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Exames Pré-transfusionais e Acompanhamento Transfusional6

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DESCRIÇÃO
Exames pré-transfusionais no doador e receptor do sangue e transfusão sanguínea.
PROPÓSITO
Compreender os testes pré-transfusionais no doador e receptor, as principais reações adversas à transfusão, o manejo em casos de reação e o sistema de hemovigilância é importante para garantir a segurança transfusional.
OBJETIVOS
MÓDULO 1
Descrever os exames realizados nos doadores de sangue
MÓDULO 2
Reconhecer os testes pré-transfusionais e as indicações de transfusão dos hemocomponentes
MÓDULO 3
Descrever a instalação e administração dos hemocomponentes, o acompanhamento transfusional e as reações transfusionais
INTRODUÇÃO
Você sabia que os testes transfusionais variam de acordo com o tipo de hemocomponente utilizado? Você sabe o que é anticorpo irregular? Você sabia que em casos de extrema urgência, quando não temos nem tempo de confirmar a classificação sanguínea do receptor, utilizamos concentrados de hemácia O negativo, mas o plasma utilizado é o AB, e que nesse caso tanto faz o Rh? Você imagina por quê?
Ao longo deste conteúdo, vamos entender quais são os exames realizados no doador, para garantir que esteja apto à doação, qual a indicação de cada hemocomponente, os exames realizados no receptor e quais os componentes utilizados, sempre pensando na segurança do paciente. Além disso, aprenderemos que o ato transfusional pode gerar benefícios ao paciente, revertendo de forma rápida a não produção ou perda de componentes sanguíneos, mas também pode trazer malefícios, como as reações transfusionais que, em alguns casos, podem ser fatais, como, por exemplo, a doença do enxerto versus hospedeiro transfusional.
AVISO: orientações sobre unidades de medida.
AVISO
Em nosso material, unidades de medida e números são escritos juntos (ex.: 25km) por questões de tecnologia e didáticas. No entanto, o Inmetro estabelece que deve existir um espaço entre o número e a unidade (ex.: 25 km). Logo, os relatórios técnicos e demais materiais escritos por você devem seguir o padrão internacional de separação dos números e das unidades.
MÓDULO 1
Descrever os exames realizados nos doadores de sangue
INTRODUÇÃO AOS EXAMES PRÉ-TRANSFUSIONAIS DO DOADOR
No ciclo do sangue, após o recrutamento, a triagem e a doação de sangue, as bolsas de aférese são armazenadas de acordo com as condições preconizadas e as bolsas de sangue total são encaminhadas para o processamento e a separação dos hemocomponentes (concentrado de hemácias, concentrado de plaquetas e plasma fresco congelado, por exemplo).
Em ambos os casos, os tubos coletados desses doadores são encaminhados para exames de classificação sanguínea, triagem sorológica (HIV, hepatite B, hepatite C, sífilis, doença de Chagas e HTLV), pesquisa de anticorpos irregulares, fenotipagem (opcional) e pesquisa de hemoglobinopatias.
Apenas após a realização desses exames é que os hemocomponentes estão liberados para sua utilização. No entanto, eles ainda não estão liberados para a administração, pois antes da transfusão propriamente dita, devemos realizar alguns testes nos pacientes, que chamaremos de receptores.
COMENTÁRIO
Todos os processos e as etapas encontrados no ciclo do sangue estão contemplados na Portaria de Consolidação n° 5, de 28 de setembro de 2017, que junto com a RDC n° 34 de 2014 servem de base à execução das atividades técnicas e sanitárias em qualquer serviço de hemoterapia.
Na rotina dos exames realizados nas amostras dos doadores, a classificação sanguínea é a primeira a ser abordada, pelo fato de o sistema ABO e RhD serem os mais importantes no contexto transfusional. Entretanto, inicialmente abordaremos as principais metodologias em imuno-hematologia.
TESTES IMUNO-HEMATOLÓGICOS
Existem várias metodologias para a realização dos testes de imuno-hematologia (testes de hemoaglutinação), que consistem na interação antígeno e anticorpo e aglutinação desses complexos, que podem ser detectados a olho nu, com a formação de botões de hemácias. De forma bem resumida, abordaremos os três principais métodos mais empregados.
METODOLOGIA DE MICROPLACA
A microplaca consiste em uma placa plana com múltiplos “poços” usados cada um como um pequeno tubo de ensaio.
Esses vasos possuem fundo em “U”, “V” ou confeccionados no formato plano.
As microplacas são fabricadas normalmente em poliestireno incolor e possuem 96 poços.
Podem ser reaproveitadas se devidamente limpas e secas.
São ótimas para grandes rotinas de doadores, pois muitas amostras podem ter seus testes executados de maneira mais ágil e barata, com pouco volume e ainda podem ser automatizadas; assim como os reagentes de tubos (antissoros e hemácias-testes) podem ser utilizados nelas de acordo com a validação da instituição.
Classificação sanguínea pela técnica da microplaca.
METODOLOGIA DE TUBO
É considerada o padrão ouro na imuno-hematologia laboratorial, pois é simples de ser executada, extremamente barata e tem uma infinidade de fabricantes.
A desvantagem desta metodologia é que não é passível de automação completa.
São utilizados tubos de vidro ou plástico, medindo 10mm ou 12mm x 75mm, onde são dispensados reagentes (antissoros e hemácias-teste) e amostras. Após a centrifugação, procedese a análise da aglutinação.
Classificação sanguínea pela técnica do tubo.
Essa é uma reação semiquantitativa, em que a intensidade de reação, ou seja, a ligação antígeno e anticorpo é qualificada como presente ou ausente, e pode ser mensurada por cruzes que vão de 4+ até 1+. Na figura a seguir, conseguimos visualizar melhor como é mensurada a interação por meio das cruzes.
Quantificação da reação é feita em cruzes em que 4+ representa a maior reação.
Esses tubos de hemólise podem ser reaproveitados na maioria das vezes, desde que devidamente lavados com hipoclorito de sódio a 2% e secos, seguindo todas as normas de biossegurança.
A imagem a seguir mostra três antissoros (anti-A, anti-B e anti-D) utilizados para a classificação sanguínea pelo método de tubos. Mas atenção! Esses reagentes também podem ser empregados em outras metodologias, como na classificação em lâmina ou na microplaca.
Reagentes utilizados para a classificação sanguínea.
Você certamente já participou de uma feira de ciências ou fez em uma prática de laboratório sua classificação sanguínea. Nesses locais, normalmente a classificação é feita em lâminas. Nessa técnica, uma gota da suspensão de hemácias é colocada em conjunto com o antissoro (aquele mesmo reagente que conhecemos anteriormente). Após a homogeneização, vemos o resultado. Além das lâminas de vidro, podem ser utilizadas placas de vidro ou de plástico.
Classificação sanguínea pela técnica da lâmina.
ATENÇÃO
Essa não é uma técnica empregada em serviços de hemoterapia e agências transfusionais de grande porte.
METODOLOGIA DE GEL TESTE
É uma microtécnica em que se utilizam cartões contendo microtubos com gel Sephadex 6100 ou poliacrilamida. As reações são estáveis e podem ser revistas até 48 horas após a realização dos testes.
Ocorrendo reação antígenoanticorpo, os aglutinados formados são retidos na coluna do gel quando os cartões são submetidos à baixa centrifugação, determinando o padrão de positividade do teste, sendo registrado como reações positivas. As hemácias livres se depositarão no fundo do microtubo, o que corresponde à reação “negativa”.
A imagem a seguir mostra um esquema da técnica de gel. Vamos entender melhor?
Esquema do gel teste.
A partir da imagem, vemos:
Em (A) a foto de um cartão do gel sobre o suporte; a seta vermelha sinaliza o local em que serão depositados os reagentes e a amostra e onde ocorrerá a reação.
Em (B) vemos as etapas do ensaio: em 1 a suspensão de hemácias é incubada com o antissoro (anticorpos, o nosso reagente), em 2 e 3 o gel é incubado e centrifugado, e em 4 observamos a reação antígeno-anticorpo pela formação do botão de hemácias.
Em (C) podemos ver a intensidade de interação entre o antígeno e o anticorpo, em que o tubo 4+ representa o máximo de interação antígeno-anticorpo e o tubo zero mostra que não houve reação antígeno-anticorpo, ou seja, o paciente não tem o antígenopesquisado, pois não reagiu com o anticorpo.
Na imagem a seguir, vemos uma cartela de um gel teste.
Observe que no terceiro (D), no quinto (A1-buf) e sexto (B-buf) poços, tivemos reação e o complexo antígeno e anticorpo ficou retido no gel. Na escala de cruzes, essa é uma interação de 4+.
Nos poços um (A), dois (B) e quatro (Ctl) não tivemos reação, pois o botão de hemácias encontra-se no fundo do gel.
Classificação sanguínea pelo gel teste.
ATENÇÃO
Essa é uma técnica cara, mas altamente sensível e segura, pois apresenta capacidade de automação e conta com diversos reagentes, que torna a metodologia mais segura. Dessa forma, atualmente, essa técnica é a mais empregada no mundo.
FATORES QUE INFLUENCIAM A QUALIDADE DOS ENSAIOS
Alguns fatores são muito importantes para a garantia da qualidade dos resultados dos exames, independentemente da técnica empregada.
São eles:
Coleta do sangue em tubo apropriado.
Qualidade da coleta.
Uso de vidrarias limpas e sem resíduos de detergente (que podem causar resultados falso-positivos).
Técnica de separação do soro adequada.
Preparo correto das suspensões de hemácias (concentração muito abaixo ou acima da estabelecida pelos fabricantes pode causar resultados falso-negativos).
Qualidade dos reagentes empregados (controles de qualidades).
Padronização dos ensaios técnicos.
Qualidade dos equipamentos empregados (calibração e manutenção preventiva).
Pessoal técnico capacitado (treinamentos e cursos).
CLASSIFICAÇÃO ABO
O sistema ABO é o de maior importância no contexto transfusional e foi o primeiro a ser descoberto, em 1901, por Karl Landsteiner e colaboradores, quando colocaram soro e hemácias de inúmeros indivíduos para reagir entre si.
Os antígenos do sistema ABO não são restritos à membrana eritrocitária, mas também estão presentes na saliva e em outros líquidos biológicos, exceto no fluido espinhal.
A presença de substância ABO específica nos líquidos biológicos ocorre em indivíduos que apresentam o gene secretor (Se) – 80% das pessoas.
Os antígenos ABO são encontrados ainda na maioria das células epiteliais e endoteliais. A presença nos linfócitos e nas plaquetas parece ser devido à absorção do plasma.
Com o passar do tempo, descobriu-se que o gene ABO está localizado no cromossomo 9 e que codifica enzimas chamadas glicosiltransferases, que modificam uma substância precursora “H” na superfície das hemácias, adicionando açúcares específicos, transformando, então, o antígeno H em antígenos A ou B, a depender dos genes herdados.
Na verdade, o gene A produz uma α-N-acetilgalactosaminiltransferase, que adiciona o monossacarídeo N-acetilgalactosamina ao antígeno H, formando o antígeno A. O gene B produz uma α-D-galactosiltransferase, que transporta uma D-galactose ao antígeno H, formando o antígeno B, conforme podemos observar na figura a seguir.
Antígenos ABO.
O sistema sanguíneo ABO, assim como todos os outros sistemas de grupos sanguíneos, exibe um padrão de codominância. O gene O, por sua vez, é amorfo e não sintetiza nenhuma proteína. Nesse caso, a substância H não é modificada e será o antígeno presente em indivíduos do grupo O.
Além da caracterização dos antígenos no sistema ABO, é muito importante conseguirmos entender sobre seus anticorpos, ditos regulares, uma vez que são esperados no soro dos indivíduos e naturais, já que surgem naturalmente nas pessoas.
O quadro a seguir compila as informações do grupo sanguíneo, as enzimas, os genótipos possíveis, os antígenos em membrana eritrocitária e os anticorpos no plasma.
CODOMINÂNCIA
Os dois alelos são positivos e um independe do outro. O exemplo mais clássico é o ABO. Nesse sistema, há três alelos envolvidos (IA, IB e i) que são responsáveis por determinar os grupos sanguíneos A, B, AB e O.
	GRUPO SANGUÍNEO
	ENZIMA
	GENÓTIPO
	ANTÍGENO NA MEMBRANA
	ANTICORPO NO PLASMA
	
