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Controladoria Eric Ferreira dos Santos © 2020 por Editora e Distribuidora Educacional S.A. Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida ou transmitida de qualquer modo ou por qualquer outro meio, eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia, gravação ou qualquer outro tipo de sistema de armazenamento e transmissão de informação, sem prévia autorização, por escrito, da Editora e Distribuidora Educacional S.A. Imagens Adaptadas de Shutterstock. Todos os esforços foram empregados para localizar os detentores dos direitos autorais das imagens reproduzidas neste livro; qualquer eventual omissão será corrigida em futuras edições. Conteúdo em websites Os endereços de websites listados neste livro podem ser alterados ou desativados a qualquer momento pelos seus mantenedores. Sendo assim, a Editora não se responsabiliza pelo conteúdo de terceiros. Presidência Rodrigo Galindo Vice-Presidência de Produto, Gestão e Expansão Julia Gonçalves Vice-Presidência Acadêmica Marcos Lemos Diretoria de Produção e Responsabilidade Social Camilla Veiga 2020 Editora e Distribuidora Educacional S.A. Avenida Paris, 675 – Parque Residencial João Piza CEP: 86041-100 — Londrina — PR e-mail: editora.educacional@kroton.com.br Homepage: http://www.kroton.com.br/ Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) Santos, Eric Ferreira dos S237c Controladoria / Eric Ferreira dos Santos. – Londrina: Editora e Distribuidora Educacional S.A., 2020. 192 p. ISBN 978-85-522-1661-2 1. Controladoria financeira. 2. Planejamento. 3. Controle de custos. 4. Ferramentas de Gestão. I. Título. CDD 658.151 Gerência Editorial Fernanda Migliorança Editoração Gráfica e Eletrônica Renata Galdino Luana Mercurio Supervisão da Disciplina Gisele Zanardi Polizel Revisão Técnica Adriana Cezar Yane Ribeiro de Oliveira Lobo Jorge Eduardo de Almeida CRB-8/8753 Sumário Unidade 1 A Controladoria como área da gestão empresarial ................................... 5 Seção 1 A Controladoria financeira e as funções do controller.................. 8 Seção 2 Visão sistêmica da empresa .............................................................19 Seção 3 Sistema de informações ...................................................................32 Unidade 2 Planejamento estratégico ............................................................................51 Seção 1 O processo de gestão ........................................................................54 Seção 2 Controladoria estratégica ................................................................62 Seção 3 Planejamento estratégico .................................................................72 Unidade 3 Planejamento operacional e financeiro ....................................................95 Seção 1 Planejamento operacional e orçamentário ....................................98 Seção 2 Orçamento empresarial ................................................................109 Seção 3 Técnicas orçamentárias .................................................................126 Unidade 4 Execução e controle operacional e financeiro ......................................145 Seção 1 Execução e controle orçamentário ..............................................148 Seção 2 Sistemas de controles internos e o controle organizacional.....156 Seção 3 Sistemas de medição e avaliação de desempenho .....................171 Unidade 1 A Controladoria como área da gestão empresarial Caro leitor, você está convidado a conhecer a Controladoria como área relevante para a aplicação de ferramentas voltadas à gestão empresarial. As discussões desta unidade pretendem apresentá-la a você como uma área fundamental ao processo decisório, que visa à eficácia e à eficiência do funcionamento da gestão organizacional. A Controladoria interliga perspec- tivas estratégicas e operacionais, proporcionando visão sistêmica à empresa, por isso, a unidade também discutirá suas funções e seus objetivos como base essencial ao planejamento e à atuação empresarial. Nesse sentido, o processo decisório depende da informação útil e confiável. É evidenciada a importância dos Sistemas de Informações ao processo decisório, bem como a importância do controller, suas características e funções, úteis ao propósito de busca da melhoria dos processos e controles internos. Seção 1 | A Controladoria Financeira e as funções do controller. - Considerações iniciais, conceitos e definições: aspectos originários da Controladoria. - Missão e estruturação da Controladoria como área organizacional: asseguração da eficácia e zelo pela continuidade. - Objetivos e funções da Controladoria: finalidades e funções da Controladoria. - O papel e as atribuições do controller: atribuições, deveres e responsa- bilidades do controller. Seção 2 | Visão sistêmica da empresa. - O ambiente econômico e as forças competitivas: fundamentações. - Sistema empresa: a visão sistêmica e os subsistemas organizacionais. - Missão, crenças e valores da empresa: componentes de análises. - Modelo de gestão: atributos e estruturação. Seção 3 | Sistemas de Informações. - Aspectos qualitativos da informação: modelo, utilidade e qualificações da informação. - Sistema de informações contábeis: estrutura de sistemas. - Níveis de informações: estratégico, gerencial e operacional. - Tipologia de subsistemas de informações: Subsistema de Informação Gerencial, Subsistema de Apoio à Decisão e Subsistema de Informações Executivas. Introdução à unidade Empreender um negócio é um desafio. Criar, estimular o crescimento e manter uma entidade empresarial, fazendo-a prosperar nas suas operações de forma sustentável, também é desafiante. Fazer isso requer que a gestão empresarial tenha uma preocupação constante na utilização e otimização dos recursos disponíveis para a geração de resultados, no curto e no longo prazo. É nesse contexto que a Controladoria se insere, porque contribui ao processo decisório. Ela ajuda a gestão nas suas atuações, ampliando o conhecimento por meio dos Sistemas de Informações. Ela também facilita o enfoque organizacional na busca da eficácia e eficiência organizacional, otimizando as operações e as ações gerenciais para conduzir a empresa, corrigindo rumos, se necessário, para o alcance de resultados econômicos que tragam benefícios à própria empresa, visando à sua continuidade e a toda sociedade. A área da Controladoria contribui ao explicar o controle organizacional e ao retratar o modo como os comportamentos organizacionais ocorrem em relação ao processo de tomada de decisão. A Controladoria auxilia monitorando e melhorando o processo de gestão organizacional, envolvendo o aperfeiçoamento dos controles e processos internos da empresa em todos os níveis e em todas as áreas da empresa. Ela busca centralizar as informações que são coletadas, processadas e geradas por meio dos Sistemas de Informações, visando integrar todas as áreas, levando a empresa à eficácia e à aplicação otimizada dos recursos. Somente uma empresa com visão sistêmica pode entender o ambiente econômico, dinâmico e competitivo. Dessa forma, a primeira unidade deste livro está estruturada em três seções. A primeira seção apresenta os aspectos precursores da Controladoria e discute os conceitos de eficácia e eficiência, fundamentais ao controle organizacional. Além disso, aborda os propósitos, as estruturações, os objetivos e as funções da Controladoria, bem como o papel, os deveres e as responsabilidades do controller. A segunda seção abrange os aspectos do ambiente econômico e as forças competitivas que nele atuam. Nesse cenário, a empresa é vista como um sistema aberto, composto por seus subsistemas, missões, crenças e valores, os quais dão a base para a formação do modelo de gestão. Por fim, a última seçãorelaciona os aspectos relacionados à informação de utilidade, desde a coleta até a sua aplicação pela gestão empresarial. Contempla os Sistemas de Informações, constituídos de subsistemas infor- macionais que permeiam os níveis estratégicos, táticos ou gerenciais e opera- cionais. São eles que dão a base para a aplicação de instrumentos voltados ao planejamento estratégico, operacional, orçamentário e para a avaliação do desempenho. Todas as seções contêm pontos para reflexões, exemplos, discussões e atividades. Estudantes de graduação e pós-graduação e profissionais ligados à Controladoria poderão se beneficiar desses assuntos da área da Contabilidade Gerencial para o benefício da gestão. Assim, pretende-se discorrer sobre os aspectos que possibilitarão a condução da prática da gestão empresarial, enfatizando os mecanismos que permitem o aumento da eficácia e efici- ência organizacional. 8 Seção 1 A Controladoria financeira e as funções do controller Caro leitor, nesta seção, você será convidado a descobrir sobre os conceitos iniciais da Controladoria como área organizacional imprescin- dível na busca da eficiência e da eficácia organizacional, entendendo que ela fornece as bases ferramentais para gestão organizacional com sucesso. Você verá a Controladoria como uma área fundamental e apoiadora do processo de tomada de decisão. Também, conhecerá os antecedentes da Controladoria, discutindo os conceitos de eficácia e eficiência, fundamentais ao controle organizacional, além dos propósitos, das estruturações, dos objetivos e das funções da Controladoria, tendo em vista o seu papel como área relevante dentro da organização. Junto a isso, você entenderá que o controller possui deveres e responsabilidades e que suas ações contribuem para a sinergia organiza- cional. Nesse sentido, a presente seção destaca seus atributos e suas funções, essenciais ao propósito de obtenção da melhoria dos processos e controles internos e de resultados organizacionais. Além disso, busca-se, nesta seção, demonstrar a Controladoria como um órgão de observação e controle da gestão empresarial, dos sócios, dos acionistas e da alta administração, os quais se preocupam com a avaliação da eficácia e da eficiência organizacional em todas as áreas da empresa, conside- rando os processos internos e a execução das atividades operacionais. 1.1 Considerações iniciais e conceitos O processo de evolução dos meios sociais e de produção, que ocorreram com o advento da Revolução Industrial, impulsionou o surgimento de mecanismos e estruturas gerenciais. Conforme relata Schmidt e Santos (2009), a origem da Controladoria está associada a isso e a quatro fatores, os quais podem ser considerados como sendo os principais responsáveis por sua origem: a. Aumento em tamanho e complexidade das organizações. b. Globalização física das empresas. c. Crescimento nas relações governamentais com negócios das companhias. 9 d. Aumento no número de fontes de capital. O aumento em tamanho e complexidade das organizações impactou o modelo de gestão das empresas entre o final do século XIX e o início do século XX, porque grandes empresas de países desenvolvidos tiveram uma remodelação estrutural em razão do novo processo industrial que substituiu a tradicional produção manufaturada, caracterizada pelo intensivo uso de mão de obra direta e pouca complexidade organizacional. As máquinas passaram a fazer parte do processo produtivo, e a produção industrial tornou-se mecanizada, permitindo a produção em grande escala e com um arranjo físico ampliado nos pátios industriais. A maneira como se desenvolviam os negócios também mudou em razão da Revolução Industrial. Companhias ferroviárias, de eletricidade, água, gás, etc. acompanharam a mudança com o desenvolvimento de estradas de ferros e suportes de infraestrutura próximas às indústrias norte-americanas, facilitando o aumento dos negócios e a rede de distribuição de produtos. A produção em massa e o aumento da demanda estimularam o surgi- mento de grandes empreendimentos e a uniformização dos processos indus- triais, difundindo-se em diversas localidades de maneira descentralizada. Tais fatores em conjunto trouxeram à tona a necessidade de desenvolvi- mento de novos mecanismos de administração, planejamento e controle que pudessem atender às novas necessidades da gestão dos grandes empreendi- mentos industriais. Com essas mudanças, a globalização das empresas começou a ser perce- bida por volta da década de 1980, com a criação de filiais ao redor do mundo, instigando novos posicionamentos estratégicos e vantagens competitivas. Isso gerou impacto significativo na criação de departamentos de Controladoria. O crescimento nas relações entre governos e empresas ficou marcado pela necessidade de fiscalização governamental sobre as empresas por meio de suas demonstrações contábeis. Por fim, o surgimento da Controladoria também foi motivado pelo aumento no número de fontes de capital, que assinalou a necessidade de empresas, a partir da quebra da Bolsa de Valores de Nova Iorque, em 1929, estimulando-as a criarem mecanismos gerenciais e de reporte com maior qualidade, de modo a atender às necessidades dos usuários externos. O processo de interação da empresa com os stakeholders externos (forne- cedores, bancos, governos, etc.) surge de um conjunto de fenômenos econô- micos, sociais, políticos, educacionais, tecnológicos e regulatórios, e extrapola os conceitos oferecidos pela administração, contabilidade e economia no que tange à busca da eficácia organizacional (FIGUEIREDO; CAGGIANO, 2017). 10 Para obter uma compreensão clara sobre esses fenômenos, é possível recorrer à Controladoria, a qual, segundo Mossimann, Alves e Fisch (1993), pode ser assimilada como o conjunto de princípios, procedimentos e métodos advindos das ciências de Administração, Economia, Estatística e Contabilidade, cujo foco é a gestão econômica empresarial, visando guiá-las para a eficácia. Na perspectiva de Oliveira, Perez Júnior. e Silva (2013), é possível entender a Controladoria como sendo o departamento responsável pelo planejamento, pela execução e pelo controle do sistema integrado de informações geren- ciais, operacionais, orçamentárias, financeiras e contábeis da empresa. Ela é competente e eficaz quando está capacitada para coletar dados e analisá-los, monitorar os controles internos e agir, exercendo uma ação contributiva nas decisões da gestão. Deve cumprir tudo isso, visando à eficácia e eficiência não apenas da empresa, mas também de suas responsabilidades na execução de tarefas e atribuições relacionadas à contabilidade, inclusive, com observância às questões da legislação fiscal e tributária em seus aspectos específicos e complexos. Nesse ponto, é importante que você tenha em mente a distinção entre eficácia e eficiência. A eficácia significa o cumprimento de algum objetivo previamente estabe- lecido. É compreendida também como sendo o nível de alcance de algum objetivo ou meta predeterminado, como resultado de alguma atividade ou de algum esforço. Uma das medidas da eficácia é o lucro. Se é previsto que a empresa alcance seus objetivos, é esperado que isso se reflita na forma de retorno de investimentos aos proprietários, aos acionistas e à comunidade. Do ponto de vista sociedade, a empresa é eficaz quando, junto aos stake- holders, cumpre sua missão, suas metas e seus objetivos, considerando as restrições de recursos. Aliado a isso, a empresa deve ser eficiente na aplicação dos recursos originários do ambiente em que ela atua. A eficiência representa o desempenho de uso dos recursos para o cumprimento dos objetivos, ou seja, trata-se da relação entre os resultados alcançados e os recursos consu- midos para se obter aquele resultado. Também pode ser definida como o processo pelo qual a empresa atinge suas finalidades de maneira satisfatória, com uma aplicação mínima de recursos. Isso permeia todas as atividades, operações etransações da empresa. A mensuração da eficácia e da eficiência permite à empresa gerenciar o controle organizacional. O cerne dele está relacionado à capacidade da alta administração da empresa em realizar a integração das diversas áreas da empresa em torno dos objetivos estratégicos da organização, com monito- ramento constante, facilitando a atuação da gestão. O controle, geralmente, é observado sob o ponto de vista do processo de gestão e da contabilidade, 11 por meio dos controles contábeis. Contudo, tem-se que a informação é um elemento essencial ao controle e à visão sistêmica da empresa. É normal que os controles das operações internas incluam, por exemplo, normas e proce- dimentos que os gestores implementam junto à Controladoria para garantir que os objetivos e as intenções estratégicas sejam cumpridos (eficácia) e que as ações indesejadas não sejam produzidas (efetividade). Como expressa Oliveira, Perez Júnior e Silva (2013), nesse contexto, a Controladoria deve promover a eficácia das decisões, monitorando o alcance dos objetivos estabelecidos, investigando e diagnosticando os motivos para a ocorrência de resultados indesejados ou eventos que levam a prejudicar o resultado, sugerindo correções de rumo e suavizando as variáveis econô- micas de difícil controle, por meio do fornecimento de informações, pelo Sistemas de Informações, sobre operações passadas, presentes e projetadas. A Controladoria deve comunicar adequadamente tudo isso aos gestores, de maneira que possa preservar a integridade do processo decisório. 1.2 Missão e estruturação da Controladoria como área orga- nizacional Considerando a Controladoria como órgão de gestão empresarial, tem-se que a missão dela consiste em: a. Assegurar a eficácia da empresa pela otimização de resultados e pela integração dos esforços conjuntos das diversas áreas. b. Zelar pela continuidade da empresa, nos processos internos e de suas atuações, de modo a assegurar a otimização do resultado global (FIGUEIREDO; CAGGIANO, 2017). Para isso, a Controladoria precisar ter pleno conhecimento de todas as operações da empresa, a fim de preservar a sua continuidade, o que exige o monitoramento sistemático das atividades organizacionais. Assim, por meio da atuação do controller, a Controladoria utiliza ferramentas que podem mensurar e controlar as diversas atividades da organização, inclu- sive, padrões de processos internos, sendo necessário o estabelecimento da integração entre os sistemas informacionais. A falta de integração dos sistemas informacionais pode tornar inviável a execução do planejamento da empresa. O planejamento empresarial e a aplicação do controle dependem muito das funções e atividades exercidas pela Controladoria (OLIVEIRA; PEREZ JÚNIOR; SILVA, 2013). Diversos fatores, como competitividade, globalização, mudanças comportamentais no ambiente econômico, comportamentos dos consumidores, entre outros, forçam a Controladoria para a melhoria da eficiência e eficácia. 12 O sucesso disso só pode ser alcançado se a Controladoria atuar apoiando e subsidiando a gestão quanto ao planejamento e ao controle das atividades internas, operacionais, comerciais, financeiras etc., por meio da manutenção de um sistema de informação que permita integrar a empresa nas suas diversas funções. Segundo Catelli (2013), pressupõe que a empresa atuará preservando a continuidade das operações a longo prazo. Trata-se de uma preocupação enorme por parte da administração. Diante disso, pode-se compreender que a Controladoria apoia a gestão com informações em todas as etapas do processo de tomada de decisão, tendo em vista os interesses estratégicos da empresa. É ela que exerce o controle organizacional das atividades operacionais, para isso, precisa estar estrutu- rada para criar e manter controles organizacionais, os quais são úteis para o acompanhamento de todas as etapas do processo de gestão da empresa. Logo, a estruturação da Controladoria consiste na sua relação com os sistemas de informações essenciais à gestão, nos aspectos gerenciais e estratégicos. Questões para reflexão A efetividade dos controles, segundo Oliveira, Perez Júnior e Silva (2013), só pode ser constatada se alguns questionamentos forem levantados: a. A empresa conhece os eventos que dão a origem de cada ingresso de recursos e sua destinação? b. Os desvios e as falhas são informados de maneira rápida aos gestores responsáveis? c. Providências necessárias são tomadas para a correção dos problemas identificados? A Controladoria pode ser estruturada em dois grandes grupos, consoante Oliveira, Perez Júnior e Silva (2013): Contábil e Fiscal (para usuários externos) e Planejamento e Controle (para usuários internos). Quanto ao primeiro grupo, as atividades contábeis tradicionais são exercidas pela escrituração contábil e fiscal, com o manuseio das informa- ções e a geração de relatórios para fins societários e fiscais. Enquadram-se também neste grupo as funções de controle patrimonial da empresa, as conciliações das contas contábeis, a apuração e o controle dos custos, a aplicação do controle físico dos itens de estoques e imobilizados, a apuração e gestão dos impostos, etc. 13 Referente ao segundo grupo, descreve o aspecto moderno das atribuições e atividades da Controladoria, as quais envolvem a gestão de negócios, as questões orçamentárias, as projeções e simulações, a gestão estratégica de custos, a análise de desempenho, etc. A Controladoria Orçamentária compreende um sistema de planejamento e controle. O planejamento da gestão é expresso pelo orçamento, que serve para apoiar a coordenação e implementação desses planos. O orçamento resume os objetivos de todas as áreas de uma empresa, sendo o instrumento quantitativo dos objetivos e o detalhamento dos fatores necessários para atingi-los. A sua elaboração tem por base o Planejamento Estratégico. As atividades desempenhadas pela Controladoria devem voltar-se ao monitoramento dos controles gerenciais, visando à sua melhoria. Como consequência, espera-se que haja uma ampliação no desempenho da gestão, considerando que possíveis problemas se tornam evidentes para serem corri- gidos por medidas administrativas. 1.3 Objetivos e funções da Controladoria Em essência, o objetivo da Controladoria é criar, implementar e melhorar processos e controles internos para alcançar a eficácia e eficiência organi- zacional desejadas. Como órgão da administração, ela tem por finalidade garantir que informações adequadas e confiáveis cheguem, de maneira tempestiva, pela disseminação do conhecimento, ao processo de tomada de decisão, a fim de contribuir com a gestão na busca da eficácia gerencial. Isso deixa a Controladoria como sendo encarregada pela manutenção dos sistemas de informações e do modelo de gestão (FIGUEIREDO; CAGGIANO, 2017). A Controladoria é uma área que compreende todo o funcionamento operacional global da empresa e as intenções estratégicas, podendo prover informações e comunicá-las à gestão. As funções da Controladoria estão na sua capacidade para gerar análises de informações de diversas áreas, por meio de projeções de resultados econômicos e operacionais e indicadores de desempenho, com o propósito de orientar os tomadores de decisão. A função primordial da Controladoria consiste justamente em apoiar o processo de tomada de decisão, pautando-se em sistemas de informações que viabilizam o controle organizacional, por meio do monitoramento das atividades da organização (OLIVEIRA; PEREZ JÚNIOR; SILVA, 2013). Entretanto, ela tem diversas funções, segundo as atividades da empresa, as dimensões das áreas, a filosofia da empresa, o porte organizacional, entre outros fatores. 14 A atuação da empresa no mercado, as decisões da gestão, as forças compe- titivas no ambiente, entre outros fatores, levam à exposição a riscos, a qual é inerente às atividades das empresas. Nesse aspecto, os controles internos são preparados pela Controladoriapara atenuar os riscos. A Controladoria, por meio de controles internos, monitora a entidade e sua cultura de gestão. A implementação de um controle interno pode ser considerada efetiva quando os colaboradores reconhecem suas responsabili- dades, limitações, autoridades e competências. Ela protege o patrimônio da empresa, suas operações e a sua dinâmica funcional. São nesses aspectos que a Controladoria observa e age diariamente, pois as aplicações dos controles estão conexas ao cumprimento dos objetivos da empresa. Do ponto de vista da administração financeira, a Controladoria repre- senta um órgão de observação e controle da alta administração preocupada com a avaliação constante da eficácia e da eficiência organizacional nas diversas áreas da empresa, nos processos internos e na aplicação das ativi- dades operacionais. Ela possui visão sistêmica e, por isso, é capaz de fornecer dados e informações, de maneira tempestiva, à administração, para demons- trar a realidade da empresa no que tange ao desempenho presente e às expec- tativas futuras que impactarão na rentabilidade da empresa. Para saber mais Você sabe a diferença entre Auditoria Interna e Controladoria? O propósito de uma Auditoria Interna se aproxima da função da Contro- ladoria, mas existe uma diferença fundamental entre ambos. Enquanto a Controladoria cria, implementa e melhora processos internos e controles, a Auditoria Interna AVALIA a eficiência e eficácia disso. A Controladoria estabelece e melhora controles internos, e a Auditoria atesta o funcionamento dos controles internos para reportar se estão funcionando como deveriam, sem prejuízos à confiabilidade da infor- mação contábil. É por esses aspectos que Oliveira, Perez Júnior e Silva (2013) e Nascimento e Reginato (2013) destacam que o objeto principal da Controladoria é o estudo e a prática das funções de planejamento, controle, registro e divulgação dos atos e fatos da administração da empresa por meio de relatórios úteis à tomada de decisão. Para eles, a Controladoria tem por atribuição propor- cionar o suporte informacional necessário em todas as etapas do processo de gestão, tendo em vista o conjunto de interesses da empresa. As funções e atividades desempenhadas pela Controladoria são tidas como fatores vitais 15 para o planejamento, a execução e o controle de longo prazo em qualquer tipo de empresa (OLIVEIRA; PEREZ JÚNIOR; SILVA, 2013). Portanto, para Figueiredo e Caggiano (2017), a Controladoria garante as informações adequadas ao processo decisório, colaborando com os gestores na busca da eficácia gerencial, estando associadas ao planejamento, ao controle, à informação, à contabilidade e a outras funções. O planejamento consiste na implementação e sustentação de um plano interligado da empresa, segundo os objetivos operacionais e estratégicos. O controle refere-se a criar, implementar e revisar modelos de mensuração de desempenho norteadores da atuação da gestão. A informação descreve elaboração, análise e interpretação dos resultados contábeis, operacionais e financeiros para o uso pelos usuários internos, no processo decisório, e pelos usuários externos, atendendo às exigências do governo e aos interesses dos acionistas, das entidades financeiras, dos consumidores e da comuni- dade em geral. Já a contabilidade representa o tracejo, a implementação e a manutenção do sistema de contabilidade geral, em especial, o de custos, em toda a empresa, controlando todas as transações financeiras, conforme os princípios de contabilidade, as normas brasileiras de contabilidade e com finalidades de controle interno. É função da contabilidade também preparar as demonstrações contábeis financeiras para uso pelos usuários internos e externos, de modo a evidenciar o desempenho e demonstrar o posiciona- mento patrimonial. Por fim, as outras funções retratam a necessidade de gerenciar todas as atividades que afetam o desempenho financeiro e opera- cional da empresa; manter o relacionamento com os auditores internos e externos, para contribuir para a aplicação de melhorias ao controle interno; desenvolver e manter sistemas e procedimentos internos que visam melhorar as metas; entre outras atividades. As situações variam no que diz respeito à aplicação dessas funções essen- ciais, no entanto, vale considerar que a informação aliada à condução do comportamento organizacional pode ser o elemento diferencial na busca de resultado da empresa. O controller tem isso como sua base norteadora na aplicação de suas funções na busca da eficiência e eficácia organizacional. 1.4 O papel e as atribuições do controller O profissional que atua como um dos executivos principais da empresa é o chamado controller. Ele representa o chefe da contabilidade, responsável pela supervisão e manutenção dos arquivos financeiros da empresa. As suas atribuições não estão restritas às funções contábeis, porque é esperado que suas atuações sejam amplificadas na implementação de recursos gerenciais (FIGUEIREDO; CAGGIANO, 2017). 16 Em sua atuação, ele é o gestor dos Sistemas de Informações Gerenciais da empresa. A titulação de controller variará conforme as responsabilidades, podendo ser aplicado em diversos cargos nas áreas administrativas, contá- beis e financeiras. Segundo Oliveira, Perez Júnior e Silva (2013), a responsa- bilidade e a remuneração desse profissional dependem do setor econômico em que a empresa atua e também do porte da organização. Em pequenas empresas, geralmente, o controller, por não dispor de completa estrutura à sua atuação, acaba exercendo responsabilidades em outras atividades, podendo mesmo intervir em tarefas de encarregados de área, dependendo da necessidade. Nesse caso, é comum ele exercer habili- dades em informática, finanças, departamento pessoal, etc. (OLIVEIRA; PEREZ JÚNIOR; SILVA, 2013). Em outros casos, o controller pode ainda ser conhecido por outras denominações, como Gerente Administrativo- Financeiro, Gerente de Operações Financeiras e Gerenciais, etc. De qualquer modo, dada a importância da Controladoria, especialmente no que tange à sua implementação, monitoramento e controle, o controller é tido como um profissional de alto nível na empresa, sendo de confiança para os sócios e/ou acionistas. Para Figueiredo e Caggiano (2017), visando à eficiência da gestão, o controller possui o papel de zelar pela continuidade da empresa e das suas operações, viabilizando as sinergias dentro da organização, promovendo a atuação conjunta das equipes, de modo que as atividades sejam desenvol- vidas para a organização obter resultados desejados. Cabe a ele manter a alta administração informada sobre os rumos que a empresa esteja tomando, os anseios dela e os caminhos que deseja seguir. Cabe mencionar que o controller atua de maneira próxima à diretoria da empresa, compreendo claramente suas perspectivas estratégicas. Ao mesmo tempo, atua também junto aos departamentos e às áreas da empresa, tendo uma visão operacional dos processos internos e das tarefas que são execu- tadas na empresa. Pelo fato de possuir uma visão da diretoria (top-down) e uma visão dos colaboradores na execução das operações (bottom-up), acaba possuindo uma visão plena de toda a empresa por compreender a perspec- tiva de todos os stakeholders internos da entidade. Isso lhe permite visua- lizar possibilidades de conciliar os interesses estratégicos com as necessi- dades operacionais. 17 Questões para reflexão Como o controller pode obter uma visão sistêmica na sua atuação? Que tipo de recursos ele pode buscar? Quais atitudes pode ter e a quem ele pode recorrer para compreender sobre os ambientes interno e externo? O exercício prático de suas funções requer do controller uma visão proativa, voltada para as necessidades futuras da empresa, sem desprezar as melhorias operacionais de curto prazo. Esse profissional deve ser multifuncional, com acumuladas experiências nas áreas contábil, financeira e administrativa. Devido ao dinamismoe às mudanças profundas nos processos produtivos e nas técnicas gerenciais, o exercício do controller é mais complexo e desafiador. Não basta cumprir as tarefas rotineiras, também é necessário que ele atue com proatividade. A existência de um controller na empresa, normalmente, é consequência direta da necessidade de elaborar, planejar e implementar o planejamento estratégico e controlar com rigor os recursos naturais, humanos, financeiros, entre outros, na sua aplicação para a produção de bens e serviços (OLIVEIRA; PEREZ JÚNIOR; SILVA, 2013). Com isso em vista, é natural que alguns conhecimentos sejam exigidos para o desempenho de suas funções na Controladoria, tais como: a) Contabilidade e finanças; b) Sistema de Informações Gerenciais; c) Tecnologia da Informação; d) aspectos legais e normativos que afetam os negócios empresariais; e) Métodos quantitativos; f) Processos informatizados. A sua capacidade de contribuir para o planejamento estratégico na elabo- ração do modelo de gestão também é uma qualidade importante, dado que possui compreensão notável, visão de mercado e conhecimento profundo dos processos internos. Atividades de aprendizagem 1. Em relação aos controles e processos internos, a Controladoria deve desenvolver mecanismos e procedimentos que contribuam para o alcance da eficácia e da eficiência organizacional, assim como para a aplicação de diretrizes estratégicas (SCHMIDT; SANTOS, 2009). Analise o seguinte conceito: “O desempenho de uso dos recursos para o cumprimento dos objetivos equivale à relação entre os resultados alcançados e os recursos consumidos para se obter aquele resultado”. O conceito apresentado refere-se:. 18 a. à eficácia. b. à eficiência. c. à efetividade. d. à economicidade. e. ao controle interno. 2. Visando à eficácia e à eficiência organizacional, a Controladoria deve vincular o funcionamento correto dos sistemas de informações ao atendi- mento adequado dos objetivos e das necessidades da empresa, por meio dos recursos tecnológicos de informação (SCHMIDT; SANTOS, 2009). No que diz respeito aos processos e controles internos e a maneira com que a Controladoria lida com eles, é correto afirmar que o objetivo primordial da Controladoria é: a. avaliá-los. b. melhorá-los. c. auditá-los. d. periciá-los. e. taxá-los. 19 Seção 2 Visão sistêmica da empresa Uma empresa pode sofrer dificuldades no planejamento, na execução e no controle das atividades se ela não tiver consciência da existência de níveis de incertezas, oportunismos e turbulências ambientais, entre outras barreiras, que ela pode encontrar para obter resultados financeiros. A influência das variáveis ambientais sobre as atividades operacionais exige que a administração tenha uma atenção constante para aquilo que ocorre no mercado, no ambiente em que ela atua, para que possa se posicionar sempre que novas mudanças ocorram. Para Oliveira, Perez Júnior e Silva (2013), fatores, como a atual compe- titividade do mundo dos negócios, a globalização da economia, a abertura das fronteiras comerciais, a crescente preocupação com a ecologia, os níveis preocupantes de corrupção em algumas nações, os aspectos sociais, entre outros, são exemplos de elementos externos que exigem um gerenciamento cada vez mais eficiente e eficaz das entidades. A observação sobre as variáveis do ambiente externo é essencial para o alcance de resultados, contudo, Nascimento e Reginato (2013) destacam que se devem considerar também as variáveis relativas ao ambiente interno, porque existem fatores que afetam a maneira como a organização funciona internamente. As empresas possuem pessoas, as quais têm objetivos próprios, áreas organizacionais e administradores hábeis, que precisam entender os níveis de consumo e a demanda, de modo a beneficiar toda a organização. Se há eficiência em cada parte da empresa, haverá um conjunto de resultados positivos que representarão o seu resultado global. O aspecto humano é tão importante dentro da organização que, em muitas ocasiões, uma organização pode ser entendida como um conjunto de pessoas que atuam em equipes para buscar o resultado desejado e satis- fatório para aquilo que a empresa propôs em suas intenções estratégicas e operacionais. É nesse sentido que a visão sistêmica na empresa se torna primordial, porque representa a observação e análise de todas as partes que compõem a organização e suas interações internas e externas. E para contribuir para o sucesso disso, a Controladoria deve exercer um papel prevalecente, a fim de apoiar e fornecer as bases aos gestores no planejamento e controle das atividades operacionais, comerciais, financeiras, administrativas, tributárias, 20 etc., por meio de um sistema de informações que integre as várias funções e especialidades. É justamente a partir desse contexto que esta seção se inicia. 2.1 O ambiente econômico O ambiente externo da empresa é compreendido como sendo o conjunto de entidades, as quais, de maneira direta ou indireta, afetam ou são afetadas por suas atuações (CATELLI, 2013). A realização de transações de produtos/ serviços, trocas de dinheiro e de informações e tecnologias afetam a maneira como as entidades se interagem, sobretudo no que tange às variáveis econô- micas, sociais, políticas, regulatórias, ambientais, etc. (CATELLI, 2013). Em outras palavras, as empresas não estão restritas à interação com as empresas de sua cadeia de suprimentos, mas se relacionam sistemicamente com um amplo conjunto de entidades e lidam com um volume de variáveis que impactam o seu desempenho, as quais são de baixo ou nenhum nível de controle. Quando uma empresa não possui controle sobre alguma variável ambiental ou é afetada por ações oportunistas de outras entidades, ela passa a ser um agente passivo, reagindo aos efeitos do cenário ambiental como forma de abrandar suas fragilidades de lidar com as suas operações. Sob uma perspectiva sistêmica, cabe aos gestores da empresa diagnosti- carem as situações que possam envolver as áreas e as atividades da empresa no que tange à relação com as variáveis externas. A Controladoria deve ser prudente para contribuir nesse sentido, observando aquilo que impacta positiva ou negativamente, sem desconsiderar as capacidades da empresa. Essencialmente, de acordo com Nascimento e Reginato (2013), o ambiente externo pode ser abordado em duas dimensões: o macroambiente e o domínio operacional. Dimensão macroambiente: consiste no conjunto de entidades e variá- veis sobre as quais as empresas têm um baixo alcance e uma baixa capacidade de interferir em seus comportamentos. As variáveis podem partir de ações governamentais (ou da falta delas), de situações geopolíticas, das mudanças dos mercados consumidores e dos produtos desenvolvidos com alta tecno- logia. Seja como for, a interligação das variáveis força as empresas a modifi- carem seus comportamentos e posicionamentos no ambiente em que atuam. Empresas que não se adaptam ou possuem baixo entendimento sistemático acerca das variáveis ambientais estão sujeitas a falharem em suas operações. Dimensão domínio operacional: refere-se à capacidade de prever comportamentos de entidades no ambiente, embora os controles que os 21 definam sejam difíceis. Assim, uma empresa pode ser sensível às ações e interações de outra empresa (ou outros stakeholders), podendo dificultar a existência de sinergia ou altos níveis de relacionamentos interorganizacio- nais. Podem ser citados como exemplos: os fornecedores; os clientes; os sindicatos; os recursos humanos disponíveis no mercado; os concorrentes; entre outros. O atributo principal dessa dimensão é que, no ambiente ,todos os que nele atuam tentam aumentar o seu domínio por meio de suas ações, de modo a alcançar vantagem competitiva sobre os recursos disponíveis. As empresas crescem, tornam-se robustas, alcançam níveis desejados de eficácia que permitem o privilégio de obterem resultados sustentáveis, porém buscandoampliar suas influências, às vezes com ações oportunistas sobre aqueles que atuam no ambiente. Dado que as variações e as ações são distintas, cada empresa sofre efeitos distintos no que tange ao domínio opera- cional, porque cada empresa é suscetível a enfrentar situações específicas. Por isso, um comportamento de uma empresa pode ser visto como sendo de confiança para algumas empresas e de oportunismo para outras, depen- dendo do relacionamento interorganizacional. A relação de uma empresa com um parceiro comercial pode ser favorável e, ao mesmo tempo, negativa em relação às empresas concorrentes. Como os gestores precisam lidar com esse tipo de fenômeno, cabe à Controladoria monitorar atributos, como confiança, incertezas, oportu- nismo, nível de relacionamento e custos de transação, porque é um desafio para a empresa prever e se antecipar estrategicamente aos efeitos que as variáveis ambientais e os comportamentos dos stakeholders podem acarretar. 2.2 As forças competitivas Como forma de relacionar a estratégia competitiva da empresa ao ambiente em que ela atua, sabendo que o ambiente é amplo, abrangente, composto por competidores, é possível analisar um ambiente externo por meio das forças competitivas de Porter (1985). As forças competitivas conduzem comporta- mentos empresariais no ambiente e podem definir a rentabilidade de uma indústria. A estratégia competitiva da empresa baseia-se no seu posiciona- mento dentro do ambiente, de modo a lhe permitir se defender contra as forças competitivas ou ao seu favor (PORTER, 1985). Em outros termos, o entendimento dos custos, preços e lucros pode ser analisado pelas forças competitivas, em razão de que elas determinam a estrutura competitiva de um setor e a estratégia competitiva das empresas. Nesse contexto, a capacidade de uma indústria, em termos de alcançar retornos desejados, depende das cinco forças competitivas de Porter (1985), as quais definem sua estrutura: o poder de barganha dos clientes, o poder de 22 barganha dos fornecedores, a ameaça de substitutos do produto, a ameaça da possibilidade de novas empresas entrarem no mercado e o nível de compe- tição entre as empresas existentes. Quanto mais intensas essas forças forem, maiores podem ser os custos. As cinco forças, ilustradas na Figura 1.1, são descritas a seguir. Figura 1.1 | Forças competitivas de Porter ENTRANTES POTENCIAIS PRODUTOS SUBSTITUTOS Poder de negociação dos fornecedores Ameaça de produtos ou serviços substitutos Ameaça de novos competidores Poder de negociação dos compradores COMPRADORESFORNECEDORES Concorrentesna indústria Fonte: adaptada de Porter (1985). Os concorrentes na indústria correspondem aos concorrentes existentes no mercado no qual a empresa atua. A concorrência é mais forte e competi- tiva se houver muitos competidores. Isso favorece para menores preços, mas reduz o nível de rentabilidade. Os entrantes potenciais são os concorrentes que podem estar se prepa- rando para ingressar num determinado mercado. Em razão dessa possível ameaça competitiva, maior é a tendência de pressão sobre os preços e custos, o que impacta na rentabilidade das empresas atuantes. Os substitutos sinalizam eventuais produtos ou serviços substitutos que estão ou ingressarão no mercado. Trata-se de alternativa do produto ou serviço oferecido pela concorrência como item similar ou comparável ao que a empresa oferece aos consumidores. A ameaça dessa força pode também reduzir os preços praticados e a rentabilidade. Os fornecedores referem-se à capacidade de atuação disciplinadora dos fornecedores e seu uso de poder de barganha para impor condições no mercado ou nos seus relacionamentos. Quanto maior é o seu poder, maiores tendem ser os custos e menores os lucros da empresa. Os compradores referem-se à capacidade de atuação disciplinadora dos compradores e seu uso de poder de barganha para impor condições no mercado ou nos seus relacionamentos. Quanto maior for seu poder no 23 momento de aquisição ou negociação de produtos ou serviços, menores tendem a ser os preços praticáveis, menores os lucros e as rentabilidades. Questões para reflexão As forças competitivas de Porter permitem analisar diversos cenários econômicos. Veja um exemplo: os serviços de transporte por aplicativos podem ser vistos como serviços substitutos aos serviços oferecidos por taxistas. Consegue imaginar outras situações? 2.3 A empresa como sistema e sua visão sistêmica A empresa como sistema, ou sistema-empresa, consiste em ser aberto e dinâmico, interagindo com os ambientes externo e interno. Os ambientes são constituídos pelo conjunto de atuações de entidades com interesses próprios e diferentes uns dos outros. Devido ao dinamismo interativo, a execução dos objetivos da empresa e sua maximização de valor tendem a ser complexos. Pensando como um sistema, a empresa depende da relação coordenada de suas partes, as quais, em conjunto, são responsáveis pela aplicação e trans- formação de recursos, obtidos do ambiente externo, em produtos e serviços (NASCIMENTO; REGINATO, 2013). Os recursos financeiros, econômicos, sociais, materiais, humanos, tecno- lógicos etc. são essenciais para que a administração da empresa propor- cione o desempenho harmônico entre os seus subsistemas. Essa harmonia é imprescindível para o alcance da eficácia de resultados. No entanto, ao mesmo tempo, é difícil, pois envolve o conhecimento aprofundado das variá- veis ambientais, internas e externas, exigindo da administração e dos empre- endedores do negócio uma alta capacidade de raciocínio e visão sistemática da realidade da empresa. A falta de visão sistêmica, geralmente, justifica as dificuldades que a empresa possui de harmonizar os seus subsistemas e obter os resultados desejados, mesmo quando comparados com outras empresas atuantes no mesmo segmento ou que atuam no mesmo ramo de mercado. Quando a empresa promove a sinergia, entendendo o seu funciona- mento, obtém o alicerce necessário para promover o seu crescimento organi- zacional de maneira sustentável a longo prazo. Isso requer um amadureci- mento organizacional e estímulos ao relacionamento interno, por meio da comunicação interna efetiva e dos relacionamentos interorganizacionais, pois é do relacionamento externo que a empresa obtém recursos para a 24 sua operação. Quando os gestores das empresas atuam em direção oposta ao funcionamento sistêmico dos ambientes internos e externos, eles ficam sujeitos a tomarem decisões equivocadas. Em suma, a empresa representa um conjunto organizado de recursos, o qual pode ser entendido como um sistema aberto, que se subdivide em partes ou subsistemas, as quais se inter-relacionam, visando atingir uma missão da empresa e os objetivos previamente definidos. Os objetivos gerais da empresa como sistema diz respeito ao seu ambiente, às mudanças constantes e às ações comportamentais dos stakeholders no cumprimento da sua missão e obtenção de resultados. Logo, o estabelecimento de diretrizes para a operacionalidade e a promoção de instrumentos que permita a sinergia entre todas partes são atitudes esperadas de uma organização que deseja atingir seus objetivos. Numa visão sistêmica, a empresa, para ser eficaz, precisa ter eficiência na utilização de seus recursos, caso contrário, é inviável o alcance dos objetivos, em relação à sociedade, de forma totalmente ineficiente. Considerando a empresa um sistema aberto pelas relações interorganizacionais, a organização retira recursos do ambiente, processa-os, transformando-os em produtos e serviços e devolve-os ao ambiente onde o seu público-alvo está estabelecido. Em outras palavras, a empresa simboliza uma unidade produtora que: a. Capta recursos do ambiente externo. b. Organiza os recursos econômicos, sociais e humanos. c. Transforma os recursos captados em produtos ou serviços. d. Processa e transaciona produtos ou serviços com os stakeholders. Na visão sistêmica, os conceitos de eficiência eeficácia se interligam, embora sejam diferentes. A eficácia possui um caráter mais abrangente, global, em maior amplitude, sendo obtida por meio de uma gestão de todo conjunto da empresa. A observância desse processo traz à tona a empresa como um sistema aberto, que tem finalidades e funções próprias. Ela é um sistema aberto porque interage continuamente com o ambiente, afetando suas variáveis ambientais e sendo afetada por elas. Devido a essa interação, a empresa retrata o bem-estar da sociedade, porque também gera riqueza, empregos etc. para ela. Isso demonstra que a interação entre empresa e ambiente permanece em constante mudança. 