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Enízia Simões 3° período Febre Reumática Objetivo Objetivo Objetivo 1: Estudar os grupos das bacterias e sua morfologia: Estudar os grupos das bacterias e sua morfologia: Estudar os grupos das bacterias e sua morfologia - São organismos procariotos, ou seja, organismos unicelulares simples, que não apresentam membrana nuclear, mitocôndria, complexo de Golgi ou retículo endoplasmático - Se reproduzem por divisão assexuada - A parede bacteriana consiste em uma ou duas formas básicas: em bacté-bacté-bacté- rias Gram-positivasrias Gram-positivasrias Gram-positivas, uma parede celular com uma camada espessa de pepti- doglicano; em bactérias Gram-negativasbactérias Gram-negativasbactérias Gram-negativas, uma parede celular com uma cama- da fina de peptidoglicano e uma membrana externa sobreposta. Uma bactéria Grampositiva tem uma cama- da espessa de peptidoglicano Uma bactéria Gramnegativa pos- sui uma camada fina de peptidoglicano e uma membrana ex- terna que contém li- popolissacarídeos, fosfolipídios e proteínas *Algumas bactérias não apresentam essa estrutura de parede celular e compensam sua falta sobrevivendo apenas no interior da célula hospedeira ou em um ambiente hipertônico - O tamanho, a forma e o arranjo espacial das células são utilizados para a classificação preliminar das bactérias, e as propriedades fenotípicas e geno- típicas constituem a base para a classificação definitiva - A distinção inicial entre as bactérias pode ser feita pelas característicascaracterísticascaracterísticas de crescimento em diferentes meios nutrientes e seletivosde crescimento em diferentes meios nutrientes e seletivosde crescimento em diferentes meios nutrientes e seletivos. O somatório das características individuais dos organismos determina as características colo- niais, tais como cor, tamanho, forma e cheiro. - A aparência microscópica, incluindo o tamanho, a forma e a morfologia dos organismos, e a sua capacidade de reter a coloração de Gram são as carac- terísticas primárias para diferenciar as bactérias - Outro tipo de classificação é baseada nas propriedades metabólicas das bactérias, que incluem necessidade de ambientes anaeróbicos ou aeróbicos, necessidade de nutrientes específicos, e produção de produtos metabólicos característicos e de enzimas específicas ESTRUTURA BACTERIANAESTRUTURA BACTERIANAESTRUTURA BACTERIANA ESTRUTURAS CITOPLASMÁTICASESTRUTURAS CITOPLASMÁTICASESTRUTURAS CITOPLASMÁTICAS - O citoplasma da célula bacteriana contém o DNA cromossômico, o RNA mensageiro (RNAm), ribossomos, proteínas e metabólitos - Os plasmídeos, que são fragmentos extracromossômicos menores de DNA circular, também podem estar presentes - A membrana citoplasmática tem uma estrutura de bicamada lipídica semelhante à estrutura das membranas eucarióticas, mas não contém esteroides. Ela é responsável por muitas das funções atribuídas às or- ganelas nos eucariotas, como por exemplo, transporte de elétrons e a produção de energia, que normalmente são realizados na mitocôndria PAREDE CELULARPAREDE CELULARPAREDE CELULAR - A estrutura, os componentes e as funções da parede celular distin- guem as bactérias Gram- positivas das bactérias Gram-negativas. - Componentes da parede celular também são únicos para as bactérias, e as suas estruturas repetitivas se ligam a receptores-padrão de pató- geno de células humanas para induzir respostas da imunidade inata - As camadas rígidas de peptidoglicano (mureína) circundam as membra- nas citoplasmáticas da maioria dos procariotas e também ajuda a deter- minar a forma particular de cada célula bacteriana BACTÉRIAS GRAM-POSTIVASBACTÉRIAS GRAM-POSTIVASBACTÉRIAS GRAM-POSTIVAS - Tem uma parede celular espessa, de múltiplas camadas, que consiste principalmente em peptidoglicano * Os peptidoglicano é poroso para permitir a difusão de metabólitos até a membrana plasmática, sendo essencial para a estrutura, replicação e sobrevivência em condições normalmente hostis nas quais as bactérias crescem. - A parede celular das bactérias Gram-positivas também pode incluir ou- tros componentes, tais