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Recurso ordinário

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EXMA. SRA. DR. JUÍZA DE DIREITO DA 1ª VARA DO TRABALHO DE 
SAPUCAIA DA SUL, ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL 
 
 AUTOS Nº XXXXXXXXXXXXX 
 
RECLAMADA, aqui RECORRENTE, pessoa jurídica de direito privado, inscrita no 
CNPJ sob o n.º ....., com sede na Rua ....., n.º ....., Bairro ......, Cidade ....., Estado ....., CEP 
....., representada neste ato por seu (sua) sócio(a) gerente Sr. (a). ....., brasileiro (a), (estado 
civil), profissional da área de ....., portador (a) do RG nº ..... e do CPF n.º ....., por 
intermédio de sua advogada e bastante procuradora (procuração em anexo - doc. 01), com 
escritório profissional sito à Av. Brasil, n° 77, Bairro Colônia, em São Jerônimo/RS, onde 
recebe notificações e intimações, vem mui respeitosamente, nos autos de ação de 
indenização decorrente de acidente do trabalho em que contende com RECLAMANTE, 
aqui RECORRIDO, à presença de Vossa Excelência interpor: RECURSO ORDINÁRIO 
Da r. sentença de fls ....., nos termos que seguem. Requerendo, para tanto, que o recurso 
seja recebido, determinando-se a sua remessa ao Egrégio Tribunal Regional do Trabalho 
da 4º Região, a fim de que o mesmo seja conhecido e provido. 
Nesses Termos, Pede Deferimento. 
São Jerônimo, 17 de junho de 2020. 
 
Advogada 
OAB n° XXXX 
 
EGRÉGIO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 4ª REGIÃO 
ORIGEM: Reclamatória trabalhista n.º .... – 
VARA DO TRABALHO DE SAPUCAIA DA SUL, ESTADO DO RIO GRANDE 
DO SUL 
Recorrente: empresa RECLAMADA Recorrido: 
RECLAMANTE RECLAMADA, aqui RECORRENTE, pessoa jurídica de direito 
privado, inscrita no CNPJ sob o n.º ....., com sede na Rua ....., n.º ....., Bairro ......, Cidade 
....., Estado ....., CEP ....., representada neste ato por seu (sua) sócio(a) gerente Sr. (a). ....., 
brasileiro (a), (estado civil), profissional da área de ....., portador (a) do RG nº ..... e do 
CPF n.º ....., por intermédio de sua advogada e bastante procuradora (procuração em 
anexo - doc. 01), com escritório profissional sito à Av. Brasil, n° 77, Bairro Colônia, em 
São Jerônimo/RS, onde recebe notificações e intimações, vem mui respeitosamente, nos 
autos de ação de indenização decorrente de acidente do trabalho em que contende com 
RECLAMANTE, aqui RECORRIDO, à presença de Vossa Excelência interpor: 
 
RAZÕES DE RECURSO ORDINÁRIO 
 
pelos motivos de fato e de direito a seguir aduzidos. Colenda Corte Preclaros Magistrados 
 
