Buscar

Resumo de Direito Civil - Obrigações

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 11 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 11 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 11 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

· Resumo de Direito Civil – Obrigações (Arts. 233 – 333, CC) 2019.1
1. Obrigação: Conceito, Objeto, Estrutura e Sujeitos;
2. Vínculo Jurídico: Elementos e Exceções;
3. Obrigações Naturais e Alternativas;
4. Irrepetibilidade da Prestação;
5. Fontes das Obrigações;
6. Classificação das Obrigações;
7. Obrigação de Dar, Fazer, Não Fazer;
8. Obrigação de Dar Coisa Certa, de Dar Coisa Incerta e Impossibilidade de Cumprir;
9. Obrigações Divisíveis e Indivisíveis;
10. Obrigações Solidárias e Solidariedade (Ativa e Passiva);
11. Transmissão das Obrigações: Cessão de Crédito e Assunção de Dívidas;
12. Pagamento: A Quem Pagar, Objeto, Prova, Lugar e Tempo do Pagamento.
1. Obrigação: É uma relação jurídica de cunho patrimonial e de caráter transitório que une um credor (sujeito ativo) e um devedor (sujeito passivo) acerca de uma prestação.
· Características da Obrigação: 
a. Relação Transitória – Nasce com a finalidade de extinguir-se (diferente do direito real de propriedade que busca ser duradouro);
b. Vínculo Jurídico – Une as pessoas, estabelecendo uma sanção em caso de não cumprimento;
c. Caráter Patrimonial – O patrimônio do devedor responde pela obrigação, ou seja, é responsável pela dívida, sendo garantia do seu cumprimento. 
d. Prestação – É o cerne da obrigação, o pagamento da dívida.
· Objeto: É uma prestação, uma atividade do devedor (dar, fazer e não fazer). 
· Objeto Imediato (da Obrigação): É a prestação (dar, fazer e não fazer – conduta humana).
· Objeto Mediato (da Prestação): É a coisa ou o ato em si (A coisa/bem da vida).
· O objeto da obrigação deve ser possível, lícito e determinável (Elementos dos negócios jurídicos – art. 166);
· Pode ser uma ação ou uma omissão (Obrigação positiva ou negativa);
· A prestação sempre é suscetível de avaliação econômica (Exceção: obrigações do direito de família e dever de servir as forças armadas).
· Patrimonialidade: O patrimônio do devedor responde pela obrigação, ou seja, é responsável pela dívida, sendo garantia do seu cumprimento. 
· Obrigação Pecuniária: Suscetível de avaliação econômica.
· Estrutura da Obrigação: A relação obrigacional estrutura-se pelo vínculo de dois sujeitos, para que um deles satisfaça, em proveito do outro, determinada prestação. 
· Elementos Constitutivos da Obrigação:
· Elemento Subjetivo: Os sujeitos;
· Elemento Objetivo: A prestação;
· Vínculo Jurídico: O liame entre os sujeitos.
· Sujeitos da Obrigação: Aqueles que compõem os polos da obrigação.
· Credor (Polo Ativo): É aquele que detém o crédito; pode dispor ou ceder seu crédito. Tem interesse no cumprimento da obrigação, podendo exigir a dívida (por coerção ou coação estatal).
· Devedor (Polo Passivo): Quem deve a prestação. Deve praticar a conduta, ou seja, prestar o objeto da relação jurídica estabelecida, ao credor ou a quem este determinar.
· Características dos Sujeitos:
· Determináveis: Devem ser no mínimo determinados (Ex. Ofertas ao público consumidor, promessa de recompensa);
· Representação por Terceiros: Representação civil – legal ou voluntária – os poderes de representação conferem-se por lei ou pelo interessado (art. 115, CC);
· Possibilidade de serem pessoas naturais, jurídicas ou entes despersonalizados;
· Pluralidade: pode haver um ou mais sujeitos em qualquer um dos polos. 
2. Vínculo Jurídico: É a ligação existente entre credor e devedor, que confere ao primeiro o direito de exigir que o segundo cumpra a sua obrigação. O vínculo surge das diversas fontes das obrigações (Atos voluntários como os contratos e os atos unilaterais, ou atos involuntários, como os atos ilícitos).
· Elementos do Vínculo (Débito e Responsabilidade): 
· Débito – Vínculo Imaterial: Consciência do devedor, pois a lei sugere o comportamento que o mesmo deve praticar. 
· Responsabilidade – Vínculo Material: Confere ao credor o direito de exigir judicialmente o cumprimento da obrigação, submetendo o patrimônio do devedor à execução (coação). A responsabilidade garante o débito (garantia). O devedor tem adstrita a sua liberdade, pois se não cumprir seu débito sofrerá o peso a constrição patrimonial (abatimento de seu patrimônio).
· Exceção do Vínculo Jurídico:
· Débito Sem Responsabilidade: Pode ocorrer que exista débito, mas não exista responsabilidade, como no caso dos débitos prescritos. O credor não tem como exigir a obrigação. 
