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Didática do Ensino Superior Cases de Qualidade -UNIP

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Didática do Ensino Superior: Cases de Qualidade 
 
Professora Conteudista 
 
Ana Cláudia Barreiro Nagy é natural do Rio de Janeiro, onde cursou 
Magistério e começou a estudar na Universidade Federal do Rio de 
Janeiro. Graduou-se em Pedagogia na Universidade Presbiteriana 
Mackenzie (1994). Especializou-se em Psicopedagogia pela 
Universidade Federal do Rio de Janeiro (2001). É mestre em 
Educação: Currículo pela Pontifícia Universidade Católica de São 
Paulo (2004), onde iniciou o Doutorado em Linguística Aplicada e 
Estudos da Linguagem (2005). Para complementar sua formação, 
cursa Letras (Português-Francês) na Universidade de São Paulo. 
Atualmente é professora conteudista da pós graduação em 
Formação em Educação a Distância da UNIP Interativa. Foi 
professora tutora em cursos de EaD no Senac - São Paulo. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Sumário 
 
Apresentação 
Introdução 
Unidade 1: A Didática e a docência 
1.1 A Didática: definição e seu objeto de estudo - os processos de ensino e de 
aprendizagem 
1.2 Planejamento em EaD: Objetivos, Conteúdos, Procedimentos, Avaliação 
1.2.1 Objetivos, Conteúdos, Procedimentos, Avaliação 
1.2.1.1 Objetivos 
1.2.1.2 Conteúdos 
1.2.1.3 Procedimentos 
1.2.1.4 Avaliação 
Unidade 2: EaD 
2.1 O Ensino à distância: breve histórico a partir das gerações de EaD 
2.2 Personagens do EaD: o aluno, o professor/tutor e o curso 
2.3 A escolha pela modalidade de estudo à distância: motivação e necessidade 
2.4 Carga horária do curso 
Unidade 3: Os AVAs e seu papel no fazer EaD 
3.1 Universidade Aberta do Brasil 
3.2 TICs (Tecnologias da informação e comunicação) aplicadas à Educação: os 
AVAs (ambientes virtuais de aprendizagem) 
Unidade 4: Modelos de ensino em EaD 
4.1: Modelos de ensino em EaD – SEI (Sistema de ensino Interativo) e SEPI 
(Sistema de ensino presencial interativo) desenvolvidos na UNIP Interativa 
4.2 Avaliação 
4.3 Interdisciplinaridade 
4.4 ESD: Educação sem Distância 
Unidade 5: Fazendo EaD acontecer 
5.1 Ferramentas e objetos de aprendizagem aplicáveis/utilizados em EaD: 
vantagens e dificuldades 
5.1.1 o correio eletrônico 
5.1.2 o AulaNet 
5.1.3 M-Learning e groupware 
3 
 
 
5.1.4 Classe Virtual 
5.1.5 Qsabe 
5.1.6 Web Course Creator 
5.1.7 Eureka 
Unidade 6: Cases de sucesso em EaD 
6.1 Análise de Cases de sucesso em EaD: olhar para instituições que 
desenvolvem ensino presencial, ensino híbrido e exclusivamente virtuais 
6.2 depoimentos de alunos e educadores 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Apresentação 
 
Olá, aluno (a)! 
 
Bem vindo! 
 
Neste material você encontrará os conteúdos pertinentes à disciplina Didática 
do Ensino Superior: Cases de Qualidade, na qual serão discutidos, 
fundamentalmente, a construção de conhecimento e o ensino e a 
aprendizagem na Educação à Distância. 
 
Para tal, vamos analisar práticas de avaliação da aprendizagem em EaD e 
questões como as formas de se aproximar dos estudantes, mesmo sabendo 
que estes e seus professores/tutores estão separados fisicamente. 
 
Ainda, será muito importante compreender quais são e como funcionam os 
meios de comunicação em EAD, seu planejamento – potencialidades e 
possibilidades e as concepções atuais e procedimentos pedagógicos que 
reorientam a Didática e o professor do Ensino Superior na atualidade. 
 
Também estudaremos a utilização das Tecnologias da Informação e 
Comunicação – TICs, aplicadas à Educação, visando despertar atitudes de 
aprendizagem mais complexas e significativas. 
 
Para finalizar, vamos analisar cases de sucesso em EaD no ensino superior 
pelo mundo a fora, especialmente no Brasil. 
 
Animado (a)? 
 
Então, mãos à obra! 
 
 
 
 
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Introdução 
 
Você já percebeu como nos dias de hoje, cada vez mais as escolas e 
universidades estão aderindo à utilização da EaD em sua metodologia de 
ensino? 
 
São aulas com apoio de ambientes virtuais de aprendizagem (AVAs) ou 
desenvolvidas com a apresentação de uma videoconferência, ou, ainda, 
lançando mão de ferramentais, como os blogs, videoblogs, sites, páginas 
pessoais e, até mesmo, via telefone celular. 
 
É. Não há mais como escapar dessa... 
 
E nem devemos, afinal, não se pode discutir o quanto todas essas tecnologias 
nos auxiliam, especialmente se não queremos ou não podemos ver nosso 
tempo sendo consumido no deslocamento entre nossas casas ou locais de 
trabalho até o local onde as aulas presenciais acontecem. 
 
Alguns ainda se ressentem e se amedrontam diante dessas possibilidades, 
mas uma coisa é certa: devemos ter a cabeça sempre aberta e olhar para tudo 
com curiosidade e visão de investigadores, de pesquisadores, que é o que um 
docente deve ser: um pesquisador, a todo momento. 
 
Deste modo, e por essa razão, você, aluno (a) do curso de pós graduação da 
UNIP Interativa está aqui e agora estudando esse livro texto: para compreender 
o que é ser professor na atualidade e com a EaD como mais uma possibilidade 
de ensinar e aprender também, pois, como disse certa vez Guimarães Rosa 
(1958, p. 16), “mestre é aquele que, de repente, aprende”, certo? 
 
O material que agora você tem em seu poder está dividido em seis unidades 
didáticas distintas, porém complementares. Cada uma delas apresenta uma 
particularidade do tema e foi organizada tendo em vista facilitar seu percurso 
dentro da temática. 
 
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Veja como estão organizadas: 
 
 
Unidade 1: A Didática e a docência: Ação docente; A Didática: definição e 
seu objeto de estudo - os processos de ensino e de aprendizagem; 
Planejamento em EaD: Objetivos, Conteúdos, Procedimentos, 
Avaliação 
Unidade 2: EaD: O Ensino à distância: breve histórico a partir das gerações de 
EaD; Personagens do EaD: o aluno, o professor/tutor e o curso; A 
escolha pela modalidade de estudo à distância: motivação e 
necessidade; Carga horária do curso 
Unidade 3: AVAs e tipos de EaD: Universidade Aberta do Brasil; TICs 
(Tecnologias da informação e comunicação) aplicadas à Educação: 
os AVAs (ambientes virtuais de aprendizagem); Tipos de aulas em 
EaD: teleaula, videoaula, modelo híbrido); ESD - Educação sem 
Distância 
Unidade 4: Modelos de ensino em EaD: Modelos de ensino em EaD – SEI 
(Sistema de ensino Interativo) e SEPI (Sistema de ensino presencial 
interativo) desenvolvidos na UNIP Interativa; Avaliação; 
Interdisciplinaridade 
Unidade 5: Fazendo EaD acontecer: Ferramentas e objetos de aprendizagem 
aplicáveis/utilizados em EaD: vantagens e dificuldades; o correio 
eletrônico; o AulaNet; M-Learning e groupware; Classe Virtual; 
Qsabe; Web Course Creator; Eureka 
Unidade 6: Cases de Susesso em EaD: Análise de Cases de sucesso em 
EaD: olhar para instituições que desenvolvem ensino presencial, 
ensino híbrido e exclusivamente virtuais; depoimentos de alunos e 
educadores 
 
 
Para estudar todos os temas indicados, os objetivos gerais da disciplina são: 
 
¾ Desenvolver a visão sobre a funcionalidade do EaD no ensino superior; 
7 
 
 
¾ Ter compromisso com uma ética de atuação profissional e com a 
organização da vida em sociedade; 
¾ Analisar os desafios da atuação docente frente às TICs; 
¾ Identificar as possibilidades da Didática como mediadora de um 
processo de ensino interativo. 
 
Também saiba quais são os objetivos específicos, os quais estão indicados a 
seguir: 
 
¾ Identificar o conceito de Didática e seu objeto de estudo; 
¾ Compreender os processos de ensinar e aprender e a construção do 
conhecimento
no meio virtual e para o ensino superior; 
¾ Conhecer o EaD e sua história; 
¾ Conhecer cases de sucesso que se desenvolveram na modalidade EaD; 
¾ Identificar AVAs e compreender suas diferenças e potencialidades; 
¾ Estudar as ferramentas e objetos de aprendizagem utilizados em EaD 
 
Aproveite a leitura e as imagens do seu livro texto e não deixe de buscar as 
indicações do “Saiba mais” para aprimorar seus conhecimentos! 
 
Seja bem-vindo e boa jornada! 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
8 
 
 
Unidade 1: A Didática e a docência 
 
Conteúdos trabalhados na unidade: Ação docente; A Didática: definição e 
seu objeto de estudo - os processos de ensino e de aprendizagem; 
Planejamento em EaD: Objetivos, Conteúdos, Procedimentos, 
Avaliação. 
 
 
Nesta unidade a intenção principal é buscar compreender o que é e como se 
deve desenvolver a ação docente. 
 
Atenção! Não estamos aqui falando em receituário. Jamais você encontrará 
alguma coisa semelhante a isso nos seus livros texto, pois o mais importante é 
o processo de reflexão a partir das leituras propostas, das indicações 
bibliográficas e assim por diante, certo? 
 
Com este pensamento em mente, vamos voltar um pouquinho na história e 
trazer para nossa conversa a principal ferramenta que todo educador deve 
conhecer para seguir em frente com seus estudos pedagógicos. 
 
Essa “ferramenta” é a Didática. 
 
1.1 A Didática: definição e seu objeto de estudo - os processos de ensino 
e de aprendizagem 
 
Certamente que você já ouviu falar sobre ela, a Didática, que tem como objeto 
de estudo os processos de ensino e de aprendizagem. 
 