25 2.4 Subsistemas organizacionais As áreas da empresa representam os meios indispensáveis à promoção da sinergia equilibrada entre os seus subsistemas, de modo que contribua para a execução dos objetivos e das intenções estratégicas da organização. Sob uma perspectiva econômica e ampla, conforme menciona Catelli (2013), é possível considerar seis subsistemas que compõem o sistema empresa, os quais interagem entre si, visando ao cumprimento da missão da empresa: Subsistema institucional: composto por um conjunto de crenças, valores e expectativas dos proprietários e condutores do negócio da empresa, expresso por meio de diretrizes que orientam os demais componentes do sistema empresa aos resultados esperados. O subsistema institucional é caracterizado pelos propósitos organizacionais e pela filosofia empresarial que transcende todo o negócio. Subsistema físico: compõe todos os elementos materiais ou recursos físicos utilizados pela empresa, tais como instalações, equipamentos, máquinas, imóveis e demais itens de imobilizado, os quais se fazem funda- mentais para a execução das atividades operacionais que utilizam recursos para fornecer produtos e/ou serviços. Em outras palavras, trata-se dos conjuntos de recursos estruturais da empresa que possibilitam sua sobrevi- vência no mercado. A existência de falhas nesse subsistema pode indicar a falta de alinhamento às necessidades de produção e problemas de estocagem de produtos. Subsistema social: refere-se ao conjunto de recursos humanos na empresa, composto pelas pessoas que nela atuam, bem como por todos os seus atributos individuais, inclusive, motivacionais e comportamentais. É considerado como um dos subsistemas mais complexos, justamente por tratar dos aspectos inerentes à dimensão humana no ambiente organi- zacional. Geralmente, esse subsistema possui os maiores problemas de integração com os demais subsistemas, dadas as dificuldades de alinhamento entre colaboradores e do emaranhado conjunto de atributos individuais que envolvem as pessoas da empresa. Subsistema organizacional (ou formal): representa a organização formal da empresa, sendo expressa pela maneira com que ela está estruturada pelas suas atividades departamentais, pelos seus níveis hierárquicos, pelas defini- ções de amplitude e responsabilidades, pelo grau de descentralização das decisões desejável e pela delegação de autoridade. Subsistema de gestão: condiz ao processo de orientação da realização das atividades operacionais da entidade empresarial, conforme seus propó- sitos, que leva em conta a necessidade de planejamento, execução e controle 26 das operações. Abrange também aspectos da arquitetura do organograma da empresa, suas formas de operacionalização, seus mecanismos de comuni- cação entre gestores e colaboradores e a postura profissional no ambiente de trabalho. Subsistema de informação: composto pelas atividades de coleta, proces- samento e geração de informações, essenciais à aplicação das atividades empresariais e sua gestão. Tem como propósito apoiar a execução dos processos administrativos e decisórios em todos os seus níveis. É importante destacar que o cumprimento da missão da empresa, dos objetivos empresarias e da estratégia organizacional depende da existência de sinergia e integração entre os subsistemas, a qual se faz necessária para a harmonia sistemática da empresa. 2.5 Missão, crenças e valores da empresa A missão da empresa representa a razão de ser de sua existência, sendo um elemento que orienta e integra todos os subsistemas, criando um objetivo consistente com a sua atuação (CATELLI, 2013). A missão representa um elemento crítico da estratégia, devendo ser expressa de maneira clara e objetiva, uma vez que resulta da definição e compreensão dos objetivos, das crenças, dos princípios e das filosofias. A missão das empresas serve para definir as atribuições do negócio; comunicar o senso de direção e propósito empresarial, guiando as ações; centralizar a atenção e os recursos nos elementos de importância para a empresa; motivar e inspirar os colaboradores; guiar comportamentos; orientar a elaboração de objetivos e estratégias; auxiliar na tomada de decisão; e servir de controle de mecanismos. Quando se trata de missão, o seguinte questionamento pode ser feito: “quem somos como organização?”. A resposta a essa pergunta reside na estratégia definida pela empresa, nas suas relações com os stakeholders e na compreensão da escrita das missões, porque favorecem para a racionalidade das ações, imanente à cultura e à estratégia. É por meio de uma definição clara e comunicativa da missão que a empresa se posicionará corretamente no mercado onde atua, tornando-se, dessa forma, uma peça fundamental para a tomada de decisão (SCHMIDT; SANTOS; MARTINS, 2014). Cabe à Controladoria, junto a outras áreas, garantir o cumprimento da missão da empresa. Para isso, a declaração de missão deve ser precisa o suficiente para guiar todas as decisões da empresa e se comunicar corretamente com todos os stakeholders. Ainda, ela deve ser fidedigna, livre de fragilidades, pois, caso for vaga ou com foco em um ou 27 dois stakeholders, pode comprometer o real propósito da empresa ou levar a decisões contrárias às diretrizes estratégicas. Da mesma forma que as empresas se preocupam com a definição clara de seus produtos e serviços oferecidos, para que se minimizem problemas opera- cionais, a missão deve ser cuidadosamente definida, com objetivos e detalhes, pois assim ela contribuirá para a gestão nortear suas decisões e fundamentar as ações organizacionais, levando a empresa numa direção coerente com seus objetivos. Isso permite que as estratégias sejam claramente compreendidas por todas pessoas que contribuem para o sucesso organizacional. Segundo Schmidt, Santos e Martins (2014), para que a Controladoria contribua para o alcance da missão, torna-se essencial a explicitação das principais crenças e valores das empresas, os quais representam atributos dos sócios, proprietários ou executivos. Esses elementos balizam as ações de como a missão deverá ser alcançada, pois definem limites a serem obser- vados diariamente por aqueles que atuam na entidade. Para saber mais A literatura das declarações de missões emergiu por volta de 1980 e, desde então, desenvolveu-se o tema em quatro perspectivas com estudos sobre: a. O uso das missões como ferramenta de utilidade interna ou externa. b. Análise dos componentes dos textos de missões. c. A relação entre as declarações de missões e o desempenho finan- ceiro. d. Inclusão de stakeholders nas declarações de missões. O processo de constituição de uma missão se pauta na utilização de componentes que a compõe. A presença ou ausência de cada componente dentro das missões depende das características das organizações. Pearce e David (1987) propuseram uma tipologia com oito componentes-chave, como demonstra o Quadro 1.1. Independentemente do volume de compo- nentes que a empresa utiliza para expressar sua missão, o ponto fundamental aqui é que a elaboração da missão precisa ser racional e intencionada, para que seja efetiva quanto ao seu propósito gerencial. 28 Quadro 1.1 | Componentes de análises de declarações de missões Componentes Questionamentos relacionados aos componentes 1 Clientes Quem são osclientes da empresa? 2 Produtos/serviços Quais são os produtos e serviços da empresa? 3 Localização ou domínio geográfico Onde a empresa compete? 4 Tecnologia Qual é a tecnologia básica da empresa? 5 Sobrevivência, cresci- mento e lucratividade Quais são as atitudes da empresa em relação aos objeti- vos econômicos? 6 Filosofia da instituição Quais são as crenças, os valores e as aspirações da empre- sa? 7 Autoconceito Quais são os pontos fortes e as vantagens competitivas? 8 Preocupação com ima- gem pública Existe responsabilidade socioambiental e comunitária? Fonte: elaborado pelo autor com base em Pearce e David (1987). Além da missão, a empresa possui o seu conjunto de crenças e valores, por exemplo: simplicidade, criatividade, integridade, ética, respeito, honesti- dade, comprometimento, espírito de equipe, responsabilidade social, autode- senvolvimento, disciplina, preservação ambiental, qualidade, relacionamento com clientes, fornecedores, funcionários, comunidade e órgãos públicos, etc. (SCHMIDT; SANTOS; MARTINS, 2014). Os valores representam o conjunto de crenças e princípios que guiam as ações e atividades da empresa (PADOVEZE, 2013). Eles orientam as atividades e operações da empresa, independentemente de seu porte. As crenças e os valores são como as engrenagens da missão, por serem elementos criadores da real missão empresarial. Por isso, devem ser incor- porados na cultura organizacional da empresa. A falta de compreensão deles pode levar a empresa a correr o risco de perder seu rumo, e a gestão, de se perder no processo de tomada de decisão. Eles representam conceitos que contribuem para a formação da cultura organizacional, a qual, por sua vez, interage e conduz à criação do modelo conceitual a ser adotado pela gestão da empresa, chamado de modelo de gestão (PADOVEZE, 2013). Uma vez compreendido o objetivo da real missão da empresa, suas crenças e seus valores, a Controladoria vislumbra a possibilidade de contribuir diretamente na elaboração e definição do modelo de gestão da organização. 29 2.6 Modelo de gestão As pessoas geram, transformam e conduzem ações orientadas pelo modelo de gestão, para que os objetivos organizacionais sejam alcançados. Os objetivos pessoais podem mover as pessoas a agirem segundo os seus interesses, o que moldará os comportamentos individuais dentro da organi- zação, afetando os resultados dela. Cabe à gestão saber lidar com isso, para direcionar os comportamentos no processo de planejamento, execução e controle, de modo a otimizar os desempenhos organizacionais. De acordo com Nascimento e Reginato (2013), pelo conjunto de ações das pessoas envolvidas na empresa, a organização planeja seu posiciona- mento de mercado, realizando análises de pontos fortes e fracos, analisando riscos, benefícios, custos e oportunidades. A partir do planejamento empre- sarial, ela define as diretrizes a serem implementadas para o curto, médio e longo prazo, considerando todos os recursos disponíveis. O plano operacional se resume no orçamento, o qual se espera que seja executado por todos aqueles que contribuem para o desempenho da empresa, e no controle sistemático dos resultados realizados, visando otimi- zá-los (NASCIMENTO; REGINATO, 2013). A execução do plano opera- cional é motivada pelo modelo de gestão da empresa, que demonstra os interesses estratégicos dela, junto às crenças, aos valores e aos princípios, sendo expresso, de maneira implícita ou explicita, nos comportamentos individual e coletivo. O modelo de gestão deriva das crenças, dos valores e dos princípios dos sócios, proprietários ou executivos da empresa. As crenças e os valores surgem das percepções que os executivos têm a respeito do que ocorre no mercado e no mundo, considerando também seus desejos particulares. A missão, as crenças, os valores e os princípios são conceitos que deter- minam a cultura organizacional, a qual conduz à formulação de um modelo conceitual estratégico a ser adotado pela gestão da empresa. Isso é denomi- nado modelo de gestão. Padoveze (2016, p. 65) define modelo de gestão como “o conjunto de normas e princípios que devem orientar os gestores nas escolhas estratégicas para levar a empresa a cumprir sua missão com eficácia”, sendo, portanto, um produto do subsistema institucional que potencializa a ação da gestão no cumprimento de seus objetivos. De outra forma, modelo de gestão consiste numa representação concebida sobre como deve ser a realidade do funcio- namento da gestão a ser exercitada na empresa, considerando as intenções estratégicas (SCHMIDT; SANTOS; MARTINS, 2014). 30 Para Padoveze (2016), a estruturação do modelo de gestão deve consi- derar os seguintes itens: a. O processo de gestão do sistema empresa (planejamento, execução, controle). b. A avaliação de desempenho das áreas e dos gestores. c. O processo decisório. d. O comportamento dos gestores e suas motivações. Questões para reflexão Sabendo que o modelo de gestão é fundamental para a gestão empresa- rial, como o controller pode contribuir para a criação e a implementação do modelo de gestão junto aos proprietários ou sócios da empresa? Será que o estabelecimento de um cronograma de reuniões para a discussão de modelo ajudaria? De que forma isso poderia acontecer na prática? O modelo de gestão facilita a atuação empresarial por meio da definição clara de uma estrutura organizacional, das políticas de relacionamento interno e externo e das escolhas tecnológicas a serem utilizadas pela empresa. O modelo de gestão implica na maneira com que esses elementos interagirão entre si e com o ambiente econômico. É de preocupação da gestão que essa interação promova a conversibilidade de produtos ou serviços em resultados financeiros e obtenção de desempenho organizacional. O modelo de gestão constitui-se do estabelecimento do processo de decisão organizacional. As decisões devem ser tomadas considerado aquilo que está estipulado no modelo de gestão. A aplicabilidade do modelo consi- dera as necessidades da gestão em cada área da empresa. Atividades de aprendizagem 1. O processo de decisão inicia-se pela compreensão das crenças e dos valores da empresa, refletidos nos atributos particulares dos donos do negócio. As crenças e os valores de uma empresa são elementos bases para a criação da missão organizacional genuína, a qual pode ser composta por até oito componentes, segundo Pearce e David (1987). O componente de missão organizacional que se se comunica com os acionistas ao questionar as atitudes que empresa deve ter em relação aos objetivos econômicos é chamado de: 31 a. Clientes. b. Produtos ou Serviços. c. Tecnologia. d. Sobrevivência, Crescimento e Lucratividade. e. Preocupação com imagem pública. 2. Tecnicamente, é possível analisar um ambiente externo por meio das cincos forças competitivas de Porter. Umas dessas forças descreve os concor- rentes como prontos e preparados para ingressar num determinado mercado. Ao ingressar, ele se torna uma ameaça às demais empresas que atuam no mercado há um certo tempo. A força de Porter descrita é conhecida como: a. Concorrentes da indústria. b. Entrantes potenciais. c. Fornecedores. d. Compradores e. Produtos substitutos. 32 Seção 3 Sistema de informações A informação de qualidade é primordial para o processo decisório para a gestão porque define a capacidade gerencial de uma organização, bem como o ritmo de comunicação (NASCIMENTO; REGINATO, 2013). Uma comunicação clara e eficaz permite que a missão e as diretrizes estratégicas sejam compreendidas por aqueles que atuam na organização. A gestão possui o ato de decidir como será a aplicação de suas habilidades e competências (NASCIMENTO; REGINATO, 2013). A qualidade da infor- mação e a sua tempestividade são fatores determinantes no ato da gestão de decidir, de modo que a capacidade gerencial da empresa seja aprimo- rada. Nesse contexto, a informação se torna fundamental, pois favorece para a otimizaçãode resultados financeiros e não financeiros alinhados aos interesses estratégicos. O valor da gestão não está apenas em obter informações para decidir utilizando os sistemas de informações, embora necessário, mas compre- ende também os atributos relativos à forma com que a comunicação ocorre entre os usuários da informação, expressa, em sentido amplo, pela comuni- cação entre as áreas organizacionais. O trabalho com a obtenção, análise e manutenção de dados nem sempre é fácil, mas, se for efetiva, pode contribuir para um conjunto de informações úteis que auxiliam no processo decisório. Nesse sentido, tem-se a gestão informacional como um elemento que caracteriza as atividades da Controladoria, porque cabe a ela a função de preparar, analisar e interpretar os dados, demonstrando a informação útil para o processo de tomada de decisão (SCHMIDT; SANTOS; MARTINS, 2014). Ela é também responsável por supervisionar a preparação das demonstra- ções contábeis-financeiras destinadas aos usuários das informações, tanto os internos quanto os externos (SCHMIDT; SANTOS; MARTINS, 2014). Visto isso, é conveniente afirmar que o conhecimento sobre os fluxos de informa- ções dentro de uma empresa é essencial para que haja o entendimento sobre a responsabilidade da Controladoria no que tange à gestão da informação. Em suma, a Controladoria se faz relevante nesses aspectos, junto à área da Tecnologia de Informação, visto que ambas se manifestam de maneira concomitante e complementar para viabilizar a eficiência dos sistemas de informações. Busca-se, nesta seção, abordar os elementos da informação para a Controladoria, considerando a ótica dos sistemas de informações. 33 3.1 Aspectos qualitativos da informação A informação representa a associação entre os aspectos dos sistemas de informações e as variáveis ambientais, sendo essencial para a comunicação. O elemento básico da comunicação é o feedback, o qual se refere ao conteúdo informacional que retrocede, de modo que sirva de controle para a função do sistema, seja para dar um direcionamento ou manter uma situação desejada (NASCIMENTO; REGINATO, 2013). A informação transita partindo de um transmissor a um receptor, passando por um canal de comunicação, fazendo parte de um sistema veiculado. Nele, compreender os dados que são transmitidos e a informação em sua plenitude com o mínimo nível de ruído informacional possível torna-se relevante para uma comunicação eficaz. Um dado é considerando um elemento bruto, o qual não possui significado suficiente ou carece de ser lapidado e analisado, de forma a criar uma ação ou informação a ser veiculada. Informação é, por conseguinte, representada pelo tratamento feito aos dados ou ao conjunto de dados estruturados. Quando os dados são processados para representar informações, a condução de uma empresa por meio de informações estra- tégias, operacionais e gerenciais pode ser realizada pela gestão. A empresa, por meio da Controladoria, deve definir a forma sobre como os dados são coletados, armazenados e tratados para transformá-los em informação útil e tempestiva aos usuários, porque assegura a sua qualidade. A Contabilidade, na sua essência, contempla todos os elementos funda- mentais do processo de comunicação. O sistema de comunicação contábil é afetado pelas ações da gestão ou dos tomadores de decisão, causando um efeito de realimentação no sistema (feedback). A empresa, ao estabelecer um sistema de informação eficaz, considerará esses elementos mencionados, contribuindo para o processo decisório. Isso é chamado de Modelo de Informação, cuja essência está intrínseca ao modelo de gestão. Os profissionais da empresa que possuam conhecimentos plenos das atividades que ela desenvolve, a exemplo do próprio controller, devem ter a liberdade para construir ou deliberar pelo modelo informacional a ser utilizada pela empresa, desde que seja alinhado à estratégia e possibilite à administração avaliar os desempenhos da organização como um todo. À vista disso, a informação possui como um de seus objetivos propor- cionar condições, com consciência, para o ato de decidir da gestão, gerando benefícios aos cumprimentos dos objetivos estratégicos pela aplicação eficiente de todos os recursos que, juntos, contribuem para o funcionamento que qual precisa ser controlado. 34 As informações servem para preservar a continuidade da empresa e suas operações internas e realizar avaliações gerais sobre o seu desempenho, permitindo mensurar a realidade para compará-la ao que foi planejado, no sentido de verificar a existência de inconformidades e constatar se as expec- tativas foram atendidas. A respeito disso, a área da Controladoria contribui no monitoramento desse desempenho, no direcionamento das informações e na condução da gestão na busca da eficiência e eficácia organizacional. A informação precisa agregar valor aos usuários da informação e à Controladoria. O valor está inerente ao potencial da informação em influen- ciar uma decisão, isto é, se a informação for capaz de fazer diferença no processo decisório, ela pode ser considerada de utilidade. Sob uma visão gerencial, a informação de utilidade é aquela capaz de conduzir a empresa nas suas operações para obter resultados mais otimizados do que aqueles que ela obteria se não a utilizasse. A informação financeira é considerada um dos principais tipos de infor- mação, visto que o seu conhecimento possui a capacidade de influenciar os ambientes, atenuando incertezas e ações oportunistas de concorrentes, modificando comportamentos e gerando condições para decisões satisfa- tória, visando à vantagem competitiva. Questões para reflexão Seria a informação o que torna a empresa cada vez mais valorizada? Ela é o recurso principal para os gestores tomarem decisões? Como eles devem canalizá-la, no sentido de otimizar a sua aplicação para fins decisórios? Do ponto de vista gerencial, a informação contábil útil pode ser melho- rada quando reúne os seguintes aspectos: a. Tempestividade: as informações devem estar disponíveis para os tomadores de decisão a tempo de poder influenciá-los em suas decisões. b. Oportunidade: a informação deve sempre atender às necessidades dos usuários. c. Confiabilidade: a informação deve ser confiável, segura, verificável e representativa, para permitir que os usuários possam aplicá-la em suas decisões. d. Clareza: a informação deve ser a mais compreensível possível. 35 e. Comparabilidade: a informação deve permitir que os usuários das informações realizem análises comparativas. f. Produtividade: a informação deve levar em consideração a relação custo-benefício. A Controladoria deve, por meio dos sistemas de informações, abastecer seus usuários com informações de utilidade, contribuindo para o aumento de suas habilidades no processo decisório. A comunicação contábil deve se basear na criação de uma linguagem que seja capaz de convencer, influenciar, motivar e controlar os comportamentos organizacionais. O êxito da área de Controladoria depende da qualidade de seu processo de comunicação. As ferramentas da informação apoiam as atividades operacionais, e a comunicação passa por todos os níveis da gestão, da estratégia às operações, em cortejo da comparação entre aquilo que foi planejado e realizado, permi- tindo alinhamentos estratégicos. A comunicação eficaz permite que a gestão coordene suas decisões de maneira sistêmica para melhorar o desempenho. A qualidade do processo de tomada de decisão, por sua vez, depende do nível de qualidade das informações e da qualidade da análise de dados, fundamen- tais para a prática da controladoria. Para saber mais Na visão do CPC 00 (R1), a informação contábil é útil se for relevante e representar fielmente aquilo que se propõe. Uma vez que a informação é reconhecida como útil, pode ter essa utilidade melhorada por meio das características qualitativas de melhorias: Comparabilidade, Verifi- cabilidade, Tempestividade e Compreensibilidade.Sugere-se a leitura do CPC 00 (R1), o qual detalha esses atributos: COMITÊ DE PRONUNCIAMENTOS CONTÁBEIS. Pronunciamento concei- tual básico CPC 00 (R1): estrutura conceitual para elaboração e divul- gação de Relatório Contábil-Financeiro. 2011. 3.2 Sistema de informações contábeis como apoio ao contro- le organizacional O contexto organizacional depende dos sistemas informacionais que propiciam os fluxos de informações. Os sistemas de informações são como um conjunto interligado de informações, que visa apoiar as operações e funções de gestão empresarial, fornecendo as bases para análise de situa- ções, além de apoiar a tomada de decisões, ou seja, são compreendidos pelo conjunto de elementos destinados ao auxílio das atividades operacionais, gerenciais e decisórias de uma organização (NASCIMENTO; REGINATO, 36 2013). Isso ocorre pela facilidade de se captarem os eventos que ocorrem para traduzi-los em relatórios, dando orientações às atuações da gestão. Ressalta-se que os sistemas requerem a aplicação de tecnologia de informa- ções na elaboração de produtos e serviços para contribuir para o alcance dos objetivos estratégicos da empresa. A qualidade das informações que transitam pelos fluxos de informa- ções é afetada pela eficácia das decisões, a qual, por sua vez, é sensibilizada pela qualidade de informações disponíveis nos sistemas informacionais. Os relatórios gerenciais são os meios pelos quais a informação é comunicada aos gestores, desde que considerados a partir dos registros e das análises de dados sobre o conteúdo informacional das operações internas e das áreas organizacionais. Os dados precisam ser captados para serem processados pelos sistemas de informações, tais como: custos de produção, volume de vendas, volume de recebimentos de clientes, montante de compras reali- zadas, consumos de matéria-prima, etc. Os sistemas de informações, em termos gerais, estão presentes em todas áreas de uma organização. Quando se consideram as áreas de finanças e contabilidade, eles costumam ser utilizados para fins preditivos, como prever a capacidade de geração da receita e possíveis atividades empresariais, a fim de determinar e assegurar os recursos para a saúde da empresa e a confiabili- dade dos relatórios contábeis-financeiros. Os Sistemas de Informações Contábeis (SICs) fundamentam os gestores no processo de tomada de decisão com segurança e confiabilidade. Eles englobam aspectos de gerenciamento e previsão de caixa, investimentos, orçamentos, planejamento financeiro e operacional, sistemas de desem- penho, entre outros. As informações histórias e atuais dos SICs permitem à gestão ter a capacidade de realizar análises das atividades financeiras e opera- cionais da empresa, projetar captação e consumo de recursos futuros, bem como exercer o monitoramento e controle ao longo do tempo. Como observa-se, o conjunto de informações significativo, propiciado pelos SICs, é fundamental para o processo de tomada de decisão, que visa à eficiência e eficácia da empresa. Nesses aspectos, os SICs podem auxiliar o exercício da Controladoria na identificação de possíveis fatores que afetam o alcance da eficiência e da eficácia organizacional. De maneira geral, sob a ótica da controladoria, os sistemas de informa- ções podem ser visualizados pela associação entre o Sistema de Apoio às Operações (SAO) e o Sistema de Apoio Gerencial (SAG). O SAO responde pelo processamento de dados gerados pelas operações internas, os quais envolvem as transações, os processos internos industriais e as atuações entre equipes de trabalhos. Já o SAG é responsável pelo fornecimento de 37 informações fundamentais para uma tomada de decisão com eficácia. Este pode ser subdividido em tipos ou classificações de subsistemas efetivos para a criação de informações: Subsistema de Informação Gerencial (SIG), que se fundamenta em relatórios gerencias padronizados; Subsistema de Apoio à Decisão (SAD), restritamente relacionado ao apoio interativo à decisão; e Subsistema de Informações Executivas (SIE), que visa fornecer informa- ções consistentes e úteis à gestão da empresa. Para Schmidt, Santos e Martins (2014), os sistemas e subsistemas infor- macionais podem ser estruturados, segundo o nível de informações em que são gerados, da seguinte forma: a) sistemas de apoio à decisão; b) sistemas de informações gerenciais; e c) sistemas de apoio à transação. A relação deles é ilustrada na Figura 1.2, em relação ao tipo de informação que pode ser gerado. Figura 1.2 | Hierarquia dos sistemas de informações em relação ao tipo de informação Sistema de apoio à transação Sistema de informações gerenciais Sistema de apoio à decisão SIE SAG SIG/SAD SAOOperacional Tá�co ou Gerencial Estratégico Fonte: adaptada de Nascimento e Reginato (2013) e Schmidt, Santos e Martins (2014). Um sistema estruturado de informações torna-se base para o planeja- mento eficaz da aplicação dos recursos disponíveis da empresa. Para isso, é essencial que os sistemas informacionais permitam a realização de análises de modelos de gestão, de objetivos estratégicos e de integrações entre áreas departamentais, entre sistemas existentes e entre projetos a serem desen- volvidos, bem como no planejamento de recursos a serem utilizados e na definição de diretrizes para a gestão de controles internos. Aliás, a segurança do conjunto de dados da empresa e a fidedignidade das informações dos sistemas são preservadas pela existência de eficientes controles internos. Dada a importância da Controladoria, os sistemas de informações e as ferramentas tecnológicas representam a sustentação básica para a existência 38 do controle organizacional. Por essa razão, as funções da Controladoria dependem da gestão dos sistemas de informações, porque a gestão de uma empresa teria enormes dificuldades de atuar e promover a tomada de decisão consciente se fizesse o gerenciamento de informações fora dos sistemas (SCHMIDT; SANTOS; MARTINS, 2014). A Controladoria é responsável por criar, desenvolver, estabelecer e manter sistemas de informações contábeis (societária, de custos, gerencial) em todos os níveis da empresa, adequados para a aplicação de controles internos. A Contabilidade, por si só, representa um sistema de informação e mensuração de eventos econômicos que afetam o processo decisório (FIGUEIREDO; CAGGIANO, 2017), composta por uma série de atividades ligadas, as quais envolvem observações, coletas, registros, análises e comuni- cação das informações aos usuários por meio de relatórios. Os SICs visam gerar informações que influenciam comportamentos e ações por meio dos relatórios contábeis e gerenciais. A informação é o elemento básico da tomada de decisão. Esses sistemas produzem informa- ções financeiras e não financeiras, fundamentais ao controle patrimonial, possibilitando aos usuários da informação, inclusive, à gestão, atuarem com responsabilidade, conduzindo a aplicação dos recursos com eficiência. Do ponto de vista gerencial, a informação contábil útil propicia as condi- ções necessárias para a empresa atingir seus objetivos estratégicos. Nesse contexto, a efetividade da informação contábil, por meio de um SIG para o controle, pode ser mensurada pelo nível de alcance dos objetivos e das inten- ções estratégicas (FIGUEIREDO; CAGGIANO, 2017). O SIC proporciona à gestão e aos usuários da informação uma visão panorâmica sobre a organização, servindo de elo entre os outros sistemas e subsistemas de informação, relacionando-se ao marketing, aos recursos humanos, às pesquisas de desenvolvimento e à produção. Já o SIG consiste na associação da tecnologia com lógicas racionais, que visa contribuir para as funções de planejamento gerencial, controle, melhoria e avaliações das operações internas da empresa, visando maximizar a eficácia e a eficiência, pela garantia do alcance de resultados específicos e globais da entidade. A Figura 1.3 demonstra um exemplo de SIC. As informações contá- beis eorçamentárias são controladas, sendo confeccionadas e sintetizadas em relatórios gerenciais (para usuários internos) e formais (para usuários externos). 39 Figura 1.3 | Sistema de Informação Contábil Banco de dados Sistema Orçamentário Modelo de Mensuração Modelo de Informação Modelo de Decisão Modelo de Gestão Gestores Decisão Relatórios Gerenciais Balanço Fluxo de caixa DRE Relatórios Formais Balanço Fluxo de caixa DRE Avaliação Pré-orçamento Planejamento / Realizado Planos Programas TransaçõesRealizações Custos e Contabilidade Eventos Previstos / Realizados Terceiros Fonte: adaptada de Figueiredo (1991). No SIC, as informações financeiras tornam possível criar uma estra- tégia que auxilia a empresa a atingir os objetivos. Quando utilizada para fins de controle, a informação contábil cobre-se de relevância por estabelecer padrões e obter feedback para a melhoria do processo, cujos valores podem ser usados em sistemas de mensuração de desempenho. A operacionalização de um sistema de informação contábil considera a necessidade de diferentes saídas de informação, sendo constituída por um banco de dados, que é ajustado ou incrementado por dados e infor- mações na medida em que novas comunicações ocorrem. Quando a infor- mação é tratada e analisada à luz de teorias e métodos, a orientação para a gestão e a qualidade da informação de receitas e custos, por exemplo, ficam mais refinadas. 3.3 Sistema de Apoio às Operações (SAO) O Sistema de Apoio às Operações (SÃO), referido também como subsis- tema de apoio à transação, é composto pelos sistemas de processamento de informações transacionais que ocorrem no cotidiano de uma empresa, incluindo os seus fluxos de recursos. Em certas situações, o SAO pode acompanhar os sistemas voltados ao processo de tomada decisão, desde que se relacione com as operações internas da entidade. Esse sistema pode ser descrito pelos seguintes aspectos (SCHMIDT; SANTOS; MARTINS, 2014): a) são estruturados quanto às suas decisões; b) possui muitos padrões, mas é repetitivo quanto ao seu funcionamento; c) preserva a exatidão dos dados obtidos; d) possui baixa flexibilidade no 40 que tange à geração de informações; e) é pautado em dados internos da empresa; f) normalmente, como produto do sistema, gera relatórios de controle operacional e gerenciais. 3.4 Subsistema de Informação Gerencial (SIG) Para Nascimento e Reginato (2013), o Subsistema de Informação Gerencial (SIG) surgiu da ideia de que as informações gerenciais deveriam ser integradas para proporcionar os meios para disponibilizar as informações aos executivos da empresa. SIG representa todo o conjunto de recursos da empresa, cujos dados são coletados e processados para serem expressos em informações úteis à tomada de decisão em todos os níveis de gerência conhe- cidos. De maneira sucinta, ele suporta as atividades gerenciais, servindo na identificação e correção de problemas de caráter gerencial. A essência desse subsistema está no processo de transformação de dados operacionais em informações que contribuem para melhorar a qualidade das decisões, tendo em vista a otimização dos resultados. Num outro ponto de vista, o SIG é uma ferramenta de gestão que exige observações quanto ao momento da implementação. Ao estabelecê-lo dentro de uma empresa, é importante que a Controladoria, acompanhando o processo, observe o envolvimento dos sócios ou da alta administração da empresa, o desempenho do planejamento e sua execução, o controle de projetos, a inter-relação entre os usuários da informação, os tipos de informa- ções necessários que os usuários precisarão num primeiro momento, a confia- bilidade, a flexibilidade, o acesso fácil e o custo-benefício das informações. Os usuários das informações possuem necessidades diferentes e pontuais nas informações geradas pelo SIG. Nesse sentido, os sistemas convencionais podem ser incapazes de suprir as necessidades. Por essa razão, a empresa deve buscar aplicar os recursos de tecnologia da informação para possibilitar que as operações ocorram de maneira rápida, flexível e seguro. Além dos pontos mencionados, segundo Schmidt, Santos e Martins (2014), o SIG auxilia no processo de planejamento e controle gerencial, sendo descrito como um subsistema que: a) é semiestruturado em termos de tomadas de decisões; b) é ajustado conforme as necessidades das áreas funcionais da empresa, podendo ou não ser repetitivo; c) possui baixa flexibilidade na geração de informações; d) emprega projeções, modelos e informações de cunho subjetivo; e) possibilita consultas diversas; e) possui pouca ou nenhuma entrada de dados; f) possui integração com as funções do negócio; g) fundamenta-se em dados internos e externos da empresa; h) cria e trabalha informações analíticas e sintéticas. 41 De maneira geral, os principais usuários do SIG são os gestores de nível intermediário ou avançado. Por exemplo, pode-se citar os gerentes de vendas, de produção, de recursos humanos, analistas de custos, entre outros. 3.5 Subsistema de Apoio à Decisão (SAD) Devido ao efeito de avanços em tecnologia, em pesquisas científicas, na consciência da necessidade de informações ao processo decisório, o ambiente econômico passou a ser mais turbulento e dinâmico. Isso aconteceu por volta da década de 1970, época em que o Subsistema de Apoio à Decisão (SAD) ganhou popularidade (NASCIMENTO; REGINATO, 2013). O SAD são os sistemas computacionais que proporcionam o acesso às informações internas e externas relevantes ao sucesso do negócio empresarial e ajudam a gestão no enfrentamento de problemas estruturais pela interação direta com modelos de dados e análises. Cabe mencionar que esse sistema deve ser desenvolvido e customizado segundo as necessidades dos usuários. Ele é construído para ser de fácil utilização e sua construção se apoia nos elementos transacionais, subsidiados pelo SAO, existentes na empresa. Ele deve proporcionar análises dinâmicas, análises de tendências, gráficos, relató- rios de exceção e acesso a uma gama vasta de dados internos e externos. Tudo isso deve ocorrer em tempo real, de modo que o usuário possa fazer a consulta desejada, sem depender de um técnico ou de instruções adicionais. O sistema deve ser amigável o suficiente para dispensar treinamentos adicionais. Ao observar os problemas organizacionais, o SAD visa contribuir direta- mente na eficácia da tomada de decisões. De outro modo, ele é compreendido como um processo de dados interativo e um sistema de representação visual, que reúne os aspectos de confiabilidade, clareza ao demonstrar a informação e flexibilidade (NASCIMENTO; REGINATO, 2013). Para Nascimento e Reginato (2013), o SAD serve para apoio: a) ao processo decisório, com destaque para as decisões não estruturadas ou semiestruturadas; b) ao processo decisório de gerentes, integrando os níveis quando necessário; c) nas decisões interdependentes e independentes; d) em todas as fases do processo decisório; e) a diversos processos de tomada de decisões com facilidade de utilização. A construção de um SAD em uma empresa deve considerar a elabo- ração e o armazenamento de metadados ou dados de controle e aplicar ferramentas de processamento analítico. À vista disso, fortalece-se a ideia de que o controller deva ser um profissional com um profundo conhecimento 42 sobre a empresa e sobre a tecnologia de informação, dada a necessidade da construção e gestão dos sistemas de informações. Por fim, a atuação proativa da controladoria no gerenciamento dos sistemas de informação decorre do fato de que as empresas são dependentes de sistemas de informações e dos investimentos necessários para mantê-los. Questões para reflexão Como a Controladoria, em sua atuação, pode ser versátil para conci- liar possíveis divergências entre a visão dos gestores, revestida pela perspectiva estratégica, e a visão dos colaboradores, revestida pela perspectiva operacional, uma vez que compreende, de maneiraharmô- nica, todas as áreas da empresa? 3.6 Subsistema de Informações Executivas (SIE) O Subsistema de Informações Executivas (SIE), criado por volta da década de 1970, representa os sistemas computacionais, permeados por meio de um sistema de informação único, que visam atender às necessidades de informações dos executivos, podendo melhorar aspectos hierárquicos e sistêmicos da empresa. O SIE unifica todas as informações que o executivo precisa para examinar as informações e tomar suas decisões. Geralmente, os conceitos de SIE e SAD se embaraçam, no entanto, possuem focos diferenciados nos tratamentos dos problemas organizacio- nais e buscam atender a usuários distintos. A ideia é de que o uso do SIE seja voltado aos executivos, ao passo que o SAD seja destinado ao nível inter- mediário de gerência. Destaca-se que o SIE focaliza a informação no nível estratégico, por meio do planejamento estratégico, e o processo decisório da alta administração, de modo a atender às necessidades de desempenho organizacional. Esse sistema de trata de informações que permitem a visua- lização e o controle das atividades realizadas em confronto com as atividades planejadas, bem como o monitoramento de eventuais problemas decorrentes das ações estratégicas executadas para eventuais correções. Por ser fundamental na condução das diretrizes estratégicas, o SIE precisa estar integrado a todo sistema de informações que a empresa possui, por meio de interface que também permita acessar os demais subsistemas ou informações em níveis gerenciais e operacionais, desde que contemple a necessidade informacional de seus usuários. Destaca-se que um sistema de informações pode não conseguir suprir as necessidades informacionais de todos os usuários de maneira rápida, 43 tempestiva e dinâmica, todavia, o uso de ferramentas de tecnologias de infor- mações pode compensar a possível falta de flexibilidade nos fluxos informa- cionais, tornando os controles eficientes quanto ao formato, ao acesso e à segurança da informação. Nesse sentido, é possível incorporar ferramentas de inteligências de negócios que buscam unificar as múltiplas fontes de informações, conside- rando suas naturezas, para que as estratégias e o modo de operação organiza- cional sejam claramente definidos. Atividades de aprendizagem 1. Os sistemas de informações fornecem informações de utilidade à gestão. Isto posto, analise o seguinte conceito: “são sistemas computacionais que propor- cionam o acesso às informações internas e externas relevantes ao sucesso do negócio empresarial e ajudam à gestão no enfrentamento de problemas estrutu- rais pela interação direta com modelos de dados e análises. Esses sistemas apoiam o processo decisório de gerentes, integrando os níveis quando necessário”. O conceito apresentado descreve um tipo de subsistema da informação contábil, o qual é conhecido como: a. Subsistema de Informação Gerencial (SIG). b. Subsistema de Apoio à Decisão (SAD). c. Subsistema de Informações Executivas (SIE). d. Sistema de Apoio às Operações (SAO). e. Sistema de Apoio Gerencial (SAG). 2. Do ponto de vista gerencial, a informação contábil, revestida de utilidade, pode ser melhorada quando reúne alguns aspectos. Um deles menciona que as informações devem estar disponíveis para os tomadores de decisão a tempo de poder influenciá-los em suas decisões. Esse aspecto retrata a: a. Tempestividade. b. Oportunidade. c. Confiabilidade. d. Clareza. e. Comparabilidade. 44 Fique Ligado! • A Controladoria é responsável pelo planejamento, pela execução e pelo controle do sistema integrado de informações gerenciais, opera- cionais, orçamentários, financeiras e contábeis da empresa. • A eficácia significa o cumprimento de objetivos previamente estabe- lecidos, ao passo que a eficiência é o desempenho de uso dos recursos para atender aos objetivos. • A missão da Controladoria consiste em assegurar a eficácia da empresa e zelar pela continuidade dela. • O objetivo da Controladoria é criar, implementar e melhorar processos internos e controles internos para alcançar a eficácia e efici- ência organizacional desejada. • A Controladoria tem por atribuição proporcionar o suporte informa- cional necessário em todas as etapas do processo de gestão. • O controller deve viabilizar a sinergia organizacional. • O ambiente externo é compreendido como sendo o conjunto de entidades que afetam ou são afetadas pelas atuações da empresa. • As forças competitivas associam a estratégia da empresa ao ambiente em que ela atua. • A empresa é um sistema aberto porque interage continuamente com o ambiente, sendo subdividida em subsistemas organizacionais. • A missão sintetiza os valores e as crenças que guiam as ações e ativi- dades da empresa. • Modelo de gestão representa o conjunto de normas e princípios que devem orientar os gestores nas escolhas estratégicas. • Os sistemas de informações são um conjunto interligado de informa- ções que apoiam as operações e funções de gestão empresarial. • Modelo de informação representa o sistema de informação eficaz que contribui para o processo decisório. Para concluir o estudo da unidade Nesta unidade, você aprendeu que a Controladoria exerce a função de interagir com o processo decisório da empresa, coletando dados e gerando informações para apoiar a atuação da gestão, por meio dos sistemas de 45 informações, fundamentais aos controles internos. A informação de utili- dade, em atendimento aos ensejos da empresa, cria condições para a aplicação do controle organizacional e do monitoramento das operações da empresa por parte da Controladoria. A empresa atua como sistema aberto, interagindo com o ambiente, permitindo a eficiência e o alcance da eficácia organizacional. Do ponto de vista do controle de gestão, a empresa se preocupa com o planejamento, a execução e o controle, constituindo um processo de gestão. Isso depende do feedback e das informações relevantes que a gestão obtém sobre a atuação da empresa em relação ao que foi planejado. Os sistemas de informações dão a base para a gestão atuar e tomar as suas decisões em prol dos interesses da empresa em alcançar resultados. Os Sistemas de Informações Contábeis são os responsáveis pelos registros de todos os eventos da empresa, bem como pelo processamento de dados, que vai gerar os relatórios contábeis e gerencias, subsidiando os usuários da infor- mação tempestivamente. A Controladoria contribui para que os tomadores de decisão se municiem de informações úteis, confiáveis e detalhadas sobre a situação passada, presente e projetada da organização. É de responsabilidade da Controladoria monitorar os desempenhos das atividades e as operações internas para orientar as ações no âmbito organi- zacional, visando ao alcance dos objetivos estratégicos da empresa. Ela equilibra as visões da gestão e dos colaboradores, contribuindo para que a empresa tenha uma visão sistêmica em todas as áreas, tendo em vista que sua prioridade é buscar a eficácia e eficiência pela implementação e melhoria dos controles e processos internos de todas as operações efetuadas na organização. O pensamento sistêmico empresarial deve permear todos os profissio- nais da empresa e todas as áreas, a fim de que a empresa possa atuar com sinergia, preparada para se ajustar às mudanças constantes do ambiente. Nesse sentido, a Controladoria auxilia e coordena todos os subsistemas organizacionais envolvidos, visando otimizar a aplicação dos recursos. O equilíbrio organizacional passa pelo conhecimento sobre impactos aderentes ou adversos na cultura organizacional, refletidos no modelo de gestão, o qual leva às ações eficazes da gestão. Em um ambiente dinâmico, as empresas devem se preocupar com processos decisórios de qualidade que considerem a informação de utilidade. A Controladoria deve atender a gestão da empresa no sentido de prover condições para que ela supere os desafios decorrentes de atuações de compe- tidores, oportunidadese exigências do ambiente em que atua. Por fim, cabe à Controladoria integrar as áreas organizacionais, avaliando o desempenho 46 organizacional, para sugerir correções de rumos no que tange à comparação entre aquilo que foi planejado e realizado. Acerca disso, a unidade destacou a importância do controller ao descrever suas características e atribuições. Fica demonstrado, nesse ponto, que o controle organizacional é fundamental para o processo de gestão e o plane- jamento empresarial, sendo a informação um recurso imprescindível para a eficácia, a eficiência e a qualidade na avaliação do desempenho. Atividade de aprendizagem da unidade 1. Os gestores de uma empresa que industrializa máquinas para o setor de confecções pretendem aumentar a oferta de novos equipamentos. Nessa empresa, atualmente, todos os controles operacionais da empresa são execu- tados manualmente. Por causa disso, há um nível baixo de interação entre os setores. Os diretores acreditam que investimentos em tecnologia poderiam proporcionar resultados positivos para a empresa. Além de disso, poderiam adequar os propósitos de cada departamento, tendo em vista a oferta de novos produtos. Diante dessa situação, avalie as asserções a seguir e a relação proposta entre elas. I. A implantação de um programa de controle de recursos na indústria de confecção possibilitará a obtenção eficácia no planejamento, no controle e na tomada de decisão com agilidade. PORQUE II. O programa de controle de recursos, desde que a tecnologia neces- sária ao armazenamento e ao fluxo das informações de negócios seja implantada, permitirá a integração entre os departamentos da empresa. A respeito dessas asserções, assinale a alternativa correta. a. As asserções I e II são proposições verdadeiras, e a II é uma justifica- tiva correta da I. b. As asserções I e II são proposições verdadeiras, mas a II não é uma justificativa correta da I. c. A asserção I é uma proposição verdadeira, e a II é uma proposição falsa. d. A asserção I é uma proposição falsa, e a II é uma proposição verdadeira. e. As asserções I e II são proposições falsas. 