· Responsabilidade Sem Débito: Como no caso da fiança: o locatário é o obrigado pela prestação (débito), mas o fiador, quando tal não for cumprida, torna-se responsável, sem que tenha sido inicialmente obrigado pelo débito.
3. Obrigações Naturais: Obrigações que não conferem direito de exigir o seu cumprimento (desprovidas de ação), como as prescritas, as dívidas de jogo ou as provenientes de obrigações morais. Trata-se de um a obrigação imperfeita, pois nela não subsiste completamente o vínculo jurídico. O Código Civil denominou-as de obrigações juridicamente inexigíveis (art. 882, CC).
4. Irrepetibilidade da Prestação: Se cumprida voluntariamente pelo devedor, ciente ou não de sua exigibilidade, torna-se perfeita, pois na verdade não se trata de enriquecimento injusto e, assim, não pode ser repetida (não haverá devolução de valores já prestados). Segundo o art. 882 – não se pode repetir (readquirir) o que se pagou para solver dívida prescrita ou cumprir obrigação judicialmente inexigível.
5. Fontes das Obrigações: 
a. Contrato – É a materialização da obrigação (arts. 104 e 421, CC):
· Negócios Jurídicos Bilaterais: Art. 104 – A validade do negócio jurídico requer agente capaz, objeto lícito, possível, determinado ou determinável; forma prescrita ou não defesa em lei. Art. 421 – A liberdade de contratar será exercida em razão e nos limites da função social do contrato.
b. Ato Ilícito (arts. 186, 187, 884 e 927, CC):
· Atos Ilícitos: Art. 186 – Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito. 
· Abuso de Direito: Art. 187 – Também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao exercê-lo, excede manifestamente os limites impostos pelo seu fim econômico ou social, pela boa-fé ou pelos bons costumes.
· Enriquecimento Ilícito: Art. 884 – Aquele que, sem justa causa, se enriquecer à custa de outrem, será obrigado a restituir o indevidamente auferido, feita a atualização dos valores monetários. Parágrafo único. Se o enriquecimento tiver por objeto coisa determinada, quem a recebeu é obrigado a restituí-la, e, se a coisa não mais subsistir, a restituição se fará pelo valor do bem na época em que foi exigido.
· Responsabilidade Civil: Art. 927 – Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo. Parágrafo único. Haverá obrigação de reparar o dano, independentemente de culpa, nos casos especificados em lei, ou quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do dano implicar, por sua natureza, risco para os direitos de outrem.
c. Declarações Unilaterais de Vontade (arts. 854, 876 e 887, CC):
· Promessa de Recompensa: Art. 854 – Aquele que, por anúncios públicos, se comprometer a recompensar, ou gratificar, a quem preencha certa condição, ou desempenhe certo serviço, contrai obrigação de cumprir o prometido.
· Pagamento Indevido: Art. 876 – Todo aquele que recebeu o que lhe não era devido fica obrigado a restituir; obrigação que incumbe àquele que recebe dívida condicional antes de cumprida a condição.
· Títulos ao Portador: Art. 887 – O título de crédito, documento necessário ao exercício do direito literal e autônomo nele contido, somente produz efeito quando preencha os requisitos da lei.
6. Classificação das Obrigações: 
· Quanto ao Objeto: Dar, Fazer e Não Fazer;
· Quanto a Multiplicidade de Objetos: Alternativas, Cumulativas e Facultativas;
· Alternativas: Caracteriza-se pela multiplicidade dos objetos devidos. Mas, diferentemente da obrigação cumulativa, na qual também há multiplicidade de objetos devidos e o devedor só se exonera da obrigação entregando todos.(Regra do "OU" = por exemplo, contrato de aluguel onde ao término o devedor se obriga a entregar o imóvel reformado OU pintado OU piso novo. A execução de qualquer uma das cláusulas satisfaz a obrigação).
· Cumulativas: Obrigação conjuntiva de duas ou mais prestações cumulativamente exigíveis, o devedor exonera-se com o prestar das prestações de forma conjunta (regra do "E" = por exemplo, um contrato de aluguel onde ao término o devedor se obriga a entregar o imóvel reformado E pintado E com piso novo. Somente todas as cláusulas em conjunto satisfazem a obrigação).
· Facultativas: Obrigações com faculdade alternativa de cumprimento da ao devedor possibilidade de substituir o objeto prestado por outro de caráter subsidiário, já estabelecido na relação obrigacional. 
· Quanto aos Vínculos: Moral, Civil e Natural;
· Moral: Baseada nos fundamentos morais, cabe ao indivíduo fazê-la ou não, mediante os seus princípios, não podendo ele sofrer nenhum tipo de sanção caso não cumpra esta obrigação.
· Civil: É a que permite que seu cumprimento seja exigido pelo próprio credor, mediante ação judicial. 
· Natural: Neste tipo de obrigação existe a dívida, mas não existe a responsabilidade de pagamento. Ou seja, permite que o devedor não cumpra a obrigação e não dá direito ao credor de exigir sua prestação. Entretanto, se o devedor realizar o pagamento da obrigação, não terá o direito de requerê-la novamente, pois não cabe o pedido de restituição. Caso o devedor seja coagido a pagar a prestação, este poderá requerer de volta o quantitativo pago.