	N-acetilgalactosamiltransferase
	AO ou AA
	A
	Anti-B
	
	Galactosiltransferase
	BO ou BB
	B
	Anti-A
	
	N-acetilgalactosamiltransferase + Galactosiltransferase
	AB
	A e B
	Ausente
	
	Ausente
	OO
	H
	Anti-A, anti-B e Anti-AB
Quadro: Grupo sanguíneo ABO.
Elaborado por Thiago Vianna de Carvalho.
 Atenção! Para visualização completa da tabela utilize a rolagem horizontal
TIPAGEM ABO DIRETA
Na tipagem direta, também chamada de prova direta, testam-se as hemácias do indivíduo com soros conhecidos (anti-A, anti-B e anti-AB), de maneira separada. Após a introdução dos soros monoclonais — anticorpos formados a partir de um único clone de linfócito B —, o uso do reagente anti-AB deixou de ser obrigatório, segundo a legislação vigente (Portaria de Consolidação n° 5 de 28 de setembro de 2017), sendo empregado apenas quando os reagentes não são do tipo monoclonal.
Na imagem a seguir, vemos um resumo dos resultados encontrados durante a classificação sanguínea dos grupos A, B, O e AB. Vamos entender melhor?
Interpretação da classificação sanguínea direta.
TIPAGEM ABO REVERSA
Na tipagem reversa, ou também prova reversa, testa-se o soro ou plasma do indivíduo alvo da pesquisa com hemácias conhecidas (hemácia A1 e hemácia B), buscando assim a presença de anticorpos. O soro ou plasma do paciente é inoculado com as hemácias A e B.
Após a centrifugação, é realizada a leitura.
Classificação sanguínea reversa.
As reações da prova direta e reversa precisam, de maneira geral, ser concordantes, ou seja, uma prova direta compatível com o tipo A deve ter uma reversa também de A.
A tabela a seguir demonstra o padrão de reatividade entre as provas direta e reversa ABO.
PACIENTE A
PACIENTE B
PACIENTE AB
PACIENTE O
	