como proteínas, ácidos teicoicos e lipoteicoicos e polissacarídeos complexos (geralmente chamados de polissacarídeos C) - Os ácidos teicoicos são importantes fatores de virulência (estratégias que as bactérias utilizam para driblar o sistema de defesa do hospedei- ro e causar uma infecção). - Os ácidos lipoteicoicos são liberados no meio e no hospedeiro e, embo- ra mais fracos, ligam-se a receptores-padrão de patógeno e iniciam respostas de defesa inata do hospedeiro, similares à endotoxina BACTÉRIAS GRAM-NEGATIVASBACTÉRIAS GRAM-NEGATIVASBACTÉRIAS GRAM-NEGATIVAS - Tem uma parede celular mais complexa que a parede das células Gram-positivas, tanto estrutural quanto quimicamente - Estruturalmente, a parede celular Gram-negativa tem duas camadas externas à membrana citoplasmática e imediatamente externa à mem- Enízia Simões 3° período brana citoplasmática tem uma fina camada de peptidoglicano - A membranas externas-exclusivas das bactérias Gram-negativas-é como um saco de lona rígida em torno das bactérias que mantém a es- trutura bacteriana e funciona como uma barreira de permeabilidade a grandes moléculas e moléculas hidrofóbicas, proporcionando proteção contra as condições ambientais adversas, como o sistema digestivo do hospedeiro - A monocamada interna tem fosfolipídios normalmente encontrados nas membranas bacterianas. - E a monocamada externa é composta principalmente de lipopolissacarí- deos (LPS) ou também chamado de endotoxina, um potente estimulador das respostas imune e inata. - O LPS é liberado pelas bactérias no hospedeiro, ele se liga a recepto- res-padrão de patógeno, ativa as células B e induz macrófagos, células dendríticas e outras células, a liberar interleucina (IL)-1, IL-6, fator de necrose tumoral (TNF) e outros fatores. *O LPS induz febre e pode causar choque *A membrana externa é mantida unida por ligações de cátions divalen- tes (Mg +2 e Ca +2 ) entre os fosfatos das moléculas de LPS e as inte- rações hidrofóbicas entre o LPS e as proteínas. Essas interações pro- duzem uma membrana forte e rígida que só pode ser rompida por anti- bióticos ou pela remoção dos íons Mg e Ca. O rompimento da membrana externa enfraquece as bactérias e permite a permeabilidade de gran- des moléculas hidrofóbicas ESTRUTURAS EXTERNASESTRUTURAS EXTERNASESTRUTURAS EXTERNAS - Algumas bactérias (Gram-positivas ou Gram-negativas) são envolvidas por polissacarídeos soltos (não fixados à célula) ou por camadas de pro- teína denominadas de cápsulas (slime ou glicocálix) - As cápsulas não são necessárias para o crescimento das bactérias, mas são muito importantes para a sua sobrevivência no hospedeiro. A cápsula é fracamente antigênica e antifagocítica e é um importante fa- tor de virulência - Os flagelos são estruturas propulsoras tipo hélices, compostas de su- bunidades de proteína helicoidal enrolada (flagelina), que estão ancoradas nas membranas bacterianas, através de um gancho e estruturas do corpo basal, e são orientadas por potenciais de membrana - Os flagelos promovem a motilidade para as bactérias, permitindo que a célula se movimente (quimiotaxia) na direção de nutrientes e fique dis- tante de substâncias nocivas - As fímbrias (pili) (do latim, “franjas”) são estruturas semelhantes a pe- los, presentes na superfície externa das bactérias; elas são compostas de subunidades proteicas (pilina) - Como fator de adesão, as fímbrias são um importante fator de viru- lência para a colonização e infecção do trato urinário por algumas bac- térias ESPOROSESPOROSESPOROS - Algumas bactérias Gram-positivas, mas nunca as Gram-negativas, são formadoras de esporos. - Sob condições ambientais adversas, como a privação de requerimento nutricional, essas bactérias podem ser convertidas de um estado vege- tativo a um estado dormente, ou esporos. - O esporo é uma estrutura desidratada, de múltiplas camadas, que pro- tege e permite que as bactérias sobrevivam em um “estado de anima- ção suspenso” Streptococcus pyogenesStreptococcuspyogenesStreptococcus pyogenes - S. pyogenes causa uma variedade de doenças supurativas e não supurati- vas Infecções SupurativasInfecções