DOS FATOS: 
 O recorrido propôs ação de indenização contra a recorrente, objetivando a reparação de 
dano sofrido em local de trabalho. Alegou, para tanto, que em fevereiro de 2018 sofreu 
um Acidente de Trabalho Tipico, por ordem do encarregado, estava desmanchando um 
canteiro de obras dentro da Gerdau, em Sapucaia do Sul, com a utilização de ferramentas. 
Estava carregando duas talhas de correntes quando pisou em cima de uma corrente e caiu 
com a talha em cima de seu ombro, estava chovendo no dia. Foi encaminhado para 
emergência do Hospital de Sapucaia. Em razão do acidente, o reclamante teve atingido o 
Ombro e mão direita com diagnóstico de tendinopatia. Diante disso, A reclamada emitiu 
a CAT acidente encaminhando o reclamante para o INSS onde percebeu auxíliodoença 
por acidente de trabalho. 
Apresentada a contestação, peça na qual se demonstrou a improcedência dos argumentos 
postos na inicial, realizada a prova pericial e colhidos os depoimentos das testemunhas, o 
MM juiz singular prolatou a r. sentença recorrida. 
 Nesta, a pretensão deduzida pelo Recorrido foi julgada parcialmente procedente, pois 
condenou-se a Recorrente, dentre os pedidos formulados, no referente ao pagamento de 
indenização a título de danos morais, na quantia equivalente a R$2.000,00 (dois mil reais), 
a título de indenização por danos morais e indenização correspondente aos salários 
(acrescidos do adicional de insalubridade satisfeito ao longo da contratualidade), férias 
(acrescidas de 1/3), gratificação natalina e FGTS com 40% do período compreendido 
entre a despedida e o termo final do período estabilitário (30/06/2019 - 12 meses após a 
alta previdenciária). 
Ao final, restou fixada sucumbência recíproca, com a condenação da RECLAMADA as 
partes no pagamento das custas de R$140,00, calculadas sobre o valor arbitrado à 
condenação, de R$7.000,00, complementáveis ao final pela reclamada. 
A r. sentença, nos pontos acima destacados, merece reforma, senão vejase: 
DO DIREITO: 
A Recorrente não agiu com culpa, como tentou fazer crer o RECORRIDO. Não foi 
negligente, nem tampouco imprudente em relação à segurança e cuidados para com seus 
empregados. Ademais, não restou provado acidente algum com o OMBRO/MÃO do 
obreiro. 
 Com todo o respeito, em que pesem os argumentos elencados na peça vestibular 
(argumentos estes inverídicos) e na r. sentença recorrida, razão não assiste ao Apelado, 
conforme restou plenamente demonstrado na instrução processual, a qual passa-se a 
rememorar. 
De acordo com relato inicial, o Apelado foi admitido nos quadros de funcionários da 
Recorrente no dia 11/12/2017, como auxiliar de almoxarife, e permaneceu na empresa até 
20/03/2019, vale dizer, ainda lá estava quando do ajuizamento da presente ação 
(16/08/2019). 
Ainda segundo a inicial, teria o mesmo “em fevereiro de 2018, ao desmanchar um 
canteiro de obras da empresa Gerdau, em Sapucaia d Sul, ao carregar duas talhas de 
corrente, pisou em cima de uma corrente e caiu com a talha em cima de seu OMBRO.” 
(inicial fls. ...). 
Alegou haver sido encaminhado ao Hospital de Sapucaia do Sul, porém nenhuma prova 
concludente a respeito trouxe aos autos, ao contrário do assentado na r. sentença 
guerreada. O documento de fls. ..... consiste em mera anotação médica e não diagnóstico 
(este sim teria conteúdo de definitividade). Além disso, o primeiro exame constante dos 
autos, realizou-se somente no mês seguinte, junto ao Hospital de Sapucaia do Sul, local 
onde se atestou a lesão descrita no documento de fls. .... 
Entretanto, ao contrário do que afirma o Recorrido, tal exame não constatou ter a talha 
provocado aludida lesão. Difícil crer, portanto, que uma lesão causada por acidente de 
trabalho, que levaria à tendinopatia no ombro e mão direita do Recorrido, fosse constatada 
por médico sem habilitação específica em traumatologia/ortopedia, sem um documento 
específico que a atestasse. E, a perícia médica realizada nestes autos (capítulo PERÍCIA 
infra), constatou não ter a doença que acometeu o Apelado decorrido de agente externo. 
A propósito, o exame de fls. ..., datado de ... de .... de ..........., não faz menção alguma de 
que a doença tenha sido provocada pela talha (agente externo). Pelas explicações médicas 
do Dr. ..........., o acidente que afirma o Apelado ter sofrido, jamais teria o poder de feri-
lo como demonstrado no exame. 
Todos os acidentes ocorridos dentro da empresa são registrados obrigatoriamente, 
levando-se o fato ao gerente de unidade ou médico da empresa, o que no caso não ocorreu, 