Ainda, para clarear um pouco mais nossas ideias, lembro que esta – Didática – 
é uma palavra que tem origem na expressão grega “Τεχνή διδακτική” (techné 
didaktiké), cujo significado é “arte ou técnica de ensinar” ou “técnica de dirigir e 
orientar a aprendizagem”. 
 
É um termo antigo, mas que deve ser visto como muito atual e estar presente 
9 
 
 
em todas as salas de aula e quaisquer outros espaços educativos, formais ou 
não-formais. 
 
Como toda ciência, a Didática também teve um “pai”, Comenius, um dos 
maiores educadores do século XVII, que ficou conhecido como pai da Didática 
Moderna, especialmente devido à sua grande obra “Didática Magna”. 
 
Uma de suas mais célebres frases é sobre a Didática ser: 
 
“um método universal de ensinar tudo a todos. 
E de ensinar com tal certeza, que seja impossível não conseguir 
bons resultados. 
E de ensinar rapidamente, [...] sem nenhum aborrecimento para 
os alunos e para os professores, mas antes com sumo prazer 
para uns e para outros. 
E de ensinar solidamente, não superficialmente e apenas com 
palavras, mas encaminhando os alunos para uma verdadeira 
instrução, para os bons costumes e para a piedade sincera. 
[...] como de uma fonte viva que produz eternos arroios que vão, 
de novo, reunir-se num único rio; assim estabelecemos um 
método universal de fundar escolas universais” (COMENIUS, 
2001, p.3). (grifos nossos) 
 
 
Se esmiuçarmos esta fala tão pertinente para todo educador, chegaremos à 
arte de conseguir atingir este objetivo: ensinar, pois promover aprendizagens 
aos nossos alunos é a verdadeira intenção da ciência Didática. 
 
 
<Saiba mais início> 
 
 
Pesquise na Internet o nome de 
Comenius. Anote informações sobre 
ele. Ainda, consulte no endereço: 
http://loja.editoracomenius.com.br/q
uem-foi-comenius e veja uma breve 
biografia deste estudioso. 
Outra indicação importante é o livro 
citado, “Didática Magna”, o qual 
você baixar a partir do endereço 
eletrônico a seguir: 
10 
 
 
http://rizomas.net/educacao/metodo
s-de-ensino/313-comenius-didatica-
magna-livro-completo.html. 
 
<Saiba mais fim> 
 
Você já pensou sobre isso? Como você aprendeu na(s) escola(s) onde 
estudou? Certamente os professores preparavam aulas com explicações, 
atividades, exercícios em grupo, apresentações na frente da sala e, nos últimos 
tempos, eles também contavam com recursos tecnológicos, como data show, 
computador... 
 
Que tal conhecer a definição de Didática de uma das mais importantes 
estudiosas sobre o assunto, a professora pós-Doutora Vera Maria Ferrão 
Candau, (PUC-RJ)? 
 
Ela afirma que a Didática precisa ser pensada como “uma reflexão sistemática 
e busca de alternativas para os problemas da prática pedagógica” (2012, p.29). 
 
Deste modo, cabe ressaltar que este deve ser um processo contínuo e, se 
compartilhado, mais enriquecedor, pois os professores poderão trocar ideias 
com seus pares e, a partir dessa interação, refletir sobre suas próprias práticas 
e aperfeiçoá-las. 
 
Podemos dizer que há os seguintes elementos envolvidos na prática de cada 
educador: ele próprio, seus alunos, os conteúdos com os quais precisa 
trabalhar, as estratégias que utilizará para fazer seu trabalho e os processos 
avaliativos. 
 
Masetto (1997), assim como Candau (2012), também concorda que a Didática 
precisa ser vista com reflexão sistemática. Os dois afirmam que a mesma é um 
“estudo das teorias de ensino e aprendizagem aplicadas ao processo educativo 
que se realiza na escola, bem como dos resultados obtidos” (p. 14). 
 
 
11 
 
 
Assim, a Didática contribui com os processos de ensinar e de aprender. 
 
Ressalto que é importante ter em mente que a Didática não resolve tudo 
sozinha, pelo contrário, ele precisa das outras ciências para formar o educador 
e sua mentalidade transformadora. 
 
Vejamos: várias ciências que procuram entender o desenvolvimento humano 
estão presentes nos estudos da Didática, como a filosofia, a sociologia, a 
história, a comunicação, a psicologia, a antropologia, a educomunicação, entre 
outras. 
 
Cada uma delas traz uma forma de ver o ser humano em sua mais importante 
ação: conhecer. Os conhecimentos delas são essenciais para a construção 
das ações em sala de aula, assim como também nos ajudam na reflexão sobre 
nossa prática, sobre nossos alunos, como eles aprendem, se nossas hipóteses 
avaliativas estão corretas e são pertinentes e como podemos ser melhores 
professores. 
_______________________________________________________________ 
Para refletir sobre ensinar e aprender... 
 
http://www.maquinadequadrinhos.com.br/ 
_____________________________________________________________ 
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Você consegue perceber o quanto ensinar é um processo que deve ser 
minuciosamente pensado? Não podemos ir para sala de aula com nosso 
conhecimento achando que ele, por si só, já é suficiente. 
 
Quantas vezes você já ouviu alguém dizer (ou talvez já tenha dito) que “um 
determinado professor sabe muito”, “dá para perceber todo o conhecimento 
que tem, mas... ele não sabe passá-lo aos seus alunos e, por isso, a aula dele 
não é proveitosa”? 
 
Pense nisso e, em seguida, lembre-se da Didática e de como ela pode auxiliá-
lo como docente. 
 
<Observação início> 
 
Lembre-se: a Didática estuda os processos de ensino e aprendizagem! 
 
<Observação fim> 
 
 
1.2 Planejamento em EaD: Objetivos, Conteúdos, Procedimentos, 
Avaliação 
 
O que é planejar? Ouvimos tanto que essa é uma das mais importantes 
atividades do educador, mas, o que seria exatamente fazer um planejamento, 
apresentar um plano para determinado curso, aula ou atividade? 
 
Certamente você já fez pelo menos uma viagem, não é mesmo? 
 
Então, pense como foi até que você chegasse ao seu destino: há alguns 
passos necessários para o sucesso das férias, por exemplo (considere uma 
viagem de férias de um mês na qual você viajou de avião e ficou hospedado(a) 
num
hotel). 
 
¾ Primeiro você estabeleceu o local para onde iria; 
13 
 
 
¾ Como você teria um mês de disponibilidade para estar por lá, pensou 
em quanto dinheiro seria necessário dispor para passar todo o tempo, 
considerando os valores de passagens de ida e volta e de estadia; 
¾ Pesquisou os preços das passagens nas companhias aéreas que 
fazem o trajeto e os horários de embarque; 
¾ Buscou hotéis até se decidir por um em especial; 
¾ Em seguida, pesquisou como estaria o tempo durante o período de 
sua estadia no local; 
¾ Deixou instruções em sua casa para que tudo corresse bem até seu 
retorno (exemplo: agendou no banco o pagamento das contas, previu os 
gastos costumeiros e, para eles, deixou dinheiro em sua conta corrente, 
suspendeu assinatura da TV a cabo/digital e do jornal, etc.); 
¾ Arrumou a mala e conseguiu uma carona até o aeroporto como sua 
melhor amiga; 
¾ Embarcou! 
 
Percebeu o quanto dá trabalho ir “curtir” as férias? Até cansa, né? 
 
É exatamente o mesmo que ocorre com a ação didática: ela precisa ser 
detalhadamente pensada e minuciosamente organizada para que seu sucesso 
seja a mais concreta possibilidade. 
 
Ainda, cabe ressaltar que mesmo quando fazemos tantos planos para nossos 
alunos, alguma coisa pode não funcionar e é nesse momento que aparece uma 
das principais características do planejamento, ou seja, a flexibilidade. 
 
No caso da viagem, se você vai para um país estrangeiro, é prudente levar a 
moeda corrente utilizada por lá para não ter surpresas, por exemplo, chegar 
muito cedo ao local e as casas de câmbio estarem fechadas. 
 
Ou, ainda, se você for para uma cidade muito fria, é necessário ter à mão um 
casaco bem quentinho para você não congelar assim que sair do avião e 
estiver esperando as malas... 
 
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Pensando agora sobre a escola, imagine que a aula foi toda pensada para 
contar com a utilização de um vídeo: você o grava num cd-rom, reserva o 
equipamento necessário com antecedência, avisa aos alunos, prepara-os para 
o que lhes será apresentado e constrói fichas de avaliação para serem 
preenchidas após o filme. 
 
Contudo, no dia da exibição, simplesmente não há energia elétrica na escola, 
ou o local de projeção está às escuras ou, ainda, você percebe que a sala de 
aula não é adequada para tal atividade. O que fazer? 
 
É aí que vem a flexibilidade: o plano “B” tem que entrar em prática, ou o “C”, o 
“D”, enfim, alguma coisa deve ser feita para que os alunos não percam aquela 
aula, mesmo que não consigam assistir ao vídeo. 
 
Nem sempre o que planejamos efetivamente ocorre, mas o mais importante é 
exatamente não se tornar refém de uma mídia ou de uma determinada situação 
que pode falhar. 
 
Ser flexível é saber sair das possíveis situações em que o planejado não 
funcionou ou não surtou o efeito desejado. 
 
Ainda, é ter equilíbrio para que, durante todo o ano letivo, você possa 
desenvolver ações e atividades que substituam aquelas pensadas primeiro 
lugar: é replanejar sempre que necessário. 
 
Para que isso ocorra, é fundamental que você: 
 
• considere sempre o que os alunos já sabem até o momento e a 
relevância do conteúdo que será trabalhado; 
• faça avaliações diagnósticas e formativas frequentemente; 
• tenha sempre em mente quem é seu aluno, como você está ensinando e 
se seus objetivos, que devem ser pensados para os alunos, estão 
sendo atingidos (caso não estejam, verifique porquê e refaça suas 
propostas de acordo com as necessidades); 
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• ouça tudo e todos pois é dos alunos que as dúvidas surgirão ou a real 
medida do ritmo cadenciado por você para ensiná-los. 
 
