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1 Didática do Ensino Superior: Cases de Qualidade Professora Conteudista Ana Cláudia Barreiro Nagy é natural do Rio de Janeiro, onde cursou Magistério e começou a estudar na Universidade Federal do Rio de Janeiro. Graduou-se em Pedagogia na Universidade Presbiteriana Mackenzie (1994). Especializou-se em Psicopedagogia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (2001). É mestre em Educação: Currículo pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (2004), onde iniciou o Doutorado em Linguística Aplicada e Estudos da Linguagem (2005). Para complementar sua formação, cursa Letras (Português-Francês) na Universidade de São Paulo. Atualmente é professora conteudista da pós graduação em Formação em Educação a Distância da UNIP Interativa. Foi professora tutora em cursos de EaD no Senac - São Paulo. 2 Sumário Apresentação Introdução Unidade 1: A Didática e a docência 1.1 A Didática: definição e seu objeto de estudo - os processos de ensino e de aprendizagem 1.2 Planejamento em EaD: Objetivos, Conteúdos, Procedimentos, Avaliação 1.2.1 Objetivos, Conteúdos, Procedimentos, Avaliação 1.2.1.1 Objetivos 1.2.1.2 Conteúdos 1.2.1.3 Procedimentos 1.2.1.4 Avaliação Unidade 2: EaD 2.1 O Ensino à distância: breve histórico a partir das gerações de EaD 2.2 Personagens do EaD: o aluno, o professor/tutor e o curso 2.3 A escolha pela modalidade de estudo à distância: motivação e necessidade 2.4 Carga horária do curso Unidade 3: Os AVAs e seu papel no fazer EaD 3.1 Universidade Aberta do Brasil 3.2 TICs (Tecnologias da informação e comunicação) aplicadas à Educação: os AVAs (ambientes virtuais de aprendizagem) Unidade 4: Modelos de ensino em EaD 4.1: Modelos de ensino em EaD – SEI (Sistema de ensino Interativo) e SEPI (Sistema de ensino presencial interativo) desenvolvidos na UNIP Interativa 4.2 Avaliação 4.3 Interdisciplinaridade 4.4 ESD: Educação sem Distância Unidade 5: Fazendo EaD acontecer 5.1 Ferramentas e objetos de aprendizagem aplicáveis/utilizados em EaD: vantagens e dificuldades 5.1.1 o correio eletrônico 5.1.2 o AulaNet 5.1.3 M-Learning e groupware 3 5.1.4 Classe Virtual 5.1.5 Qsabe 5.1.6 Web Course Creator 5.1.7 Eureka Unidade 6: Cases de sucesso em EaD 6.1 Análise de Cases de sucesso em EaD: olhar para instituições que desenvolvem ensino presencial, ensino híbrido e exclusivamente virtuais 6.2 depoimentos de alunos e educadores 4 Apresentação Olá, aluno (a)! Bem vindo! Neste material você encontrará os conteúdos pertinentes à disciplina Didática do Ensino Superior: Cases de Qualidade, na qual serão discutidos, fundamentalmente, a construção de conhecimento e o ensino e a aprendizagem na Educação à Distância. Para tal, vamos analisar práticas de avaliação da aprendizagem em EaD e questões como as formas de se aproximar dos estudantes, mesmo sabendo que estes e seus professores/tutores estão separados fisicamente. Ainda, será muito importante compreender quais são e como funcionam os meios de comunicação em EAD, seu planejamento – potencialidades e possibilidades e as concepções atuais e procedimentos pedagógicos que reorientam a Didática e o professor do Ensino Superior na atualidade. Também estudaremos a utilização das Tecnologias da Informação e Comunicação – TICs, aplicadas à Educação, visando despertar atitudes de aprendizagem mais complexas e significativas. Para finalizar, vamos analisar cases de sucesso em EaD no ensino superior pelo mundo a fora, especialmente no Brasil. Animado (a)? Então, mãos à obra! 5 Introdução Você já percebeu como nos dias de hoje, cada vez mais as escolas e universidades estão aderindo à utilização da EaD em sua metodologia de ensino? São aulas com apoio de ambientes virtuais de aprendizagem (AVAs) ou desenvolvidas com a apresentação de uma videoconferência, ou, ainda, lançando mão de ferramentais, como os blogs, videoblogs, sites, páginas pessoais e, até mesmo, via telefone celular. É. Não há mais como escapar dessa... E nem devemos, afinal, não se pode discutir o quanto todas essas tecnologias nos auxiliam, especialmente se não queremos ou não podemos ver nosso tempo sendo consumido no deslocamento entre nossas casas ou locais de trabalho até o local onde as aulas presenciais acontecem. Alguns ainda se ressentem e se amedrontam diante dessas possibilidades, mas uma coisa é certa: devemos ter a cabeça sempre aberta e olhar para tudo com curiosidade e visão de investigadores, de pesquisadores, que é o que um docente deve ser: um pesquisador, a todo momento. Deste modo, e por essa razão, você, aluno (a) do curso de pós graduação da UNIP Interativa está aqui e agora estudando esse livro texto: para compreender o que é ser professor na atualidade e com a EaD como mais uma possibilidade de ensinar e aprender também, pois, como disse certa vez Guimarães Rosa (1958, p. 16), “mestre é aquele que, de repente, aprende”, certo? O material que agora você tem em seu poder está dividido em seis unidades didáticas distintas, porém complementares. Cada uma delas apresenta uma particularidade do tema e foi organizada tendo em vista facilitar seu percurso dentro da temática. 6 Veja como estão organizadas: Unidade 1: A Didática e a docência: Ação docente; A Didática: definição e seu objeto de estudo - os processos de ensino e de aprendizagem; Planejamento em EaD: Objetivos, Conteúdos, Procedimentos, Avaliação Unidade 2: EaD: O Ensino à distância: breve histórico a partir das gerações de EaD; Personagens do EaD: o aluno, o professor/tutor e o curso; A escolha pela modalidade de estudo à distância: motivação e necessidade; Carga horária do curso Unidade 3: AVAs e tipos de EaD: Universidade Aberta do Brasil; TICs (Tecnologias da informação e comunicação) aplicadas à Educação: os AVAs (ambientes virtuais de aprendizagem); Tipos de aulas em EaD: teleaula, videoaula, modelo híbrido); ESD - Educação sem Distância Unidade 4: Modelos de ensino em EaD: Modelos de ensino em EaD – SEI (Sistema de ensino Interativo) e SEPI (Sistema de ensino presencial interativo) desenvolvidos na UNIP Interativa; Avaliação; Interdisciplinaridade Unidade 5: Fazendo EaD acontecer: Ferramentas e objetos de aprendizagem aplicáveis/utilizados em EaD: vantagens e dificuldades; o correio eletrônico; o AulaNet; M-Learning e groupware; Classe Virtual; Qsabe; Web Course Creator; Eureka Unidade 6: Cases de Susesso em EaD: Análise de Cases de sucesso em EaD: olhar para instituições que desenvolvem ensino presencial, ensino híbrido e exclusivamente virtuais; depoimentos de alunos e educadores Para estudar todos os temas indicados, os objetivos gerais da disciplina são: ¾ Desenvolver a visão sobre a funcionalidade do EaD no ensino superior; 7 ¾ Ter compromisso com uma ética de atuação profissional e com a organização da vida em sociedade; ¾ Analisar os desafios da atuação docente frente às TICs; ¾ Identificar as possibilidades da Didática como mediadora de um processo de ensino interativo. Também saiba quais são os objetivos específicos, os quais estão indicados a seguir: ¾ Identificar o conceito de Didática e seu objeto de estudo; ¾ Compreender os processos de ensinar e aprender e a construção do conhecimento no meio virtual e para o ensino superior; ¾ Conhecer o EaD e sua história; ¾ Conhecer cases de sucesso que se desenvolveram na modalidade EaD; ¾ Identificar AVAs e compreender suas diferenças e potencialidades; ¾ Estudar as ferramentas e objetos de aprendizagem utilizados em EaD Aproveite a leitura e as imagens do seu livro texto e não deixe de buscar as indicações do “Saiba mais” para aprimorar seus conhecimentos! Seja bem-vindo e boa jornada! 8 Unidade 1: A Didática e a docência Conteúdos trabalhados na unidade: Ação docente; A Didática: definição e seu objeto de estudo - os processos de ensino e de aprendizagem; Planejamento em EaD: Objetivos, Conteúdos, Procedimentos, Avaliação. Nesta unidade a intenção principal é buscar compreender o que é e como se deve desenvolver a ação docente. Atenção! Não estamos aqui falando em receituário. Jamais você encontrará alguma coisa semelhante a isso nos seus livros texto, pois o mais importante é o processo de reflexão a partir das leituras propostas, das indicações bibliográficas e assim por diante, certo? Com este pensamento em mente, vamos voltar um pouquinho na história e trazer para nossa conversa a principal ferramenta que todo educador deve conhecer para seguir em frente com seus estudos pedagógicos. Essa “ferramenta” é a Didática. 