SupurativasInfecções Supurativas - Faringite - Escarlatina - Piodermia - Celulite - Entre outras Doenças não supurativasDoenças não supurativasDoenças não supurativas - Febre reumática - Glomerulonefrite aguda - O esqueleto estrutural básico da parede celular é a camada de peptidoglica- no - A proteína M é o principal antígeno tipo-específico associado a cepas viru- lentas e consiste em duas cadeias polipeptídicas complexadas em uma alfa-hélice - As proteínas M são subdivididas em moléculas de classe I e de classe II. As proteínas M de classe I compartilham antígenos expostos, o que não ocorre com as proteínas M de classe II *Somente as que apresentam proteína M de classe I causam febre reumáti- ca. - A virulência dos estreptococos do grupo A é determinada pela capacidade do micro-organismo de evitar a opsonização e a fagocitose, de aderir e inva- dir as células hospedeiras e de produzir uma variedade de toxinas e enzimas. - As proteínas M também interferem na fagocitose por bloquear a ligação do componente C3b do sistema complemento, um importante mediador da fagocitose. O componente C3b também pode ser degradado pelo fator H, que se liga à superfície celular na região da proteína M - S. pyogenes pode invadir as células epiteliais, um processo que é mediado pela proteína M, proteína F e outros antígenos bacterianos. Acredita-se que essa internalização seja importante para manutenção de infecções persis- tentes e invasão de tecidos profundos - Em geral, a doença por S. pyogenes é causada por cepas recém-adquiridas, que podem estabelecer uma infecção de faringe ou de pele antes que anti- corpos específicos sejam produzidos ou que micro-organismos competidores sejam capazes de se proliferar Objetivo Objetivo Objetivo 2: Etiopatologia das les: Etiopatologia das les: Etiopatologia das lesões valvares (complicaes valvares (complicaes valvares (complicações)es)es) LESLESLESÕES VALVARESES VALVARESES VALVARES - As valvas cardíacas possibilitam o fluxo sanguíneo anterógrado livre atra- vés do coração quando estão abertas, enquanto evitam o fluxo retrógrado quando estão fechadas - A maioria das valvopatias causa estenose com obstrução ao fluxo anteró- grado ou regurgitação valvar com fluxo retrógrado - Uma estenose valvar causa sobrecarga de pressão no ventrículo esquerdo (VE) ou direito (VD), uma ves que essas câmaras precisam gerar pressão mais alta que o normal para superar a obstrução e manter o fluxo anteró- grado. Estenose aórticaEstenose aórticaEstenose aórtica Epidemiologia Valvas aórticas bicúspide e outras anomalidades congênitasValvas aórticas bicúspide e outras anomalidades congênitasValvas aórticas bicúspide e outras anomalidades congênitas - Aproximadamente 0,8% da população nasce com valva aórtica bicúspi- de, com preponderância masculina - Aproximadamente um terço da valva aórtica bicúspide torna-se este- nótica, outro terço se torna regurgitante e o restante causa apenas pequenas anormalidades hemodinâmicas Estenose da valva aótica tricúspideEstenose da valva aótica tricúspideEstenose da valva aótica tricúspide - Em alguns pacientes nascidos com valvas aórticas com três válvulas (tricúspides) aparentemente normais, o espessamento e a calcificação se desenvolvem de forma semelhante ao que ocorre nas valvas bicúspi- des - Esse tipo de estenose aórtica decorre de um processo inflamatório Enízia Simões 3° período ativo semelhante ao da cardiopatia isquêmica. Isso se dá primeiramente, por que a lesão inicial da estenose aórtica é semelhante à placa da car- diopatia isquêmica e por que ambas as doenças se acompanham de hi- pertensão arterial, hiperlipidemia e níveis elevados de lipoproteína, como fatores de risco Valvopatia cardíaca reumáticaValvopatia cardíaca reumáticaValvopatia cardíaca reumática - É uma causa rara de estenose aórtica em países desenvolvidos, po- rém, a febre reumática e suas sequelas ainda são comuns nos países desenvolvidos Biopatologia - As pressões VE e aórtica normalmente são quase iguais durante a sístole. Na estenose aórtica, a pressão intracavitária do VE precisa aumentar acima da pressão aórtica para produzir o fluxo