· Quanto à Liquidez: Líquidas e Ilíquidas;
· Líquidas: É aquela determinada quanto ao objeto e certa quanto à sua existência. Expressa por um algarismo ou algo que determine um número certo. Ex.: A deve dar a B a quantia de R$ 500 reais ou 5 sacos de arroz.
· Ilíquidas: Depende de prévia apuração, já que o montante da prestação se apresenta incerto. Conforme o art. 947 CC/02. Ex.: A deve dar vegetais a B, não se sabe quanto e nem qual vegetal.
· Quanto ao Fim: Meio, Resultado e Garantia;
· Meio: O sujeito passivo da obrigação utiliza os seus conhecimentos, meios e técnicas para alcançar o resultado pretendido sem, entretanto, se responsabilizar caso este não se produza. Como ocorre nos casos de contratos com advogados, os quais devem utilizar todos os meios para conseguir obter a sentença desejada por seu cliente, mas em nenhum momento será responsabilizado se não atingir este objetivo.
· Resultado: O sujeito passivo não somente utiliza todos os seus meios, técnicas e conhecimentos necessários para a obtenção do resultado como também se responsabiliza caso este seja diverso do esperado. 
Sendo assim, o devedor (sujeito passivo) só ficará isento da obrigação quando alcançar o resultado almejado. Como exemplo para este caso temos os contratos de empresas de transportes, que têm por fim entregar tal material para o credor (sujeito ativo) e se, embora utilizado todos os meios, a transportadora não efetuar a entrega (obter o resultado), não estará exonerada da obrigação.
· Garantia: Tem por conteúdo a eliminação de um risco, que pesa sobre o credor; visa reparar as consequências de realização do risco; embora este não se verifique, o simples fato do devedor assumi-lo representará o adimplemento da prestação.
· Quanto a Reciprocidade: Principais e Acessórias (Fiador, Multa);
· Principais: São aquelas que existem por si só, ou seja, não dependem de nenhuma obrigação para ter sua real eficácia. Ex.: Entregar a coisa no contrato de compra e venda.
· Acessórias: Subordinam a sua existência a outra relação jurídica, sendo assim, dependem da obrigação principal. Ex.: Pagamento de juros por não ter realizado o pagamento do débito no momento oportuno.
· Caso a obrigação principal seja considerada nula, assim também será a acessória, que a segue.
· Quanto ao Momento de Cumprimento: Instantânea, Diferida e Periódica;
· Instantânea: São concluídas em um só ato, ou seja, são sempre cumpridas imediatamente após sua constituição. Ex.: Compra e venda à vista, pela qual o devedor paga ao credor, que o entrega o objeto. Sujeito A dá o dinheiro ao sujeito B que o entrega a coisa.
· Diferida: Também exigem o seu cumprimento em um só ato, mas diferentemente da anterior, sua execução deverá ser realizada em momento futuro. 
· Ex.: Partes combinam de entregar o objeto em determinada data, assim como realizar o pagamento pelo mesmo.
· Periódica (ou de Trato Sucessivo): De execução continuada, que se satisfazem por meio de atos continuados. Ex.: As prestações de serviços.
· Quanto aos Elementos Acidentais: Puras, Condicionais, A Termo e Com Encargo;
· Puras e Simples: São aquelas que não se sujeitam a nenhuma condição, termo ou encargo. Ex.: Obrigação de dar uma coisa sem por que, para que, por quanto e nem em que tempo.
· Condicionais: São aquelas que se subordinam a ocorrência de um evento futuro e incerto para atingir seus efeitos. Ex.: Obrigação de dar uma viagem a alguém quando esta pessoa passar no vestibular (condição).
· A Termo: Submetem seus efeitos a acontecimentos futuros e certos, em data pré-estabelecida. O termo pode ser final ou inicial, dependendo do acordo produzido.
Ex.: Obrigação de dar um carro a alguém no dia em que completar 18 anos de idade.
· Com Encargo (Modais): Em que o encargo não suspende a "aquisição nem o exercício do direito, salvo quando expressamente imposto no negócio jurídico, pelo disponente, como condição suspensiva", de acordo com o artigo 136 do Código Civil. Ex.: Pode figurar na promessa de compra e venda ou também, mais comum, em doações.
· Obrigações com Cláusula Penal: Compensatórias e Moratórias.
· Compensatórias: Quando determinadas para o caso de total descumprimento da obrigação. Ex.: Se A não pagar R$ 500,00 a B, deverá reembolsá-lo no montante de R$ 800,00.
· Moratórias: Com a finalidade de garantir o cumprimento de alguma cláusula especial ou simplesmente poupar a mora. Ex.: Se A não pagar em determinada data, incorrerá em multa de R$ 1.000,00.
· Obrigação Propter Rem (“Em razão da coisa”): Constituem um misto de direito real (das coisas) e de direito pessoal, sendo também classificadas como obrigações híbridas. 
Obrigação propter rem é aquela que recai sobre determinada pessoa por força de determinado direito real. Existe somente em decorrência da situação jurídica entre a pessoa e a coisa. Ex.: As obrigações impostas aos vizinhos, no direito de vizinhança, por estarem figurando como possuidores do imóvel.