1.1 A Didática: definição e seu objeto de estudo - os processos de ensino e de aprendizagem Certamente que você já ouviu falar sobre ela, a Didática, que tem como objeto de estudo os processos de ensino e de aprendizagem. Ainda, para clarear um pouco mais nossas ideias, lembro que esta – Didática – é uma palavra que tem origem na expressão grega “Τεχνή διδακτική” (techné didaktiké), cujo significado é “arte ou técnica de ensinar” ou “técnica de dirigir e orientar a aprendizagem”. É um termo antigo, mas que deve ser visto como muito atual e estar presente 9 em todas as salas de aula e quaisquer outros espaços educativos, formais ou não-formais. Como toda ciência, a Didática também teve um “pai”, Comenius, um dos maiores educadores do século XVII, que ficou conhecido como pai da Didática Moderna, especialmente devido à sua grande obra “Didática Magna”. Uma de suas mais célebres frases é sobre a Didática ser: “um método universal de ensinar tudo a todos. E de ensinar com tal certeza, que seja impossível não conseguir bons resultados. E de ensinar rapidamente, [...] sem nenhum aborrecimento para os alunos e para os professores, mas antes com sumo prazer para uns e para outros. E de ensinar solidamente, não superficialmente e apenas com palavras, mas encaminhando os alunos para uma verdadeira instrução, para os bons costumes e para a piedade sincera. [...] como de uma fonte viva que produz eternos arroios que vão, de novo, reunir-se num único rio; assim estabelecemos um método universal de fundar escolas universais” (COMENIUS, 2001, p.3). (grifos nossos) Se esmiuçarmos esta fala tão pertinente para todo educador, chegaremos à arte de conseguir atingir este objetivo: ensinar, pois promover aprendizagens aos nossos alunos é a verdadeira intenção da ciência Didática. <Saiba mais início> Pesquise na Internet o nome de Comenius. Anote informações sobre ele. Ainda, consulte no endereço: http://loja.editoracomenius.com.br/q uem-foi-comenius e veja uma breve biografia deste estudioso. Outra indicação importante é o livro citado, “Didática Magna”, o qual você baixar a partir do endereço eletrônico a seguir: 10 http://rizomas.net/educacao/metodo s-de-ensino/313-comenius-didatica- magna-livro-completo.html. <Saiba mais fim> Você já pensou sobre isso? Como você aprendeu na(s) escola(s) onde estudou? Certamente os professores preparavam aulas com explicações, atividades, exercícios em grupo, apresentações na frente da sala e, nos últimos tempos, eles também contavam com recursos tecnológicos, como data show, computador... Que tal conhecer a definição de Didática de uma das mais importantes estudiosas sobre o assunto, a professora pós-Doutora Vera Maria Ferrão Candau, (PUC-RJ)? Ela afirma que a Didática precisa ser pensada como “uma reflexão sistemática e busca de alternativas para os problemas da prática pedagógica” (2012, p.29). Deste modo, cabe ressaltar que este deve ser um processo contínuo e, se compartilhado, mais enriquecedor, pois os professores poderão trocar ideias com seus pares e, a partir dessa interação, refletir sobre suas próprias práticas e aperfeiçoá-las. Podemos dizer que há os seguintes elementos envolvidos na prática de cada educador: ele próprio, seus alunos, os conteúdos com os quais precisa trabalhar, as estratégias que utilizará para fazer seu trabalho e os processos avaliativos. Masetto (1997), assim como Candau (2012), também concorda que a Didática precisa ser vista com reflexão sistemática. Os dois afirmam que a mesma é um “estudo das teorias de ensino e aprendizagem aplicadas ao processo educativo que se realiza na escola, bem como dos resultados obtidos” (p. 14). 11 Assim, a Didática contribui com os processos de ensinar e de aprender. Ressalto que é importante ter em mente que a Didática não resolve tudo sozinha, pelo contrário, ele precisa das outras ciências para formar o educador e sua mentalidade transformadora. Vejamos: várias ciências que procuram entender o desenvolvimento humano estão presentes nos estudos da Didática, como a filosofia, a sociologia, a história, a comunicação, a psicologia, a antropologia, a educomunicação, entre outras. Cada uma delas traz uma forma de ver o ser humano em sua mais importante ação: conhecer. Os conhecimentos delas são essenciais para a construção das ações em sala de aula, assim como também nos ajudam na reflexão sobre nossa prática, sobre nossos alunos, como eles aprendem, se nossas hipóteses avaliativas estão corretas e são pertinentes e como podemos ser melhores professores. _______________________________________________________________ Para refletir sobre ensinar e aprender... http://www.maquinadequadrinhos.com.br/ _____________________________________________________________ 12 Você consegue perceber o quanto ensinar é um processo que deve ser minuciosamente pensado? Não podemos ir para sala de aula com nosso conhecimento achando que ele, por si só, já é suficiente. Quantas vezes você já ouviu alguém dizer (ou talvez já tenha dito) que “um determinado professor sabe muito”, “dá para perceber todo o conhecimento que tem, mas... ele não sabe passá-lo aos seus alunos e, por isso, a aula dele não é proveitosa”? Pense nisso e, em seguida, lembre-se da Didática e de como ela pode auxiliá- lo como docente. <Observação início> Lembre-se: a Didática estuda os processos de ensino e aprendizagem! <Observação fim> 1.2 Planejamento em EaD: Objetivos, Conteúdos, Procedimentos, Avaliação O que é planejar? Ouvimos tanto que essa é uma das mais importantes atividades do educador, mas, o que seria exatamente fazer um planejamento, apresentar um plano para determinado curso, aula ou atividade? Certamente você já fez pelo menos uma viagem, não é mesmo? Então, pense como foi até que você chegasse ao seu destino: há alguns passos necessários para o sucesso das férias, por exemplo (considere uma viagem de férias de um mês na qual você viajou de avião e ficou hospedado(a) num hotel). ¾ Primeiro você estabeleceu o local para onde iria; 13 ¾ Como você teria um mês de disponibilidade para estar por lá, pensou em quanto dinheiro seria necessário dispor para passar todo o tempo, considerando os valores de passagens de ida e volta e de estadia; ¾ Pesquisou os preços das passagens nas companhias aéreas que fazem o trajeto e os horários de embarque; ¾ Buscou hotéis até se decidir por um em especial; ¾ Em seguida, pesquisou como estaria o tempo durante o período de sua estadia no local; ¾ Deixou instruções em sua casa para que tudo corresse bem até seu retorno (exemplo: agendou no banco o pagamento das contas, previu os gastos costumeiros e, para eles, deixou dinheiro em sua conta corrente, suspendeu assinatura da TV a cabo/digital e do jornal, etc.); ¾ Arrumou a mala e conseguiu uma carona até o aeroporto como sua melhor amiga; ¾ Embarcou! Percebeu o quanto dá trabalho ir “curtir” as férias? Até cansa, né? É exatamente o mesmo que ocorre com a ação didática: ela precisa ser detalhadamente pensada e minuciosamente organizada para que seu sucesso seja a mais concreta possibilidade. Ainda, cabe ressaltar que mesmo quando fazemos tantos planos para nossos alunos, alguma coisa pode não funcionar e é nesse momento que aparece uma das principais características do planejamento, ou seja, a flexibilidade. No caso da viagem, se você vai para um país estrangeiro, é prudente levar a moeda corrente utilizada por lá para não ter surpresas, por exemplo, chegar muito cedo ao local e as casas de câmbio estarem fechadas. Ou, ainda, se você for para uma cidade muito fria, é necessário ter à mão um casaco bem quentinho para você não congelar assim que sair do avião e estiver esperando as malas... 14 Pensando agora sobre a escola, imagine que a aula foi toda pensada para contar com a utilização de um vídeo: você o grava num cd-rom, reserva o equipamento necessário com antecedência, avisa aos alunos, prepara-os para o que lhes será apresentado e constrói fichas de avaliação para serem preenchidas após o filme. Contudo, no dia da exibição, simplesmente não há energia elétrica na escola, ou o local de projeção está às escuras ou, ainda, você percebe que a sala de aula não é adequada para tal atividade. O que fazer? É aí que vem a flexibilidade: o plano “B” tem que entrar em prática, ou o “C”, o “D”, enfim, alguma coisa deve ser feita para que os alunos não percam aquela aula, mesmo que não consigam assistir ao vídeo. Nem sempre o que planejamos efetivamente ocorre, mas o mais importante é exatamente não se tornar refém de uma mídia ou de uma determinada situação que pode falhar. Ser flexível é saber sair das possíveis situações em que o planejado não funcionou ou não surtou o efeito desejado. Ainda, é ter equilíbrio para que, durante todo o ano letivo, você possa desenvolver ações e atividades que substituam aquelas pensadas primeiro lugar: é replanejar sempre que necessário. Para que isso ocorra, é fundamental que você: • considere sempre o que os alunos já sabem até o momento e a relevância do conteúdo que será trabalhado; • faça avaliações diagnósticas e formativas frequentemente; • tenha sempre em mente quem é seu aluno, como você está ensinando e se seus objetivos, que devem ser pensados para os alunos, estão sendo atingidos (caso não estejam, verifique porquê e refaça suas propostas de acordo com as necessidades); 15 • ouça tudo e todos pois é dos alunos que as dúvidas surgirão ou a real medida do ritmo cadenciado por você para ensiná-los. <Observação início> E importante ser flexível, pois se o professor não fizer um planejamento maleável, o mesmo corre o risco de não alcançar objetivos