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1 Laís Flauzino | GINECOLOGIA E OBSTETRÍCIA | 7°P MEDICINA Oncoginecologia 4M1 – TUMORES E CÂNCER CÂNCER DE MAMA: Epidemiologia: Câncer que mais mata mulheres no mundo. Redução de mortalidade desde 1970: • Rastreamento e terapia adjuvante (QT e RT) • Entre 40 e 69 anos o rastreio reduz em 60% a mortalidade em 10 anos do diagnóstico. Rastreamento no CA de mama – rastreia o câncer, é para diagnóstico precoce, isso reduz mortalidade. No caso de CA de útero, quando faz o Papanicolau/preventivo – está rastreando lesões precursoras (ainda não é câncer), isso diminui a incidência do colo de útero. Fatores de risco: • Mulher – raro em homens • Idade • História familiar • Sobrepeso • Terapia de reposição hormonal • Mamas densas • Uso de álcool e tabaco • Amamentação e exercício físico: protetores Evitar sobrepeso também é fator protetor. Diagnóstico: Apresentação: • Alterações no rastreio mamográfico • Massa mamária • Linfadenopatia axilar – exame físico • Alterações cutâneas • Secreção mamilar sero-sanguinolenta – secreção quase transparente/amarela clara, água de rocha. • Metástases Secreção multiductal e bilateral tende a ser benigna – tende a ser algo sistêmico, alguma alteração hormonal. Quando a pct tem queixa de secreção mamilar sero- sanguinolenta é preocupante em relação ao CA de mama. Como o CA é localizado, a secreção tende a ser unilateral e uniductal A mama pode produzir secreções variadas fisiológicas. Diagnóstico por histopatologia de biópsia. Avaliação por imagem: MMG, USG, RM Lesão suspeita: biópsia • PAAF (punção aspirativa por agulha fina) • Core biopsy – punção por agulha grossa • Incisional – com bisturi • Excisional – retira a lesão como um todo Estadiamento 1ª Imagem- pouco suspeita, ovalada. 2ª Suspeita – bordas irregulares... 2 Laís Flauzino | GINECOLOGIA E OBSTETRÍCIA | 7°P MEDICINA BI-RADS: 0. Deu errado, repete (Acontece muito em mamografia de mama densa) 1. Normal – seguir rastreio 2. Certamente benigno – seguir rastreio 3. Provavelmente benigno – repetir 6 meses 4. Suspeita – biopsia 5. Provavelmente maligno – biopsia 6. Tirando foto do câncer Sistema internacional de laudo padronizado. Rastreio normal: anual ou Bi anual – 1 vez a cada dois anos. Birads 3 – repete em 6 meses 2 vezes e se ele continuar do mesmo jeito ele desce para birads 2. Se crescer vai para birads 4. Estadiamento: Histopatologia: • Carcinoma ductal invasor – deriva do epitélio do ducto • Carcinoma lobular invasor – deriva do epitélio do próprio lóbulo glandular • Carcinoma misto Imuno-histoquímica: • HER2, receptor de estrogênio, receptor de progesterona. • Diferentes estratégias terapêuticas Pesquisa os marcadores e dependendo da presença desses marcadores, vai ter diferentes tipos. Tratamento: • CA inicial (até estágio II): mastectomia ou cirurgia conservadora • Linfadenectomia se linfonodos doentes – linfonodo sentinela (primeiro a ser corado) Retirar linfonodo é muito pior que retirar a mama. • Considerar RT e terapia hormonal • CA avançado (estágio III): mastectomia com esvaziamento axilar + QT + RT + terapia hormonal Terapia hormonal se positivo para receptor de estrogênio e progesterona • CA metastático (Estágio IV): paliativo Tratamento hormonal: • CAs receptor hormonal positivos As células tem na sua superfície esses receptores para os hormônios que estimulam a multiplicação e crescimento dessa célula. Então podemos usar medicações que reduzem intensamente a produção desses hormônios e consequentemente reduz a proliferação do câncer. • Tamoxifeno: modulador seletivo do receptor do estrogênio – não reduz o estrogênio total do corpo, mas bloqueia os receptores de estrogênio das células