· Obrigação Legal e Voluntária;
· Quanto a Multiplicidade de Sujeitos: Divisíveis, Indivisíveis e Solidárias.
7. Obrigação de Dar, Fazer e Não Fazer: Estão ligadas à natureza do objeto.
· Obrigação de Dar: Pode ser coisa certa ou incerta. No primeiro caso, o devedor não pode trocar a coisa contratada por outra; no segundo caso a coisa é determinada pelo gênero e quantidade, cabendo a escolha ao devedor, se o contrário não decorrer do contrato. Quando realizada a escolha, passa a ser tratada como uma obrigação de dar coisa certa.
· Obrigação de Fazer: O devedor tem a obrigação de fazer um ato que a ele foi imposto. Porém esse tipo de obrigação se divide em duas partes:
· Obrigação de Fazer Fungível ou Substituível: Neste tipo, a obrigação pode ser feita por qualquer pessoa que possua a mesma habilidade da pessoa devedora. (Ex.: Montar uma estante).
· Obrigação de Fazer Não Fungível ou Personalíssima: Essa obrigação só poderá ser feita por uma pessoa específica, não podendo outra pessoa substituí-la. (Ex.: A obra de um artista renomado).
· Se em um desses casos, o devedor não puder realizar a obrigação por motivos culposos (sem culpa), ele ficará isento e a obrigação será dada como resolvida. Porém se ele não cumprir a obrigação por vontade própria, ele responderá por perdas e danos.
· Obrigação de Não Fazer: Neste tipo de obrigação, o objeto da prestação é uma abstenção, uma proibição. O devedor se abstém de um direito ou ação que poderia exercer (Ex.: Uma pessoa com lote praiano que assina contrato com um hotel para ceder o espaço como estacionamento.A pessoa tinha todo direito/ação de construir uma casa no lote, mas se obriga a NÃO fazer em razão do contrato com o hotel).
· As obrigações de não fazer são sempre personalíssimas e indivisíveis, podem se dar por meio de contrato, de lei ou de sentença judicial, ocorrendo nos casos em que o devedor é obrigado a se abster da prática de algum ato que normalmente poderia exercer ou quando é obrigado a permitir certos atos, aos quais poderia se opor, não fosse a obrigação assumida.
8. Obrigação de Dar Coisa Certa, de Dar Coisa Incerta e Impossibilidade de Cumprir:
· Dar a Coisa Certa - A coisa certa é perfeitamente identificada e individualizada em suas características. É quando em sua identificação houver indicação da quantidade do gênero e de sua individualização que a torne única. A obrigação de dar coisa certa abrange seus acessórios, salvo estipulação em contrário. Perdimento d a coisa antes da entrega: sem culpa do devedor, extingue a obrigação (a coisa perece para o dono – resperit domino – princípio da tradição). Com culpa do devedor, fica devendo o equivalente mais perdas e danos (art. 239, CC). Infungibilidade do objeto. 
· Dar a Coisa Incerta - Quando a especificação da coisa não é dada em um primeiro momento, porém gênero e quantidade são determinados (bem parcialmente indeterminado). Ato de escolha (indicação ou concentração) pertence ao devedor, salvo estipulação em contrário. Mas não poderá escolher a pior, nem será obrigado a prestar a melhor (equidade). Ex.: Entrega de 20 cavalos. Não se determinou a raça específica, mas o gênero - cavalos – e a quantidade – 20.
· Impossibilidade de Cumprir: Impossibilidade sem culpa, extingue a obrigação. Impossibilidade com culpa, ocasiona perdas e danos. Se for prestável por terceiro, o credor poderá convocar às custas do devedor, havendo recusa ou mora deste, sem prejuízo de indenização cabível. Se urgente, não precisará de autorização judicial.
9. Obrigações Divisíveis e Indivisíveis: 
· Obrigação Divisível (art. 257, CC): Havendo mais de um devedor ou mais de um credor em obrigação divisível, esta presume-se dividida em tantas obrigações, iguais e distintas, quantos os credores ou devedores. Ex.: Determinada quantia monetária.
· Obrigação Indivisíveis (art. 258, CC): A obrigação é indivisível quando a prestação tem por objeto uma coisa ou um fato não suscetível de divisão, por sua natureza, por motivo de ordem econômica, ou dada a razão determinante do negócio jurídico. Ex.: Um animal ou um veículo; uma vez repartidos, perdem sua identidade original.
10. Obrigações Solidárias e Solidariedade:
· Obrigações Solidárias (Intotu met totalier – como se a tivesse contraído sozinho): É aquela em que, havendo multiplicidade de credores ou de devedores, ou uns e outros, cada credor terá direito à totalidade da prestação, como se fosse o único credor, ou cada devedor estará obrigado pelo débito todo, como se fosse o único devedor; se caracteriza pela coincidência de interesses, para satisfação dos quais se correlacionam os vínculos constituídos.