anterógrado através da valva este- nótica e atingir a pressão a jusante aceitável - Cada um dos processos que causam estenose aórtica tem uma configura- ção anatomopatológica típica - A velocidade de progressão da estenose aórtica varia amplamente de paci- ente para paciente; pode permanecer estável por muitos anos ou aumentar em mais de 15 mmHg por ano. - Uma resposta compensatória importante ao aumento da pressão do VE as- sociada à estenose aórtica é o desenvolvimento de hipertrofia concêntrica do VE - Consequentemente, á medida que que a pressão aumenta, ela pode ser compensada pelo aumento da espessura da parede do VE (hipertrofia con- cêntrica) - Embora a hipertrofia tenha função compensatória, ela também tem um papel patológico e é em parte responsável pelos sintomas clássicos e pelo desfecho ruim da estenose aórtica sintomática não tratada. Angina - Em geral, a angina resulta de isquemia miocárdica quando a demanda de oxi- gênio (e outros nutrientes) do VE excede a oferta, o que é fornecido pelo fluxo sanguíneo coronariano, inclusive, em pacientes com estenose aórtica essa reserva é limitada - A reserva do fluxo sanguíneo coronariano restrita é, em parte, responsá- vel pela angina em muitos pacientes com estenose aórtica - Em outros pacientes, os sintomas anginosos são causados pelo aumento da demanda de oxigênio quando a hipertrofia inadequada aumenta a tensão da parede, que é um determinante do consumo de oxigênio do miocárdio. Síncope - É o que chamamos comumente de desmaio - Geralmente ocorre devido à perfusão cerebral inadequada. - Na estenose aórtica, a síncope geralmente está relacionada ao esforço, podendo ocorrer quando o esforço causa queda da resistência periférica to- tal que não pode ser compensada pelo aumento do débito cardíaco, porque o débito é limitado pela obstrução ao efluxo do VE. - Além disso, a alta pressão do VE durante o exercício pode desencadear uma resposta vasodepressora sistêmica que reduz a PA e provoca síncope. Insuficiência cardíaca - Na estenose aórtica, disfunção contrátil (insuficiência sistólica) e compro- metimento do relaxamento normal (insuficiência diastólica) ocorrem e causam sintomas - A contração ventricular é governada pela pós-carga e na estenose aórtica a contratilidade está frequentemente reduzida - Em alguns casos, a função contrátil é normal, mas a hipertrofia é inade- quada para normalizar a tensão exercida na parede e a pós-carga se torna excessiva, consequentemente, inibe a ejeção, reduz débito cardíaco e leva à insuficiência cardíaca. A. Valva aórtica normal. B. Valva aórtica bicúspide congênita estenótica. C. Es- tenose aórtica reumática. D. Valva aórtica tricúspide estenótica calcificada Na fase crônica, o aumento do raio do VE retorna a pós-carga (estresse de parede) ao normal e a impedância diminui apenas nos casos mais graves Epidemiologia - Em quase todos os casos de estenose mitral adquirida, a causa é a cardio- patia reumática - A estenose mitral reumática é três vezes mais comum em mulheres e ge- ralmente se desenvolve entre 40 e 50 anos idade. - Embora a doença tenha se tornado rara em países desenvolvidos graças ao declínio da incidência de febre reumática, a estenose mitral ainda é preva- lente em países em desenvolvimento, onde a febre reumática é comum Biopatologia - No início da diástole, um gradiente transitório entre o AE e o VE inicia nor- malmente o enchimento do VE, equilibrando as pressões do AE e do VE - Na estenose mitral, a obstrução ao enchimento do VE aumenta a pressão do AE e produz um gradiente persistente entre o AE e o VE - A pressão elevada no AE (e pressão venosa pulmonar) e restrição do influ- xo no VE limita o débito cardíaco - Apesar da função muscular normal, em aproximadamente um terço dos pacientes comestenose mitral, o desempenho de ejeção do VE é reduzido devido à pré-carga reduzida (devido à obstrução do influxo) e ao aumento da pós-carga como resultado da vasoconstrição reflexa causada pela redução do débito cardíaco. - Como o VD gera a maior parte da força que impulsiona o sangue através da valva mitral, o VD pode ter sobrecarga de pressão do