 
<Observação início> 
E importante ser flexível, pois se o professor não fizer um planejamento 
maleável, o mesmo corre o risco de não alcançar objetivos previstos e isso é 
imperdoável no desenvolvimento de uma ação didática! 
 
Lembre-se: Qualquer plano é uma previsão, portanto, está sujeita a erros. Daí 
a importância em mudar sempre que parecer ser uma boa ideia, especialmente 
quando não estiver dando certo. É isso o que um verdadeiro educador faz com 
grande facilidade, certo? 
<Observação fim> 
 
1.2.1 Objetivos, Conteúdos, Procedimentos, Avaliação 
 
Viu como planejar é importante? Vamos sistematizar o conceito nas palavras 
de Haydt (2006)? Ela diz que 
 
planejar é analisar uma dada realidade, refletindo sobre as condições 
existentes, e prever as formas alternativas de ação para superar as 
dificuldades ou alcançar os objetivos desejados. Portanto, o 
planejamento é um processo mental que envolve análise, reflexão e 
previsão (p. 45). 
 
De acordo com a autora, analisar quem são os alunos, refletir sobre quais 
conteúdos trabalhar e prever, por exemplo, como serão as aulas, quanto tempo 
será necessário para desenvolvê-las, dentre outras preocupações é questão de 
ordem para todo educador. 
 
O planejamento entra exatamente nesse momento, ou seja, quando 
começamos a pensar no que ensinar, para quem ensinar, como ensinar, como 
o aluno aprende e de que modo verificar se aprendeu e como pode ser 
16 
 
 
melhorado todo esse processo. 
 
Até aqui, caminhamos bem. Que tal se aprofundarmos um pouco mais nossa 
discussão? 
 
Dissemos que planejar é fundamental e, ainda, que este deve ser flexível. 
Mas... o que compõe um plano? Quais suas partes imprescindíveis? 
 
1.2.1.1 Objetivos 
 
Os objetivos são o ponto inicial a partir do qual as intenções de trabalho dentro 
da instituição de ensino (formal ou não formal) começam a ser pensadas. 
 
São eles que devem orientar a seleção dos conteúdos que serão ensinados 
aos aprendentes. Assim, os objetivos são o ponto de partida de todo 
planejamento. 
 
Eles subdividem-se em: 
 
a) Objetivos gerais: previstos para um determinado grau ou ciclo, 
numa escola ou certa área de estudo, e que serão alcançados a 
longo prazo; 
 
b) Objetivos específicos: são aqueles definidos especificamente para 
uma disciplina, uma unidade de ensino ou uma aula. Consistem no 
desdobramento ou operacionalização dos objetivos gerais. Eles 
apresentam, de forma pormenorizada, as ações que se tem intenção 
de desenvolver e aonde se quer chegar. 
 
Para simplificar, pode-se afirmar que os objetivos gerais nos forneceriam as 
diretrizes para a ação educativa como um todo enquanto os objetivos 
específicos norteariam, diretamente, o processo de ensino e aprendizagem e, 
ainda, estabeleceriam uma estreita relação com as singularidades relativas aos 
conteúdos trabalhados. 
17 
 
 
 
Vejamos exemplos: 
 
Exemplo 1 
* OBJETIVO GERAL: 
 
Oferecer aos alunos uma noção precisa da importância do planejamento como 
ferramenta de base na organização do turismo. 
 
 
* OBJETIVOS ESPECÍFICOS: 
 . Dominar a aplicação de metodologias e técnicas de planejamento turístico; 
· Ampliar o leque de possibilidades de atuação profissional; 
· Estabelecer mecanismos de planejamento que venham promover a 
sustentabilidade de projetos e programas voltados para o turismo. 
 
 
Neste caso, percebe-se que o objetivo geral visa que o aluno do curso de 
Turismo desenvolva a importante noção de que planejar é fundamental para 
sua prática profissional. 
 
Em seguida, esta ideia é esmiuçada, ou seja, é posto que esse mesmo aluno 
conheça e aplique metodologias e técnicas do planejamento em sua área de 
forma a ampliar a área de alcance de sua atuação como profissional nesta área 
e, ainda, que coloque em prática seus conhecimentos para desenvolver a 
sustentabilidade associada ao turismo. 
 
O objetivo geral dá uma visão simplificada do
que é esperado. Os objetivos 
específicos detalham ao máximo a ideia lançada inicialmente. 
 
Vejamos mais um exemplo: 
 
 
Exemplo 2 
18 
 
 
 
* OBJETIVO GERAL: 
 
O Programa visa à promoção de melhorias no desempenho da Administração 
Pública, com a finalidade de aumentar a eficiência e a efetividade das políticas 
de governo. 
 
* OBJETIVOS ESPECÍFICOS: 
 
. Fortalecer a capacidade de planejamento e gestão de políticas públicas; 
. Desenvolver a capacidade de administração de recursos humanos; 
. Modernizar a estrutura organizacional e seus processos administrativos; 
. Fortalecer mecanismos de transparência administrativa e de comunicação 
social; 
. Modernizar a gestão de informação e integrar seus sistemas de informática. 
 
 
 
Neste caso é intenção que melhore o desempenho da administração pública 
para aumentar a eficácia das políticas públicas. 
 
Desenrolando, temos que, para que isso aconteça, espera-se que o 
planejamento seja melhor construído, levando em conta os recursos reais e 
como estes serão administrados para que haja transparência nas ações. 
 
Para isso, contam com uma gestão, não só administrativa mais competente, 
como com a gestão das tecnologias envolvidas mais simples e eficiente. 
 
Um último exemplo: 
 
 
 
 
Exemplo 3 
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* OBJETIVO GERAL: 
 
Analisar os motivos da evasão escolar nos cursos de formação de professores 
no estado do Rio de Janeiro entre os anos 1990 e 2000. 
 
* OBJETIVOS ESPECÍFICOS: 
 
. Verificar a relação entre professores e alunos de cursos de formação de 
professores no estado do Rio de Janeiro entre os anos 1990 e 2000; 
. Identificar o nível de interesse dos alunos; 
. Reconhecer as prioridades estabelecidas pelos alunos; 
. Apresentar os motivos que conduzem os alunos à evasão escolar. 
 
 
Neste último caso, o que se pode perceber é que a evasão escolar nos cursos 
de formação de professores no estado do Rio de Janeiro entre os anos 1990 e 
2000 é uma questão pertinente a ser compreendida, assim, este período 
aparece identificado. 
 
Em seguida, para compreender os reais motivos da significativa evasão, 
esmiuçou-se o problema, buscando entender se houve alguma situação 
recorrente que fizesse com que os alunos largassem seus cursos. Para isso 
até o relacionamento entre alunos e professores foi pesquisado. 
 
E então, você consegue perceber como são os objetivos que norteiam a ação 
pedagógica? É a partir deles que elaboramos as diretrizes a serem 
desenvolvidas em nosso trabalho. 
 
<Atividade de Aplicação início> 
_______________________________________________________________ 
 Coloque no papel seus objetivos de vida para os próximos cinco 
anos. Organize com eles um quadro identificando quais são os gerais e quais 
20 
 
 
são os específicos. Justifique suas escolhas. 
_______________________________________________________________ 
<Atividade de Aplicação fim> 
 
 
1.2.1.2 Conteúdos 
Professores e alunos trabalham sempre com conteúdos. 
 
Vamos ver como isso funciona na prática? 
 
Leia os objetivos que seguem: 
 
 
. Ampliar gradativamente suas possibilidades de comunicação e expressão, 
interessando-se por conhecer vários gêneros orais e escritos e participando de 
diversas situações de intercâmbio social nas quais possa contar suas 
vivências, ouvir as de outras pessoas, elaborar e responder perguntas; 
. Familiarizar-se com a escrita por meio do manuseio de livros, revistas e outros 
portadores de texto e da vivência de diversas situações nas quais seu uso se 
faça necessário; 
. Reconhecer seu nome escrito, sabendo identificá-lo nas diversas situações do 
cotidiano; 
. Escolher os livros para ler e escutar textos lidos, apreciando a leitura feita pelo 
professor. 
 
http://www.beijaflorsorocaba.com.br/arquivos/Maternal%20II.pdf 
 
Imagine que assuntos serão necessários que sejam trabalhados para que os 
objetivos acima sejam atingidos? 
 
O que você sugere? Vou ajudá-lo(a). 
 
Se o docente pretende que seu aluno “amplie gradativamente suas 
possibilidades de comunicação e expressão”, o que o professor precisa 
21 
 
 
trabalhar é com a fala e com a escrita (mesmo que rudimentar, pois é educação 
infantil), assim, são conteúdos: fala (expressão oral) e escrita (expressão 
escrita). 
 
Mas há ainda outros conteúdos neste objetivo: ao desejar que seu educando 
passe a “interessar-se por conhecer vários gêneros orais e escritos”, o 
professor precisa criar estratégias de trabalho que desenvolvam o conteúdo 
gêneros orais e escritos (por exemplo, roda de conversa, cartazes, cantigas de 
roda, histórias em quadrinho, anúncio, carta, etc.). 
 
Assim, sem explicar que gêneros são “formas relativamente estáveis de 
enunciados, disponíveis na cultura” (PCNs de Língua Portuguesa, p. ) ou, como 
define Bakthin (2003), “tipos relativamente estáveis de enunciados constituídos 
historicamente e que mantêm uma relação direta com a dimensão social” (p. 
261), o professor estará fazendo com que seu aluno tenha contato com o 
conteúdo que está proposto no objetivo. 
 
Na verdade, como o objetivo deve ser construído primeiro, é a partir dele que o 
conteúdo será pensado e auxiliará para que aquele seja atingido. 
 
O conteúdo é, portanto, todo aquele saber que foi (e ainda é) acumulado 
durante os séculos. De acordo com (HAYDT, 2006, p. 59), 
 
“esse saber apresenta uma natureza dinâmica, porque está em 
contínua expansão e atualização, renovando-se constantemente. A 
escola, como instituição social e agência formadora, é o centro da 
educação sistemática e tem como função básica a transmissão 
sistematizada do conhecimento universal”. 
 