47 2. O Sistema de Apoio às Operações retrata o subsistema de apoio à transação, sendo composto pelos sistemas de processamento de informa- ções transacionais, que ocorrem no cotidiano de uma empresa, incluindo os seus fluxos de recursos. As características que devem ser consideradas na aplicação desse subsistema são: I. Possui poucos padrões, mas não sendo repetitivo quanto ao seu funcionamento. II. Não preserva a exatidão dos dados obtidos. III. Possui baixa flexibilidade no que tange à geração de informações. IV. É pautado em dados internos da empresa. É CORRETO apenas o que se afirma em: a. I e II. b. II e III. c. III e IV. d. I, II e IV. e. I, III e IV. 3. Em relação aos sistemas de informações, analise as afirmativas que se seguem: I. A informação transita partindo de um transmissor a um receptor, passando por um canal de comunicação. II. Os sistemas de controle baseados na comunicação têm o feedback como elemento básico da comunicação. III. O Balanço Patrimonial é um dado a ser processado no Sistema de Informação Contábil. IV. Um Sistema de Informação Contábil pode conter um banco de dados que é ajustado ou incrementado por dados e informações na medida em que novas comunicações surgem. Estão CORRETAS apenas as afirmativas: a. I e II. b. II e III. c. III e IV. 48 d. I, II e IV. e. I, III e IV. 4. Considerando os subsistemas organizacionais que compõem o sistema empresa, analise as seguintes afirmações: I. Composto por um conjunto de crenças, valores e expectativas dos proprietários e condutores do negócio da empresa, expresso por meio de diretrizes que orientam os demais componentes do sistema empresa aos resultados esperados. II. Composto pelo modo como a empresa está estruturada pelas suas atividades departamentais, pelos seus níveis hierárquicos, pelas definições de amplitude e responsabilidades, pelo grau de descentra- lização das decisões desejável e pela delegação de autoridade. III. Composto pelo conjunto de recursos humanos na empresa, isto é, pelas pessoas que nela atuam, incluindo os seus atributos individuais. IV. Composto por todos os elementos materiais ou recursos físicos utili- zados pela empresa. É correto afirmar que os itens listados correspondem, respectivamente, aos subsistemas denominados: a. Institucional, físico, social e formal. b. Formal, físico, social e institucional. c. Social, institucional, formal e físico. d. Físico, social, institucional e formal. e. Institucional, formal, social e físico. 5. A Controladoria é uma área que compreende todo o funcionamento operacional global da empresa e as intenções estratégicas, podendo prover informações e comunicá-las à gestão. No que diz respeitos aos propósitos e às funções da Controladoria, analise os seguintes itens: I. A Controladoria apoia o processo de tomada de decisão. II. A Controladoria, por meio de controles internos, monitora a entidade e sua cultura de gestão. 49 III. A Controladoria não projeta resultados econômicos e operacionais, sendo isso atribuição dos acionistas. IV. Uma das missões da Controladoria é assegurar a eficácia da empresa pela otimização de resultados e pela integração dos esforços conjuntos das diversas áreas. Estão CORRETAS apenas as afirmativas: a. I e II. b. II e III. c. III e IV. d. I, II e IV. e. I, III e IV. Referências CATELLI, Armando. Controladoria: uma abordagem da gestão econômica. 2. ed. 10. reimpr. São Paulo: Atlas, 2013. FIGUEIREDO, Sandra; CAGGIANO, Paulo Cesar. Controladoria: teoria e prática. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2017. FIGUEIREDO, Sandra. Contribuição ao estudo de um modelo de avaliação de desem- penho em empresas de seguros: um enfoque da gestão econômica. Faculdade de Economia e Administração. São Paulo: Universidade de São Paulo, 1991. MOSSIMANN, Clara Pellegrinello; ALVES, José Osmar de Carvalho; FISCH, Silvio. Controladoria: seu papel na administração das empresas. Florianópolis: Editora da UFSC; Fundação Esag, 1993. NASCIMENTO, Auster Moreira; REGINATO, Luciane (org.). Controladoria: um enfoque na eficácia organizacional. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2013. OLIVEIRA, Luis Martins de; PEREZ JÚNIOR; José Hernandez; SILVA, Carlos Alberto dos Santos. Controladoria Estratégica. 9. ed. São Paulo: Atlas, 2013. PADOVEZE, Clóvis Luís. Controladoria Estratégica Aplicada: conceitos, estrutura e sistema de informações. São Paulo: Cengage Learning, 2016. PADOVEZE, Clóvis Luís. Controladoria Estratégica e Operacional: conceitos, estrutura e aplicação. 3. ed. São Paulo: Cengage Learning, 2013. PEARCE, J. A. I.; DAVID, F. Corporate Mission Statements: The Bottom Line. Academy of Management Executive, v. 1, n. 2, p. 109-115, 1987. PORTER, Michael Eugene. Estratégia competitiva: técnicas para análise de indústrias e da concorrência. Rio de Janeiro: Campus, 1986. PORTER, Michael Eugene. Competitive Advantage: creating and sustaining superior perfor- mance. New York: Free Press, 1985. SCHMIDT, Paulo; SANTOS, José Luiz dos. Fundamentos de controladoria. 1. ed. 2. reimpr. São Paulo: Atlas, 2009. SCHMIDT, Paulo; SANTOS, José Luiz dos; MARTINS, Marco Antônio dos Santos. Manual de controladoria. São Paulo: Atlas, 2014. Unidade 2 Planejamento estratégico Caro leitor, nesta unidade, você está convidado a se aprofundar, pela visão da Controladoria, nos aspectos iniciais do processo de gestão empresa- rial. Destaca-se que o objetivo de assegurar a eficácia empresarial depende do processo de gestão, descrito por um contínuo processo decisório. As discus- sões desta unidade pretendem apresentar a você a essência, as características, a utilidade e as aplicações do planejamento estratégico como fase primordial dentro do processo de gestão. É com base no plano estratégico e na visuali- zação dos objetivos de longo prazo que a Controladoria pode estabelecer o suporte básico ao processodecisório da gestão empresarial. A Controladoria compara os resultados obtidos pela execução das ações estratégicas da empresa com aquilo que foi inicialmente projetado. Diante disso, esta unidade discute pontos relevantes sobre a estratégia no âmbito da Controladoria, como a necessidade empresarial de busca e manutenção de vantagens competitivas e de posicionamento no mercado. Ainda, no decorrer desta unidade, você entenderá que o planejamento estratégico é de responsabilidade da gestão da empresa e que corresponde à elaboração de objetivos, diretrizes e ações estratégicas, considerando as variáveis externas e internas à empresa. Com isso, você descobrirá como a estratégia concede a base para a Controladoria acompanhar o desempenho da empresa. O planejamento estratégico é a porta de entrada para entender as aplicações operacionais e os controles organizacionais da empresa que, juntos, contribuem para a melhoria dos processos e controles internos. Seção 1 | O processo de gestão - Modelo do processo de gestão: composição do processo de gestão. - O processo de planejamento estratégico: conceituação. - O processo de planejamento operacional: conceituação. - O processo de execução e controle: conceituação e implicações. Seção 2 | Controladoria Estratégica - Considerações iniciais sobre a estratégia: origem e conceitos. - A estratégia no âmbito da controladoria: o papel da Controladoria na estratégia organizacional. - Gestão estratégica de custos: aspectos do posicionamento estratégico e vantagens competitivas. - Responsabilidade da controladoria no planejamento estratégico: deveres e responsabilidades. Seção 3 | O processo de planejamento estratégico - Aspectos do planejamento estratégico: tipologias e classificações. - Procedimentos de elaboração do planejamento estratégico: visão geral e elementos de planejamento. - Análise das variáveis ambientais: análise SWOT. - Determinação e avaliação da estratégia: estipulação de objetivos, diretrizes e metas estratégicas e alinhamento estratégico. Introdução à unidade A busca da eficácia e eficiência do funcionamento da gestão organi- zacional depende da atuação das empresas nos ambientes em que estão inseridas. As organizações visam alcançar os resultados desejados, mas isso apenas acontece se elas estabelecerem claramente suas estratégias e tiverem consciência de suas vantagens competitivas. Num ambiente econômico, competitivo e dinâmico, as empresas precisam ter visão sistêmica para compreender suas forças e fraquezas, entendendo as ameaças e oportuni- dades que afetam a maneira como atuam. A partir desse conhecimento interno e externo, elas determinam suas missões organizacionais, declarando aquilo que realmente são e o propó- sito de sua existência. Entender isso permite a elas construírem, moldarem e adaptarem suas estratégias conforme suas necessidades, dentro do modelo de gestão. Nesse cenário, a Controladoria se insere ao exercer o papel de coordenar a criação e a manutenção do planejamento estratégico. Isto posto, a presente unidade deste livro está estruturada em três seções. A primeira seção apresenta o modelo do processo de gestão, com seus conceitos, aspectos e fases. Nela, são introduzidas, de maneira breve, as fases de planejamentos estratégico e operacional, de execução e de controle. No entanto, esta unidade dá foco ao planejamento estratégico, enquanto as demais fases serão discutidas nas unidades seguintes deste livro. A segunda seção abrange os aspectos da Controladoria Estratégica. Nela, é demonstrado o papel da Controladoria no apoio contributivo à estratégia empresarial. A estratégia corresponde a um conceito associado à necessidade de obtenção e manutenção de vantagens competitivas pelas empresas. Por causa disso, a seção contempla também os atributos relativos à gestão estra- tégica de custos, como o posicionamento estratégico empresarial. Você verá que a Controladoria abastece os responsáveis pelo Planejamento Estratégico com informações úteis para apoiar o processo de análise, planejamento, implementação e controle estratégico. Desta forma, ela provê o suporte estra- tégico à gestão executiva. Por fim, na última seção desta unidade, você é convidado a explorar os detalhes da fase de planejamento estratégico com seus benefícios e utilidades. Nesse momento, você verá que a elaboração do plano estratégico considera uma consonância com a missão organizacional, uma análise ambiental externa e interna, o estabelecimento de diretrizes e objetivos estratégicos, além das metas estratégicas, fundamentais para a determinação dos rumos desejados de longo prazo da empresa. Ao longo da seção, você compreenderá os motivos que levam a gestão empresarial a criar e implementar um plano estratégico, mas, principalmente, as razões pelas quais a empresa deve avaliar suas estratégias, reformulando-as, se necessário. Todas as informações a respeito disso estão representadas pelo Planejamento Estratégico, o qual será estudado nesta unidade, constituindo-se como um importante instrumento de orientação e controle de todas as atividades da empresa. A Controladoria acompanha os momentos de concepção, implementação e avaliação de uma estratégia, tendo em vista o aumento da eficácia e eficiência organizacional na prática da gestão empresarial. 54 Seção 1 O processo de gestão O papel das pessoas que atuam em prol da organização modela o desem- penho da empresa no processo de planejamento. Por isso, o planejamento consiste num elemento de contínua avaliação quanto à sua adequação aos interesses da empresa. O planejamento estratégico estabelece claramente as intenções de longo prazo da empresa, fornecendo as primeiras bases para se estabelecer e desdobrar as ações operacionais. O planejamento estratégico é um processo que, geralmente, centra-se na alta administração da empresa, sendo acompanhada pela Controladoria. Em muitos casos, o plano estraté- gico se restringe à alta administração e ao controller, no entanto, dependendo da abordagem, todos os outros membros da organização podem contribuir por meio da perspectiva operacional de estratégia da empresa, considerando seus possíveis impactos. Isso gera a constante necessidade de revisão das diretrizes estratégicas e a reavaliação das ações a serem tomadas. O processo de planejamento eficaz foca nas pessoas e na sua forma de estabelecimento, porque envolve as crenças e o comportamento organiza- cional. A estratégia define as metas de longo prazo, visando obter contribui- ções de todos os membros da organização para tornar o processo de gestão da empresa produtivo. O comprometimento de todas as pessoas envolvidas traz o sucesso. Assim, a participação dos responsáveis pelo plano no processo de planejamento e de todos os envolvidos promove a distribuição de respon- sabilidades pela busca dos resultados desejados. Isto posto, nesta seção, você conhecerá sobre a dinâmica do planejamento estratégico, considerando-a, porém, no processo de gestão, o qual envolve desdobramentos operacionais, de execução e de controle que ocorrem a partir da estratégia. 1.1 Modelo do processo de gestão O processo de gestão representa um processo de controle, que tem por objetivo assegurar a eficácia empresarial, caracterizada por um contínuo processo de tomada de decisão. Todas as empresas possuem administradores, os quais são os responsáveis pela gestão empresarial, a qual possui ativi- dades de elaboração de projetos, organização e administração de recursos, gestão de recursos humanos e controle de atividades operacionais, entre outras funções. Todas as atividades relacionadas ao processo de gestão, 55 de maneira geral, podem ser divididas nas seguintes fases: planejamento, execução e controle. Questões para reflexão À vista das fases de planejamento, execução e controle, quais são as possíveis ações que uma empresa pode tomar, considerando o processo de gestão, para a obter a eficácia e a eficiência organizacional?De que maneira o processo de gestão contribui para o processo decisório na realidade empresarial? A fase de planejamento consiste em um processo que envolve o estabeleci- mento de objetivos estratégicos e operacionais, os quais envolvem as escolhas de ações que conduzirão a empresa aos seus propósitos e ao modo como tais ações serão executadas. Nessa fase, o planejamento pode ser subdivido em estratégico e operacional, conforme ilustra Catelli (2013) (em outros modelos, pode ser organizado em estratégico, tático e operacional). Ainda, pode-se considerar outros tipos de subdivisão que retratam possíveis ajustes no plano: tipo de plano, escopo e variáveis envolvidas. A fase de execução, por sua vez, corresponde ao momento no qual a gestão desenvolverá as ações para realizar aquilo que foi planejado inicial- mente. Isso implica mobilizar as pessoas da organização nos processos internos, assim como a própria gestão na realização das operações diárias. Nessa fase, busca-se mensurar as transações, comparando valores padrões com valores reais, permitindo o controle orçamentário para melhorar a efici- ência e a aplicação de medidas corretivas. Por fim, a fase de controle refere-se à verificação das ações propostas, isto é, se a forma como estas estão sendo realizadas correspondem efetivamente ao que foi planejado. O controle permite à gestão identificar falhas, inconsis- tências e suas causas, para avaliar as possíveis correções. O suporte da Controladoria, no que tange às informações contábeis gerenciais, é fundamental por que elas exercem um papel essencial nessas três fases. As informações contábeis e sua utilidade estão ligadas às necessi- dades de seus usuários no processo decisório. 1.2 O processo de planejamento estratégico Num ambiente econômico, dinâmico e competitivo, as empresas devem ter a preocupação de planejar com cuidado as ações a serem realizadas, de modo que possibilite à gestão alcançar os objetivos organizacionais. O 56 desempenho gerado pelas ações deve ser reavaliado periodicamente, comparando-o com o desempenho desejado. Isso cria condições para a melhoria do planejamento. Define-se planejamento estratégico como o conjunto de objetivos, finali- dades, metas, diretrizes fundamentais e planos para atingir esses objetivos, coordenado de forma a definir em que atividade se encontra a empresa, que tipo de empresa ela é ou deseja ser. Para saber mais Embora o planejamento estratégico possa contemplar objetivos empre- sariais de curto prazo, o seu cerne está em definir objetivos e intenções estratégicos de longo prazo, os quais nortearão os rumos da empresa. Geralmente, a Controladoria estabelece um cronograma de reuniões para a participação e discussão dos preparadores do planejamento estratégico. Nelas, é comum que objetivos de longo prazo previamente estabelecidos sejam refinados, reformulados ou eliminados, para adequar o plano à realidade da empresa. Planejamento estratégico é aquele que define as diretrizes estratégicas, sendo o elo na interação da empresa com seu ambiente externo, conside- rando as ameaças e oportunidades ambientais, seus reflexos na própria empresa, seus pontos fortes e fracos. Consiste no desenvolvimento da missão organizacional e do estabelecimento da visão estratégica e de objetivos que indicam o rumo da empresa, suas intenções de desempenho de curto e de longo prazo e as mudanças competitivas e programadas. Ele é elaborado no nível institucional, com apoio da Controladoria, sendo composto por um conteúdo detalhado e analítico. Trata-se de uma definição, em termos de futuro, do que a empresa pretende fazer e de como ela aplicará seus recursos. O plano estratégico envolve o desenvolvimento de padrões, políticas e estratégias e fundamenta-se em informações de variáveis ambientais. Fundamenta-se no cumprimento da missão organizacional. Conforme explica Catelli (2013), esse processo gera um conjunto de diretrizes estratégicas de longo prazo, de caráter qualitativo, que norteia o planejamento operacional. Esse planejamento contempla a análise das variáveis ambientais internas, pela investigação das fraquezas e forças da empresa, e externas, pela identi- ficação de possíveis ameaças e oportunidades. As diretrizes estratégicas buscam expressar caminhos que evitam as ameaças e aproveitam as oportu- nidades, aplicando os pontos fortes para reduzir as fraquezas. A identifi- cação de oportunidades e ameaças acontece em função do comportamento observável das variáveis e de suas interações. Por exemplo: uma mudança de 57 comportamento do cliente, a falta ou a disponibilidade de recursos do forne- cedor, os níveis de atividade econômica, as mudanças nos cenários políticos, o desenvolvimento tecnológico, entre outros, permitem ameaças ou geram oportunidades. Avaliar isso leva a empresa a definir com consciência os produtos e serviços que ofertará, os mercados em que atuará, os relaciona- mentos com os fornecedores que desenvolverá, os canais de distribuição de recursos que promoverá e a estrutura e produção que melhorará. Diante disso, aparecem os cenários nos quais quais a empresa atuará com seu planejamento, diretrizes, políticas e objetivos estratégicos. Por isso, é importante entender onde a organização está e, para isso, fazer um diagnós- tico de sua atual situação. Com isso, ela poderá pensar, por meio da missão, dos objetivos e das políticas estratégicas, sobre onde deseja ir. Apenas assim ela terá clareza para determinar os meios de alcançar os objetivos, colocando em prática a estratégia. A Figura 2.1 ilustra o planejamento estratégico organizacional com base nessa discussão. Figura 2.1 | Visualização do planejamento estratégico ONDE ESTAMOS PARA ONDE QUEREMOS IR? COMO IREMOS Diagnós�co da situação atual Missões Obje�vos Polí�cas Estratégias Estratégia de solução Fonte: Oliveira, Perez Júnior e Silva (2013, p. 31). A importância da estratégia para a empresa pode ser entendida na questão de que, se for adotada corretamente, ainda que muitos erros táticos sejam cometidos, a empresa terá sucesso. Além do planejamento estratégico ser um instrumento da gestão que facilita e otimiza as interações da empresa com os fatores externos a ela, as estratégias também têm forte influência sobre os fatores internos da empresa (OLIVEIRA, 2018), permitindo modificar comportamentos organizacionais em busca da eficiência. 1.3 O processo de planejamento operacional O planejamento operacional é elaborado com base no direcionamento dado pelas diretrizes estratégicas e pelos cenários analisados no processo de planejamento estratégico. Ele corresponde à identificação, integração e avaliação das alternativas de ação e à estipulação de um plano a ser estabe- lecido (CATELLI, 2013). Trata-se do processo de transformar as intenções 58 e metas estratégicas em aplicações práticas, associando o plano estratégico às atividades empresariais. Geralmente, é expresso por meio do orçamento, demonstrando os recursos requeridos para colocar em prática a estratégia desenvolvida. Portanto, o planejamento operacional detalha em termos viáveis aquilo que o planejamento estratégico propôs. O seu foco está na previsão dos meios, das atividades e dos recursos que serão acionados para possibilitar a realização de um objetivo. O processo de planejamento operacional, segundo Catelli (2013), é composto pelas seguintes etapas: a. Estabelecimento de objetivos operacionais. b. Definição dos meios e recursos. c. Identificação das alternativas de ação. d. Simulação das alternativas identificadas. e. Escolha das alternativas e incorporação ao plano. f. Estruturação e quantificação do plano. g. Aprovação (validação) e divulgação do plano. Todos os responsáveis das áreas funcionais da empresa devem participar desse processo descrito, para refletir os pontos operacionais e as condições de viabilidade da realização do plano e firmar o compromisso de cumprimento das metas estipuladas. 1.4 Os processos deexecução e controle A execução refere-se à fase de consumo dos recursos para a geração de produtos ou serviços. É comum que, nesse momento, ainda ocorram altera- ções ou ajustes de programa para alinhamentos ao planejamento inicialmente formulado, como consequências das alternativas operacionais identificadas para uma seleção mais adequada das ações. Enquanto a fase de execução consiste na realização e implementação das ações planejadas. O controle organizacional, de maneira simples, pode ser conceituado como a ação indispensável para assegurar a realização dos objetivos, das metas, das estratégias, dos projetos e dos planos de ação previamente estabe- lecidos. É também um exercício que ocorre nas áreas operacionais e estra- tégicas da empresa, envolvendo a sinergia empresarial. Ele visa garantir a eficácia empresarial, verificando se os recursos da empresa foram aplicados 59 com vistas a alcançar os resultados desejados, segundo as expectativas dos seus proprietários (NASCIMENTO; REGINATO, 2013). Questões para reflexão Em um restaurante, a falta de controle organizacional, observada pela ausência de sistemas de compra ou registros em sistemas eletrônicos, permitiu a aquisição desnecessária de mercadorias e matéria-prima. Tendo essa situação como um exemplo, quais poderiam ser os efeitos da não aplicação de controles no planejamento estratégico da empresa? O controle implica na prática de acompanhamento, avaliação e análises de desempenhos organizacionais. Para que haja sucesso no estabelecimento do controle organizacional, recomenda-se a observação das seguintes etapas: a. Estabelecimento e análise na forma de indicadores de desempenho. b. Reunir informações a respeito do desempenho real da empresa. c. Comparar as informações de desempenho real com o previsto pela empresa. d. Avaliar quando uma decisão foi deficiente, para corrigir os rumos e procedimentos que produziram resultados indesejados. e. Avaliar o desempenho dos profissionais envolvidos no processo. f. Acompanhar e avaliar a eficiência e a eficácia da ação de natureza corretiva. A eficácia do controle organizacional depende da elaboração adequada do planejamento empresarial. Quanto mais preciso, claro, completo e integrado forem os elementos de planejamento da empresa, mais eficaz tende a ser o controle organizacional. Devido à necessidade de controle, a gestão requer a aplicação de ferramentas gerenciais que lhe permitam ter informa- ções tempestivas para avaliar, comparativamente, o desempenho planejado e realizado da empresa, em todas as etapas do processo de gestão. O controle organizacional implica o uso dessas ferramentas e a imple- mentação de ações corretivas quando há identificação de resultados indese- jados ou quando o planejado não é equiparável ao realizado. Em alguns casos, o controle pode apontar uma reformulação total ou parcial do planejamento estratégico e operacional da empresa, justamente por identificar falhas de rumos dela. Isso favorece para o aprimoramento das ações da gestão. Uma vez estabelecido o planejamento operacional consistente com os objetivos estratégicos da empresa, a Controladoria deve atuar como 60 responsável pelo acompanhamento da execução dos planos validados, anali- sando as decisões da gestão, revisando o planejamento quando necessário, para a identificação de possíveis desvios, e sugerindo soluções corretivas do rumo da entidade. Não é função da Controladoria realizar a correção dos desvios, mas apontá-los, indicando caminhos para que os planos sejam revistos. Para uma revisão de planejamento, ela deve gerar informações suficientes para que a gestão faça as adequações, de modo a manter a viabili- dade dos planos (OLIVEIRA, 2018). Por isso, cabe à Controladoria criar os canais de comunicação para que todos os níveis da administração, por meio de sistemas de informações apropriados, tenham as informações sobre os planos. Além disso, ela deve acompanhar a execução destes. Embora o controle organizacional seja a última parte do processo de gestão, aconselha-se que ele seja realizado concomitantemente ao desenvol- vimento do planejamento estratégico, evitando que seja efetuado apenas no final do processo estratégico na empresa. Vale ressaltar que a realidade de cada empresa deve ser analisada dentro do seu modelo de gestão e dos fatores ambientais, para que o procedimento de elaboração do planejamento estratégico seja realmente bem conduzido. Atividades de aprendizagem 1. É responsabilidade da Controladoria acompanhar o processo de elabo- ração do planejamento empresarial. A formulação e a implementação do planejamento estratégico das empresas implicam na identificação da razão de existência da própria empresa, a qual comunica com clareza o porquê de ela existir e o seu propósito. Essa afirmação corresponde: a. Aos indicadores financeiros e não financeiros utilizados para mensurar o desempenho organizacional. b. Aos possíveis cenários em que a empresa atuará. c. A um modelo de construção das metas da empresa. d. A um sistema de avaliação de qualidade interna. e. À sua missão organizacional, a qual reflete a essência daquilo que representa a organização. 61 2. O planejamento empresarial precisa estar apoiado no processo decisório da empresa, uma vez que estabelece a sinergia organizacional, visto que todas as áreas da empresa buscam alcançar os objetivos empresariais. Diante disso, acerca do planejamento estratégico, avalie as afirmações a seguir. I. O planejamento estratégico é elaborado no nível institucional, com apoio da Controladoria, tendo um conteúdo detalhado e analítico. II. O planejamento estratégico corresponde à realização e implemen- tação efetiva das ações planejadas. III. O planejamento estratégico contempla a análise das variáveis ambien- tais internas, pela investigação das fraquezas e forças da empresa, e externas, pela identificação de possíveis ameaças e oportunidades. IV. O planejamento estratégico é o processo de transformar as intenções e metas estratégicas em aplicações práticas. À vista das afirmações apresentadas, estão corretas as afirmações: a. I e II, apenas. b. II e III, apenas. c. I e III, apenas. d. I, II e III, apenas. e. I, III e IV, apenas. 62 Seção 2 Controladoria estratégica A estratégia empresarial representa a determinação de metas a longo prazo e dos objetivos organizacionais, a adoção de ações e a aplicação dos recursos necessários para alcançar essas metas. Dentro do contexto da Controladoria, a estratégia é um conceito ligado à obtenção de vantagem competitiva. Normalmente, as empresas buscam obtê-la em suas atuações, contudo, isso não basta. A estratégia empresarial, para ser efetiva, precisa sustentá-la, e não apenas alcançá-la. Se a estratégia implica a busca e manutenção pela vantagem competitiva, é natural que, por diferentes perspectivas, o plano estratégico seja compre- endido como um conjunto de ações deliberadas que orienta, desenvolve e mantém as vantagens competitivas. Nesse contexto, a competitividade corresponde à capacidade de uma empresa de criar, implementar e propagar estratégias que a permitam manter ou estender sua posição no mercado de maneira sustentável. Para poder contribuir com o sucesso da finalidade do planejamento estra- tégico, a Controladoria deve exercer um papel preponderante. Ela deve apoiar, fornecendo subsídios para os diversos gestores no planejamento operacional e no controle das atividades comerciais, financeiras, administrativas, tribu- tárias, etc., por meio da manutenção de um sistema de informações que permita integrar essas várias funções e especialidades. Além disso, ela desen- volve seu papel quando também fornece as bases para o processo decisório da gestão empresarial, sendo responsável por acompanhar o processo de elaboração do planejamento da empresa. Portanto, a Controladoria se torna de fato estratégica quando, além de ponderar os aspectos que traduzem o planejamento estratégico, avaliaa necessidade das empresas de obtenção de vantagens competitivas nos ambientes competitivos. 2.1 Considerações iniciais sobre a estratégia O termo estratégia possui sua origem nos campos de batalhas gregos, com referência à “arte dos generais” (OLIVEIRA; PEREZ JÚNIOR; SILVA, 2013). Os antigos comandantes supremos gregos eram denominados de estrategos por serem escolhidos para planejar as ações dos combatentes, realizando os atos de guerra. Esse conceito foi incorporado ao ambiente corporativo. No âmbito empresarial, a estratégia representa uma forma de pensar no futuro de uma organização. É uma atividade que envolve considerar as ações que 63 impactarão no processo decisório, exigindo um profundo conhecimento da empresa, dos negócios e do ambiente, além de uma visão sistemática. Em uma empresa, a estratégia está associada ao modo como se aplicam os recursos físicos, tecnológicos, financeiros e humanos, considerando a minimização dos problemas internos e a maximização das oportunidades, as quais, geralmente, não são controláveis (OLIVEIRA, 2018). A estratégia empresarial implica na escolha de um caminho de ação para a empresa como um todo. A Figura 2.2 demonstra que, por meio de um caminho sinuoso, que pode ou não ser planejado num primeiro momento, a empresa alcança o momento presente em certa situação para avaliá-la como base para decidir sobre um caminho futuro. A avaliação disso acontece pela análise dos pontos fortes e fracos (e, às vezes, alguns pontos neutros) da empresa. Por outro lado, as oportunidades e ameaças, no ambiente empresarial, devem ser anali- sadas. É mediante essas análises que a empresa consegue determinar a missão, os objetivos e a postura estratégica, entendendo suas reais vantagens competitivas. Figura 2.2 | Escolha de um caminho de ação pela empresa Presente Empresa Ambiente Futuro ? ? ? Passado Pontos Fortes Oportunidades Ameaças Pontos Neutros Pontos Fracos Fonte: Oliveira (2018, p. 181). Diante disso, a necessidade de realização do planejamento estratégico pela gestão exige uma postura contributiva da Controladoria. O controller precisa atuar com proatividade, para obter informação, tendo um nível elevado de sensibilidade que o ajude a ser capaz de identificar ameaças e situações oportunas que podem surgir durante a atuação organizacional. A gestão deve reconhecer como vital o apoio da Controladoria em atendimento às necessidades estratégicas empresariais, porque a organização busca abranger todos os aspectos estratégicos de longo prazo, tendo em vista 64 a sua sobrevivência, o seu crescimento e a sua lucratividade, que sintetiza sua capacidade competitiva. Ao estabelecer o planejamento estratégico como processo gerencial, a Controladoria buscará acompanhar se sua execução está sendo efetiva. Para isso, ela implementará sistemas de indicadores de desempenho para diagnos- ticar problemas e verificar as medidas operacionais aderentes ao planeja- mento estratégico. Essa função é muito importante, porque permite reunir uma série de informações sobre a empresa, como monetárias, físicas, de produtividade, de qualidade, de sustentabilidade, etc. Esse volume de infor- mação, gerido por meio dos sistemas de informações, favorece a empresa num ponto fundamental: verificar se os aspectos do planejamento opera- cional estão de fato alinhados com as intenções do planejamento estratégico. Questões para reflexão Com o planejamento estratégico estabelecido, a Controladoria monito- rará operacionalmente as informações para mais tarde reportá-las à gestão executiva. Para isso, geralmente, ela busca implementar sistemas de medição de desempenho com indicadores úteis alinhados ao plano estratégico e dentro do modelo de gestão. Se não houver esse alinhamento, com quais possíveis consequências a empresa terá que lidar em relação ao seu planejamento estratégico? Com isso, é esperado que a Controladoria não apenas olhe para os aspectos internos da empresa, como também se preocupe com os clientes, fornecedores, empregados, sociedade e acionistas, além dos concorrentes. Devido à preocupação com as necessidades estratégicas, que moverão a gestão e os colaboradores, e com o monitoramento externo, a Controladoria ajudará a gestão da empresa nos relacionamentos interorganizacionais, para o desenvolvimento e a aplicação da estratégia empresarial. 2.2 A estratégia no âmbito da Controladoria As estratégias empresariais podem ser estabelecidas por empresas, por linhas de produtos ou por decisões de participação de mercado, projeção e desempenho. Pode envolver algumas perspectivas, tais como a mercado- lógica, tecnológica, institucional, administrativa, estrutural, de recursos humanos, financeira, de aquisição de parcerias estratégicas, entre outras. Consistem no processo pelo qual a gestão empresarial avalia as oportu- nidades e ameaças ambientais externas, a capacidade organizacional e os recursos internos, de modo a decidir sobre as metas e seus respectivos planos 65 de execução. Por essa visão, para Oliveira, Perez Júnior e Silva (2013), a gestão empresarial compõe um processo contínuo e cíclico de: a. Criar estratégias. b. Transmitir a estratégia, comunicando-a por toda a organização. c. Desenvolver e estabelecer táticas para implementar as estratégias. d. Desenvolver e implementar controles internos para aprimorar a execução da estratégia, tendo em vista o sucesso no alcance das metas estratégicas. A continuidade da empresa pela aplicação do planejamento de longo prazo depende da Controladoria. A competitividade existente, a globali- zação e a abertura de relações comerciais exigem uma gestão cada vez mais eficiente e eficaz quanto à realização dos propósitos organizacionais. De modo a contribuir com a empresa e sua gestão executiva, a Controladoria precisa exercer seu papel, apoiando e fornecendo as bases para o processo de tomada de decisão da gestão no planejamento empresarial e no controle das ações operacionais, comerciais, financeiras, fiscais, entre outras. Por causa disso, a manutenção dos sistemas de informações é fundamental para integrar as diversas áreas das empresas, as suas funções e capacidades. Padoveze (2016) e Figueiredo e Caggiano (2017) definem a Controladoria Estratégica como a atividade que abastece, com informações financeiras e não financeiras, por meio dos Sistemas de Informação Contábeis, os respon- sáveis pelo planejamento estratégico da empresa, com o propósito de apoiar os processos de análise, planejamento, implementação e controle estratégico, provendo o suporte estratégico. É vital que os sistemas de informações estejam alinhados com as estra- tégias organizacionais. Para isso, os seguintes pontos devem ser observados pela Controladoria: a. Atenção a todos os stakeholders (clientes, fornecedores, colabora- dores, acionistas, sociedade em geral, entre outros). b. Preocupação com as necessidades de longo prazo. c. Inclusão dos indicadores operacionais aderentes ao planejamento estratégico. d. Uso de informações monetárias, físicas, de produtividade e de qualidade. e. Consideração ao ambiente externo à empresa. f. Análise de custos totais dos concorrentes. 66 g. Análise de rentabilidade dos produtos dos concorrentes. h. Informações sobre o processo de gestão de preços de vendas dos concorrentes. i. Capacidade produtiva dos concorrentes. j. Satisfação dos clientes em relação à concorrência. k. Análise das razões de transações não efetivas ou perdidas. l. Nível de satisfação dos colaboradores. m. Reputação da empresa junto aos recrutadores e funcionários potenciais. n. Indicadores de absenteísmo. o. Indicadores de produtividade esperada. p. Análise da evolução da qualidade dos fornecedores. q. Análise da capacidade produtiva e saúde financeira dos fornecedores. r. Nível de relacionamento e satisfação com os fornecedores. s. Imagem e reputação institucional. 2.3 Gestão estratégica de custos Normalmente, a análise de custos é conhecida e praticadacomo o processo de avaliação do impacto financeiro das decisões gerenciais alter- nativas. Por sua vez, a Gestão Estratégica de Custos (GEC) deve ser vista, compreendida e praticada em um contexto mais amplo, em que os elementos estratégicos se tornam mais conscientes, explícitos e inseridos nos procedi- mentos da Controladoria e da Contabilidade de Custos. Em termos estratégicos, a GEC corresponde à associação entre o processo de gestão de custo e o processo de gestão da empresa para a obtenção de vantagens competitivas. Essa relação é fundamental para a sobrevivência da empresa em um ambiente competitivo, globalizado e dinâmico. Em termos operacionais, a GEC é uma abordagem para melhoria de desempenho organizacional, porque utiliza informações mais relevantes para as tomadas de decisão, quando comparada com as abordagens tradicionais de custos. Quando ela está integrada ao processo de gestão e à Controladoria, permite que a visão da empresa e a possibilidade de obtenção de vantagens competitivas sejam observadas. Assim, a empresa passa a considerar a GEC como: a) um instrumento para o processo decisório; b) uma abordagem focal 67 para a melhoria de resultados; c) uma prática de aprimoramento na capaci- dade da empresa de criação de valores. A GEC tem por objetivo assegurar uma vantagem competitiva às empresas. Conforme Shank e Govindarajan (1993), ela compreende uma análise vista sob um contexto mais amplo, em que os elementos estratégicos se tornam mais conscientes, explícitos e formais. Segundo os autores, a GEC resulta no conjunto de três temas, chamados de pilares, sendo cada um deles extraídos da literatura em gestão estratégica: a. Análise da cadeia de valor: conjunto de atividades de criação de valor que se inicia de fontes de matérias-primas, básicas, passa pelos fornecedores de componentes e termina após a entrega do produto final ao consumidor. b. Análise de posicionamento estratégico: corresponde à diferença das escolhas de vantagens competitivas, definida pelo escopo estratégico. c. Análise de determinantes de custos (cost drivers): são as causas estruturais dos custos, mas podem ser compreendidos como escolhas estratégicas que determinam um montante de custos. Por exemplo: escala, tecnologia, complexidade, escopo, inter-relacionamento, políticas, localização geográfica, fatores institucionais, etc. Para saber mais A análise de determinantes de custos é valiosa para o planejamento estratégico. Em essência, eles se referem às escolhas estratégicas, cujas decisões determinam um montante de custos. É possível citar, por exemplo, a localização geográfica da atividade de valor da empresa como determinante. Para Porter (1985), a localização geográfica de uma atividade de valor pode afetar seu custo. Por exemplo: a escolha da empresa de se instalar na cidade B, em vez da cidade A, sinaliza que a gestão executiva teve essa decisão visando atingir um montante de gastos tributários e custos menores, obtendo maior vantagem competi- tiva em relação aos concorrentes que atuam na região. 2.4 Vantagem competitiva e posicionamento estratégico De acordo com Porter (1985), a vantagem competitiva de uma empresa refere-se à posição relativa que esta possui no ambiente em que atua. Isso determina o alto ou baixo nível de lucratividade. Uma empresa busca se posicionar no mercado, visando obter elevados índices de retornos. A base fundamental para definir o seu posicionamento estratégico sustentável é compreender suas forças e suas fraquezas diante da concorrência. Por isso, 68 dois tipos básicos de posicionamento estratégico para a busca de vantagem competitiva podem ser considerados: Liderança em Custo e Diferenciação. A força e a fraqueza de uma empresa definem se sua posição estratégica será com foco em custo ou com foco em diferenciação. À vista disso, a estratégia competitiva adotada pela empresa consiste em um conjunto de ações especificas, desenvolvidas para criar vantagens compe- titivas sustentáveis em produtos ou mercados específicos (PADOVEZE, 2016). Devido ao posicionamento da empresa, a vantagem competitiva torna-se distinta e sustentável sobre a atuação dos concorrentes. O posicio- namento da empresa para estabelecer sua vantagem competitiva dependerá do ambiente em que atua e das forças competitivas de Porter (1985), como também do conjunto de escolhas estratégicas que definem o escopo da estra- tégia empresarial. É apenas com um escopo estratégico definido que seu posicionamento se torna efetivo. O posicionamento empresarial em custo ou em diferenciação visa à busca por vantagens competitivas de amplo alcance no ambiente econômico. A Liderança em Custo (também chamado de Baixo Custo) demonstra uma atuação em relação aos concorrentes que busca aumentar o Market Share (ou participação de mercado). Geralmente, ela acontece pelo uso de aborda- gens, tais como: a) economias de escala de produção; b) efeitos positivos da curva de aprendizagem; c) controles internos de custos de fabricação e de despesas administrativas; d) minimização de custos em áreas como Pesquisa e Desenvolvimento (P&D); e) sinergia entre força de vendas e publicidade. Segundo Padoveze (2016), a Liderança em Custo acontece quando a empresa consegue ofertar produtos a preços competitivos ou abaixo da média do mercado, tendo lucros elevados, porque seus custos são menores que os custos de seus concorrentes. Empresas que focam em ter baixos custos e alto volume de vendas são propensas a terem esse posicionamento. A Diferenciação visa diferenciar a oferta de produtos no mercado, de modo que os clientes possam perceber, atribuindo valor, para que a dispo- sição em obter tal produto seja contínua. Esse posicionamento gira em torno da promoção da qualidade do produto, seja pela engenharia que busca aprimorar a qualidade industrial do produto, seja pela criação de valor agregado pela percepção dos consumidores. Esses tipos de abordagens implicam na fidelidade à marca, por exemplo. A Diferenciação também pode ser relacionada a atributos de qualidade dos serviços prestados, à qualidade da oferta e ao status do produto. Quando há a criação de valor aos atributos de importância para os clientes, estes ficam dispostos a pagar um preço prêmio (aceitam pagar mais) pela diferenciação que o produto traz consigo. Isso ocorre por causa de uma faixa de produtos ou serviços diferenciados, 69 que é projetada para criar um apelo a um segmento diferente ou focar apenas em um único segmento (PADOVEZE, 2016). 2.5 Responsabilidades da Controladoria no planejamento estratégico A Controladoria é responsável por acompanhar o processo de elaboração do planejamento da empresa. Cabe a ela promover a criação do planejamento, contudo, não é de sua responsabilidade a definição do curso predeterminado de ação para a empresa. Essa atribuição é exercida pelos gestores executivos, e não pelo controller. Deverá considerar, no que tange à elaboração do plane- jamento estratégico, a inserção da estratégia como uma extensão da missão da empresa, uma vez que a missão organizacional é a síntese da razão de existência da própria empresa. A constituição do planejamento estratégico envolve os estilos de gestão e os principais relacionamentos dentro da entidade, como a alta administração, os executivos das unidades e de outros responsáveis por centros importantes, auxiliados pelo controller. É de responsabilidade da Controladoria criar um ambiente propicio para aperfeiçoar a comunicação entre todos os envolvidos na elaboração do plano, mediante atividades que desencadearão um conjunto de objetivos e metas mutuamente aceitos para o plano. Questões para reflexão E ́importante que o estilo de gestão seja diagnosticado pela Controla- doria para que o planejamento estratégico seja aderente a ele. À vista disso, convido você a refletir na seguinte questão: por que o planeja- mento estratégico precisa ser ajustado ao estilo do modelo de gestão? Considerando queo principal objetivo operacional de uma ativi- dade empresarial é a geração de caixa, o planejamento é fundamental. Por isso, a Controladoria é responsável também pelo estabelecimento e pela manutenção de um plano de operações integrado. Ela tem o dever de propor- cionar a existência de um planejamento empresarial que esteja apoiado no processo decisório da empresa. Esse planejamento estabelece, formalmente, a sinergia organizacional ao considerar que todas as áreas da empresa estão buscando atingir os objetivos organizacionais. Por causa disso, é esperado que os executivos, os sócios ou a alta adminis- tração participem do processo de elaboração do planejamento. Nesse processo, a Controladoria coordena o preparo e a manutenção do planeja- mento, o qual gera uma série de relatórios de previsão e ações estratégicas. 70 Quanto ao preparo do planejamento estratégico, é papel da Controladoria certificar que: a. O planejamento estabelecido apoie as políticas, os objetivos almejados da empresa e as escolhas estratégicas. b. O planejamento seja realista e viável (por exemplo, uma quantidade de vendas esperadas por vendedor, com base em históricos recentes). c. O planejamento de produção apoie o programa de vendas. d. O planejamento de produção esteja dentro das capacidades de produção. e. Os níveis de gastos sejam proporcionais às atividades a eles relacionadas. f. Haja fundos suficientes para as atividades projetadas (se não existir uma quantidade suficiente de recursos, originários de capital próprio ou de terceiros, o planejamento deve ser reprojetado em escala menor para comportar a capacidade patrimonial da empresa). Com o planejamento estratégico finalizado, a Controladoria apresenta o plano aos gestores, para estes avaliarem, sugerirem alterações e o validarem. É normal que, na prática, muitas reuniões aconteçam para viabilizarem as discussões sobre as mudanças no planejamento estratégico. Por fim, sugere-se que a apreciação e validação do planejamento estratégico seja feita com consciência. Atividades de aprendizagem 1. Analise o seguinte conceito de um posicionamento competitivo: “esse posicionamento competitivo gira em torno da promoção da quali- dade do produto, seja pela engenharia que busca aprimorar a quali- dade industrial do produto, seja pela criação de valor agregado pela percepção dos consumidores”. O conceito apresentado refere-se ao posicionamento de: a. Liderança em Custo. b. Diferenciação. c. Vantagem competitiva. d. Custos. e. Qualificação. 71 2. O plano estratégico corresponde ao planejamento que, ao considerar a empresa nas relações com as variáveis ambientais, analisa as ameaças e oportunidades, bem como seus reflexos na própria empresa, destacando seus pontos fortes e fracos e criando as diretrizes estratégicas. Quanto aos aspectos estratégicos, analise as seguintes frases. 1. A estratégia é um conceito ligado à ______. 2. As empresas buscam obter a ______ em suas atuações. 3. A estratégia, para ser efetiva, precisa sustentar a ______, e não apenas alcançá-la. 4. A estratégia abrange um conjunto de ações que orientam, desen- volvem e mantem a ______. A mesma expressão preenche as lacunas de todas as frases. Trata-se da expressão: a. Gestão empresarial. b. Controladoria. c. Vantagem competitiva. d. Diferenciação. e. Liderança em Custos. 