gradiente transmi- tral. - Além disso, desenvolve-se vasoconstrição pulmonar secundária, aumentan- do ainda mais a pressão da artéria pulmonar e a carga sobre o VD, conse- quentemente, conforme a estenose mitral piora, ocorre insuficiência do VD. Regurgitação mitralRegurgitação mitralRegurgitação mitral Epidemiologia - A valva mitral é composta pelo anel mitral, por válvulas, pelas cordas tendí- neas e por músculos papilares e quando tem anormalidades em qualquer uma dessas estruturas resultam em regurgitação mitral. - Na regurgitação mitral primáriaregurgitação mitral primáriaregurgitação mitral primária, essas anormalidades provocam extravasa- mento de sangue para o átrio; a sobrecarga hemodinâmica resultante, se prolongada e grave, causa danos ao VE, insuficiência cardíaca e, por fim, morte se não for tratada A equação de Laplace – Tensão (s) = Pressão (p) × Raio (r)/2 × Espessura (e) – indica que a força sistólica em qualquer unidade do miocárdio do VE (pós-carga) varia diretamente com a pressão ventricular e o raio e inver- samente com a espessura da parede Enízia Simões 3° período - Já a regurgitação mitral secundaria é uma consequência da disfunção mio- cárdica do VE causada por infarto do miocárdio ou cardiomiopatia dilatada. E a doença do VE provoca extravasamento através da valva Biopatologia - A fisiopatologia da regurgitação mitral pode ser dividida em três fases - Na regurgitação mitral aguda de qualquer causa, a ejeção repentina de san- gue no AE “desperdiça” uma parte do volume sistólico do VE como fluxo re- trógrado em vez de anterógrado. - O fluxos regurgitante e anterógrado causa sobrecarga de volume do VE e alonga os sarcômeros. O mecanismo de Frank-Starling é maximizado e o volu- me diastólico final aumenta - O fluxo retrógrado de sangue para o AE esvazia o VE na sístole, reduzindo o volume sistólico final - Uma grande parte do volume sistólico total é regurgitada para o AE, au- mentando pressão do AE, de modo que o paciente apresenta insuficiência cardíaca com baixo débito cardíaco e congestão pulmonar, apesar da função contrátil do VE normal. - Na fase de compensação hemodinâmica a hipertrofia ventricular esquerda excêntrica e o volume diastólico final aumentado, junto com a função con- trátil normal, possibilitam a ejeção de um volume sistólico total suficiente pa- ra que o volume sistólico anterógrado volte ao normal. - Na fase crônica, o aumento do raio do VE retorna a pós-carga (estresse de parede) ao normal e a impedância diminui apenas nos casos mais graves Prolapso da valva mitralProlapso da valva mitralProlapso da valva mitral Definição - Ocorre quando um ou ambos os folhetos da valva mitral se projetam para o AE durante a sístole. - Em alguns casos, o prolapso é simplesmente uma consequência da fisiologia normal do VE sem impacto médico significativo - Já em situações que produzem um VE pequeno, a redução do volume ven- tricular causa o alongamento relativo das cordas tendíneas e subsequente PVM Refurgitação aórticaRefurgitação aórticaRefurgitação aórtica Definição - É causada por anormalidades dos folhetos aórticos ou por anormalidades da raiz aórtica proximal. - Essas anormalidades incluem valva aórtica bicúspide, endocardite infecciosa e cardiopatia reumática - A regurgitação aórtica confere uma sobrecarga de volume no VE porque o VE deve bombear o fluxo anterógrado que entra do AE e o volume regurgi- tante retornando através da valva aórtica incompetente. - A sobrecarga de volume é compensada pelo desenvolvimento de hipertro- fia cardíaca excêntrica, que aumenta o tamanho da câmara e permite ao ventrículo bombear maior volume sistólico total e maior volume sistólico ante- rógrado Refurgitação tricúspideRefurgitação tricúspideRefurgitação tricúspide Definição - Doenças que causam hipertensão pulmonar, como doença pulmonar obstru- tiva crônica (DPOC) ou shunts intracardíacos, provocam dilatação do VD e subsequente regurgitação tricúspide. - Como a maior parte da força necessária para encher o VE é fornecida pe- lo VD, a disfunção do VE que leva à elevação da pressão de enchimento do VE também coloca o VD sob sobrecarga