De qualquer modo é importante pensar que conteúdo está em toda parte e que 
aprendemos coisas novas a todo momento, em qualquer lugar. A escola e a 
universidade são espaços que procuram mostrar os conteúdos acumulados 
pela humanidade para a sociedade, pois neles há professores cujo trabalho é 
exatamente aprender esses conteúdos e apresentá-los aos alunos. 
22 
 
 
 
Você já pensou que existem conteúdos diferentes, com diversas finalidades? 
Vejamos como é isso. 
 
Já pensou que há coisas que simplesmente memorizamos com a repetição, 
como os nomes das ruas no caminho de casa para a universidade ou os 
nomes dos nossos colegas de classe? 
 
Há coisas sobre as quais precisamos refletir para podermos compreender ou 
que, na comunicação, precisamos saber definir para que possamos ser 
compreendidos. 
 
São conhecimentos diferentes, dos mais simples aos mais complexos, como os 
sentimentos. 
 
Vamos classificá-los? 
 
De acordo com Zabala (2006), há quatro tipos de conteúdos: 
 
a) Factuais (aprendizagem de fatos) – o indivíduo aprende por 
memorização, por repetição verbal. 
Alguns dirão que esse conhecimento é irrelevante, até mesmo 
desnecessário. Não é não. Ele é fundamental, pois existem certos 
conteúdos que precisam sim ser memorizados, como por exemplo, 
nomes de pessoas com as quais trabalhamos ou estudamos: como 
saber sem praticar? 
A estratégia aqui é, no momento de cumprimentar uma pessoa, dizer 
seu nome até que o mesmo seja fixado por você. 
Imagine que desagradável você ser escolhido como redator(a) no grupo 
de trabalho da faculdade e, na hora de fazer a identificação dos 
componentes, ter que perguntar “como é seu nome mesmo?” para 
aquela pessoa que sempre o ajuda com alguma disciplina que você tem 
dificuldade? 
Não há outra forma de aprender seu nome se não pela memorização. 
23 
 
 
 
b) Conceituais (aprendizagem
de conceitos e princípios) – estão 
diretamente relacionados à busca de informação para melhora do 
conteúdo; sua aprendizagem exige do indivíduo uma atividade 
cognoscitiva mais significativa que a anterior. Este tipo é, na verdade, 
uma ampliação daquela. Poderíamos dizer que este tipo de conteúdo 
está associado ao saber conhecer. 
 
c) Procedimentais (aprendizagem de procedimentos) – partem de uma 
investigação autônoma e observação direta de cada indivíduo. Associa-
se com o saber fazer, pois é uma aprendizagem das ações necessárias 
a realização de algo. 
 
 
d) Atitudinais (aprendizagem de atitudes) – estão relacionados com a 
socialização, a cooperação e a inserção do indivíduo no seu meio social 
e cultural. 
Em determinadas culturas as famílias decidem com quem seus filhos 
vão casar-se. Essa atitude é aceita pelos filhos, que se casam mesmo 
que venham a se conhecer apenas no dia do casamento. Esse conteúdo 
tem a ver com os valores que são aprendidos ao longo da vida. 
 
Você compreendeu que para cada tipo de conteúdo há formas mais pontuais 
de se trabalhar, certo? Essas formas são os procedimentos, ou seja, as 
estratégias que todo professor deve inserir em seu planejamento após definir o 
conteúdo que vai trabalhar. 
 
Eles são nosso próximo tópico. 
 
<Lembrete início> 
Observe o quadro abaixo para não esquecer como devem ser desenvolvidas 
as atividades para trabalhar cada tipo de conteúdo. 
Conteúdos  Atividades de aprendizagem 
24 
 
 
Factuais  Repetições verbais
Conceituais Experiências
Procedimentais  Aplicações e exercícios
Atitudinais  Vivências + componentes afetivos 
 
<Lembrete fim> 
 
 
1.2.1.3 Procedimentos 
 
Já falamos sobre os objetivos e os conteúdos. Resta saber como associá-los, 
visto que, através do trabalho com os conteúdos é que os objetivos, como 
dissemos, poderão ser atingidos, não é? 
 
E agora? É simples! Aqui entram os procedimentos de ensino. 
 
Procedimentos são todas as ações que os educadores planejam visando a 
aprendizagem de seu aluno. Eles são as formas através das quais os 
professores encontram para mediar o conhecimento a ser trabalhado, ou seja, 
é com a utilização de técnicas de metodologias de ensino que a aula irá se 
desenvolver. 
 
É com os procedimentos que ocorre a mediação dos conteúdos escolhidos 
para serem trabalhados. Ressalto que, quanto mais interativas forem as 
escolhas docentes, maior possibilidade de sucesso no curso. 
 
É certo que as formas de se trabalhar devem ser mescladas – ora 
individualizadas, ora socializadas, ora sócio-individualizadas, contudo, o mais 
importante é que o professor sinta-se seguro para realizar a aula tal como ele a 
desenhou. 
 
Há autores que dizem que as estratégias e os procedimentos são a mesma 
coisa, outros os diferenciam. Aqui, vamos considerá-los como irmãos gêmeos, 
ou seja, eles são imprescindíveis um ao outro. 
25 
 
 
 
Ao planejarmos uma aula, é indispensável ter em mente como o conteúdo será 
trabalho e, assim, qual será o modo de fazê-lo. Daí considerarmos ambos 
como trabalhando de mãos dadas para o sucesso da empreitada pedagógica. 
 
Lembre-se, portanto, que a função dos procedimentos e estratégias de ensino 
e aprendizagem é auxiliar o processo de reconstrução do conhecimento pelo 
aluno! 
 
<Observação início> 
 
Há critérios básicos para selecionar um procedimento de ensino, de acordo 
com Haydt (2006): 
• adequação aos objetivos propostos para o processo educacional; 
• compreensão da natureza do conhecimento a ser construído pelo aluno e 
do tipo de aprendizagem a se realizar; 
• conhecimento das características do aluno (idade, nível de maturidade e 
desenvolvimento mental, grau de interesse e suas expectativas de 
aprendizagem); 
• noção das condições físicas existentes e do tempo disponível. 
 
<Observação fim> 
 
 
Agora que já falamos sobre partes fundamentais na elaboração do 
planejamento, falta acrescentar um processo que nos dá o retorno do nosso 
trabalho. 
 
Precisamos saber se nossas ações estão corretas e surtindo o efeito esperado. 
Como obtemos essas respostas? Como detectamos que nosso aluno 
aprendeu, que construiu seus conhecimentos? 
 
É aqui que entra a avaliação. Vamos falar sobre ela no próximo item. 
 
1.2.1.4 Avaliação 
26 
 
 
 
O que é avaliação? Por que todo mundo tem medo de ser avaliado? Ter seus 
méritos reconhecidos e suas fraquezas apontadas não teria o objetivo de te 
ajudar a melhorar ou a manter-se como está? 
 
Avaliar é um nó na educação, embora devesse ser muito diferente. A avaliação 
nos mostra nossas potencialidades, nossas falhas e nossos acertos. Assim, 
deveríamos vivenciar com tranquilidade esse processo, mas, a história não é 
bem essa... 
 
Para começar essa conversa, peço que você assista ao vídeo no endereço 
eletrônico: <http://www.youtube.com/watch?v=iiJWUcR0g5M>, no qual o prof. 
Dr. Cipriano Carlos Luckesi fala brevemente sobre avaliação X examinação. 
 
Após assisti-lo, acredito que você estará com uma “pulguinha atrás da orelha” 
se questionando se o que você faz (se está em sala de aula) ou se seus 
professores fizeram com você foi avaliação ou examinação. 
 
O prof. Luckesi define examinação como a prática de aplicar exames, deles 
tirar uma nota e aprovar ou reprovar o aluno. Ele diz que a avaliação é muito 
diferente, ela é mediadora, dialógica, configura o aluno em sua totalidade e não 
em um determinado momento que você, professor, decidiu que seria “A” hora 
de ver como está sua aprendizagem apenas respondendo às questões que 
você elaborou para aquela oportunidade. 
 
Vamos ver trechos de sua fala em entrevista concedida ao Jornalista Paulo 
Camargo, publicado no caderno do Colégio Uirapuru, de Sorocaba, estado de 
São Paulo, por ocasião da Conferência: Avaliação da Aprendizagem na Escola, 
em 8 de outubro de 2005 (e parece que nem se passaram esses anos)? 
 
“a escola hoje ainda não avalia a aprendizagem do educando, mas sim o 
examina (...) Historicamente, mudamos o nome, sem modificar a prática. 
 
(...) Para compreender esse ponto de vista, basta verificarmos as 
27 
 
 
características básicas, de um lado, do ato de examinar e, de outro, do 
ato de avaliar. 
 
Iniciemos pelos exames escolares. (...) eles operam com desempenho 
final. (...) não interessa como o respondente chegou a essa resposta, 
importa somente a resposta. (...) os exames são pontuais, (...) não 
interessa o que estava acontecendo com o educando antes da prova, 
nem interessa o que poderá acontecer depois. (...) Tanto é assim que se 
um aluno, num dia de prova, após entregar a sua prova respondida ao 
professor, der-se conta de que não respondeu adequadamente a 
questão 3, por exemplo, e solicitar ao mesmo a possibilidade de refazê-
la, nenhum dos nossos professores, permitirá que isso seja feito; mesmo 
que o aluno nem tenha ainda saído da sala de aulas. (...) 
 
os exames são classificatórios, ou seja, eles classificam os educandos 
em aprovados ou reprovados, ou coisa semelhante” (p.1) 
 
Diante de Luckesi (2005), pergunta-se: o que é avaliar? Estamos realmente 
avaliando? 
 
Se a resposta à segunda pergunta foi “Não”, precisamos repensar nossa 
prática. 
 
 
<Saiba mais início> 
 
Em: <http://www.youtube.com/watch?v=6rHvpwKOpQg& feature=related> você 
encontrará o vídeo “Avaliação: Prêmio ou Punição?”. Assista-o. Ele é muito 
interessante e o(a) auxiliará na reflexão sobre a avaliação. 
 
 <Saiba mais fim> 
 
A avaliação deve ser constante em nossa vida, desde a hora em que 
acordamos e escolhemos a roupa para usar (e damos
uma olhada no espelho 
para ver se nos agrada, ou seja, para avaliar se estamos bem e é essa 
realmente a roupa daquele dia) até quando voltamos para casa, à noite, 
28 
 
 
cansados, mas felizes pelo dia agradável (pois recebemos vários elogios 
devido à roupa escolhida), por exemplo. 
 