cancerígenas. • Anastrozol: inibidor de aromatase – a mulher faz androgênios e depois transforma a testosterona em estrogênio, a aromatase é a enzima que faz isso, então inibindo a aromatase, diminui os níveis de estrogênio circulante. • Goserelina: análogo de GnRh – mantem o nível de GnRh estável e bloqueia o eixo (privação de estrogênio) Hipoestrogenismo: menor crescimento tumoral / efeitos colaterais (semelhante a menopausa). Prognóstico: • Estágio • Doença linfonodal • Tipo histológico • Padrão imunohistoquímico 3 Laís Flauzino | GINECOLOGIA E OBSTETRÍCIA | 7°P MEDICINA CÂNCER DE COLO DE ÚTERO: Epidemiologia: 3° principal CA ginecológico em países desenvolvidos • Vacinação e rastreio • Queda de 75% em incidência e mortalidade nos últimos 50 anos Ainda é o 2° mais comum nos países subdesenvolvidos. Vacina – HPV e colher preventivo Fatores de risco: Exposição ao HPV • Coitarca precoce • Múltiplos parceiros • Comportamento sexual de risco – não usar preservativo Outros: • Imunossupressão – HIV, usuária crônica de imunossupressor/₢orticoide • Tabagismo • ACO • Fatores genéticos Patogênese: • 75-80% da população terão HPV até os 50 anos. • A maioria das infecções são transitórias. Ter HPV não é significado de ter câncer. Carcinogênese: • Infecção da zona de transformação (HPV alto grau) Zona de transformação está exposta à acidez vaginal. A célula da ectocérvice (célula escamosa) aguenta essa acidez vaginal, já o epitélio glandular fica sendo danificado pela acidez vaginal. E aí as células da zona de transformação vão entrar no processo de transformação – metaplasia (tentar assumir uma forma diferente) – vai se transformar de um epitélio glandular para um epitélio escamoso. Cisto de Naboth: epitélio escamoso recobrindo o orifício da glândula que tinha, acumula um pouco de secreção. Esse processo de metaplasia deixa a célula vulnerável (não a infecção pelo HPV) ao processo de hibridização. O vírus do HPV chega ali, consegue colocar seu DNA na célula e hibridizar o DNA, uma parte do seu código genético vai entrar dentro do DNA da célula e aí ele vai conseguir ficar gerando cópias lentamente e fugindo do sistema imunológico. • Persistência da infecção • Progressão de clone infectado para neoplasia intra-epitelial (NIC) A maioria dos canceres são de epitélio. O que dá câncer é revestimento e glândula. O epitélio tem a membrana basal. Então falando de neoplasia intra- epitelial, quer dizer que esse clone de células não rompeu a membrana basal. Isso é importante pq vaso sanguíneo, nervo, vaso linfático estão abaixo da membrana basal, então enquanto esse clone não romper a membrana basal, ele só pode se espalhar por contiguidade, para o lado. • Invasão da membrana basal (CA invasor) Ai aqui tem a chance de uma célula entrar no vaso e metastizar. • Tempo médio: 15 anos É um processo de exceção e lento. Diagnóstico: • Quadro clínico: sangramento TV anormal, corrimento, sinusorragia (sangramento na relação sexual) • Com frequência assintomático até que seja avançado: rastreamento! • Diagnosticar por histopatologia de biópsia. 4 Laís Flauzino | GINECOLOGIA E OBSTETRÍCIA | 7°P MEDICINA Biópsia • A olho nu quando lesão macroscópica • Colposcopia se necessário • Curetagem do canal endocervical se necessário • Imagens para estadiamento Parte preta – passou o iodo, cora o glicogênio. Histopatologia: • Carcinoma espino celular – 70-75% Clone das células escamosas. • Adenocarcinoma – 25% Clone das células glandulares. • Outros – raro Tratamento: • Estágio IA: conização (tira o pedaço específico), histerectomia total • Estágio IB: histerectomia radical (útero, colo, anexos e paramétrios) • Estágio avançado - II a IVA: QT + RT • Metastático IVB: paliativo