	PROVA DIRETA
	PROVA REVERSA
	GRUPO
	ANTI-A
	ANTI-B
	ANTI-AB
	HEMÁCIA A
	HEMÁCIA B
	Clique na imagem para ver as informações.
	3/4+
	Negativo
	3/4+
	Negativo
	3/4+
	Clique na imagem para ver as informações.
	Negativo
	3/4+
	3/4+
	3/4+
	Negativo
	Clique na imagem para ver as informações.
	3/4+
	3/4+
	3/4+
	Negativo
	Negativo
	Clique na imagem para ver as informações.
	Negativo
	Negativo
	Negativo
	3/4+
	3/4+
Tabela: Interpretação da classificação direta e reversa.
Elaborado por Thiago Vianna de Carvalho.
 Atenção! Para visualização completa da tabela utilize a rolagem horizontal
DISCREPÂNCIAS DO SISTEMA ABO
As discrepâncias sempre aparecem em decorrência de resultados inesperados entre as tipagens direta e reversa do indivíduo. Elas podem ser reações mais fracas ou por discordância entre a prova direta e reversa.
Nesse contexto, essas discrepâncias podem acontecer por uma série de razões que estão descritas a seguir.
ERROS CLERICAIS (PROCESSUAIS)
Troca de amostras/identificação errada da amostra/anotação errada de resultados.
ERROS TÉCNICOS
Não adição de reagentes/suspensão de hemácias muito ou pouco concentradas/centrifugação inadequada/leitura errada de resultados.
ANTICORPOS FRACOS OU AUSENTES
Extremos de idade/subgrupos ABO/pacientes imunossuprimidos/pós-transplante de medula óssea.
ANTÍGENOS FRACOS OU AUSENTES
Transfusão maciça/subgrupos ABO/pacientes com leucemia e outras malignidades/pós-transplante de medula óssea.
ANTICORPOS IRREGULARES
Aloanticorpos ou autoanticorpos livres no soro ou sensibilizando hemácias, gerando reações falso-positivas.
OUTROS
Rouleaux/expansores plasmáticos/poliaglutinação.
SUBGRUPOS DE ABO
Os antígenos A e B apresentam subgrupos que se caracterizam por diferenças na quantidade e forma de expressão na membrana das hemácias devido a alterações genéticas (mutações na estrutura dos genes) que codificam transferases diferentes das transferases A e B normais, levando, em geral, a uma expressão enfraquecida dos antígenos (A e B) na membrana da hemácia.
Os subgrupos, nos testes imuno-hematológicos, apresentam intensidade de reação mais fraca com reagentes anti-A, anti-B e anti-AB, o que pode levar a discrepâncias entre a prova direta e reversa da classificação ABO.
O grupo sanguíneo A é derivado do alelo selvagem A1, mas há outras variantes desse alelo que geram outros tipos de grupos sanguíneos do grupo A (subgrupos de A).
ALELO
Os alelos são as formas alternativas de determinado gene e ocupam um mesmo locoem cromossomos homólogos.
EXEMPLO
Os fenótipos A2 (mais comuns após A1), A3, Ael, Aend, Ax e vários outros menos importantes, também derivados de formas alélicas do gene A1.
ATENÇÃO
Os subgrupos também ocorrem nos indivíduos AB. Cerca de 80% dos indivíduos A e AB são A1 /A1B, 19% são A2/A2B e 1%, outros subgrupos (A3, Aint, Ael, Am, Ax, Ay etc.).
Os subgrupos de B são raros (B3, Bx, Bm, Bel) e não se observam em rotinas de bancos de sangue.
Para a caracterização desses subgrupos, é bem importante conhecer dois reagentes que são chamados lectina anti-A1 e lectina anti-H.
As lectinas são reagentes provenientes de extratos herbários utilizados para identificar antígenos eritrocitários específicos. O uso de lectinas específicas anti-A1 (Dolichos biflorus) e anti-H (Ulex europeaus) pode auxiliar na determinação dos subgrupos.
A lectina anti-A1 detecta açúcares do grupo A normal (hemácias A1), porém não detecta subgrupos de A (A2, A3, Aint, Ael, Am, Ax, Ay,...).
A lectina anti-H detecta os açúcares de H nas hemácias dos subgrupos de A, mas não na hemácia A normal.
Entendendo esse funcionamento dos reagentes, podemos caracterizar os diferentes subgrupos de A.
Outro fato relevante é que o anticorpo anti-A1 pode ocorrer naturalmente nos indivíduos A2 e quase sempre é uma aglutinina fria —anticorpos do tipo IgM que aglutinam e são ativos na temperatura abaixo de 30°C — encontrada em cerca de 1% a 4% dos indivíduos A2 e em 25% dos indivíduos A2B. Nesses indivíduos, os anticorpos produzidos reconhecem hemácias com antígeno A1, presentes em indivíduos do tipo A (ditos normais). Assim, uma transfusão de hemácias do tipo A em um indivíduo A2 poderia causar um reconhecimento do antígeno A1 pelo anticorpo Anti-A1.
ATENÇÃO
Na medicina transfusional, em geral, não é importante distinguir os subgrupos de A e de B.
CLASSIFICAÇÃO RHD
O antígeno D (ou RhD) é uma proteína de 417 aminoácidos e é o mais importante na rotina de imuno-hematologia depois dos antígenos do sistema ABO. Cerca de 85% da população mundial tem o antígeno D nas hemácias e este é o mais imunogênico do sistema Rh. Por essa razão, a correta tipagem desse antígeno é de vital importância na rotina de bancos de sangue para que não ocorra a aloimunização.
Basicamente, a tipagem RhD é dada com a exposição das hemácias a serem pesquisadas do indivíduo frente a um antissoro anti-D.
IMUNOGÊNICO
O que provoca resposta imunológica.
ALOMIMUNIZAÇÃO
Formação de anticorpos quando o indivíduo é exposto a antígenos não próprios. Um exemplo são mães gestantes RhD negativos que durante a gestação de fetos RhD positivos se aloimunizam e formam anticorpos anti-RhD.
RECOMENDAÇÃO
A depender da técnica empregada, este anti-D deve ser acompanhado de um reagente controle de RhD, ambos do mesmo fabricante, conforme determinado em legislação.
Tipagem RhD.
Quando não existe o antígeno D, o indivíduo é tipado como RhD negativo.
Esquema ilustrando hemácias com Rh positiva e negativa.
No entanto, quando o antígeno D está presente na hemácia, ele pode se apresentar como:
NORMAL
A quantidade e qualidade de epítopos de D estão em parâmetros regulares normais. Eles são tipados como RhD positivo, não são aloimunizados se expostos ao antígeno D e aloimunizam receptores RhD negativos e RhD parciais, ou seja, pessoas que são RhD negativas, ao receber um CH RhD positivas, criarão anticorpo anti-RhD.
EPÍTOPOS
Epítopos ou determinante antigênico: região do antígeno que é reconhecido pelos anticorpos.
FRACO
Há uma quantidade reduzida de epítopos de D, mas a qualidade é normal. Geralmente tipados como RhD negativos em um primeiro momento, mas quando seguem para o teste de D fraco, são tipados com positivos. Não são aloimunizados se expostos ao antígeno D e aloimunizam receptores RhD negativos e RhD parciais.
PARCIAL
Há uma qualidade diferente de alguns epítopos de D, mas a quantidade é normal. Podem ser tipados como RhD negativos em um primeiro momento, mas quando seguem para o teste de D fraco, são tipados com positivos; mas alguns tipos podem ser tipados como positivos já no primeiro teste. Podem ser aloimunizados se expostos ao antígeno D e aloimunizam receptores RhD negativos.
Está confuso? Calma!
Na imagem a seguir, conseguimos entender melhor a classificação e interpretação da classificação sanguínea em relação ao RhD.
Interpretação da tipagem RhD.
De qualquer maneira, dificilmente se caracterizará um doador ou receptor como D parcial, pois exige reagentes muito específicos ou técnicas sorológicas avançadas para ter essa certeza. Muitas das vezes, pode exigir, inclusive, técnicas moleculares.
COMENTÁRIO
Geralmente, é melhor entender que todo doador que for D fraco e D parcial deve ser tipado como positivo.
O fluxograma a seguir é bem elucidativo quanto à classificação RhD. Veja:
Fluxograma para intepretação da classificação RhD.
ATENÇÃO
Mesmo para os doadores de repetição, quando o tipo sanguíneo é conhecido, é obrigatório repetir a classificação sanguínea.
FENOTIPAGEM
ATIVIDADE DE REFLEXÃO
Nossas hemácias apresentam outros antígenos eritrocitários, além do ABO e Rh.
Mas o que são antígenos eritrocitários?
RESPOSTA
ANTÍGENOS ERITROCITÁRIOS
São macromoleculares localizadas na superfície extracelular da membrana eritrocitária, que apresentam funções estruturais, são elas:
· Transporte;
· Receptores/moléculas de adesão;
· Enzimática;
· Complemento;
· Proteínas regulatórias e outras.
Lembrando que um antígeno eritrocitário pode apresentar mais que uma função.
Esquema mostrando alguns dos antígenos eritrocitários.
No entanto, esses antígenos podem ser reconhecidos como não próprios pelo sistema imune do receptor durante uma transfusão de hemácias e gerar anticorpos.
EXEMPLO
Um paciente que não apresenta o antígeno eritrocitário Kell (K0), ao receber uma hemácia de um doador com esse antígeno (K+), provavelmente terá ativação do seu sistema imunológico com a produção de anticorpos anti-Kell, que são chamados de anticorpos irregulares. Esse processo de produção de anticorpos contra um antígeno não próprio, como vimos, é conhecido como aloimunização.
Alguns desses antígenos são mais imunogênicos do que outros, ou seja, apresentam maior capacidade de ativar uma resposta imunológica, como, por exemplo, os antígenos do sistema Rh (antígenos D, C, E, c, e) e o Kell.
A fenotipagem não é obrigatória, mas é importante, pois alguns grupos de pacientes devem receber CH com o fenótipo (antígenos eritrocitários) compatível, a fim de evitar aloimunizações.
EXEMPLO
Pacientes com anemia falciforme, talassemias, deficiência de G6PD e pacientes que apresentem um anticorpo dito irregular.
Para isso, a suspensão de hemácias do doador é colocada em contato com os antissoros específicos. Na imagem a seguir, conseguimos observar uma foto de gel teste utilizada para a fenotipagem do antígeno Rh e Kell. Os poços estão impregnados com antissoros (anti-D, anti-C, anti-E) contra cada um desses antígenos, onde será acrescentada a suspensão de hemácias.
Foto de um gel teste utilizado para fenotipagem dos antígenos do Rh e Kell.
ATENÇÃO
Os doadores de sangue tipados como RhD negativo devem ter sempre caracterizados os antígenos C e E. Para isso, pode ser utilizado um antissoro anti-CDE junto com uma suspensão de hemácias do doador.
PESQUISA DE ANTICORPOS IRREGULARES (PAI)
A PAI é utilizada para detecção e identificação de anticorpos, chamados de incompletos, não aglutinantes ou irregulares no soro de doadores e pacientes.
O método é feito a partir da incubação da amostra de soro dos pacientes ou doadores com, pelo menos, duas hemácias do grupo O com fenótipo conhecido (chamadas de hemácias I e II), de modo que, qualquer reação detectada possa ser atribuída a um anticorpo irregular e não aos anticorpos naturais e esperados do sistema ABO.
As suspensões de hemácias devem apresentar, pelo menos, uma célula positiva dos principais antígenos eritrocitários — D, C, c, E, e, K, P1, Jka, Jkb, Fya, Fyb, M, N, S, s, Lea, Le b e Dia —, se possível. Para essa rotina, é possível também utilizar apenas um frasco com um pool de duas hemácias-testemisturadas. No quadro a seguir, temos um exemplo dos antígenos eritrocitários presentes nas hemácias I e II utilizadas durante o teste de PAI.
	