previstos e isso é imperdoável no desenvolvimento de uma ação didática! Lembre-se: Qualquer plano é uma previsão, portanto, está sujeita a erros. Daí a importância em mudar sempre que parecer ser uma boa ideia, especialmente quando não estiver dando certo. É isso o que um verdadeiro educador faz com grande facilidade, certo? <Observação fim> 1.2.1 Objetivos, Conteúdos, Procedimentos, Avaliação Viu como planejar é importante? Vamos sistematizar o conceito nas palavras de Haydt (2006)? Ela diz que planejar é analisar uma dada realidade, refletindo sobre as condições existentes, e prever as formas alternativas de ação para superar as dificuldades ou alcançar os objetivos desejados. Portanto, o planejamento é um processo mental que envolve análise, reflexão e previsão (p. 45). De acordo com a autora, analisar quem são os alunos, refletir sobre quais conteúdos trabalhar e prever, por exemplo, como serão as aulas, quanto tempo será necessário para desenvolvê-las, dentre outras preocupações é questão de ordem para todo educador. O planejamento entra exatamente nesse momento, ou seja, quando começamos a pensar no que ensinar, para quem ensinar, como ensinar, como o aluno aprende e de que modo verificar se aprendeu e como pode ser 16 melhorado todo esse processo. Até aqui, caminhamos bem. Que tal se aprofundarmos um pouco mais nossa discussão? Dissemos que planejar é fundamental e, ainda, que este deve ser flexível. Mas... o que compõe um plano? Quais suas partes imprescindíveis? 1.2.1.1 Objetivos Os objetivos são o ponto inicial a partir do qual as intenções de trabalho dentro da instituição de ensino (formal ou não formal) começam a ser pensadas. São eles que devem orientar a seleção dos conteúdos que serão ensinados aos aprendentes. Assim, os objetivos são o ponto de partida de todo planejamento. Eles subdividem-se em: a) Objetivos gerais: previstos para um determinado grau ou ciclo, numa escola ou certa área de estudo, e que serão alcançados a longo prazo; b) Objetivos específicos: são aqueles definidos especificamente para uma disciplina, uma unidade de ensino ou uma aula. Consistem no desdobramento ou operacionalização dos objetivos gerais. Eles apresentam, de forma pormenorizada, as ações que se tem intenção de desenvolver e aonde se quer chegar. Para simplificar, pode-se afirmar que os objetivos gerais nos forneceriam as diretrizes para a ação educativa como um todo enquanto os objetivos específicos norteariam, diretamente, o processo de ensino e aprendizagem e, ainda, estabeleceriam uma estreita relação com as singularidades relativas aos conteúdos trabalhados. 17 Vejamos exemplos: Exemplo 1 * OBJETIVO GERAL: Oferecer aos alunos uma noção precisa da importância do planejamento como ferramenta de base na organização do turismo. * OBJETIVOS ESPECÍFICOS: . Dominar a aplicação de metodologias e técnicas de planejamento turístico; · Ampliar o leque de possibilidades de atuação profissional; · Estabelecer mecanismos de planejamento que venham promover a sustentabilidade de projetos e programas voltados para o turismo. Neste caso, percebe-se que o objetivo geral visa que o aluno do curso de Turismo desenvolva a importante noção de que planejar é fundamental para sua prática profissional. Em seguida, esta ideia é esmiuçada, ou seja, é posto que esse mesmo aluno conheça e aplique metodologias e técnicas do planejamento em sua área de forma a ampliar a área de alcance de sua atuação como profissional nesta área e, ainda, que coloque em prática seus conhecimentos para desenvolver a sustentabilidade associada ao turismo. O objetivo geral dá uma visão simplificada do que é esperado. Os objetivos específicos detalham ao máximo a ideia lançada inicialmente. Vejamos mais um exemplo: Exemplo 2 18 * OBJETIVO GERAL: O Programa visa à promoção de melhorias no desempenho da Administração Pública, com a finalidade de aumentar a eficiência e a efetividade das políticas de governo. * OBJETIVOS ESPECÍFICOS: . Fortalecer a capacidade de planejamento e gestão de políticas públicas; . Desenvolver a capacidade de administração de recursos humanos; . Modernizar a estrutura organizacional e seus processos administrativos; . Fortalecer mecanismos de transparência administrativa e de comunicação social; . Modernizar a gestão de informação e integrar seus sistemas de informática. Neste caso é intenção que melhore o desempenho da administração pública para aumentar a eficácia das políticas públicas. Desenrolando, temos que, para que isso aconteça, espera-se que o planejamento seja melhor construído, levando em conta os recursos reais e como estes serão administrados para que haja transparência nas ações. Para isso, contam com uma gestão, não só administrativa mais competente, como com a gestão das tecnologias envolvidas mais simples e eficiente. Um último exemplo: Exemplo 3 19 * OBJETIVO GERAL: Analisar os motivos da evasão escolar nos cursos de formação de professores no estado do Rio de Janeiro entre os anos 1990 e 2000. * OBJETIVOS ESPECÍFICOS: . Verificar a relação entre professores e alunos de cursos de formação de professores no estado do Rio de Janeiro entre os anos 1990 e 2000; . Identificar o nível de interesse dos alunos; . Reconhecer as prioridades estabelecidas pelos alunos; . Apresentar os motivos que conduzem os alunos à evasão escolar. Neste último caso, o que se pode perceber é que a evasão escolar nos cursos de formação de professores no estado do Rio de Janeiro entre os anos 1990 e 2000 é uma questão pertinente a ser compreendida, assim, este período aparece identificado. Em seguida, para compreender os reais motivos da significativa evasão, esmiuçou-se o problema, buscando entender se houve alguma situação recorrente que fizesse com que os alunos largassem seus cursos. Para isso até o relacionamento entre alunos e professores foi pesquisado. E então, você consegue perceber como são os objetivos que norteiam a ação pedagógica? É a partir deles que elaboramos as diretrizes a serem desenvolvidas em nosso trabalho. <Atividade de Aplicação início> _______________________________________________________________ Coloque no papel seus objetivos de vida para os próximos cinco anos. Organize com eles um quadro identificando quais são os gerais e quais 20 são os específicos. Justifique suas escolhas. _______________________________________________________________ <Atividade de Aplicação fim> 1.2.1.2 Conteúdos Professores e alunos trabalham sempre com conteúdos. Vamos ver como isso funciona na prática? Leia os objetivos que seguem: . Ampliar gradativamente suas possibilidades de comunicação e expressão, interessando-se por conhecer vários gêneros orais e escritos e participando de diversas situações de intercâmbio social nas quais possa contar suas vivências, ouvir as de outras pessoas, elaborar e responder perguntas; . Familiarizar-se com a escrita por meio do manuseio de livros, revistas e outros portadores de texto e da vivência de diversas situações nas quais seu uso se faça necessário; . Reconhecer seu nome escrito, sabendo identificá-lo nas diversas situações do cotidiano; . Escolher os livros para ler e escutar textos lidos, apreciando a leitura feita pelo professor. http://www.beijaflorsorocaba.com.br/arquivos/Maternal%20II.pdf Imagine que assuntos serão necessários que sejam trabalhados para que os objetivos acima sejam atingidos? O que você sugere? Vou ajudá-lo(a). Se o docente pretende que seu aluno “amplie gradativamente suas possibilidades de comunicação e expressão”, o que o professor precisa 21 trabalhar é com a fala e com a escrita (mesmo que rudimentar, pois é educação infantil), assim, são conteúdos: fala (expressão oral) e escrita (expressão escrita). Mas há ainda outros conteúdos neste objetivo: ao desejar que seu educando passe a “interessar-se por conhecer vários gêneros orais e escritos”, o professor precisa criar estratégias de trabalho que desenvolvam o conteúdo gêneros orais e escritos (por exemplo, roda de conversa, cartazes, cantigas de roda, histórias em quadrinho, anúncio, carta, etc.). Assim, sem explicar que gêneros são “formas relativamente estáveis de enunciados, disponíveis na cultura” (PCNs de Língua Portuguesa, p. ) ou, como define Bakthin (2003), “tipos relativamente estáveis de enunciados constituídos historicamente e que mantêm uma relação direta com a dimensão social” (p. 261), o professor estará fazendo com que seu aluno tenha contato com o conteúdo que está proposto no objetivo. Na verdade, como o objetivo deve ser construído primeiro, é a partir dele que o conteúdo será pensado e auxiliará para que aquele seja atingido. O conteúdo é, portanto, todo aquele saber que foi (e ainda é) acumulado durante os séculos. De acordo com (HAYDT, 2006, p. 59), “esse saber apresenta uma natureza dinâmica, porque está em contínua expansão e atualização, renovando-se constantemente. A escola, como instituição social e agência formadora, é o centro da educação sistemática e tem como função básica a transmissão sistematizada do conhecimento universal”. De qualquer modo é importante pensar que conteúdo está em toda parte e que aprendemos coisas novas a todo momento, em qualquer lugar. A escola e a universidade são espaços que procuram mostrar os conteúdos acumulados pela humanidade para a sociedade, pois neles há professores cujo trabalho é exatamente aprender esses conteúdos e apresentá-los aos alunos. 