porque não houve acidente algum com o Apelado. 
Os únicos infortúnios ocorridos na época em que argumentou o Apelado ter sofrido o 
acidente foram os que se encontram registrados pelos Comunicados de Acidente de 
Trabalho (CAT's) juntadas aos autos, não podendo ser elucidado o fato suscitado pelo 
mesmo mediante tal documentação. 
Era seu o ônus de provar o nexo de causalidade entre a ação e a lesão sofrida, assim como 
que a Recorrente agiu com culpa, contribuindo para a concretização do acidente, o que 
não se fez. Com isso, ficou afastada a existência de culpa por parte da empresa, não 
havendo o dever de indenizar, data vênia do entendimento da r. sentença recorrida. 
Conforme bem explicitado na peça contestatória, não há nexo causal entre o exercício 
profissional e a doença. 
Pelo que restou exposto e demonstrado no decorrer da instrução processual, e em especial 
pela prova pericial produzida (laudos de fls. .... e ....), tem-se como inverídicosos fatos 
alegados na exordial, devendo ser totalmente afastada a culpa por parte da Recorrente, eis 
que assim não agiu. Muito embora não tenha sido comprovado o acidente e nem que a 
lesão seja oriunda do mesmo, há que se ter em conta que: O reclamante solicitava 
insistentemente em ser demitido, sob a alegação de que residia no município de São 
Jerônimo -RS e a empresa está localizada no município de Santa Rita - RS, encontrando-
se com dificuldade de locomoção, face a distância entre os municípios. 
Solicitou diversas vezes aos diretores, para ser demitido, sem a perda de seus direitos. Foi 
informado de que não poderia ser demitido antes do término do período da estabilidade, 
mas o mesmo insistia e a reclamada, resolveu confiar e atender ao pedido de seu antigo 
empregado. 
Contrariando a confiança depositada no mesmo, a reclamada é surpreendida com a 
reclamatória alegando que o reclamante foi demitido antes do período da estabilidade 
previsto na Lei 8213/91, em seu Art. 118'. Ainda assim, o reclamante, ao ser demitido, 
recebeu a título de indenização, os meses que faltavam para complementar o período da 
estabilidade provisória decorrente de acidente do trabalho. 
 O reclamante recebeu, também, as parcelas rescisórias, sacou o FGTS, tudo conforme 
está exposto, nos fatos e a reclamada prova através da RCT(id 368aed.), juntada pelo 
próprio reclamante e dos depósitos do FGTS. Tem-se ainda que o ASO demissional, 
considerou o reclamante apto a ser demitido, sendo que também foi considerado apto 
quando da alta do INSS. INEXISTE NULIDADE a ser declarada, posto que a reclamada 
cumpriu as determinações legais. 
Sempre quando ocorre um infortúnio com o trabalhador, emite a CAT.. Na espécie a 
RECORRENTE pleiteia a excludente de culpabilidade que consiste na culpa exclusiva da 
vítima. 
No dia em que ocorreu o acidente, estava chovendo, o reclamante foi recolher uma talha 
com corrente (material de trabalho), quando tropeçou na própria corrente da talha, vindo 
a cair no solo. O reclamante foi imediatamente socorrido e conduzido ao hospital. 
O reclamante apesar dos diversos cursos que participou, não aplicou o que lhe foi 
ensinado. A talha não poderia ser carregada em mãos pelo reclamante, e sim através de 
um carrinho de mão que encontra-se a disposição dos empregados, para estas situações. 
A RECORRENTE não pode responder pela negligência do empregado, as instruções são 
fornecidas e o empregado deve agir de acordo com as mesmas, tendo sua autonomia para 
o exercício das tarefas. 
A RECORRENTE não tem o dever de indenizar, posto de excluído o nexo causal e em 
consequência a responsabilidade da reclamada. Inaplicáveis os artigos 186 e 927 do 
Código Civil. 
Destarte, segundo prova documental e relatos acima transcritos, não pode prevalecer o 
entendimento da r. sentença hostilizada, pois o fato ocorrido com o ombro e mão direita 
do Recorrido derivou de por ser ele portador de alterações degenerativo em tendões do 
membro superiores (tendão supra-espinhoso), denominada Tendinose. 
Tal achado decorre da falha no amadurecimento de uma proteína denominada colágeno, 
levando a alterações na ecogenicidade detectadas em exames ecográficos, sem se traduzir 
em doença. 
Não há como se correlacionar, tal quadro, com doença inflamatória aguda ou crônica 
destas estruturas musculares ou tendinosas, até porque o exame físico-ortopédico atual 
do Reclamante é eminentemente normal; e não de acidente de trabalho, o qual inexistiu. 
Tratando o caso em tela de responsabilidade por ato ilícito, de natureza aquiliana, 