	
	Rh
	Kell
	Duffy
	Kidd
	Lewis
	MNS
	P
	Lutheran
	Di
	
	Fenótipo Rh
	D
	C
	E
	c
	e
	Cw
	k
	k
	Kpa
	Kpb
	Fya
	Fyb
	Jka
	Jkb
	Lea
	Leb
	M
	N
	S
	s
	Pi
	Lua
	Lub
	Daa
	Hemácia I
	R1R1
	+
	+
	0
	0
	+
	0
	+
	+
	0
	+
	+
	0
	+
	0
	0
	+
	+
	+
	0
	+
	+
	0
	+
	+
	Hemácia II
	R2R2
	+
	0
	+
	+
	0
	0
	0
	+
	0
	+
	0
	+
	+
	+
	+
	0
	+
	0
	+
	0
	0
	+
	+
	0
Quadro: Fenótipo das hemácias I e II utilizadas durante a PAI.
Legenda: +: positivo, 0: negativo
Elaborado por Thiago Vianna de Carvalho.
 Atenção! Para visualização completa da tabela utilize a rolagem horizontal
Após a incubação do soro do doador ou receptor com as hemácias com fenótipo conhecido, o teste deve incluir a fase de Coombs, que consiste na incubação com soro de Coombs a 37°C.
O soro de Coombs é uma antiglobulina humana (AGH) que detecta anticorpos do tipo IgG humanos ou a fração C3 do sistema complemento, que estão ligadas às hemácias, visando facilitar a ligação do anticorpo ao antígeno eritrocitário e a visualização da aglutinação.
A sensibilidade do teste pode ser aumentada por procedimentos que modificam a primeira etapa da reação, ou seja, da fixação e interação dos anticorpos com os antígenos durante a incubação, antes de incluir o soro de Coombs.
Os mais utilizados são:
ALBUMINA
MEIOS DE BAIXA FORÇA IÔNICA (LISS)
POLIETILENOGLICOL EM BAIXA FORÇA IÔNICA (PEG-LISS)
Na imagem a seguir, vemos um esquema desse teste.
Pesquisa de anticorpos irregulares (PAI) – teste de Coombs indireto.
Essa é uma pesquisa de triagem. Uma vez positiva, é recomendada a identificação dos anticorpos irregulares presentes. No entanto, a identificação do anticorpo não é um teste obrigatório na rotina dos doadores e normalmente é realizada apenas em serviços de hemoterapia de referência.
RECOMENDAÇÃO
Quando é detectado algum anticorpo irregular no doador, é recomendado que o plasma fresco congelado fracionado seja descartado ou enviado à indústria, não sendo assim indicado para transfusão. Não devem ser produzidos concentrados de plaquetas também.
Para exemplificar melhor, vamos imaginar a seguinte situação:
EXEMPLO
Um doador de repetição vai a um banco de sangue de referência e faz uma doação de plasma por aférese. Após os exames, ele foi classificado como AB negativo e a PAI foi positiva. Pela importância do plasma AB para os bancos de sangue (ele pode ser transfundido em qualquer paciente, pois não apresenta os anticorpos naturais do sistema ABO), foi feita a identificação do anticorpo como anti-C. Caso esse hemocomponente seja transfundido em um paciente AB C+ (com antígeno na hemácia C), o paciente terá o reconhecimento antígeno (antígeno na hemácia C do paciente que recebe a transfusão) e anticorpo (anti-C presente no plasma do doador) e irá hemolisar.
PESQUISA DE ANTICORPOS IRREGULARES
Veja, a seguir, a prática da PAI.
TRIAGEM DE HEMOGLOBINA S
A triagem de hemoglobina S em doadores de sangue deve ser realizada, pelo menos na primeira doação na unidade, para a pesquisa de doadores com traço falcêmico (AS).
Um dos testes mais aplicados na rotina de banco de sangue, por seu baixo custo e alta eficiência, atualmente, é o teste da solubilidade.
Esse teste, como o nome diz, verifica a solubilidade das hemácias, isso porque a hemoglobina S é insolúvel em um estado reduzido. Já as hemoglobinas normais e as variantes comuns, como, por exemplo, C, D, N, I, são solúveis nessas condições.
O teste é realizado incubando o sangue do doador com uma solução fosfato (KH2PO4) com saponina e ditionito de sódio.
Em seguida, os tubos são colocados na frente de um papel branco com linhas pretas horizontais. Hemácias HbS positivas, como já aprendemos, são insolúveis e, assim, ficam turvas e as linhas pretas atrás do tubo não são observadas.
Quando as linhas negras são observadas, compreende-se que a hemoglobina existente é solúvel e, portanto, este doador é caracterizado como HbS negativo.
Teste de solubilidade com amostra de um doador Normal (N), e um com hemoglobia AS (traço falcêmico)
ATENÇÃO
Técnicas de eletroforese não são realizadas na rotina de um banco de sangue, sendo apenas utilizado esse teste de triagem.
Todo hemocomponente eritrocitário com pesquisa de hemoglobina HbS positiva não precisa ser descartado. No entanto, eles devem ser deleucotizados e não podem ser utilizados em pacientes com hemoglobinopatias, acidose grave, recém-nascidos, em transfusão intrauterina, em pacientes cirúrgicos com transfusão extracorpórea e com hipotermia.
TESTES SOROLÓGICOS E NAT (TESTE POR ÁCIDOS NUCLEICOS)
Na rotina de doadores, dois laboratórios são extremamente importantes para detecção de infecções transmissíveis pelo sangue: sorologia e NAT.
No laboratório de sorologia, em toda a doação, os exames devem ser realizados, ainda que seja na amostra de um doador de repetição. Os exames são:
SÍFILIS
DOENÇA DE CHAGAS
HEPATITE B
HEPATITE C
HIV
HTLV I/II
 SAIBA MAIS
Em algumas regiões, podemos adicionar a testagem para malária (isso ocorre para áreas endêmicas com alto risco de contaminação).
Para essa rotina, diversas metodologias podem ser empregadas:
Teste de ELISA, que se baseia em reações antígeno-anticorpo detectáveis por meio de reações enzimáticas (teste imunoenzimático).
Imunofluorescência indireta, que utiliza um substrato contendo o antígeno a ser estudado e é incubado com o soro do doador, para detectar a presença de anticorpos.
Ensaios por quimioluminescência (um tipo de reação química que gera energia luminosa que pode ser medida).
Testes de floculação (baseados em uma suspensão antigênica que contém cardiolipina, colesterol e lecitina) são muito empregados para o diagnóstico de sífilis.
Na rotina no laboratório do NAT, as doenças infecciosas investigadas são HIV, hepatite B (HBV) e hepatite C (HCV) pelas técnicas moleculares. A possibilidade de inclusão do NAT nas rotinas dos bancos de sangue foi importante, pois diminuiu de forma significativa a janela imunológica, possibilitando verificar doadores contaminados há poucos dias.
ATENÇÃO
É importante ressaltar que, em uma rotina de banco de sangue, é comum a detecção de doadores positivos para os antígenos dos vírus testados (HCV, HBV e HIV) no laboratório NAT, mas com o exame sorológico negativo ou inconclusivo. A implementação desse teste trouxe maior segurança transfusional.
No gráfico a seguir, vemos a contribuição da metodologia molecular para a diminuição da janela imunológica para a detecção de doadores contaminados pela hepatite C.
Gráfico: Comparação entre os métodos sorológicos e o NAT para diagnóstico de hepatite C. ​
Extraído de: Autor desconhecido, Ministério da Saúde , Conitec – Relatótio nº 26©,pág.2*
No laboratório de sorologia, as amostras não podem ser testadas em pool, que é uma metodologia de testar várias amostras simultaneamente, com o objetivo de baratear custos e agilizar processos. Somente nos testes de NAT isso é viável. No entanto, quando o pool de amostras for positivo, ele deve ser desmembrado e suas amostras testadas individualmente para identificação dos agentes infecciosos em questão.
ATENÇÃO
Deverão ser excluídos como doadores, temporária ou definitivamente, e, se necessário, encaminhados a um serviço de referência, os que apresentarem resultados reagentes.
Além disso, as bolsas cujas amostras individuais forem positivas ou inconclusivas nos testes NAT ou que tenham resultados discrepantes com os testes sorológicos serão descartadas e o doador será convocado para repetição dos testes em nova amostra e/ou orientação.
Somente podem ser liberadas as bolsas com resultados não reagentes/negativos, tanto para os testes sorológicos quanto para os testes de detecção de ácido nucleico.
Os doadores que apresentarem sorologias negativas têm os hemocomponentes produzidos liberados para a utilização. Essas bolsas então devem ser rotuladas e armazenadas de acordo com as condições preconizadas para cada hemocomponente produzido.
O rótulo da bolsa deve conter:· Validade do hemocomponente;
· Data e hora da doação;
· Tipo de anticoagulante utilizado na bolsa de doação;
· Quantidade de anticoagulante e a presença de conservante;
· Lote, validade e fabricante da bolsa;
· As iniciais do doador;
· Grupo sanguíneo;
· Todos os resultados dos exames realizados no doador.
· Um número da doação, que é uma numeração que garante a rastreabilidade do doador.
CH liberados para uso, armazenados em geladeira e rotulados.
VERIFICANDO O APRENDIZADO
MÓDULO 2
Reconhecer os testes pré-transfusionais e as indicações de transfusão dos hemocomponentes
INTRODUÇÃO AOS TESTES PRÉ-TRANSFUSIONAIS EM RECEPTORES DE SANGUE
De acordo com a legislação vigente (portaria de consolidação nº 5 de 2017), os testes pré-transfusionais devem ser realizados nas amostras dos pacientes (receptores) e nos próprios hemocomponentes. Esses testes têm a função de garantir a segurança da transfusão, com a seleção do melhor hemocomponente para cada receptor.
De forma geral, os mesmos testes desenvolvidos na rotina de doadores também devem ser realizados na rotina dos receptores, com algumas pequenas diferenças, já que envolvem a amostra do doador e do hemocomponente a ser transfundido.
Entretanto, o ato transfusional inicia com um pedido de transfusão.
ETAPA 01
Para isso, um médico deve realizar o pedido, com os dados pessoais do paciente, seguido da indicação clínica e dos resultados laboratoriais.
ETAPA 02
Esse pedido deve ser assinado, carimbado e datado.
ETAPA 03
Além do pedido, deve ser entregue ao banco de sangue a amostra do receptor para que os testes sejam realizados.
As amostras de sangue devem ser identificadas com nome completo, registro ou prontuário do paciente, localização, assinatura de quem coletou e data da coleta.
ATENÇÃO
Amostras destinadas ao banco de sangue devem ser coletadas exclusivamente para esse setor, para maior segurança do paciente, não sendo assim utilizadas amostras anteriormente manipuladas, como, por exemplo, as amostras coletadas pelo laboratório para a realização de exames de rotina. Essas amostras têm validade limite de 72 horas após a coleta. Transcorrido esse tempo, são necessários novo pedido médico e nova amostra para a realização de novos exames e, em seguida, a transfusão.
Caso os dados na amostra do receptor e o pedido de transfusão forem divergentes, uma nova requisição deve ser feita e uma nova amostra coletada.
CLASSIFICAÇÃO ABO E RHD NO RECEPTOR
Nas amostras dos receptores, são realizadas a classificação direta e reversa e a tipagem RhD. A tipagem deve ser feita da mesma forma que aprendemos para a classificação sanguínea dos doadores.
Na testagem do RhD, se o paciente for RhD negativo, a portaria de consolidação n°5 de 2017 recomenda que seja feito o teste de D fraco, mas não é obrigatório.
Com a correta interpretação do resultado de ambos os testes, que são realizados simultaneamente, definem-se o grupo sanguíneo ABO e RhD do receptor. A partir daí, é selecionado o melhor hemocomponente que obedeça à relação de compatibilidade ABO e RhD, conforme os quadros a seguir:
CORRELAÇÃO ENTRE O SISTEMA ABO E RH DO DOADOR E RECEPTOR
	SISTEMA ABO
	COMPONENTES ERITROCITÁRIOS
	