Prognóstico: • Estágio • Invasão linfovascular • Tamanho do tumor • Profundidade da invasão estromal CÂNCER DE ENDOMÉTRIO: Epidemiologia: • 2° CA ginecológico mais comum em países desenvolvidos. • 3° mais comumnos sub-desenvolvidos • Pico de incidência entre 60 e 70 anos – pct mais idosa, pós menopausa • Prognóstico bom em geral 5 Laís Flauzino | GINECOLOGIA E OBSTETRÍCIA | 7°P MEDICINA Histopatologia: Mais comum é o endometrióide. Existem outros tipos histológicos. Graus de diferenciação: 1, 2 e 3 Tipo 1: • Endometrióides grau 1 e 2 • Bom prognóstico Célula bem diferenciada Tipo 2: • Endometrióide grau 3, outros tipos histológicos • Pior prognóstico Célula má diferenciada (nada a ver com a célula original) Fatores de risco (tipo 1): • Hiperestrogenismo não balanceado por progesterona. Ex: TRH sem progestágeno, oligo/amenorreia crônica A pct cicla, endométrio cresce com estrogênio, mas ela não menstrua, não tem o estímulo da progesterona – isso faz com que ela acumule. Isso acontece muito frequente com a SOP. • Obesidade • Nuliparidade • Fatores genéticos Fatores de risco estão associados ao câncer tipo 1 (Histologia endometrioide de grau 1 e 2 – bem diferenciados). Diagnóstico: • Quadro clínico: sangramento uterino anormal (pós menopausa) e espessamento endometrial ao USG (principalmente tipo 1) • Diagnóstico é histológico: curetagem semiótica, histeroscopia, peça de histerectomia • Estadiamento. Qualquer sangramento após a menopausa é sangramento uterino anormal. Menopausa: 1 ano sem menstruar. Endométrio espessado Tratamento: • Histerectomia radical com salpingo- ooferectomia bilateral é padrão. • Avalição linfonodal. • Estratificação de risco de recorrência indicará adjuvância. Baixo risco – CA tipo 1 que invade menos que a metade da espessura do útero e não compromete linfonodos – nesses é só cirurgia. Se tiver qualquer coisa diferente disso, precisa de terapia. Risco de recorrência e tratamento adjuvante: Baixo risco: sem adjuvância - Tipo 1 - invade menos da metade do miométrio - sem comprometimento de linfonodos Risco intermediário: considerar RT/QT - Só tipo 2 OU - Só invade mais da metade do miométrio sem sair do útero OU - Só comprometimento linfonodal Alto risco (os demais): QT/RT Prognóstico: Principais fatores: estadiamento e tipo histológico Tipo 1: prognóstico muito mais favorável Sobrevida em 5 anos: ◦ Estágio I 80-90% ◦ Estágio II 70-80% ◦ Estágios III e IV: 20-60% OUTROS CÂNCERES GINECOLÓGICOS: CA de vulva ou vagina: • Carcinoma Espino-Celular • Infecção pelo HPV Leiomiosarcoma uterino: 6 Laís Flauzino | GINECOLOGIA E OBSTETRÍCIA | 7°P MEDICINA Tumor de parede de útero. • Aproximadamente 1% de todas as malignidades uterinas • Semelhante a leiomioma (degeneração) • Doença agressiva e com alta mortalidade Ele cresce tão rápido que sofre degeneração – cresce mais rápido do que seu sistema de sustentação e aí ele morre. Carcinoma – vem do epitélio. Adenocarcinoma – vem do epitélio glandular. Carcinoma espinocelular – vem de epitélio de revestimento. Sarcoma – vem de mesênquima (carne), tecido conjuntivo (segundo folheto); é raro e agressivo. TUMORES OVARIANOS: São muito comuns. Tumor – qualquer tipo de processo expansivo dentro de um tecido. • Cerca de 5 a 15% das mulheres apresentarão cistos ovarianos • Origens diferente: funcionais vs neoplásicos • Neoplasias: benignas vs borderline vs malignas Tumor neoplásico – houve proliferação celular. Tumores funcionais: não são neoplásicos, não acontece proliferação celular. Neoplasias benignas – não invadem, não tem metástase Neoplasias malignas – câncer. Tumor borderline – intermediários ou malignos com pouca agressividade. • CA de ovário: 1,3% das mulheres nos EUA • Massa ovariana – avaliar risco de malignidade Classificação: Recapitulando: Estrutura de um ovário. Medula – vem do hilo do ovário Epitélio germinativo Túnica abugínea Folículo pré-ovulatório com teca e granulosa – cordão sexual, estroma. Ovócito é a célula germinativa. Folículo – composto de teca interna, externa, granulosa e tudo isso é cordão sexual. Célula germinativa – célula que vai se tornar o gameta – ovócito. Ao longo do ciclo menstrual vai ter a progressão do folículo, corpo lúteo etc. e é nesse processo de funcionamento do ovário que pode formar os cistos funcionais. CISTOS FUNCIONAIS: • Não são neoplásicos – não tem proliferação celular • Processo frequente (maioria dos tumores) e maioria subclínico São assintomáticos 7 Laís Flauzino | GINECOLOGIA E OBSTETRÍCIA | 7°P MEDICINA • Fatores de risco: tabagismo, tamoxifeno (CA de mama), contracepção com progestágeno (DIU mirena) • ACO reduz o risco • Em geral regridem espontaneamente em 3-6 meses. Dois tipos principais: Folicular e corpo lúteo. Cisto folicular: • Preenchimento exagerado do folículo dominante por líquido • Fase folicular • Cisto simples anecóico • Assintomático Cisto de corpo lúteo (hemorrágico): • Hemorragia pós ovulatória para dentro do corpo lúteo (cisto de sangue no ovário) Depois que há a ruptura do folículo para liberar o corpo lúteo, pode haver lesão nesse processo e ela começa a sangrar para dentro desse corpo lúteo. • Evolução ao USG: denso, reticulado, coágulo Com o tempo o cisto pode coagular e gerar imagens mais estranhas • Pode gerar quadro de dor intensa: abdome agudo – devido ao sangue extravasado que irrita. (deve diferenciar de gestação ectópica rota e não deve abordar cirurgicamente) • DDX com endometrioma – a endometriose pode formar lesões císticas cheias de sangue também. • A princípio não é cirúrgico – trata com analgesia Imagem – coagulo. NEOPLASIAS OVARIANAS BENIGNAS: Mais comuns: • Teratoma cístico maduro • Cistoadenoma seroso (tumor benigno cístico) • Cistoadenoma mucinoso Proliferação celular benigna – não invadem, não são câncer. De linhagem epitelial: Cistoadenoma seroso: • Tumor cístico uniloculado – confunde com o cisto funcional • Preenchido por secreção serosa • 20% das vezes bilateral • Pode confundir com cisto funcional ao USG – não regride espontaneamente; pode crescer bastante. 8 Laís Flauzino | GINECOLOGIA E OBSTETRÍCIA | 7°P MEDICINA De linhagem epitelial: Cistoadenoma mucinoso • Tumor cístico frequentemente multiloculado • Preenchido por muco • Pode crescer muito Linhagem de cordões sexuais: Fibroma / tecoma / células da granulosa: • Tumor sólido • Normalmente pequenos • Podem ser produtores de androgênios (teca) ou estrogênios (granulosa) • Raros Esses três são considerados um complexo – é um tumor sólido que vão ter áreas características dos 3 associados. Linhagem de células germinativas: Teratoma: • Monstro – é como se o óvulo tentasse fazer um bebê sozinho • Pode ter 3 folhetos germinativos • Imaturo: maligno (raro) Maduro (benigno): pode ser de 3 tipos • Sólido – cartilagem, músculo • Homúnculo – parece um embrião mesmo • Teratoma Cístico Maduro – maioria das vezes Teratoma cístico maduro: • 60% das neoplasias benignas do ovário. • Forma elementos dos 3 tecidos: mas endoderma e mesoderma com frequência vestigiais (microscópico) • Componente principal: ectoderma (macroscópico) • Cistos uniloculados de gordura, dente, cabelos... • Preocupação: torção frequente Tem o pedículo do ovário – por onde chega sangue, nervos, e lá na ponta tem a lesão e dentro da lesão tem dente e gordura. Isso tudo está dentro da cavidade abdominal virtual que é preenchida por lâmina fina de líquido. E aí a gordura tenta rodar para cima e o dente para baixo – isso favorece a torção do pedículo vascular que sustenta o ovário. No USG apresenta áreas ósseas (sombra acústica) e cabelos: 1ª imagem – um ponto branco (provável osso) fazendo sombra acústica. 