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GASTROENTEROLOGIA ISABELLA GEREMIAS T8B MEGAESÔFAGO DEFINIÇÃO ACALÁSIA Acalasia é uma doença, que ao longo do tempo e sem tratamento causa o megaesôfago. Afecção caracterizada por distúrbio motor do esôfago, com falta de peristaltismo e patência do esfíncter inferior do esôfago, decorrente da diminuição dos plexos nervosos submucosos e mioentéricos. EIE (esfíncter inferior esofâgico) não relaxa corretamente. Ele tem uma hipercontratilidade, não relaxando corretamente. Perda da propulsão nos dois terços inferiores do esôfago. No megaesôfago é a destruição dos plexos nervosos de Maissner e Auerbach. Com a progressão da Acalasia sem tratamento, ocorre uma obstrução à passagem do bolo alimentar, aumentando a pressão no interior do corpo do esôfago e levando a retenção do material não digerido, o que pode causar um remodelamento do esôfago. Esse remodelamento é observado clinicamente como uma dilatação esofágica, que pode se apresentar em graus variados e quando se torna severa é denominada megaesôfago. EPIDEMIOLOGIA Apresenta grandes diferenças geográficas, sendo baixa na Europa e nos países americanos situados acima da linha do Equador. Nos países onde a doença de Chagas é endêmica número de portadores da doença é elevado. No Brasil a área de maior incidência situa-se nos estados de Minas Gerais, Goiás, Bahia e São Paulo. ETIOLOGIA Esôfago hipocontrátil ou hipercontratil descoordenado Secundárias à DRGE, pois o refluxo é um retorno ácido, lesando a mucosa, e acaba fibrosando, causando hipocontratilidade. Lesões estenosantes esofágicas – pode ser neoplasia tambem, Doenças neoplásicas não esofágicas Doença sistêmica (esclerodermia, DM, neuropatia alcóolica) GASTROENTEROLOGIA ISABELLA GEREMIAS T8B Outras causas (D. Chagas, amiloidose, vagotomia, idiopática). Diversas etiologias – familiar (hereditários), auto-imune, infecciosa, idade e devido a fatores ambientais. Em nosso meio a infecciosa é a mais comum, pela transmissão do protozoário Tripanosoma Cruzi. Ocorre devido a uma invasão e destruição dos plexos mioentéricos de Auerbach e Meissner pelo Trypanosoma Cruzi, protozoário causador da doença de Chagas, gerando falha/espasmo de relaxamento do EEI, levando a um fluxo difícil de alimentos no estômago e consequente acúmulo de comida no esôfago. Além disso, lesa neurônios importantes para a peristalse do corpo esofagiano. FISIOPATOLOGIA Normal: Propagação do estímulo nervoso pelos plexos mioentéricos, resultando em ondas peristálticas, responsáveis pela condução do alimento até o estômago. Megaesôfago (D. Chagas) - Função comprometida pela destruição dos plexos pelo T. Cruzi. Ocorre desnervação esofágica (destruição do plexo mioentérico do esôfago) em vários níveis e também ao longo do tubo digestivo. Além disso, ocorre degeneração de fibras aferentes vagais e do núcleo dorsal motor do vago. No esfíncter esofágico inferior, o relaxamento é ausente ou incompleto (acalasia), com perda dos neurônios inibitórios do plexo mioentérico que contém os neurotransmisores óxido nítrico (NO) e peptídeo intestinal vasoativo. Da mesma maneira, a denervação intrínseca que se estabelece ao longo do esôfago ocasiona hipersensibilidade da musculatura lisa à ação de substâncias, como a metacolina e o betanecol, nas duas formas de acalasia. No corpo do esôfago, ocorre perda da peristalse, traduzida por ausência de contrações ou contrações simultâneas. Esta aperistalse também não é muito bem compreendida e alguns a relacionam com a perda do gradiente de latência ao longo do corpo esofágico, processo também mediado pelo óxido nítrico. Três características são encontradas na anatomia: • Perda de células ganglionares do plexo Auerbach. • Degeneração do nervo vago. • Alterações qualitativas e quantitativas no núcleo motor dorsal do n.vago. SINAIS E SINTOMAS • Dificuldade progressiva em ingerir alimentos sólidos com o passar do tempo • Regurgitação (retorno do alimento até a boca antes de chegar no estômago) • Dor no peito GASTROENTEROLOGIA