	COMPONENTES PLASMÁTICOS
	DOADOR
	RECEPTOR
	
	DOADOR
	RECEPTOR
	A
	A, AB
	
	A
	A, O
	B
	B, AB
	
	B
	B, O
	AB
	AB
	
	AB
	A, B, AB
	O
	A, B, AB, O
	
	O
	O
Elaborado por Thiago Vianna de Carvalho
 Atenção! Para visualização completa da tabela utilize a rolagem horizontal
	SISTEMA RH
	QUALQUER HEMOCOMPONENTE
	DOADOR
	RECEPTOR
	RhD positivo
	RhD positivo
RhD fraco
	RhD negativo
	RhD positivo
RhD negativo
RhDfraco
	RhD fraco
	RhD positivo
RhD fraco
Elaborado por Thiago Vianna de Carvalho
 Atenção! Para visualização completa da tabela utilize a rolagem horizontal
CLASSIFICAÇÃO SANGUÍNEA DO DOADOR – BOLSA DE CONCENTRADO DE HEMÁCIA (CH)
Devemos novamente realizar a classificação sanguínea (ABO e RhD) no hemocomponente.
Você deve estar se perguntando se isso é mesmo necessário, uma vez que o doador já foi classificado e no rótulo dos hemocomponentes liberados consta o tipo sanguíneo do doador.
CH rotulado e liberado para transfusão.
No entanto, erros na classificação sanguínea e na rotulagem não são difíceis de serem encontrados em uma rotina de um banco de sangue que recebe grande quantidade de doadores por dia. Assim, pensando na segurança do paciente, é obrigatória a retipagem da bolsa.
Para isso, uma amostra da bolsa de CH é retirada. Mas como fazemos isso sem abrir a bolsa? Observe a imagem a seguir:
Bolsa de CH e seu segmento.
A amostra é retirada do segmento da unidade, que corresponde na figura ao “tubo” enrolado na parte superior da bolsa. Para isso, o segmento é ordenhado, ou seja, o sangue contido no segmento é jogado para dentro da bolsa e, essa por sua vez, é homogeneizada, garantindo, assim, que utilizaremos as hemácias que estão no interior da bolsa para os testes. Após a homogeneização, uma parte do segmento é retirada, sem abrir a bolsa.
VOCÊ SABIA
No banco de sangue, utilizamos a expressão “abrir o sistema”, pois, após a abertura da bolsa, ela só tem validade de 24 horas quando mantida na geladeira (temperatura de 2-6°C).
A amostra é transferida para um tubo, e, em seguida, com uma gota das hemácias do doador, é feita uma suspensão de hemácias, que será usada para a reclassificação ABO e RhD. No entanto, a retipagem ABO é feita apenas com a prova direta, pois o CH não dispõe de plasma suficiente para que seja conduzida uma prova reversa.
A tipagem RhD também deve ser realizada, porém não existe a necessidade de utilização do controle de RhD na técnica de tubo e de realização do teste de D fraco, caso a retipagem RhD seja negativa.
PESQUISA DE ANTICORPOS IRREGULARES (PAI)
Da mesma forma como ocorre na rotina de doadores de sangue, a PAI também deve ser realizada nas amostras de pacientes candidatos à transfusão.
Essa triagem é feita da mesma forma que o realizado para os doadores e com as mesmas hemácias-teste. No entanto, uma característica muito importante da PAI em amostras de pacientes é que ela não deve ser realizada em reagentes de hemácias em pool, como é permitido em doadores de sangue. Ela deve ser feita com, pelo menos, dois reagentes de hemácias-teste distintos e com perfil antigênico, que possibilite a detecção dos anticorpos antieritrocitários mais relevantes, principalmente a 37°C, na presença do soro de Coombs poliespecífico.
Na presença de aglutinação, o anticorpo deve ser investigado a partir de um painel de hemácias, com 10-15 hemácias com o fenótipo conhecido, para identificar o anticorpo irregular produzido pelo paciente.
Pacientes com anticorpos irregulares devem receber CH fenotipado e compatível.
EXEMPLO
Um paciente que apresente um anticorpo irregular anti-K não pode receber uma bolsa de CH com antígeno K, pois provocará interação antígeno e anticorpo e, consequentemente, a hemólise.
Nesse mesmo paciente, se observarmos o anagrama a seguir, veríamos que a aglutinação durante a PAI iria acontecer apenas com a hemácia I, pois ela apresenta o antígeno K.
	
