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Problema 8: Constipação intestinal e doença hemorroidária • Revisar a Morfofisiologia do ânus e do reto. Anatomia Reto -Mede 15 cm de comprimento, possui três segmentos. - O reto não possui tênias, mas musculatura longitudinal contínua -O reto não possui apêndices omentais, o reto não possui saculações, o reto não possui pregas semilunares, mas pregas transversas, os segmentos da parede não apresentam células ganglionares - Canal Anal -Tem cerca de 4 cm de comprimento e geralmente é contraído pelo tônus dos músculos do esfíncter. - M.esfíncter interno do ânus (inervação viscerossensitiva): musculo liso mais importante, é submetido a tônus fisiológico prolongado e garante uma posição firma do canal anal. –M. esfíncter externo do ânus (inervação somatossensitiva): envolve todo o canal anal por fora, composto por fibras musculares do tipo 1, medeiam uma contração lenta, mas permanente. –M. levantador do ânus, especialmente o M. puborretal (inervação somatossensitiva): forte alça muscular que envolve o reto na altura da junção anorretal. Inervação Somatomotora: N. pudendo para M. esfíncter externo do ânus; Nn. levantadores para o M. levantador do ânus (especialmente N. puborretal). Inervação ativa e em parte voluntária controlável dos Mm. esfíncter externo e levantador do ânus Somatossensitiva: Nn. retais inferiores para o ânus e a pele perianal. Eles derivam do N. pudendo e redirecionam sensações táteis e, especialmente, de dor. A pele do ânus é muito sensível à dor. Mesmo pequenas lacerações, na maioria das vezes alteradas por inflamação, nesta região de pele causam dor intensa Visceromotora: Nn. esplâncnicos pélvicos (S2-S4) para o M. esfíncter interno do ânus. O tônus contínuo do M. esfíncter interno leva à oclusão do canal anal e à diminuição da fluxo venoso oriundo do corpo cavernoso do reto: o corpo cavernoso permanece preenchido e contribui para o fechamento impermeável do reto. Topograficamente, os Nn. esplâncnicos pélvicos do plexo retal se conectam Problema 8: Constipação intestinal e doença hemorroidária •Viscerossensitiva: Nn. esplâncnicos pélvicos (S2-S4) inervam a parede do reto, especialmente os receptores de pressão na ampola do reto. Aqui a pressão da ampola é percebida por meio da coluna fecal; origina-se uma sensação subjetiva de urgência fecal. Fisiologia ❖ Enchimento da ampola do reto e estimulação de receptores locais de distensão na parede da ampola: Quando o bolo fecal atinge a ampola do reto, mecanorreceptores registram o enchimento da ampola e conduzem essa informação pelas aferências viscerais ao longo dos feixes do funículo posterior para o córtex sensorial. Aí, a urgência de defecar é percebida. Estímulos olfatórios, visuais e acústicos podem acelerar ou retardar a percepção e a subsequente ação voluntária para a defecação. ❖ Reflexo inibitório retoanal e relaxamento da musculatura de fechamento de inervação voluntária: A progressiva pressão intrarretal devido ao enchimento da ampola do reto relaxa, inicialmente, o esfíncter anal interno. No decorrer do processo, o relaxamento voluntário da alça puborretal e do M. esfíncter externo do ânus causam a suspensão da junção anorretal e a dilatação do canal anal ❖ Expulsão da coluna de fezes: A expulsão ocorre tanto por aumento da pressão reflexa direta no reto quanto por aumento de pressão indireta simultânea pelos músculos inervados sob controle voluntário: contração das musculaturas abdominal (pressão abdominal), perineal (elevação do assoalho da pelve), diafragmática (contração do diafragma) e glótica (fechamento da rima da glote). Com isso, para a sustentação da pressão abdominal, a postura de agachamento é frequentemente assumida (reflexo dos músculos flexores). A eliminação da coluna de fezes comprime o coxim hemorroidário do órgão de continência. ❖ Final da defecação: Após a liberação através do aparelho esfinctérico, a coluna de fezes entra em contato com a anoderme (zona alba), muito sensível, e é percebida de forma consciente em relação ao volume, à consistência e à posição. Esse registro sinaliza a finalização voluntária da defecação, com subsequente contração de todo o aparelho esfinctérico e preenchimento do órgão de continência. • Estudar a epidemiologia, etiologia, fisiopatologia, manifestações clinicas e diagnóstico da constipação intestinal/ doença hemorroidária. Constipação intestinal -Define-se por evacuações infrequentes, incompletas ou difíceis. -Como sintoma pode indicar várias doenças. Doença heterogênea. -Apresenta diferentes significados em diferentes pacientes. Epidemiologia 15-20% da população em geral tem. Mais prevalente com o avanço da idade. 30% mais em >60 anos. Problema 8: Constipação intestinal e doença hemorroidária 2x mais comum em mulheres. Etiologia Primária/ Funcional Disfunção neuromuscular anorretal e colônica. Disfunção do eixo cérebro-intestino Secundária/Orgânica Causada por doenças orgânicas, causas mais específicas Distúrbios metabólicos Hipercalcemia, hipotireoidismo. Medicações Opioides, BCC, antidepressivos Distúrbios neurológicos Parkinson, diabetes melitus, lesões medulares Doenças do cólon e do reto Neoplasias, estenoses, fissura anal, proctite Retocele Trânsito intestinal lento Defecação dissinérgica (obstrução do fluxo de saída) Constipação funcional Problema 8: Constipação intestinal e doença hemorroidária Fisiopatologia É dividida em três grupos: constipação intestinal com trânsito normal, constipação com trânsito lento e distúrbios da evacuação/defecação. ➢ Trânsito normal: dificuldade percebida ao evacuar, melhora com aumento da ingestão de fibras e líquidos. ➢ Trânsito lento: evacuações infrequentes, causada por distúrbios da função motora do intestino grosso. ➢ Doença de Hirschsprung: as células ganglionares estão ausentes porque houve falha durante o desenvolvimento embrionário e o intestino fica mais estreito na área que não contém células ganglionares ➢ Distúrbios da defecação são atribuídos as anormalidades da coordenação muscular do assoalho pélvico ou do esfíncter anal. Diagnóstico -Anamnese Relato de evacuações infrequentes, esforço para defecar, eliminação das fezes duras e em bolotas ou sensação de esvaziamento incompleto. Subclassificações funcionais (quando pensar em alguma doença funcional) ROMA IV -Inicio dos sintomas há pelo menos 6 meses -Critérios preenchidos nos últimos 3 meses. SII-constipação -Dor abdominal recorrente, em média pelo menos 1 dia por semana, nos últimos 3 meses. ASSOCIADO A DOIS OU MAIS DOS SEGUINTES CRITÉRIOS. 1- Relacionados a defecação. 2- Associados a uma mudança na frequência das fezes. 3- Associados a uma mudança na forma das fezes. Mais de ¼ das evacuações com fezes pela escala de Bristol tipo 1 e 2. Constipação funcional (ROMA IV) Deve incluir dois ou mais dos seguintes critérios: 1- Esforço 2- Fezes grumosas ou duras 3- Sensação de evacuação incompleta 4- Sensação de obstrução/bloqueio anorretal 5- Manobras manuais para facilitar a evacuação 6- Menos de três evacuações por semana. Em pelo menos 25% das defecações Como investigar? ➢ Descrever bem os sintomas: temporalidade, uso de medicação, quantas vezes por semana. ➢ Escala Fecal de BRISTOL ➢ Identificar fatores de risco Problema 8: Constipação intestinal e doença hemorroidária Procurar sinais de alarme? -Exame Físico -Massa abdominal, exame perianal obrigatório!! -Exames complementares, sem sinais de alarme não são obrigatórios -Suspeita de doença: hemograma, função tireoidiana, função renal, eletrólitos, glicemia, sorologia para chagas (avaliar epidemiologia). Exames -Avaliam a forma de evacuar: defecografia -Defecografia+ Ressonancia= dinâmica+ anatomia -Colonoscopia se sinais de alarme, >45-50anos (rastreio de CA colorretal). Doença Hemorroidária -Dilatação varicosa das veias anorretais decorrentes de pressão venosa persistente elevada no plexo hemorroidário. Etiologia -A causa mais frequente é a intensa pressão durante a defecação, deflagrada por constipação intestinal, crônica devido a alimentação pobre em fibras e líquido. -A obstrução do fluxo sanguíneo venoso transfinctérico, devido ao aumento do tônus dos esfíncteres também pode causar alteração varicosa do plexo hemorroidário. -Hereditariedade. Fatores de risco: infecção das criptas anais, gravidez, hepatopatia crônica, hipertensão portal, diarreia crônica, profissões que necessitem de longa permanência em pé, perda do tônus devido a idade e obesidade. Epidemiologia -50% das pessoas com mais de 50 anos são portadoras de doença hemorroidária. -EUA: >40 anos mais de 58%. -EUA atingiu o pico entre as idades de 45-65 anos. Formas Clínicas → Hemorroidas externas: localizam-se abaixo da linha pectínea (plexo hemorroidário inferior) e são recobertas por pele. → Hemorroidas internas: localizam-se acima da linha pectínea (plexo hemorroidário superior) e são recobertas por mucosa. Os plexos venosos hemorroidários, também chamados de coxins ou mamilos hemorroidários são estruturas anatômicas normais presentes no canal anal que protegem do traumatismo decorrente da evacuação. Três complexos hemorroidários atravessam o canal anal. ➢ Hemorroida envolve inicialmente apenas hiperplasia do tecido local, suprido com sangue arterial e que ainda não provoca sintomas Problema 8: Constipação intestinal e doença hemorroidária Fisiopatologia Hemorroidas surgem de um plexo de vasos arteriovenosos dilatados em conjunto com o tecido conjuntivo que o cerca. Hemorroidas internas surgem do plexo venoso superior. Existem três localizações primárias que correspondem aos ramos finais das veias hemorroidárias médias e superiores, são elas: • Lateral esquerda • Anterior direita • Posterior direita O epitélio colunar sobrejacente é visceralmente inervado; portanto, essas hemorroidas não são sensíveis à dor, toque ou temperatura. Hemorroidas externas surgem do plexo venoso inferior. Eles são cobertos pelo epitélio escamoso modificado, que contém numerosos receptores somáticos de dor, tornando as hemorroidas externas extremamente dolorosas na trombose. Hemorroidas internas e externas se comunicam e drenam para as veias pudendas internas e, finalmente, para a veia cava inferior. Manifestações Clinicas -Sangramento retal (sangue vermelho vivo ou em raja nas fezes). -Muco nas fezes. -Protusão anal (dilatação e prolapso). -Incontinência fecal. -Dor anal. -Prurido (prolapso). Problema 8: Constipação intestinal e doença hemorroidária Diagnóstico -Anamnese + exame proctológico=comprovação → Exame físico → Inspeção da região perianal, buscar possivel evidência de trombose ou escoriação. → Anoscopia: pedir ao paciente que ele faça um esforço significativo para evacuar sentado no vaso sanitário. Observa-se o prolapso tecidual. → Esse exame define o estágio e a localização dos complexos hemorroidários. Diagnostico diferencial: -Fissura anal, prolapso retal, abscesso e fissura anorretal, ulcera no reto. Exames: -Retossigmoidoscopia: exame endoscópico que avalia o canal anal, reto e cólon sigmoide. -Colonoscopia (se houver dúvida se os sintomas apresentados pelo paciente devem-se somente a doença hemorroidária).
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