Saul (1994, p. 61) aponta que 
 
“Na ação escolar, a avaliação incide sobre ações ou sobre objetos 
específicos - no caso, o aproveitamento do aluno ou nosso plano de 
ação. Avaliação, portanto, não pode ser confundida, como por vezes se 
faz, com o momento exclusivo de atribuição de notas ou com momentos 
em que estamos analisando e julgando o mérito do trabalho que os 
alunos desenvolveram. Vale dizer que a avaliação recai sobre inúmeros 
objetos, não só sobre o rendimento escolar.” 
 
Sob esse ponto de vista, a avaliação, que é uma prática social ampla, 
especialmente pelo fato de que o ser humano tem uma capacidade ímpar de 
observar – a si e ao outro, de refletir diante do que vê e de emitir juízo de valor 
sobre essa reflexão, tem que ser prática educativa, não meramente atribuidora 
de notas e de aprovações e/ou reprovações. 
 
De qualquer modo, antes de trazer Jussara Hoffmann e sua avaliação 
mediadora para nossa discussão, vamos definir os três tipos mais comuns de 
avaliação? 
 
A avaliação, como já dissemos, é um processo interessado em produzir 
informações sobre o processo de aprendizagem. A todo momento podemos 
colher essa informações, e estas também são diferentes, nos dão sinais 
diferentes sobre nossos alunos. 
 
Os três tipos de avaliação sobre os quais estamos falando, são: diagnóstica, 
formativa e somativa. Cada uma delas nos fornece dados específicos em 
momentos diversos, mas, ressalto, elas são complementares. 
 
Vejamos: 
 
29 
 
 
a) avaliação diagnóstica: tem por objetivo verificar se os aprendentes já 
construíram os conhecimentos necessários para ir adiante, passando a uma 
nova aprendizagem, a qual prescinde destes conhecimentos anteriores. 
Ex: sempre antes de introdução um novo conteúdo, o professor verifica se não 
há brechas, dificuldades com o conteúdo anteriormente trabalhado. 
 
b) avaliação formativa: é o feedback que vai retroalimentar todo o processo 
pedagógico. Ela é aplicada ao longo de todo o processo, em todas as situações 
de aprendizagem, visto que seus objetivos são: identificar situações de 
aprendizagens mal conseguidas, informar sobre medidas para corrigir falhas 
e/ou melhorar o processo. 
Ex: durante todo o processo o professor promove pequenas avaliações e, ao 
detectar que o aluno apresenta dificuldades, vai tentando saná-las ao longo do 
bimestre letivo, por exemplo, para que o aluno não carregue para o bimestre 
seguinte dúvidas que dificultarão suas novas aprendizagens, o que, se não for 
verificado e se o docente não tomar uma providência para sanar, poderá virar 
uma “bola de neve”, ou seja, dúvida sobre dúvida. 
 
c) avaliação somativa: é a soma das aprendizagens e competências 
adquiridas durante todo um bimestre, um semestre ou um ano letivo. Ela é, 
portanto, classificatória. 
Ex: os alunos de um curso de Letras são classificados mediante as médias 
ponderadas obtidas ao final dos dois primeiros semestres letivos. Mediante a 
classificação eles terão ou não a possibilidade de cursar a língua estrangeira 
escolhida. Há um ranqueamento pois as vagas são limitadas entre as línguas. 
 
<Lembrete início> 
Tipos de avaliação (Adaptado de PROENÇA, Maria Cândida, Didáctica da 
História, Lisboa, Universidade Aberta, 1989, pp. 148-150 e de MASACHS, 
Roser Calaf; CASARES, M. Ángeles Suárez e FERNÁNDEZ, Rafael 
Menéndez, Aprender a Enseñar Geografía, Barcelona, Oikos-Tau, 1997, pp. 
181-195) 
 
30 
 
 
 
 
 
 DIAGNÓSTICA 
 
FORMATIVA 
SOMATIVA 
Objetivos 
- Obter 
indicações sobre 
conhecimentos, 
aptidões, 
interesses (ou 
outras 
qualidades do 
aluno). 
 
- Determinar a 
posição dos 
alunos no início 
de uma unidade 
de ensino, 
período ou ano. 
 
- Determinar as 
causas 
subjacentes de 
dificuldades de 
aprendizagem. 
- "Feedback" ao 
professor e ao 
aluno 
relativamente ao 
progresso deste.
 
- Detectar os 
problemas de 
ensino e 
aprendizagem. 
 
 
 
 
 
 
- Classificar os 
alunos no final de 
um período 
relativamente 
longo (por 
exemplo, unidade 
de ensino; 
período, ano, 
etc.). 
 
 
 
 
 
 
 
 
Quando 
- No início de 
uma unidade de 
ensino, período 
ou ano letivo. 
 
 
- Durante o 
processo de 
ensino-
aprendizagem. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
- No final de um 
período 
relativamente 
longo (por 
exemplo, unidade 
de ensino; 
período, ano, 
etc.). 
 
 
 
 
 
 
Ênfase em 
- Aptidões, 
interesses, etc., 
que são julgados 
necessários (pré-
exigidos ou 
desejáveis 
relativamente 
aos objetivos a 
atingir. 
 
- Resultados da 
aprendizagem 
relativamente 
aos objetivos. 
 
- Comparação 
dos diferentes 
resultados 
obtidos pelo 
mesmo aluno. 
- Resultados de 
aprendizagem 
relativamente aos 
objetivos. 
 
 
 
 
 
 
31 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
- Processo de 
ensino-
aprendizagem 
que permitiu os 
resultados 
obtidos. 
 
- Causas dos 
insucessos de 
aprendizagem. 
 
 
 
 
 
 
Tipos de 
instrumentos 
- Instrumentos de 
diagnóstico. 
 
 
- Instrumentos 
formativos 
especialmente 
concebidos. 
- Provas finais ou 
somativas. 
 
 
 
<Lembrete fim> 
 
 
Pense sobre esses três tipos avaliatórios e, para esquentar nossa conversa, 
trago Jussara Hoffman (2000): ela defende a avaliação mediadora como a 
única possível, aquela através da qual é necessário deixar de focar o coletivo e 
apreciar o individual para poder perceber como cada um aprende ou não 
aprende. 
 
É a multidimensionalidade do olhar para o processo educativo e todas as suas 
nuances. 
 
É necessária uma mudança na atitude do professor e dos sistemas de ensino e 
de toda a sociedade que ainda está no paradigma de atribuição de valor 
numérico para os conhecimentos – construídos ou não pelos aprendentes. 
 
Essa mudança só pode vir pela mudança de mentalidade, se olharmos para 
nossas práticas atuais e refletirmos acerca dos resultados que eles tem nos 
oferecido. 
 
Deste modo, surge a avaliação mediadora, a qual propõe um. modelo 
diferenciado, que está baseado na possibilidade de dialogar com os alunos e 
32 
 
 
aproximar-se deles. 
 
Para isso, reitero: é fundamental que as práticas docentes sejam repensadas e 
completamente modificadas, levando-se em consideração a 
contemporaneidade, a situação sócio-cultural dos alunos, sua compreensão do 
mundo, suas perspectivas para a vida etc. 
 
Deste modo, olhando a avaliação sob este ângulo, até a visão do erro será 
diferenciada. Ele será considerado como parte do processo de aprendizagem, 
como forma que o aluno encontrou para acertar. É a sua testagem de hipóteses 
que deve ter uma carga superior na avaliação, não o resultado final. 
 
Imagine um aluno que acertou todo o raciocínio na resolução de uma 
expressão matemática, mas, como errou uma soma, por exemplo, o que o 
levou a encontrar um resultado diferente do esperado, teve sua questão 
completamente anulada? 
 
Talvez você mesmo(a) já tenha passado por isso. 
 
É avaliativa essa prática de olhar o resultado final e dar certou ou errado? E 
todo o desenvolvimento do raciocínio do aluno? Não valeu de nada? 
 
Precisamos mudar essa perspectiva! Um novo paradigma para a avaliação já! 
Os professores são capazes de criar e propor situações desafiadoras
aos seus 
alunos de forma que estes analisem possibilidades, testem hipóteses e 
cheguem às suas próprias conclusões a partir de seus percursos individuais, 
porém, incentivados por seus mestres, orientadores da aprendizagem. 
Somente assim a aprendizagem passará de mecânica à significativa e a 
educação poderá exercer seu papel de transformação social. 
 
 
<Atividade de aplicação início> 
_______________________________________________________________ 
33 
 
 
 Pergunte aos seus amigos, familiares e colegas de trabalho 
qual (is) a(s) sensação(ões) mais comum(ns) para eles quando tinham que 
fazer prova. Reflita sobre as respostas e construa um breve texto 
argumentando sobre a forma de avaliação e a discussão deste item. 
_______________________________________________________________ 
<Atividade de aplicação fim> 
 
<Resumo – início> 
 
Resumo 
 
Nesta unidade você estudou sobre a Didática e todas as possibilidades que a 
partir dela são geradas visando o desenvolvimento de um processo de ensino e 
de aprendizagem de boa qualidade. 
 
Você foi levado(a) a pensar sobre a aprendizagem, portanto e, para isso, 
passeou pelas ações de planejar, onde você estudou os objetivos, os 
conteúdos, os procedimentos e a avaliação. 
 
Espero que os conteúdos tenham sido proveitosos para você e o(a) leve 
curiosamente às próximas unidades. 
 
Tenha sempre em mente que a razão da instituição escolar existir é a 
promoção da aprendizagem e da construção de conhecimento dos alunos e 
você será responsável por parte disso. 
 
Bons estudos! 
 
<Resumo – fim> 
 
 
34 
 
 
Unidade 2: EaD 
 
Conteúdos trabalhados na unidade: O Ensino à distância: breve histórico a 
partir das gerações de EaD; Personagens do EaD: o aluno, o 
professor/tutor e o curso; A escolha pela modalidade de estudo à 
distância: motivação e necessidade; Carga horária do curso 
 
 
Um educador deve estar sempre antenado às modificações que ocorrem em 
seu tempo. A sala de aula, para alguns, é a mesma desde os tempos 
medievais, muito antigos, séculos passados. Para outros, ela se moderniza a 
cada dia. 
 