inspirada na violação de um dever fundado num princípio geral de direito, ao Recorrido 
competia comprovar de forma irrefragável não apenas o dano, como também a culpa do 
agente e o nexo de causalidade ou concausalidade entre esta e aquele, objetivos estes não 
alcançados. 
Nesta esteira, aplicáveis os ensinamentos jurisprudenciais abaixo, os quais não deixam 
dúvidas a respeito desta matéria, extraídos de julgados desta própria Corte de Justiça, a 
exemplo da decisão abaixo: 
 "ACIDENTE DO TRABALHO. INDENIZAÇÃO PELO DIREITO 
COMUM. DOLO OU CULPA GRAVE DO EMPREGADOR. NEXO DE 
CAUSALIDADE. ÔNUS DA PROVA. AÇÃO IMPROCEDENTE. 
APELO DESPROVIDO. Tratando-se de pedido de indenização de dano 
decorrente de acidente de trabalho, com fundamento no direito comum, 
incumbia ao Autor o ônus da prova do nexo de causalidade entre a apontada 
conduta culposa da empresa empregadora e o resultado danoso. No caso sob 
exame, porém, como a prova se apresenta conflitante no que diz respeito à 
causa do acidente, tem-se que o Autor não se desincumbiu satisfatoriamente 
desse ônus de demonstrar que efetivamente a empregadora permitia a 
execução de trabalhos com equipamentos defeituosos". (TAPR - 3ª CC - Ac. 
4705 - Rel. Juiz Domingos Ramina). 
O resultado da lesão que atingiu o Recorrido, como visto, foi causado por uma doença 
não profissional, para a qual nenhuma das partes litigantes contribuiu para que viesse a 
ocorrer, ficando excluído, assim, o dever de indenizar por parte da Recorrente. Sendo 
assim, resta devidamente comprovada a inexistência do dever de indenizar por parte da 
empresa, devendo ser reformada a r. sentença recorrida, data vênia. 
 A reforma da r. sentença, data vênia, impõe-se, porque: 
 a)) não provou o Apelado a ocorrência do acidente em exame, nem sequer informa o(s) 
dia(s) do(s) malsinado(s) episódio(s); 
b) não provou, também, que as lesões informadas nos documentos de fls. ..., ... e ...., são 
oriundas do alegado acidente de trabalho; 
c) e, finalmente, o fato que levaria à obrigação de indenizar, ou seja, a culpa da 
Recorrente, igualmente não restou demonstrada. 
Não sendo o entendimento de Vossas Excelências em reformar a r. sentença recorrida, o 
que se admite somente para argumentar, espera a Recorrente, fundada no princípio da 
eventualidade, sejam acatadas as razões abaixo aduzidas, para o fim de afastar o valor 
estabelecido a título de danos morais. 
 Com efeito, sem qualquer respaldo legal, o MM juiz condenou a Recorrente no 
pagamento de R$2.000,00 (dois mil reais), a título de indenização por danos morais e 
indenização correspondente aos salários (acrescidos do adicional de insalubridade 
satisfeito ao longo da contratualidade), férias (acrescidas de 1/3), gratificação natalina e 
FGTS com 40% do período compreendido entre a despedida e o termo final do período 
estabilitário (30/06/2019 - 12 meses após a alta previdenciária). 
A r. sentença nenhum subsídio oferece para esclarecer o fundamento jurídico desta 
condenação. 
Sequer o dispositivo legal foi indicado. No entanto, ficam várias questões pendentes de 
esclarecimentos: Que critérios foram empregados para fixá-la? Especificamente, qual o 
bem da vítima que teria sido vilipendiado, de modo a justificar tal indenização? 
 A decisão monocrática, como dito, faz silêncio tumular, pois não foi capaz de apontar 
quais as efetivas repercussões concretas na vida do Recorrido, decorrentes da lesão do 
ombro e/ou mão direita, o que é de rigor em casos como o presente. É sabido que para o 
deferimento de indenização por dano moral devem concorrer vários requisitos: a) 
interesse sobre o bem que haja sofrido diminuição ou destruição; b) a lesão ou o 
sofrimento deve afetar um interesse próprio; c) deve haver certeza ou efetividade do dano, 
ou seja, o dano deve ser certo; e, finalmente, o dano deve subsistir ao tempo do 
ressarcimento (Wladimir Valler; A Reparação do Dano Moral no Direito Brasileiro; E.V. 
Editora Ltda; São Paulo; 1994; 1ª Ed. p. 29). 
O dano moral sugere a ideia de um gravame a autoestima da vítima, algo que a constranja 
ou envergonhe no convívio social. Evidentemente, há de ser aparente, continuado, e não 
mitigável. Concluindo, se a) não há prova de que a lesão tenha causado perturbações no 
convício social do obreiro; e, b) para a condenação do dano moral deve haver certezae 
efetividade do dano, indaga-se: Qual, portanto, o fundamento da condenação dos danos 
morais? Por não ter se debruçado mais detidamente sobre o exame da matéria, o MM juiz 
faz confusão quanto a natureza e o alcance do dano moral. Convém apreender o seu real 