2ª cabelo Torção ovariana: • Quadro de dor de início súbito e piora constante • Ao USG: massa anexial com ausência de vascularização ao doppler• Frequentemente na presença de neoplasia ovariana • Emergência cirúrgica NEOPLASIA OVARIANA BORDERLINE: • Tumor com características intermediárias (benigno/maligno) • Pode ser de vários tipos histológicos e várias morfologias – pode ser cístico, solido, combinado São características da microscopia que dizem que é borderline. • Apresenta invasão e disseminação lentas • Em geral será tratado de forma semelhante ao CA – mas o prognóstico é muito melhor. 9 Laís Flauzino | GINECOLOGIA E OBSTETRÍCIA | 7°P MEDICINA NEOPLASIA OVARIANA MALIGNA: • Mais frequente após os 60 anos • Macroscopicamente, podem assumir morfologias variáveis, em geral sendo complexos – combina elementos sólidos com elementos císticos; o tipo histológico é visto microscopicamente • Frequente tumor metastático (Krukenberg) – tumor de Krukenber é quando descobre-se o câncer por conta da lesão de ovário, mas na verdade essa lesão já seria uma lesão secundaria de um câncer que veio de outro lugar. Fatores de risco: • História familiar de CA de mama ou ovário – alterações genéticas responsáveis por 10% dos CA. • Nuliparidade – quem não tem filho, tem mais ciclos • Menarca precoce ou menopausa tardia – mais tempo ciclando também • Mulheres brancas • ACO reduz risco – o contraceptivo bloqueia o ciclo Microscopicamente, tipos mais comuns: Epiteliais: • Cistoadenocarcinoma seroso – mais comuns • Adenocarcinoma endometrióide • Adenocarcinoma mucionoso Outros tipos: • Estromais (cordões sexuais): • Células da granulosa • Células de Sertoli-Leydig • Germinativos: • Disgerminoma • Carcinoma embrionário • Tumor do seio endodérmico • Teratoma imaturo Características: • Disseminação por esfoliação – as células vão se desprendendo e vão caindo na cavidade peritoneal e aderindo ao peritônio, omento • Disseminação rápida peritoneal e implantes superficiais em outros órgãos • Prognóstico depende principalmente do estadiamento e tipo histológico Estadiamento: PROCESSAMENTO DIAGNÓSTICO DOS TUMORES OVARIANOS: Rastreamento: • Avaliação genética para pacientes com alto risco familiar • Marcadores tumorais, USG, TC, RM, exame pélvico – não reduzem mortalidade Pode rastrear, mas não reduz a mortalidade – então não existe indicação de rastreio. Quadro clínico: • Assintomáticos nas fases iniciais – diagnóstico precoce é muito difícil Fases avançadas: • Dor • Distensão abdominal pela massa • Sintomas abdominais inespecíficos – constipação, urgência miccional etc Com frequência é achado incidental de exame de imagem. 10 Laís Flauzino | GINECOLOGIA E OBSTETRÍCIA | 7°P MEDICINA Achou o tumor, a primeira coisa a se fazer é saber se é benigno ou maligno. Primeira coisa a avaliar é a idade. Idade: Pré-menarca: • Tumores são raros, mas frequentemente malignos • Teratomas (imaturos) • Disgerminomas Menacme: • Muito frequente cistos funcionais • Malignidade menos frequente Pós-menopausa: • Maior risco de neoplasias benignas e malignas Na pré-menarca e na pós-menopausa há muito mais suspeita dos tumores que podem ser encontrados. Imagem: • USG é ideal para caracterização do tumor • Algoritmos para cálculo de risco de malignidade IOTA (International Ovarian Tumor Analysis Group) • Regras simples: o Só regras benignas = benigno o Só regras malignas = maligno o Dos dois = indeterminado • Modelo de regressão Regras benignas: Se só características benignas – tumor benigno. O que diz se um