· Obrigação Solidária Ativa: Quando existe 2 ou mais credores e apenas 1 devedor. Nela cada um dos credores tem o direito de exigir do devedor o pagamento da dívida. Ou seja, apenas um dos credores pode exigir o pagamento em nome dos demais. O devedor pode pagar a dívida em partes iguais para todos os credores, quitando-se a dívida. Caso ele pague a dívida apenas a um dos credores, ela também será quitada. Caberá agora aos demais credores cobrarem do credor que recebeu o pagamento, a parte do débito correspondente a ele.
· No caso de falecimento de um credor, os herdeiros só poderão exigir o valor do seu quinhão, salvo seja indivisível a obrigação (art. 270, CC).
· Convertida a obrigação em perdas e danos, subsiste a solidariedade (art. 271, CC).
· O Credor que remitir a dívida ou recebido o pagamento responderá aos demais (art. 272, CC).
· Obrigação Solidária Passiva: Quando existe 2 ou mais devedores e apenas um credor. O credor em questão tem o direito de receber a dívida de todos por igual ou cobrar a dívida a apenas um ou alguns dos devedores. Caso um devedor pague a dívida por inteiro, esta será quitada, cabendo agora a este devedor cobrar dos demais devedores a parte a mais que ele pagou.
· Recebido parcialmente, continuam solidários os demais pelo restante (art. 275, CC). 
· A propositura de ação contra um não é renúncia à solidariedade (art. 275, Parágrafo Único, CC).
· No falecimento de um devedor, respondem os herdeiros pela sua quota, salvo seja indivisível (art. 276, CC).
· O pagamento ou remissão parcial não aproveita os demais, senão na quantia relacionada (art. 277, CC).
· Qualquer questão adicional estipulada com um devedor e o credor não pode prejudicar a situação dos demais sem o consentimento destes (art. 278, CC).
· Havendo culpa no não cumprimento, todos respondem pela dívida, mas só o culpado pelas perdas e danos (art. 279, CC).
· Todos os devedores respondem pelos juros pelo atraso, mesmo que a ação seja contra apenas um, mas sempre o culpado responde pela obrigação acrescida (art. 280, CC).
· O credor pode renunciar (exonerar) a solidariedade de um ou mais devedores, subsistindo a dos demais (art. 282, CC).
· O devedor que pagou o todo pode exigir a quota dos demais – mediante os efeitos internos da relação (art. 283, CC).
· A parte do insolvente divide-se igualmente por todos, inclusive, será devida também pelos exonerados da solidariedade pelo credor (art. 284, CC).
· Se a dívida toda interessar exclusivamente a um dos devedores, responderá por toda ela para com aquele que pagar. Ex.: Fiador (art. 285. CC).
· Solidariedade: Há solidariedade, quando na mesma obrigação concorre mais de um credor, ou mais de um devedor, cada um com direito, ou obrigado, à dívida toda. A solidariedade não se presume; resulta da lei ou da vontade das partes.
11. Transmissão das Obrigações – Cessão de Crédito e Assunção de Dívidas: O crédito e o débito são questões patrimoniais e podem ser transmitidas para outras pessoas, mudando-se os sujeitos, mas mantendo-se a mesma obrigação.
· Cessão de Crédito: É a transferência ativa da obrigação que o credor faz a outrem de seus direitos; corresponde à sucessão ativa da relação obrigacional. É o negócio jurídico onde o credor de uma obrigação, chamado cedente, transfere a um terceiro, chamado cessionário, sua posição ativa na relação obrigacional, independentemente da autorização do devedor, que se chama cedido. O cedido precisa ser avisado (arts. 290, 292, CC) – só depois de avisado é que a cessão se opera para ele. Se há pluralidade, todos devem ser avisados. É um mecanismo distinto da cessão de contrato. Ex.: A deve R$ 100,00 reais a B para pagar daqui a seis meses, C então se oferece para adquirir este crédito contra A por R$ 80,00, pagando a B à vista; C age na esperança de ter um lucro (de R$ 20,00 reais) ao receber os R$ 100,00 de A no futuro.
· Tipos de Cessão de Crédito: 
· Convencional (onerosa ou gratuita): O terceiro pode comprar o crédito ou simplesmente ganhá-lo (= doação) do cedente.
· É ineficaz, em relação a terceiros, a transmissão de um crédito, se não celebrar-se mediante instrumento público, ou instrumento particular revestido das solenidades do § 1o do art. 654 (art. 288, CC).
· O devedor pode opor ao cessionário as exceções que lhe competirem, bem como as que, no momento em que veio a ter conhecimento da cessão, tinha contra o cedente (art. 294, CC).
· Legal: Imposta pela lei – pagamento com sub-rogação; nessa modalidade de pagamento, um terceiro, que não o próprio devedor, efetua o pagamento da obrigação. Nesse caso, a obrigação não se extingue, mas somente tem o seu credor originário substituído, passando automaticamente a este terceiro (sub-rogado) todas as garantias e direitos do primeiro. O devedor, que antes pagaria ao originário, deverá realizar o pagamento ao sub-rogado, sem prejuízo algum para si. Ex.: O fiador que pagar integralmente a dívida fica sub-rogado nos direitos do credor; mas só poderá demandar a cada um dos outros fiadorespela respectiva quota (art. 831, CC).