Como seria isso? 
 
É certo que, na grande maioria das escolas, os alunos sentam-se enfileirados, 
um atrás do outro, a mesa do professor está à frente, há um grande quadro de 
giz no qual o docente escreve as informações que seus alunos precisam 
aprender. Estes copiam as mesmas no caderno e devem decorá-las para as 
provas. 
 
Em muitas escolas é assim que acontece. Você me diria que não? 
 
Então, em algumas é assim que funciona e funcionará por muitos anos, mas, e 
as outras sobre as quais falei que se modernizam a cada dia? O que é isso? 
Como ocorre e como percebemos essa modernização? 
 
Vamos ver? Por exemplo: com a inserção de data show, computadores 
pessoais, notebooks, tablets, enfim, de recursos tecnológicos que possibilitam 
a pesquisa instantânea, de dentro da própria sala de aula. 
 
Não vou mudar de assunto, mas te pergunto: Você já esteve em Paris? Já 
visitou um dos mais famosos e interessantes museus do mundo? Eu já! Aliás, 
nem preciso de cartão de crédito para fazê-lo, como num reclame antigo, um 
35 
 
 
anúncio de um determinado cartão de crédito que mostrava que, ao possui-lo, 
poderíamos conhecer o mundo e ter o que quiséssemos apenas digitando uma 
senha. 
 
Ah, ok, eu tenho cartão de crédito, mas vou à Paris agora, como você, sem tirá-
lo da minha carteira. Duvida? Então, bon voyage pour nous!1 
 
Acesse a internet de seu computador e entre no endereço eletrônico a seguir: 
 
http://www.louvre.fr/accueil 
 
Voilá! C’est le musée du Louvre!2 
 
E aí, gastou quanto por isso? Nada! E foi divertido, não foi? O mesmo você 
pode fazer para conhecer qualquer lugar do mundo! 
 
Certa vez fui para Bariloche e tive uma grande curiosidade de saber como as 
pessoas estavam se vestindo por lá. Antes de viajar, eu quis saber sobre o 
clima e, assim, pude arrumar minha mala com mais tranquilidade, levando 
exatamente o que seria necessário vestir. 
 
Visitei o seguinte endereço eletrônico: 
 
http://www.bariloche.com.ar/camaras/centro-civico-infoespacio.html 
 
Nele você pode ver imagens atualizadas a cada trinta segundos. Para meu 
objetivo, arrumar a mala com roupas adequadas à temperatura, foi muito útil, 
não concorda? 
 
Deu para perceber o quanto a internet pode nos ajudar? Encontramos de tudo 
nela, das coisas mais corriqueiras às mais complexas. É uma ajuda e tanto na 
 
1 Boa viagem para nós! (tradução do francês). 
2 Aí está! É o museu do Louvre! (tradução do francês). 
36 
 
 
sala de aula! 
 
É disso que estou falando. Refiro-me à ampliação do espaço escolar para além 
das paredes da sala de aula e, mais ainda, para além dos muros da escola! 
 
Vou reproduzir um pequeno texto, do livro “Tecnologia da informação para 
todos”, da Coleção Entenda e Aprenda: 
 
 “Em que mundo vivemos, afinal? 
 
Imagine um mundo sem tecnologia. Sem celular, sem namora via 
Internet, sem futebol pela TV a cabo e, sobretudo, sem o estresse da 
vida moderna. É fácil imaginar, ou não? 
 
Um belo dia, David Byrne, o cérebro da extinta banda norte-
americana Talking Heads, resolveu fazer uma canção chamada 
(Nothing but) flowers – (nada além de ) flores – para tentar descrever 
as sensações que o homem experimentaria se, provado das 
maravilhas do mundo moderno, tivesse de retornar ao estilo de vida 
que a natureza lhe oferecia há 30 ou 40 mil anos. 
 
No início, Byrne se diverte com a delirante hipótese. Vê a si mesmo 
como um novo Adão, livre nos Jardins do Éden. E, evidentemente, 
fica feliz da vida por ter todo o tempo do mundo para não fazer nada 
ao lado da belíssima Eva. 
 
De repente, começa a sentir saudade do micro-ondas, dos shopping 
centers, dos letreiros luminosos de Nova York e até da Pizza Hut e do 
7-Eleven – duas das mais tradicionais redes americanas de fast-food. 
Da saudade á insatisfação é um pulo e, em segundos, Byrne 
compreende ser impossível viver sem os referenciais que, mal ou 
bem, ajudaram a moldar sua identidade. 
 
 Quando a canção (Nothing but) flowers começou a ser tocada, houve 
37 
 
 
quem taxasse o trabalho de Byrne como “antiecológico”. Nada mais 
falso. Na verdade, o artista fez uma radiografia perfeita de como a 
tecnologia nos transformou, atendendo (ou criando) novas 
necessidades. 
 
Sempre se pode dizer, por exemplo, que “inventaram o computador para 
resolver problemas que você não tinha antes”. Em certa medida, isso é 
verdade, pois ninguém ficaria preocupado em recarregar o cartucho de 
uma impressora há 20 anos. Em compensação, há 20 anos você teria 
que gastar uns bons trocados se resolvesse imprimir aqueles poemas 
infames feitos para reconquistar a sua namorada. 
 
Nesse novo mundo, o computador está transformando a maneira de 
pensar, falar, amar, estudar, ganhar dinheiro, visitar um médico e até 
eleger o presidente. Em termos de Internet, então, iremos precisar de 
uma enciclopédia para descrever as mudanças que a rede mundial de 
computadores vem operando. Banco on-line (seu computador conectado 
ao da instituição bancária), bibliotecas e shoppings virtuais, educação a 
distância, cirurgias complicadíssimas (com o médico nos Estados Unidos 
e o paciente na Europa) e, claro, tarefas prosaicas, como declarar seu 
imposto de renda e fazer o licenciamento do seu carro. 
 
Se não bastasse, ainda inventaram o celular conectado á Internet. Agora 
a gente nem precisa estar mais em casa, diante do computador, para 
receber
e-mails, consultar os horários do cinema, ver o saldo ou xeretar 
a previsão do tempo. 
 
Então, dá para se imaginar sem tecnologia? Boa parte vai responder 
com um sonoro “nãããããoooo!”. Seja por gosto, fascínio, necessidade 
ou, sem dúvida, imposição – basta pensar no mercado de trabalho. E já 
que quem está na chuva “é pra se queimar”, citando o antológico Vicente 
Matheus, entender um pouco dessa tecnologia circundante acaba sendo 
fundamental, tanto para elogiar quanto para criticar. Filosófica e 
empolgadamente: pensar nos progressos da tecnologia significa rever 
38 
 
 
em perspectiva a própria aventura do ser humano” (2002, pp. 9-10). 
 
Após o lançamento do livro do qual extraí o texto acima já se passaram onze 
anos, mas, ele descreve bem nossa realidade, certo? 
 
Assim, lhe pergunto: podemos viver sem tecnologia? Não, não mesmo e isso 
inclui a escola. 
 
O que precisamos saber é que nem sempre foi assim. Nem sempre a 
educação contou com recursos tão modernos, como a lousa digital, por 
exemplo, para auxiliá-la. 
 
Os recursos foram modernizando-se, aos poucos ou rapidamente, como hoje 
em dia. 
 
Vamos ver como isso aconteceu, como foi a história do EaD? 
 
2.1 O Ensino à distância: breve histórico a partir das gerações de EaD 
 
De qualquer forma, a educação a distância não é 
propriamente uma novidade. O uso de novas 
tecnologias para educação também não o é. (...) Há 
um claro conflito de culturas de uso: de um lado, a 
lógica da Internet, fugaz, rápida fria (no sentido de 
McLuhan). De outro, a lógica educacional, onde são 
necessárias a persistência, a fidelidade e a 
informação quente (BLIKSTEIN e ZUFFO, 2003, p. 
36). 
 
O Ensino a Distância não é uma modalidade educacional tão recente. Ressalto 
que, para pensar em EaD, partimos do pressuposto que alunos e professores 
estão separados por espaço e/ou tempo e, com isso, lançam mão dos recursos 
tecnológicos para que possam interagir e aproximar-se. 
 
Quando, em pleno século XXI pensamos em EaD, na hora nos vem à mente 
um computador conectado à Internet. 
39 
 
 
 
Ah, eu penso nisso também, mas, nem sempre foi assim e, ainda hoje, 
encontramos iniciativas que fazem EaD sem computador, ou, sem Internet. É 
verdade! 
 
Você já ouviu falar do Instituto Universal Brasileiro? Ele está há mais de setenta 
anos no mercado, oferecendo diversos cursos à distância. 
 
Os alunos do Instituto recebiam o material impresso do curso escolhido em 
suas casas, estudavam e, se tivessem qualquer dúvida, poderiam enviá-la via 
Correios ou via telefone aos tutores que procurariam saná-las no menor tempo 
possível. 
 
Hoje, o IUV tem até site e vende cursos pela Internet, como o de Unhas 
decoradas ou de Comida árabe. Ainda apoia-se nas apostilas, mas elas estão 
digitalizadas e você pode estudar em seu computador. 
 
Viu que EaD é muito mais que Internet? Podemos dizer, diante disso, que 
houve várias gerações de produção de EaD. Vamos conhecê-las? 
 
A cada época a EaD utilizou-se de determinadas mídias através das quais ela 
pôde acontecer. Cada um destes momentos específicos ficou conhecido como 
“geração”. 
 
 Conforme Moore e Kearsley (1996) há três gerações, que são as seguintes: 
 
As 3 gerações da EaD 
Geração Características 
1ª 
Estudo por correspondência, no qual o principal meio 
de comunicação eram materiais impressos, geralmente 
um guia de estudo, com tarefas ou outros exercícios 
enviados pelo correio. 
 
 
2ª 
Surgem as primeiras universidades abertas, com 
design e implementação sistematizadas de cursos a 
distância, utilizando, além do material impresso, 
40 
 
 
transmissões por televisão aberta, rádio e fitas de áudio 
e vídeo, com interação por telefone, satélite e TV a 
cabo. 
 
 
3ª 
Esta geração é baseada em redes de conferência por 
computador e estações de trabalho multimídia. 
 
