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Direito administrativo: Intervenção do Estado na propriedade Breves apontamentos sobre Supremacia do interesse público sobre o privado, Desapropriações especiais, Desapropriação confisco, Desapropriação de bens públicos, Licença para construir, Ação de desapropriação, Direito de extensão, Desapropriação indireta, Desapropriação por zona e Intervenções restritivas Supremacia do interesse público sobre o privado O Estado tem o poder de intervir no Direito Constitucional de propriedade, de forma restritiva ou supressiva. Na intervenção supressiva o poder público retira o bem das mãos do particular, conhecida como desapropriação. A desapropriação tem base na Constituição Federal - CF, no art. 5º, XXIV. Todavia, deve ser por necessidade pública ou interesse social, com pagamento de prévia e justa indenização. Esta é conhecida como desapropriação comum. Desapropriações especiais Porém, a própria CF traz exceções à regra da desapropriação comum. São elas: Urbana (art. 182, CF): Se o imóvel não estiver cumprindo a função social do plano diretor da cidade, o proprietário será notificado para fazer o parcelamento ou edificação no terreno. Após a notificação, o proprietário terá um ano para apresentar o projeto e dois anos para começar as obras. Caso não responda à notificação, incidirá a alíquota do IPTU progressivo por cinco anos, não podendo ultrapassar 15%. Por fim, caso o proprietário do imóvel não se manifeste, ocorrerá a desapropriação. O pagamento será feito integralmente em títulos de dívida pública resgatáveis em até 10 anos, não em dinheiro. Rural (art. 184 a 186, CF): Caso não atenda a função social, o imóvel rural é desapropriado para fins de reforma agrária. A indenização pela desapropriação será paga em títulos da dívida agrária, resgatáveis em até 20 anos, a partir do segundo ano. Porém, as benfeitorias úteis e necessárias serão pagas em dinheiro. A função social da propriedade rural está na CF e vai além da produtividade. Não deve haver exploração do trabalho, o meio ambiente deve ser respeitado, entre outros critérios. Todavia, existem exceções. A desapropriação especial rural não pode incidir sobre pequena ou média propriedade, única do sujeito e nem pode recair sobre propriedade produtiva (estes requisitos não são cumulativos). A desapropriação rural, além de limitada, é de competência da União Federal. Isso é, nem município nem estado podem efetivas desapropriação por área rural não produtiva. Desapropriação confisco (art. 243, CF) Também conhecida como expropriação, ela não é indenizada por nada, simplesmente o bem é perdido, sem direito a indenização. Ela acontece em três hipóteses: Imóveis: Serão expropriados aqueles utilizados para plantação de drogas ou exploração de trabalho escravo. Neste caso, o imóvel será expropriado integralmente para reforma agrária ou programas de habitação popular e não apenas as glebas utilizadas. Móveis: Serão expropriados os bens utilizados para o tráfico de drogas e destinados ao fundo especial de recuperação de viciados. Desapropriação de bens públicos É possível, mas deve estar prevista em lei específica. Além disso, a desapropriação só pode ser feita “de cima para baixo”, isso é, por um ente federativo de maior abrangência. O contrário não é permitido. A expropriação se divide em duas fases: Declaratória: Quando o Estado declara a necessidade e utilidade pública do bem. Esta competência se limita aos entes da federação (União, estados, municípios e DF). Sendo assim, entes da administração indireta não podem desapropriar. Após a declaração, o Estado terá o poder de ingressar no bem de uma forma menos gravosa ao proprietário. Por exemplo, para tirar medidas e fazer avaliações. O Estado então passará a fase de fixação do estado do bem. Isso é, comunicará ao proprietário o seu interesse no bem no estado em que se encontra, não devendo pagar por nenhuma melhoria que for feita deste momento em diante. Executória: Momento em que os Estado paga o valor pelo bem. O bem só poderá ficar na posse do Estado após pagamento de indenização prévia. . Licença para construir Após a declaração de utilidade pública do bem o dono ainda pode continuar construindo no terreno. Todavia, a construção não será indenizada pelo poder público, conforme sum. 23/STF. Caducidade Depois que o Estado coloca o bem sujeito a sua força expropriatória, ele deverá executar o bem, visto que se não o fizer a declaração poderá decair. Se for de utilidade pública, a declaração decai após 5 anos, já se for de interesse social, decairá após 2 anos. Todavia, após a queda da declaração, será possível fazer uma nova para o mesmo bem, após um ano (prazo de carência). Desapropriação Ocorre na fase executória, quando o Estado paga o que é devido ao proprietário e ingressa no bem. A competência para executar a desapropriação pode ser transferida pelo ente federativo para as entidades de administração