hemodinâmica e pode acabar levan- do a falência do VD e regurgitação tricúspide Estenose pulmonarEstenose pulmonarEstenose pulmonar Definição - É uma doença congênita resultante da fusão das válvulas da valva pulmo- nar - Os sintomas de estenose pulmonar incluem angina e síncope Objetivo Objetivo Objetivo 3: Compreender a fisiopatologia da febre reum: Compreender a fisiopatologia da febre reum: Compreender a fisiopatologia da febre reumática (etiologia,tica (etiologia,tica (etiologia, epidemiologia, sinais e sintomas e diagnepidemiologia, sinais e sintomas e diagnepidemiologia, sinais e sintomas e diagnóstico)stico)stico) FEBRE REUMÁTICAFEBRE REUMÁTICAFEBRE REUMÁTICA - Compreende uma doença autoimune e inflamatória que se apresenta como sequela tardia de uma faringoamigdalite causada pelo estreptococo beta-he- molítico do grupo A em indivíduos geneticamente predispostos - Acomete as articulações, o coração, o sistema nervoso central (SNC), a pe- le e o tecido subcutâneo. - A importância da FR está relacionada com o acometimento cardíaco, que pode ser fatal nos estágios agudos da doença ou produzir uma cardiopatia crônica secundária a deformidades nas valvas cardíacas. - É considerada uma doença negligenciada Epidemiologia - A faringoamigdalite e o impetigo representam as infecções mais frequen- temente causadas pelo estreptococo beta-hemolítico do grupo A - Nas últimas décadas, os países desenvolvidos vêm apresentando uma redu- ção tanto na incidência da FRA quanto na prevalência da cardite reumática crônica (CRC), em virtude de melhores condições de vida e do diagnóstico e tratamento precoce das amigdalites, ao contrario disso, nos países em de- senvolvimento a incidência e a prevalência da FRA e CRC se revelam persis- tentemente elevadas. - Sobre a febre reumática é importante saber: •Indivíduos com CRC receberam o diagnóstico já em fase crônica e avançada •O acesso ao tratamento cirúrgico pode ser considerado um luxo nos países em desenvolvimento •Muitos dos pacientes com CRC não recebem profilaxia secundária adequada •O uso e o monitoramento de anticoagulantes são inadequados, aumentando o risco de trombose e sangramento •A CRC na mulher é subdiagnosticada, causando elevado índice de mortalida- de materno-fetal. - O alcoolismo também compreende um agente agravante no espectro da FRA e CRC, visto que o uso de bebida alcoólica aumenta duas vezes o risco de óbito entre homens com CRC mesmo quando outras comorbidades já fo- ram controladas Etiopatogenia - Para que a FR surja, é preciso haver uma faringoamigdalite pelo EBGA - Fatores ambientais e socioeconômicos contribuem para o aparecimento da doença, uma vez que alimentação inadequada, habitação em aglomerados e ausência ou carência de atendimento médico constituem condições importan- tes para o desenvolvimento da faringoamigdalite estreptocócica e do impeti- go. Paralelamente, aspectos genéticos de suscetibilidade à doença estão dire- tamente relacionados com o desenvolvimento da FR e de suas sequelas. Estreptococo - O Streptococcus pyogenes, um patógeno Gram-positivo que infecta estri- tamente humanos, é o agente causador de faringoamigdalite, impetigo e do- enças graves, como fasciíte necrosante. - Pode se adaptar a diversos nichos do corpo humano para obter os nutrien- tes necessários, aderir aos tecidos, evadir do sistema imune e se replicar. - Pode se adaptar a diversos nichos do corpo humano para obter os nutrien- tes necessários, aderir aos tecidos, evadir do sistema imune e se replicar. - A parte mais externa da bactéria consisteem uma cápsula de ácido hialu- rônico, que pode não estar presente. - Junto à cápsula, podem ser encontradas fímbrias, flagelos imóveis respon- sáveis pela aderência do estreptococo às células epiteliais da faringe e um pré-requisito para que haja infecção. - A virulência relacionada com as fímbrias é determinada pela presença de ácido lipoteocoico e proteína M Camada externa: o componente mais importante é a proteína M, uma Enízia Simões 3° período proteína fibrilar com desenho helicoidal e estrutura homóloga à das pro- teínas humanas (miosina