 
 
Moore e Kearsley publicaram este livro em 1996. De lá para cá, muitas coisas 
mudaram, assim, houve a necessidade de ampliar sua classificação. A partir 
deste quadro, temos que as gerações de EaD, portanto, são cinco (In: 
http://ftp.comprasnet.se.gov.br/sead/licitacoes/Pregoes2011/PE091/Anexos/Eve
ntos_modulo_I/topico_ead/Aula_02.pdf, adaptado de MOORE, M.; KEARSLEY, 
G. 1996: 
 
1ª. Geração – 1880 
Tecnologia e mídia 
utilizadas 
Imprensa e Correios. 
Objetivos pedagógicos Atingir alunos desfavorecidos socialmente, 
especialmente as mulheres. 
Métodos pedagógicos Guias de estudo, auto-avaliação, material 
entregue nas residências. 
Formas de comunicação Correios e correspondência. 
Tutoria Instrução por correspondência. 
Interatividade Aluno/material didático escrito. 
 
 
Nesta época EaD tinha um caráter assistencial e acontecia totalmente distante 
de um tutor. A intenção era de que o aluno estudasse sozinho, em sua casa. 
 
 
2ª. Geração – 1921 
Tecnologia e mídia 
utilizadas 
Difusão de rádio e TV. 
 
Objetivos pedagógicos Apresentação de informações aos alunos, à 
41 
 
 
distância. 
 
Métodos pedagógicos Programas teletransmitidos e pacotes 
didáticos (todo o material referente ao curso é 
entregue ao aluno pelos correios ou 
pessoalmente). 
Formas de comunicação Rádio, TV e outros recursos didáticos, como: 
caderno didático, apostilas, fita K-7. 
 
Tutoria Atendimento esporádico, apenas por contatos 
telefônicos, quando possível. 
 
Interatividade Pouca ou nenhuma interação 
professor/aluno. 
 
 
Aqui, a interação era entre aluno e material. Ainda, como na geração anterior, o 
indivíduo estudava sozinho, assistindo aos vídeos ou ouvindo sons preparados 
pela equipe. O contato era raro entre alunos e tutores. 
 
3ª. Geração – 1970 
Tecnologia e mídia 
utilizadas 
Universidades Abertas. 
 
Objetivos pedagógicos Oferecer ensino de qualidade com custo 
reduzido para alunos não universitários. 
 
Métodos pedagógicos Orientação face a face, quando ocorrem 
encontros presenciais. 
 
Formas de comunicação Integração áudio e vídeo e correspondência. 
Suporte e orientação ao aluno. 
Tutoria Discussão em grupo de estudo local e uso de 
laboratórios da universidade nas férias. 
 
Interatividade Guia de estudo impresso, orientação por 
correspondência, transmissão por rádio e TV, 
AUDIOTEIPES gravados, conferências por 
telefone, kits para experiências em casa e 
biblioteca local. 
 
 
 
42 
 
 
Nesta geração começa a proposta de trabalho híbrido, ou seja, que mescla 
momentos presenciais e à distância. 
 
<Saiba mais início> 
Recomenda-se a leitura do capítulo 7 (Modelos de ensino e aprendizagem de 
instituições específicas) do livro “Didática do ensino a distância”, de Otto 
Peters, para conhecer diversas iniciativas nesta modalidade de EaD, como a 
University of Air, do Japão e a Open University inglesa. 
<Saiba mais fim> 
 
4ª. Geração – 1980 
Tecnologia e mídia 
utilizadas 
Teleconferências por áudio, vídeo e 
computador. 
 
Objetivos pedagógicos Direcionado a pessoas que aprendem 
sozinhas, geralmente estudando em casa. 
 
Métodos pedagógicos Interação em tempo real de aluno com aluno 
e instrutores à distância. 
 
Formas de comunicação Recepção de lições veiculadas por rádio ou 
televisão e audioconferência. 
 
Tutoria Atendimento síncrono e assíncrono, 
dependendo de contatos eletrônicos. 
 
Interatividade Comunicação síncrona e assíncrona com o 
tutor, professor e colegas. 
 
 
Esta foi uma geração que preparou o que temos na atualidade. Foi muito 
importante e marcou, definitivamente, o fazer EaD. 
 
5ª geração – 2000 
Tecnologia e mídia 
utilizadas 
Aulas virtuais baseadas no computador e
na internet. 
 
Objetivos pedagógicos Alunos planejam, organizam e implementam 
seus estudos por si mesmos. 
43 
 
 
 
Métodos pedagógicos Métodos construtivistas de aprendizado em 
colaboração. 
 
Formas de comunicação Síncrona e assíncrona. 
 
Tutoria Atendimento regular por um tutor, em 
determinado local e horário. 
 
Interatividade Interação em tempo real ou não, com o 
professor do curso e com os colegas de 
curso. 
 
Ah, esse modelo soa familiar, não é? Na UNIP Interativa ministramos aulas 
virtuais, nas quais os professores vão aos estúdios da universidade para gravá-
las e, depois, as mesmas são disponibilizadas para você, que interage, a partir 
da mesma, com seus colegas e professores. 
 
<Saiba mais início> 
Consulte a aula sobre EaD que está em: 
http://ftp.comprasnet.se.gov.br/sead/licitacoes/Pregoes2011/PE091/Anexos/Eve
ntos_modulo_I/topico_ead/Aula_02.pdf. Lá você poderá estudar mais sobre o 
histórico do EaD mundo a fora. Será muito enriquecedor! 
 
<Saiba mais fim> 
 
 
É importante refletir, após analisar o histórico do EaD, a partir das cinco 
gerações, que simplesmente utilizar recursos tecnológicos não é fazer EaD 
muito menos garantir ensino e aprendizagem. 
 
Como educadores, temos que ter em mente a importância de nosso papel 
diante da realidade que está posta e como podemos fazer cada dia melhor a 
docência. 
 
O objetivo é ensinar e aprender. O recurso é um auxílio. O (A) professor (a) 
continuará sendo a figura mais importante na tomada de decisões sobre o 
44 
 
 
“como” fazer, o “como” ensinar. 
 
Veja, os recursos com os quais contamos nos dias de hoje requerem que 
nossos conhecimentos e dúvidas desenvolvam-se num fazer apurado e 
reflexivo. 
 
Reflexão, sempre! 
 
Para isso, discutiremos agora quem são as personagens do EaD. Quem faz 
EaD acontecer? Quais os diferentes papéis necessários que devem ser 
assumidos pelos protagonistas neste processo de ensinar e aprender? 
 
 
<Observação – início> 
 
Você, aluno da UNIP Interativa, é parte integrante e sujeito no processo de 
educação à distância. O que você está fazendo aqui é exatamente participar e 
viver ativamente esta inovação que a EaD trouxe para os processos 
educacionais! Já pensou nisso? Você também faz EaD! 
 
<Observação – fim> 
 
 
2.2 Personagens do EaD: o aluno, o professor/tutor e o curso 
 
Se EaD é uma 
 
“modalidade educacional na qual a mediação didático-pedagógica nos 
processos de ensino e aprendizagem ocorre com a utilização de meios e 
tecnologias de informação e comunicação, envolvendo estudantes e 
professores no desenvolvimento de atividades educativas em lugares ou 
tempos diversos” (BRASIL, 2005, p. 1), 
 
é imprescindível o papel de um professor/tutor que acompanhe seus alunos em 
45 
 
 
toda sua navegação durante um curso. Sem esses elementos, não haverá 
interação e, possivelmente, não haverá aprendizagem. 
 
Se em outros tempos havia a possibilidade de um aluno estudar sozinho, hoje, 
é fundamental um tutor, alguém que o acompanhe ou pelo AVA – ambiente 
virtual de aprendizagem, ou pela própria forma de construção do curso. 
 
Os tutores podem ser personagens que estão indicando, todo o tempo, o que 
fazer, onde clicar, o que acontecerá em seguida ao clique, ou seja, eles são 
programados para monitorar toda a navegação dos participantes, já antevendo 
possíveis percursos e oferecendo possibilidades. 
 
Claro que não se comparam aos tutores “de verdade”, de carne e osso... Gente 
é sempre melhor do que programa de computador. 
 
Gente pensa, sente, sofre, aprende. 
 
Programa de computador só faz aquilo que alguém já pensou por ele, mas não 
toma decisão, não escolhe o que fazer. 
 
O papel do tutor pode, porém, ser outro. Este papel se amplia a partir da 
possibilidade de interação, propiciada pelas tecnologias digitais interativas. É 
aqui que entra o tutor “de verdade”. Aquela pessoa para quem pedimos socorro 
quando precisamos ou para quem desejamos um bom final de semana após 
árduos dias de trabalho diante da máquina. 
 
E, para sentir que há alguém ali, será através do texto produzido por ele(a) que 
vamos perceber. Será uma palavra amável, uma indicação gentil de algo que 
devemos saber melhor, ou na demonstração de um errinho nosso que se 
desenrolará o relacionamento com o tutor. 
 
A Universidade Aberta do Brasil – UAB – propõe dois diferentes tipos de 
tutores: 
 
46 
 
 
a) tutores presenciais – nos cursos em que são tutores, encontram-se com 
seus alunos em um espaço físico. Neste, os alunos acessam os conteúdos por 
meio de transmissões (televisivas ou via Internet) ao vivo ou gravadas. A maior 
parte das atividades de um curso como esse são desenvolvidas à distância e o 
tutor presencial apenas acompanha os alunos; 
b) tutores a distância – “mantêm contato com os estudantes apenas por meio 
de tecnologia – ambiente virtual de aprendizagem, telefone, e-mail etc” 
(BORTOLOZZO, 2009, p. 6162). Também são conhecidos como tutores 
técnicos, virtuais ou online. Costumam corrigir os trabalhos ou acompanhar os 
alunos na sala de aula virtual. 
 
<Lembrete início> 
O tutor é uma figura fundamental no processo de EaD. É ele quem faz a 
mediação entre alunos, conteúdos e professores. 
<Lembrete fim> 
 
Além dos tutores, há os (as) professores (as). Eles podem, em algumas 
instituições, ser a mesma pessoa, mas, de um modo geral, é o(a) professor(a) 
quem ministra as aulas (ao vivo ou gravadas), quem propõe e corrige provas e 
trabalhos, quem orienta os TCCs (trabalhos de conclusão de curso) e as 
monografias e elabora as aulas e os livros texto. 
 