· Judicial: Determinada pelo Juiz no caso concreto, explicando os motivos na sentença para resolver litígio entre as partes. Ex.: Pessoas que pelo processo recebem um bem e com ele seus créditos. 
· O credor pode ceder o seu crédito, se a isso não se opuser a natureza da obrigação, a lei, ou a convenção com o devedor; a cláusula proibitiva da cessão não poderá ser oposta ao cessionário de boa-fé, se não constar do instrumento da obrigação (art. 286, CC).
· A cessão do crédito não tem eficácia em relação ao devedor, senão quando a este notificada; mas por notificado se tem o devedor que, em escrito público ou particular, se declarou ciente da cessão feita (art. 290, CC).
· Fica desobrigado o devedor que, antes de ter conhecimento da cessão, paga ao credor primitivo, ou que, no caso de mais de uma cessão notificada, paga ao cessionário que lhe apresenta, com o título de cessão, o da obrigação cedida; quando o crédito constar de escritura pública, prevalecerá a prioridade da notificação (art. 292, CC).
· O crédito, uma vez penhorado, não pode mais ser transferido pelo credor que tiver conhecimento da penhora; mas o devedor que o pagar, não tendo notificação dela, fica exonerado, subsistindo somente contra o credor os direitos de terceiro (art. 298, CC) – direitos penhoráveis são indisponíveis.
· Pro Soluto: Garantia de que o crédito existe a penas; o cedente responde pela existência e legalidade do crédito, mas não responde pela solvência do devedor (Ex.: A cede um crédito a B e precisa garantir que esta dívida existe, não é ilícita, mas não garante que o devedor/cedido C vai pagar a dívida, trata-se de um risco que B assume).
· Pro Solvendo: O cedente dá garantia de pagar o crédito diante da insolvência do cedido. O cedente responde pela solvência do devedor, então se C não pagar a dívida (Ex.: o cheque não tinha fundos), o cessionário poderá executar o cedente. Mas primeiro deve o cessionário cobrar do cedido para depois cobrar do cedente.
· Quando a cessão é onerosa, o cedente sempre responde pro soluto, a não ser que a cessão seja gratuita e o cedente agiu de má-fé (Ex.: dar a terceiro um cheque sabidamente falsificado gera responsabilidade do cedente, mas se o cedente não sabia da ilegalidade não responde pro soluto, afinal foi mera doação); o cedente só responde pro solvendo se estiver expresso no contrato de cessão.
· Assunção de Dívidas: É a transferência passiva da obrigação, enquanto a cessão é a transferência ativa. A assunção é rara e só ocorre se o credor expressamente concordar, afinal para o devedor faz pouca diferença trocar o credor (= cessão de crédito), mas para o credor faz muita diferença trocar o devedor, pois o novo devedor pode ser insolvente, irresponsável e não honrar a dívida. 
· Consentimento expresso do credor é obrigatório. Silêncio não é aceitação, salvo artigo 303 – O adquirente de imóvel hipotecado pode tomar a seu cargo o pagamento do crédito garantido; se o credor, notificado, não impugnar em trinta dias a transferência do débito, entender-se-á dado o assentimento (trata-se de uma aceitação tácita do credor para a troca do devedor, afinal na hipoteca a garantia é a coisa).
· Não são cedíveis obrigações personalíssimas. 
· Não terá validade quando o novo devedor for insolvente e o credor ignorava.
· Tipos de Assunção:
· Expromissão: Realizada entre o credor e o terceiro diretamente;
· Delegação: Feita entre o devedor e o terceiro, com anuência do credor.
· Extinguem-se as garantias do devedor primitivo – Salvo assentimento expresso do devedor primitivo, consideram-se extintas, a partir da assunção da dívida, as garantias especiais por ele originariamente dadas ao credor (art. 300, CC).
· Com a anulação da assunção, restaura-se o débito originário em toda a sua forma – Se a substituição do devedor vier a ser anulada, restaura-se o débito, com todas as suas garantias, salvo as garantias prestadas por terceiros, exceto se este conhecia o vício que inquinava a obrigação (art. 301, CC).
· O novo devedor não pode opor ao credor as exceções pessoais que competiam ao devedor primitivo (art. 302, CC).
12. Pagamento: É o oferecimento da prestação principal. 
· Adimplemento: Retrata o pleno cumprimento da obrigação, com a satisfação do credor. É o fim desejado, a solução ideal para a obrigação.
· Animus solvendi → O propósito, ou a intenção de pagar.
· Quem Deve Pagar: Em regra, quem paga é o solvens, ou seja, o devedor. Se for obrigação personalíssima somente a pessoa especifica (intuitu personae debitoris).
· Terceiros: Por haver um interesse social no cumprimento das obrigações, é comum que se admita que terceiro cumpra a obrigação.
a. Terceiro Interessado → Art. 304, CC. Qualquer interessado pode pagar a dívida. Ex.: fiador.