22 Você já pensou que existem conteúdos diferentes, com diversas finalidades? Vejamos como é isso. Já pensou que há coisas que simplesmente memorizamos com a repetição, como os nomes das ruas no caminho de casa para a universidade ou os nomes dos nossos colegas de classe? Há coisas sobre as quais precisamos refletir para podermos compreender ou que, na comunicação, precisamos saber definir para que possamos ser compreendidos. São conhecimentos diferentes, dos mais simples aos mais complexos, como os sentimentos. Vamos classificá-los? De acordo com Zabala (2006), há quatro tipos de conteúdos: a) Factuais (aprendizagem de fatos) – o indivíduo aprende por memorização, por repetição verbal. Alguns dirão que esse conhecimento é irrelevante, até mesmo desnecessário. Não é não. Ele é fundamental, pois existem certos conteúdos que precisam sim ser memorizados, como por exemplo, nomes de pessoas com as quais trabalhamos ou estudamos: como saber sem praticar? A estratégia aqui é, no momento de cumprimentar uma pessoa, dizer seu nome até que o mesmo seja fixado por você. Imagine que desagradável você ser escolhido como redator(a) no grupo de trabalho da faculdade e, na hora de fazer a identificação dos componentes, ter que perguntar “como é seu nome mesmo?” para aquela pessoa que sempre o ajuda com alguma disciplina que você tem dificuldade? Não há outra forma de aprender seu nome se não pela memorização. 23 b) Conceituais (aprendizagem de conceitos e princípios) – estão diretamente relacionados à busca de informação para melhora do conteúdo; sua aprendizagem exige do indivíduo uma atividade cognoscitiva mais significativa que a anterior. Este tipo é, na verdade, uma ampliação daquela. Poderíamos dizer que este tipo de conteúdo está associado ao saber conhecer. c) Procedimentais (aprendizagem de procedimentos) – partem de uma investigação autônoma e observação direta de cada indivíduo. Associa- se com o saber fazer, pois é uma aprendizagem das ações necessárias a realização de algo. d) Atitudinais (aprendizagem de atitudes) – estão relacionados com a socialização, a cooperação e a inserção do indivíduo no seu meio social e cultural. Em determinadas culturas as famílias decidem com quem seus filhos vão casar-se. Essa atitude é aceita pelos filhos, que se casam mesmo que venham a se conhecer apenas no dia do casamento. Esse conteúdo tem a ver com os valores que são aprendidos ao longo da vida. Você compreendeu que para cada tipo de conteúdo há formas mais pontuais de se trabalhar, certo? Essas formas são os procedimentos, ou seja, as estratégias que todo professor deve inserir em seu planejamento após definir o conteúdo que vai trabalhar. Eles são nosso próximo tópico. <Lembrete início> Observe o quadro abaixo para não esquecer como devem ser desenvolvidas as atividades para trabalhar cada tipo de conteúdo. Conteúdos Atividades de aprendizagem 24 Factuais Repetições verbais Conceituais Experiências Procedimentais Aplicações e exercícios Atitudinais Vivências + componentes afetivos <Lembrete fim> 1.2.1.3 Procedimentos Já falamos sobre os objetivos e os conteúdos. Resta saber como associá-los, visto que, através do trabalho com os conteúdos é que os objetivos, como dissemos, poderão ser atingidos, não é? E agora? É simples! Aqui entram os procedimentos de ensino. Procedimentos são todas as ações que os educadores planejam visando a aprendizagem de seu aluno. Eles são as formas através das quais os professores encontram para mediar o conhecimento a ser trabalhado, ou seja, é com a utilização de técnicas de metodologias de ensino que a aula irá se desenvolver. É com os procedimentos que ocorre a mediação dos conteúdos escolhidos para serem trabalhados. Ressalto que, quanto mais interativas forem as escolhas docentes, maior possibilidade de sucesso no curso. É certo que as formas de se trabalhar devem ser mescladas – ora individualizadas, ora socializadas, ora sócio-individualizadas, contudo, o mais importante é que o professor sinta-se seguro para realizar a aula tal como ele a desenhou. Há autores que dizem que as estratégias e os procedimentos são a mesma coisa, outros os diferenciam. Aqui, vamos considerá-los como irmãos gêmeos, ou seja, eles são imprescindíveis um ao outro. 25 Ao planejarmos uma aula, é indispensável ter em mente como o conteúdo será trabalho e, assim, qual será o modo de fazê-lo. Daí considerarmos ambos como trabalhando de mãos dadas para o sucesso da empreitada pedagógica. Lembre-se, portanto, que a função dos procedimentos e estratégias de ensino e aprendizagem é auxiliar o processo de reconstrução do conhecimento pelo aluno! <Observação início> Há critérios básicos para selecionar um procedimento de ensino, de acordo com Haydt (2006): • adequação aos objetivos propostos para o processo educacional; • compreensão da natureza do conhecimento a ser construído pelo aluno e do tipo de aprendizagem a se realizar; • conhecimento das características do aluno (idade, nível de maturidade e desenvolvimento mental, grau de interesse e suas expectativas de aprendizagem); • noção das condições físicas existentes e do tempo disponível. <Observação fim> Agora que já falamos sobre partes fundamentais na elaboração do planejamento, falta acrescentar um processo que nos dá o retorno do nosso trabalho. Precisamos saber se nossas ações estão corretas e surtindo o efeito esperado. Como obtemos essas respostas? Como detectamos que nosso aluno aprendeu, que construiu seus conhecimentos? É aqui que entra a avaliação. Vamos falar sobre ela no próximo item. 1.2.1.4 Avaliação 26 O que é avaliação? Por que todo mundo tem medo de ser avaliado? Ter seus méritos reconhecidos e suas fraquezas apontadas não teria o objetivo de te ajudar a melhorar ou a manter-se como está? Avaliar é um nó na educação, embora devesse ser muito diferente. A avaliação nos mostra nossas potencialidades, nossas falhas e nossos acertos. Assim, deveríamos vivenciar com tranquilidade esse processo, mas, a história não é bem essa... Para começar essa conversa, peço que você assista ao vídeo no endereço eletrônico: <http://www.youtube.com/watch?v=iiJWUcR0g5M>, no qual o prof. Dr. Cipriano Carlos Luckesi fala brevemente sobre avaliação X examinação. Após assisti-lo, acredito que você estará com uma “pulguinha atrás da orelha” se questionando se o que você faz (se está em sala de aula) ou se seus professores fizeram com você foi avaliação ou examinação. O prof. Luckesi define examinação como a prática de aplicar exames, deles tirar uma nota e aprovar ou reprovar o aluno. Ele diz que a avaliação é muito diferente, ela é mediadora, dialógica, configura o aluno em sua totalidade e não em um determinado momento que você, professor, decidiu que seria “A” hora de ver como está sua aprendizagem apenas respondendo às questões que você elaborou para aquela oportunidade. Vamos ver trechos de sua fala em entrevista concedida ao Jornalista Paulo Camargo, publicado no caderno do Colégio Uirapuru, de Sorocaba, estado de São Paulo, por ocasião da Conferência: Avaliação da Aprendizagem na Escola, em 8 de outubro de 2005 (e parece que nem se passaram esses anos)? “a escola hoje ainda não avalia a aprendizagem do educando, mas sim o examina (...) Historicamente, mudamos o nome, sem modificar a prática. (...) Para compreender esse ponto de vista, basta verificarmos as 27 características básicas, de um lado, do ato de examinar e, de outro, do ato de avaliar. Iniciemos pelos exames escolares. (...) eles operam com desempenho final. (...) não interessa como o respondente chegou a essa resposta, importa somente a resposta. (...) os exames são pontuais, (...) não interessa o que estava acontecendo com o educando antes da prova, nem interessa o que poderá acontecer depois. (...) Tanto é assim que se um aluno, num dia de prova, após entregar a sua prova respondida ao professor, der-se conta de que não respondeu adequadamente a questão 3, por exemplo, e solicitar ao mesmo a possibilidade de refazê- la, nenhum dos nossos professores, permitirá que isso seja feito; mesmo que o aluno nem tenha ainda saído da sala de aulas. (...) os exames são classificatórios, ou seja, eles classificam os educandos em aprovados ou reprovados, ou coisa semelhante” (p.1) Diante de Luckesi (2005), pergunta-se: o que é avaliar? Estamos realmente avaliando? Se a resposta à segunda pergunta foi “Não”, precisamos repensar nossa prática. <Saiba mais início> Em: <http://www.youtube.com/watch?v=6rHvpwKOpQg& feature=related> você encontrará o vídeo “Avaliação: Prêmio ou Punição?”