	
	Rh
	Kell
	Duffy
	Kidd
	Lewis
	MNS
	P
	Lutheran
	Di
	
	Fenótipo Rh
	D
	C
	E
	c
	e
	Cw
	K
	k
	Kpa
	Kpb
	Fya
	Fyb
	Jka
	Jkb
	Lea
	Leb
	M
	N
	S
	s
	Pi
	Lua
	Lub
	Daa
	Hemácia I
	R1R1
	+
	+
	0
	0
	+
	0
	+
	+
	0
	+
	+
	0
	+
	0
	0
	+
	+
	+
	0
	+
	+
	0
	+
	+
	Hemácia II
	R2R2
	+
	0
	+
	+
	0
	0
	0
	+
	0
	+
	0
	+
	+
	+
	+
	0
	+
	0
	+
	0
	0
	+
	+
	0
Quadro: Fenótipo das hemácias I e II utilizadas durante a PAI.
Legenda: +: positivo, o: negativo.
Elaborado por Thiago Vianna de Carvalho.
 Atenção! Para visualização completa da tabela utilize a rolagem horizontal
PROVA DE COMPATIBILIDADE MAIOR OU PROVA CRUZADA – TRANSFUSÃO DE CH
Este exame consiste basicamente em colocar em contato as hemácias da bolsa (doador) selecionada para a transfusão com o plasma ou soro do paciente candidato à transfusão e detectar a maioria dos erros nas tipagens ABO. Na prática, é uma simulação in vitro do que pode ocorrer in vivo.
Bolsa de CH selecionada para a prova cruzada.
Para isso, uma gota do soro ou plasma do pacienteé colocada em contato com uma gota da suspensão de hemácias. Em seguida, incubamos com o soro de Coombs, na temperatura de 37°C, e observamos se a aglutinação acontece.
Uma reação positiva significa que os anticorpos do paciente têm especificidade contra os antígenos presentes nas hemácias do doador. Logo, a prova de compatibilidade é incompatível e essa bolsa não deve ser transfundida.
Se a reação for negativa, os anticorpos do paciente, caso existam, não se dirigem contra os antígenos das hemácias no CH e a prova cruzada é liberada como compatível.
Esquema mostrando a prova cruzada compatível e incompatível.
A prova cruzada então tem como maior objetivo provar que o hemocomponente selecionado e “cruzado” é o mais adequado e seguro à transfusão do paciente.
Transfusão de CH ilustrativa.
PROVA DE COMPATIBILIDADE
Veja, a seguir, como fazer uma prova de compatibilidade.
TESTES PARA TRANSFUSÃO DE OUTROS COMPONENTES (CP, PFC, GRANULÓCITOS E CRIO)
No caso de transfusão de concentrados de plaquetas, é necessário que se realizem a classificação sanguínea do paciente e a PAI, para que, em seguida, ocorra a seleção desses hemocomponentes de acordo com a regra de compatibilidade de componentes plasmáticos.
Transfusão de concentrado de plaquetas.
Para o plasma fresco congelado e crioprecipitado, é exigida somente a classificação sanguínea do paciente para ser realizada a seleção do hemocomponente pela regra de compatibilidade de componentes plasmáticos.
Transfusão de plasma fresco congelado.
ATENÇÃO
Para concentrado de granulócitos, é importante que sejam realizados todos os testes, como se tratássemos de CH, pelo fato de esse hemocomponente ser bastante contaminado de hemácias, o que pode gerar reações transfusionais como a própria aloimunização por antígenos eritrocitários, dentre muitas outras.
RESOLUÇÃO DE PROBLEMAS NA ROTINA PRÉ-TRANSFUSIONAL
Em algumas situações na rotina de um banco de sangue, certos problemas podem acontecer, como uma prova de compatibilidade incompatível, uma transfusão de emergência ou ausência de determinado tipo sanguíneo.
Nesses casos, os profissionais devem estar preparados para agir, os serviços devem ter protocolos bem estabelecidos e todas as informações, ações e resultados devem ser devidamente registrados, sempre visando à segurança do paciente.
Vamos agora entender um pouco mais sobre essas situações comuns em um serviço de hemoterapia.
ATENÇÃO
A decisão sobre as condutas a serem tomadas é de exclusividade médica.
PROVA DE COMPATIBILIDADE INCOMPATÍVEL
Nas situações em que não há CH compatíveis, a decisão de transfundir tem que ser justificada por escrito, em termo assinado pelo hemoterapeuta e/ou médico assistente e, quando possível, pelo paciente ou seu responsável legal.
O documento deve ser assinado em duas vias, em que uma cópia permanece em prontuário e outra fica com o serviço de hemoterapia que fez a liberação da unidade incompatível. Todos os registros laboratoriais devem ser feitos de acordo com os protocolos da unidade.
O QUE É TRANSFUSÃO INCOMPATÍVEL?
Transfusões incompatíveis são aquelas realizadas com bolsas de doadores que apresentaram algum tipo de reação durante a prova de compatibilidade. Esse tipo de transfusão se justifica quando o benefício para o paciente de receber o concentrado de hemácia é maior do que os riscos causados pela transfusão incompatível.
Por exemplo, pacientes com anemia hemolítica autoimune produzem anticorpos contra as próprias hemácias. Nesses pacientes, normalmente encontramos PAI positivo, sem especificidade para nenhum antígeno eritrocitário, prova cruzada incompatível e teste de Coombs direto positivo (teste que busca anticorpos ligados aos antígenos eritrocitários), sendo, muitas vezes, difícil de encontrar uma bolsa compatível. Contudo, se esse paciente estiver com os exames laboratoriais indicando anemia severa, por exemplo com Hb: 3g/dL, a transfusão se justifica.
TRANSFUSÃO DE EMERGÊNCIA
Trata-se de uma modalidade de transfusão bem peculiar, e toda equipe deve ser constantemente treinada para esses casos, principalmente quando a unidade transfusional está inserida em um hospital de emergência.
Ela é solicitada quando o paciente não pode aguardar a finalização dos testes pré-transfusionais. Para isso, o médico assistente/hemoterapeuta precisa assinar um termo de responsabilidade concordando com o procedimento e assumindo os riscos. Quando não há tempo para tipagem ABO do receptor, como, por exemplo, em pacientes politraumatizados ou baleados, é recomendável a transfusão com CH O RhD negativo (o doador universal).
Transfusões de emergência ilustrativa.
SE NÃO TIVER SANGUE O NEGATIVO NO ESTOQUE, O QUE DEVEMOS FAZER?
Nessa situação, poderíamos usar um CH O positivo, sobretudo em pacientes do sexo masculino ou de qualquer sexo com mais de 45 anos de idade. Em seguida, devemos acompanhar esse paciente para avaliar a produção de anticorpos irregulares (anti-D), caso ele seja classificado como Rh negativo.
ATENÇÃO
Antes da instalação e administração do hemocomponente liberado de emergência, devemos coletar a amostra do paciente e realizar todos os testes pré-transfusionais, mesmo que a transfusão já tenha sido finalizada.
INDEFINIÇÃO ABO E RHD DO RECEPTOR
Em alguns momentos, não é possível definir o grupo ABO do receptor e a amostra deve seguir para outras análises, o que compromete a transfusão do paciente em tempo viável. Nesse momento, o médico pode autorizar a transfusão com CH O negativo, mesmo sem o resultado da tipagem.
INDICAÇÕES DE TRANSFUSÃO
Aprendemos até aqui quais são os testes pré-transfusionais do doador para a transfusão de CH, CP, CRIO e PFC. Mas quais são as principais indicações para essas transfusões?
No quadro a seguir, vemos um resumo das principais indicações de transfusão desses hemocomponentes.
	Hemocomponentes
	Indicações
	Observação
	Concentrado de hemácias
	Indicado para reverter casos de anemia. Mas nem todos os casos de anemia são indicação para transfusão de CH.
	Obrigatório: Compatibilidade ABO, Prova cruzada e PAI.
	Concentrado de plaquetas
	Associado a plaquetopenias desencadeadas por falência medular.
	Compatibilidade ABO é recomendada.
Compatibilidade RhD é necessária para indivíduos RhD negativos. Em mulheres RhD negativo, com menos de 45 anos, se utilizarem RhD positivo, é recomendado de imunoglobulina em até 72 horas após a transfusão.
	Plasma
	Pacientes com distúrbio de coagulação, quando existe a deficiência de múltiplos fatores.
	A compatibilidade ABO é recomendada.
	Crioprecipitado
	Tratamento de hipofibrinogenemia adquirida e congênita, ou deficiência de fator XIII.
	A compatibilidade ABO é recomendada em crianças.
	Hemocomponentes lavados
	Reações alérgicas graves não evitáveis com uso de remédios.
Reação febril não hemolítica (RFNH); pacientes deficientes em IgA, haptoglobina ou transferrina séricas, com história de reação anafilática durante as transfusões anteriores; transfusão intrauterina quando não houver CH com menos de 5-7 dias de coleta.
	Realizado em hemocomponentes celulares (glóbulos vermelhos e plaquetas) com solução isotônica de cloreto de sódio estéril a 0,9% (salina fisiológica) em quantidade suficiente (1 a 3 litros), com a finalidade de eliminar a maior quantidade possível de proteínas plasmáticas, leucócitos e outros grumos.
Mesmos pré-requisitos da transfusão de CH e CP.
	Hemocomponentes filtrados
	Recém-nascidos e crianças menores de 1 ano; pacientes pós-transplante de medula óssea e órgãos sólidos; pacientes com antecedentes de duas ou mais reações febris não hemolíticas; pacientes politransfundidos ou candidatos à transfusão cronicamente por hemoglobinopatias graves (anemia falciforme, talassemias, anemias hemolíticas etc.); pacientes onco-hematológicos com possível indicação de TMO (alogênica ou autóloga) caso a sorologia seja negativa ou desconhecida para CMV.
	Realizado a partir de filtros específicos para remoção de leucócitos de um componente sanguíneo celular (glóbulos vermelhos e plaquetas).
Mesmos pré-requisitos da transfusão de CH e CP.
	Hemocomponentesirradiados
	Transfusão intraútero, exsanguineotransfusão, transfusão maciça de RN com até 24 horas da irradiação e 5 dias de doação (data da coleta); recém-nascidos e crianças de até 5 anos; gestantes e puérperas; transplantados de órgãos sólidos e de medula óssea; pacientes imunossuprimidos; transfusão entre familiares (parentes de primeiro grau).
	Os hemocomponentes celulares (concentrado de hemácias e de plaquetas) devem ser submetidos à irradiação gama na dose de, pelo menos, 2500cGy (25Gy), impossibilitando a multiplicação dos linfócitos e a doença do enxerto versus hospedeiro.
Mesmos pré-requisitos da transfusão de CH e CP.
Quadro: Indicações de transfusão.
Elaborado por Thiago Vianna de Carvalho.
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VERIFICANDO O APRENDIZADO
MÓDULO 3
Descrever a instalação e administração dos hemocomponentes, o acompanhamento transfusional e as reações transfusionais
INSTALAÇÃO E ADMINISTRAÇÃO DOS HEMOCOMPONENTES
Depois que um pedido de transfusão chega ao banco de sangue, todos os testes pré-transfusionais são realizados e a bolsa é selecionada, devendo ser afixado um cartão ou uma etiqueta ao hemocomponente liberado.
Bolsa de CH. Note a etiqueta com os dados do receptor.
RECOMENDAÇÃO
Antes da instalação, um profissional de saúde devidamente habilitado deve conferir os dados da prescrição médica com o cartão de transfusão. Havendo divergências, o processo deve ser interrompido até que o problema seja solucionado.
Conferência dos dados da prescrição médica com o cartão de transfusão.
