal e participação na tomada de decisões nos níveis mais baixos da hierarquia (CHIAVENATO, 2000c). 6.2- Estrutura em redes de equipes Nos tempos atuais, de acelerada mudança e instabilidade, o desenho organizacional está abandonando gradativamente a velha configuração de órgãos tradicionais e migrando rapidamente para um novo desenho organizacional capaz de oferecer agilidade e flexibilidade, através da formação e desenvolvimento de equipes multifuncionais (CHIAVENATO, 1999). O novo desenho (também conhecido como equipes autogeridas) se assenta em equipes e não em órgãos, exatamente pela necessidade de simplicidade e de descomplicação no sentido de proporcionar rápidas mudanças de configuração e de objetivos, sem prejudicar o desempenho e o alcance de resultados (CHIAVENATO, 1999). Maximiano (2000) acrescenta que nesta estrutura percebe-se uma autogestão por meio da interação e tomada de decisões na equipe, além de ocorrer a "desespecialização" dos integrantes, que executam várias tarefas em vês de uma. Onde as pessoas passam a desempenhar uma variedade de papéis e tornam-se multifuncionais. Como as equipes autogeridas, segundo Maximiano (2000), são feitas de papéis em vez de cargos, existe intercâmbio de papéis, onde grande parte dos integrantes pode realizar grande parte das tarefas. Desse modo os papéis de liderança podem ser desempenhados por diferentes pessoas e também são intercambiáveis, ou seja, quem é líder num momento pode ser liderado em outro. A principal característica da estrutura em redes é a sua organização predominantemente horizontal. As equipes ou células de trabalho se dispõem em uma organização horizontal na qual o trabalho é realizado ao longo dos processos de trabalho e ignora a hierarquia vertical antes necessária para coordenar as diferentes atividades (Figura 14) (CHIAVENATO, 2000c). FIGURA 14- Estrutura em redes de equipes. Fonte: Adaptado de Chiavenato (1999, p. 129) O conceito de equipe tornou-se fundamental para esse novo desenho. Desse modo, no ambiente de trabalho, a equipe é um grupo de DEPARTAMENTO DE ENFERMAGEM Diretor da Divisão de Enfermagem Médica Diretor da Divisão de Enfermagem Cirúrgica Diretor da Divisão de Enfermagem Pediátrica Coordenador Coordenador EQUIPES DE TRABALHO Estruturas Organizacionais e os Serviços de Enfermagem 11 SANTANA, R.M.; FERREIRA, S.M.I.L. pessoas com habilidades complementares e que trabalham em conjunto para alcançar um propósito comum para o qual são coletivamente responsáveis (CHIAVENATO, 1999). 6.3- Estrutura de Comando Partilhado O comando partilhado (também conhecido como autocomando ou autogestão), é uma das estruturas organizacionais mais radicais e idealizadas, foi criado na metade dos anos 80, como uma alternativa à estrutura burocrática das organizações atuais (MARQUIS e HUSTON, 1999). No comando partilhado, o governo da organização é dividido entre membros do conselho, enfermeiros, médicos e administradores (KOVNER, HENDRICKISON, KNICKMAN e FINKLER apud MARQUIS e HUSTON, 1999). O processo decisório e os canais de comunicação são alterados. As estruturas grupais, sob a forma de comitês de prática conjunta, são criadas para assumir o poder e a responsabilidade pelas decisões, sendo que a comunicação profissional assume a feição de uma estrutura igualitária (BOEGLIN, 1993; GESSNER, 1990 apud MARQUIS e HUSTON, 1999). A meta declarada do comando partilhado é o fortalecimento dos indivíduos no sistema de tomada de decisões. Nas organizações