72 Seção 3 Planejamento estratégico A Controladoria tem a atribuição de comparar os resultados gerados pela atividade empresarial com os que foram projetados. Para que isso ocorra da maneira desejada, é essencial que todos os membros da organização tenham os conhecimentos dos objetivos estabelecidos e dos caminhos a serem percorridos para alcançá-los. Compete à gestão executiva definir os objetivos estratégicos da empresa, bem como as ações requeridas para atingi-los. Em outras palavras: é função dela decidir o que fazer, traçando os objetivos e as definições estratégicas, além de aplicar as ferramentas de gestão para fazer as ações necessárias acontecerem. Essa prática gerencial, que deve ser feita de maneira organizada e sistema- tizada, busca atender a parte do processo de gestão conhecida como planeja- mento estratégico, o qual detalha os planos da empresa para os períodos de curto, médio e longo prazo. O seu foco maior são os objetivos de longo prazo, o atendimento ao processo decisório e o trabalho consistente de melhoria das projeções das ações de longo prazo, de modo que incorpore as mudanças ambientais que a princípio não foram previstas. Todas as informações a respeito disso estão representadas pelo planeja- mento estratégico, que será estudado nesta seção e se constituirá no principal instrumento de orientação e controle de todas as atividades da empresa. 3.1 Considerações iniciais Para Anthony e Govindarajan (2011), um processo de planejamento estratégico formal pode dar à empresa (1) uma estrutura para desenvolver um orçamento anual, (2) uma ferramenta de desenvolvimento gerencial, (3) um mecanismo para forçar os membros da organização a pensarem em longo prazo e (4) um meio de alinhar os profissionais da gestão e de cargos executivos com estratégias da empresa de longo prazo. Um dos benefícios da estratégia está no fato de ela prover uma base ampla, que facilita a elaboração do planejamento operacional e de um orçamento operacional eficaz. Uma empresa que não tenha um planejamento estratégico possui muitas questões estratégicas pendentes, que afetam a fase de planejamento 73 operacional, podendo levar a uma sobrecarga de informações (muitas delas sem utilidade) e a uma consideração inadequada de algumas alter- nativas estratégicas, impactando na qualidade das decisões de distribuição de recursos. Um benefício importante do planejamento estratégico é facilitar decisões que contribuem para a distribuição de recursos em suporte às opções estra- tégicas (ANTHONY; GOVINDARAJAN, 2011). A Figura 2.3 mostra um exemplo de como um processo de planejamento estratégico adequadamente elaborado reduz um conjunto de opções de tal forma que os tomadores de decisão sejam inteligentes quanto à distribuição de recursos durante a fase operacional. Assim, o plano estratégico auxilia a empresa na compreensão das implicações das decisões estratégicas para planos de ação em curto prazo. Figura 2.3 | Seleção das opções estratégicas pelo planejamento Opção estratégica A Opção estratégica B Opção estratégica C Opção estratégica D Opção estratégica E Planejamento estratégico Opção estratégica A Opção estratégica A Composição orçamentária (planejamento operacional) Fonte: adaptada de Anthony e Govindarajan (2011, p. 333). O planejamento estratégico formal pode ser compreendido como uma formidável ferramenta gerencial, que dá à gestão um modo de pensar sobre as estratégias e suas realizações. Na prática, o próprio processo de pensar estrategicamente acaba se sobrepondo ao que é o documento do plano. O planejamento estratégico serve de mecanismo para forçar a gestão a se preocupar mais sobre as questões de longo prazo; também, como um meio para criar alinhamentos entre os stakeholders da empresa. Por causa disso, as discussões tomam lugar durante o processo de elaboração do planejamento, e a comunicação das estratégias da empresa ajuda a unificar e alinhar os membros da organização com tais estratégias. Existem também limitações para o planejamento estratégico. Primeiro, o processo de elaboração dele não pode ser reduzido ao preenchimento de planilhas e formulários, criando burocratizações ao processo (ANTHONY; GOVINDARAJAN, 2011). Cabe às empresas levantarem ideias e questiona- mentos para as novas ações a serem propostas. Outra limitação é o risco de a empresa delegar a preparação do planejamento estratégico para um depar- tamento de apoio. A Controladoria precisa averiguar esse risco, porque não se pode perder a gestão efetiva da empresa no processo de elaboração do plano. Ainda, a elaboração do planejamento estratégico consometempo e é 74 custoso. O consumo de tempo de elaboração do plano, geralmente, é consi- derado como o gasto mais impactante. O plano estratégico pode ajudar as empresas de diversas maneiras, mas vale ressaltar o seguinte ponto: a gestão organizacional precisa estar conven- cida da importância do planejamento estratégico. De outra forma, ele se torna um mero exercício formal daqueles que o elaboram, tendo pouco efeito para o processo decisório. Ele é essencial em empresas de grande e médio porte e/ ou que possuem complexidade. Em pequenas empresas estáveis, a compre- ensão informal das direções de longo prazo da empresa ajuda no processo de decisão sobre as distribuições de recursos, contudo, recomenda-se que toda empresa tenha um planejamento estratégico, ainda que simples, desper- tando com clareza a consciência das pessoas da empresa quanto aos propó- sitos empresariais. Além disso, as incertezas ambientais sempre existirão, no entanto, a existência de um planejamento estratégico permite uma flexibili- dade para a empresa se ajustar às situações de mudanças ambientais. 3.2 Planejamento estratégico Figueiredo e Caggiano (2017) explicam que a atividade de planejar refere-se a uma estratégia para aumentar as chances de sucesso de uma empresa em um ambiente mutável. A existência de um planejamento estra- tégico não garante o sucesso, mas é eficaz quanto aos pressupostos que estão incluídos nele. A Controladoria Estratégica tem por foco o planejamento estratégico (FIGUEIREDO; CAGGIANO, 2017). Nesse sentido, este tem a função de preparar a empresa para aquilo que está por vir. Planejamento estratégico corresponde ao processo administrativo que proporciona sustentação metodológica para se estabelecer a direção adequada a ser seguida pela empresa, visando otimizar os níveis de interação com os fatores externos (elementos não controláveis) e atuar de forma inovadora e diferenciada (OLIVEIRA; PEREZ JÚNIOR; SILVA, 2013). Do ponto de vista gerencial, trata-se de uma ferramenta de controle gerencial interno para estabelecimento de metas de resultados organizacionais, que fornece meios à Controladoria para o acompanhamento do desempenho da empresa. Ele é de responsabilidade da gestão da empresa e diz respeito à criação de objetivos estratégicos e cursos de ações estratégicas a serem adotados, considerando as variáveis externas e internas à empresa. O planejamento estratégico também contempla as políticas da própria empresa, as quais devem ser respeitadas para que o processo estratégico seja coerente e suporte o processo decisório. 75 3.3 Classificações de estratégia As estratégias podem ser classificadas de diferentes maneiras. Oliveira (2018) sugere uma classificação que pode ajudar no enquadramento das empresas em diversas situações. a. Quanto à amplitude: Macroestratégia: corresponde à ação que a empresa vai tomar diante do ambiente, considerando sua missão e seus objetivos, bem como o resultado do diagnóstico estratégico. Estratégia Funcional: corresponde à forma de atuação de uma área funcional da empresa, normalmente correlacionada ao nível tático da empresa. Microestratégia: refere-se à forma de atuação operacional, normalmente correlacionada a uma meta da empresa, limitada a certo desafio. b. Quanto à concentração: Estratégia Pura: na qual se tem o desenvolvimento específico de uma ação em área de atividade. Exemplo: oferecer mais serviços aos consumi- dores, com o objetivo de neutralizar a alteração de preço de um produto por parte de um concorrente importante. Estratégia Conjunta: corresponde a uma combinação de estratégias em várias áreas. Por exemplo: uma empresa fabricante de telefones celulares pode adotar as seguintes estratégias simultaneamente: • Aumentar as despesas com propaganda, caso o aumento dos serviços aos consumidores não atinja os resultados desejados. • Aprimorar a qualidade do celular, com aumento em despesas em pesquisa e desenvolvimento. • Manter o preço do celular, mas concedendo descontos por quantidade comprada. c. Quanto à qualidade dos resultados: Estratégias Fortes: são as ações que provocam grandes mudanças ou impactos para a empresa. Estratégias Fracas: são as ações que provocam pequenas, mas significa- tivas, mudanças para a empresa. d. Quanto à fronteira: Estratégias internas à empresa: referem-se à reorganização de alguns setores da administração. Esse tipo de estratégia pode ser restrito pela obrigação de fazer a interligação entre aspectos internos e externos da empresa. 76 Estratégias externas à empresa: correspondem à descoberta de novas oportunidades como consequência da ação de um concorrente. Estratégias internas e externas à empresa (ou mista): correspondem à interligação entre aspectos internos (controláveis) e externos (não controlá- veis) da empresa. e. Quanto aos recursos aplicados: Estratégias de recursos humanos: referem-se à predominância de fatores humanos em um grande volume de recursos. Estratégias de recursos não humanos: referem-se à predominância de aplicação de recursos materiais e/ou financeiros. Estratégias de recursos humanos e não humanos (ou misto): referem-se ao equilíbrio entre os dois tipos de recursos aplicados (materiais e humanos). f. Quanto ao enfoque: Estratégias pessoais: representam os valores, as motivações, as proteções contra o ambiente hostil, os métodos de atuar no ambiente empresarial, as técnicas para lidar com as pessoas e a execução de tarefas. Estratégias empresariais: representam a ação da empresa perante seu ambiente. Não confunda essa classificação com a macroestratégia vista anteriormente, porque esta tem abordagem mais ampla. 3.4 Procedimento de elaboração do planejamento estratégico Um plano estratégico é uma visão pontual e pretendida para o futuro da empresa. Quando surge a preocupação com a formulação do planejamento estratégico, alguns fatores podem ser considerados no processo de sua elabo- ração. Tendo em vista que as empresas precisam apresentar um planejamento estratégico consistente com a sua missão, visão, seus valores e princípios, para Schmidt, Santos e Martins (2014), a atuação da Controladoria deve acompanhar a gestão no processo de construção do plano, a fim de consi- derar as diversas possibilidades e escolhas estratégicas que afetarão o rumo da empresa. Assim, é desejado que o planejamento estratégico seja um plano consistente, viável e claro, o qual deve identificar, analisar e avaliar: a. Os recursos disponíveis da empresa são limitados. b. As incertezas quanto à capacidade operacional. c. As incertezas quanto às intenções dos adversários. d. Os recursos comprometidos podem inviabilizar algumas ações. 77 e. As ações planejadas impactarão no futuro. f. As incertezas sobre o controle da situação futura. g. As percepções sobre o futuro podem não ser as mesmas para todos os envolvidos no processo. h. Todas as atividades do negócio, todos os períodos do planejamento e todos os relacionamentos internos e externos. i. Como será o setor de atuação da empresa. j. Em quais mercados a empresa competirá. k. Os concorrentes e parceiros potenciais no mercado. l. Os produtos e serviços a serem ofertados no mercado. m. Os clientes, suas necessidades, seus atributos e comportamentos. n. O valor a ser oferecido aos seus clientes por meio de seus produtos e serviços. o. As vantagens competitivas que pretende obter no longo prazo. p. O potencial de crescimento que pode afetar sua estrutura e seu porte. q. A sua rentabilidade pretendida. r. O montante de valor agregado aos acionistas. O planejamento estratégico deve assumir um caráter determinístico que o diferencia de uma simples previsão. A previsão implica na predição do futuro em algum grau, mas sem a interferência pela aplicação de uma ação futura por parte de quem planejou. O planejamento estratégico, por sua vez, requer intervenção e aplicação de ações que, normalmente, envolvem uma ação futura a ser tomada. Portanto, uma previsãopode predizer as condições ou sinalizar possíveis ações futuras das empresas e outras forças que atuam no ambiente econômico, tais como governos e concorrentes. Contudo, aquele que planeja estabelece o curso de ação desejado para atingir os objetivos da empresa. A Controladoria contribui na construção do planejamento estratégico, visando: a. Determinar a missão da entidade. b. Selecionar os principais objetivos a longo prazo. c. Desenvolver estratégias competitivas. 78 De acordo com Schmidt, Santos e Martins (2014), a Controladoria deve focar nas seguintes atividades, no que diz respeito à elaboração do planeja- mento estratégico: Visão geral: nas áreas suscetíveis a análises financeiras ou econômicas, a Controladoria deve preparar e analisar um material para ser disponibilizado para a gestão executiva. Se verificar que algumas conclusões a que os execu- tivos chegaram estão baseadas em informações errôneas, deverá interferir para criar um novo plano mais consistente. Missão organizacional: a missão será determinada a partir de um profundo conhecimento das forças e fraquezas da entidade, das crenças e dos valores dos responsáveis da empresa. Nas situações em que a Controladoria identificar variáveis inconsistentes, deverá indicar as falhas e apontar suges- tões alternativas. Objetivos de longo prazo: todas as projeções de longo prazo devem ser analisadas, considerando os cenários futuros identificados pela Controladoria, para que todas as variáveis internas e externas sejam avaliadas de forma consistente, considerando que a Controladoria tem conhecimento sistêmico da empresa. Desenvolvimento estratégico: na fase de desenvolvimento de estratégias, o papel da Controladoria é o de auxiliar na geração de informações neces- sárias, para que a gestão trace estratégias consistentes, contribuindo com análises financeiras, para determinar estratégias, dar sugestões sobre variá- veis macroeconômicas, custo, eficácia, desperdícios, taxas de inflação, etc. A elaboração de um plano estratégico abrange os seguintes elementos: a. A consonância com a missão organizacional. b. As análises ambientais externa e interna, que incluem: – A análise das variáveis ambientais. – A análise SWOT. c. O estabelecimento de diretrizes e objetivos estratégicos. d. A determinação de metas estratégicas. e. A avaliação das estratégias. 3.5 Consonância com a missão organizacional A estratégia a ser adotada precisa estar em consonância com a missão organi- zacional, as metas e os objetivos da empresa. A estratégia é, em essência, uma 79 visão de longo prazo, a qual pode ser observada pelo número de anos. Não há um limite temporal definido para o planejamento estratégico, porque isso varia de empresa para empresa e de necessidade para necessidade. Contudo, no geral, é razoável pensar o longo prazo como um período de cinco a oito anos. O pensamento estratégico leva todos os profissionais da empresa a pensarem sobre o que deve ser feito agora, para que os desejos estratégicos possam se concretizar. O plano estratégico contém as intenções da empresa e a maneira como ela deve proceder. A missão está incluída nisso, sendo ela a razão central da existência da empresa, indicando os stakeholders que atende com seus produtos e serviços no ambiente econômico. Em síntese, a missão corresponde a uma esfera dentro do qual a empresa atua ou poderá atuar. 3.6 Análise das variáveis ambientais O ambiente remoto compõe-se de entidades, as quais, apesar de não terem uma relação direta com a empresa, a afetam, exercem autoridade, domínio, influ- ências definidoras de variáveis conjunturais e regulamentares que condicionam a sua atuação no ambiente econômico (CATELLI, 2013). É possível citar como exemplo: governos, entidades de classe, associações, sindicatos, entidades fiscali- zadoras, etc. Quando se observam as ações das entidades remotas, diversas variá- veis surgem, afetando o ambiente em que a empresa atua (vide Quadro 2.1). Quadro 2.1 | Ambiente remoto e variáveis Va riá ve is Po lít ic as • Regime de governo • Governo atual/futuro • Relacionamento com outros países V ar iá ve is Te cn ol óg ic as • Tecnologia de produção • Tecnologia de vendas • Tecnologia de transportes • Tecnologia de administração • Tecnologia de comunicações • Tecnologia de informática Va riá ve is Ec on ôm ic as • PIB • Inflação • Distribuição de renda • Taxas de juros • Prazo de operações financeiras • Crédito • Inadimplência Va riá ve is Ec ol óg ic as • Restrições de exploração • Comprometimento da em- presa com • reposição e/ou restauração • Fiscalização Va riá ve is So ci ai s • Mercado de trabalho • Mudanças culturais • Capacitação técnica • Educação V ar iá ve is Re gu la tó ria s • Limites operacionais • Tributos • Prazos de financiamentos • Incentivos fiscais Fonte: Catelli (2013, p. 42). 80 A presença ou não dessas variáveis descreve o ambiente em que a empresa deve atuar e sinalizar os possíveis cenários com os quais poderá lidar para garantir sua sobrevivência, seu crescimento e sua lucratividade e o desenvol- vimento das demais entidades que atuam ao seu redor. A maior parte dessas variáveis não é controlável, mas impacta em outras variáveis que estão ou que podem estar sob influência direta, como no caso dos relacionamentos interorganizacionais do ambiente próximo. Este consiste no conjunto de entidades que compõem os seguimentos dos quais a empresa atua e parti- cipa. Por exemplo: fornecedores, clientes, concorrentes, consumidores, etc., como forma de relacionar a estratégia competitiva empresarial ao ambiente. Questões para reflexão Algumas variáveis ambientais podem ser associadas diretamente aos stakeholders. Uma variável política, por exemplo, remete ao stakeholder chamado Governo ou Entidades Governamentais. Seguindo essa lógica, quais stakeholders você consegue pensar quando observa as variáveis (1) tecnologia de transportes, (2) capacitação técnica e (3) fiscalização? As variáveis que determinam o escopo de atuação dessas entidades são preços, volumes, qualidade, prazos de recebimento e entrega, prazos de pagamento, taxas diversas, etc. Nesse contexto, seguimento é definido como um conjunto de atividades que comporá o ciclo econômico, a qual vai desde a obtenção de insumos até o consumo final de produtos ou serviços. 3.7 Análise SWOT A base de todo o processo de planejamento estratégico está em identi- ficar, coletar, armazenar, mensurar, analisar, entender, interpretar e julgar informações, consolidando ideias e conceitos para o processo de tomada de decisão (FIGUEIREDO; CAGGIANO, 2017). Para um planejamento estra- tégico, é sugerida a realização de análises das variáveis internas e externas do sistema empresa. Além das forças competitivas de Porter, já consideradas neste livro, pode-se considerar também a análise dos ambientes interno e externo pela Análise SWOT. A Análise SWOT avalia os pontos fortes e fracos e as ameaças (ou riscos) e oportunidades. Assim, ela é o procedimento que vislumbra as relações com os ambientes: a) S – Strenghts (Forças ou Pontos Fortes); b) W – Weaknesses (Fraquezas ou Pontos Fracos); c) O – Opportunities (Oportunidades); d) T – Threats (Riscos ou Ameaças). A Figura 2.4 ilustra a relação desses elementos. 81 Figura 2.4 | Análise SWOT PONTOS FORTES B Capitalizar C Melhorar D Monitorar A Eliminar O PO RT U N ID AD ES RI SC O S PONTOS FRACOS Variáveis Internas Va riá ve is Ex te rn as Fonte: adaptada de Nascimento e Reginato (2013). Essa análise é utilizada para o mapeamento das condições ambientais externas e internas (NASCIMENTO; REGINATO, 2013). As ameaças são variáveis ambientais externas de difícil controle, que podem representar riscos de continuidade para a atividade das empresas. Por isso, estas buscam detectá-las oportunamente para tomar medidas, a fim de minimizá-las. As oportunidades são variáveis externas, também de difícil controle, mas que podemse converter em estratégias voltadas à sobrevivência, ao crescimento e à lucratividade, consolidando a posição da empresa no mercado, desde que percebidas em tempo de serem usufruídas. Mesmo para as empresas que atuam no mesmo seguimento de mercado, as ameaças e oportunidades podem ser diferentes. Por isso, a Análise SWOT é única para cada empresa. Os pontos fortes correspondem às vantagens operacionais que a empresa possui em relação aos seus concorrentes, sendo considerados facilitadores da adoção de estratégia. Por sua vez, os pontos fracos representam fragili- dades operacionais que limitam a capacidade de adoção de uma estratégia. De acordo com Nascimento e Reginato (2013), tanto os pontos fortes quanto os fracos precisam ser analisados pela comparação entre a empresa e seus concorrentes. Portanto, as forças e fraquezas referem-se aos aspectos internos da organização comparados com a competição e as expectativas do mercado e descrevem o diagnóstico institucional. Cada componente da Análise SWOT deve ser mensurado, exceto se for explicitamente qualitativo. O quadro de análise deve ser interpretado pelos responsáveis pelo planejamento estratégico, por meio de um relatório sinté- tico que demonstre claramente a consciência da empresa quanto aos aspectos que afetam e afetarão suas operações atuais. 82 3.8 Determinação de diretrizes e objetivos estratégicos As diretrizes e os objetivos estratégicos são definidos com base nos resul- tados da avaliação das variáveis ambientais. Eles representam os benefícios tangíveis e duradouros da análise de algum cenário. As diretrizes estratégicas influenciam e são influenciadas pela análise da situação, por envolverem aspectos amplos de atuação da empresa que servem como base para o direcionamento de toda a entidade. São importantes no processo de determinação dos objetivos estratégicos globais. Elas significam um conjunto de indicações de caráter amplo que direcionam o compor- tamento da empresa como um todo e orientam o raciocínio no processo decisório para a escolha dos objetivos estratégicos globais. Veja alguns exemplos de diretrizes estratégicas: a. Desenvolver produtos que permitam a racionalização dos procedi- mentos e a desburocratização da administração, visando à redução da mão de obra envolvida. b. Racionalizar o processo de gestão interna, com ênfase na redução de gastos e no aumento da produtividade, melhorando a relação “custo-benefício”. c. Descentralizar as atividades da empresa, enfatizando o replaneja- mento do ativo fixo e a adoção de tecnologias adequadas às necessi- dades do mercado. d. Desenvolver uma sistemática de planejamento empresarial, a fim de permitir melhor visão do futuro, maior flexibilidade de ações e rapidez nas decisões. Os objetivos estratégicos devem ser situados, com o intuito de alcançar níveis de desempenho satisfatórios. Isso é possível pelas conclusões de análises ambientais, nas quais estão apresentadas, a princípio, as ações importantes que podem ser implementadas. Esses objetivos significam resul- tados esperados a serem atingidos pela empresa num determinado período e expressam as metas que a empresa quer atingir e o prazo. Os prazos estipu- lados servem como parâmetros das metas para avaliar o grau de alcance dos objetivos. Em suma, os objetivos estratégicos devem: a. Representar uma necessidade real e coerente com a missão organizacional. b. Representar uma prioridade dentro do conjunto de necessidades estratégicas. c. Serem claros, definidos, concretos e viáveis. 83 d. Serem desafiadores. A definição de critérios para avaliar se os resultados planejados foram obtidos dentro do prazo previsto pode ser complexa. Para alguns objetivos, torna-se difícil determinar as bases de indicadores, no entanto, indicadores que mensuram indiretamente os fatores que afetam o fenômeno podem ajudar. O alcance de um objetivo estratégico que esteja associado à melhoria geral na qualidade do produto da empresa, por exemplo, pode ser mensurado pelo aumento do volume de clientes ou pela redução do nível de reclamações. Os objetivos estratégicos representam tudo aquilo que é vital para uma empresa para manter sua capacidade competitiva e aumentar as suas vanta- gens em relação aos concorrentes atuais ou futuros. 3.9 Estabelecimento de metas estratégicas Conforme descrevem Shank e Govindarajan (1993), uma empresa deve considerar três metas estratégicas para desenvolver sua atuação no mercado: a) construir; b) manter; e c) colher. Para entender melhor isso, considere o seguinte exemplo. Imagine uma empresa que está há pouco tempo no mercado. Inicialmente, ela terá a meta de construir, porque está investindo, buscando participação no mercado. Uma vez alcançado um nível de vendas desejado, manterá o que conquistou, mantendo a posição competitiva. Caso perceba que possui a capacidade de realizar poucos investimentos para gerar fluxo de caixa, poderá arriscar na sua atuação no mercado para elevar o retorno financeiro, dado que ela possui eficiência. Assim, do ponto de vista estratégico, construir representa a busca pelo ganho em participação de mercado, ou seja, trata-se da meta de aumento da parcela de mercado. Essa meta estratégica pode implicar em uma redução dos ganhos ou de caixa, tendo sido muito utilizada por indústrias automobi- lísticas japonesas. É válido mencionar que essa meta estratégica é comum em empresas que entraram no mercado recentemente ou que buscam crescer no relacionamento com os clientes. Por causa do ensejo pela obtenção de uma parcela de mercado, algumas empresas apresentam-se dispostas a atuar com fluxos de caixa negativo ou mesmo com prejuízo, do ponto de vista da competência, para gerar atrativi- dade de clientes e crescimento pela necessidade inicial de realização de inves- timentos. Normalmente, as empresas capitalizadas que atuam de maneira agressiva, com pequena fatia de participação de mercado, especialmente em setores de grande crescimento, costumam aderir a essa meta estratégica. Por exemplo, citam-se os setores alimentício, biotecnologia, telecomunicações, etc. 84 Manter corresponde a uma meta estratégica que visa à manutenção ou preservação da fatia de mercado conquistada e da posição competitiva na qual a empresa se encontra. Para fazer isso, as organizações utilizam recursos e aplicam táticas, buscando se proteger contra as ameaças dos concorrentes no ambiente competitivo. As empresas que já possuem grandes participa- ções em mercados ou participações de mercado consolidadas, geralmente, adotam essa meta estratégica como meta de manutenção. É observável que o fluxo de caixa dos que a adotam, na maioria dos casos, apresenta-se equili- brado, ou seja, os montantes das entradas de recursos no caixa são equipará- veis às saídas de recursos no caixa. Colher implica na busca da maximização dos lucros e do fluxo de caixa, mesmo que isso, às vezes, represente uma perda da fatia de participação de mercado. Essa meta estratégica é comumente adotada pelas empresas que possuem alta participação nos mercados de baixo crescimento, como o setor de tabaco. Por causa dos poucos investimentos necessários, os fluxos de caixa líquidos tendem a ser positivos. Para saber mais As três metas estratégicas (construir, manter e colher) indicam também a maneira como a empresa está inserida no mercado. Uma empresa que busca construir, geralmente, está investindo em estrutura, em qualificação da mão de obra, em parcerias, visando captar clientes. Quando ela percebe que atingiu um patamar, alcançou um público- -alvo ou conquistou certos níveis de recursos, passa a atuar de modo a preservar o que conseguiu. Após isso, quando percebe que menos esforços podem ser aplicados para manter o que conquistou, melhora a eficiência, colhendo os retornos dos investimentos que fez. No que diz respeito à determinação de metas estratégias voltadas para a expansão da empresa, tendo em vista os produtos e o mercado, Oliveira (2018) apresentaalguns exemplos: Estratégia de Penetração de Mercado (crescimento): esta estratégia refere-se à busca por elevação dos volumes de vendas para os atuais produtos da empresa, nos mesmos mercados em que ela vem atuando. Estratégia de Desenvolvimento de Produto: esta estratégia refere-se à exploração de novos canais de distribuição dos produtos da empresa, seja pela descoberta de novas aplicações para os produtos, seja pela entrada da empresa em novos segmentos de mercado. 85 Estratégia de Desenvolvimento de Mercado (segmentação): este método de expansão de empresas refere-se à expansão geográfica dos mercados interno e externo. 3.10 Avaliação das estratégias A avaliação das estratégias corresponde ao momento em que se verifica se a estratégia foi ou não implementada como deveria, portanto, checa-se a estratégia para entender se proporcionou ou não o alcance dos objetivos, dos desafios e das metas da empresa. A Controladoria, junto à gestão, pode buscar compreender se os meios propostos na estratégia da empresa foram efetivos ao ponto de obter os resultados desejados pela gestão. Essa situação pode ser visualizada na Figura 2.5. Figura 2.5 | Avaliação da estratégia Resultados da estratégia Nível de alcance dos obje�vos, desafios e metas Meios Compara Fins Fonte: Oliveira (2018, p. 217). Questões para reflexão Uma estratégia não deve ser avaliada apenas após sua implementação, mas avaliada e revisada constantemente, para que as escolhas estraté- gias sejam as mais adequadas possíveis, considerando a mutabilidade do ambiente. Do ponto de vista da Controladoria, qual seria o impacto da gestão executiva da empresa que promover revisões constantes? O que você considera sobre isso? Segundo Oliveira (2018), os aspectos que devem ser analisados quanto à avaliação da estratégia são: a. A estratégia precisa estar alinhada aos aspectos internos da empresa. Isso inclui criar alinhamento com a cultura e o clima organizacional, para que assim seja aceita e apoiada em seu desenvolvimento. Em outras palavras, a empresa, como tudo, precisa estar consciente da estratégia, isto é, deve haver a consistência interna da estratégia. 86 b. A estratégia precisa estar alinhada aos aspectos externos da empresa. Ela deve estar em conformidade com as condições ambientais da empresa, tanto as atuais quanto as futuras, por meio de um processo de mudanças contínuas. Deve haver consistência da empresa em relação ao seu ambiente, porque desalinhamentos nesses aspectos pode levar a empresa ao fracasso na atuação operacional e na aplicação da sua estratégia. c. A estratégia precisa estar alinhada à visão, aos valores, à missão, aos cenários, à vantagem competitiva, à postura estratégica, bem como aos objetivos, às metas e às políticas da empresa. d. A estratégia precisa estar alinhada aos projetos, considerando os recursos existentes e disponíveis na empresa. A Controladoria deve orientar a gestão para que tome cuidado ao dimensionar os recursos que a estratégia proposta pretende requerer, estipulando os recursos críticos necessários às ações estratégicas. e. A estratégia precisa estar alinhada ao nível de risco que a empresa julga ser aceitável. Esse nível está associado aos recursos da empresa, dado que, quanto maior for a quantidade de recursos de uma empresa, maiores são os riscos que ela assume. f. A estratégia precisa estar alinhada ao período de tempo necessário para que os objetivos estratégicos sejam alcançados. Nesse caso, quanto mais distante no tempo estiverem os objetivos e desafios considerados, maiores serão o volume de mudanças que ocorrerão. Nesse sentido, é útil que as estratégias sejam elaboradas para serem flexíveis. g. A estratégia precisa estar alinhada às necessidades, aos desejos e às expec- tativas dos proprietários, executivos e demais profissionais da empresa. Atividades de aprendizagem 1. As estratégias esclarecem a maneira como os objetivos organizacionais podem ser alcançados, apontando as ações que permitirão esse alcance. A Análise SWOT é uma das ferramentas gerenciais, muito difundida para a análise dos ambientes externo e interno, sendo aplicável na elaboração do planejamento estratégico das organizações. É correto afirmar que a Análise SWOT: a. Assinala as habilidades necessárias para as empresas atingirem seus objetivos perseguidos, contrapondo àquelas que efetivamente se aplicaram em determinados contextos, indicando a lacuna existente. 87 b. Refere-se a um diagrama de causas e efeitos que sintetiza as falhas identificadas na empresa, voltado à elaboração indica- dores de desempenho. c. Representa, na forma de um quadro, os aspectos internos identifi- cados pelo diagnóstico institucional (análise das forças e fraquezas) e os aspectos ambientais externos (análise ameaças e oportunidades). d. Corresponde a uma comparação estruturada dos principais aspectos da empresa com referenciais de certificações de sistema de qualidade. e. Corresponde a um histograma que demonstra, de maneira analítica, os fatores críticos a serem enfrentados para o aprimoramento dos processos internos da organização. 2. A elaboração e a implementação de estratégias, por meio do planeja- mento estratégico, auxilia a gestão da empresa no processo decisório e na manutenção do equilíbrio das atividades operacionais com o ambiente no qual a empresa atua. A aplicação do planejamento ajuda o processo de gestão organizacional na medida em que conduz as pessoas da empresa a refle- tirem acerca das potencialidades, capacidades, fragilidades e dificuldades da empresa diante das condições ambientais. Observando esse contexto, avalie as seguintes asserções e sua relação proposta. I. O planejamento estratégico representa uma ferramenta de controle gerencial interno. PORQUE II. O planejamento estratégico é um instrumento para estabelecimento de metas de resultados, que fornece meios à Controladoria para o acompanhamento do desempenho da empresa. Em relação a essas asserções, assinale a opção que você julga ser correta: a. As asserções I e II são proposições verdadeiras, e a II é uma justificativa da I. b. As asserções I e II são proposições verdadeiras, mas a II não é uma justificativa da I. c. A asserção I é uma proposição verdadeira, e a II é uma proposição falsa. d. A asserção I é uma proposição falsa, e a II é uma proposição verdadeira. e. As asserções I e II são proposições falsas. 88 Fique Ligado! • O processo de gestão consiste nas fases de planejamento, execução e controle. • A fase de planejamento compõe-se pelo estabelecimento de objetivos estratégicos e operacionais. • A fase Execução refere-se ao momento de execução das ações daquilo que foi planejado. • A fase Controle refere-se à verificação do que as ações propostas que estão sendo realizadas representam devidamente para aquilo que foi planejado. • A estratégia empresarial determina as metas a longo prazo e os objetivos de uma empresa, a adoção de ações e a aplicação dos recursos necessários para alcançar essas metas. • As vantagens competitivas devem ser obtidas e mantidas pela atuação organizacional. • A estratégia corresponde ao processo pelo qual a gestão empresarial avalia as oportunidades e ameaças ambientais externas, a capacidade organizacional e os recursos internos, de modo a decidir sobre as metas e seus respectivos planos de execução. • A Gestão Estratégica de Custos representa a associação entre o processo de gestão de custo e o processo de gestão da empresa para a obtenção de vantagens competitivas. • O planejamento estratégico é de responsabilidade da gestão da empresa. • A Controladoria acompanha o processo de elaboração do planeja- mento da empresa, promovendo sua criação, embora não seja sua responsabilidade definir os cursos de ação da empresa. • A elaboração de um plano estratégico envolve a consonância com a missão organizacional, a análise ambiental externa e interna, o estabe- lecimento de diretrizes e objetivos estratégicos,a determinação de metas estratégicas e a avaliação das estratégias. 89 Para concluir o estudo da unidade Nesta unidade, você conheceu as fases do processo de gestão, essenciais à atividade da empresa. Destaca-se que a Controladoria tem por atribuição proporcionar o suporte informacional necessário em todas as etapas do processo de gestão, inclusive, no planejamento estratégico. Esta unidade deu ênfase ao planejamento estratégico. Você aprendeu que as empresas devem considerar suas forças e fraquezas, estando atento às ameaças e oportuni- dades, pois essas variáveis afetam a atuação organizacional nos ambientes em que atuam. Ao considerarmos a atuação da empresa, você pode perceber que o posicionamento da empresa (Liderança em Custo ou Diferenciação) dá fortes indicativos sobre como ela está no ambiente competitivo. Num ambiente econômico, competitivo e dinâmico, as empresas visam alcançar os resultados desejados e satisfatórios, conforme a proposta de suas intenções estratégicas e operacionais da gestão empresarial. Nesse sentido, elas precisam estabelecer de forma clara as suas estratégias, tendo consci- ência de suas vantagens competitivas e uma visão sistêmica para compre- ender todas as variáveis que giram ao seu redor e que fazem parte delas. Ao entender isso, estabelecendo a missão organizacional, podem construir, manter ou colher, conforme as metas estratégicas que forem estipuladas. Toda estratégia deve ser estabelecida dentro do modelo de gestão. Você também aprendeu que a Controladoria se insere nesse contexto ao exercer o papel de coordenar a criação e a manutenção do planejamento estra- tégico, o qual possibilita o acompanhamento das ações organizacionais, bem como a identificação das contribuições obtidas para a alcance dos objetivos da organização. O valor de um plano estratégico se expressa na síntese de um conjunto de relatórios gerenciais que demostram à gestão executiva aquilo que foi previsto e as ações estratégicas a serem tomadas. O planejamento estratégico não corresponde somente a um instrumento da gestão executiva da empresa, útil também para facilitar as interações da empresa com o seu ambiente, mas serve também como uma valiosa ferra- menta de controle gerencial interno. Contudo, o sucesso de sua aplicação depende essencialmente do envolvimento e comprometimento de todos os membros da organização com relação aos objetivos estratégicos estabele- cidos e ao conhecimento dos meios operacionais a serem percorridos para alcançá-los, sempre objetivando a eficácia e a eficiência organizacional. 90 Atividades de aprendizagem da unidade 1. O planejamento estratégico é essencial para diversas empresas, sendo uma ferramenta indispensável no planejamento e na gestão de processos organizacionais. O planejamento busca estimular o pensamento sobre o futuro, considerando as necessidades dos usuários da informação e o processo decisório, de maneira formalizada e articulada com os resultados almejados pela empresa. Considerando as etapas de um planejamento estratégico, avalie as afirmações a seguir: I. A formulação de estratégias em todos níveis e áreas da empresa possibilita a empresa reconhecer seus pontos fortes e fracos com as oportunidades que surgem no ambiente. II. A fase do planejamento estratégico fundamenta-se no cumprimento da missão organizacional. III. É desnecessária a preocupação da empresa com o ambiente externo, porque sua atribuição é permitir apenas a avaliação de oportuni- dades e ameaças internas no planejamento estratégico. IV. O planejamento estratégico está intimamente associado à análise dos ambientes interno e externo, permitindo a compreensão dos seus pontos fortes e fracos. São CORRETAS apenas as afirmações: a. I e II. b. I e III. c. II e IV. d. I, II e III. e. I, II e IV. 2. A Controladoria exerce a responsabilidade de promover a existência de um planejamento empresarial, apoiado no processo de tomada de decisão da empresa. Por causa disso, espera-se que os executivos e a gestão empresarial contribuam no processo de elaboração do planejamento. Nesse processo, a Controladoria deve coordenar o preparo e a manutenção do planejamento, para criar um conjunto de relatórios de previsão e ações estratégicas. 91 Isto posto, avalie as seguintes asserções e sua relação proposta: I. O Planejamento Estratégico representa um processo gerencial na determinação de metas e objetivos de uma empresa, a adoção de ações e a aplicação dos recursos necessários para alcançar essas metas, consi- derando as variáveis ambientais internas e externas à empresa. PORQUE II. O planejamento estratégico gera um conjunto de diretrizes estra- tégicas de longo prazo que norteia o planejamento operacional. De maneira geral, envolve uma ação futura a ser tomada de algo predeterminado inicialmente. Ele é essencial para o sucesso organi- zacional no alcance de seus objetivos estratégicos e no suporte ao processo decisório. A respeito dessas asserções, assinale a alternativa correta. a. As asserções I e II são proposições verdadeiras, e a II é uma justifica- tiva da I. b. As asserções I e II são proposições verdadeiras, mas a II não é uma justificativa da I. c. A asserção I é uma proposição verdadeira, e a II é uma proposição falsa. d. A asserção I é uma proposição falsa, e a II é uma proposição verdadeira. e. As asserções I e II são proposições falsas. 3. O processo de gestão corresponde a um processo de controle que visa assegurar a eficácia empresarial, caracterizada por um contínuo processo de tomada de decisão. Em relação ao processo de gestão, analise as seguintes afirmações. Considerando as etapas de um planejamento estratégico, avalie as afirmações a seguir: I. O processo de gestão compõe-se das fases de planejamento, execução e controle. II. A fase de controle consiste em um processo que estabelece os objetivos estratégicos, os quais implicam em escolhas de ações que conduzirão a empresa para os seus propósitos. 92 III. O planejamento estratégico é elaborado com base no direciona- mento dado pelas diretrizes operacionais e pelos cenários analisados no processo de planejamento operacional. IV. O controle organizacional, de maneira simples, é conceituado como a ação indispensável para assegurar a realização dos objetivos, das metas, das estratégias, dos projetos e dos planos de ação previamente estabelecidos. Estão CORRETAS apenas as afirmações: a. I e II. b. III e IV. c. I e IV. d. II e III. e. II e IV. 4. A Análise SWOT contempla as análises dos ambientes interno e externo. O quadro de análise do ambiente deve ser interpretado pelos responsáveis pelo planejamento estratégico, a fim de demonstrar a consciência da empresa quanto aos aspectos que afetam e afetarão suas operações atuais. Nesse contexto, cabe à Controladoria acompanhar o processo de análise, supor- tando a gestão no processo decisório. No que se refere à utilização da ferramenta SWOT, assinale a alternativa correta: a. A análise das ameaças da empresa, que são variáveis do ambiente externo, é mais relevante que a análise dos pontos fracos e fortes, voltada para o ambiente interno. b. As ameaças correspondem a fatores do ambiente externo que afetam as empresas, sendo de difícil controle, mas seus efeitos podem ser amenizados, considerando-se as variáveis internas. c. As oportunidades são variáveis internas e controláveis que colocam a empresa numa condição desejada. d. As ameaças e oportunidades ocorrem de maneira semelhante para as empresas que atuam no mesmo seguimento, devendo a cada uma delas neutralizar as ameaças para aproveitar as oportunidades, garan- tindo a vantagem competitiva. 93 e. Os pontos fracos da empresa são variáveis ambientais externas que podem prejudicar o alcance dos objetivos desejados, sendo, por causa disso, monitorados pelos gestores. 5. As metas estratégicas compõem os elementos vitais de uma empresa para manter sua capacidade competitiva e aumentar as suas vantagensdiante dos concorrentes num ambiente econômico, dinâmico e competitivo. Desse modo, uma empresa deve considerar as metas estratégicas para desenvolver sua atuação no mercado, ciente de seu posicionamento competitivo e das variáveis ambientais. Considerando as metas estratégicas, avalie as seguintes asserções e sua relação proposta. I. A meta estratégica construir é comum em empresas que entraram no mercado recentemente ou que buscam crescer no relacionamento com os clientes. PORQUE II. Construir significa a busca pelo aumento da participação de mercado. Em relação a essas asserções, assinale a alternativa que você julga ser correta. a. As asserções I e II são proposições verdadeiras, e a II é uma justificativa da I. b. As asserções I e II são proposições verdadeiras, mas a II não é uma justificativa da I. c. A asserção I é uma proposição verdadeira, e a II é uma proposição falsa. d. A asserção I é uma proposição falsa, e a II é uma proposição verdadeira. e. As asserções I e II são proposições falsas. Referências ANTHONY, Robert N.; GOVINDARAJAN, Vijay. Sistemas de controle gerencial. Tradução: Leila de Barros et al. Porto Alegre: AMGH, 2011. CATELLI, Armando. Controladoria: uma abordagem da gestão econômica. 2. ed. 10. reimpr. São Paulo: Atlas, 2013. FIGUEIREDO, Sandra; CAGGIANO, Paulo Cesar. Controladoria: teoria e prática. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2017. NASCIMENTO, Auster Moreira; REGINATO, Luciane (org.). Controladoria: um enfoque na eficácia organizacional. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2013. OLIVEIRA, Djalma de Pinho Rebouças de. Planejamento estratégico: conceitos, metodologia e práticas. 34. ed. São Paulo: Atlas, 2018. OLIVEIRA, Luis Martins de; PEREZ JÚNIOR, José Hernandez; SILVA, Carlos Alberto dos Santos. Controladoria Estratégica. 