Estando tudo certo, já à beira leito, uma nova conferência deve ser realizada entre os dados do cartão com o receptor. Essa etapa pode ser executada com o próprio paciente, perguntando seu nome completo (identificação positiva), se ele tiver condições de responder, ou verificando sua pulseira de identificação, ou, ainda, perguntando ao responsável legal ou à equipe de enfermagem.
Conferência dos dados com os pacientes.
Após essas conferências, e não havendo divergências, realizamos a conferência dos sinais vitais do paciente. Os sinais mínimos verificados são: temperatura, pressão arterial e pulsação.
Verificação dos sinais vitais.
O registro desses sinais deve ser realizado imediatamente antes da transfusão e ao seu término. Porém, recomenda-se que haja o registro intermediário, aos 10 minutos após o início da transfusão. O acompanhamento desses primeiros 10 minutos é mandatório, segundo a portaria de consolidação n°5. Apesar de serem obrigatórios somente esses dois registros, é recomendado o monitoramento ao longo do ato transfusional para detecção precoce de qualquer reação adversa.
Após a conferência dos sinais vitais, estando tudo certo e o paciente apto para a transfusão, a instalação do hemocomponente pode ser realizada.
RECOMENDAÇÃO
Para a transfusão de qualquer hemocomponente, recomenda-se a utilização de um equipo específico com a presença de um pequeno filtro com poros de 170µm com a função de remoção de coágulos ou grumos plaquetários e leucocitários.
ATENÇÃO
Equipos específicos para leucorredução “à beira leito” dispensam esse filtro.
Para a transfusão, deve ser utilizado um equipo com filtro.
O processo de administração dos hemocomponentes apresenta algumas peculiaridades. Vamos conhecê-las?
Em transfusão neonatal, esta pode ocorrer com seringa graduada e filtro específico, por se tratar de um volume muito pequeno.
Para transfusão de mais de uma bolsa de CH, utiliza-se um equipo por bolsa.
Devemos ter cuidado com o calibre das agulhas utilizadas durante a punção do acesso venoso, uma vez que a utilização de agulhas de pequeno calibre gera um risco de hemólise mecânica, pela pressão excessiva sobre o CH.
Quando existe necessidade de transfundir rapidamente grande volume de hemocomponentes que estejam em temperatura de geladeira (nos casos de exsanguineotransfusão, transfusão intrauterina ou transfusão maciça), pode-se aquecê-los em equipamentos específicos a uma temperatura não superior a 42°C.
O acesso venoso utilizado para a transfusão dos hemocomponentes deve ser exclusivo, mas eles podem ser infundidos concomitantemente em “y” com solução salina estéril. São proibidas as soluções glicosadas, pois podem induzir a aglutinação e lise de hemácias nas transfusões de CH, e as soluções com cálcio que podem induzir coágulos, e medicamentos, pois várias delas provocam hemólise.
TEMPO DE INFUSÃO
O tempo máximo de infusão de um concentrado de hemácias é de até quatro horas porque, após esse período, há maior possibilidade de crescimento bacteriano nestes produtos.
A velocidade de infusão para cada hemocomponente varia. No entanto, o padrão geral recomendado é de 2 a 2,5mL/kg/hora. Nos pacientes com risco de sobrecarga volêmica, que é um tipo de reação adversa transfusional, a infusão deve ser mais lenta, em torno de 1mL/kg/hora.
Para CH, recomenda-se que a infusão seja iniciada de maneira lenta, para monitorar qualquer reação transfusional quando ainda um pequeno volume foi infundido. Entretanto, uma infusão rápida pode ser realizada em casos de urgência.
Para PFC, a infusão deve ocorrer conforme prescrição médica. Já o CP e CRIO são geralmente transfundidos rapidamente, modalidade que é chamada de “em pinça aberta” .
 SAIBA MAIS
Normalmente, em uma equipe hemoterápica, a instalação e administração de hemocomponentes são de responsabilidade de enfermeiros e técnicos de enfermagens sob supervisão médica. Entretanto, segundo a portaria de consolidação nº 05, qualquer profissional devidamente capacitado e treinado pode realizar essas etapas com a supervisão médica, mas é importante também visitar seu conselho profissional para entender melhor as suas competências dentro dessa habilitação. Mas saiba que, independentemente de poder ou não realizar essa etapa, é essencial conhecer as peculiaridades, para orientar os profissionais, analisar as reações adversas ocasionadas por erros nessa etapa e preparar o hemocomponente de acordo com a necessidade de cada paciente, sempre visando à segurança transfusional.
REAÇÕES TRANSFUSIONAIS
Reações transfusionais é o nome dado a toda ou qualquer intercorrência ocasionada pela transfusão sanguínea que ocorre durante ou após a administração do hemocomponente. Elas podem ser classificadas de acordo com:
· Tempo de aparecimento do quadro clínico ou laboratorial;
· Gravidade;
· Mecanismo fisiopatológico;
· Correlação com a transfusão (imputabilidade).
O quadro a seguir faz um bom resumo sobre essas classificações.
	Quanto ao tempo de aparecimento do quadro clínico ou laboratorial
	IMEDIATAS
	Ocorrem durante o ato transfusional ou até 24 horas após o início da transfusão.
	TARDIAS
	Ocorrem após 24 horas do início da transfusão.
	Quanto à gravidade da reação
	GRAU 1 OU LEVE
	Ausência de risco à vida, sem comprometimento sistêmico.
	GRAU 2 OU MODERADA
	Morbidade em longo prazo; ou quando há a necessidade de hospitalização ou prolongamento de internação, deficiência ou incapacidade persistente ou significativa; ou quando há necessidade de intervenção médica.
	GRAU 3 OU GRAVE
	Ameaça imediata à vida e intervenção médica obrigatória.
	GRAU 4 OU ÓBITO
	Óbito atribuído à transfusão.
	Quanto ao mecanismo fisiopatológico
	IMUNES
	Há comprovação do mecanismo antígeno-anticorpo na reação transfusional.
	NÃO IMUNES
	Não há mecanismo imunológico envolvido na reação.
	Quanto à correlação com a transfusão
	CONFIRMADA
	O quadro clínico e/ou laboratorial e o vínculo temporal não deixam dúvida da correlação com a transfusão.
	POSSÍVEL OU PROVÁVEL
	O quadro clínico e/ou laboratorial e o vínculo temporal sugerem relação com a transfusão.
	IMPROVÁVEL
	O quadro clínico e/ou laboratorial e o vínculo temporal sugerem correlação com outra causa, mas ainda não pode ser descartada com a transfusão.
	DESCARTADA
	A investigação descarta certamente a associação da reação com a transfusão.
	INCONCLUSIVA
	Não há evidências suficientes para confirmar ou descartar correlação com a transfusão.
Quadro: Classificação das reações adversasElaborado por Thiago Vianna de Carvalho
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Agora, vamos conhecer as reações transfusionais imediatas (que ocorrem em até 24 horas após a transfusão) e tardias (depois de 24 horas da transfusão) mais comuns e/ou mais impactantes na rotina. Elas são divididas em imunes e não imunes.
REAÇÕES TRANSFUSIONAIS IMEDIATAS IMUNES
REAÇÃO HEMOLÍTICA AGUDA IMUNE (RHAI)
É a reação em que ocorre a hemólise intravascular dos eritrócitos transfundidos pela presença de anticorpos pré-formados do paciente. A principal causa é a incompatibilidade ABO, que resulta quase sempre de erros humanos, tais como: troca da amostra e/ou bolsa, provocados por identificações incorretas da amostra, da bolsa ou do paciente, ou, ainda, por falta de conferência e supervisão dos procedimentos executados.
REAÇÃO ALÉRGICA
É o aparecimento de reação de hipersensibilidade em razão da transfusão. Em geral, é benigna e autolimitada, mas pode ser grave, principalmente quando houver comprometimento circulatório e/ou respiratório.
Pode ser dividida em três estágios, conforme a gravidade das manifestações clínicas:
· Reação leve ‒ prurido, urticária, placas eritematosas;
· Reação moderada ‒ edema de glote, edema de Quincke, broncoespasmo;
· Reação grave ‒ choque anafilático.
Reação alérgica
REAÇÃO FEBRIL NÃO HEMOLÍTICA (RFNH)
É caracterizada pelo aumento da temperatura corporal em 1°C ou mais, com ou sem calafrios, sensação de frio e desconforto, mas sem outros motivos associados.
É a reação mais comum na prática hemoterápica e está, geralmente, associada à presença de anticorpos contra os antígenos HLA (antígeno leucocitário humano responsável pelo reconhecimento de estruturas próprias do indivíduo e não próprias, com a finalidade de conferir a regulação da imunidade da pessoa) dos leucócitos do doador. Porém, a elevação de temperatura durante uma transfusão de sangue pode ser um sinal de reação mais grave, como hemólise ou contaminação bacteriana.
REAÇÕES TRANSFUSIONAIS IMEDIATAS NÃO IMUNES
REAÇÃO POR CONTAMINAÇÃO BACTERIANA
É caracterizada pela transfusão de hemocomponentes que contenham bactérias. O paciente apresenta febre acima de 38°C e não possui histórico de infecção prévia à transfusão. Os principais sinais e sintomas são: tremores, calafrios, hipotensão arterial, taquicardia, dispneia, náusea, vômitos e choque.
As principais causas para a contaminação bacteriana são:
· Antissepsia inadequada do local de punção;
· Sistema aberto durante a preparação do hemocomponente;
· Estocagem inadequada, principalmente do CP que, ao ser armazenado fora da temperatura preconizada e sem agitação, contribui para a contaminação;
· Manipulação inadequada da bolsa de sangue para infusão;
· Bacteremia do doador não identificada na triagem clínica.
SOBRECARGA CIRCULATÓRIA ASSOCIADA À TRANSFUSÃO
É caracterizada por se apresentar, após transfusões maciças ou por rápida infusão, em até seis horas após o término da transfusão, e tem quatro dos seguintes critérios:
· Dificuldade respiratória aguda;
· Taquicardia;
· Elevação da pressão arterial;
· Surgimento ou piora no edema pulmonar;
· Evidência de balanço hídrico positivo;
· Insuficiência ventricular esquerda;
· Aumento do peptídeo natriurético tipo B (BNP).
Os principais grupos sujeitos a esse evento adverso são: cardiopatas, pacientes com anemias crônicas e muito intensas, pacientes idosos com insuficiência renal crônica e recém-nascidos.
REAÇÕES TRANSFUSIONAIS TARDIAS IMUNES
REAÇÃO HEMOLÍTICA IMUNE TARDIA (RHIT)
É caracterizada por hemólise das hemácias transfundidas em indivíduos previamente aloimunizados contra antígenos eritrocitários. Isso ocorre porque os aloanticorpos do paciente podem estar indetectáveis no momento dos testes pré-transfusionais, tornando a prova cruzada compatível quando, na verdade, é incompatível.
Geralmente, essa hemólise, que é extravascular, passa despercebida, pois seus sinais clínicos são geralmente leves ou imperceptíveis. O quadro clínico é composto por febre, icterícia, queda de hemoglobina ou aproveito transfusional inadequado.
PÚRPURA PÓS-TRANSFUSIONAL (PPT)
É uma complicação de ocorrência rara, autolimitada e de prognóstico grave. Ocorre após a transfusão de hemocomponentes diversos que contenham plaquetas como CH, CP, mas pode acontecer após transfusão de granulócitos e plasma.