. Assista-o. Ele é muito interessante e o(a) auxiliará na reflexão sobre a avaliação. <Saiba mais fim> A avaliação deve ser constante em nossa vida, desde a hora em que acordamos e escolhemos a roupa para usar (e damos uma olhada no espelho para ver se nos agrada, ou seja, para avaliar se estamos bem e é essa realmente a roupa daquele dia) até quando voltamos para casa, à noite, 28 cansados, mas felizes pelo dia agradável (pois recebemos vários elogios devido à roupa escolhida), por exemplo. Saul (1994, p. 61) aponta que “Na ação escolar, a avaliação incide sobre ações ou sobre objetos específicos - no caso, o aproveitamento do aluno ou nosso plano de ação. Avaliação, portanto, não pode ser confundida, como por vezes se faz, com o momento exclusivo de atribuição de notas ou com momentos em que estamos analisando e julgando o mérito do trabalho que os alunos desenvolveram. Vale dizer que a avaliação recai sobre inúmeros objetos, não só sobre o rendimento escolar.” Sob esse ponto de vista, a avaliação, que é uma prática social ampla, especialmente pelo fato de que o ser humano tem uma capacidade ímpar de observar – a si e ao outro, de refletir diante do que vê e de emitir juízo de valor sobre essa reflexão, tem que ser prática educativa, não meramente atribuidora de notas e de aprovações e/ou reprovações. De qualquer modo, antes de trazer Jussara Hoffmann e sua avaliação mediadora para nossa discussão, vamos definir os três tipos mais comuns de avaliação? A avaliação, como já dissemos, é um processo interessado em produzir informações sobre o processo de aprendizagem. A todo momento podemos colher essa informações, e estas também são diferentes, nos dão sinais diferentes sobre nossos alunos. Os três tipos de avaliação sobre os quais estamos falando, são: diagnóstica, formativa e somativa. Cada uma delas nos fornece dados específicos em momentos diversos, mas, ressalto, elas são complementares. Vejamos: 29 a) avaliação diagnóstica: tem por objetivo verificar se os aprendentes já construíram os conhecimentos necessários para ir adiante, passando a uma nova aprendizagem, a qual prescinde destes conhecimentos anteriores. Ex: sempre antes de introdução um novo conteúdo, o professor verifica se não há brechas, dificuldades com o conteúdo anteriormente trabalhado. b) avaliação formativa: é o feedback que vai retroalimentar todo o processo pedagógico. Ela é aplicada ao longo de todo o processo, em todas as situações de aprendizagem, visto que seus objetivos são: identificar situações de aprendizagens mal conseguidas, informar sobre medidas para corrigir falhas e/ou melhorar o processo. Ex: durante todo o processo o professor promove pequenas avaliações e, ao detectar que o aluno apresenta dificuldades, vai tentando saná-las ao longo do bimestre letivo, por exemplo, para que o aluno não carregue para o bimestre seguinte dúvidas que dificultarão suas novas aprendizagens, o que, se não for verificado e se o docente não tomar uma providência para sanar, poderá virar uma “bola de neve”, ou seja, dúvida sobre dúvida. c) avaliação somativa: é a soma das aprendizagens e competências adquiridas durante todo um bimestre, um semestre ou um ano letivo. Ela é, portanto, classificatória. Ex: os alunos de um curso de Letras são classificados mediante as médias ponderadas obtidas ao final dos dois primeiros semestres letivos. Mediante a classificação eles terão ou não a possibilidade de cursar a língua estrangeira escolhida. Há um ranqueamento pois as vagas são limitadas entre as línguas. <Lembrete início> Tipos de avaliação (Adaptado de PROENÇA, Maria Cândida, Didáctica da História, Lisboa, Universidade Aberta, 1989, pp. 148-150 e de MASACHS, Roser Calaf; CASARES, M. Ángeles Suárez e FERNÁNDEZ, Rafael Menéndez, Aprender a Enseñar Geografía, Barcelona, Oikos-Tau, 1997, pp. 181-195) 30 DIAGNÓSTICA FORMATIVA SOMATIVA Objetivos - Obter indicações sobre conhecimentos, aptidões, interesses (ou outras qualidades do aluno). - Determinar a posição dos alunos no início de uma unidade de ensino, período ou ano. - Determinar as causas subjacentes de dificuldades de aprendizagem. - "Feedback" ao professor e ao aluno relativamente ao progresso deste. - Detectar os problemas de ensino e aprendizagem. - Classificar os alunos no final de um período relativamente longo (por exemplo, unidade de ensino; período, ano, etc.). Quando - No início de uma unidade de ensino, período ou ano letivo. - Durante o processo de ensino- aprendizagem. - No final de um período relativamente longo (por exemplo, unidade de ensino; período, ano, etc.). Ênfase em - Aptidões, interesses, etc., que são julgados necessários (pré- exigidos ou desejáveis relativamente aos objetivos a atingir. - Resultados da aprendizagem relativamente aos objetivos. - Comparação dos diferentes resultados obtidos pelo mesmo aluno. - Resultados de aprendizagem relativamente aos objetivos. 31 - Processo de ensino- aprendizagem que permitiu os resultados obtidos. - Causas dos insucessos de aprendizagem. Tipos de instrumentos - Instrumentos de diagnóstico. - Instrumentos formativos especialmente concebidos. - Provas finais ou somativas. <Lembrete fim> Pense sobre esses três tipos avaliatórios e, para esquentar nossa conversa, trago Jussara Hoffman (2000): ela defende a avaliação mediadora como a única possível, aquela através da qual é necessário deixar de focar o coletivo e apreciar o individual para poder perceber como cada um aprende ou não aprende. É a multidimensionalidade do olhar para o processo educativo e todas as suas nuances. É necessária uma mudança na atitude do professor e dos sistemas de ensino e de toda a sociedade que ainda está no paradigma de atribuição de valor numérico para os conhecimentos – construídos ou não pelos aprendentes. Essa mudança só pode vir pela mudança de mentalidade, se olharmos para nossas práticas atuais e refletirmos acerca dos resultados que eles tem nos oferecido. Deste modo, surge a avaliação mediadora, a qual propõe um. modelo diferenciado, que está baseado na possibilidade de dialogar com os alunos e 32 aproximar-se deles. Para isso, reitero: é fundamental que as práticas docentes sejam repensadas e completamente modificadas, levando-se em consideração a contemporaneidade, a situação sócio-cultural dos alunos, sua compreensão do mundo, suas perspectivas para a vida etc. Deste modo, olhando a avaliação sob este ângulo, até a visão do erro será diferenciada. Ele será considerado como parte do processo de aprendizagem, como forma que o aluno encontrou para acertar. É a sua testagem de hipóteses que deve ter uma carga superior na avaliação, não o resultado final. Imagine um aluno que acertou todo o raciocínio na resolução de uma expressão matemática, mas, como errou uma soma, por exemplo, o que o levou a encontrar um resultado diferente do esperado, teve sua questão completamente anulada? Talvez você mesmo(a) já tenha passado por isso. É avaliativa essa prática de olhar o resultado final e dar certou ou errado? E todo o desenvolvimento do raciocínio do aluno? Não valeu de nada? Precisamos mudar essa perspectiva! Um novo paradigma para a avaliação já! Os professores são capazes de criar e propor situações desafiadoras aos seus alunos de forma que estes analisem possibilidades, testem hipóteses e cheguem às suas próprias conclusões a partir de seus percursos individuais, porém, incentivados por seus mestres, orientadores da aprendizagem. Somente assim a aprendizagem passará de mecânica à significativa e a educação poderá exercer seu papel de transformação social. <Atividade de aplicação início> _______________________________________________________________ 33 Pergunte aos seus amigos, familiares e colegas de trabalho qual (is) a(s) sensação(ões) mais comum(ns) para eles quando tinham que fazer prova. Reflita sobre as respostas e construa um breve texto argumentando sobre a forma de avaliação e a discussão deste item. _______________________________________________________________ <Atividade de aplicação fim> <Resumo – início> Resumo Nesta unidade você estudou sobre a Didática e todas as possibilidades que a partir dela são geradas visando o desenvolvimento de um processo de ensino e de aprendizagem de boa qualidade. Você foi levado(a) a pensar sobre a aprendizagem, portanto e, para isso, passeou pelas ações de planejar, onde você estudou os objetivos, os conteúdos, os procedimentos e a avaliação. Espero que os conteúdos tenham sido proveitosos para você e o(a) leve curiosamente às próximas unidades. Tenha sempre em mente que a razão da instituição escolar existir é a promoção da aprendizagem e da construção de conhecimento dos alunos e você será responsável por parte disso. Bons estudos! <Resumo – fim> 34 Unidade 2: EaD Conteúdos trabalhados na unidade: O Ensino à distância: breve histórico a partir das gerações de EaD; Personagens do EaD: o aluno, o professor/tutor e o curso; A escolha pela modalidade de estudo à distância: motivação e necessidade; Carga horária do curso Um educador deve estar sempre antenado às modificações que ocorrem em seu tempo. A sala de aula, para alguns, é a mesma desde os tempos medievais, muito antigos, séculos