9. ed. São Paulo: Atlas, 2013. PADOVEZE, Clóvis Luís. Controladoria Estratégica Aplicada: conceitos, estrutura e sistema de informações. São Paulo: Cengage Learning, 2016. PORTER, Michael Eugene. Competitive Advantage: creating and sustaining superior perfor- mance. New York: Free Press, 1985. SCHMIDT, Paulo; SANTOS, José Luiz dos; MARTINS, Marco Antônio dos Santos. Manual de controladoria. São Paulo: Atlas, 2014. SHANK, J. K.; GOVINDARAJAN, V. Strategic cost management: the new tool for competitive advantage. New York: The Free Press, 1993. Unidade 3 Planejamento operacional e financeiro Objetivos de aprendizagem Caro leitor, nesta unidade, você está convidado a descobrir os desdobramentos do planejamento estratégico para aprender sobre o planejamento operacional e financeiro. Você verá o papel da Controladoria diante da necessidade de planejamento operacional e do estabelecimento de orçamentos empresariais. A asseguração da eficácia empresarial e do cumprimento das estratégias exige a criação e a implementação de planos operacionais. O planejamento operacional traz consigo a clareza das ações a serem praticadas. O orçamento empresarial, por sua vez, corresponderá a essas ações pela expressão monetária dos recursos que são requeridos o desenvolvimento organizacional. As discussões desta unidade pretendem apresentar a você a essência, as características, a utilidade e as aplicações do planejamento operacional como fundamento prático dentro do processo de gestão. Com base no plano operacional e na perspectiva de ações de curto prazo que a Controladoria pode acompanhar os rumos da organização, sugerindo correções de rumos. Do ponto de vista do orçamento empresarial, a Controladoria exerce o papel de acompanhar se os valores projetados correspondem de fato aos valores realizados. Dessa forma, ela avalia o resultado dessa comparação para apoiar as áreas da empresa. Com isso, esta unidade apresenta os aspectos teóricos e práticos do plano operacional no âmbito da Controladoria. Durante a leitura, você verá que o planejamento operacional se fundamenta pelas ações dos responsáveis das áreas e pela gestão de recursos que a administração faz nessa atuação. Por fim, descobrirá como a prática orçamentária fornece as peças básicas para a criação de sistemas de desempenhos organizacionais. Por consequência, pelo monitoramento das ações práticas, a melhoria contínua de controles e processos internos, elementos do sucesso organizacional, pode ser alcançada. Seção 1 | Planejamento operacional e orçamentário • Planejamento operacional e orçamentário: aspectos introdutórios. • Orçamento empresarial e premissas orçamentárias: conceituação introdutória de orçamento e pressupostos orçamentários. • Relação com o planejamento estratégico: alinhamento entre aspectos estratégicos e operacionais • Utilidades e limitações do orçamento: conceituação e implicações. Seção 2 | Orçamento empresarial • Conceitos fundamentais sobre orçamento: orçamento de tendências e base zero. • Tipos de orçamentos: orçamentos estático e flexível. • A Controladoria no processo orçamentário: o papel da Controladoria no orçamento e a importância das peças orçamentárias. • Implementação e elaboração do orçamento empresarial: as condições e o processo de elaboração do planejamento estratégico. Seção 3 | Técnicas orçamentárias • Categorias de planejamento: grupos de planejamento. • Técnicas orçamentárias: tipos de orçamentos operacionais. • Exemplos de orçamentos: demonstração de um orçamento econômico. Introdução à unidade A busca da eficácia e eficiência empresarial inicia-se pelo estabele- cimento do planejamento estratégico; após isso, estabelece-se o plane- jamento operacional, o qual visa estabelecer as ações práticas a serem tomadas pelas pessoas da empresa, cuja mensuração monetária expressa o orçamento empresarial e financeiro. Quando se observam as necessidades e as dificuldades do planejamento operacional, visualiza-se que os aspectos orçamentários envolvidos, mesmo com as simplificações de representações que modelos orçamentários podem assumir, demonstram a importância do orçamento no contexto da gestão empresarial. A Controladoria atua, nesse contexto, auxiliando os tomadores de decisão no estabelecimento de orçamentos operacionalmente viáveis. Nesse sentido, o orçamento empresarial pode ser compreendido como uma ferramenta à gestão, que objetiva proteger a empresa contra riscos, incertezas, ineficiências e desperdícios, inclusive, em graus que, às vezes, decorrem das atuações operacionais normais da empresa, dado que o ambiente econômico é mutável, dinâmico e desafiador. Além de propiciar essa proteção, o orçamento deve contribuir para identificar as oportunidades de mudanças nas operações internas e nos processos internos. Assim, o orçamento empresarial serve de instrumento para a prevenção e a proatividade da gestão empresarial. A Controladoria possui o dever de assegurar a eficácia organizacional em prol da eficiência, no que tange ao cumprimento de sua missão organi- zacional. A empresa, por sua vez, deve adotar um sistema orçamentário que contribua para o alcance dos objetivos empresariais. À vista disso, esta unidade apresenta-se estruturada em três seções. A primeira seção descreve o planejamento operacional e orçamentário, abordando seus aspectos, conceituações e pressupostos, retratando as utili- dades e limitações do orçamento empresarial. Nela, também é discutida a relação do planejamento operacional com a estratégia da empresa. A seção seguinte retrata os conceitos fundamentos do orçamento empresarial, bem como os tipos de orçamentos. Nesta seção, você verá a Controladoria pelas aplicações operacionais, tendo em vista seu papel no processo de elaboração e implementação das peças orçamentárias. A última seção desta unidade é destinada à apresentação das categorias de planejamento e técnicas orçamentárias. Nela, você conhecerá a importância dos suborçamentos e do papel dos responsáveis de cada área organizacional na formação do planejamento operacional. Por causa disso, você acompa- nhará o desenvolvimento de um caso que explora esses suborçamentos. Aproveite aleitura desta unidade! Você está convidado a compreender os detalhes de um planejamento operacional com os detalhes do funciona- mento orçamentário empresarial. Os rumos desejados de longo prazo da empresa, na prática, se concretizam pela execução dos orçamentos e das ações operacionais. Você entenderá que as razões da avaliação do planeja- mento empresarial passam pela revisão dos valores orçados em comparação aos valores realizados. A empresa deve avaliar suas estratégias, reformulan- do-as, se necessário. Como desdobramento das estratégias, o planejamento operacional a ser estudado nesta unidade corresponde a um importante instrumento de ação prática em todas as atividades da empresa. 98 Seção 1 Planejamento operacional e orçamentário Introdução à seção A Controladoria, como área da organização, exerce uma atuação essen- cial no que tange ao preparo e à elaboração do planejamento da empresa. Ela atua pela captação de informações, organização e sistematização de plano da organização para contribuir no estabelecimento dos orçamentos, bem como na definição das responsabilidades dos planos criados. Cabe à gestão da empresa definir as premissas orçamentárias, tendo como base o planejamento estratégico desenvolvido, inclusive, os objetivos estratégicos que a empresa pretende alcançar. E à Controladoria cabe o papel de criar, implementar e acompanhar todo o processo de avaliação de desempenho da empresa, decorrente do controle orçamentário, apoiando o estabelecimento de orçamentos financeiros e empresariais na empresa. A Controladoria visa acompanhar e avaliar as necessidades de estabe- lecimento dos planos operacionais, no entanto, os gestores responsáveis devem ser contundentes para contribuir para o planejamento operacional, segundo as diretrizes estratégicas e as necessidades de cada área da empresa. Deste modo, a Controladoria precisa criar um ambiente propício para que o planejamento seja construído pelos gestores de forma harmônica, trazendo à tona a visão sistêmica das operações da empresa. O planejamento, quando validado e aprovado, torna-se um instrumento para ser utilizado no cotidiano da empresa. Por meio do planejamento operacional, pode-se estabelecer sistemas de avaliação e medição de desempenho para que por eles sejam avaliadas as ações que foram implementadas, observando se aquilo que foi inicialmente proposto está de fato sendo executado. Esta seção introduz você aos aspectos iniciais do planejamento opera- cional e também do orçamento empresarial. O planejamento busca definir as ações a serem realizadas pelos setores ou áreas das empresas como etapas essenciais para a execução do planejamento estratégico em toda a empresa. 1.1 Aspectos introdutórios do planejamento operacional e orçamentário O planejamento operacional corresponde a um desdobramento do planejamento estratégico (NASCIMENTO; REGINATO, 2013). O planeja- mento estratégico tem uma natureza qualitativa, que visa proporcionar aos tomadores de decisão a escolha dos rumos e dos objetivos da empresa. Isso 99 demanda a adoção de planos de ações, expressos por meio dos orçamentos. Por sua vez, o planejamento operacional refere-se à quantificação dos recursos necessários e à definição orçamentária para se executar tais planos de ações, visando ao alcance dos objetivos. Cabe ressaltar que todos os plane- jamentos são acompanhados pelas ações da Controladoria. O planejamento empresarial (estratégico e operacional) consiste no estabelecimento de metas para períodos de longo, médio e curto prazos. Nascimento e Reginato (2013) explicam que, em cada tipo de meta, há certos níveis de detalhes quanto às operações a serem executadas. Quanto menor for o período, mais detalhes devem apresentar os planos de ações por meio das demonstrações projetadas, tais como o Balanço Patrimonial, a Demonstração do Resultado do Exercício e a Demonstração dos Fluxos de Caixa Projetados. Os planos de ações operacionais mencionados nesse contexto correspondem aos orçamentos de investimento, de marketing, de produção, de vendas, etc. Questões para reflexão Qual é a importância das projeções orçamentárias no Balanço Patrimo- nial, na Demonstração do Resultado do Exercício e na Demonstração dos Fluxos de Caixa? Por que estas três peças em conjunto se fazem fundamentais para a compreensão plena do orçamento empresarial? Os prazos do planejamento operacional devem ser observados pelo nível de visibilidade que a empresa tem acerca do ambiente econômico que ela atua. Se houver um nível de turbulência ambiental muito elevado, o plane- jamento operacional pode perder a utilidade caso abranja longos períodos. Isso ocorre porque o planejamento torna-se impreciso quando não se pode mensurar com razoável certeza a maior parte dos eventos que ocorrerão no futuro. Por causa disso, planejamentos longitudinais tendem a ser mais sinté- ticos, enquanto planejamentos de curto prazo costumam ser mais detalhados. Como o nível de visibilidade que a empresa tem sobre as variáveis ambientais pode dificultar a adoção de planos de prazos muito longos, muitas organizações priorizam os planejamentos mais curtos, conhecidos como orçamentos empresariais, agrupados em peças orçamentárias. O papel das peças orçamentárias na gestão empresarial é compreendido quando se observam as funções administrativas de uma empresa, as quais se resumem em três funções básicas: planejamento, organização e controle. Segundo Oliveira, Perez Jr. e Silva (2013), essas responsabilidades da gestão quanto ao orçamento são descritas da seguinte maneira: 100 a. Planejamento: corresponde à maneira como a gestão e a empresa pretendem alcançar os objetivos desejados. b. Organização: corresponde à gestão dos recursos da empresa, que devem estar dispostos de maneira a favorecer o alcance dos objetivos empresariais com eficiência e eficácia. c. Controle: corresponde à segurança de que as energias e ações da gestão e de todos os colaboradores subordinados estejam alinhadas à execução dos objetivos empresariais. A tarefa de elaborar o orçamento é de toda a organização, pois cada área possui responsabilidades e metas a serem alcançadas, as quais devem ser harmônicas com os propósitos da empresa. Do ponto de vista da gestão e da Controladoria, o processo orçamentário constitui-se num instrumento de acompanhamento do desempenho organizacional e asseguração de análise, correção e controle de desvios entre aquilo que foi planejado e aquilo que foi realizado. Orçamento significa a expressão quantitativa e formal dos planos da gestão empresarial que serve para auxiliar a coordenação e a implementação desses planos, sem perder de vista o foco da empresa e o processo de tomada de decisão. O orçamento global da empresa sintetiza os objetivos de todas as unidades de negócios e áreas de uma organização (vendas, produção, logística de suprimentos das matérias-primas, distribuição dos produtos acabados, finanças, investimentos em tecnologias de informática, etc.). Dessa forma, como instrumento, ele traz a definição quantitativa dos objetivos que foram estabelecidos e o detalhamento dos elementos necessários para alcançá-los, permitindo, ainda, o controle do desempenho organizacional e orçamentário. A criação do orçamento fundamenta-se na existência do planejamento estratégico da empresa após os desdobramentos iniciais do planejamento estratégico. 1.2 Orçamento empresarial Em linhas gerais, o orçamento empresarial representa um instrumento de gestão empresarial, essencial para qualquer empresa, seja qual for seu porte ou tipo de atividade econômica. As peças orçamentárias, entre outras coisas, demonstrarão as projeções das receitas prováveis, dando a base para verificar se a empresa estará apta a sobreviver no ambiente econômico. Conhecer as variáveis ambientais e as forças competitivas de Porter são fundamen- tais para compreender o mercado, o ambiente e os clientes, antecipando as tendências, prevenindo-se contra açõesoportunistas e reduzindo incertezas. A identificação desses elementos permite detectar as mudanças necessárias 101 que atenderão às necessidades da empresa, fornecendo maior precisão no processo de elaboração do orçamento empresarial. Com essa consideração, é possível definir o orçamento empresarial como sendo a quantificação do planejamento operacional. Serve para definir metas quantitativas de receitas, despesas, ganhos e perdas, estabelecendo projeções de fluxos de caixa e de patrimônio da empresa. A elaboração do orçamento empresarial sugere a criação de um modelo de gestão útil para projetar o futuro da empresa. O orçamento, por ser estimado, não é preciso, mas auxilia na execução e concretização das diretrizes apontadas pelo planejamento estratégico da empresa. O orçamento empresarial corresponde à parte mais detalhada de um planejamento organi- zacional, o qual se inicia pela elaboração do planejamento estratégico, avaliação da missão organizacional e visão da empresa e definição dos seus objetivos (NASCIMENTO; REGINATO, 2013). Esses atributos envolvem o processo de criação do modelo de gestão da empresa, o qual é único em cada empresa. Por conta desse fator, o processo de planejamento empresarial difere em cada empresa, e o próprio formato do orçamento empresarial é moldado pelo modelo de gestão e pelos aspectos dela, como consequências do planejamento operacional estabelecido inicialmente. O planejamento operacional é preparado segundo o direcionamento das diretrizes estratégicas e os cenários analisados no processo de planejamento estratégico, correspondendo à identificação, integração e avaliação das alter- nativas de ação, bem como à estipulação de um plano a ser estabelecido (CATELLI, 2013). O planejamento operacional destaca a prática das ações a serem tomadas para se alcançarem os resultados desejados. Logo, envolve o processo em que as decisões operacionais são tomadas por antecipação pelo envolvimento de toda a gestão. A expressão monetária dessas ações opera- cionais corresponde ao orçamento empresarial, o qual, ao mesmo tempo, retrata o compromisso de execução das atividades pela gestão. Além disso, o orçamento viabiliza o controle organizacional para a gestão e o controle orçamentário para a área da Controladoria. Veja o Quadro 3.1, que resume os aspectos mais importantes inerentes ao planejamento e controle orçamentário de uma organização: 102 Quadro 3.1 | Diferença entre planejamento operacional e orçamento Planejamento Orçamento É a definição prática e operacional do futuro desejado e meios mais eficazes para alcançá-lo. É a expressão monetária do planejamento operacional. É um processo de tomada de decisão por antecipação. É a etapa final de um processo de planejamento operacional. É um processo orientado no sentido de produzir uma ou várias situações futuras. É um compromisso de realização. Envolve um conjunto de decisões interdependentes, de gestores de diversas áreas. É um instrumento de acompanhamento e avaliação contínua do desempenho organizacional, das atividades e dos departamentos Fonte: adaptado de Oliveira, Perez Jr. e Silva (2013, p. 244). Uma vez reconhecida a influência dos modelos de gestão sobre o formato de orçamento empresarial, é necessário conhecer os atributos, conceitos, utilidades, limitações e aplicações de cada tipo de orçamento. Conhecer esses aspectos permite que a adoção do orçamento pela empresa componha-se em um instrumento útil e eficaz de gestão. 1.3 Premissas e objetivos orçamentários Para Schmidt, Santos e Martins (2014), a plenitude de um orçamento consiste no fato de que ele deve contemplar no planejamento operacional todas as atividades operacionais e acessórias da empresa. O orçamento deve dispor de um controle eficiente e eficaz que possibilite a apuração dos desvios entre os montantes planejados e realizados, visando efetuar ajustes de rumos da empresa em tempo hábil. As demonstrações contábeis, como Balanço Patrimonial, Demonstração do Resultado do Exercício e Demonstração dos Fluxos de Caixa, visam apresentar a posição patrimonial, financeira, de desempenho e de caixa da empresa. O planejamento orçamentário feito com base nessas estruturas patrimoniais não apenas traz a previsibilidades das informações, mas a capacidade de controles dos itens patrimoniais, segundo as metas a serem atingidas. Para isso, a criação de um cronograma de operações com a quanti- ficação das metas, monitorada pela Controladoria, se torna necessária. As metas dão a base para o julgamento e as avalições dos planos operacionais por meio de sistemas de indicadores de desempenho empresariais. Assim, é fundamental que todas as pessoas que exerçam responsabilidades em todos os níveis hierárquicos da empresa tenham participação na 103 formulação dos objetivos, viabilizando a sua participação no controle orçamentário e na análise de desempenho. Segundo Oliveira, Perez Jr. e Silva (2013), de maneira resumida, os objetivos orçamentários principais do orçamento são: a. Projetar de forma integrada e estruturada o resultado econômico e financeiro de um processo de planejamento. b. Controlar o desempenho, tendo em vista os objetivos e as metas estabelecidas para o acompanhamento das variações orçamentárias. Os objetivos apresentados são inalcançáveis se as seguintes premissas, observadas no Quadro 3.2, não forem consideradas no processo de elaboração do orçamento empresarial. Quadro 3.2 | Premissas orçamentárias Premissas Descrição Projeção para o futuro O orçamento irá estabelecer metas com base em estimativas de montantes de investimentos, receitas, despesas, ganhos e perdas, considerando aspectos passados e presentes. Expressão monetária De maneira geral, o orçamento deve ser expresso em termos de valores monetários, embora possa se utilizar elementos físicos. Flexibilidade Corresponde à adaptabilidade do orçamento em relação às mudanças no ambiente empresarial, cenário econômico e condições de trabalho, de legislação e de mercado em que a empresa atua. Comprometimento O orçamento não é de competência exclusiva da alta administração, mas de todos os níveis da empresa, tornando-o integrado e o mais realista possível. Completude O orçamento deve abranger todas as unidades, áreas, unidades, centros de resultado e centros de responsabilidades da empresa. Oportunidade A elaboração do orçamento deve ser tempestiva, de tal modo que sua execução possa ocorrer no momento adequado, favorecendo o processo de tomada de decisão. Uniformidade Os princípios e padrões utilizados para representar determinado período precisam ser os mesmos nos períodos subsequentes, com a finalidade de facilitar a comparabilidade da informação contábil e orçamentária entre diferentes períodos. Controle O orçamento irá destacar as divergências ou os desvios entre os valores orçados (previstos) e realizados, considerando o processo de tomada de decisões para ações corretivas, de modo que haja tempo hábil para a aplicação de ajustes em objetivos e metas. Fonte: elaborado pelo autor com base em Schmidt, Santos e Martins (2014). 104 1.4 Relação com o planejamento estratégico O planejamento estratégico implica no modo de pensar e decidir sobre a natureza e a dimensão dos programas e ações operacionais a serem execu- tados durante a aplicação das estratégias organizacionais (ANTHONY; GOVINDARAJAN, 2011). As ações para estabelecer o planejamento estra- tégico e preparar o orçamento compõem a necessidade do planejamento, embora os tipos de atividades possam ser distintos em ambos os casos. O orçamentário, normalmente, concentra-se em um único ano ou num curto período, ao passo que o planejamento estratégico se concentra nas atividades que se estendem pelo longo prazo. O orçamento depende de um plano estra- tégico porque as diretrizes estratégicas fornecem a base na qual o orçamento se desenvolve. O orçamento corresponde, num certo sentido, a uma parcela de curto prazoda estratégia estabelecida, mas o processo orçamentário envolve muito mais fatores do que apenas o estabelecimento de períodos para a execução de atividades. Em essência, o planejamento estratégico constitui-se por produtos ou programas a serem executados, enquanto o orçamento é mais analisado por centros de responsabilidade. Essa reorganização do programa é fundamental porque o orçamento serve para motivar o desempenho de um gerente antes do fato e para a avaliação de desempenho após o fato. Questões para reflexão O alinhamento entre as necessidades estratégicas e operacionais é funda- mental para estabelecer um orçamento coerente com as ações propostas. Quando isso não ocorre, na sua opinião, quais tipos de problemas uma empresa poderia enfrentar na elaboração orçamentária? 1.5 Utilidades e limitações do orçamento Anthony e Govindarajan (2011) listam quatro utilidades para a elabo- ração de um orçamento operacional: a) adequar o planejamento estratégico; b) auxiliar a coordenar as áreas da empresa; c) designar responsabilidade aos gestores, autorizando os montantes de recursos a serem gastos e gerenciados, informando o desempenho desejado deles; e d) obter o comprometimento, o qual é a base de avaliação de desempenho. Adequar o planejamento estratégico: o planejamento estratégico pode ser preparado a cada período, sendo criado e aprimorado com base nas informações disponíveis pelos sistemas de informações naquele momento (ANTHONY; GOVINDARAJAN, 2011). O orçamento deve estar atualizado 105 com as últimas informações disponíveis, sendo baseado na decisão da gestão de todos os níveis da empresa. A primeira definição orçamentária pode revelar o desempenho global da empresa desejado pela empresa e o desempenho que não seria satisfatório. Essa análise permite a melhoria do desempenho antes da execução de alguma operação específica. Coordenação: os gestores de cada centro de responsabilidade da empresa podem contribuir na preparação do orçamento. Por causa disso, é normal que, quando todos os envolvidos reúnem as peças em um plano geral, surjam diver- gências. Uma delas é a possibilidade de os planos de produção não estarem concisos com a quantidade de vendas planejada. Os planos para a distribuição de produtos finais, por exemplo, podem ser incoerentes com os planos das fábricas no que tange à entrega de componentes para os produtos. É necessário que, durante o processo de elaboração orçamentária, tais incoerências sejam identificadas e resolvidas (ANTHONY; GOVINDARAJAN, 2011). Estabelecendo responsabilidade: o orçamento validado e aprovado deve esclarecer pontualmente a responsabilidade dos gestores (ANTHONY; GOVINDARAJAN, 2011). Além disso, o orçamento autoriza os gestores a gerirem valores específicos para certas finalidades sem a solicitação de aprovação às autoridades superiores. Base para a avaliação de desempenho: o orçamento concede as bases para a avaliação de desempenho porque representa um compromisso alinhado aos interesses da empresa. O orçamento define a responsabilidade de cada área e o centro de responsabilidade empresarial, por exemplo, para as áreas do marketing. Em cada área, o orçamento estabelece a responsabi- lidade para cada centro, por exemplo, os escritórios de vendas regionais na organização de marketing. Nascimento e Reginato (2013) complementam essa lista de utilidades com menção a outros pontos. Segundo eles, o orçamento é uma ferramenta para a gestão empresarial porque permite o acompanhamento das atividades operacionais e a observância contínua das variações do volume de receitas, custos, despesas e investimentos. O orçamento é como se fosse uma bússola que orienta a gestão na condução das atividades da empresa quanto ao que deve fazer para obter os resultados desejados com eficiência e eficácia. Isso se torna viável pela possibilidade de que a adoção do orçamento permite criar e acompanhar o passo a passo da otimização do consumo de recursos e da determinação do nível de atividades e de resultados econômicos. O orçamento permite à gestão se precaver contra desequilíbrios entre receitas e gastos, viabilizando a tomada de decisões antecipada, a fim de corrigir rumos e falhas da empresa; também, estimar seus limites, procedendo ao processo 106 de tomada de decisões coordenadas que otimizem resultados econômicos ou identifiquem os fatores limitadores para que isso ocorra. É desejável que o orçamento seja segmentado em áreas de atividades, cujo detalhamento visa dar à gestão visibilidade suficiente para que atribua claramente a parcela de responsabilidades dos gestores dentro do plane- jamento. Um completo detalhamento do orçamento auxilia a gestão, por meio da atuação da Controladoria, a orientar e acompanhar os resultados das ações dos gestores durante a execução orçamentária. Isso concede à Controladoria a capacidade de auxiliar no processo de tomada de decisão de maneira apropriada, orientando com informações sobre os desempenhos das diversas áreas organizacionais e demonstrando aquilo que se planejou e se realizou, verificando se as responsabilidades designadas estão sendo de fato cumpridas, conforme a expectativa da empresa. Nesse sentido, o orçamento serve como um instrumento de validação da estratégia. Uma vez que ele quantifica a estratégia da empresa, permite avaliar eventuais desvios entre aquilo que foi planejado e aquilo que foi reali- zado, identificando falhas operacionais e de estratégias. A identificação de falhas permite que medidas corretivas sejam tomadas para não prejudicar o desempenho organizacional. Para saber mais O orçamento operacional, geralmente, abrange o período de um ano (curto prazo), estipulando as receitas e despesas. O orçamento estima o resultado potencial de uma empresa, expresso em termos monetá- rios, podendo, contudo, ser representado em termos não monetários (por exemplo: quantidades projetadas). Empresas sazonais podem apresentar mais de um orçamento por ano. Por exemplo: as empresas de vestuário, normalmente, têm um orçamento para o outono/inverno e outro para a primavera/verão. As limitações da adoção do orçamento são menores do que o volume de utilidades que se pode listar. Contudo, há pontos que precisam de atenção por parte da empresa. Ela precisa ter consciência de que o orçamento é um instrumento essencial para o processo administrativo, mas não é infalível, dado que suas informações representam uma estimativa, e a sua elaboração sem critérios pode torná-lo inútil. Se o orçamento for preparado com premissas equivocadas, pode induzir a decisões igualmente equivocadas, cujas correções de rumo exigem tempo e recursos, gerando os riscos de perder os resultados que a empresa tanto 107 deseja alcançar. Essa limitação pode ser neutralizada pelo zelo da gestão organizacional na adoção de premissas coerentes. Outra limitação está no fato de que os orçamentos podem conter excessos introduzidos por gestores. Alguns gestores podem modificar seu próprio comportamento na proposta orçamentária, visando se pouparem da explicação de eventuais desvios durante a execução do planejamento. Essa restrição pode ser minimizada pela aplicação de rigor e critérios adotados no momento da elaboração do planejamento orçamentário. A aplicação de mecanismos de controle, por ser de avaliação de desempenho, reduzem esse risco, mas deve-se observar que, dependendo do ambiente de controle da empresa, o orçamento tem o potencial de estimular conflitos de agência danosos à empresa. A existência de um orçamento exige um ambiente de controle forte. Alguns custos administrativos podem aumentar para que isso aconteça, no entanto, o controle deve existir de qualquer forma, pois, caso não exista, corre-se o risco da perda da noção sobre aspectos fundamentais de toda a gestão. Uma das principais limitações do orçamento está no fato de que sua elaboração reflete um ensejo futuro baseado no cenário visto na situação atual da empresa, ou seja, o orçamentoé como uma trajetória escrita a partir de um retrato fotográfico, preparado mediante a análise das variáveis ambientais (NASCIMENTO; REGINATO, 2013). Durante a execução do orçamento, as variáveis ambientais podem se comportar de forma diferente do esperado. Algumas vezes, o cenário empresarial pode ser mais favorável à atividade operacional da empresa do que àquele concebido durante elabo- ração do orçamento. Isso implica compreender que a empresa poderia obter resultados mais satisfatórios do que aqueles previstos inicialmente. Atividade de aprendizagem 1. Analise a seguinte afirmação: Permite à gestão estimar seus limites, procedendo ao processo de tomada de decisões coordenadas que otimizem resultados econômicos ou identifiquem os fatores limitadores para que isso ocorra. Essa afirmação corresponde ao(s): a. Planejamento estratégico. b. Planejamento operacional. c. Orçamento empresarial. 108 d. Sistemas de medições de desempenho. e. Controle gerencial. 2. O planejamento operacional corresponde à prática das ações a serem tomadas para se alcançar os resultados desejados e implica num processo em que as decisões operacionais são tomadas de maneira antecipada por toda a gestão, resultado no orçamento empresarial. Diante disso, acerca do planejamento operacional, avalie as afirmações a seguir. I. O planejamento operacional é a definição prática e operacional do futuro desejado e meios mais eficazes para alcançá-lo. II. O planejamento operacional é um processo de tomada de decisão por antecipação. III. O planejamento operacional é um instrumento de acompanhamento e avaliação contínua do desempenho organizacional, das atividades e dos departamentos. IV. O planejamento operacional envolve um conjunto de decisões interdependentes, de gestores de diversas áreas. É correto afirmar que as afirmações relativas ao planejamento operacional são: a. I e II, apenas. b. II e III, apenas. c. II, III e IV, apenas. d. I, II e IV, apenas. e. I, III e IV, apenas. 109 Seção 2 Orçamento empresarial Introdução à seção O estabelecimento de um orçamento empresarial exige clareza quanto aos seus fundamentos. O orçamento empresarial está subjacente ao plane- jamento empresarial. A Controladoria busca a todo instante examinar com cuidado os orçamentos de todas áreas da empresa, acompanhando a execução orçamentária e analisando-os para entender possíveis desvios de propósitos organizacionais. Também, busca compatibilizar as projeções de cada área, reunindo-as numa perspectiva global da empresa ou num plano mestre que demonstre todos os resultados desejados pela gestão empresarial. Em outras palavras, o orçamento empresarial demonstra a eficácia e a eficiência desejada pela organização na sua atuação e no ambiente competitivo. Com base nisso, os profissionais das áreas funcionais da empresa e a Controladoria podem avaliar os impactos econômicos, de fluxos de caixa e patrimoniais. A sobrevivência, o crescimento e a lucratividade da empresa no mercado pelo uso do orçamento empresarial dependem do adequado estabelecimento do plano. Por isso, conhecer os tipos de orçamentos e suas aplicabilidades torna-se essencial. Se o tipo de orçamento não for adequado e não atender à necessidade da empresa, as ações dos gestores não contribuirão para o planejamento estratégico, e as tomadas de decisões tornam-se equivocadas, sendo frustradas. Diante disso, esta seção visa apresentar os tipos de orçamentos, trazendo as considerações do papel da Controladoria no processo de elaboração do orçamento e discutindo os requisitos necessários a serem considerados durante a elaboração do orçamento. Além disso, você aprenderá que o processo de implementação e elaboração do sistema orçamentário é a base para uma gestão eficiente dos recursos empresariais. 2.1 Conceitos fundamentais de orçamentos Padoveze (2016) explica que não há uma única maneira de estruturar o orçamento para estabelecer o processo de avaliação e controle. A seguir, você conhecerá os dois principais conceitos existentes e importantes que fundamentam o processo de execução do plano orçamentário: Orçamento de Tendências e Orçamento Base Zero. 110 Orçamento de Tendências (ou Incremental) É comum a prática organizacional se pautar em dados históricos para estabelecer projeções futuras de situações e eventos. O Orçamento de Tendências, também conhecido como Orçamento Incremental, consiste na aplicação de dados passados para criação de projeções de situações futuras. Ele toma como base o orçamento passado, de modo tal que permita os ajustes nas contas orçadas para mais ou para menos, conforme a necessidade, para assim definir um novo orçamento empresarial. Em geral, essa prática traz resultados positivos porque eventos passados, muitas vezes, decorrem das estruturas organizacionais existentes, e isso eleva a probabilidade de eventos semelhantes se repetirem, considerando a inserção de novos elementos operacionais. Assim, a execução do Orçamento de Tendências exige a análise de eventos passados e do conhecimento da própria empresa para compreender quais eventos serão recorrentes, a fim de ser replicado no orçamento. Deve-se ponderar que a empresa poderá ter eventos futuros, pelos quais ainda não há bases definidas de estimativas para mensurar. Eventos novos que não possuem históricos devem ser mensurados utilizando outras bases e artefatos gerenciais. Da mesma forma, existirão eventos futuros que não terão um passado em que possam se basear as novas estimativas. Nesses casos, eles deverão ser orçados de outra maneira. Orçamento Base Zero O Orçamento Base Zero, como proposta conceitual, surgiu como uma contraposição ao Orçamento de Tendências (PADOVEZE, 2016). A ideia por trás dele está no rompimento com o passado e as informações histó- ricas. Esse tipo de orçamento retrata que a definição orçamentária nunca deve partir da observação de dados históricos porque eles seriam ineficientes para atender às necessidades futuras e poderiam preservar a continuidade de falhas orçamentárias ao longo do tempo. Segundo Padoveze (2016), o Orçamento Base Zero visa rediscutir as áreas funcionais da empresa em todas as vezes que se prepara o orçamento, levan- tando questionamentos sobre cada gasto e estrutura, visando checar a real necessidade de cada recurso. Nessa perspectiva, as atividades da empresa devem ser discutidas na empresa, não em função dos montantes de recursos, mas em função de seu propósito de existência para a contribuição na estra- tégia empresarial. Quando uma atividade é definida quanto ao seu propósito e existência, é realizada uma análise, partindo do zero e sem a utilização de bases anteriores para definir os montantes de gastos para a estruturação e manutenção da atividade, as metas e os objetivos. Nessa lógica, a aplicação do Orçamento Base Zero está associada aos conceitos de custo padrão. Numa 111 aplicação mais profunda, esse tipo de orçamento pode levar a discussões de reengenharia, isto é, a uma discussão quanto à definição de processos internos da empresa. 2.2 Tipos de orçamentos Quanto aos tipos de orçamentos, Padoveze (2016) lista a existência de, basicamente, dois tipos: Orçamento Estático e Orçamento Flexível. Orçamento Estático O Orçamento Estático é um tipo de orçamento mais comum. Nele, as peças orçamentárias são criadas pela fixação de um único nível de atividade ou volume de produção ou vendas. A definição desses volumes, por sua vez, acarreta nos montantes produtivos nas demais atividades da empresa. O orçamento é tido como estático na situação em que a gestão empresarial não permite nenhuma mudança nas peças orçamentárias durante o trans- correr de um determinado período. Nesse orçamento, os valores orçados não sofrem mudanças ao longo da execução orçamentária. Caso a empresa perceba que tais volumes definidos não serão alcançados, parte das peças orçamentárias podem perder valor e confiabilidade para o processo de acompanhamento,avaliação e controle das variações orçamen- tárias nas projeções e simulações. A falta de flexibilidade desse tipo de orçamento é caracterizada por conter um elemento crítico definido: o nível de atividade. Contudo, grandes empresas utilizam esse tipo de orçamento, principalmente, as multinacionais. A razão disso está na necessidade de essas empresas consolidarem as informações orçamentárias das várias unidades de negócios em um único orçamento-chave da empresa. O orçamento conso- lidado permite à gestão ter uma visão ampla das atividades empresariais e das projeções dos resultados econômicos nos lugares em que opera. Assim, a importância do Orçamento Estático recai no fato de que eventuais modifi- cações de níveis de volume em suas unidades de negócios não impactarão, necessariamente, nos montantes totais dos orçamentos de modo significa- tivo. Caso contrário, não haveria razões para a empresa manter um sistema de Orçamento Estático que não pudesse ser útil ao processo decisório. Orçamento Flexível A limitação trazida pelo Orçamento Estático pode ser sanada pela adoção do conceito de Orçamento Flexível. Por esse tipo de orçamento, a empresa não estabelece um número determinado de volume de produção ou vendas, mas admite uma faixa de nível de atividades aceitável para tais volumes. 112 Assim, o Orçamento Flexível pode ser compreendido como um conjunto de orçamentos ajustáveis a qualquer nível de atividades, conforme a necessidade. No Orçamento Flexível, os valores orçados podem sofrer mudanças ao longo da execução orçamentária. Esse tipo de orçamento permite estimar os gastos e investimentos nas atividades organizacionais, viabilizando uma análise abrangente das possíveis variações. Com isso, tem-se uma visão analítica das variáveis por áreas ou atividades e a aplicação de correções pontuais e robustas no caso de mudanças expressivas nos níveis de atividade de produção e venda. A flexibilidade orçamentária permite a checagem dos itens, das ativi- dades e de possíveis desvios em relação ao previsto, facilitando a investigação de motivos para a ocorrência desses desvios. Isso pode ser verificado ao se analisarem as mudanças em gastos variáveis e o preço de vendas, que podem não ter a mesma proporcionalidade (NASCIMENTO; REGINATO, 2013). Portanto, o fundamento base para a preparação do Orçamento Flexível está na separação entre custos fixos e variáveis. Os custos e despesas variá- veis (gastos variáveis) acompanham o nível de atividade (volume de vendas), ao passo que os custos e despesas fixos (gastos fixos) são tratados de maneira tradicional, pelo orçamento estático, observados pelo Sistema de Custeio Variável. Essa classificação acurada entre gastos variáveis e fixos é fundamental para que a aplicação do orçamento crie o efeito desejado (NASCIMENTO; REGINATO, 2013). O Quadro 3.3 apresenta um exemplo sintético de Orçamento Flexível. A possibilidade de uma mensuração unitária dos gastos permite a aplicação do enfoque do Orçamento Flexível. Ao associar os valores unitários aos volumes propostos, é possível gerar diversos orçamentos flexíveis, conforme necessário. Os gastos fixos continuam sendo apresentados dentro do enfoque tradicional do orçamento, que é o Orçamento Estático. 113 Quadro 3.3 | Exemplo de Orçamento Flexível para níveis de atividades pelo custeio variável Custeio Variável - Orçamento por unidade Dados unitários Projeções 1 2 3 Nível de Atividade – Volume de vendas 7.000 7.500 8.000 Receita de Vendas 31,00 217.000 232.500 248.000 ( - ) Matéria-prima 21,00 147.000 157.500 168.000 ( - ) Outros custos e despesas variáveis 0,80 5.600 6.000 6.400 Total dos gastos variáveis 21,80 152.600 163.500 174.400 Margem de Contribuição 9,20 64.400 69.000 73.600 Orçamento – Gastos mensais de estrutura ( - ) Custos Fixos de Manufatura 34.000 34.000 34.000 ( - ) Despesas Fixas 31.000 31.000 31.000 Total de Gastos Fixos 65.000 65.000 65.000 Resultado Operacional Projetado (600) 4.000 8.600 Fonte: elaborado pelo autor. Para a elaboração desse orçamento, pelo custeio variável, sugerem-se as etapas: a. Estimar as quantidades de unidades a serem vendidas. b. Estabelecer os preços unitários de cada unidade. c. Estabelecer os custos e despesas variáveis relacionados a tais unidades. d. Avaliar a alocação dos gastos fixos (gastos de estrutura). O Orçamento Flexível deve ser preparado por áreas de responsabili- dade porque permite esclarecimentos sobre os desvios entre o planejado e o realizado, incentivando o envolvimento dos gestores no processo de sua elaboração, bem como nas suas avaliações de desempenho. Esse orçamento corresponde, portanto, a um instrumento com valioso poder informacional, e sua flexibilidade é um aspecto de utilidade a ser considerado no rol de tipos de orçamentos, seja para substituir outro tipo de orçamento ou complemen- tá-lo nos atributos em que estes não o permitem. 114 Questões para reflexão Com base no que você aprendeu até aqui, em quais situações você imagina ser mais conveniente aplicar os orçamentos estático e flexível? Qual seria o papel da Controladoria em relação à elaboração desses orçamentos? Além dos tipos de orçamentos mencionados por Padoveze (2016), o orçamento pode ainda ser expresso de outras formas, conforme demonstra o Quadro 3.4. Quadro 3.4 | Outros tipos de orçamentos Orçamento Periódico Um novo orçamento é elaborado após a finalização de um período das atividades operacionais. Nele, os dados orçados e reais do período anterior servem de base para projetar o período seguinte. Orçamento contínuo O orçamento corresponde ao período futuro definido (por exemplo, 12 meses) subjacente ao momento atual. Por exemplo: em janeiro, o orçamento disponível corresponde ao período de janeiro a dezembro; em fevereiro, o orçamento corresponde aos meses de fevereiro a janeiro. Nele, sempre há um deslocamento de um mês adicional a cada momento transcorrido. Orçamento participativo O orçamento é elaborado a partir da participação plena dos responsáveis pelas áreas da empresa que possuem relação ou interesse no orçamento empresarial (por exemplo: diretores, gerentes, supervisores, etc.). Orçamento convencional O orçamento é elaborado exclusivamente pela alta administração da organização, não envolvendo os demais responsáveis pelas áreas da empresa no processo orçamentário. Orçamento Kaizen (melhoria contínua) Pressupõe a melhoria contínua das previsões orçamentárias com base nas expectativas da empresa definidas no planejamento empresarial. Geralmente, a otimização e a revisão constante das ações da engenharia contribuem para a melhoria contínua das operações. Fonte: elaborado pelo autor. 2.3 A Controladoria no processo de elaboração do orçamento Para sobreviver no mercado, as empresas precisam de crescimento e lucra- tividade. No entanto, esses elementos podem prejudicar a atividade organi- zacional no médio e longo prazo se não houver um planejamento adequado das ações a serem tomadas. Nascimento e Reginato (2013) explicam que isso acontece porque o crescimento está ligado ao aumento do volume de vendas (aumento do nível de atividade) e, por consequência, à necessidade de uma gestão atenta aos montantes de contas a pagar e a receber, ao volume 115 de estoques e aos montantes desembolsados para a realização de investi- mentos. Essa observação é importante porque uma empresa pode obter lucros expressivos que não se expressam na forma de caixa no momento em que são gerados. Em muitos casos, os resultados operacionais ficam retidos na forma de contas a receber e estoques até o momento da conversibilidade desses ativos em caixa líquido. Quando uma empresa atua de modo a não conciliar os prazos de recebi- mentos dos ativos, ela passa a ter dificuldades em gerar caixa pelas ações operacionais e passa a considerar a possibilidade de gerar caixa por fontes de financiamentos. Se essa ação não for planejada, pode prejudicar a empresa ao torná-la dependentede capital financeiro ao invés de trabalhar com o capital operacional, gerado por sua atuação. Em casos assim, os stakeholders (partes interessadas), como fornecedores, governo e funcionários, passam a criar uma pressão de pagamento na empresa, que pode provocar inadimplência e ações inconsequentes. Diante de cenários como esse, o planejamento torna-se indispensável, independente de qual seja a metodologia aderida para sua realização. Nesse contexto, a Controladoria tem sua reponsabilidade expandida e seus propó- sitos justificados, dado que sua atuação contribui para que o planejamento seja adequadamente estabelecido por todas as pessoas na empresa. O orçamento deve estar subjacente ao planejamento empresarial, cabendo à Controladoria realizar o exame cuidadoso dos orçamentos de todas as áreas da empresa, de modo a compatibilizar as projeções de cada área com a perspectiva global da empresa no que tange aos resultados desejados pela gestão empresarial, avaliando os impactos que esses valores podem gerar nos fluxos de caixa da empresa. É atribuição da Controladoria avaliar a sensatez de cada premissa adotada pela empresa na implementação do planejamento, visando identificar possí- veis gargalos nos fluxos de caixa e falhas nos processos operacionais. Sendo o caso, a Controladoria deve avisar a gestão empresarial sobre isso para provocar novas reflexões sobre as projeções, de modo a preservar os rumos estratégicos da empresa, evitando eventuais dificuldades financeiras e opera- cionais durante a aplicação do orçamento. Após definido, validado e implementado o orçamento, a Controladoria deverá monitorar o desenvolvimento da empresa, observando seus rumos. O orçamento servirá de base para a criação de quadros de indicadores de desempenho, úteis para moldar o comportamento organizacional em cada área, conforme as intenções estratégicas da gestão empresarial. Com as informações dos indicadores, derivados do orçamento, a Controladoria pode contrapor os montantes projetados com os montantes realizados, 116 tendo condições de sugerir alternativas de correções de rumos para empresa. Nascimento e Reginato (2013) citam um exemplo disso: se o Prazo Médio de Recebimento (PMR) de clientes estiver acima daquilo que foi projetado, a Controladoria deve disponibilizar essa informação, por meio dos sistemas de informações, para as áreas de vendas e compras, para que os seus profis- sionais busquem diminuir o PMR, enquanto aumentam o Prazo Médio de Pagamento (PMP). Esse pensamento também é válido para análises de receitas, custos ou despesas constantes no orçamento projetado. Assim, a Controladoria alerta a gestão empresarial quando identificadas as falhas e os desvios com indicadores que são preparados a partir do orçamento empresarial. Ao fazer isso, a Controladoria agrega valor à sua própria atuação e, ao mesmo tempo, resguarda a empresa contra o efeito que as incertezas ambientais e os imprevistos possam ocasionar ao seu fluxo de caixa e à sua continui- dade operacional. É inútil planejar e preparar o orçamento se não houver o controle de sua execução. Para Nascimento e Reginato (2013), o controle acontece pelo acompanhamento e pelas alterações das atividades empresariais. Considerando o processo de tomada de decisão, as peças orçamentárias são utilizadas de formas distintas, de acordo com as áreas gerencias da empresa e os tipos de tomadores de decisões e gestores operacionais. As peças básicas devem ser observadas em conjunto. Uma Demonstração do Resultado do Exercício pode interessar mais ao gerente de produção, mas essa peça é apenas uma parte do conjunto. Uma ênfase precisa ser dada aos fluxos de caixa junto às informações de cunho patrimonial (Balanço Patrimonial). Pela análise integrada dessas três peças, a gestão empresarial pode fornecer maior visibi- lidade quanto às operações da empresa e ao nível de alcance de suas expecta- tivas quanto ao atendimento daquilo que está proposto em orçamento. Para a área de Controladoria, todas as peças orçamentárias são igualmente relevantes porque elas guardam entre si uma relação de causalidade, cuja falta de uma não permite o pleno entendimento do desempenho da empresa, caso sejam examinadas de maneira separadas. Na visão da Controladoria, o orçamento corresponde a um dos instrumentos de acompanhamento das operações mais relevantes para a empresa, dado que serve como uma ferra- menta utilizada para recomendar a correção de rumos, apontando as causas de um determinado desempenho organizacional e suas implicações sobre o desempenho global da empresa. A área de Controladoria se utiliza do orçamento, observando a parcela realizada dos valores, assim como a parcela não realizada, identificando os motivos de eventuais desvios dos padrões estabelecidos de metas, provendo a 117 gestão com informações úteis para o processo decisório quanto ao futuro da empresa. O orçamento como um todo serve como a base para a estipulação de um conjunto de indicadores de avaliação de desempenhos, fundamentais para a realização das funções da Controladoria. Questões para reflexão Diante da necessidade de elaboração das peças orçamentárias, como a Controladoria pode se pautar nos sistemas de informações para preparar as projeções, de modo a integrar todas áreas da organização? 2.4 Requisitos a serem considerados na elaboração do orçamento Visando à busca de resultados favoráveis, o processo orçamentário exige a observância de princípios, que propicia maior aceitação e engajamentos de todas pessoas da empresa, no que tange à sua execução. Os princípios norteiam implementação e execução do orçamento empresarial, visando aos resultados desejados. Os princípios a seguir não são esgotantes, pois outros podem ser observados, conforme o modelo de gestão da empresa. Segundo Nascimento e Reginato (2013), os princípios são: a. Exequibilidade: o orçamento deve ter adequado dimensionamento ao volume de operações organizacionais. O resultado por ele previsto não deve ser superavaliado, para não desestimular os gestores. Por outro lado, o orçamento não deve ser de fácil execução, pois levaria os gestores a se esforçarem pouco para o alcance dos resultados. b. Participação: é desejável a participação da maior quantidade de gestores possível na elaboração do orçamento, porque isso melhora o comprometimento de todos na realização das metas e no alcance dos resultados desejados. Além disso, os gestores tornam-se mais conscientes quanto aos critérios utilizados pela empresa e às proje- ções efetuadas, para serem observadas se sua realização corresponde ao que foi efetivamente planejado. c. Comunicação: o orçamento deve ser divulgado, para que todos os gestores envolvidos possam ter ciência daquilo que precisa ser execu- tado e dos resultados que precisam ser atingidos, evitando mal-enten- didos. A comunicação adequada do orçamento contribui para evitar problemas. O orçamento requer divulgação dos valores e parâmetros contemplados por esse instrumento, mas exige que os critérios que foram estipulados na elaboração também sejam comunicados de maneira clara. 