Basicamente, a transfusão precipita uma resposta imune secundária, estimulando a produção de anticorpos contra antígenos plaquetários (HPA), acometendo indivíduos previamente sensibilizados.
Caracteriza-se por queda repentina da contagem de plaquetas para menos de 20% da contagem pré-transfusão e presença de púrpura cerca de cinco a dez dias após a transfusão. Há maior incidência em mulheres multíparas com idade média de 57 anos e em indivíduos com transfusão alogênica prévia.
Púrpura são manchas roxas ou avermelhadas que aparecem em razão da trombocitopenia (redução do número de CP).
REAÇÕES TRANSFUSIONAIS TARDIAS NÃO IMUNES
A sobrecarga de Ferro, também chamada de hemossiderose, é um evento adverso que ocorre em pacientes transfundidos cronicamente. De forma geral, com as transfusões repetidas de CH nesse grupo de pacientes, há acúmulo de ferro, uma vez que não existem mecanismos fisiológicos para a sua excreção.
O fígado, o coração e as glândulas endócrinas são lesados diretamente pelo acúmulo do ferro. Por isso, é importante que seja realizado o monitoramento mensal do consumo de CH desses pacientes, propiciando melhor manejo da terapia quelante com desferroxamina, por exemplo. Essa reação é manifestada após a transfusão de 50 – 100 unidades de CH no receptor.
Corte histológico do fígado corado com Hematoxilina-eosina: Note o acúmulo de ferro (pigmentos marrons).
A transmissão de doenças infecciosas deve ser suspeitada em pacientes que apresentem quadro clínico e/ou laboratorial de infecção pós-transfusional (vírus, parasitas ou outros patógenos), sem evidência dessa infecção antes da transfusão ou de tê-la adquirido por outro meio.
EXEMPLO
Um paciente que desenvolve malária após a transfusão de sangue e que nunca tenha ido para uma área endêmica da doença.
Além disso, também podemos suspeitar quando o doador apresentar teste laboratorial que demonstra a mesma infecção do receptor, ou quando dois ou mais receptores de hemocomponentes do mesmo doador apresentarem sinais clínicos e laboratoriais para o mesmo agente infeccioso.
RECOMENDAÇÃO
Em casos suspeitos, devemos identificar o agente etiológico e rastrear todos os receptores transfundidos com os hemocomponentes desse doador.
PROCEDIMENTOS FRENTE ÀS REAÇÕES TRANSFUSIONAIS IMEDIATAS
Os procedimentos que vamos estudar são as condutas realizadas durante as reações imediatas, pois são as que oferecem prejuízo ao receptor em curto prazo.
ATENÇÃO
Os médicos são os responsáveis pelo manejo do paciente. Entretanto, todos precisam conhecer os procedimentos para que se obtenha sucesso na intervenção. Além disso, a equipe transfusional precisa saber o que fazer e como documentar essas reações, pois ela é responsável pelo hemocomponente, pelos testes pré-transfusionais e pela segurança transfusional.
PROCEDIMENTOS GERAIS
A equipe transfusional deve:
· Interromper a transfusão;
· Manter a extremidade do equipo protegida para não haver contaminação e a veia permeável com a solução de hidratação da prescrição;
· Comunicar imediatamente ao Médico Plantonista;
· Verificar e registrar na prescrição médica os sinais vitais do paciente (pressão arterial, frequência cardíaca, frequência respiratória, temperatura axilar);
· Providenciar todos os medicamentos, materiais e equipamentos necessários para o atendimento emergencial, no caso de reação moderada ou grave;
· Registrar a reação no mapa transfusional e no livro de ocorrências do setor;
· Encaminhar todas as amostras, bolsas e os pedidos de exames solicitados pelo médico.
Em caso de reação, a transfusão deve ser interrompida.
Além disso, uma nova amostra após a transfusão deve ser solicitada. Com as amostras pré e pós-transfusionais,devem ser feitos os testes de tipagem sanguínea ABO (direta e reversa), PAI, Teste da Antiglobulina Humana Direta (TAD) e a prova cruzada. Esses testes têm a finalidade de confirmar que não há erros nos testes previamente executados. Caso seja necessária uma nova transfusão, o médico deverá realizar um novo pedido de exame, e uma nova prova cruzada com uma nova bolsa de concentrado de hemácias deve ser realizada.
PAINEL DE IDENTIFICAÇÃO DE ANTICORPOS IRREGULARES
Nesse vídeo o especialista Tiago Vianna de Carvalho, mostra como é realizada a identificação de anticorpos irregulares, etapa importante durante os testes pré e pós transfusionais, para avaliar e classificar reações transfusionais ocasionadas por aloanticorpos e durante a triagem dos doadores que apresentam a PAI positiva.
A equipe médica deve avaliar o paciente e identificar o tipo de reação transfusional; tomar conduta pertinente para cada tipo de reação; solicitar os exames pertinentes; registrar no prontuário e na ficha transfusional do paciente a reação transfusional, o tipo e o número de hemocomponente envolvido e encaminhar para o responsável pela Hemovigilância, que estudaremos no próximo tópico.
ATENÇÃO
Em nenhum caso de reação transfusional, a bolsa pode ser reinstalada no paciente.
HEMOVIGILÂNCIA
Segundo a Resolução - RDC n° 34, de 11 de junho de 2014:
XXX – HEMOVIGILÂNCIA: CONJUNTO DE PROCEDIMENTOS DE VIGILÂNCIA QUE ABRANGE TODO O CICLO DO SANGUE, COM O OBJETIVO DE OBTER E DISPONIBILIZAR INFORMAÇÕES SOBRE EVENTOS ADVERSOS OCORRIDOS NAS DIFERENTES ETAPAS A FIM DE PREVENIR O APARECIMENTO OU RECORRÊNCIA, MELHORAR A QUALIDADE DOS PROCESSOS E PRODUTOS E AUMENTAR A SEGURANÇA DO DOADOR E DO RECEPTOR.
Esse sistema tem também a função de monitorar e gerar ações para correção de eventuais não conformidades e possibilita garantir a rastreabilidade de um hemocomponente, ou seja, saber com precisão em quem foram transfundidos os hemocomponentes e quais destes os pacientes transfundidos receberam.
A partir de cada receptor de transfusão de sangue, deve-se conseguir identificar o(s) doador(es) e, de cada um, conseguir identificar o(s) receptor(es) e os respectivos hemocomponentes que foram administrados. A rastreabilidade permite que se realize tanto a investigação ascendente (do receptor ao doador) quanto a descendente (do doador ao receptor).
A cada reação transfusional, evento de notificação compulsória, uma ficha de reação transfusional deve ser preenchida, enviada à Vigilância Sanitária e/ou à ANVISA, e arquivada no Serviço de Hemoterapia.
COMENTÁRIO
A ficha de notificação e investigação de incidentes transfusionais é um instrumento-resumo de uma investigação e conclusão de um caso.
O fluxo dessas informações, bem definido e conhecido, é fator crítico de sucesso para a implantação de qualquer sistema de vigilância.
Cada serviço que realiza transfusão deverá ter um comitê ou um responsável pelas atividades de hemovigilância. Para que o sistema tenha sucesso e alcance seu objetivo, é fundamental que os médicos responsáveis pela transfusão participem ativamente do processo de notificação.
VERIFICANDO O APRENDIZADO
CONCLUSÃO
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Ao longo deste conteúdo abordamos todos os exames realizados para tornar os hemocomponentes produzidos, de um doador, aptos para a transfusão. Além disso, entendemos que, para uma transfusão, é necessário realizar alguns exames tanto no doador como no receptor e que esses exames variam de acordo com o tipo de hemocomponente solicitado.
Aprendemos as principais indicações, como ocorre a administração de cada tipo de hemocomponente e que, mesmo com todos os cuidados, o receptor ainda pode apresentar reações transfusionais imediatas e até mesmo tardias. No caso de reações, conhecemos as principais condutas a serem tomadas, tanto pela equipe médica como pela equipe transfusional.
Dessa forma, conseguimos compreender que o correto processamento das amostras, análises dos exames, o hemocomponente bem selecionado, o acompanhamento próximo do ato transfusional, o reconhecimento dos sinais e sintomas de uma reação adversa à transfusão e a correta notificação são partes importantíssimas na montagem do processo de segurança transfusional.
PODCAST
O especialista Tiago Vianna de Carvalho fala sobre as principais reações transfusionais imediatas.
AVALIAÇÃO DO TEMA:
DIREITO DE USO DE IMAGEM
*A EnsineMe reserva ao autor o direito de se manifestar.
REFERÊNCIAS
BRASIL. Diagnóstico da sífilis. Secretaria de Vigilância em Saúde Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais, p. 1-23, out. 2014.
BRASIL. RDC N° 34, DE 11 DE JUNHO DE 2014. Consultado na internet em: 01 abr. 2021.
BRASIL. PORTARIA DE CONSOLIDAÇÃO Nº 5. Consultado na internet em: 01 abr. 2021.
BRASIL. MINISTÉRIO DA SAÚDE. Imuno-Hematologia Laboratorial. 1. ed. Brasília: Ministério da Saúde, 2014. Consultado na internet em: 04 jun. 2021.
BRASIL. MINISTERIO DA SAÚDE. Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS (CONITEC) ‒ Relatório n° 26. TESTE DE AMPLIFICAÇÃO DE ÁCIDOS NUCLÉICOS (NAT) PARA DETECÇÃO DOS VÍRUS DA IMUNODEFICIÊNCIA HUMANA (HIV) E DA HEPATITE C (HCV). s/d. Consultado na internet em: 04 jun. 2021.
BONIFÁCIO, S. L.; NOVARETTI, M. C. V. Funções biológicas dos antígenos eritrocitários. Rev. Bras. Hematol. Hemoter, v. 31, n. 2, p. 104-111, 2009. Consultado na internet em: 04 jun. 2021.
MADERSON, C. A. Photothermal incubation of red blood cells by laser for rapid pretransfusion blood group typing. Scientific Reports, 9:11221, 2019. Consultado na internet em: 04 jun. 2021.
PRUDÊNCIO, B. C. A. B.; COVAS, D. T.; BONINI-DOMINGOS, C. R. Comparação de metodologia utilizada para a detecção de Hemoglobina S(Hb S) em doadores de sangue. Revista Brasileira de Hematologia e Hemoterapia, v. 22, n. 2, p. 96-109, 2000.
EXPLORE+
· Para entender mais sobre o sistema ABO, assista no YouTube ao vídeo Sistema ABO, da biomédica Rôde Schuab.
· Para entender mais sobre os testes realizados no doador, veja o vídeo Segurança da Transfusão com o Teste Nat ‒ Testes Sorológicos, no canal da Associação Brasileira de Linfoma e Leucemia (ABRALE).
· Visite o site do Hemorio e clique na aba “HEMORREDE ESTADO RJ”, localizada no item “Informações”. Lá, você tem acesso aos diferentes formulários importantes, como o pedido de transfusão, a etiqueta de amostra de receptor para testes pré-transfusionais e o exemplo de cartão de transfusão a ser afixado ao hemocomponente.
· Para conhecer mais sobre as reações transfusionais imediatas, assista ao vídeo Reações Transfusionais Imediatas, do canal NUTEDES ‒ UFC.
· Para conhecer uma ficha de investigação de reação adversa, pesquise a Ficha de Notificação e Investigação de Incidentes Transfusionais Não Infecciosos Imediatos e Tardios, do Hospital das Clínicas do Triângulo Mineiro (UFMT).
· Busque no YouTube vídeos sobre Imunologia: VDRL, para entender sobre a floculação e a performance do equipamento de Quimioluminescência.
CONTEUDISTA
Thiago Vianna de Carvalho
CURRÍCULO LATTES

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