cardíaca, tropomiosina, queratina, laminina, vi- mentina). Trata-se do principal antígeno implicado na patogênese da FR. Há cinco padrões de diferentes arquiteturas cromossômicas do gene emm que classificam a proteína M em A, B, C, D e E, esses multi- plos tipos indicam que reinfecções são inevitáveis. Camada média: formada por um carboidrato que possibilitou a classifica- ção sorológica dos estreptococos de A até O Camada interna: composta por um peptideoglicano formado por unida- des básicas repetitivas de N-acetilglicosamina e ácido N-acetilmurâmico. Confere rigidez e dá forma ao microrganismo como se fosse sua estru- tura esquelética. A penicilina exerce sua ação letal contra o estreptoco- co, bloqueando metabolicamente a síntese desse peptideoglicano. Resposta autoimune e autoinflamatória - A doença é mediada por resposta imune celular e humoral e o comporta- mento clínico e evolutivo se baseia em mecanismos de hipersensibilidade - A evolução se processa em três fases distintas: infecção estreptocócica; fase intermediária assintomática; e a fase que surge como uma complicação tardia ligada à formação de anticorpos e à ativação da cascata inflamatória. - A infecção estreptocócicaA infecção estreptocócicaA infecção estreptocócica ativa inicialmente o sistema imune inato, respon- sável pela defesa imediata contra a infecção, recrutando células imunes pa- ra o local da agressão e promovendo a apresentação dos antígenos estrep- tocócicos para as células T. Consequentemente, as células B respondem pro- duzindo anticorpos do tipo IgG e IgM e ativam as células T que incrementarão a produção de citocinas e influenciarão decisivamente o tipo de resposta clínica nos pacientes com FR - O sistema imune adaptativo desempenha um papel importante na manuten- ção e na expansão da inflamação que leva ao dano tecidual. A resposta imune nos pacientes com FR é mais grave e duradoura. Essa reação exacerbada, reconhecendo antígenos humanos como antígenos estreptocócicos, repre- senta a essência da resposta imune na FR e é responsável pelas manifesta- ções clínicas: O ácido hialurônico da cápsula da bactéria tem reação cruzada com a si- nóvia e a cartilagem articular. A artrite surge por depósito de imuno- complexos na membrana sinovial. O carboidrato da camada média reage com o miocárdio e as valvas, a membrana celular do estreptococo com o sarcolema miocárdico A cardite se dá por infiltração de células T nos tecidos cardíacos Diagnóstico - A faringoamigdalite é mais frequente entre os 5 e 15 anos de idade, com um período de incubação que varia de 1 a 5 semanas, em média 3 semanas após a infecção pelo estreptococo - Para o diagnóstico do primeiro surto, conforme os critérios de Jones atu- ais, consideram-se os critérios a seguir: •Para o grupo de indivíduos de baixo risco, dois critérios maiores ou um cri- tério maior e dois menores, na evidência de infecção prévia pelo EBGA •Para os indivíduos de risco moderado/elevado, a poliartralgia e a monoartri- te passam a ser critério maior, e não apenas a poliartrite, como antes insti- tuído; ainda, nesse grupo, considera-se monoartralgia um critério menor •Para o diagnóstico de recidiva de FR, consideram-se dois critérios maiores ou um critério maior e dois critérios menores, ou, ainda, três critérios meno- res independentemente do grupo de risco a que a criança pertença Critérios maiores Artrite - Manifestação clínica mais frequente da FRA, ocorre em 75% dos pacien- tes. - Quando típica, acomete as grandes articulações (joelhos, tornozelos, pu- nhos, cotovelos) de forma migratória, surgindo em novas regiões à medida que outras vão se normalizando - A dor é de grande intensidade e desproporcional aos demais achados da in- flamação, levando à incapacidade funcional, - A artrite, na apresentação clássica da FR ou na forma das artrites reati- vas, evolui para cura em períodos variáveis, sem deixar sequelas. Cardite - A mais importante manifestação da FRA é a única que pode provocar a morte na fase aguda e deixar sequelas - Ocorre em cerca de 50% dos pacientes - A lesão primária da CRC é a valvulite que acomete principalmente as valvas mitral