de cuidados à saúde, esse fortalecimento está voltado ao aumento da autoridade e controle dos enfermeiros sobre a prática profissional (MAAS e SPECHT apud MARQUIS e HUSTON, 1999). O comando partilhado possibilita mais controle dos enfermeiros sobre seu fazer profissional, uma vez que se trata de um sistema de comando baseado na prestação de contas e responsabilização para os profissionais (PORTER-O'GRANDY apud MARQUIS e HUSTON, 1999). Não existe um único modelo de comando partilhado, embora todos eles tenham em comum um tema subjacente que é o do fortalecimento dos enfermeiros da instituição (MARQUIS e HUSTON, 1999). O número de organizações de atendimento à saúde que faz uso dos modelos de comando partilhado está aumentando, existindo já pesquisas que mostram que esse tipo de comando melhora as percepções dos enfermeiros em relação ao seu ambiente de trabalho e prática (JONES, STASIOWSKI, SIMONS, BOYD e LUCAS, 1993; LUDEMANN e BROWN, 1989 apud MARQUIS e HUSTON, 1999). Um dos principais impedimentos, no entanto, à implementação do comando partilhado é a relutância dos administradores em modificar seus papéis. O papel do chefe/administrador de enfermagem passa a ser de consultoria, ensino, colaboração e criação de um ambiente com as estruturas e os recursos necessários à prática da enfermagem e processo decisório partilhado entre os enfermeiros e a organização (STICHLER apud MARQUIS e HUSTON, 1999). Esse novo papel é estranho à maioria dos administradores e dificulta sua aceitação (MARQUIS e HUSTON, 1999). 7. ORGANOGRAMA É a representação gráfica da estrutura, ou seja, é a representação gráfica de órgãos e relações de autoridade existentes entre eles indicando os órgãos por meio de retângulos, e as relações de autoridade por meio de linhas (MASSAROLLO, 1991). O quadro de uma organização define as relações formais na instituição. Onde as relações formais, linhas de comunicação e autoridade aparecem num quadro por meio de linhas cheias. As linhas horizontais cheias representam a comunicação entre indivíduos com esferas semelhantes de responsabilidade e poder, ainda que exercendo funções diferentes (MARQUIS e HUSTON, 1999). Linhas cheias verticais entre os cargos denotam a cadeia oficial de comando, as vias formais de comunicação de comunicação e autoridade. Os que possuem maior poder decisório e autoridade se localizam na parte superior; os que possuem menor autoridade e poder de decisão se encontram na base (MARQUIS e HUSTON, 1999). Linhas pontilhadas ou quebradas representam cargos de posição de assessoria, onde um funcionário oferece informações e assessoramento ao superior hierárquico, embora possua autoridade organizacional limitada (MARQUIS e HUSTON, 1999). Essas linhas, que ligam os órgãos entre si, indicam as interações formais prescritivas. Entretanto, mostram limitações na representação da estrutura, uma vez que o organograma mostra apenas uma dimensão dos muitos tipos de relação que existem entre os elementos ou órgãos de uma organização, como, por exemplo, não mostra o grau de autoridade que um Estruturas Organizacionais e os Serviços de Enfermagem 12 SANTANA, R.M.; FERREIRA, S.M.I.L. SUPSUPSUPEEERIRIRINTNTNTE NDENTENDENTENDENT EEE DEDEDEPPPAAARTRTRTAAAMMMENTENTENTOOODDDEEE ENENENFFFEEERRRMMMAAAGGGEMEMEM DEDEDEPPPAAARTARTARTAMMMEEENNNTTTOOO MMMÉÉÉDIDIDICOCOCO DEPDEPDEPAAARTRTRTAAAMMMENTENTENTOOODEDEDE AAADDDMMMINIINNISIISSTTTRRRAAAÇÃOÇÃOÇÃO CONSECONSECONSELLLHOHOHODEDEDELLLIBEIIBEBERRRAAATTITIIVOVOVO