passados. Para outros, ela se moderniza a cada dia. Como seria isso? É certo que, na grande maioria das escolas, os alunos sentam-se enfileirados, um atrás do outro, a mesa do professor está à frente, há um grande quadro de giz no qual o docente escreve as informações que seus alunos precisam aprender. Estes copiam as mesmas no caderno e devem decorá-las para as provas. Em muitas escolas é assim que acontece. Você me diria que não? Então, em algumas é assim que funciona e funcionará por muitos anos, mas, e as outras sobre as quais falei que se modernizam a cada dia? O que é isso? Como ocorre e como percebemos essa modernização? Vamos ver? Por exemplo: com a inserção de data show, computadores pessoais, notebooks, tablets, enfim, de recursos tecnológicos que possibilitam a pesquisa instantânea, de dentro da própria sala de aula. Não vou mudar de assunto, mas te pergunto: Você já esteve em Paris? Já visitou um dos mais famosos e interessantes museus do mundo? Eu já! Aliás, nem preciso de cartão de crédito para fazê-lo, como num reclame antigo, um 35 anúncio de um determinado cartão de crédito que mostrava que, ao possui-lo, poderíamos conhecer o mundo e ter o que quiséssemos apenas digitando uma senha. Ah, ok, eu tenho cartão de crédito, mas vou à Paris agora, como você, sem tirá- lo da minha carteira. Duvida? Então, bon voyage pour nous!1 Acesse a internet de seu computador e entre no endereço eletrônico a seguir: http://www.louvre.fr/accueil Voilá! C’est le musée du Louvre!2 E aí, gastou quanto por isso? Nada! E foi divertido, não foi? O mesmo você pode fazer para conhecer qualquer lugar do mundo! Certa vez fui para Bariloche e tive uma grande curiosidade de saber como as pessoas estavam se vestindo por lá. Antes de viajar, eu quis saber sobre o clima e, assim, pude arrumar minha mala com mais tranquilidade, levando exatamente o que seria necessário vestir. Visitei o seguinte endereço eletrônico: http://www.bariloche.com.ar/camaras/centro-civico-infoespacio.html Nele você pode ver imagens atualizadas a cada trinta segundos. Para meu objetivo, arrumar a mala com roupas adequadas à temperatura, foi muito útil, não concorda? Deu para perceber o quanto a internet pode nos ajudar? Encontramos de tudo nela, das coisas mais corriqueiras às mais complexas. É uma ajuda e tanto na 1 Boa viagem para nós! (tradução do francês). 2 Aí está! É o museu do Louvre! (tradução do francês). 36 sala de aula! É disso que estou falando. Refiro-me à ampliação do espaço escolar para além das paredes da sala de aula e, mais ainda, para além dos muros da escola! Vou reproduzir um pequeno texto, do livro “Tecnologia da informação para todos”, da Coleção Entenda e Aprenda: “Em que mundo vivemos, afinal? Imagine um mundo sem tecnologia. Sem celular, sem namora via Internet, sem futebol pela TV a cabo e, sobretudo, sem o estresse da vida moderna. É fácil imaginar, ou não? Um belo dia, David Byrne, o cérebro da extinta banda norte- americana Talking Heads, resolveu fazer uma canção chamada (Nothing but) flowers – (nada além de ) flores – para tentar descrever as sensações que o homem experimentaria se, provado das maravilhas do mundo moderno, tivesse de retornar ao estilo de vida que a natureza lhe oferecia há 30 ou 40 mil anos. No início, Byrne se diverte com a delirante hipótese. Vê a si mesmo como um novo Adão, livre nos Jardins do Éden. E, evidentemente, fica feliz da vida por ter todo o tempo do mundo para não fazer nada ao lado da belíssima Eva. De repente, começa a sentir saudade do micro-ondas, dos shopping centers, dos letreiros luminosos de Nova York e até da Pizza Hut e do 7-Eleven – duas das mais tradicionais redes americanas de fast-food. Da saudade á insatisfação é um pulo e, em segundos, Byrne compreende ser impossível viver sem os referenciais que, mal ou bem, ajudaram a moldar sua identidade. Quando a canção (Nothing but) flowers começou a ser tocada, houve 37 quem taxasse o trabalho de Byrne como “antiecológico”. Nada mais falso. Na verdade, o artista fez uma radiografia perfeita de como a tecnologia nos transformou, atendendo (ou criando) novas necessidades. Sempre se pode dizer, por exemplo, que “inventaram o computador para resolver problemas que você não tinha antes”. Em certa medida, isso é verdade, pois ninguém ficaria preocupado em recarregar o cartucho de uma impressora há 20 anos. Em compensação, há 20 anos você teria que gastar uns bons trocados se resolvesse imprimir aqueles poemas infames feitos para reconquistar a sua namorada. Nesse novo mundo, o computador está transformando a maneira de pensar, falar, amar, estudar, ganhar dinheiro, visitar um médico e até eleger o presidente. Em termos de Internet, então, iremos precisar de uma enciclopédia para descrever as mudanças que a rede mundial de computadores vem operando. Banco on-line (seu computador conectado ao da instituição bancária), bibliotecas e shoppings virtuais, educação a distância, cirurgias complicadíssimas (com o médico nos Estados Unidos e o paciente na Europa) e, claro, tarefas prosaicas, como declarar seu imposto de renda e fazer o licenciamento do seu carro. Se não bastasse, ainda inventaram o celular conectado á Internet. Agora a gente nem precisa estar mais em casa, diante do computador, para receber e-mails, consultar os horários do cinema, ver o saldo ou xeretar a previsão do tempo. Então, dá para se imaginar sem tecnologia? Boa parte vai responder com um sonoro “nãããããoooo!”. Seja por gosto, fascínio, necessidade ou, sem dúvida, imposição – basta pensar no mercado de trabalho. E já que quem está na chuva “é pra se queimar”, citando o antológico Vicente Matheus, entender um pouco dessa tecnologia circundante acaba sendo fundamental, tanto para elogiar quanto para criticar. Filosófica e empolgadamente: pensar nos progressos da tecnologia significa rever 38 em perspectiva a própria aventura do ser humano” (2002, pp. 9-10). Após o lançamento do livro do qual extraí o texto acima já se passaram onze anos, mas, ele descreve bem nossa realidade, certo? Assim, lhe pergunto: podemos viver sem tecnologia? Não, não mesmo e isso inclui a escola. O que precisamos saber é que nem sempre foi assim. Nem sempre a educação contou com recursos tão modernos, como a lousa digital, por exemplo, para auxiliá-la. Os recursos foram modernizando-se, aos poucos ou rapidamente, como hoje em dia. Vamos ver como isso aconteceu, como foi a história do EaD? 2.1 O Ensino à distância: breve histórico a partir das gerações de EaD De qualquer forma, a educação a distância não é propriamente uma novidade. O uso de novas tecnologias para educação também não o é. (...) Há um claro conflito de culturas de uso: de um lado, a lógica da Internet, fugaz, rápida fria (no sentido de McLuhan). De outro, a lógica educacional, onde são necessárias a persistência, a fidelidade e a informação quente (BLIKSTEIN e ZUFFO, 2003, p. 36). O Ensino a Distância não é uma modalidade educacional tão recente. Ressalto que, para pensar em EaD, partimos do pressuposto que alunos e professores estão separados por espaço e/ou tempo e, com isso, lançam mão dos recursos tecnológicos para que possam interagir e aproximar-se. Quando, em pleno século XXI pensamos em EaD, na hora nos vem à mente um computador conectado à Internet. 39 Ah, eu penso nisso também, mas, nem sempre foi assim e, ainda hoje, encontramos iniciativas que fazem EaD sem computador, ou, sem Internet. É verdade! Você já ouviu falar do Instituto Universal Brasileiro? Ele está há mais de setenta anos no mercado, oferecendo diversos cursos à distância. Os alunos do Instituto recebiam o material impresso do curso escolhido em suas casas, estudavam e, se tivessem qualquer dúvida, poderiam enviá-la via Correios ou via telefone aos tutores que procurariam saná-las no menor tempo possível. Hoje, o IUV tem até site e vende cursos pela Internet, como o de Unhas decoradas ou de Comida árabe. Ainda apoia-se nas apostilas, mas elas estão digitalizadas e você pode estudar em seu computador. Viu que EaD é muito mais que Internet? Podemos dizer, diante disso, que houve várias gerações de produção de EaD. Vamos conhecê-las? A cada época a EaD utilizou-se de determinadas mídias através das quais ela pôde acontecer. Cada um destes momentos específicos ficou conhecido como “geração”. Conforme Moore e Kearsley (1996) há três gerações, que são as seguintes: As 3 gerações da EaD Geração Características 1ª Estudo por correspondência, no qual o principal meio de comunicação eram materiais impressos, geralmente um guia de estudo, com tarefas ou outros exercícios enviados pelo correio. 