indireta, consórcios públicos e concessionárias de serviço público, se houver previsão em lei ou contrato de concessão. Acordo de execução A execução só poderá acontecer se houver acordo pela via administrativa. Mas, se mesmo depois de aceitar o acordo, o proprietário mudar de ideia quanto ao valor do bem, ele poderá propor uma ação indenizatória. Se o proprietário não se manifestar em 15 dias, subentende-se que não houve acordo por conta de uma recusa tácita. Se não houver acordo, a execução também pode se dar pela via arbitral (mediação). Por fim, se nenhuma das formas de acordo surtirem resultado, a execução se dará pela via judicial, pela ação de desapropriação. Ação de desapropriação Esta ação será proposta pelo ente expropriante, no caso, o poder público. O particular será chamado para contestar e somente poderá questionar o valor da indenização e matéria processual limitada como litispendência (quando duas ações que possuem as mesmas partes, as mesmas causas e os mesmos pedidos são ajuizadas, fazendo com que existam dois processos simultâneos sobre um mesmo tema), coisa julgada, entre outros vícios processuais. Se o particular quiser discutir outras ilegalidades da desapropriação, deverá fazer por meio de ação direta, a ação anulatória. O particular não poderá discutir nenhum outro assunto senão o valor da indenização. Visto que a discussão será somente em torno do valor pago, o juiz pode conceder ao Estado a posse do bem por meio de liminar. O estado conseguirá tal posse com uma declaração de urgência, feita em até 120 dias. O proprietário do bem tem direito a levantar 80% do valor depositado pelo Estado até que termine a ação, devendo deixar 20% como garantia do juízo. O Estado, ao fim do processo, receberá o bem totalmente livre de qualquer ônus (forma originária) e todas as dívidas que porventura estavam sobre o bem antes da ação, serão pagas com a indenização entregue ao proprietário. Direito de extensão A desapropriação não precisa necessariamente incidir sobre uma propriedade por completo. Todavia, se o Estado desapropriar grande parte de um bem, deixando apenas uma parcela inaproveitável para o proprietário, este poderá exigir que o poder público estenda a desapropriação para todo o terreno, pagando inclusive pelo pedaço estendido. Inclusive, a extensão pode ser pedida no momento da contestação. Desapropriação indireta (apossamento administrativo) Uma forma de invasão do poder público, impondo a supremacia do poder público contra o interesse do particular. Nesse caso, o máximo que o proprietário poderá fazer é solicitar uma indenização. Uma servidão, quando o Estado apenas utiliza parte do terreno para passagem de postes, por exemplo, pode tornar-se uma desapropriação, dependendo do tamanho da obra. Conforme art. 1238/CC, a usucapião ocorre após 15 anos se a propriedade não tiver função social. Do contrário, se tiver, será de 10 anos. A prescrição da desapropriação indireta coincide com o prazo de usucapião para o Estado tomar o bem, sendo assim, se o proprietário não entrar com ação de desapropriação indireta em 10 anos, o Estado vai usucapir o bem e a ação será prescrita. Desapropriaçãopor zona É a desapropriação da zona vizinha a uma obra. Isso é, uma obra é feita no meio de um terreno, mas o Estado acaba desapropriando todo o campo em volta. No ato expropriatório, conforme a lei, é preciso deixar claro que parte é para obra e a outra parte é por zona. A desapropriação por zona é feita quando o Estado enxerga uma posterior e iminente extensão da obra ou quando a obra central gerar uma supervalorização de terrenos vizinhos, visto que isso vai ajudar a compensar eventuais prejuízos da obra. A contribuição de melhoria é um tributo criado pela CF que incide quando ocorre supervalorização de terrenos vizinhos. Existem dois tipos de supervalorização: Ordinária: Ocorre quando os terrenos valorizam-se no mesmo padrão, facilitando a criação de uma alíquota única. Extraordinária: Quando a supervalorização não segue um padrão no terreno, favorecendo a desapropriação por zona. Retrocessão A tredestinação é o desvio de finalidade. Quando o governo desapropria um terreno para construir uma escola, mas constroi um hospital. Tredestinação lícita: Se o Estado mantém o interesse público mas altera a finalidade específica do ato. Tredestinação ilícita: Quando o Estado desapropria o bem mas não constrói nada. Também conhecida como adestinação. Nesse caso, o ex-proprietário pode pedir a retrocessão. Intervenções restritivas Não retira os bens da mão do particular, mas restringe a propriedade. Todavia, se o Estado impede o particular de utilizar o bem, é o caso de desapropriação indireta. Limitação administrativa: Intervenção em caráter geral e abstrato, que atinge uma quantidade indeterminada de bens, como limitar a quantidade de andares de um prédio ou dos predios de determinada região.
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