ISABELLA GEREMIAS T8B • Pode haver perda de peso progressiva • Dilatação do esôfago • Broncoaspiração/ pneumonia aspirativa • Pirose • Tosse noturna DIAGNÓSTICO • Rx contrastado – esofagograma – REED – EED → são todos os mesmos exames • Endoscopia Digestiva Alta → para ver o tipo de lesão, fazer biópsia e diagnóstico diferencial • Esofagomanometria • Testes farmacológicos de denervação; • Cintilografia do esôfago; • Reações sorológicas - teste de Machado Guerreiro. REVISÃO EDA: Aumento do calibre esôfago (método ruim) / Dificuldade de passagem pela TEG – Descartar outras patologias RAIO X CONTRASTADO (EED): Aumento do calibre / Retenção do contraste – Afilamento distal (“bico de pássaro”) MANOMETRIA ESOFÁGICA – Gold Standard – Hipocontratilidade / Aperistalse do corpo do esôfago – Ausência de relaxamento do EIE ENDOULTRASSONOGRAFIA – Parede muscular hipertrofiada CLASSIFICAÇÃO Esofagograma - classifica o megaesôfago em 4 grupos de acordo com os parâmetros radiológicos (Rezende / Ferreira - Santos). GRAU I – calibre < 4 cm, pequeno ou nenhum retardo de esvaziamento. GRAU II – calibre de 4 a 7 cm, ondas terciárias, que são as ondas que não fazem parto do peristaltismo, ondas descoordenadas, retardo de esvaziamento, associado ou não a hipertonia do esôfago inferior. • Grau I e II são graus mais susceptíveis a correção cirúrgica GRAU III – Calibre de 7 a 10 cm, acinesia do esôfago inferior, atividade motora reduzida e grande retenção de contraste. GRAU IV – Calibre > 10 cm (Dolicomegaesôfago), grande retenção de contraste. Esôfago alongado, dobrando-se sobre a cúpula diafragmática EDA GASTROENTEROLOGIA ISABELLA GEREMIAS T8B Avaliar a integridade da mucosa, detecção de lesão neoplásica isolada e diagnóstico de lesão pré cancerosa (biópsia) MANOMETRIA Aperistalse do esôfago em seu corpo; Não relaxamento do EEI - Hipertonia; Solicitada quando o exame contrastado e a endoscopia não conseguem diagnosticar a causa da disfagia (acalásia idiopática, esclerodermia); Além de auxiliar no estudo de recidivas pós cirúrgicos. EXAMES LABORATORIAIS Reação sorológica Reação de machado guerreiro, positiva para muitos pacientes de zona endêmica Imunofluorescência indireta, superior no diagnóstico da D. de Chagas, tem maior sensibilidade. Os testes sorológicos mais empregados habitualmente são a reação de fixação de complemento de Machado e Guerreiro (90% de sensibilidade) e a imunofluorescência para Chagas, que apresenta menos falso negativos. Em caso de epidemiologia clara com um teste negativo, este deve ser repetido, ou introduzido outro para exclusão de falso negativo. Pelo menos três exames devem ser solicitados em caso dessa eventualidade. TRATAMENTO CLÍNICO Farmacoterapia com relaxantes de musculatura lisa (nitratos, bloqueadores de canal de Ca). Toxina Botulínica - pouco sucesso, por não ser duradouro Dilatação esofágica - utilizado principalmente em pacientes com acalasia idiopática. CIRÚRGICO Até grau II – cardiomiotomia a Heller associado a procedimento anti- refluxo. Graus mais elevados – ressecção subtotal do esôfago com anastomose esofagogástrica. DILATAÇÃO DO ESÔFAGO • Bons resultados em 75% dos casos • Necessidade de repetidas sessões CIRURGIA • Cardiomiotomia Heller + (cauterização do esôfago associado a fundoplicatura - pegar o fundo do esôfago e dar um ponto, ou seja, uma válvula) • Fundoplucatura Pinotti • Mega grau I e II COMPLICAÇÕES GASTROENTEROLOGIA ISABELLA GEREMIAS T8B • Bezoar – acumulo hermético de material parcialmenteou não digerido. • Aspiração de conteúdo esofagiano – decorrente de fístulas ou diverticulo • Divertículo do esôfago distal • Carcinoma de células escamosas do esôfago • Fístula esofagocárdica • Pneumopericárdio – presença de ar no pericárdio • Pericardite supurativa – presença de pus no pericárdio • Obstrução de vias aéreas com estridor NEOPLASIA O câncer de esôfago incide 33 vezes mais nos portadores de megaesôfago, do que na população em geral, portanto devem ter vigilância assegurada.
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