2ª Surgem as primeiras universidades abertas, com design e implementação sistematizadas de cursos a distância, utilizando, além do material impresso, 40 transmissões por televisão aberta, rádio e fitas de áudio e vídeo, com interação por telefone, satélite e TV a cabo. 3ª Esta geração é baseada em redes de conferência por computador e estações de trabalho multimídia. Moore e Kearsley publicaram este livro em 1996. De lá para cá, muitas coisas mudaram, assim, houve a necessidade de ampliar sua classificação. A partir deste quadro, temos que as gerações de EaD, portanto, são cinco (In: http://ftp.comprasnet.se.gov.br/sead/licitacoes/Pregoes2011/PE091/Anexos/Eve ntos_modulo_I/topico_ead/Aula_02.pdf, adaptado de MOORE, M.; KEARSLEY, G. 1996: 1ª. Geração – 1880 Tecnologia e mídia utilizadas Imprensa e Correios. Objetivos pedagógicos Atingir alunos desfavorecidos socialmente, especialmente as mulheres. Métodos pedagógicos Guias de estudo, auto-avaliação, material entregue nas residências. Formas de comunicação Correios e correspondência. Tutoria Instrução por correspondência. Interatividade Aluno/material didático escrito. Nesta época EaD tinha um caráter assistencial e acontecia totalmente distante de um tutor. A intenção era de que o aluno estudasse sozinho, em sua casa. 2ª. Geração – 1921 Tecnologia e mídia utilizadas Difusão de rádio e TV. Objetivos pedagógicos Apresentação de informações aos alunos, à 41 distância. Métodos pedagógicos Programas teletransmitidos e pacotes didáticos (todo o material referente ao curso é entregue ao aluno pelos correios ou pessoalmente). Formas de comunicação Rádio, TV e outros recursos didáticos, como: caderno didático, apostilas, fita K-7. Tutoria Atendimento esporádico, apenas por contatos telefônicos, quando possível. Interatividade Pouca ou nenhuma interação professor/aluno. Aqui, a interação era entre aluno e material. Ainda, como na geração anterior, o indivíduo estudava sozinho, assistindo aos vídeos ou ouvindo sons preparados pela equipe. O contato era raro entre alunos e tutores. 3ª. Geração – 1970 Tecnologia e mídia utilizadas Universidades Abertas. Objetivos pedagógicos Oferecer ensino de qualidade com custo reduzido para alunos não universitários. Métodos pedagógicos Orientação face a face, quando ocorrem encontros presenciais. Formas de comunicação Integração áudio e vídeo e correspondência. Suporte e orientação ao aluno. Tutoria Discussão em grupo de estudo local e uso de laboratórios da universidade nas férias. Interatividade Guia de estudo impresso, orientação por correspondência, transmissão por rádio e TV, AUDIOTEIPES gravados, conferências por telefone, kits para experiências em casa e biblioteca local. 42 Nesta geração começa a proposta de trabalho híbrido, ou seja, que mescla momentos presenciais e à distância. <Saiba mais início> Recomenda-se a leitura do capítulo 7 (Modelos de ensino e aprendizagem de instituições específicas) do livro “Didática do ensino a distância”, de Otto Peters, para conhecer diversas iniciativas nesta modalidade de EaD, como a University of Air, do Japão e a Open University inglesa. <Saiba mais fim> 4ª. Geração – 1980 Tecnologia e mídia utilizadas Teleconferências por áudio, vídeo e computador. Objetivos pedagógicos Direcionado a pessoas que aprendem sozinhas, geralmente estudando em casa. Métodos pedagógicos Interação em tempo real de aluno com aluno e instrutores à distância. Formas de comunicação Recepção de lições veiculadas por rádio ou televisão e audioconferência. Tutoria Atendimento síncrono e assíncrono, dependendo de contatos eletrônicos. Interatividade Comunicação síncrona e assíncrona com o tutor, professor e colegas. Esta foi uma geração que preparou o que temos na atualidade. Foi muito importante e marcou, definitivamente, o fazer EaD. 5ª geração – 2000 Tecnologia e mídia utilizadas Aulas virtuais baseadas no computador e na internet. Objetivos pedagógicos Alunos planejam, organizam e implementam seus estudos por si mesmos. 43 Métodos pedagógicos Métodos construtivistas de aprendizado em colaboração. Formas de comunicação Síncrona e assíncrona. Tutoria Atendimento regular por um tutor, em determinado local e horário. Interatividade Interação em tempo real ou não, com o professor do curso e com os colegas de curso. Ah, esse modelo soa familiar, não é? Na UNIP Interativa ministramos aulas virtuais, nas quais os professores vão aos estúdios da universidade para gravá- las e, depois, as mesmas são disponibilizadas para você, que interage, a partir da mesma, com seus colegas e professores. <Saiba mais início> Consulte a aula sobre EaD que está em: http://ftp.comprasnet.se.gov.br/sead/licitacoes/Pregoes2011/PE091/Anexos/Eve ntos_modulo_I/topico_ead/Aula_02.pdf. Lá você poderá estudar mais sobre o histórico do EaD mundo a fora. Será muito enriquecedor! <Saiba mais fim> É importante refletir, após analisar o histórico do EaD, a partir das cinco gerações, que simplesmente utilizar recursos tecnológicos não é fazer EaD muito menos garantir ensino e aprendizagem. Como educadores, temos que ter em mente a importância de nosso papel diante da realidade que está posta e como podemos fazer cada dia melhor a docência. O objetivo é ensinar e aprender. O recurso é um auxílio. O (A) professor (a) continuará sendo a figura mais importante na tomada de decisões sobre o 44 “como” fazer, o “como” ensinar. Veja, os recursos com os quais contamos nos dias de hoje requerem que nossos conhecimentos e dúvidas desenvolvam-se num fazer apurado e reflexivo. Reflexão, sempre! Para isso, discutiremos agora quem são as personagens do EaD. Quem faz EaD acontecer? Quais os diferentes papéis necessários que devem ser assumidos pelos protagonistas neste processo de ensinar e aprender? <Observação – início> Você, aluno da UNIP Interativa, é parte integrante e sujeito no processo de educação à distância. O que você está fazendo aqui é exatamente participar e viver ativamente esta inovação que a EaD trouxe para os processos educacionais! Já pensou nisso? Você também faz EaD! <Observação – fim> 2.2 Personagens do EaD: o aluno, o professor/tutor e o curso Se EaD é uma “modalidade educacional na qual a mediação didático-pedagógica nos processos de ensino e aprendizagem ocorre com a utilização de meios e tecnologias de informação e comunicação, envolvendo estudantes e professores no desenvolvimento de atividades educativas em lugares ou tempos diversos” (BRASIL, 2005, p. 1), é imprescindível o papel de um professor/tutor que acompanhe seus alunos em 45 toda sua navegação durante um curso. Sem esses elementos, não haverá interação e, possivelmente, não haverá aprendizagem. Se em outros tempos havia a possibilidade de um aluno estudar sozinho, hoje, é fundamental um tutor, alguém que o acompanhe ou pelo AVA – ambiente virtual de aprendizagem, ou pela própria forma de construção do curso. Os tutores podem ser personagens que estão indicando, todo o tempo, o que fazer, onde clicar, o que acontecerá em seguida ao clique, ou seja, eles são programados para monitorar toda a navegação dos participantes, já antevendo possíveis percursos e oferecendo possibilidades. Claro que não se comparam aos tutores “de verdade”, de carne e osso... Gente é sempre melhor do que programa de computador. Gente pensa, sente, sofre, aprende. Programa de computador só faz aquilo que alguém já pensou por ele, mas não toma decisão, não escolhe o que fazer. O papel do tutor pode, porém, ser outro. Este papel se amplia a partir da possibilidade de interação, propiciada pelas tecnologias digitais interativas. É aqui que entra o tutor “de verdade”. Aquela pessoa para quem pedimos socorro quando precisamos ou para quem desejamos um bom final de semana após árduos dias de trabalho diante da máquina. E, para sentir que há alguém ali, será através do texto produzido por ele(a) que vamos perceber. Será uma palavra amável, uma indicação gentil de algo que devemos saber melhor, ou na demonstração de um errinho nosso que se desenrolará o relacionamento com o tutor. A Universidade Aberta do Brasil – UAB – propõe dois diferentes tipos de tutores: 46 a) tutores presenciais – nos cursos em que são tutores, encontram-se com seus alunos em um espaço físico. Neste, os alunos acessam os conteúdos por meio de transmissões (televisivas ou via Internet) ao vivo ou gravadas. A maior parte das atividades de um curso como esse são desenvolvidas à distância e o tutor presencial apenas acompanha os alunos; b) tutores a distância – “mantêm contato com os estudantes apenas por meio de tecnologia – ambiente virtual de aprendizagem, telefone, e-mail etc” (BORTOLOZZO, 2009, p. 6162). Também são conhecidos como tutores técnicos, virtuais ou online. Costumam corrigir os trabalhos ou acompanhar os alunos na sala de aula virtual. <Lembrete início> O tutor é uma figura fundamental no processo de EaD. É ele quem faz a mediação entre alunos, conteúdos e professores. <Lembrete fim> Além dos tutores, há os (as) professores (as). Eles podem, em algumas instituições, ser a mesma pessoa, mas, de um modo geral, é o(a) professor(a) quem ministra as aulas (ao vivo ou gravadas), quem propõe e corrige provas e trabalhos, quem orienta os TCCs (trabalhos de conclusão de curso) e as monografias e elabora as aulas e os livros texto. Ainda, os(as) professores(as), participam dos fóruns (assíncronos) nos quais uma questão é proposta para dar início às discussões sobre o tema da aula ministrada. Uma outra figura importante, sem a qual não há o curso, é o aluno. Ele tem funções primordiais para o bom andamento de qualquer projeto em EaD. Sem sua participação nenhum curso terá vida, não se constituirá como ação pedagógica. O aluno, assim como os tutores e os professores, também tem funções. De todas, a principal é colocar-se diante dos conteúdos, resolver as questões propostas, ler os materiais oferecidos, assistir às animações indicadas, buscar 47 além daquilo que é indicado e participar dos fóruns e de todas as discussões pertinentes aos temas trabalhados. O curso, outro elemento importante, só acontecerá se o aluno estiver presente, deixando suas marcas por onde passar. Quanto a ele, o curso, é de suma importância que ele seja interativo, ou seja, que o aluno possa sentir que tem amis alguém por lá. Imagine a escola sem os alunos. Também sou professora presencial e, quando entro de ferias e vou à universidade, me dá um aperto no coração... Sinto uma saudade dos corredores cheios, do som das vozes dos alunos, do andar de lá para cá o tempo todo... Sinto até falta das conversinhas paralelas em sala de aula (só um pouquinho!)