118 d. Autoridade e responsabilidade versus competências: o orçamento deve ser divulgado para toda a gestão, assim como aos responsáveis designados para a sua execução, a fim de esclarecer os limites de autonomia que cada um possui na realização das atividades previstas. Essa autonomia costuma ser relativa. A execução orçamentária dos gastos pode estar dentro do previsto, mas as receitas podem não estar aquém das expectativas. O equilíbrio orçamentário é um ponto que requer acompanhamento constante dos administradores da empresa. Em alguns casos, se o resultado realizado não atender às expecta- tivas em relação ao que se esperava, certo nível de centralização das decisões pode ser aplicável. e. Controle: o controle é a única forma conhecida para que se identifi- quem e se processem ajustes no planejamento empresarial. O controle perde sua eficáciaquando não há responsabilidades atribuídas aos gestores para que eles tomem as ações de implementação do plano e expliquem os eventuais desvios entre os resultados planejados e realizados. Assim, o controle exige a observância de dois pontos: o controle da execução do orçamento em si e a avaliação das coerências das explicações dadas pelos gestores em situações em que os resul- tados não são obtidos. O controle orçamentário é uma das funções da Controladoria. f. Processo de feedback: corresponde à notificação dos responsáveis pela execução orçamentária sobre eventuais desvios e falhas identifi- cados entre resultados planejados e executados. Por meio do feedback, pode-se chegar à conclusão sobre possíveis reorientações dos rumos da empresa ou da postura dos gestores responsáveis pela execução do orçamento. g. Aplicação como mecanismo de avaliação de gestores: o orçamento é um instrumento para a avaliação de desempenho da atuação da gestão e de toda a empresa. h. Orçamento por centros de responsabilidade: para um adequado controle da execução orçamentária e para o desígnio dos responsáveis por sua implementação, recomenda-se que o orçamento seja subdivi- dido por áreas de responsabilidade, porque facilita a identificação das origens de eventuais desvios, o apontamento de suas causas e a apresen- tação de alternativas para as suas correções pela área de Controladoria. i. Prazos: a elaboração orçamentária depende da definição de um cronograma, detalhando-se as etapas para a sua realização e os nomes dos participantes do processo inerente. 119 Para saber mais A definição de cronogramas costuma ser objeto de muitas discussões entre os diretores, gestores, alta administração e responsáveis pela Controladoria. É habitual que a Controladoria estabeleça reuniões periódicas com os responsáveis das áreas, para determinar ou revisar cronogramas, dando confiabilidade quanto à execução das atividades, de modo a preservar a sinergia da empresa. Além disso, eventualidades na execução do planejamento podem gerar a urgência de se revisar os níveis de autoridade e as responsabilidades das áreas para estabelecer novos procedimentos. 2.5 Implementação do sistema orçamentário O planejamento orçamentário, para ser implementado, requer a obser- vação de algumas condições (SCHMIDT; SANTOS; MARTINS, 2014), que são um conjunto de medidas e estruturas (PADOVEZE, 2016), bases para a organização orçamentária, conforme demonstrado no Quadro 3.5. Quadro 3.5 | Condições para o planejamento orçamentário Condições Descrição Estrutura Organizacional A estrutura da empresa deve permitir que todos os níveis hierárquicos participem do processo do planejamento orçamentário, contribuindo na elaboração dos objetivos e metas propostas e nas ações de controle organizacional. Criação de um Comitê de Planejamento Orçamentário Empresas em geral podem criar um comitê para fixar os objetivos e as metas da empresa, considerando as variáveis ambientais externas e internas, no que tange às conjunturas econômicas, operacionais e financeiras da empresa. Comprometimento em Relação ao Orçamento Todos as pessoas envolvidas com o planejamento orçamentário devem ser responsabilizadas em relação à definição de objetivos, metas e controles organizacionais, com a finalidade de alcançar os objetivos previamente estabelecidos. Sistema de Custos Integrado à Contabilidade A empresa precisa possuir um sistema de custos coordenado com a contabilidade, de modo que permita que elabore orçamentos de vendas e produção, por exemplo, para evidenciar os resultados realistas da empresa, de modo a projetar com acurácia os montantes financeiros. Contabilidade por Centro de Resultado A elaboração adequada dos orçamentos depende da organização da contabilidade por meio de centros de custos, para possibilitar a criação de metas para cada área ou unidade e o controle delas. Sistema Orçamentário Flexível A empresa precisa trabalhar com um sistema orçamentário informatizado, que seja flexível o suficiente para ser ajustado conforme as mudanças no ambiente econômico, na estrutura da empresa, etc. Fonte: adaptado de Schmidt, Santos e Martins (2014, p. 176-177). 120 Além das condições listadas, a Controladoria deve acompanhar o estabe- lecimento das premissas orçamentárias pelo comitê orçamentário ou pelos responsáveis gerais pelo orçamento, observando a maneira que se dará o modelo de condução do processo orçamentário. Nesse ponto, a Controladoria deve estruturar e monitorar os sistemas de informações contábeis, para que atendam a todos os princípios orçamentários definidos pela empresa. Além disso, cabe também à Controladoria definir as tecnologias de informações que fornecerão apoio à execução das atividades de cálculos e lançamentos orçamentários dentro dos sistemas (PADOVEZE, 2016). Na prática, as principais falhas ocorridas no estabelecimento do plane- jamento operacional e orçamentário decorre pela falta ou incompletude de observação de pelo menos um dos itens elencados no Quadro 3.5. Dentro do processo de planejamento operacional e orçamentário, pode-se destacar o papel do comitê de planejamento orçamentário, o qual é responsável pelo estudo, pela análise e pelas tomadas de decisões quanto aos impactos causados pelas alterações no mercado. Assim, destaca-se a necessidade de envolvimento da gestão empresarial no processo operacional de preparação do orçamento, especialmente no que tange à estipulação de objetivos e metas empresariais. Depois dessa etapa, a empresa deve focar em aspectos estratégicos pela identificação de oportunidades e ameaças do mercado. Empresas pequenas, geralmente, têm a Controladoria, os encarre- gados dos setores e a gestão empresarial como responsáveis por esse papel. A Figura 3.1 apresenta o fluxo do processo de elaboração do sistema orçamentário. Os fatores macroeconômicos correspondem às variáveis conjunturais da economia, do mercado interno e externo, da concorrência e de todas as demais variáveis ambientais. 121 Figura 3.1 | Fluxo do processo de elaboração do sistema orçamentário FATORES MACROECONÔMICOS COMITÊ DE PLANEJAMENTO ORÇAMENTÁRIO Aspectos de mercado financeiro Processos operacionais da empresa Aspectos internos Aspectos externos FIXAÇÃO DE OBJETIVOS E METAS PLANEJAMENTO CONTROLEFEEDBACK ANÁLISE E TOMADA DE DECISÃO Fonte: adaptado de Schmidt, Santos e Martins (2014, p. 176-177). Por outro lado, os aspectos externos do mercado financeiro podem inter- ferir nas informações orçamentárias quando se considera a evolução das taxas de juros, o risco de futuras operações financeiras, aa estabilidade econô- mica do país, etc. Schmidt, Santos e Martins (2014) explicam que a análise do processo operacional diz respeito a aspectos, como a produtividade, a quali- dade dos produtos, o preço dos produtos no mercado, os mercados atuais e emergentes, etc. Com base neles, o comitê de planejamento orçamentário fixa os objetivos e as metas para os próximos períodos orçamentários. São projetadas as atividades necessárias ao alcance dos objetivos propostos. A partir desse ponto, inicia-se o processo de planejamento operacional, em que a proposta inicial costuma ser dividida por unidades (centro de lucros). Ademais, tem-se também a fase de controle, em que são comparados os valores orçados com os realizados. No caso de desvios significativos, eles são informados ao comitê de planejamento orçamentário, para que sejam consi- derados nos planejamentos futuros. 122 2.6 Processo de elaboração do sistema orçamentário Schmidt, Santos e Martins (2014) esclarecem que o orçamento empre- sarial quantifica as atividades constantes no planejamento operacional da empresa, de maneira integrada, considerando aspectos econômicos e finan- ceiros. Segundo eles, o orçamento empresarial e financeiro é o resultado da consolidação dos orçamentos setoriais, conforme as necessidades das áreas, o qual se comporá nas peças orçamentárias da Demonstraçãodo Resultado do Exercício Projetada (DRE projetada), da Demonstração dos Fluxos de Caixa Projetada (DFC projetada) e do Balanço Patrimonial Projetado (veja a Figura 3.2). Essas demonstrações projetadas são elaboradas com base nas premissas orçamentárias e visam apresentar o desempenho econômico projetado da empresa, os valores de ingressos e desembolsos de recursos financeiros projetados para o período e a situação financeira e patrimonial da empresa projetada, considerando as origens e aplicações de recursos. Dessa forma, o orçamento empresarial compreende a integração orçamentária, obtida pela união das diversas áreas da empresa, expresso pelos diversos suborçamentos, os quais devem ser preparados de maneira sistemática e organizada, em razão das premissas definidas pela organização, destacadas por meio de fluxogramas. 123 Figura 3.2 | Fluxograma do modelo orçamentário Orçamento de vendas Orçamento de produção Reposição de estoques Orçamento de matéria-prima Resultados operacionais Orçamento das despesas operacionais Orçamento das despesas administra�vas Orçamento das despesas financeiras Orçamento de caixa Orçamento de inves�mento Resultado Final Orçamento de mão de obra direta Custos dos produtos vendidos Despesas variáveis de vendas (despesas comerciais) Orçamento dos custos indiretos de fabricação (e/ou custos fixos) DRE Projetada Fluxo de caixa Projetado Balanço Projetado Fonte: adaptado de Schmidt, Santos e Martins (2014, p. 176-177), Nascimento e Reginato (2013) e Padoveze (2016). A elaboração do orçamento empresarial começa após a validação e a aprovação das estratégicas empresariais, das políticas internas organiza- cionais, dos objetivos e das metas, quando se inicia o planejamento opera- cional. A partir da estratégia definida, os responsáveis pelas diversas áreas da empresa podem preparar suas ações operacionais e propor orçamentos iniciais a serem discutidos pelos diretores e gerentes da empresa, tendo em vista alcançar os objetivos globais da empresa em suas respectivas áreas, a eficiência e a eficácia. O orçamento empresarial e financeiro consiste no conjunto de pessoas, de tecnologia administrativa, de sistemas de informações, de recursos materiais e na administração do sistema para aplicação do planejamento operacional (PADOVEZE, 2016). O controller tem o papel de receber a delegação dos proprietários ou da diretoria executiva da empresa para liderar a organização 124 do processo orçamentário, contribuindo para a sinergia organizacional, tanto no que diz respeito aos sistemas de informações quanto à execução de cronogramas. Em termos gerais, segundo Padoveze (2016), é possível listar e generalizar os seguintes passos para a execução orçamentária: 1. Definição do planejamento estratégico (missão e objetivos corporativos). 2. Estruturar as variáveis ambientais para, a partir delas, determinar o fator limitante (geralmente, o fator limitante são as vendas, mas, às vezes, é a produção, como ocorre com empresas que trabalham com jazidas minerais, por exemplo). 3. Preparar o orçamento a partir da função restritiva do fator limitante em todas áreas da empresa. 4. Preparar os outros orçamentos, coordenando-os com o fator limitante e os objetivos empresariais. 5. Sintetizar todos os orçamentos para produzir um orçamento único, chamado de orçamento mestre. 6. Revisar o orçamento mestre para checar sua consonância com os objetivos empresariais. 7. Validar o orçamento mestre ou, caso não esteja de acordo com os objetivos empresariais, voltar ao passo 2 e repetir o processo até o orçamento ficar aceitável e validado. 8. Monitorar os resultados reais contra os resultados orçados e reportar variações. 9. Com base nos resultados das variações, tomar ações corretivas para reduzir as variações, revisando todos os orçamentos. Os itens 1 e 2 correspondem ao uso informações estratégicas para compreender o fator limitante da empresa que fornece a base para a elaboração orçamentária. Faça valer a pena 1. Analise o seguinte conceito orçamentário: A sua importância recai no fato de que eventuais modificações de níveis de volume em suas unidades de negócios não impactarão, necessariamente, nos montantes totais dos orçamentos de modo significativo. 125 O conceito apresentado refere-se ao orçamento: a. Base Zero. b. Incremental. c. Flexível. d. Estático. e. Kaizen. 2. O Orçamento Flexível deve ser preparado por áreas de responsabilidades, porque permite esclarecimentos sobre os desvios entre o planejado e o realizado, incentivando o envolvimento dos gestores no processo de sua elaboração, bem como nas suas avaliações de desempenho. Diante desse contexto, é correto afirmar que o Orçamento Flexível tem como uma de suas características: a. A definição orçamentária, que nunca parte da observação de dados históricos, porque eles seriam ineficientes para atender às necessidades futuras. b. O elemento do nível de atividade, considerado como crítico. c. A criação pela fixação de certo volume de produção ou vendas. d. A não modificação nas peças orçamentárias durante um determinado período. e. O fato de que os valores orçados podem sofrer mudanças ao longo da execução orçamentária. 126 Seção 3 Técnicas orçamentárias Introdução à seção A prática orçamentária se estende pelas técnicas orçamentárias. O orçamento empresarial e financeiro se expressa por diversos suborçamentos, os quais retratam a realidade aguardada da empresa quanto aos aspectos econômicos, financeiros e patrimoniais futuros. Cada suborçamento funciona como uma parte de uma peça, em que todas as partes se juntam para formar as peças finais, fundamentais para o planejamento operacional. O orçamento de vendas, por exemplo, é um suborçamento que retrata a expectativa da empresa em relação ao atendimento da demanda nos períodos seguintes. Por meio dele, a empresa estabelecerá as metas operacionais que produ- zirão esforços de todos os membros da organização para atingi-las. Uma vez definido isso, os departamentos administrativos, comerciais (e de marketing) e financeiro se projetarão em termos de despesas para fortalecer as ações da empresa. Quanto maior for a eficiência desse esforço, melhores tendem a ser os resultados da empresa. De maneira semelhante, a produção se projetará também para otimizar os custos, repensando processos internos, controles e condutas, se necessário, para atender aos ensejos organizacionais. Nesta seção, você verá como cada suborçamento se interliga entre si para formar as peças fundamentais orçamentárias. Pelo conjunto destas, é possível analisar a maneira como a empresa pretende atuar, visando à geração de desempenho econômico e caixa. Vale reforçar que a execução de um plano operacional assim requer a sinergia de toda a organização por meio da comunicação, da colaboração e do envolvimento de todos nos momentos de planejamento e execução das atividades operacionais. 3.1 Categorias de planejamento e técnicas orçamentárias De acordo com Oliveira, Perez Jr. e Silva (2013), a elaboração do planeja- mento operacional pode ser composta em três grandes grupos, com aspectos distintos, mas interdependentes: a) planejamento econômico (operacional); b) planejamento financeiro; e c) planejamento de capital. O planejamento econômico e operacional corresponde à fixação de metas para as contas de resultados, itens de receitas e despesas, que comporão o resultado do exercício. De forma resumida, os autores explicam os principais suborçamentos que compõem esse plano: 127 a. Orçamento de vendas: consiste na elaboração das metas de vendas empresariais, em termos de quantidade e valores, classificadas por produtos, região, tipos de clientes, etc. Ressalta-se que as metas previamente estabelecidas precisam ser atingíveis, dado que todos os demais suborçamentos são preparados com base premissa. b. Orçamento de produção: com base nas metas de vendas, políticas de estocagem e estoquesiniciais de produtos acabados, pode ser elaborado o plano de produção, no qual são estimadas as quantidades de produção necessárias para que a empresa supra todo o seu planejamento de vendas. Nesta fase, a empresa deve analisar se possui capacidade para atender à demanda de produção necessária. c. Orçamento de matéria-prima: com base no plano de produção, pode-se elaborar o orçamento de matéria-prima. Cada tipo de produto a ser produzido requer um conjunto de materiais e matéria- prima. As quantidades e os valores desse conjunto devem estar discriminados, segundo a necessidade produtiva. d. Orçamento de mão de obra direta: é elaborado com base no plano de produção. Para cada tipo de produto a ser fabricado deve existir um quadro de tempo de atividade para analisar o tempo de mão de obra requerida para a produção de cada produto. e. Orçamento dos custos indiretos de fabricação (CIFs): geralmente, os CIFs são de natureza fixa. A depreciação é um exemplo de custo dessa parte orçamentária, cuja informação deve ser obtida com base no orçamento de capital (imobilizado). Recomenda-se que sejam feitos levantamentos com certa regularidade, para identificar possíveis aumentos de capacidade produtiva fabril, uma vez que isso pode afetar a estrutura de gastos da empresa. f. Orçamento de despesas administrativas: as despesas administrativas, geralmente, possuem natureza fixa. Sugere-se que seja analisada a estrutura administrativa empresarial para determinar se ela é aceitável para a execução dos orçamentos anteriores. g. Orçamento de despesas comerciais: essas despesas têm natureza fixa e variável. A parte fixa deve ser elaborada pela utilização de custos históricos, enquanto a parte variável (por exemplo, comissões) deve ser elaborada com base no orçamento de vendas. h. Orçamento de despesas financeiras: as despesas financeiras devem ser elaboradas a partir do Planejamento Financeiro, avaliando-se a 128 necessidade de geração de fluxos de caixa da empresa, de modo a viabilizar a execução dos planos orçamentários anteriores. Questões para reflexão A elaboração de orçamentos exige da Controladoria uma comunicação com as diversas áreas da empresa para obter informações suficientes que forneçam as bases das projeções futuras. Diante disso, na sua opinião, qual deve ser a postura e as ações da Controladoria no exercício dessa comunicação dentro da organização? O planejamento financeiro consiste na elaboração de suborçamentos das atividades que impactam nos fluxos de caixa. Eles permitem à empresa obter informações úteis e antecipadas quanto à capacidade e necessidade futura de recurso financeiros. O orçamento de capital, por exemplo, exerce muita influência sobre o planejamento financeiro, uma vez que os investimentos em itens de imobilizado são relevantes por causarem significativo desem- bolso de caixa para a empresa. Os principais suborçamentos que compõem o planejamento financeiro são: a. Orçamento de contas a pagar: refere-se à conversão e represen- tação de todas as despesas, reconhecidas pelo regime competência, constantes do planejamento econômico para o regime de caixa, considerando as previsões de seus respectivos pagamentos. b. Orçamento de contas a receber: refere-se à conversibilidade de todas as receitas constantes do planejamento econômico para o regime de caixa, reconhecendo as receitas pelo caixa em termos de recebimentos futuros. c. Orçamento de aplicações: consiste no plano do grupo das dispo- nibilidades de caixa e envolve a antecipação da informação sobre a geração e o consumo de caixa futuro. d. Orçamento de empréstimos: refere-se ao plano das necessidades de caixa, relativas às relações com as entidades financeiras, e contempla a antecipação da informação sobre possível escassez de caixa e ações que devem ser tomadas para atender às necessidades. e. Orçamento de caixa: consiste na elaboração do plano do fluxo de caixa, com pagamentos e recebimentos, mediante informações obtidas dos orçamentos de contas a pagar, a receber, aplicações e empréstimos, cujo propósito é permitir a visualização da geração 129 ou do consumo de caixa e das faltas de caixa a serem sanadas, para tornar viável a execução dos demais planos. O planejamento do capital refere-se à elaboração das estimativas de investimentos (itens de imobilizado, por exemplo) a serem aplicadas para a geração de receitas futuras, com seus valores de depreciação ou amortização. O orçamento de imobilizado corresponde a um suborçamento do plano de capital, o qual consiste na preparação orçamentária dos investimentos em imobilizado. Questões para reflexão Considerando que no imobilizado da empresa encontra-se a maioria dos recursos de estrutura, na sua opinião, qual seria a importância do planejamento de capital para uma empresa de logística, que tem em seu pátio cerca de vinte e cinco caminhões? E no caso de uma empresa de transportes coletivos? 3.2 Exemplo: caso Metal Brilhante Aqui, demonstraremos a você um caso simples de elaboração orçamen- tária para uma empresa industrial. A empresa Metal Brilhante S.A., locali- zada em AlegreCity, solicitou ao controle que preparasse um orçamento empresarial para 20x1. A empresa exerce uma atividade industrial de médio porte. O controller foi convocado como responsável para coordenar os traba- lhos na empresa, devido à sua competência e ao seu profissionalismo. A empresa Metal Brilhante industrializa no Brasil, mas revende para o mercado local e exporta para muitos países dois conjuntos de equipamentos elétricos: os modelos A e B. O modelo A consiste em 15 ferramentas, enquanto o modelo B compõe-se de 21. Normalmente, as vendas dos conjuntos ocorrem em caixas de aço e alumínio, que permitem o acondicionamento e o transporte. Isso permite que mecânicos, por exemplo, possam se locomover para prestar manutenção em diversos locais. A Controladoria, órgão vital da empresa, coletou as seguintes informações, as quais foram utilizadas para a elaboração do orçamento 20x1. Para saber mais Embora o foco do exemplo do caso da Metal Brilhante S.A. esteja nos dois tipos de produtos, o orçamento pode ser gerado e demonstrado, considerando cenários (por exemplo: desfavorável, aceitável, favorável), localidades (por exemplo: cidade A e cidade B), situação prevista e reali- zada global, entre outras formas. 130 Cenário econômico para o orçamento de vendas O diretor do departamento comercial e a Controladoria, em reunião, definiram as metas de vendas da empresa para o ano 20x1. Foram projetadas as vendas dos dois modelos de produtos que a empresa comercializa, cujo volume é superior ao volume do ano 20x0 (ano anterior). As novas infor- mações foram definidas com base em pesquisas de mercado, na análise do ambiente econômico, no conhecimento do perfil dos clientes e na análise feita sobre as forças competitivas dos fornecedores. Em 20x0, as vendas da empresa foram as seguintes (veja no Quadro 3.6): Quadro 3.6 | Vendas anuais realizadas pela empresa Metal Brilhante S.A. em 20x0 Modelo de produto Quantidade vendida em 20x0 Preço unitário médio anual ($) Valor das vendas anual (em $ mil) A 55.000 conjuntos 2.100 115.500 B 90.000 conjuntos 1.500 135.000 Total 250.500 Fonte: elaborado pelo autor, com base em adaptações de Oliveira, Perez Jr. e Silva (2013), Nascimento e Reginato (2013) e Padoveze (2016). A Controladoria projetou para 20x1 um aumento de 10% na quantidade de vendas do modelo A e de 20% do modelo B. Os preços de vendas por unidade foram projetados em $2.230,00 e $1.600,00, respectivamente. Para viabilizar o aumento no volume de vendas, o departamento comer- cial/marketing entende que a empresa deve investir, em propaganda e marke- ting, 2% do total das receitas de vendas como política estratégica. A empresa deseja remunerar seus vendedores com uma comissão de vendas de 4% sobre o valor total das receitas de vendas. Além disso, os fretes sobre vendas corres- pondem a 3% do total dasreceitas de vendas. O orçamento de vendas da empresa Metal Brilhante S.A. pode ser calculado com base nas informações disponíveis (vide Quadro 3.7). 131 Quadro 3.7 | Vendas anuais projetadas para 20x1 da empresa Metal Brilhante Modelo Quantidade esperada de venda em 20x1 Preço unitário médio anual ($) Valor das vendas anual (em $ mil) A 60.500 conjuntos 2.230 134.915 B 108.000 conjuntos 1.600 172.800 Total 307.715 Fonte: elaborado pelo autor, com base em adaptações de Oliveira, Perez Jr. e Silva (2013), Nascimento e Reginato (2013) e Padoveze (2016). Orçamento de produção de produtos acabados, em quantidade Devido à política de férias coletivas que acontece no final do ano, a empresa não possui estoques de produtos em elaboração no início do ano. A Controladoria tem a informação de que a empresa aplica o sistema de custeio por absorção. Os estoques iniciais e finais de produtos acabados orçados, em quantidade, são (veja Quadro 3.8): Quadro 3.8 | Vendas anuais projetadas da empresa Metal Brilhante para 20x1 Modelo Quantidade do estoque inicial Ano 20x0 Ano 20x1 A 4.000 7.500 B 6.000 13.000 Fonte: elaborado pelo autor, com base em adaptações de Oliveira, Perez Jr. e Silva (2013), Nascimento e Reginato (2013) e Padoveze (2016). A mesma quantidade projetada no orçamento de vendas é a base para o cálculo orçamentário dos produtos acabados. Assim, em termos orçamen- tários, espera-se que a empresa consiga produzir a quantidade de produtos acabados, demonstrada no Quadro 3.9. Quadro 3.9 | Quantidade total de vendas projetadas da empresa Metal Brilhante para 20x1 Modelo A Modelo B A Saldo do estoque de produtos acabados em 31/12/20x0 4.000 6.000 B Orçamento de vendas 60.500 108.000 C Saldo do estoque de produtos acabados em 31/12/20x1 7.500 13.000 ( = ) Quantidade total de produção necessária (B + C – A) 64.000 115.000 Fonte: elaborado pelo autor, com base em adaptações de Oliveira, Perez Jr. e Silva (2013), Nascimento e Reginato (2013) e Padoveze (2016). 132 Orçamento de consumo de matérias-primas Para atender ao Orçamento de Produção, os engenheiros de produção propõem uma estimativa sobre quanto será a quantidade de matéria-prima a ser consumida no processo produtivo de cada unidade, conforme demonstra o Quadro 3.10. Quadro 3.10 | Projeção de consumo em quilos de matéria-prima da empresa Metal Brilhante para 20x1, por modelo de produto Matéria-prima: consumo em quilos para a produção de cada unidade do modelo de ferramentas Modelo A Modelo B Matéria-prima X 1,0 quilo 0,5 quilo Matéria-prima Y 0,5 quilo 0,5 quilo Matéria-prima Z 1,5 quilo 1,0 quilo Fonte: elaborado pelo autor, com base em adaptações de Oliveira, Perez Jr. e Silva (2013), Nascimento e Reginato (2013) e Padoveze (2016). Ao multiplicar o consumo unitário de matéria-prima previsto pela quantidade total necessária de produtos acabados, apura-se o total, em quantidade, das matérias-primas a serem consumidas, tal como é demons- trado no Quadro 3.11. Quadro 3.11 | Projeção de consumo total de matéria-prima da empresa Metal Brilhante para 20x1, por modelo de produto Matéria-prima Modelo A Modelo B Total do consumo de matéria-prima (em quilo)Unitário Total Unitário Total Matéria-prima X 1,0 quilo 64.000 0,5 quilo 57.500 121.500 Matéria-prima Y 0,5 quilo 32.000 0,5 quilo 57.500 89.500 Matéria-prima Z 1,5 quilo 64.000 1,0 quilo 115.000 179.000 Fonte: elaborado pelo autor, com base em adaptações de Oliveira, Perez Jr. e Silva (2013), Nascimento e Reginato (2013) e Padoveze (2016). Orçamento de compras de matérias-primas Uma vez definida a quantidade de matérias-primas para consumo em 20x1, o Departamento de Compras apresentou o seu orçamento total de compras, considerando os valores de custo médio orçado (preço de compra), tal como observa-se no Quadro 3.12. 133 Quadro 3.12 | Projeção de custo unitário de matéria-prima da empresa Metal Brilhante para 20x1 Matéria-prima: orçamento para o custo médio de compras de cada quilo $ Matéria-prima X 100 Matéria-prima Y 300 Matéria-prima Z 200 Fonte: elaborado pelo autor, com base em adaptações de Oliveira, Perez Jr. e Silva (2013), Nascimento e Reginato (2013) e Padoveze (2016). O Quando 3.13 demonstra os estoques iniciais e finais de matérias-primas. Quadro 3.13 | Projeção de custo unitário de matéria-prima da empresa Metal Brilhante para 20x1 Matéria-prima Estoque em 31/12/20x0 Estoque em 31/12/20x1 Quilos Valores ($ mil) Quilos Valores ($ mil) X 8.000 776.000 10.000 1.030.000 Y 5.000 1.455.000 9.000 2.781.000 Z 11.000 2.134.000 16.000 3.296.000 Total 4.365.000 7.107.000 Fonte: elaborado pelo autor, com base em adaptações de Oliveira, Perez Jr. e Silva (2013), Nascimento e Reginato (2013) e Padoveze (2016). Com base nos quadros anteriores, o Departamento de Compras preparou o seguinte orçamento de compras de matérias-primas, visando atingir as metas da empresa (veja Quadro 3.14). Quadro 3.14 | Orçamento de compras de matéria-prima da empresa Metal Brilhante para 20x1 Matéria-prima X Y Z A: Saldo inicial (quantidade em quilos) em 31/12/20x0 8.000 5.000 11.000 B: Matéria-prima a ser consumida em 20x1 pela produção 121.500 89.500 179.000 C: Saldo final em (quantidade em quilos) 31/12/20x1 10.000 9.000 16.000 D: Compras necessárias (B+C–A), em quantidade 123.500 93.500 184.000 E: Custo médio (preço de compras médio anual) $ 100 $300 $200 F: Valor orçado das compras de matérias-primas: D x E (em $ mil) $ 12.350 $ 28.050 $ 36.800 Total (em $ mil) $ 77.200 Fonte: elaborado pelo autor, com base em adaptações de Oliveira, Perez Jr. e Silva (2013), Nascimento e Reginato (2013) e Padoveze (2016). 134 Orçamento de mão de obra direta O controller obteve dos engenheiros de produção a especificação técnica sobre o custo com a mão de obra direta, para a produção de cada unidade de produtos acabados, expressa no Quadro 3.15. Quadro 3.15 | Quantidade de horas MOD da empresa Metal Brilhante para 20x1 Modelo A Modelo B Quantidade de horas de mão de obra direta por unidade 16 horas 10 horas Fonte: elaborado pelo autor, com base em adaptações de Oliveira, Perez Jr. e Silva (2013), Nascimento e Reginato (2013) e Padoveze (2016). Por meio de reuniões com a diretoria de Recursos Humanos, o controller foi informado de que o custo orçado para cada hora de mão de obra direta é de $ 25,00. Neste valor estão inclusos o salário nominal, os encargos sociais e os gastos com treinamentos. A observância dos valores de remuneração do mercado também foi utilizada como parâmetro para se chegar a esse valor. Com bases nessas informações, foi calculado o orçamento de mão de obra, conforme Quadro 3.16. Quadro 3.16 | Orçamento da MOD da empresa Metal Brilhante para 20x1 Modelo A Modelo B A: Quantidade de horas de mão de obra direta para uma unidade 16 horas 10 horas B: Quantidade necessária de produção 64.000 115.000 C: Quantidade de horas necessárias durante 20x1: A x B 1.024.000 1.150.000 D: Custo orçado de cada hora de mão de obra direta $ 25.00 $ 25.00 E: Total (em $ mil) $ 25.600 $ 28.750 F: Total da mão de obra orçada (em $ mil) $ 54.350 Fonte: elaborado pelo autor, com base em adaptações de Oliveira, Perez Jr. e Silva (2013), Nascimento e Reginato (2013) e Padoveze (2016). 135 Orçamento dos custos indiretos de fabricação Após a projeção da matéria-prima e da mão de obra, os custos indiretos para o ano de 20x1 também foram projetados (veja Quadro 3.17). Quadro 3.17 | Custos indiretos de fabricação da empresa Metal Brilhante para 20x1 Custos indiretos de fabricação (CIFs) Valores ($) Salários indiretos 15.000.000 Depreciação das máquinas e do prédio da fábrica 8.000.000 Seguro da fábrica e do estoque 3.000.000 Materiais auxiliares 4.000.000 Demais custos indiretos 7.000.000 Total 37.000.000 Fonte: elaborado pelo autor, com base em adaptações de Oliveira, Perez Jr. e Silva (2013), Nascimento e Reginato (2013) e Padoveze (2016). Os custos indiretos são apropriados com base na quantidadeproduzida (veja Quadro 3.18). De acordo com o orçamento de produção, deverá ser produzida, em 20x1, a seguinte quantidade de produtos acabados: Quadro 3.18 | Custos indiretos de fabricação unitário da empresa Metal Brilhante para 20x1 Modelo A 64.000 unidades. Modelo B 115.000 unidades. Total 179.000 unidades (são apropriados $206,70 de custos indiretos unitário). Fonte: elaborado pelo autor, com base em adaptações de Oliveira, Perez Jr. e Silva (2013), Nascimento e Reginato (2013) e Padoveze (2016). Orçamento de despesas administrativas, comerciais e financeiras O controller, em reunião com as diretorias administrativa, comercial e financeira, coletou informações quanto às demais despesas previstas para o ano de 20x1. Alguns valores foram redefinidos para os itens apresentados no Quadro 3.19. 136 Quadro 3.19 | Orçamento das despesas administrativas, comerciais e financeiras da empresa Metal Brilhante para 20x1 Projeções de gastos para o ano de 20x1 Valores ($ mil) Salários e encargos sociais (diretores, gerentes e demais funcionários) 28.500 Comissão dos vendedores, incluindo encargos sociais 12.300 Impostos sobre vendas 20.000 Propaganda e marketing 6.200 Despesas financeiras 6.000 Fretes para entrega de vendas 9.200 Manutenção e limpeza dos prédios do escritório 3.000 Material gráfico de escritório 2.500 Depreciação dos bens, incluindo veículos da diretoria e dos vendedores 2.000 Viagens e representações 1.500 Outras despesas 7.500 Total 98.700 Fonte: elaborado pelo autor, com base em adaptações de Oliveira, Perez Jr. e Silva (2013), Nascimento e Reginato (2013) e Padoveze (2016). As informações apresentadas nos quadros anteriores são as bases para a elaboração das peças orçamentárias, especialmente, a Demonstração de Resultado, por evidenciar o desempenho projetado da empresa. A Controladoria, portanto, tem o papel de projetar essas informações em relatórios para depois, com base neles, criar índices de desempenho operacional e financeiro. Atividade de aprendizagem da seção 1. Dentro da estrutura do planejamento operacional, o plano de resultados contempla a maior parte das peças orçamentárias, tais como os orçamentos das áreas administrativa, comercial, financeira e de produção. Esses elementos são inerentes à Demonstração dos Resultado do Exercício (DRE) da empresa, pois envolvem a evidenciação das informações de vendas, do custo dos produtos e das despesas administrativas, comerciais e financeiras. 137 O contexto apresentado descreve o: a. Planejamento de investimentos. b. Planejamento de financiamentos. c. Planejamento de capital. d. Planejamento econômico e operacional. e. Planejamento financeiro. 2. O quadro a seguir demonstra o resumo do orçamento anual da empresa VENDITUDO S.A. Produto Quantidade Preço de Venda ($) Total A 10.000 7,50 75.000 B 12.000 9,00 108.000 O quadro apresentado corresponde ao tipo de orçamento ou suborçamento conhecido como: a. Orçamento de produção. b. Orçamento de vendas. c. Orçamento de despesas administrativas. d. Orçamento de despesas financeiras. e. Orçamento de contas a receber. Fique Ligado! • O planejamento operacional refere-se à prática das ações a serem tomadas para se alcançarem os resultados desejados. • Os objetivos orçamentários principais são: projetar de forma integrada e estruturada o resultado econômico e financeiro de um processo de planejamento e controlar o desempenho, tendo em vista os objetivos e as metas para o acompanhamento das variações orçamentárias. • Há, ao menos, dois tipos de orçamento: Orçamento Estático e Orçamento Flexível. Outros tipos podem ser listados da seguinte forma: Periódico, Contínuo, Participativo, Convencional e Kaizen. • Há dois conceitos que fundamentam o processo de execução do plano orçamentário: Orçamento de Tendências e Orçamento Base Zero. 138 • O orçamento como um todo serve como a base para a estipulação de um conjunto de indicadores de avaliação de desempenhos, funda- mentais para a realização das funções da Controladoria. • O orçamento empresarial quantifica as atividades constantes no planejamento operacional, de maneira integrada, por meio das peças orçamentárias, considerando aspectos econômicos e financeiros. • As principais peças orçamentárias são: Balanço Patrimonial Projetado, Demonstração do Resultado do Exercício Projetada e Demonstração dos Fluxos de Caixa Projetada. Para concluir o estudo da unidade Nesta unidade, você conheceu os fundamentos do planejamento opera- cional e do orçamento empresarial e financeiro. Você aprendeu que o orçamento está subjacente ao planejamento operacional, o qual, por sua vez, depende da definição do planejamento estratégico. O orçamento empresarial refere-se ao plano operacional e financeiro, expresso por valores monetários, útil para aplicar a estratégia da empresa para certo período. Ele demonstra a previsão dos valores por estimativa, os quais são baseados no compromisso da gestão empresarial e dos responsáveis de todas as áreas em estabelecer e atingir das metas organizacionais. O orçamento reúne as prioridades, forne- cendo direção operacionais das ações da empresa para determinado período e proporcionando as bases, pelas peças orçamentárias, para uma avaliação do desempenho organizacional, dos processos internos e da eficiência das suas áreas internas. O planejamento operacional e seus aspectos orçamentários podem ser considerados como uma das bases da gestão para a responsabilização, para o compromisso de prestação de contas atividades, do desempenho financeiro e organizacional. Os compromissos assumidos pelos gestores nas diversas áreas, quando não especificados no plano estratégico, acabam refletindo no momento do planejamento operacional e na elaboração do orçamento. A Controladoria acompanha todas essas situações, contribuindo no planejamento e monitoramento dos resultados. Do ponto de vista da Controladoria, o orçamento se constitui num instrumento que serve para atribuir responsabilidades de maneira sistematizada. Isso ocorre porque, por meio do orçamento, é possível identificar os desvios operacionais entre o planejamento e sua execução. Além disso, a revisão do instrumento orçamentário faz parte do processo de planejamento operacional e permite que as ações operacionais sejam realinhadas para uma ação estratégica mais condizente com a realidade 139 organizacional no ambiente competitivo. Em alguns casos, quando se projetam cenários, algumas variáveis podem apresentar restrição, de modo que o resultado final do resultado do exercício não pode ser alterado, mas as revisões podem estimular a gestão a pensar em maneiras distintas de atingir o mesmo resultado por meio de outras ações. A Controladoria deve sempre notificar a gestão empresarial quanto às possibilidades e aos desvios, a fim de alavancar novas reflexões sobre o planejamento, de maneira a preservar os rumos estratégicos da empresa. No entanto, o desenvolvimento das ações operacionais com sucesso depende do envolvimento e comprometimento de todas as pessoas que visualizam os objetivos empresariais e percorrem os caminhos operacionais para alcançá- -los, considerando a eficácia e a eficiência organizacional. Atividade de aprendizagem da unidade 1. O orçamento empresarial é um importante instrumento de gestão empre- sarial, fundamental para as empresas, independentemente do seu porte ou tipo de atividade econômica. Ele depende de um plano estratégico claro, em razão de que as diretrizes estratégicas concedem a base para o desenvolvi- mento do orçamento. Tendo em vista a importância do orçamento empresa- rial, analise os conceitos a seguir, avaliando cada afirmação: I. O orçamento sugere a criação de um modelo de gestão útil para projetar o futuro da empresa. II. O orçamento corresponde à parte mais detalhada de um planejamento organizacional. III. O orçamento corresponde ao conjunto de objetivos, finalidades, metas, diretrizes fundamentais e planospara atingir esses objetivos. IV. O orçamento é a etapa final de um processo de planejamento operacional. As afirmações que descrevem corretamente o conceito de orçamento empre- sarial são os itens: a. I, II e III, apenas. b. I, II e IV, apenas. c. I, IV e V, apenas. d. II, III e IV, apenas. e. I, II, III e IV. 140 2. O planejamento econômico corresponde a um dos grupos que compõe o planejamento operacional, sendo representado pela fixação de metas para as contas de resultado, por meio dos itens de receitas e despesas, inclu- sive, os custos dos produtos vendidos. Entre os diversos suborçamentos do plano econômico, pode-se citar o orçamento de produção, o qual permite à empresa analisar sua capacidade de atendimento à demanda de produção. Diante desse contexto, analise as seguintes asserções: I. O orçamento de produção é, normalmente, elaborado com base nas metas de vendas, políticas de estocagem e estoques iniciais de produtos acabados. PORQUE II. Espera-se que, no plano de produção, estejam estimadas as quanti- dades de produção necessárias para que a empresa supra todo o seu planejamento de vendas. A respeito dessas asserções, assinale a alternativa correta. a. As asserções I e II são proposições verdadeiras, e a II é uma justificativa da I. b. As asserções I e II são proposições verdadeiras, mas a II não é uma justificativa da I. c. A asserção I é uma proposição verdadeira, e a II é uma proposição falsa. d. A asserção I é uma proposição falsa, e a II é uma proposição verdadeira. e. As asserções I e II são proposições falsas. 3. O orçamento empresarial e financeiro é a síntese dos planos de uma empresa, sendo o resultado da consolidação dos orçamentos setoriais, no qual são fixadas metas específicas de atividades de venda, produção, distri- buição e financiamento. Diante disso, analise os itens a seguir: I. Balanço Patrimonial Projetado. II. Demonstração do Resultado do Exercício Projetada. III. Demonstração dos Fluxos de Caixa Projetada. IV. Orçamento de produção. V. Orçamento de despesas operacionais. 141 Em regra geral, o orçamento empresarial e financeiro se comporá nas peças orçamentárias relativas aos itens: a. I, II e III, apenas. b. I e II, apenas. c. II e V, apenas. d. I, IV e V, apenas. e. IV e V, apenas. 4. O orçamento deve estar subjacente ao planejamento empresarial, cabendo à Controladoria realizar o exame cuidadoso dos orçamentos de todas áreas da empresa, de modo a compatibilizar as projeções de cada área com a perspectiva global da empresa, no que tange aos resultados desejados pela gestão empresarial, avaliando os impactos que esses valores podem gerar nos fluxos de caixa da empresa. Em relação ao papel da Controladoria no processo de elaboração e execução orçamentária, assinale a alternativa correta: a. Após definido, validado e implementado o orçamento, cabe aos colaboradores da empresa avisarem a Controladoria sobre o desen- volvimento da empresa, observando seus rumos. b. A Controladoria não pode alertar a gestão empresarial quando identi- ficadas falhas e desvios, apontando os indicadores preparados a partir do orçamento empresarial, porque isso pode estimulá-la a tomar decisões equivocadas sobre os rumos do negócio. c. Na visão da Controladoria, o orçamento empresarial não é útil para acompanhar as operações da empresa, uma vez que as projeções fixadas não podem ser alteradas, inviabilizando as recomendações de correções de rumos. d. A Controladoria não se beneficia de ferramentas, como o orçamento empresarial, por entender que as causas de um determinado desem- penho organizacional e suas implicações sobre o desempenho global da empresa são incompreensíveis a todos os membros da organização, exceto aos proprietários do negócio. e. É atribuição da Controladoria avaliar a sensatez de cada premissa adotada pela empresa na implementação do planejamento, visando identificar possíveis gargalos no fluxo de caixa e falhas nos processos operacionais. 142 5. O Orçamento Base Zero é um conceito de orçamento empresarial que visa rediscutir todas as áreas empresa em todas as vezes que se prepara o orçamento, levantando questionamentos sobre cada gasto e estrutura, visando checar a real necessidade de cada recurso. A respeito dele, avalie as seguintes asserções e sua relação proposta: I. O Orçamento Base Zero retrata que a definição orçamentária nunca deve partir da observação de dados históricos. PORQUE II. Os dados históricos no Orçamento Base Zero são ineficientes para atender às necessidades futuras, podendo preservar a continuidade de falhas orçamentárias ao longo do tempo. Em relação às asserções, assinale a alternativa que você julga ser correta: a. As asserções I e II são proposições verdadeiras, e a II é uma justificativa da I. b. As asserções I e II são proposições verdadeiras, mas a II não é uma justificativa da I. c. A asserção I é uma proposição verdadeira, e a II é uma proposição falsa. d. A asserção I é uma proposição falsa, e a II é uma proposição verdadeira. e. As asserções I e II são proposições falsas. Referências ANTHONY, Robert N.; GOVINDARAJAN, Vijay. Sistemas de controle gerencial. Trad. Leila de Barros et al. Porto Alegre: AMGH, 2011. CATELLI, Armando. Controladoria: uma abordagem da gestão econômica. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2013. NASCIMENTO, Auster Moreira; REGINATO, Luciane (Orgs.). Controladoria: um enfoque na eficácia organizacional. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2013. OLIVEIRA, Luis Martins de; PEREZ JR., José Hernandez; SILVA, Carlos Alberto dos Santos. Controladoria estratégica. 9. ed. São Paulo: Atlas, 2013. PADOVEZE, Clovis Luís. Controladoria básica. 