· Qualquer interessado na extinção da dívida pode pagá-la, usando, se o credor se opuser, dos meios conducentes à exoneração do devedor. Parágrafo único. Igual direito cabe ao terceiro não interessado, se o fizer em nome e à conta do devedor, salvo oposição deste (art. 304, CC).
b. Terceiro Não Interessado → É aquele cuja esfera jurídica não é afetada pela relação jurídica obrigacional que vincula credor e devedor, mas mesmo assim paga. O devedor pode opor-se. Na prática não é comum.
c. Terceiro Interessado Pagando Em Seu Próprio Nome→ Uma pessoa paga a dívida de outrem passando a ser o novo credor do devedor.
d. Pagamento Com Oposição de Terceiro (Art. 306, CC) → O efeito desse pagamento por terceiros é a liberação do devedor em reembolsá-lo. O terceiro pagou porque quis, mesmo o devedor estando contra o pagamento.
· O pagamento feito por terceiro, com desconhecimento ou oposição do devedor, não obriga a reembolsar aquele que pagou, se o devedor tinha meios para ilidir a ação (art. 306, CC).
e. Pagamento Defeituoso (Art. 307, CC)→ Ninguém pode pagar mais do que possui. Se uma pessoa não é proprietária da coisa ela não pode transferi-la – o pagamento logo não terá eficácia. A obrigação pode resolver-se em perdas e danos. O verdadeiro proprietário pode perseguir a coisa aonde quer que ela esteja. O parágrafo único do referido artigo trata da consumação do bem. Ex.: Bolo. Sujeito comera um bolo de outrem. Depende se houve má-fé ou boa-fé. Se má-fé, tem direito a indenização.
· Só terá eficácia o pagamento que importar transmissão da propriedade, quando feito por quem possa alienar o objeto em que ele consistiu. Parágrafo único. Se se der em pagamento coisa fungível, não se poderá mais reclamar do credor que, de boa-fé, a recebeu e consumiu, ainda que o solvente não tivesse o direito de aliená-la (art. 307, CC).
· A Quem Se Deve Pagar: Em regra, o devedor pagará a dívida ao credor, que recebe a prestação, o objeto da obrigação. Credor é o titular do direto subjetivo ativo contido na relação obrigacional, é aquele que detém o credito. A obrigação pode nascer com o credor mas pode migrar para outrem. O credor, portanto, será aquele que no momento do pagamento, for o titular do crédito.
· Representação e Presentação → Na representação o pagamento é feito a uma pessoa e o ato é eficaz porque o representante recebe em nome do credor. É preciso ter ciência se a pessoa de fato representa o credor. Se não o representar, o pagamento não terá efeito para extinguir a relação obrigacional. E quem paga mal, paga duas vezes.
· Portador da Quitação → Art. 311, CC. É aquele que ao receber o pagamento, entrega a quitação ao devedor. Deve-se ter a certeza de quem dá a quitação tem poderes para tanto. O pagamento também pode ser feito a terceiro, porém tal especificidade deve estar presente no título da obrigação.
· Considera-se autorizado a receber o pagamento o portador da quitação, salvo se as circunstâncias contrariarem a presunção daí resultante (art. 311, CC).
· Sucessão → O credor pode, em regra, transferir o crédito. Em caso de falecimento, o crédito passa a ser direito dos sucessores.
· Credor Putativo → Art. 309, CC. Aparenta ser o credor, mas não é. Erro que um homem médio poderia cometer. Nesse caso, se o devedor pagou deboa-fé, achando o credor era o verdadeiro, a obrigação está adimplida. Ex.: Durante 2 anos, o inquilino paga aluguel a empregada do proprietário. Porém ela foi demitida e mesmo assim passara para cobrar o aluguel. Não sabendo da situação o inquilino paga a ela. Há proteção porque houve boa-fé. Aplica-se a Teoria da Aparência que protege o terceiro de boa-fé, uma vez que o devedor tem motivos de acreditar que oferece o pagamento à pessoa certa.
· O pagamento feito de boa-fé ao credor putativo é válido, ainda provado depois que não era credor (art. 309, CC).
· Credor Incapaz De Quitar → Art. 310, CC. O pagamento feito ao credor incapaz de quitar, em regra, não terá eficácia. No entanto, há exceções.
· Não vale o pagamento cientemente feito ao credor incapaz de quitar, se o devedor não provar que em benefício dele efetivamente reverteu (art. 310, CC).
· Objeto do Pagamento: Sem objeto não há obrigação. O objeto será sempre um ato humano de dar fazer ou não fazer. Será a entrega de uma coisa, o desempenho de uma atividade ou uma abstenção.
· Coisas Futuras → As coisas futuras podem ser objeto de uma obrigação. Ex.: Safra, ninhada de filhotes.
· Coisa de Terceiro → Ninguém pode transferir mais direitos do que tem. Ninguém pode, por exemplo, vender uma propriedade que não é sua. Porem há exceções – Ex.: Uma pessoa contrata alguém para entregar certa obra de arte que não é sua, mas será encomendada a terceiro. Até o dia pactuado da entrega, o negócio é valido. Porém se não conseguir efetuar a entrega, ficará inadimplente.