SUPESUPERISUPERIRI NTNNTTENDEEENDENTNDENT NTEEE DEPDEPDEPAAARTRTRTAAAMMMENTENTENTOOO MMMÉÉÉDIDIDICOCOCO CONSELCONSCONSELELHOHOHOD ELDEDELLIBEIIBERBERRAAATTTIVIIVOVOO DDDiviivvisãiisãosãoo dedede EEEnnnferferfermmmagem agemagem DDDiviivvisãoiissããoodedede FaFarFarrmmmácáciáciiaaa DDDiviivvisãiisãosãoo dedede NuNNuutrttirrçiçãoi çãoão determinado superior, exerce sobre um determinado subordinado (MASSAROLLO, 1991). É importante a elaboração do organograma, pois, é difícil visualizar a organização como um todo, surgindo assim a necessidade de um gráfico que mostre de forma imediata os órgãos componentes da organização, o fluxo de autoridade e responsabilidade e as linhas formais de comunicação (MASSAROLLO, 1991). 7.1- Posição hierárquica do serviço de enfermagem na estrutura geral da organização. FIGURA 16 - Posição hierárquica do Serviço de Enfermagem Considerando a inserção do serviço de enfermagem na estrutura geral da organização, encontramos diferentes posições hierárquicas que vão desde a subordinação imediata a pessoa ou grupos deliberativos até a subordinação à pessoa ou serviço tecnicamente diferente (KURCGANT e MASSAROLLO apud MASSAROLLO, 1991). FIGURA 15 - Posição hierárquica do Serviço de Enfermagem com subordinação imediata a pessoa ou grupo deliberativo do hospital. Fonte: Massarollo (1991, p. 37) A posição ocupada na escala hierárquica geralmente evidencia a importância que é dada ao serviço de enfermagem. Assim, quanto mais com subordinação a pessoa ou serviço tecnicamente diferente. Fonte: Massarollo (1991, p. 38) 8. BIBLIOGRAFIA CHIAVENATO, I. Administração: teoria, processo e prática. 3 ed. São Paulo: Makron Books, 2000a. Cap 9, p. 205-234. Desenho Organizacional. . Introdução à teoria geral da administração. 6 ed. Rio de Janeiro: Campus, 2000b. . Administração: teoria, processo e prática. 3 ed. São Paulo: Makron Books, 2000c. Cap 10, p. 235-260. Desenho Departamental. . Equipes Multifuncionais: o novo desenho organizacional das empresas bem-sucedidas. In: MATOS, F.G. de; CHIAVENATO, I. Visão e ação estratégica. São Paulo: Makron Books, 1999. Cap. 6, p.126-144. KAST, F. E. & ROSENZWEIG, J. E. Organização e administração: um enfoque sistêmico. 2ª ed. São Paulo: Pioneira, 1980. KWASNICKA, E. L. Teoria geral da administração: uma síntese. 2 ed. São Paulo: Atlas, 1989. importante for considerado o serviço de enfermagem para o alcance dos objetivos da instituição, mais alto será o escalão administrativo a que estará subordinado (MASSAROLLO, 1991). A posição hierárquica normalmente determina também o grau de autoridade e influência, o status e a remuneração do ocupante do cargo. Teoricamente, quanto mais elevada a posição na hierarquia vertical, maiores são as considerações que a pessoa recebe e mais estratégicas são suas decisões (CHIAVENATO, 2000b). MARQUIS, B.L.; HUSTON, C.J. Administração e Liderança em Enfermagem: teoria e aplicação. 2 ed. Porto Alegre: Artes médias, 1999. Cap. 7, p. 155-177. Estrutura Organizacional. MASSAROLLO, M.C.K.B. Estrutura Organizacional e os Serviços de Enfermagem. In: KURCGANT,P. (Org.). Administração em enfermagem. São Paulo: EPU, 1991. Cap. 3, p. 23-39. MAXIMIANO, A. C. A. Teoria Geral da Administração: da escola científica à competitividade na economia globalizada. 2 ed. São Paulo: Atlas, 2000. Cap. 15, p. 457-478. Administração Participativa. DEPARTAMENTO DE ADMINISTRAÇÃO DEPARTAMENTO MÉDICO DEPARTAMENTO DE ENFERMAGEM SUPERINTENDENTE CONSELHO DELIBERATIVO