3. ed. São Paulo: Cengage Learning, 2016. SCHMIDT, Paulo; SANTOS, José Luiz dos; MARTINS, Marco Antônio dos Santos. Manual de controladoria. São Paulo: Atlas, 2014. Unidade 4 Execução e controle operacional e financeiro Caro leitor, nesta unidade, você está convidado a descobrir os desdobra- mentos do planejamento estratégico para aprender sobre o planejamento operacional e financeiro. Você verá o papel da Controladoria diante da necessi- dade de planejamento operacional e do estabelecimento de orçamentos empre- sariais. A asseguração da eficácia empresarial e do cumprimento das estraté- gias exige a criação e a implementação de planos operacionais. O planejamento operacional traz consigo a clareza das ações a serem praticadas. O orçamento empresarial, por sua vez, corresponderá a essas ações pela expressão monetária dos recursos que são requeridos para o desenvolvimento organizacional. As discussões desta unidade pretendem apresentar a você a essência, as caracte- rísticas, a utilidade e as aplicações do planejamento operacional como funda- mento prático dentro do processo de gestão. Com base no plano operacional e na perspectiva de ações de curto prazo, a Controladoria pode acompanhar os rumos da organização, sugerindo correções de rumos. Do ponto de vista do orçamento empresarial, a Controladoria exerce o papel de acompanhar se os valores projetados correspondem de fato aos valores realizados. Dessa forma, ela avalia o resultado dessa comparação para apoiar as áreas da empresa. Com isso, esta unidade apresenta os aspectos práticos do plano operacional no âmbito da Controladoria. Durante a leitura desta unidade, você perceberá que o planejamento operacional se fundamenta pelas ações dos responsáveis das áreas e pela gestão de recursos que a administração faz nessa atuação. Por fim, desco- brirá como a prática orçamentária fornece as peças básicas para a criação de sistemas de desempenhos organizacionais. Por consequência, pelo monito- ramento das ações práticas, a melhoria contínua de controles e processos internos, elementos do sucesso organizacional, pode ser alcançada. Seção 1 | Execução e controle orçamentário Execução e controle orçamentário: fase de execução e etapas de controle orçamentário. Conceito de controle orçamentário: objetivos do controle orçamentário.Elementos de controle orçamentário: focos, relevância e feedback. Variações orçamentárias: previsões e realizações orçamentárias. Seção 2 | Sistemas de controles internos e o controle organi- zacional Aspectos introdutórios do controle interno e sistemas de controles internos: controle como mecanismo de avaliação de desempenho, objetivos, importância e procedimentos. Classificação do controle interno: sistemas de informações, organiza- cionais e de procedimentos. Modelo COSO: diretrizes para a implantação ou revisão de um sistema de controles: procedimentos. Limitações e implantação dos controles internos: ineficiências e diretrizes para estabelecimento ou revisão de controles internos. Seção 3 | Sistemas de medição e avaliação de desempenho Avaliação de desempenho: elo estratégico e ambiente empresarial. Considerações sobre a avaliação de desempenho: importância. Ferramentas de gestão de desempenho: avaliação 360º, BSC e Prisma. Introdução à unidade Um dos grandes objetivos da Contabilidade é fornecer as bases para o controle, contudo, o controle não é algo aplicável em momento posterior. A função contábil na empresa e sua relevância consiste no processo de acompa- nhamento e controle, que ocorre em todas as etapas do processo decisório e de planejamento empresarial. Isso denota que os planejamentos estraté- gicos e operacionais possuem a função de controle, a qual, geralmente, é vista dentro da execução orçamentária da empresa. Quando a empresa estabelece políticas e diretrizes e avalia cenários, ocorre um controle implícito quando ela prioriza o controle de variáveis mais relacionadas aos objetivos organiza- cionais. O controle está em todas as etapas do processo de gestão (fases de planejamento e execução), incluindo nele próprio. Ele contribui para atestar se os resultados foram obtidos da forma planejada e melhorar a eficácia e eficiência; além disso, conduz a uma avaliação de desempenho da empresa com seus processos e dos colaboradores responsáveis pelas atividades empre- sariais. Por meio do orçamento empresarial, as metas estabelecidas tornam-se padrões que estimulam o esforço da organização. Com padrões de desem- penho definidos, muitas empresas costumam buscar objetivos duradouros e novas ideias para melhorar a sua vantagem competitividade. Os padrões têm uma relação com o planejamento estratégico e operacional, porque são prévias sobre como a empresa pretende ser. O controle é exercido pelas diver- gências ou pelos desvios, os quais geram ineficiência para a empresa. Assim, o controle é, inicialmente, aplicado na realização daquilo que foi previsto e na observação das variações orçamentárias. Nesta seção, você conhecerá a aplicação analítica do controle, o qual reflete no desempenho financeiro e organizacional da empresa. 148 Seção 1 Execução e controle orçamentário Na unidade anterior, você aprendeu a importância do planejamento operacional e sua operacionalização por meio do orçamento empresarial. O orçamento demonstra a previsão de valores a serem executados no período seguinte relativo à cada área da empresa. Ao final de um período, os valores orçados podem ser confrontados com os valores reais, para compreender os desvios de rumos da empresa. Essa confrontação é chamada de controle orçamentário. Segundo Padoveze (2013), a base dele reside no confronto entre os dados orçados com os dados reais obtidos pelos sistemas de informações contábeis. As variações observadas entre os dados permitem a realização de um conjunto de análises para identificar se os desvios de rumos são prove- nientes de preços, quantidades e custos. Além disso, servem para auxiliar no entendimento sobre a área da organização que requer atenção quanto às formulações e revisões de ações que atendam aos objetivos organizacionais. Nesta seção, você descobrirá que o planejamento empresarial concede a base para o controle dentro da organização. Nesse sentido, a eficiência da execução orçamentária e do controle depende da clareza e robustez dos planos. Um planejamento adequado e um controle preciso permitem que correções de rumos estimulem novas mudanças organizacionais, para que a eficiência e a eficácia organizacional sejam alcançadas. 1.1 Execução e controle organizacional A execução corresponde à fase de consumo de recursos para a geração de produtos. É comum que nessa etapa ocorram ajustes ou alterações de programas operacionais para alinhamento ao planejamento formulado inicialmente. A fase de execução consiste na realização da implementação das ações. Busca-se, nesse momento, a mensuração do desempenho gerado pelo conjunto de ações operacionais da empresa para o exercício do controle orçamentário e organizacional. Já o controle consiste na verificação de que as ações propostas, que estão sendo realizadas, correspondem efetivamente ao que foi planejado. Ele permite à gestão identificar falhas, inconsistências e suas causas, para avaliar as possíveis correções, e é aplicado nas áreas da empresa e na empresa como um todo, havendo, dessa forma, uma avaliação de desempenho global e analítica. O controle envolve as seguintes etapas: i) prever os resultados das decisões na forma de indicadores de desempenho; ii) reunir informações 149 sobre o desempenho real; iii) comparar o desempenho real com o previsto; iv) verificar quando uma decisão foi ineficaz e corrigir o procedimento que a produziu quando possível (CATELLI, 2013). A aplicação do controle é baseada nos planos formulados pela empresa. Por isso, Catelli (2013) explica que, quanto mais claros, objetivos e concisos forem os planos, mais controles eficientes a empresa tende a utilizar. Além disso, nessa ótica, o controle está relacionado à asseguração da adequada execução do plano estratégico e operacional. Isso ocorre por meio do uso dos sistemas de informações, os quais dão as bases para o feedback que trazem consigo os indicadores de desempenho da empresa. Por meio deles, a gestão executiva, por exemplo, pode entender a maneira que a empresa atuou num determinado período, observando se isso ocorreu da maneira prevista. Muito dos esforços da gestão é aplicado no controle operacional e finan- ceiro, para que os orçamentos propostos sejam atendidos de fato. O feedback é um elemento essencial do controle, porque, por meio da compreensão das criticidades dos processos internos, os gestores podem tomar medidas e ações corretivas, que colocarão a empresa no rumo correto. Ademais, o controle do planejamento estratégico com ações corretivas para assegurar os objetivos plenos de toda organização constitui uma ação favorável da Controladoria para uma empresa que possui dificuldade de se manter no mercado ou controlar seus custos, por exemplo. Questões para reflexão De que modo os gestores, diretores e administradores visualizam o controle organizacional, apresentado pela Controladoria, para a otimização do resultado e o consumo consciente dos recursos da empresa? Quais são as possíveis consequências de uma aplicação ineficiente de controle? Um gestor da produção, por exemplo, ao observar que a empresa está com excessos de estoque de produtos em processos, pode exercer o controle das unidades produzidas por meio das informações de desempenho para tomar suas decisões. Ele pode decidir pela redução dos fluxos de operações, visando reduzir os custos de ociosidade de estoques no pátio fabril. Esse tipo de decisão ocorre com eficiência somente se o tomador de decisão tiver o controle operacional e financeiro por meio dos sistemas de informações, os quais lhe dão o feedback quanto aos excessos de estoques. Outras medidas de controle, como as readequações do processo produtivo ou a realocação de mão de obra para outras atividades, poderiam equilibrar o fluxo de produção dentro do pátio fabril. Sobre essas observações, ações e decisões, cabe à 150 Controladoria acompanhar os processos e notificar o gestor da produção sobre os possíveis gargalos no processo produtivo.O exercício do controle depende da obtenção de feedback advindo dos sistemas de informações para avaliar se os objetivos empresariais estão sendo alcançados ou não. Catelli (2013) esclarece que o desempenho eficaz do controle está associado a um sistema de informações eficiente, que revele a necessidade de ações corretivas de maneira tempestiva, a fim de que os gestores possam avaliar se os objetivos estratégicos e operacionais estão pertinentes ou não, dado as mudanças que podem acontecer internamente, como na produção, ou externamente. Sem o feedback, o controle perde a eficácia, uma vez que não seria possível acompanhar a evolução do desempenho organizacional ao longo do tempo. Assim, a informação é como se fosse um fluído essencial para o funcionamento do processo de tomada de decisão e do exercício do controle de qualquer gestor. A fase de controle permite à gestão comparar o desempenho desejado (previsto) com o realizado. Essa possibilidade de comparação admite a reali- zação de um próximo passo: a tomada de ações corretivas com base nisso, visando a resultados melhores do que aqueles que a empresa teria se não tivesse implementado um sistema de controle. 1.2 Conceito de controle orçamentário De acordo com Padoveze (2013), o controle orçamentário tem por objetivos: a) identificar e analisar as variações ocorridas; b) corrigir erros detectados; c) ajustar o plano orçamentário, se for o caso, para garantir o processo de otimização do resultado e da eficácia empresarial. Na aplicação do controle orçamentário, a Controladoria exerce a função de monitorar as áreas, apoiando-as e dando bases aos gestores para corri- girem suas ações. Aos gestores da empresa, o controle orçamentário é um instrumento de gestão, fundamental para otimizar as ações que levarão ao alcance dos objetivos empresariais. A Controladoria deve realizar o controle orçamentário não apenas das áreas organizacionais, mas da empresa como um todo, pois as ações coordenadas dentro da empresa podem ser necessá- rias para sanar certos desvios da organização. Dessa forma, ela propõe ações corretivas, tanto para os gestores quanto para a empresa como um todo. Para Frezatti (2017), o controle orçamentário corresponde a um instru- mento da contabilidade gerencial, que permite à empresa identificar quão próxima ela está de seus resultados em relação ao que planejou para deter- minado período. Por meio dele, a gestão identifica suas metas, os resultados 151 alcançados e as variações orçamentárias monetárias e não monetárias, para analisar e compreender as razões das variações e, assim, decidir sobre as ações de ajustes de metas que considerem o longo prazo da empresa. Padoveze (2013) explica também que as peças orçamentárias são objetos dos relatórios de acompanhamento em relação ao que realmente acontece. Um relatório clássico de controle orçamentário, geralmente, demonstrará os tipos de receitas e despesas para todos os centros de atividades ou áreas da empresa, compreendendo: a) valores orçados (previstos) para o período; b) valores reais registrados pela contabilidade no período; c) variações do período entre o orçado (previsto) e o realizado; d) valores reais acumulados e contabilizados até o período; e) variações acumuladas entre o real e o orçado (previsto) no período; f) as informações das variações podem ser expressas, ainda, em termo percentuais para o período ou de forma acumulada até o período. 1.3 Elementos de controle orçamentário Conforme Frezatti (2017), três elementos relativos ao controle orçamen- tário podem ser listados sob a forma de perguntas. Pergunta 1: Quais são os principais focos do controle orçamentário? (Focos) As atividades operacionais e todos os processos deveriam ser analisados para identificar as suas variações em relação ao orçado. Frezatti (2013) explica que, em certas empresas, o foco de atenção torna-se aquilo que o gestor controla. O problema desse enfoque está na falta de identificação, planejamento e acompanhamento. Em alguns casos, o acompanhamento pode ser pouco significante ao ponto de os gestores desejarem saber os custos de manter esse monitoramento. Por outro lado, a responsabilização dos gestores pode estimular o acompanhamento em alguns elementos-chave de controle dos gestores em cada área organizacional. Em outros casos, o acompanhamento pode focar nos elementos controláveis pelos gestores das áreas. Nesse caso, deve-se distinguir entre o desempenho organizacional e o desempenho individual. Pergunta 2: Como definir relevância no processo? (Relevância) A definição da relevância no processo pode ser arbitrária por existirem várias maneiras de discuti-la e defini-la. No entanto, Frezatti (2013) recomenda que a abordagem adotada considere um referencial absoluto e relativo para a empresa, de modo que faça sentido para ela. Percentuais relativos contribuem para que a empresa entenda sobre onde colocar seus esforços na compreensão das variações identificadas. 152 Pergunta 3: Como realimentar o sistema orçamentário? (Feedback) Não basta apenas identificar as variações relevantes e as falhas geradas pelos desvios de rumos, é necessário que a comunicação seja reforçada para toda a organização e que medidas corretivas sejam aplicadas, no caso de desvios desfavoráveis aos propósitos organizacionais. Assim, a revisão do planejamento e dos procedimentos permite um alinhamento em relação à realidade da empresa. Correções de rumos podem levar a novas mudanças organizacionais, desde que discutidas pelos membros da organização, visando à atuação da empresa no longo prazo. Segundo Frezatti (2013), isso implica a necessidade de gerenciar o capital intelectual da empresa, o qual, segundo ele, é fonte inesgotável de melhorias e oportunidades. Para saber mais A gestão de capitais na empresa vai além das análises financeiras. Empresas de grande porte já adotam o Relato Integrado (RI), por exemplo, que retrata seis tipos de capitais no processo de criação de valor: financeiro, manufaturado, intelectual, humano, social/relaciona- mento e natural. O RI demonstra esses capitais de uma forma alinhada entre si, facilitando a compreensão financeira e dos capitais da empresa de maneira conjunta. 1.4 As variações orçamentárias Para Padoveze (2013), a análise de variações pode ser feita com base nas informações levantadas pelo Controle Orçamentário, que visa identi- ficar com acurácia as principais razões da variação em valor de cada item orçamentário. Isso permite que os gestores tenham bases fundamentadas ou justificativas para responsabilizar as ações dentro da empresa. A diferença entre os valores reais e orçados pode ser observada pela quantidade (quando a quantidade real é diferente da prevista) e pelo preço orçado, conforme ilustra o Quadro 4.1. Quadro 4.1 | Variação do valor total Variação do valor total (real x previsto) = Variação de preço (real x previsto) + Variação de quantidade (real x previsto) Fonte: adaptado de Padoveze (2013). Suponha que o valor orçado de uma matéria-prima para janeiro de 20x8 seja $1.700, e o gasto real tenha sido $1.800. Esses dados indicam a existência de uma variação desfavorável de $100, uma vez que o gasto foi maior do 153 que o montante previsto no orçamento. Essa análise considera as causas que provocaram essa variação. Nessa mesma situação, suponha que a empresa tenha orçado uma quantidade 3.400 unidades de matéria-prima ao custo de $0,50 por unidade. Durante o mês, houve um aumento de preços de matéria-prima no forne- cedor por fatores imprevistos, elevando o valor dela para $0,60. Além disso, o gerente de produção constatou que 3.000 unidades de matéria-prima teriam sido utilizadas para atender às necessidades da empresa daquele período. Com base nessas informações, é possível calcular a variação do preço e da quantidade, como exibem os Quadros 4.2 e 4.3. Quadro 4.2 | Variação do preço Variação do preço = (QR x PR) - (QR x PP) Variação do preço = (3.000un. x $0,60) - (3.000 x $0,50) Variação do preço = $ 1.800 - $ 1.500 Variação do preço = $ 300 (desfavorável) Nota: QR – Quantidade real; PR – Preço real; PP – Preço previsto Fonte: adaptado de Padoveze (2013). Quadro 4.3 | Variação da quantidade Variação da quantidade = (QR x PP) - (QP x PP) Variação do preço = (3.000 un. x $0,50) - (3.400 x $0,50) Variação do preço = $ 1.500 - $ 1.700 Variação do preço = $ 200 (favorável) Nota: QR – Quantidade real; QP – Quantidade prevista; PP – Preço previsto Fonte: adaptado de Padoveze (2013). Questões para reflexão A construção de análises de variações nas vendas permite compre- ender se os preços de vendas e as quantidades estimadas de vendas foram concretizados. À vista disso, como a Controladoria contribui para a eficiência da área comercial? O Quadro 4.4 demonstra a variação total pela junção entre as variações de preço e quantidade. É possível observar que a variação do preço gerou um impacto maior na variação de quantidade. Isso sinaliza que o aumento do 154 preço no fornecedor não foi benéfico para empresa, dado que sua variação foi desfavorável em $ 300. A empresa, numa possibilidade, por exemplo, poderia rever seu relacionamento com os fornecedores para, talvez, procurar um fornecedor mais competitivo, o qual ofertasse um preço menor sem prejuízos à qualidade da matéria-prima que está sendo adquirida. Contudo, se o aumento imprevisto de $0,50 para $0,60 tiver sido esporádico, a empresa pode tolerar a variação para preservar um relacionamento saudável com o fornecedor. Quadro 4.4 | Variação do valor total Variação do valor total = Variação do preço + Variação de quantidade Variação do valor total = $ 300 (desfavorável) + $200 (favorável) Variação do valor total = $ 100 (desfavorável) Fonte: adaptado de Padoveze (2013). Uma variação desfavorável no preço pode sinalizar também a neces- sidade de treinamento no departamento de compras da empresa, a fim de melhorar a capacidade de negociação dos valores. Independentemente disso, as variações de preço e quantidade são aplicáveis a todos os itens de receitas e despesas, dentro de uma Demonstração do Resultado Projetado. Cabe à empresa buscar entender as razões das variações para agir e responsabilizar as pessoas envolvidas. Atividade de aprendizagem 1. Analise a seguinte afirmação: “Corresponde a um instrumento da conta- bilidade gerencial, que permite à empresa identificar quão próxima ela está de seus resultados em relação ao que planejou para determinado período”. A descrição dessa afirmação corresponde ao: a. Planejamento estratégico. b. Planejamento operacional. c. Orçamento empresarial. d. Processo de gestão. e. Controle orçamentário. 2. A fase de controle permite à gestão comparar o desempenho previsto com o realizado. A comparação viabiliza a tomada de ações corretivas, visando a 155 resultados melhores do que aqueles que a empresa teria se não tivesse imple- mentado um sistema de controle. Diante disso, acerca do controle orçamentário, avalie as afirmações a seguir: I. O controle orçamentário visa identificar e analisar as variações ocorridas. II. O controle orçamentário permite à empresa identificar quão próxima ela está de seus resultados em relação ao que planejou para determinado período. III. O controle é aplicado nas áreas da empresa e na empresa de uma forma geral, possibilitando uma avaliação de desempenho global e analítica. IV. O controle corresponde ao conjunto de objetivos, finalidades, metas, diretrizes fundamentais e planos para atingir os objetivos empresariais. É correto afirmar que as afirmações relativas ao planejamento operacional são: a. II e III, apenas. b. I, II e III, apenas. c. II, III e IV, apenas. d. I, II e IV, apenas. e. I, III e IV, apenas. 156 Seção 2 Sistemas de controles internos e o controle organizacional A utilização dos controles internos é uma prática gerencial fundamental para o sucesso das atividades das empresas. Eles podem ser comparados a um painel de um carro. O motorista, ao conduzir um veículo, utiliza-se dele para saber informações quanto à velocidade, à temperatura, ao nível aceleração, ao nível de combustível, etc. Sem esses indicadores, fica difícil compreender a que velocidade ele está na via, se há sobras de combustível ou se o carro precisa de manutenção. De maneira semelhante, a aplicação dos controles internos traz a compreensão de como está a atuação da empresa. Isso é obser- vado por meio de indicadores de desempenho e informações de controle. Desprezar a aplicação de controles internos é como dirigir um carro sem as referências mencionadas. Sem as referências, a probabilidade de acontecer um acidente fica elevada; e mesmo se não acontecer um acidente, o carro fica à mercê do acaso. Em ambos os casos, a ausência de controle leva à perda da direção, ainda que acidentes não ocorram. Isso ocorre nas empresas, mas em relação às falhas internas. Diante disso, a Controladoria exerce o papel de preparar esses controles internos para dar à gestão da empresa a capacidade de controle, vigilância e correção de rotas para minimização de riscos. Isso evita a geração de prejuízos pela negligência de controle ou pela má gestão. Assim, a preocupação com a função de controle é constante dentro da organização, especialmente, pelos responsáveis dos recursos de toda a empresa, uma vez que o planejamento empresarial, por si só, não pode garantir o efetivo alcance dos objetivos organizacionais. É essencial que se reconheça a qualidade e a confiabilidade dos sistemas de controles internos, considerando todas as fases do processo de gestão, de modo a auxiliar na identificação de riscos. Cabe à Controladoria também realizar recomendações ou sugestões de melhoria quando falhas, riscos, ineficiências e deficiências são identificadas em relação aos procedimentos internos e aos controles estabelecidos. Essas recomendações devem ser levadas aos responsáveis que validam, aprovam e autorizam o estabeleci- mento de novas atividades dentro da empresa. Diante disso, esta seção busca apresentar a você os aspectos, conceitos, princípios e aplicações do controle interno para o processo decisório e para a eficiência e eficácia da empresa, considerando a Controladoria como área responsável pelo estabelecimento de controles. 157 2.1 Aspectos introdutórios do controle interno O exercício do controle interno, diante do processo de tomada de decisão, pode ser considerado o mais crítico para a Controladoria (NASCIMENTO; REGINATO, 2013). Nessa fase do processo, ela torna-se responsável pelo monitoramento, acompanhamento, controle e avaliação do desempenho organizacional. O controle proporciona mecanismos que permitem à empresa caminhar nos rumos estratégicos e operacionais desejados. Para Anthony e Govindarajan (2011), os controles internos devem conter ou ser caracterizados por pelo menos quatro elementos fundamentais: a) ser um componente detector de mensuração que responde ao surgir de situações no processo que está sendo controlado; b) ser um componente avaliador que define a relevância de algo que esteja ocorrendo (geralmente, isso acontece pela comparação com padrões previamente definidos); c) ser um compo- nente executante que modifica o comportamento do sistema quando o elemento avaliador requerer alteração (conhecido como feedback); e d) ser um componente de comunicação do sistema, o qual transmite a informação entre o detector e o avaliador e entre o avaliador e o executante. A atividade de controle implica a mensuração, a avaliação e o aponta- mento de correções de rumos, de modo a alinhar os objetivos da empresa aos planos empresariais para promover a eficiência e a eficácia organiza- cional. Deste modo, o controle interno busca proteger os ativos da empresa e obter informações adequadas. Os controles internos devem assegurar que as fases do processo de tomada de decisão e o fluxo de informações tenham plena confiabilidade. Conforme visto naUnidade 1, o objetivo da Controladoria é criar, imple- mentar e melhorar processos internos e controles internos para alcançar a eficácia e da eficiência organizacional desejada. Para atender à gestão da empresa e aos tomadores de decisões, a Controladoria deve criar dispositivos ou recursos de análise, fundamentados em padrões previamente definidos para permitir a comparação das informações que foram planejadas com as realizadas. Nesse aspecto, a Controladoria atua de maneira contínua, gerando as informações úteis e tempestivas para que o controle possa ser aplicado de maneira eficaz. Desta maneira, a Controladoria é responsável pela criação, implementação e melhoria dos sistemas de controles internos de todos os departamentos da empresa. Ela é quem estabelece controles internos, porque sua atuação permeia todas as áreas e sabe que a empresa toda precisa ser acompanhada de maneira constante na avaliação do seu desempenho, o qual deve ser concomitante com as decisões empresariais. Além disso, os controles internos são preparados para reduzir os riscos. Logo, por meio deles, ela monitora a entidade e sua cultura de gestão. 158 A implementação de um controle interno pode ser considerada efetiva quando os colaboradores reconhecem suas responsabilidades, limitações, autoridades e competências. A efetividade do controle depende do fato de que a avaliação não existe se não houver controle estabelecido, ou seja, não é possível avaliar aquilo que não está sendo controlado. Por causa disso, as ações das organizações precisam ser acompanhadas por meio de indicadores para verificar se as medidas fazem sentido em relação à estratégia empresarial. Desta maneira, conforme relata Nascimento e Reginato (2013), para efetivar a avaliação, a Controladoria deve considerar que os sistemas de medição de desempenho precisam: a) controlar as atividades operacionais da empresa; b) contribuir para os sistemas de incentivos dos colaboradores; c) conduzir estratégias competitivas; d) identificar problemas que exigem inter- venção da gestão; e) verificar se a missão da empresa está sendo atingida. É esperado que as atividades de controle consumam muito tempo das ações da Controladoria. A contabilidade apoia a Controladoria como órgão interno das empresas, por isso, muitas informações são geradas por aquela e utilizadas por esta. Outras informações fundamentais ao controle interno são obtidas e preparadas pela própria Controladoria, que reúne todas para apresentar um sistema de mensuração e avaliação de desempenho. 2.2 Sistemas de controles internos Oliveira, Perez Jr. e Silva (2013) explicam que o conceito de controles internos, para ser compreendido plenamente, precisa ser analisado pelo conjunto de sua aplicação no contexto das rotinas empresariais, conforme as necessidades da empresa, seu porte, sua cultura, sua diversidade de negócios, sua dispersão geográfica e suas áreas operacionais. Do ponto de vista contábil, os controles internos correspondem aos planos de organização e ao conjunto integrado de métodos e procedimentos para a proteção do patrimônio da empresa por meio de atividades de checagem dos recursos, da integridade dos gestores e dos processos internos. Assim, a eficiência operacional pode ser alcançada, e as políticas e estratégias traçadas podem ser realizadas. Nesse raciocínio, os sistemas de controles internos referem-se ao conjunto de procedimentos, que visa detectar e prevenir desvios de rumos que possam afetar o desempenho da empresa de maneira negativa, impactar na lucratividade e gerar reflexos relevantes no conjunto das demonstrações contábeis, tanto para os usuários internos quanto para os usuários externos. Conforme Figura 4.1, Oliveira, Perez Jr. e Silva (2013) ilustram que os sistemas de controles internos levam em conta as áreas da empresa, o 159 propósito do controle diante de uma necessidade e os procedimentos de controle. A avaliação de um controle, por exemplo, leva em conta o seu objetivo e a maneira como está implementada. Figura 4.1 | Integração entre os objetivos, procedimentos e avaliação do controle interno Obje�vo do controle Sistemas de controle interno por áreas contábeis Avaliação do controle interno Técnicas e procedimentos de controle interno Fonte: Oliveira, Perez Jr. e Silva (2013, p. 70). Um sistema de controle interno permeia toda a organização em todas as áreas. Por isso, o sistema está intimamente associado aos seguintes aspectos, conforme exemplifica Oliveira, Perez Jr. e Silva (2013): a) sistema de orçamentos da empresa; b) definições de custos-padrões e análise das variações; c) relatórios operacionais e análises estatísticas do mercado no qual a empresa atua; d) comportamento e desempenho dos concorrentes; e) programa de treinamento que visa capacitar os colaboradores da empresa; f) planejamento estratégico, etc. 2.3 Objetivos e importância dos controles internos As empresas de médio e grande porte, geralmente, são geridas com um executivo responsável em cada uma das áreas, departamentos ou setores. Esses responsáveis prestam contas aos gestores supervisores a cada período do desempenho obtido em sua área. Por causa disso, é normal encontrar controles internos em todas as áreas da empresa, pois eles visam contribuir para que as funções organizacionais atuem de maneira eficiente, a fim de atingir os objetivos com a aplicação do menor volume de recursos possí- veis, sem prejuízos à qualidade das atividades. Isso reduz desperdícios ou perdas nos processos internos. O controle das informações e ações almejam a transparência e a conformi- dade no cumprimento de normas internas e é uma medida da Controladoria. Nessa ótica, a Controladoria é exercida como uma área de controle adminis- trativo. A contabilidade da empresa, na obtenção de informações financeiras e não financeiras, precisa estar alicerçada em controles internos para que não haja informações distorcidas que causem problemas ao processo decisório. 160 Isto posto, a relevância dos sistemas de controles internos se resume nos seguintes aspectos, segundo Oliveira, Perez Jr. e Silva (2013): a. Tamanho e complexidade da empresa: quanto maior é a entidade, mais complexa tende ser a organização estrutural. Para controlar as operações com eficiência, os tomadores de decisões precisam de relatórios e análises concisos que reflitam a realidade das ativi- dades operacionais. b. Responsabilidades: a responsabilidade pela salvaguarda dos ativos e pela prevenção de erros ou fraudes é da administração. Por isso, a manutenção dos sistemas de controles internos é imprescindível para a aplicação e atribuição correta das responsabilidades. c. Caráter preventivo: um sistema de controle interno que funcione corretamente constitui uma proteção segura e confiável para a empresa. As rotinas de checagem e revisão indicam a existência de controles internos eficientes, porque minimizam erros e a possibili- dades de fraudes, garantindo a confiança nas informações. Conforme Catelli (2013), o controle pode ser compreendido como a última fase dentro de um processo de gestão, embora possa acontecer conco- mitante ao planejamento. A fase de controle consiste em: a) comparar aquilo que foi executado com aquilo que foi previsto; b) identificar os desvios de rumos e analisar suas causas; e c) estabelecer ações corretivas que preservem a continuidade e a integridade organizacional. Isto posto, para Oliveira, Perez Jr. e Silva (2013), os principais objetivos de um sistema de controles internos são: a. Verificar e assegurar os cumprimentos às políticas e normas da empresa. b. Obter informações confiáveis, de qualidade e em tempo hábil, úteis ao processo decisório. c. Comprovar a veracidade de relatórios contábeis, financeiros e operacionais. d. Proteger os ativos (bens e direitos) da empresa. e. Prevenir erros e fraudes. f. Servir para a localização de erros e desperdícios, promovendo a uniformidade e a correção. g. Registrar asoperações para assegurar a eficiente utilização dos recursos da empresa. 161 h. Estimular a eficiência da mão de obra. i. Verificar a exatidão e fidelidade dos dados e relatórios contábeis. j. Assegurar o processamento correto das transações da empresa e a autorização de todos os gastos incorridos no período. k. Permitir a observância e o estrito cumprimento das bases norma- tivas e legais em vigor. 2.4 Classificação dos controles internos Segundo Crepaldi e Crepaldi (2017), o controle interno pode ser classi- ficado nas seguintes categorias: a) operacional – relativo às ações que propi- ciam o alcance dos objetivos da empresa; b) contábil – relativo à veracidade e à fidedignidade dos registros contábeis; c) normativo – relativo à observância da regulamentação pertinente. Não há uma terminologia única para descrever as categorias de controles internos, contudo, é possível classificá-los segundo suas finalidades da seguinte forma: a) controle de sistemas de informação; b) controles organiza- cionais; c) controle de procedimentos (OLIVEIRA; PEREZ JR.; SILVA, 2013; CREPALDI; CREPALDI, 2017). Controles de sistemas de informações: tratam-se dos controles obtidos pela prestação de informação aos níveis adequados da administração. Os sistemas contábeis e de informações devem propiciar aos gestores meios de identificar erros ou omissões nos registros contábeis, pois quanto maior o volume das transações envolvidas, menor tende a ser o envolvimento direto da administração nessas transações. Assim, as informações precisam ser confiáveis, claras, precisas, objetivas, atualizadas e tempestivas, servindo para as tomadas de decisões. Exemplos de aplicações de controles do sistema de informações: a) avaliação do tipo de informação fornecida; b) avaliação da qualidade da informação apresentada; c) uso correto da informação; d) sistema de relató- rios estratificados por área organizacional. Controles organizacionais: correspondem aos métodos administra- tivos e operacionais estabelecidos para uso diário nas diversas atividades da organização. Em outras palavras, referem-se aos controles obtidos por meio do modo de designar responsabilidade e delegar autoridade. Um princípio de controle interno determina que as funções devem ser atribuídas às pessoas de modo tal que nenhuma delas possa controlar isoladamente todas as fases de processamento de uma transação. Isso implica distribuir as tarefas dentro 162 das atividades, de modo que um colaborador ateste o trabalho executado por outro, validando o processo. São exemplos de controles organizacionais: a) segregações de funções; b) atribuição de responsabilidades; c) definição da delegação de autoridade; d) procedimentos para as aprovações e autoriza- ções; e) padrões para a mensuração e quantificação do desempenho. Controles de procedimentos: referem-se aos controles obtidos pela observação de políticas, normas e procedimentos internos na empresa. Esse tipo de controle visa obter razoável certeza de que: a) as transações e operações estão de fato autorizadas; b) as transações e operações são conta- bilizadas corretamente, permitindo a elaboração das demonstrações contá- beis segundo os princípios de contabilidade; c) o acesso aos ativos ocorre mediante a autorização da administração; e d) é instituída responsabilidade para que as operações e transações contabilizadas sejam checadas e recalcu- ladas regularmente para comparar as informações com a existência de ativo físico, de modo que permita que ações apropriadas sejam aplicadas quando houver divergências. 2.5 Ineficiências e limitações de controles internos Os sistemas de controles internos promovem o cumprimento dos objetivos empresariais com eficácia e eficiência operacional e possibilitam a preparação de demonstrações contábeis confiáveis, de acordo com a base normativa e legal. Os sistemas de controles são criados a partir de processos internos e integram parte das políticas, procedimentos financeiros e opera- cionais das empresas. Eles implicam o conjunto de ações que as empresas tomam, visando proteger os recursos patrimoniais contra perdas, fraudes e ineficiências, garantindo a confiabilidade e segurança das informações contábeis. Os controles auxiliam no cumprimento das políticas internas, permitindo avaliação de desempenho em toda a organização. Quando estabelecidos, os controles internos são capazes de revelar inefi- ciências e falhas organizacionais, as quais, contabilmente, se refletem em possíveis reduções de receitas e aumentos de custos, afetando a geração de resultados financeiros. Nessas reduções e aumentos, é possível identificar as fraquezas e falhas de informação. Um sistema de controles internos eficaz promove o sucesso da empresa em atingir suas metas estratégicas, operacio- nais e orçamentárias, mas isso depende da revisão de controles aplicados para a proteção de ativos da empresa, da avaliação da conformidade do compor- tamento organizacional com as políticas empresariais e da observância dos regulamentos internos e das leis aplicáveis. 163 Questões para reflexão Os controles internos, quando implementados sem alinhamento aos propósitos estratégicos, podem desviar a empresa de sua missão. Na prática, uma empresa assim costuma lidar com situações urgentes de curto prazo que não contribuem para os avanços de longo prazo da organização. Você concorda com essas declarações? Por quais motivos? Sancovschi (1999) lista os seguintes itens como princípios do controle interno: a) estabelecer claramente a autoridade e a responsabilidade dos funcionários; b) separar a responsabilidade sobre operações relacionadas; c) a autoridade sobre as funções de registro, custódia de ativos ou autori- zação para movimentar ativos e incorrer em passivos deve ser delegada a três pessoas diferentes; d) empregar sempre pessoal competente e confiável; e) promover a rotação periódica de deveres ou de cargos; f) adotar técnicas e procedimentos claramente definidos aliados a medidas de segurança adequadas; g) viabilidade financeira; h) revisão independente; i) integração de tarefas e funções. As empresas tendem a aumentar o nível de controle quando variá- veis relacionadas ao porte delas se destacam. Acerca disso, a estrutura da Controladoria contribuirá para a minimização de incertezas no processo decisório. As empresas que possuem controles internos ineficientes, geral- mente, possuem uma precisão menor nas projeções da administração. Por exemplo: controles ineficientes de estoques podem ocasionar consumo desnecessário ou perdas no processo produtivo. Em pequenas empresas, os sistemas de controles internos possuem influência significativa no desem- penho, ou seja, a implementação deles é vital para a melhoria do desempenho financeiro da organização. Por causa disso, recomenda-se a observância de princípios de controles internos e a aplicação adequada deles dentro dos processos internos. A Controladoria deve observar se falhas resultantes de entendimento precário das instruções estão acontecendo, bem como erros de juízo, descuidos ou outros fatores humanos. O potencial de burla por conveniência dos procedimentos internos pela divisão de funções deve ser observado e minimizado, se houver. Além disso, outros possíveis problemas precisam ser observados igualmente, tais como: a) os processos relacionados à execução e ao registro das operações serem ineficazes diante de erros realizados pela administração; b) riscos de defasagens de controles em projeções futuras por causa de mudanças de condições. A Controladoria deve ter certeza razoável de que o custo do controle interno não supere os benefícios esperados dele. Esses benefícios, segundo 164 Crepaldi e Crepaldi (2017), envolvem a redução das perdas derivadas da não execução dos objetivos gerais de controle contábil. 2.6 Modelo COSO Em 1992, foi desenvolvida uma estrutura conceitual para os controles internos, proposta pelo Committee of Sponsoring Organizations of theTreadway Commission (COSO, 2019). O COSO entende e define controle interno como sendo um processo, executado pela diretoria, pela gestão da empresa e pelos demais colaboradores, que proporciona razoável nível de confiança para a execução dos objetivos de controle interno em três propó- sitos: a) eficácia e eficiência das operações da empresa; b) confiabilidade dos reportes financeiros; c) conformidade com leis e regulamentos aplicáveis. Para saber mais Segundo Kaya (2018), ao longo do tempo e com as novas atualizações, o COSO passou a envolver 17 princípios, contemplando relatórios de todos os tipos. Trata-se de um modelo que foi sendo aperfeiçoado mediante discussões e evidências científicas. O COSO assume a existência de cinco componentes, pelos quais são alcan- çados os objetivos de controles internos. Na versão atualizada, ele apresenta as cinco dimensões do controle interno, as quais estão associadas à efetivi- dade do controle interno: a) ambiente de controle; b) avaliação de riscos; c) controle de atividades; d) comunicação e informação; e) monitoramento. O objetivo da operação refere-se à eficácia e eficiência das operações da empresa, e inclui as metas operacionais e financeiras e a proteção de ativos contra desperdícios. O objetivo de relatórios refere-se à preparação e apresen- tação de demonstrações confiáveis, sejam elas internas, externas, financeiras e não-financeiras. A conformidade corresponde à adesão aos aspectos legais e normativos que moldam o comportamento organizacional. No que tange às dimensões, o ambiente de controle interno estabelece a harmonia para uma empresa, afetando a consciência de controle dos colabo- radores dela. Essa dimensão é a base para todos os controles internos, dado que fornece disciplina, estrutura, integridade, valores éticos, competência operacional, filosofia de gestão e o estilo do modelo de gestão. O nível de controle nessa dimensão está relacionado ao modo como as atividades da empresa são estruturadas e os riscos avaliados. 165 Quanto à avaliação de risco, as empresas, normalmente, lidam com riscos externos e internos, cujas fontes devem ser avaliadas. Ela exige a determi- nação de objetivos associados aos diferentes níveis organizacionais. Como os ambientes são dinâmicos, complexos e mutáveis, espera-se que dispositivos sejam aplicados para identificar riscos e fornecer soluções quanto aos riscos relacionados às mudanças. As atividades de controle correspondem às políticas e aos procedimentos visam assegurar o modo de execução das diretivas de gestão, incluindo ativi- dades, como aprovações, autorizações, verificações, conciliações, revisões de desempenhos, salvaguarda de ativos e segregação de funções. Essas ações permitem dissuadir as atividades de fraude ou roubo que poderiam ocasionar perdas para a organização. A informação pertinente precisa ser identificada, captada e comuni- cada por meio de relatórios e cronogramas definidos que ajudem as pessoas no cumprimento de suas responsabilidades. Neste aspecto, os sistemas de informação geram relatórios gerenciais, financeiros e não financeiros. O controle da eficiência do sistema de informação corresponde a uma medida da Controladoria para uma empresa que enfrenta dificuldades no mercado. A comunicação eficaz também deve ocorrer em um sentido mais amplo, ao ponto de que todas as pessoas da empresa, em seus diversos níveis, possam receber uma mensagem clara da gestão executiva de que as respon- sabilidades de controles precisam ser atendidas. Por isso, o colaborador deve compreender o seu papel na aplicação e manutenção de controles internos e na maneira como suas atividades afetam o trabalho das demais pessoas. Por fim, o monitoramento deriva de um processo que avalia a quali- dade do desempenho do sistema de controle interno, estabelecido ao longo do tempo pelas atividades de monitoramento contínuo e das avaliações separadas. O monitoramento contínuo ocorre durante a aplicação das ações operacionais. O escopo e a frequência das avaliações distintas dependem de uma avaliação dos riscos e da não existência de falhas nos procedimentos de monitoramento em andamento. Quando identificadas, as deficiências de controle devem ser reportadas pela Controladoria para a administração da empresa, para esta sanar tais problemas. O COSO foi criado para projetar, implementar, conduzir e avaliar os sistemas de controles internos por meio de princípios associados aos controles internos (veja o Quadro 4.5). Ele concede a base para a gestão de riscos, fundamental para lidar com as incertezas do ambiente e otimizar as ações estratégicas para o alcance de sua missão organizacional. 166 Quadro 4.5 | Princípios do controle interno segundo o COSO Dimensão do controle interno Princípio Ambiente de controle 1. A organização demonstra um compromisso com a integridade e os valores éticos. 2. Supervisão para o desenvolvimento e desempenho do controle interno. 3. Estabelecimento de estruturas, relatórios, autoridades e responsabilidades. 4. Compromisso de atrair, desenvolver e reter pessoas competentes. 5. A empresa faz com que as pessoas assumam responsabilidades por suas funções de controle interno (responsabilização). Avaliação de riscos 6. Objetivos adequados e claros. 7. Identificação e análise de riscos . 8. Avaliação de risco de fraude. 9. Identificação e análise de mudanças significativas. Controle de atividades 10. Seleção e desenvolvimento de atividades de controle. 11. Seleção e desenvolvimento de controles gerais sobre tecnologia. 12. Implantação por meio de políticas e procedimentos. Comunicação e informação 13. Uso de informações relevantes. 14. Comunicação interna. 15. Comunicação externa. Monitoramento 16. Condução de avaliações contínuas e/ou independentes. 17. Avaliação e comunicação de deficiências. Fonte: elaborado pelo autor, com base em McNally (2013) e Kaya (2018). Para Schmidt, Santos e Martins (2014), a necessidade da criação de um modelo para gerenciar o risco da empresa ficou latente, levando o COSO a desenvolver princípios e conceitos para buscar a unificação do entendimento do que sejam controles internos e da relevância de sua implementação para gestão de risco nas empresas. Acerca disso, a Controladoria tem o seu papel na gestão de riscos que envolve a compreensão do perfil e das estratégias empresariais alinhadas ao risco assumido pelas empresas. Nesse contexto, ela cria dispositivos para avaliar estratégias alternativas, direcionando 167 as informações para os propósitos empresariais, além de criar eficientes mecanismos de controles internos. 2.7 Diretrizes para a implantação ou revisão de um sistema de controles Schmidt, Santos e Martins (2014) comentam que as empresas são muito preocupadas no momento de criarem sistemas de controles internos eficazes, contudo, a eliminação de controles em excesso ou ineficientes é muito mais difícil. A habilidade de eliminar os controles ineficazes é tão fundamental quanto a habilidade de estabelecê-los. Os controles devem auxiliar a gestão e não criar dificuldades para a operação da empresa, ou seja, a Controladoria deve avaliar o custo-benefício de se implementar o controle para obter uma certa informação. Primeiro, é preciso conhecer como os processos internos foram criados, para que novos problemas sejam evitados como resultado de um programa de avaliação e melhoria dos controles existentes. Isso se deve ao fato de que um controle é criado como resultado de um processo consistente de análise e planejamento. Assim, ele tem origem de uma causa definida e de uma finalidade específica. No momento de desenvolver o sistema de controles internos, deve-se determinar a periodicidade de sua reavaliação para revisão ou eliminação. Na prática, muitas empresas reavaliam os controles somente quando problemas ou falhas acontecem, gerando uma atividade reativa e não proativa diante da situação. Uma atitude proativa tende a reduzir os riscospara a organização. Questões para reflexão Em sua percepção, quais problemas são possíveis identificar num caso em que os documentos e o tempo de atividade do departamento de recursos humanos não são controlados de maneira correta, gerando excesso de horas extras aos funcionários? Qual deveria ser o comporta- mento da empresa e a postura da Controladoria diante de uma situação? Cabe à Controladoria monitorar a validade dos controles internos, consi- derando a gestão de risco, avaliando a necessidade de implementar novos controles, reformular ou remover controles existentes. Esse monitoramento se concretiza por um conjunto de investigações sobre as principais atividades da empresa, por exemplo: aplicação de entrevistas formais e informais com os colaboradores, visando ao constante entendimento do fluxo das ativi- dades, das demandas e das rotinas, para que possa compreender a realidade 168 das áreas. A revisão dos controles pode ser programada para cada semestre, trimestre ou mês, por exemplo, a partir do profundo conhecimento dos processos internos de uma determinada área da empresa. Nessa revisão, a Controladoria examina os controles internos existentes e a necessidade de novos controles, objetivando emitir um relatório sobre a qualidade da gestão de risco, de problemas e falhas, para os gestores e executivos da empresa. Deve-se considerar também o custo de implantação de novos controles e os impactos financeiros com o novo procedimento de controle interno para evitar a burocratização. Os controles não devem travar o processo de decisão, mas servir de auxílio no alcance das metas empresariais. A implantação, revisão ou aprimoramento de um sistema de controles é uma atividade complexa, a qual requer a observância de algumas diretrizes básicas, as quais, segundo Oliveira, Perez Jr. e Silva (2013), podem ser listadas em passos sete passos. Primeiro passo: cada empresa deve desenvolver seu próprio sistema de controle. Cada empresa tem suas particularidades, resumidas pelo modelo de gestão, pela cultura organizacional, por suas crenças e por seus valores, e isso deve ser considerado na criação de um controle. Embora os princípios de controles internos sejam os mesmos, a aplicação destes exige a incorporação dos aspectos próprios de cada empresa. Segundo passo: um controle interno, por mais eficiente que seja, não pode compensar ou neutralizar as incompetências dos executivos da empresa ou má gestão. Muitas empresas consideram o valor dos controles internos apenas diante de problemas ou prejuízos. Nessas situações, é comum que adminis- tradores atribuam as falham à falta de controle interno ou à ineficiência de um controle existente. A Controladoria deve avaliar a origem do problema. Às vezes, o problema se origina na falha da mão de obra e na execução das atividades, e não no controle interno. Terceiro passo: a complexidade dos sistemas de controles internos não representa garantia de eficácia e eficiência. Uma vez estabelecidos os objetivos da empresa e os sistemas de controles aplicáveis ao alcance deles, deve-se priorizar o estabelecimento de sistemas adequados ao ambiente empresarial, mesmo que apresentem simplicidade em seu contexto. Quarto passo: devem ser fixados prazos realistas e exequíveis no processo de implantação do sistema de controles. 