... Os alunos dão vida, como já disse, aos cursos. Sem sua voz, não se fala com ninguém. Continue imaginando: você é tutor(a) num curso em EaD. O curso começa. Os alunos estão empolgadíssimos, “falam” sem parar. Se você ficar uma hora fora do ambiente, já sabe que, ao retornar, encontrará o espaço cheio de perguntas e observações. Outra situação: você acessa o curso e quase nenhum aluno “aparece”. Os ambientes estão vazios, as atividades sem participação, nos fóruns só tem você chamando pelos alunos... Lembrou aqui da universidade no período de férias? É, triste, não é? E não pode ficar assim! É preciso motivação! É preciso trazer os alunos para o curso, incentivá-los a participar, a questionar, a realizar as atividades propostas, todo o tempo! É preciso vida no curso! Agora, pense num curso em EaD em que os materiais são tal como no ensino presencial – textos xerocados, por exemplo, aqui são digitalizados. Há 48 questionários intermináveis que devem ser respondidos e encaminhados por e- mail para o(a) tutor(a), o qual lhe atribuirá uma nota pelas respostas. Não há vídeos, sons ou bonequinhos andando pela tela e sorrindo para você. Só há textos, intermináveis páginas com textos e mais textos. O que você acha desse curso? Certamente ficou cansado e torcendo para não ter que realiza-lo, certo? Sou sua parceira nesse sentimento. Também não quero isso para mim. Você percebeu a importância da dialogicidade num curso em EaD? Percebeu o quanto sentir-se fazendo parte daquilo tudo é fundamental para sentir-se atraído? Pois bem. Essa é a parte em que eu lhe digo: todo curso em EaD tem que prever a interação. Mais que interatividade, a troca, a parceria, a construção de laços e vínculos entre os elementos ou personagens de um curso nesta modalidade de ensino. Vamos conceituar e explicar a diferença entre as duas? a) Interatividade: vem de “interactivity, foi cunhada para denominar uma qualidade específica da chamada computação interativa (interactive computing)” (Fragoso, 2001, p. 3), ou seja, relacionamento travado entre indivíduo e computador. b) Interação: é um fator muito importante e deve ser predominante em processos de EaD, visto que há pessoas participando. De acordo com Villardi (2003, p. 48), "A educação a distância não pode realizar-se sem a interação, processo pelo qual o indivíduo é afetado pela presença do outro, que se dá por meio da colaboração, da crítica, da análise diferenciada, da presença de um outro ponto de vista. 49 Ao contrário da simples interatividade, de onde podemos esperar apenas as trocas, a interação culmina em uma mudança de concepções, em uma construção de conhecimentos a partir da reflexão e da crítica, que se dá em ambientes cooperativos, onde é possível a aprendizagem significativa." Se em EaD a interação deve prevalecer, é certo que buscamos pensar em cursos com posições mais humanizadoras, que vejam o quanto o(a) aluno(a) participante e o(a) professor(a) ou tutor(a) tem a colaborar para a construção de conhecimento – um do outro. Aprendizagem colaborativa é sempre mais enriquecedora que aquela que se dá em total clausura, sem um interlocutor parceiro. Educação é interação, assim, todo curso deve ser interativo e contar com a colaboração dos participantes para promover e fortalecer a aprendizagem! <Observação início> Vou contar uma coisa para você: sou professora em EaD desde 2002 quando iniciei o Mestrado na PUC-SP. Foi tudo assim, meio de sopetão. Quando me dei conta, já estava lá, ensinando, aprendendo, criando... Percebo as potencialidades do EaD a cada dia crescendo e um mundo se abrindo a partir dele. É emocionante estar num curso em EaD e conhecer as pessoas à distância! Vai uma dica: acesse a apresentação que está em: http://www.slideshare.net/Anated/a-importncia-da-tutoria-motivacional-na-ead para saber mais sobre EaD e suas personagens. <Observação fim> 50 2.3 A escolha pela modalidade de estudo à distância: motivação e necessidade Até agora temos discutido as mudanças no mundo, as novas formas de se ensinar e de aprender e quem pode contribuir nesse contexto, certo? Mas... EaD surge de que modo? Qual sua intencionalidade, inicialmente? E hoje? Cada vez mais as pessoas têm menos tempo para se deslocar entre a cidade em que moram e trabalham. São questões desde grandes distâncias até os terríveis engarrafamentos que fazem com que percamos, em média, duas horas desde a saída do ponto inicial até a chegada a um ponto que pode ser o intermediário, considerando que saímos do trabalho para o local de estudo e só de lá e que vamos para casa. É muito tempo jogado fora... Podemos melhorar essa conta, podemos preencher esse tempo negativamente ocioso com algo que seja precioso para nós – educação! “As rápidas mudanças no local de trabalho, o desemprego e a incerteza exigem alterações imediatas na educação e formação contínua e ao longo da vida. Sob tais circunstâncias, é irreal esperar que as estruturas educacionais tradicionais respondam numa base adequada para o desenvolvimento do conhecimento e das competências. Deste modo, torna-se necessário encontrar novos métodos para melhorar os níveis educacionais, iniciais ou de formação contínua” (RURATO, GOUVEIA & GOUVEIA, 2007, p. 80) . Assim sendo, uma opção pertinente é EaD. Buscar cursos que podem ser realizados de acordo com o tempo disponível e com a necessidade latente dos alunos é uma opção grandiosa. Se podemos estudar, ter maior informação e melhor formação, mas não é 51 viável frequentar uma escola presencial para tal, porquê não optar por estudar à distância? Essa é uma possibilidade. Pensando nisso, antes de escolher um curso em EaD, procure traçar um perfil de como você seria estudando nesta modalidade. Não é só responder aos questionários, mas não pode deixar de fazê-los. Não é decidir entrar sempre à noite, ao final do trabalho, pois você poderá estar muito cansado(a) e os olhinhos não abrirem o suficiente para ler os materiais e assistir às apresentações. Não é pensar que clicar na setinha que faz virar a página o conteúdo terá sido entendido. Diante disso, vai a pergunta para ser completada: Por que EaD? Você escolheu a modalidade EaD pois (aqui vai sua resposta). Vou tentar ajudá-lo(a): veja o esquema que segue: FATORES QUE AFETAM A DECISÃO DE PARTICIPAR EM PROCESSOS DE APRENDIZAGEM (adaptado de Henry e Basile, 1994). 52 A partir do esquema anterior, pense se você realmente participaria de um curso em EaD. Opa! Participaria, sim. Aliás, está participando desta pós-graduação, certo? Então, reflita: você optou por essa modalidade, pois se sente motivado a estudar em EaD ou é uma necessidade que você tem (independente do seu motivo)? Para auxiliá-lo(a), vou descrever o que é motivação e necessidade. Veja só: a) Motivação: de acordo com diversos autores, são os principais fatores que motivam os aprendentes adultos para realizarem cursos em EaD, a saber: • Desenvolvimento na carreira (MacBrayne, 1995; von Prummer, 1990); • Constrangimentos de tempo, distância e financeiros (Sherry, 1996); 53 • Flexibilidade de acesso e de tempo, oportunidade de colaborar com outros aprendentes distantes e com diferentes background e experiências (Jarmon, Frshee, Olcott, Boaz e Hardy, 1998); • Socialização e conveniência (Ridley, Bailey, Davies, Hash, e Varner 1997). Ainda, de acordo com Lieb (1991), citado por Rurato, Gouveia & Gouveia (2007, p. 87), há seis fatores que servem de motivação ao aprendente: 1) Relacionamento social – para fazer novos amigos, necessidade de novas associações e relacionamentos; 2) Expectativas externas – para cumprir instruções e realizar as recomendações de alguém com autoridade formal; 3) Bem-estar social – para conseguir realizar algo que ajude os outros, ou participar em trabalho comunitário; 4) Desenvolvimento pessoal – para conseguir uma promoção, segurança profissional, ou estar alerta para possíveis
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