Ainda, os(as) professores(as), participam dos fóruns (assíncronos) nos quais 
uma questão é proposta para dar início às discussões sobre o tema da aula 
ministrada. 
 
Uma outra figura importante, sem a qual não há o curso, é o aluno. Ele tem 
funções primordiais para o bom andamento de qualquer projeto em EaD. Sem 
sua participação nenhum curso terá vida, não se constituirá como ação 
pedagógica. 
 
O aluno, assim como os tutores e os professores, também tem funções. De 
todas, a principal é colocar-se diante dos conteúdos, resolver as questões 
propostas, ler os materiais oferecidos, assistir às animações indicadas, buscar 
47 
 
 
além daquilo que é indicado e participar dos fóruns e de todas as discussões 
pertinentes aos temas trabalhados. 
 
O curso, outro elemento importante, só acontecerá se o aluno estiver presente, 
deixando suas marcas por onde passar. 
 
Quanto a ele, o curso, é de suma importância que ele seja interativo, ou seja, 
que o aluno possa sentir que tem amis alguém por lá. 
 
Imagine a escola sem os alunos. Também sou professora presencial e, quando 
entro de ferias e vou à universidade, me dá um aperto no coração... Sinto uma 
saudade dos corredores cheios, do som das vozes dos alunos, do andar de lá 
para cá o tempo todo... Sinto até falta das conversinhas paralelas em sala de 
aula (só um pouquinho!)... 
 
Os alunos dão vida, como já disse, aos cursos. Sem sua voz, não se fala com 
ninguém. 
 
Continue imaginando: você é tutor(a) num curso em EaD. O curso começa. Os 
alunos estão empolgadíssimos, “falam” sem parar. Se você ficar uma hora fora 
do ambiente, já sabe que, ao retornar, encontrará o espaço cheio de perguntas 
e observações. 
 
Outra situação: você acessa o curso e quase nenhum aluno “aparece”. Os 
ambientes estão vazios, as atividades sem participação, nos fóruns só tem 
você chamando pelos alunos... Lembrou aqui da universidade no período de 
férias? É, triste, não é? E não
pode ficar assim! 
 
É preciso motivação! É preciso trazer os alunos para o curso, incentivá-los a 
participar, a questionar, a realizar as atividades propostas, todo o tempo! É 
preciso vida no curso! 
 
Agora, pense num curso em EaD em que os materiais são tal como no ensino 
presencial – textos xerocados, por exemplo, aqui são digitalizados. Há 
48 
 
 
questionários intermináveis que devem ser respondidos e encaminhados por e-
mail para o(a) tutor(a), o qual lhe atribuirá uma nota pelas respostas. 
 
Não há vídeos, sons ou bonequinhos andando pela tela e sorrindo para você. 
Só há textos, intermináveis páginas com textos e mais textos. O que você acha 
desse curso? 
 
Certamente ficou cansado e torcendo para não ter que realiza-lo, certo? Sou 
sua parceira nesse sentimento. Também não quero isso para mim. 
 
Você percebeu a importância da dialogicidade num curso em EaD? Percebeu o 
quanto sentir-se fazendo parte daquilo tudo é fundamental para sentir-se 
atraído? 
 
Pois bem. Essa é a parte em que eu lhe digo: todo curso em EaD tem que 
prever a interação. Mais que interatividade, a troca, a parceria, a construção de 
laços e vínculos entre os elementos ou personagens de um curso nesta 
modalidade de ensino. 
 
Vamos conceituar e explicar a diferença entre as duas? 
 
a) Interatividade: vem de “interactivity, foi cunhada para denominar uma 
qualidade específica da chamada computação interativa (interactive 
computing)” (Fragoso, 2001, p. 3), ou seja, relacionamento travado entre 
indivíduo e computador. 
 
b) Interação: é um fator muito importante e deve ser predominante em 
processos de EaD, visto que há pessoas participando. De acordo com Villardi 
(2003, p. 48), 
 
"A educação a distância não pode realizar-se sem a interação, processo 
pelo qual o indivíduo é afetado pela presença do outro, que se dá por 
meio da colaboração, da crítica, da análise diferenciada, da presença de 
um outro ponto de vista. 
49 
 
 
 
Ao contrário da simples interatividade, de onde podemos esperar apenas 
as trocas, a interação culmina em uma mudança de concepções, em 
uma construção de conhecimentos a partir da reflexão e da crítica, que 
se dá em ambientes cooperativos, onde é possível a aprendizagem 
significativa." 
 
Se em EaD a interação deve prevalecer, é certo que buscamos pensar em 
cursos com posições mais humanizadoras, que vejam o quanto o(a) aluno(a) 
participante e o(a) professor(a) ou tutor(a) tem a colaborar para a construção 
de conhecimento – um do outro. 
 
Aprendizagem colaborativa é sempre mais enriquecedora que aquela que se 
dá em total clausura, sem um interlocutor parceiro. 
 
Educação é interação, assim, todo curso deve ser interativo e contar com a 
colaboração dos participantes para promover e fortalecer a aprendizagem! 
 
 
<Observação início> 
 
Vou contar uma coisa para você: sou professora em EaD desde 2002 quando 
iniciei o Mestrado na PUC-SP. Foi tudo assim, meio de sopetão. Quando me 
dei conta, já estava lá, ensinando, aprendendo, criando... Percebo as 
potencialidades do EaD a cada dia crescendo e um mundo se abrindo a partir 
dele. É emocionante estar num curso em EaD e conhecer as pessoas à 
distância! 
 
 Vai uma dica: acesse a apresentação que está em: 
http://www.slideshare.net/Anated/a-importncia-da-tutoria-motivacional-na-ead 
para saber mais sobre EaD e suas personagens. 
 
<Observação fim> 
 
50 
 
 
2.3 A escolha pela modalidade de estudo à distância: motivação e 
necessidade 
 
Até agora temos discutido as mudanças no mundo, as novas formas de se 
ensinar e de aprender e quem pode contribuir nesse contexto, certo? 
 
Mas... EaD surge de que modo? Qual sua intencionalidade, inicialmente? E 
hoje? 
 
Cada vez mais as pessoas têm menos tempo para se deslocar entre a cidade 
em que moram e trabalham. São questões desde grandes distâncias até os 
terríveis engarrafamentos que fazem com que percamos, em média, duas 
horas desde a saída do ponto inicial até a chegada a um ponto que pode ser o 
intermediário, considerando que saímos do trabalho para o local de estudo e só 
de lá e que vamos para casa. 
 
É muito tempo jogado fora... Podemos melhorar essa conta, podemos 
preencher esse tempo negativamente ocioso com algo que seja precioso para 
nós – educação! 
 
“As rápidas mudanças no local de trabalho, o desemprego e a 
incerteza exigem alterações imediatas na educação e formação 
contínua e ao longo da vida. Sob tais circunstâncias, é irreal esperar 
que as estruturas educacionais tradicionais respondam numa base 
adequada para o desenvolvimento do conhecimento e das 
competências. Deste modo, torna-se necessário encontrar novos 
métodos para melhorar os níveis educacionais, iniciais ou de 
formação contínua” (RURATO, GOUVEIA & GOUVEIA, 2007, p. 80) . 
 
Assim sendo, uma opção pertinente é EaD. Buscar cursos que podem ser 
realizados de acordo com o tempo disponível e com a necessidade latente dos 
alunos é uma opção grandiosa. 
 
Se podemos estudar, ter maior informação e melhor formação, mas não é 
51 
 
 
viável frequentar uma escola presencial para tal, porquê não optar por estudar 
à distância? 
 
Essa é uma possibilidade. Pensando nisso, antes de escolher um curso em 
EaD, procure traçar um perfil de como você seria estudando nesta modalidade. 
 
Não é só responder aos questionários, mas não pode deixar de fazê-los. Não é 
decidir entrar sempre à noite, ao final do trabalho, pois você poderá estar muito 
cansado(a) e os olhinhos não abrirem o suficiente para ler os materiais e 
assistir às apresentações. Não é pensar que clicar na setinha que faz virar a 
página o conteúdo terá sido entendido. 
 
Diante disso, vai a pergunta para ser completada: Por que EaD? Você escolheu 
a modalidade EaD pois (aqui vai sua resposta). 
 
Vou tentar ajudá-lo(a): veja o esquema que segue: 
 
FATORES QUE AFETAM A DECISÃO DE PARTICIPAR EM PROCESSOS DE 
APRENDIZAGEM (adaptado de Henry e Basile, 1994). 
 
52 
 
 
 
 
A partir do esquema anterior, pense se você realmente participaria de um curso 
em EaD. Opa! Participaria, sim. Aliás, está participando desta pós-graduação, 
certo? 
 
Então, reflita: você optou por essa modalidade, pois se sente motivado a 
estudar em EaD ou é uma necessidade que você tem (independente do seu 
motivo)? 
 
Para auxiliá-lo(a), vou descrever o que é motivação e necessidade. Veja só: 
 
a) Motivação: de acordo com diversos autores, são os principais fatores 
que motivam os aprendentes adultos para realizarem cursos em EaD, a 
saber: 
 
• Desenvolvimento na carreira (MacBrayne, 1995; von Prummer, 1990); 
• Constrangimentos de tempo, distância e financeiros (Sherry, 1996); 
53 
 
 
• Flexibilidade de acesso e de tempo, oportunidade de colaborar com 
outros aprendentes distantes e com diferentes background e 
experiências (Jarmon, Frshee, Olcott, Boaz e Hardy, 1998); 
• Socialização e conveniência (Ridley, Bailey, Davies, Hash, e Varner 
1997). 
 
Ainda, de acordo com Lieb (1991), citado por Rurato, Gouveia & Gouveia 
(2007, p. 87), há seis fatores que servem de motivação ao aprendente: 
 
1) Relacionamento social – para fazer novos amigos, necessidade de 
novas associações e relacionamentos; 
2) Expectativas externas – para cumprir instruções e realizar as 
recomendações de alguém com autoridade formal; 
3) Bem-estar social – para conseguir realizar algo que ajude os outros, 
ou participar em trabalho comunitário; 
4) Desenvolvimento pessoal – para conseguir uma promoção, segurança 
profissional, ou estar alerta para possíveis

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