tumor é benigno: • unilocular, • se componente sólido presente, ser menor que 7mm; • presença de sombra acústica; • tumor de paredes lisas < 100mm; • tumor que não apresenta fluxo sanguíneo ao doppler. Regras malignas: • tumor sólido irregular • presença de ascite • se o tumor tiver 4 estruturas papilares (estruturas sólidas que se projetam para dentro do cisto) • tumor multilocular maior que 4cm • tumor com fluxo sanguíneo muito grande • Idade • Ascite • Papilas com fluxo • Tamanho da parte sólida • Paredes irregulares • Tamanho • Tumor totalmente sólido? (benignidade) Se for um tumor mais complicado, tem essa calculadora com esses itens. Obs: tumor totalmente sólido é uma característica que sugere mais benignidade. Patologia: • Não são possíveis biópsias não invasivas – principalmente pq o tumor é cístico e a punção faz com que o conteúdo do tumor extravase para dentro da cavidade abdominal e caso seja câncer, esse extravasamento pode acelerar muito a disseminação do tumor • Na dúvida, cirurgia de ressecção do tumor • Diagnóstico de benignidade/malignidade é anatomo/histopatológico TRATAMENTO DOS TUMORES OVARIANOS: Cistos funcionais: • Se a suspeita é cisto folicular ou lúteo, conduta preconizada é expectante – não precisa remover, ele vai sumir sozinho • Cisto hemorrágico: analgesia – para aguentar até que o quadro se resolva • Prescrição de ACO é questionável – não se indica só pq tem o cisto funcional. 11 Laís Flauzino | GINECOLOGIA E OBSTETRÍCIA | 7°P MEDICINA • Persistência por > 6 meses: provável neoplasia benigna • Cisto folicular não necessita acompanhamento! Repetir USG para garantir que o cisto foi embora não faz parte. Então se tem uma lesão cística, de parede anecoica, de paredes lisas e regulares, unilocular, assintomática, menor que 5cm – a conduta é nada. Tumores provavelmente benignos: • Preocupação com borderline, malignidade ou torção motiva cirurgia • Menacme: • Tumores menores de 5 cm podem ser acompanhados Se maior que 5cm já opera pensando nos riscos de borderline, malignidade ou torção min 56 • Tendência a operar teratomas pelo risco de torção • Pós-menopausa • Acompanhar apenas se cisto simples, <5cm, que não cresce e CA-125 normal Tumores provavelmente malignos: Cirurgia para patologia. Tumores sabidamente malignos: • Cirurgia de estadiamento • Histerectomia • Salpingo-ooforectomia bilateral • Omentectomia • Linfadenectomia pélvica e paraórtica • Lavado peritoneal diagnóstico O estadiamento do tumor de ovário não é por imagem, é cirúrgico. A cirurgia de estadiamento é o primeiro passo do tratamento do ca de ovário. Aí tira tudo isso e manda para o patologista, patologista avalia e estadia. Tumores sabidamente malignos: • Estágio IA e IB -> cirurgia de estadiamento é curativa • Estágio IC e II -> cirurgia de estadiamento + QT • Avançado (III e IV): • Citorredução: retirar todos os implantes macroscópicos (debulking) – pode ser cirurgia bem danosa para o organismo. • QT adjuvante após citorredução • QT neoadjuvante para reduzir implantes antes da citoredução Papel dos marcadores tumorais: • Não devem ser usados para rastreamento! • Papel diagnóstico limitado • CA-125 é pouco específico • Parte de algoritmos • Sugerem tumores menos comuns – outros marcadores, que não o CA-125. O papel do marcador no diagnóstico de ser maligno ou benigno é muito limitado pq são pouco específicos. Qualquer coisa pode aumentar o CA-125. Ele pode entrar como parte de algoritmos, isoladamente é pouco específico. • Seguimento • Em tumores malignos que inicialmente apresentam marcadores altos • Dosagem de marcadores no seguimento pós tratamento • Novas elevações podem sugerir recidiva
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