· Princípio Da Identidade Das Prestações → O objeto da prestação deve ser lícito e não pode violar os bons costumes. O Art. 313, CC traz o conceito de identidade da prestação também nomeado de princípio da exatidão. O credor não está obrigado a receber nem pode requerer algo diverso da prestação. Em regra, a obrigação é indivisível e deve ser oferecida ao credor de uma única vez. A regra é que a prestação seja entregue no tempo, no lugar e na forma identificada na obrigação.
· O credor não é obrigado a receber prestação diversa da que lhe é devida, ainda que mais valiosa (art. 313, CC).
· Adimplemento Substancial → Considera as situações nas quais a maior parte da prestação foi cumprida, restando apenas uma pequena parcela, ou seja, a falha do devedor é mínima. A obrigação foi substancialmente cumprida. Dessa forma o credor não poderá reclamar a resolução da obrigação, mas apenas uma indenização do devedor referente a parcela mínima que não lhe foi entregue – a única medida que tem o credor é cobrar o que falta. O problema é chegar ao consenso o que é substancial. Não existe uma regra, mas quem paga por exemplo 90% da prestação pode dizer que ela foi substancialmente adimplida. Ex.: Financiamento de casas, carros, seguros, entre outros.
· Obrigações pecuniárias → Arts. 315 e 316, CC. As dívidas em dinheiro em regra devem ser pagas na data do vencimento. É lícito pactuar aumento progressivo das prestações. Ex.: Aluguel com clausula anual de reajuste conforme inflação.
· Curso Forçado Da Moeda → Os negócios devem ser feitos em moeda nacional, o real. Quando não, devem ser convertidos em real. Mesmo o reajuste do contrato deve ser em moeda nacional; o objetivo é controlar e proteger a economia. Há de se ater que o próprio art. 318, CC traz exceções que são evidenciadas em leis especiais como importação e exportação.
· São nulas as convenções de pagamento em ouro ou em moeda estrangeira, bem como para compensar a diferença entre o valor desta e o da moeda nacional, excetuados os casos previstos na legislação especial (art. 318, CC).
· Pagamento Em Mercadoria → Não há restrição ao pagamento em mercadoria. Ex.: Cabeças de gado. As dívidas também, além de Real, podem ser pagas em valores a serem apurados no futuro. Ex.: Pagamento em Dólar, no dia do cumprimento da obrigação deve ser convertido em Real e averiguado o verdadeiro valor do montante, a depender da taxa do Banco Central.
· Pagamento Antecipado → Pode ser compactuado para o pagamento ser adiantado, comumente abatendo-se juros que ainda não venceram. Há, no caso, uma redução proporcional da dívida. Muito utilizado na antecipação de pagamento de contratos de financiamento de imóveis.
· Presunção de Pagamento → Arts. 322, 323 e 324, CC. A prova do pagamento é o documento hábil a demonstrar o cumprimento da obrigação. De tal sorte, quem paga tem direito à prova do pagamento. Sendo assim, caso o credor se recuse a entregar documento hábil, poderá o devedor reter o pagamento. 
· Quando o pagamento for em quotas periódicas, a quitação da última estabelece, até prova em contrário, a presunção de estarem solvidas as anteriores (art. 322, CC).
· Sendo a quitação do capital sem reserva dos juros, estes presumem-se pagos (art. 323, CC).
· A entrega do título ao devedor firma a presunção do pagamento (art. 324, CC).
· Lugar do Pagamento: Arts. 327, 328, 329 e 330, CC. Na falta de convenção, o lugar do pagamento será no domicílio do devedor (dívida queráble ou quesível). Restando facultada às partes, todavia, convencionar o cumprimento da obrigação no domicílio do credor (dívida portable ou portável), ou – ainda - em outro lugar, desde que estipulado no contrato. Quando a tradição se tratar de bem imóvel, o lugar do pagamento será na situação deste.
· Excepcionalmente, pode haver a renúncia tácita ao lugar do pagamento pela ocorrência de prática reiterada e diversa da ajustada: uma das partes nega o lugar acordado (supressio) e estipula novo lugar (surrectio), havendo aceitação tática da outra parte.
· A renúncia reiterada opera a renúncia tácita, pois o direito venire contra factum propeium, ou seja: proíbe o comportamento contraditório, uma vez que este viola a boa-fé objetiva.
· Tempo do Pagamento: No que tange o tempo do pagamento, salvo disposição contrária e respeitando a natureza da prestação, o pagamento deve ser a vista. Deve-se observar a possibilidade da existência de elemento acidental do negócio jurídico, especificamente: a condição suspensiva, hipótese em que, a partir do implemento da condição, deve ser feito o pagamento e termo, no qual chegado ao termo final, deve ser feito o pagamento. 
· Excepcionalmente, pode ocorrer a antecipação do vencimento do pagamento nas hipóteses de efetiva falência ou insuficiência de garantias pessoais e/ou reais da dívida. Atentando-se que, havendo solidariedade passiva, a insolvência de um dos devedores não permitirá a antecipação do vencimento da prestação integral, apenas a quota parte daquele.

Continue navegando