sentido: "Segundo os mestres da medicina legal, para existir deformidade, é necessário 
que ela seja: aparente, irreparável, permanente. Desde que aparente, visível, perceptível, 
ictu oculi, não importa à identificação da deformidade a parte do corpo em que seja 
localizada". (Wladimir Valler, Responsabilidade Civil e Criminal nos Acidentes 
Automobilísticos; Ed. Julex Livros; São Paulo, Tomo I, 2ª Ed. 1993, p. 166). 
Concluindo, ao contrário da indenização por dano material, que possui um conteúdo 
econômico direto e imediato, a indenização por dano moral busca, reflexamente, pela via 
da indenização pecuniária, confortar, minimizar a dor pela perda de algo. A perda 
indenizável, no caso, não se pode confundir, não é a perda da visão, pois esta se 
enquadraria no dano material, mas sim, a perda de algo mais (autoestima, honra, etc), é 
dizer, alguma coisa ligada com a e com o moral da vítima. Não há nos autos qualquer 
notícia a esse respeito. Logo, descabida esta parcela de indenização. Persistindo a 
condenação nesta verba, o que não se espera, cumpre frisar que a fixação do montante do 
dano moral é entregue à consciência e prudente arbítrio do juiz. Mas isto não é feito de 
forma aleatória. Devem ser aferidos a natureza e extensão do dano, a posição social da 
vítima e inumeráveis outros fatores. A fixação não pode, em absoluto, ser aleatória. No 
caso, não obstante a r. sentença tenha afirmado que a "quantia é arbitrada pelo julgador 
com cautela e prudência" (fls. ....), sem qualquer justificativa, fixou o dano moral em dois 
mil reais. Ora, isto é um exagero, sem qualquer menoscabo à autoestima da vítima. 
Máxime se se considerar que o recorrido continuou a laborar na empresa nos meses 
seguintes ao alegado acidente, sem mostrar qualquer sinal de perturbação emocional. 
Farta é a jurisprudência que, no caso de morte, muito mais grave, fixa neste patamar a 
indenização. 
Exemplo disto é a decisão proferida pela C. 7ª Câmara Cível deste egrégio Tribunal (Ac. 
nº 5610), da lavra do ilustre juiz Prestes Mattar: 
"RESPONSABILIDADE CIVIL. ATROPELAMENTO COM VÍTIMA 
FATAL. INDEFERIMENTO DOS BENEFÍCIOS DA JUSTIÇA 
GRATUITA. DESPESAS DO PROCESSO. CULPA DOS RÉUS 
COMPROVADA. DEVER DE INDENIZAR. IMPORTÂNCIA 
RECEBIDA A TÍTULO DE SEGURO OBRIGATÓRIO. NECESSIDADE 
DE SUA REDUÇÃO. PENSÃO FIXADA EM UM SALÁRIO MÍNIMO 
MENSAL. VALOR DE IDADE. LIMITE DE PENSIONAMENTO. 65 
ANOS DE IDADE. DANOS MORAIS. ACRÉSCIMO PARA 200 
SALÁRIOS MÍNIMOS". Conforme o magistério de HUMBERTO 
THEODORO JÚNIOR, "cabe, assim, ao prudente arbítrio dos juízes e à 
força criativa da doutrina e jurisprudência a instituição de critérios e 
parâmetros que haverão de presidir as indenizações por dano moral, a fim 
de evitar que o ressarcimento, na espécie, não se torne expressão de puro 
arbítrio, já que tal se transformaria numa quebra total de princípios básicos 
do Estado Democrático de Direito, como, por exemplo, o princípio da 
legalidade e o princípio da isonomia." 
Convém transcrever as lições de outros autores, invocadas pelo próprio THEODORO 
JÚNIOR: "Ao magistrado compete estimar o valor da reparação de ordem moral, 
adotando os critérios da prudência e do bom senso, levando em estima que o quantum 
arbitrado representa um valor simbólico que tem por escopo não o pagamento de um 
ultraje - a honra não tem preço - mas a compensação moral, a reparação satisfativa de 
vida pelo ofensor ao ofendido" (RP 66/206) "Ao fixar o valor da indenização, não 
procederá o juiz como um fantasiador, mas como um homem de responsabilidade e 
experiência, examinando as circunstâncias particulares do caso e decidindo com 
fundamento e moderação. Arbítrio prudente e moderado não é o mesmo que 
arbitrariedade". (Oliveira Deda, Enc. Saraiva. Vol 22. p. 290). 
Portanto, ainda que se entenda devida a indenização por danos morais, o que somente se 
admite por hipótese, o seu montante deverá ser reduzido, o que refletirá a adoção de 
critérios mais racionais. 
 
DOS PEDIDOS: 
 Isto posto, aguarda serenamente a Recorrente que, bem sopesadas estas razões, seja 
provido o recurso, reconhecendo-se a ausência de culpa da empresa e de nexo de 
causalidade, com a condenação do Recorrido nos ônus da sucumbência. 
Não sendo este o entendimento, seja afastada a indenização por dano moral e, 
sucessivamente, reduzido o montante indenizatório fixado sob esta rubrica. 
Nesses Termos, pede Deferimento. 
 
São Jerônimo, 15 de junho de 2020. 
 
Advogada 
OAB/RS n° XXXX

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