169 Todo o processo que envolve a aplicação de tentativa, erro e correção para o estabelecimento de controles tende a consumir tempo desnecessário, tornando inviável prever com razoável aproximação o prazo exigido para a implantação ou renovação de um sistema de controles. As previsões de prazos para estabelecimento de controles precisam ser realistas, conforme a necessidade, e não de acordo com a ansiedade dos gestores em terem o controle em funcionamento. Quinto passo: é decisiva a participação das pessoas da empresa na implantação ou melhoria dos controles internos, bem como na manutenção e operacionalização sistêmica. O responsável pelo processo de implantação e a Controladoria devem ser hábeis em convencer as pessoas da utilidade de controles para evitar possí- veis rejeições de implantação. Sexto passo: sistemas complexos e impraticáveis são inúteis. Eventualmente, os profissionais encarregados da criação, implantação ou melhoria de controles internos podem ser perfeccionistas ao ponto de perderem de vista a realidade, tornando todo o trabalho inviável para a empresa. Sétimo passo: no processo de implantação ou reformulação de controles, devem ser consideradas as perspectivas futuras da empresa, isto é, a visão estratégica. Não é justificável que sistemas sejam implementados para atender apenas a uma demanda imediata. Deve-se considerar as necessidades futuras e as mutações que a empresa sofrerá, porque isso afeta a durabilidade de um controle. Além disso, os controles devem refletir a estrutura, o porte e as concepções da empresa ao longo do tempo. Atividade de aprendizagem 1. Do ponto de vista contábil, os controles internos correspondem aos planos de organização e ao conjunto integrado de métodos e procedimentos para a proteção patrimonial, por meio de atividades de checagem dos recursos, da integridade dos gestores e dos processos internos. Diante disso, é correto afirmar que uma das finalidades do controle internos é: a. Salvaguardar os ativos e verificar a exatidão e fidelidade dos dados e relatórios contábeis. b. Não desenvolver a eficiência e a eficácia nas operações. 170 c. Desestimular o cumprimento das políticas, das normas e dos proce- dimentos na empresa. d. Comprar recursos de almoxarifado e matéria-prima. e. Promover as vendas da empresa. 2. Diante do processo de tomada de decisão, o exercício do controle interno pode ser considerado o mais crítico para a Controladoria, porque ela se torna responsável pelo monitoramento, acompanhamento, controle e avaliação do desempenho organizacional. Nesse sentido, o controle proporciona mecanismos que contribuem para a empresa caminhar nos rumos estraté- gicos e operacionais desejados. Considerando os aspectos do controle interno, é possível classificá-lo como: a. Controles organizacionais; controle de sistema de informação e controle de procedimentos. b. Controle de sistemas de resultados. c. Controle de processamento da produção. d. Controle de auditoria. e. Despesas administrativas. 171 Seção 3 Sistemas de medição e avaliação de desempenho A medição e a avaliação de desempenho organizacional consistem em um instrumento de controle das atividades organizacionais. Por meio delas, é possível constatar o alcance (ou não) dos objetivos empresariais e identificar as mudanças de rumos necessárias para que a empresa obtenha uma aproxi- mação clara dos seus objetivos. Esta seção discute e apresenta a você os sistemas de medição e avaliação de desempenho organizacional, sob o ponto de vista operacional, conside- rando o processo de gestão. Além disso, o tema é também comentando sob o ponto de vista da gestão estratégica e do controle organizacional, uma vez que a avaliação de desempenho permite a condução de rumos estratégicos. Assim, neste espaço, são retratados os sistemas de medição e a avaliação de desempenho operacional, voltados aos colaboradores da empresa e à própria empresa. Nesse contexto, a Controladoria exerce o papel de preparar os indica- dores para a avaliação de desempenho. Cabe a ela a responsabilidade de acompanhar os resultados da empresa e as colocações de cada gestor para o aprimoramento das ações, visando ao alcance de resultados. Portanto, ela reporta informações úteis, por meio dos sistemas de informações, para a avaliação de todos os colaboradores e da empresa como um todo, auxiliando a administração no processo decisório, com vista ao alcance da eficiência e eficácia organizacional. 3.1 O elo estratégico e a mensuração e avaliação de desempe- nho organizacional Em uma empresa, o planejamento estratégico permite o exercício da gestão estratégica,a qual é compreendida como um conjunto de decisões e ações estratégicas que definem o desempenho organizacional no longo prazo. Isso inclui a análise profunda dos seus ambientes interno e externo e dos pontos fortes e fracos da própria organização, além da formulação, implementação, avaliação e controle da estratégia. Por meio de uma gestão estratégica, respaldada pelo planejamento estra- tégico e operacional, é possível realizar diversas avaliações de desempenho. A avaliação de desempenho organizacional em si é um instrumento de controle das atividades organizacionais, que serve para verificar se os objetivos organi- zacionais estão sendo alcançados e identificar se há necessidade de alterações 172 das ações organizacionais, as quais viabilizem o alcance ou a aproximação dos objetivos. A avaliação de desempenho surge das necessidades das organi- zações em mudar, encorajar ou reforçar certas atitudes de seus colaboradores. Em decorrência disso, as técnicas e responsabilidades de avaliação sofreram grandes evoluções, com o intuito de aperfeiçoarem-se. A grande preocu- pação que a Controladoria tem hoje é a de observar se a estratégia definida pelos gestores da empresa está alinhada com as práticas operacionais, tanto no planejamento quanto na execução. Desalinhamentos entre as intenções estratégicas e as práticas operacionais levam à criação de indicadores de desempenhos que não servem ao propósito da organização. Esse cuidado é a base para se certificar de que os rumos estratégicos realmente estão condu- zindo pelo caminho certo. Questões para reflexão Quais são os impactos que uma empresa pode ter no mercado se adotar indicadores de desempenhos que não estejam alinhados à sua estratégia? 3.2 O ambiente organizacional e a avaliação de desempenho Uma empresa é composta por um conjunto de pessoas que atuam, de maneira coletiva, para o seu funcionamento. Cada membro exerce um papel importante na administração dos recursos da empresa e nas comunicações internas. A forma de gerenciar cada área acontece de maneira particular, conforme o tipo de gestor daquela área organizacional, contudo, os estilos de gestões devem ser compatíveis com o modelo de gestão da empresa, de forma a caracterizá-la como única quanto à sua postura, aos estilos de ações e aos modos de implementações de atividades. E isso impacta no processo decisório da organização. Os modelos de gestão trazem consigo as variáveis determinadas que moldam a forma de atuação da gestão empresarial e, por consequência, a maneira como são avaliados os desempenhos organizacionais quanto ao que foi realizado e à capacidade de realizar. A existência de mensurações de desempenhos dentro da organização deve ser vista como algo positivo, porque permite à empresa entender a forma que ela deveria ser e agir diante dos cenários favoráveis e desfavoráveis que ela se depara. A avaliação de desempenho também permite entender a contribuição que cada pessoa da organização deveria fornecer para o sucesso organizacional, junto com aquilo que de fato aconteceu. 173 Dentro da empresa, muitas vezes, ocorre uma avaliação informal, do cotidiano, pela qual os gestores são avaliados por seus líderes ou os colabo- radores são avaliados pela gestão, por exemplo. Todavia, conforme explica Nascimento e Reginato (2013), a forma como o resultado de uma avaliação ocorre depende dos atributos do modelo de gestão. Se este for bem definido, estabelecerá regras, políticas e fundamentos, aplicando-as com rigor, para uma avaliação de desempenho que permita o embasamento para o processo decisório. O perfil interno da empresa estimula a maneira como as avaliações de desempenho são aplicadas. A centralização ou descentralização do processo decisório, a atuação proativa ou não dos gestores, as capacidades empreen- dedoras dos gestores, entre outros aspectos, podem ser determinantes para o tipo de avaliação a ser adotado. Veja que o nível de formalização, gerado a partir do modelo de negócio com base na estratégia da empresa, definirá a base para o monitoramento e a avaliação de resultados, conforme aquilo que a empresa espera. Dessa forma, o processo de gestão ganha robustez, acompanhada pela Controladoria, que desdobra os procedimentos para viabilizar o planejamento empresarial em termos estratégicos e operacionais. Com o planejamento operacional definido e validado formalmente, a empresa executará as metas operacionais que foram estipuladas. Para isso, ela realiza novas transações, consome e gere recursos e coloca as novas ações em prática. O planejamento torna-se inútil se não houver o acompanhamento e o controle da execução orçamentária. É no planejamento que aquilo que foi planejado pode ser confrontado com o realizado, para a identificação de falhas, ineficiências e desvios, o que a Controladoria realiza como uma de suas funções. Assim, a empresa, com apoio da Controladoria, deverá processar a avaliação de desempenho organizacional, considerando todos os colabora- dores, especialmente, os gestores que são responsáveis pelas ações de maiores impactos e pelos resultados desejados. Visto que a empresa possui planejamentos estratégicos e operacionais, ela precisa estabelecer sistemas de indicadores de desempenho, para que o conjunto de indicadores interligados traduza as intenções estratégicas para termos operacionais. A gestão da empresa é responsável por não compro- meter a qualidade dos indicadores, mas a Controladoria é responsável por sua manutenção e apresentação tempestiva ao processo de tomada de decisão. Um sistema de indicadores pode estabelecer punições ou recom- pensas, conforme a meta alcançada, o que pode gerar uma proteção sistêmica 174 na organização, uma vez que há critérios formais para a atribuição de avalia- ções. No contexto da Controladoria, a avaliação de desempenho refere-se ao julgamento de ações ou atividades de maneira qualitativa, cuja percepção dos colaboradores pode ser expressa de maneira quantitativa. A avaliação de desempenho, geralmente, é dinâmica dentro das ações organizacionais e no processo de gestão, porém é associada à execução do planejamento, ao monitoramento das ações e ao controle organizacional. Uma vez estabelecida, a avaliação de desempenho permeia a organização e o processo de gestão (NASCIMENTO; REGINATO, 2013). Uma das finali- dades das avaliações de desempenho consiste em gerar base informacional suficiente, por meio de indicadores financeiros e não financeiros, para subsi- diar o processo de tomada de decisão, ao ponto de permitir correções de rumos e a melhoria do desempenho organizacional. 3.3 A importância de mensurar e avaliar o desempenho Para Nascimento e Reginato (2013), a empresa realiza as avaliações de desempenho para se certificar que o sistema-empresa, que é aberto e dinâmico e interage com os ambientes externo e interno, funcione da maneira mais adequada possível, ao ponto de que os recursos empresariais estejam sendo consumidos na medida necessária para a obtenção de resultados. A empresa é composta por subsistemas, os quais devem ser harmô- nicos entre si, para que toda a organização atue alinhada para o alcance dos objetivos. Se algum subsistema estiver falhando na execução de suas ativi- dades, a empresa como um todo pode ser afetada. Em essência, a visão das empresas como sistema e a visão sistêmica exigem a necessidade de avaliação de desempenho. Por isso, os esforços empresariais expressarão o resultado desejado apenas se todas as partes da empresa atuarem em equilíbrio. O resultado das atividades é o conjunto do desempenho das atividades de todas as áreas. Por causa disso, o acompanhamento das atividades da empresa nas suas diversas áreas pode permitir a avaliação das ações para a manutenção e melhoria das atividades, de tal modo que consiga aplicar ajustes necessários para que toda a organização atue da maneia desejada. A avaliação de uma área, contudo, pode ser um determinante para que a harmonia empresarialseja atingida. Por meio da análise SWOT, constatam-se os pontos fortes e fracos, as oportunidades e ameaças para a organização. Isso permite criar planos e perspectivas de atuação organizacional, expressos sob a forma de planeja- mento estratégico e operacional. No que tange a esses aspectos, a mensuração e a avaliação de desempenho tornam-se relevantes, porque permitem aos 175 gestores da organização o controle das atividades em alinhamento às metas desejadas. Por isso, as informações para o processo de tomada de decisão vêm à tona, isto é, os gestores passam a ter bases e fundamentos para decisões assertivas para o alcance dos objetivos empresariais. A utilização de um sistema de medição e avaliação de desempenho opera- cional permite, ainda, aos gestores obterem conhecimentos detalhados sobre as atividades operacionais de maneira rápida, possibilitando que adotem medidas preventivas ou corretivas com maior agilidade quando comparado a empresas que não possuem sistemas de desempenho implementados. A avaliação de desempenho não se restringe a avaliar a eficiência e a eficácia das atividades operacionais, porque ela pode trazer informações relevantes sobre o desempenho individual dos colaboradores também. Isso abre, para a gestão empresarial, um caminho para compreender os aspectos de adequações das habilidades internas em cada área da empresa, considerando as necessidades daquilo que é exigido para a atuação individual em determinado setor. Por exemplo, por meio de uma avaliação de desempenho, é possível identificar se os funcionários precisam de treinamentos, orientações ou recursos para a atuação dentro da empresa. Em linhas gerais, Nascimento e Reginato (2013) resumem em uma lista os principais motivos para as empresas investirem em instrumentos de mensuração e avaliação de desempenho: a) controlar as atividades operacio- nais da empresa; b) estimular os sistemas de incentivo dos funcionários; c) controlar o planejamento empresarial; d) criar, implantar e conduzir estra- tégias competitivas; e) identificar problemas que necessitem de intervenção dos gestores; e f) verificar se a missão da empresa está sendo alcançada. 3.4 Considerações para estabelecer um sistema de medição de desempenho Ao estabelecer um sistema de medição e avaliação de desempenho, a Controladoria, junto aos gestores e diretores, devem comunicá-lo a todos os colaboradores que são afetados por ele. Esse princípio é fundamental para que as avaliações sejam transparentes e confiáveis a todos os membros da organi- zação. Na prática, quando as empresas falham nessa comunicação, estimulam o comportamento indesejado do colaborador na atuação operacional. Contudo, essa comunicação pode não ser suficiente para que o processo todo seja eficaz. O instrumento de avaliação deve ser elaborado de maneira compatível com a realidade, o conhecimento e as competências daquele que é avaliado. Ainda que o resultado das avaliações não agrade parte dos colabo- radores, a transparência, a validação e a confiabilidade do processo trazem segurança a todos os envolvidos durante a avaliação de desempenho. 176 3.5 Sistemas de medição desempenho O desempenho operacional de uma organização pode ser mensurado por meio de indicadores, os quais são organizados em modelos de medição e avaliação de desempenho. Existem muitos modelos, entretanto, nesta unidade, você conhecerá os modelos de Avaliação 360°, Balanced Scorecard e o Prisma de Desempenho. Contudo, é possível citar que além desses você pode encontrar empresas aplicando modelos de desempenho, como o modelo KPMG, Tableau de Bord, Gestão de Desempenho Baseado em Atividades (ABC/M), entre outros. 3.6 Avaliação 360° A avaliação de desempenho 360º é uma ferramenta de desempenho organizacional e de gestão de pessoas que abrange perspectivas diferentes dos membros da organização e feedback quanto às competências, habili- dades e ações dos indivíduos da organização. O objetivo dessa avaliação é proporcionar uma resposta efetiva à atuação do profissional e melhorar a eficiência da empresa. Nesse sentido, ela visa obter informações úteis e precisas do desempenho dos membros da organi- zação, permitindo que as pessoas conheçam seus comportamentos, melho- rando a produtividade da empresa e orientando as pessoas no alcance das suas metas. A aplicação progressiva de práticas avaliativas e procedimentos, construídos de forma participativa pela empresa, isto é, por todos os colabo- radores, pode proporcionar melhorias, tais como coesão, envolvimento, eficiência, motivações organizacionais, etc. Questões para reflexão A falta de uma aplicação de uma ferramenta como essa pode trazer quais consequências para as organizações? Essa ferramenta envolve a participação de todas as pessoas da empresa, as quais interagem com os profissionais diretamente ligado a elas. Por exemplo: superiores, colegas de trabalho, subordinados, fornecedores, clientes internos e externos. Envolve, ainda, uma autoavaliação do participante. Por causa disso o método passou a ser conhecido como feedback de 360 graus (ou avaliação 360°), por envolver todo o círculo de feedback relativo aos relacionamentos. Dentre as utilidades dessa ferramenta, estão: fornece direção para resul- tados; possui uma imparcialidade elevada; reúne várias perspectivas para apresentar uma avaliação; a qualidade da informação é precisa, por suavizar 177 tendências ou preconceitos; o resultado é proveniente de várias pessoas; pode ajudar a melhorar o comportamento das pessoas e da empresa toda. Por outro lado, algumas limitações podem ser listadas: pode haver uma forte resistência das pessoas em realizarem mudanças e da complexidade envolvida nesta avaliação pelo seu enfoque sistêmico; o sistema é complexo, por combinar respostas diferentes; pode haver opiniões conflitantes, embora precisas; exige treinamentos e conscientizações; a reaplicação do processo pode ser intimidante. Trata-se de uma forma mais complexa de avaliação, que exige muito mais da equipe, mas, geralmente, apresenta ótimos resultados, porque a visão da avaliação é mais completa, não dependendo apenas de um único avaliador, sendo embasado por diversos pontos de vista. Quando se trata da aplicação do instrumento de avaliação 360°, os seguintes passos devem ser levados em consideração: a) estabelecer metas para a iniciativa 360°; b) avaliar a prontidão individual e organizacional; c) projetar o processo, definindo as competências; d) selecionar ou projetar uma ferramenta; e) identificar e preparar os participantes; f) preparar a organização; g) administrar a avaliação e seus resultados; h) entregar comen- tários da avaliação; i) apoiar o desenvolvimento organizacional e avaliar o processo realizado. A Controladoria, junto aos Recursos Humanos, é a responsável por validar e aplicar essa ferramenta. Para isso, ela deve criar as competências que estejam de acordo com os propósitos da empresa, associar uma atribuição e responsabilidade à competência e definir a escala métrica de mensuração, como ilustra o Quadro 4.6. 178 Quadro 4.6 | Exemplo de aplicação da Avaliação 360° Competência Atribuições e responsabilidades N D A S 0 1 2 3 Gestão do conhecimento Repassar informações, comunicar sobre novas informações e contribuir para o aprimoramento de outros profissionais da empresa. X Aprimoramento no atendimento Aprimorar de maneira criativa os processos no atendimento, tendo em vista as consequências de suas atitudes. X Cultura da qualidade Busca a melhoria contínua dos padrões de qualidade almejados pela empresa como um todo, aplicando nos processos internos. X Trabalho em equipe Relaciona-se com os profissionais responsáveis por outras equipes de trabalho e departamentos, visando obter sinergia das ações, fornecendo orientações precisas aos envolvidos. X Multifuncionalidade Assume papéis e responsabilidades diversificadas na área de atuação. X Interação com sistemas de informaçõesOpera novos processos, visando identificar, prever e reportar possíveis causas para os problemas. X TOTAL DOS PESOS ( = 6) 0 1 2 3 TOTAL DOS PONTOS ( = 9) 0 2 4 3 PONTOS / PESOS = 9/6 – 1,5 (Avaliação global) Escala: N – Não atende; D – Está em Desenvolvimento; A – Atende; S - Supera Fonte: elaborado pelo autor. Uma empresa que aplica a ferramenta de Avaliação de Desempenho 360° adota os seguintes critérios, os quais devem ser seguidos: a) participação de todas as pessoas que interagem com o avaliado na avaliação; b) feedbacks simultâneos e estruturados dos avaliadores e avaliados; c) aplicação de questio- nários específicos; d) avaliação qualitativa; e) confidencialidade dos resultados. O uso dessa ferramenta concede uma aceitação maior por parte dos avaliados, pois a avaliação, quando feita por pessoas diferentes, aumenta o senso de justiça e a segurança. Ademais, os resultados são mais confiá- veis e impessoais, uma vez que há um maior controle quanto aos feedbacks comunicados pelo avaliador. 179 3.7 Balanced Scorecard A gestão não deve ter dúvidas entre indicadores financeiros e operacio- nais, uma vez que dependem do conjunto completo de indicadores. Em 1992, Kaplan e Norton apresentaram uma proposta de integração entre indicadores, que passou a ser conhecido como Balanced Scorecard (BSC). Esse modelo resolve a dependência restrita de medidas financeiras, isto é, as medidas de desempenho, as quais estavam sendo baseadas apenas em dados financeiros, e isso estava prejudicando a capacidade das empresas em gerar valor para o futuro. O BSC corresponde a um sistema de gestão empresarial que envolve as medidas financeiras do desempenho passado com as medidas dos fatores que impulsionam o desempenho futuro (OLIVEIRA; PEREZ JR.; SILVA, 2013). Os objetivos e medidas do scorecard derivam da visão e estratégia da empresa. O modelo BSC representa uma maneira de traduzir a estratégia em ação operacional, isto é, transformar as intenções descritas nos planos opera- cionais e estratégicos em ações operacionais e práticas para difundi-las por todos os níveis da empresa. Por isso, objetiva-se assegurar que todos os colaboradores participem de sua execução no cotidiano da empresa. Pelo BSC, as grandes metas são traduzidas em tarefas e objetivos específicos para cada colaborador. Do ponto de vista da gestão, o BSC é uma ferramenta estratégica essencial para que empresas conduzam seus desempenhos presentes e futuros, canali- zando os esforços, as habilidades e os conhecimentos específicos de todos os colaboradores da empresa em busca da realização de metas estratégicas e da lucratividade desejada. Pode ser compreendido também como sendo o conjunto selecionado de medidas quantificáveis derivadas da estratégia de uma organização. Por causa disso, corresponde a um sistema de gestão estratégica que permite a tradução da visão, missão e aspiração estratégica da empresa em objetivos tangíveis e mensuráveis, ou seja, o BSC traduz a estratégia em termos operacionais. Em essência, o BSC é considerado, simultaneamente, uma ferramenta de comunicação, um sistema de medição de desempenho e um sistema de gestão estratégica que auxilia as empresas na superação de três questões essenciais: a) medição eficaz do desempenho organizacional; b) aumento dos ativos intangíveis, porque mensura o seu potencial; c) desafio de imple- mentar a estratégia. Ele tem por característica a possibilidade de combinar as variáveis financeiras e operacionais em um único modelo de gestão empre- sarial, proporcionando um controle e uma avaliação de desempenho consis- tentes. Permite equilibrar os controles estratégicos e financeiros, concedendo às empresas a capacidade de monitorar com eficiência seu desempenho. 180 Os responsáveis pelo negócio levantam a lista de metas de cada área da empresa com base no planejamento operacional e definem os indicadores a serem acompanhados para impulsionar o desempenho dela. Vale ressaltar que os indicadores estabelecidos precisam estar alinhados aos planos estraté- gicos da organização e aos rumos que ela pretende dar. O BSC pode ser compreendido por meio de seus atributos, tais como: Perspectivas, Equilíbrio, Alinhamento estratégico e causalidade, Mapas Estratégicos e Ativos Intangíveis e Declarações de Destino. Em sua proposta inicial, visando concentrar-se nos indicadores de desempenho considerados críticos para empresa, Kaplan e Norton (1992) sugeriram que o volume de indicadores contidos no scorecard deveria ser limitado. Nesta lógica, o modelo proporciona à alta gestão da empresa uma visão rápida e abrangente do negócio, a princípio, a partir de quatro perspec- tivas, equilibrando as medidas financeiras e operacionais quanto à satisfação dos clientes, aos processos internos, ao financeiro e ao aprendizado e cresci- mento. Essas dimensões satisfazem o chamado BSC clássico, ou BSC de primeira geração. A dimensão da perspectiva do cliente contempla um conjunto de indica- dores que permite à empresa identificar como ela é e como deseja ser vista por seus clientes, considerando suas expectativas e necessidades. A dimensão da perspectiva dos processos internos dá a oportunidade de ela descrever os processos de negócios fundamentais ou as competências nos quais ela deve se destacar de modo a satisfazer clientes e investidores. A dimensão da perspectiva do aprendizado e crescimento (inovação) possibilita a capacidade de identificar as mudanças necessárias para realização de seus objetivos por meio de melhoria contínua e criação de valor. Por fim, pela dimensão da perspectiva financeira, a organização procura descobrir como é percebida e como deseja ser vista por seus investidores. As quatro perspectivas foram concebidas para atender a muitas empresas, por isso, não devem ser consideradas um modelo fechado, pois não há embasamento matemático para dizer se elas são necessárias e suficientes (KAPLAN; NORTON, 1996). Para saber mais Apesar de o BSC clássico ser composto por quatro perspectivas, pode ser modificado para se adequar às necessidades do modelo de gestão. Por exemplo, o BSC de uma entidade pública pode apresentar as perspectivas: social, ambiental, físico-espacial e econômica. Outras 181 empresas podem substituir, por exemplo, a perspectiva dos processos internos por uma chamada de competência. O BSC é um modelo de sistema de medição de desempenho que evoluiu ao longo do tempo. Atualmente, ele permite a mutabilidade das perspectivas e a sua aplicação em diversas versões, desde que esteja alinhado aos propósitos estratégicos da empresa e de seu modelo de gestão. Lawrie e Cobbold (2004) simplificaram o BSC, reduzindo o número de perspectivas para: atividade e resultado. A simplificação intenciona superar a questão da falta de perspec- tivas para atender aos mais diversos setores. Por consequência, as perspec- tivas financeiras e de clientes são substituídas por uma única perspectiva: a de resultado. Do mesmo modo, as perspectivas de processos internos e de aprendizado e crescimento podem ser substituídas pela atividade (LAWRIE; COBBOLD, 2004; PERKINS; GREY; REMMERS, 2014). O termo “balanced” corresponde de fato ao equilíbrio, pressuposto que o número de medidas em cada uma das quatro perspectivas deve ser o mesmo. Com o tempo, esse conceito passou a prevalecer no sentido de equilíbrio entre as medidas financeiras e não-financeiras. Assim, em abordagens mais recentes, há menos foco no equilíbrio exato entre as medidas das diferentes perspectivas e mais ênfase sobre as relações entre os resultados de desem- penho desejados e os drivers necessários para alcançá-los. O BSC deve conter indicadores de resultados e os drives desses resultados de desempenho ligados entre si. A partir de 1993, ele começou a associar os indicadores de desempenho, via relações de causa e efeito, com os objetivos estratégicos necessários ao alcance da estratégia da organização. Para assegurar o alinhamento dos objetivos individuaiscom a estratégia empre- sarial, a empresa deve traduzir a estratégia em termos operacionais, a fim de transformá-la em tarefa cotidiana de todos. Para isso, é preciso haver uma liderança forte e eficaz, capaz de mobilizar a mudança e de alinhar a organi- zação com a estratégia. Nesta lógica, a empresa deve desenvolver sua capacidade de vincular os objetivos estratégicos de longo prazo com ações de curto prazo, por meio de um processo de gestão estratégica que envolve: a) esclarecer e traduzir a visão estratégica; b) comunicar e ligar objetivos estratégicos e medidas; c) planejar, estabelecer metas e alinhar iniciativas estratégicas; e d) melhorar o feedback estratégico e a aprendizagem. Para associar os aspectos estratégicos com o desempenho organizacional, Kaplan e Norton (2004) sugerem a utilização dos mapas estratégicos, os quais fornecem um quadro útil para descrever e ilustrar qualquer estratégia, 182 objetivos, iniciativas e metas, bem como os indicadores utilizados para avaliar o desempenho, revelando as relações de causa e efeito por melho- rias que criam os resultados desejados. A construção dos mapas estratégicos envolve uma análise top-down, no entanto, pode também envolver a análise bottom-up, a qual permite aos gestores o entendimento de maneira sistemá- tica sobre o modo como a empresa pode converter seus ativos intangíveis em resultados tangíveis, perfazendo com que seja possível o alinhamento desses ativos com a estratégia, mensurando sua contribuição. O BSC evoluiu com o passar do tempo. Por isso, Lawrie e Cobbold (2004) classificaram o BSC em três gerações: a primeira composta pelos conceitos de Kaplan e Norton; a segunda inclui as relações de causa e efeito e introduz os mapas estratégicos; a terceira geração apresenta as declarações de destino e um modelo de articulação estratégica, a qual reduz o número de perspectivas para duas (LAWRIE; COBBOLD, 2004; PERKINS; GREY; REMMERS, 2014). Perkins, Grey e Remmers (2014) identificaram mudanças conceituais, tipificando o BSC em três gerações, distribuídas em oito versões, as quais visam expressar a intensidade da mudança em cada fase da evolução do BSC, conforme demonstradas no Quadro 4.7. 183 Quadro 4.7 | As versões e gerações do BSC Primeira geração 1.0 1.0.1 1.1 1.2 Integração entre as medidas Iniciando o foco na estratégia Mais peso às metas e tempo Elos entre objetivos estratégicos Interação entre as perspectivas Guia para construção do BSC Os quatro processos da gestão estratégica BSC como parte do núcleo do sistema de gestão de desempenho Equilíbrio entre as medidas Introdução: objetivos estratégicos Causalidade Ligação estratégica entre as medidas Segunda geração Terceira geração 2.0 2.1 3.0 3.1 Introdução dos mapas estratégicos Mapas estratégicos Introdução das declarações de destino Redução do número de perspectivas Convertendo ativos em resultados Ativos intangíveis Mais focos na estratégia, menos foco em indicadores específicos Introdução dos ativos intangíveis Abordagem bottom-up Abordagem top- down Fonte: elaborado pelo autor com adaptações de Perkins, Grey e Remmers (2014). Diante das várias versões, cabe mencionar que a empresa é livre para adicionar, reduzir, modificar e criar perspectivas ao BSC, desde que isso esteja alinhado à estratégia e ao modelo de gestão. A Figura 4.2 demonstra um modelo de mapa estratégico de uma empresa com os objetivos estraté- gicos e suas relações de causa e efeito. 184 Figura 4.2 | Modelo de mapa estratégico Financeiro Cliente Processos internos Capacidade Organizacional Aumentar o lucro operacional da empresa Eliminar a inadimplência na empresa Manter as obrigações da empresa em dia Trabalhar com tecnologia de ponta Crescer no mercado Manter os clientes atuais Aumentar a produ�vidade Garan�r a pontualidade na entrega dos produtos Promover a valorização e o melhoramento do desempenho dos funcionários Incen�var o crescimento pessoal Fonte: elaborada pelo autor. Já a Figura 4.3 ilustra parcialmente um exemplo de uma estrutura de planejamento de BSC. Uma empresa pode elaborar um quadro como esse para demonstrar os objetivos estratégicos, os indicadores de desempenho, as metas desejadas, os programas de ações operacionais e o orçamento desti- nado à execução das ações previstas. Figura 4.3 | Exemplo de parte de uma estrutura de planejamento de Balanced Scorecard PRÓXIMA PROGRAMAS N/A Projeto de incen�vos do cliente $ 5.000,00 por par�cipante 0,5 horas por colaborador Projeto para treinar funcionários em novos incen�vos ao cliente N/A ORÇAMENTOSATUAL Endereço Rua da Comida, 1234 Aumentar a lucra�vidade da empresa % Margem de lucro líquido 7% 22,101 30,564 0,24 32% 16% 300 315 6% 12 12% 24 35,05 0,12 50% 10% 350 5 350 10% % Taxa de abandono de chamada $ Fluxo de caixa líquido $ Vendas até a data $ Receita por cliente # Novos clientes % Market share $ Custo por chamada % Pontuação de excelência da pesquisa com cliente $ Custo médio de aquisição de novos clientes Manter altos níveis de sa�sfação do cliente Aumentar a lucra�vidade do cliente Construir e melhorar uma rede de novos clientes O�mizar as receitas e despesas Cidade São Paulo Estado CEP 85000-000SP PIZZARIA ITALIANA FI N AN CE IR O CL IE N TE OBJETIVOS ESTRATÉGICOS METAS INICIATIVASINDICADORES DE DESEMPENHO Fonte: elaborada pelo autor. 185 3.8 Prisma de Desempenho O Prisma de Desempenho é um modelo que integra os aspectos positivos dos sistemas de medição de desempenho, colocando as diferentes perspec- tivas de desempenho na perspectiva dos stakeholders em prioridade. Compõe-se de cinco fases: a) satisfação dos stakeholders; b) estratégias; c) processos; d) capacidades; e) contribuição do stakeholders. A satisfação dos stakeholders leva a empresa a avaliar a relevância, o interesse e as necessidades das partes interessadas (usuários externos e internos). Trata-se de uma faceta que envolve os investidores, clientes, forne- cedores, funcionários, entidades reguladoras, entre outros. A faceta das estratégias da empresa evoca questionamentos sobre os tipos de estratégias que ela deve adotar para atender os stakeholders, de modo a agregar valor a eles. Por decorrência da estratégia, tem-se a terceira faceta, que busca um alinhamento entre processos e habilidades para gerenciá-las. A aplicação das estratégias exige a execução de processos que determinam as atividades operacionais da empresa. O acompanhamento da execução dos processos assegura que as capacidades auxiliem na aplicação das estratégias, na quarta faceta do Prisma. Por fim, a quinta fase corresponde à contribuição dos stakeholders, em que se reconhece que a empresa não somente deve gerar valor mas também ser beneficiada pelos valores que advêm das partes interessadas. Dessa forma, espera-se um retorno deles para a empresa. Em essência, a relação entre os stakeholders e a empresa é mutua. Por causa disso, pode haver conflitos de interesses, segundo a teoria da agência, entre as partes, se não existir um alinhamento entre a empresa e seus stakeholders. Atividade de aprendizagem da seção 1. O Balanced Scorecard (BSC) tem por finalidade transformar as inten- ções descritas nos planos operacionais e estratégicos em ações operacionais e práticas para difundi-las por todos os níveis da empresa. Por isso, objeti- va-se assegurar que todos os colaboradores participem de sua execução no cotidiano da empresa. Diante desse contexto, é correto afirmar que a primeira proposta de Kaplan e Norton para o Balanced Scorecard, chamado de BSC clássico (versão 1.0), compõe-se essencialmente de: a. Duas perspectivas (desenvolvimento de produtos e financeira). 186 b. Quatro perspectivas (financeira, clientes, processos internos e apren- dizado e crescimento). c. Cinco perspectivas (confiança, inovação, financeira, processos internos e recursos humanos). d. Três perspectivas (pontualidadeno recebimento, inovação e financeira). e. Uma perspectiva (financeira). 2. O modelo clássico de mensuração e avaliação de desempenho, conhecido como BSC, proporciona à alta gestão da empresa uma visão rápida e abran- gente do negócio, a partir de quatro perspectivas, equilibrando as medidas financeiras com medidas operacionais quanto à satisfação dos clientes, aos processos internos, ao financeiro e ao aprendizado e crescimento. À vista disso, assinale a alternativa que corresponde a um exemplo de objetivo estratégico inerente à perspectiva de processos internos: a. Estimular funcionários de alto desempenho. b. Desenvolver a melhoria contínua de habilidades e competências. c. Aumentar a lucratividade da empresa. d. Construir uma cultura de inovação. e. Aumentar a experiência de atendimento. Fique ligado! • O controle consiste na verificação de que as ações executadas corres- pondem efetivamente ao que foi planejado. • O controle ajuda na correção de rumos e desvios da empresa. • O sistema de controle interno permeia a empresa em todas as áreas. • O controle contribui para que as funções organizacionais sejam eficientes no alcance dos objetivos. • A Controladoria observa as falhas resultantes de entendimento precário das instruções, de juízo ou outros fatores humanos. • O COSO retrata o controle interno como sendo um processo que proporciona razoável nível de confiança, visando à eficácia e efici- ência das operações, à confiabilidade dos reportes financeiros e à conformidade com leis e regulamentos aplicáveis. 187 • Um sistema de medição e avaliação de desempenho deve estar alinhado à estratégia da empresa. • A avaliação de desempenho torna-se relevante porque permite aos gestores da organização o controle das atividades em alinhamento às metas desejadas. Para concluir o estudo da unidade Nesta unidade, você conheceu os aspectos do controle interno e sua importância para o processo de gestão; aprendeu que a fase de execução do processo de gestão consiste na realização e implementação das ações; e viu que o controle orçamentário permite compreender se a realização das ações da empresa se aproximou do que foi planejado, considerando o orçamento da empresa. Nessa análise, o controle permite à gestão identificar falhas, incon- sistências e suas causas, para avaliar as possíveis correções de rumos para a empresa. Os controles contribuem para a redução de risco nas operações interna e externa da empresa. A aplicação deles baseia-se nos planos formulados pela organização, por isso, um planejamento empresarial consistente e claro é fundamental para todo o processo. Deve-se destacar que os aspectos do controle interno são intrínsecos aos propósitos da Controladoria, porque o objetivo desta é criar, implementar e melhorar processos internos e controles internos para alcançar a eficácia e eficiência organizacional desejadas. A Controladoria exerce esse papel, assim como se pauta na criação e no estabelecimento de sistemas de medição e avaliação de desempenho, os quais permitem a ela respaldar os tomadores de decisão e contribuir para a melhoria do desempenho organizacional. Do ponto de vista da gestão, os modelos de desempenho auxiliam na tomada de decisão e no exercício do controle gerencial. Os sistemas de desempenho concedem uma base segura para a gestão visualizar como as intenções estra- tégicas foram executadas em termos operacionais. Cabe ressaltar que se torna inútil estabelecer sistemas de indicadores de desempenho se não estiverem alinhados à estratégia da empresa e ao modelo de gestão. Existem inúmeros modelos de desempenho. Este livro lhe apresentou alguns, porém busque conhecer também sobre outros modelos citados, para que tenha um conhe- cimento mais vasto sobre a tipologia de sistemas. A Controladoria busca sempre equilibrar as sinergias da empresa para o alcance de resultados, gerando reflexões quando eles são alcançados. O sucesso empresarial depende dessa sinergia e da atuação em busca dos objetivos empresariais comuns. Espero que esta unidade e este livro tenham 188 contribuído para o seu percurso e para a compreensão e aplicação das ações da Controladoria na busca da eficácia e eficiência organizacional. Atividade de aprendizagem da unidade 1. O propósito do BSC é transformar as intenções descritas nos planos operacionais e estratégicos em ações operacionais e práticas, a fim de difun- di-las por todos os níveis da empresa. Considerando o objetivo do BSC, avalie as afirmações a seguir: I. O BSC clássico mensura indicadores ligados à satisfação dos clientes, aos processos internos, ao aprendizado e desenvolvimento dos colaboradores e aos aspectos financeiros. II. O BSC consiste num método de avaliação de gestão empresarial que avalia o desempenho das empresas sob a visão dos conceitos de criação de valor, gerados ao acionista. III. O BSC é um sistema de avaliação de gestão empresarial que avalia somente os resultados de uma empresa, descontando o custo de capital. IV. O BSC é um método de avaliação de empresas que se assemelha bastante ao Custeio ABC. Diante dessas afirmações, está(ão) correta(s): a. I, apenas. b. II e III, apenas. c. IV, apenas. d. III e IV, apenas. e. I e II, apenas. 2. O Balanced Scorecard tem por característica a possibilidade de combinar as variáveis financeiras e operacionais num único modelo de gestão empre- sarial, proporcionando um controle e uma avaliação de desempenho consis- tentes. Considerando essa informação, avalie as asserções a seguir e a relação entre elas: I. O BSC é uma ferramenta estratégica essencial para que empresas conduzam seus desempenhos presentes e futuros, canalizando os esforços, as habilidades e os conhecimentos específicos de todos os colaboradores da empresa, em busca da realização de metas estraté- gicas e da lucratividade desejada, 189 PORQUE II. o BSC permite a tradução da visão, missão e aspiração estraté- gica da empresa em objetivos tangíveis e mensuráveis, ou seja, em termos operacionais. A respeito dessas asserções, assinale a alternativa correta: a. As asserções I e II são proposições verdadeiras, e a II é uma justificativa da I. b. As asserções I e II são proposições verdadeiras, mas a II não é uma justificativa da I. c. A asserção I é uma proposição verdadeira, e a II é uma proposição falsa. d. A asserção I é uma proposição falsa, e a II é uma proposição verdadeira. e. As asserções I e II são proposições falsas. 3. Uma empresa do setor de confecções tem tido reduções de lucros e sofrido maior competição no mercado por causa de outras empresas que praticam preços menores. Essa empresa enfrenta dificuldades para manter ou reduzir seus custos e, por consequência, não consegue reduzir seus preços de vendas para ser competitivo. Diante desse cenário e considerando que vários tipos de controles podem ser aplicados pela Controladoria para lidar com situa- ções como essa, avalie as afirmações a seguir: I. O controle da eficiência do sistema de informação contábil e geren- cial corresponde a uma medida da Controladoria para uma empresa que enfrenta dificuldades no mercado. II. O controle do planejamento estratégico com ações corretivas para assegurar os objetivos plenos de toda organização constitui ação favorável da Controladoria para uma empresa que possui dificuldade de se manter no mercado ou controlar seus custos. III. O controle das informações e ações visando à transparência e à conformidade no cumprimento de normas internas é uma medida da Controladoria. É correto o que se afirma em: a. I, apenas. b. III, apenas. c. I e II, apenas. 190 d. II e III, apenas. e. I, II e III. 4. O Balanced Scorecard (BSC) corresponde a uma estrutura que pode ser utilizada pelas empresas para verificar se elas dispõem de controles estraté- gicos e financeiros para a avaliação de seu desempenho. Isto posto, avalie as afirmativas a seguir: I. Medidas de desempenho consolidadas, baseadas apenas em dados financeiros,estavam prejudicando a capacidade das empresas em criar valor econômico para o futuro. II. Medir o potencial dos ativos intangíveis. III. O equilíbrio adequado dos controles estratégicos e financeiros, em vez da ênfase em ambos, possibilita às empresas monitorar eficiente- mente seu desempenho. IV. Mede a posição competitiva relativa da empresa em relação ao mercado e aos concorrentes Corresponde à(s) verdadeira(s) justificativa(s) para a implantação do BSC numa organização: a. Apenas as assertivas I e II estão corretas. b. Apenas a assertiva III está correta. c. Todas as assertivas estão corretas. d. Apenas as assertivas I, II e III estão corretas. e. Apenas a assertiva IV está correta. 5. Uma indústria farmacêutica pretende aumentar a oferta de novos remédios. Nessa empresa, atualmente, todos os controles operacionais e financeiros são executados de forma automatizada. A Controladoria entende que investimentos em recursos tecnológicos contribuem na melhoria dos sistemas de controles internos, porque trazem resultados positivos para a empresa. Considerando essa situação, avalie as asserções a seguir e a relação proposta entre elas: I. A implantação de um controle interno nessa empresa contribuirá para que as funções organizacionais atuem de maneira eficiente, PORQUE 191 II. O controle interno auxilia no alcance dos objetivos com a aplicação do menor volume de recursos possíveis, sem prejuízos para a quali- dade das atividades empresariais. Em relação a essas asserções, assinale a alternativa correta: a. As asserções I e II são proposições verdadeiras, e a II é uma justificativa da I. b. As asserções I e II são proposições verdadeiras, mas a II não é uma justificativa da I. c. A asserção I é uma proposição verdadeira, e a II é uma proposição falsa. d. A asserção I é uma proposição falsa, e a II é uma proposição verdadeira. e. As asserções I e II são proposições falsas. Referências ANTHONY, R. N.; GOVINDARAJAN, V. Sistemas de controle gerencial. Porto Alegre: AMGH, 2011. CATELLI, A. Controladoria: uma abordagem da gestão econômica. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2013. CREPALDI, S. A.; CREPALDI, G. S. Contabilidade Gerencial: teoria e prática. 8. ed. São Paulo: Atlas, 2017. COMMITTEE OF SPONSORING ORGANIZATIONS OF THE TREADWAY COMMISSION. 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