e aórtica - Os principais sinais clínicos consistem em taquicardia, sopros, cardiomegalia, insuficiência cardíaca congestiva e atrito pericárdico - No miocárdiomiocárdiomiocárdio, a lesão se apresenta na forma de granuloma focal, os nódu- los de Aschoff e patognomônicos da CRC. Essas lesões são descritas como uma lesão intersticial fibroinflamatória contendo linfócitos, macrófagos, célu- las B, células gigantes e necrose de colágeno. - PericarditePericarditePericardite é uma manifestação mais rara, quase nunca de forma isolada e que, quando surge, corresponde a uma pericardite fibrinosa - EndocarditeEndocarditeEndocardite (valvulite) é comum e ocorre em quase todos os pacientes que apresentam cardite. Assim sopro cardíaco é o achado mais frequente. As valvas mais acometidas são a mitral e a aórtica, e, durante o surto agudo, a lesão é de regurgitação. *Cardite subclínica refere-se à circunstância em que os achados auscultató- rios clássicos de disfunção valvar estão ausentes ou não são reconhecidos pelo examinador, mas a ecodopplercardiografia revela valvulite mitral ou No tecido cardíaco de pacientes com cardiopatia reumática grave, predomi- nam células mononucleares secretoras de TNF-alfa e interferon gama (IFN-gama, padrão Th1), enquanto raras células mononucleares infiltrantes das valvas produzem Il4, sendo a baixa produção de IL4 está associada à progressão das lesões valvares na CRC Enízia Simões 3° período aórtica Coreia - É caracterizada por movimentos não coordenados e involuntários, fraqueza muscular e labilidade emocional. (A escrita costuma tornar-se confusa e a fa- la fica incompreensível) - Sua ocorrência indica o envolvimento do SNC pela FR - O período de incubação é mais longo que o das demais manifestações da FR, variando de 1 a 6 meses. Eritema marginado - Tem maior frequência nos pacientes com cardite e nódulos subcutâneos e nos estágios iniciais da doença. - Trata-se de lesões maculares, eritematosas, que tomam um aspecto rendi- lhado com o centro mais claro, não pruriginosas, não enduradas, indolores, de duração transitória e caráter recidivante Nódulos subcutâneos - Raros - Ocorrem tardiamente e quase exclusivamente nos pacientes com cardite grave - Firmes, indolores e móveis, seu tamanho varia de alguns milímetros até 1 ou 2 cm. São próximos às proeminências ósseas em cotovelos, joelhos, tornozelos, processos espinhosos vertebrais, cou- ro cabeludo e fronte Critérios menores Febre - Geralmente presente no início da doença, diminui com o passar dos dias. Provas inflamatórias - Ou provas de fase aguda - São inespecíficas e revelam apenas a existência de uma atividade inflama- tória no organismo - Sofre interferência de complicações da FRA, como ICC e anemia, e não é útil para seguir a atividade da doença - A proteína C reativa eleva-se no início do processo reumático em todos os pacientes nas 2 primeiras semanas. Eletrocardiografia - A única alteração pode ser uma taquicardia sinusal. - O alongamento do intervalo PR compreende a anormalidade mais importan- te, considerado inclusive um critério menor para o diagnóstico de cardite. - Alterações difusas e inespecíficas de repolarização (retificação do segmen- to ST, inversão de onda T) são frequentes - O supradesnivelamento do segmento ST de mais de 1,5 mm nas derivações precordiais sugere o diagnóstico de pericardite- A eletrocardiografia deve ser solicitada em todos os pacientes com suspei- ta de FR e repetida para registrar o retorno à normalidade Evidência de infecção estreptocócica - A dosagem do anticorpo anti estreptolisina O (ASLO) mede a habilidade do soro em neutralizar essa enzima. O resultado identifica a mais alta diluição na qual o soro do paciente inibe a lise das hemácias - Outro exame que evidencia infecção estreptocócica prévia consiste na cul- tura de orofaringe para o EBGA, embora positivo apenas em cerca de 30% dos pacientes no momento do diagnóstico de FRA, pois durante o período de latência, os mecanismos de defesa do hospedeiro normalmente conseguem erradicar o microrganismo da orofaringe. EcoDopplercardiografia - Seu surgimento contribuiu muito para avaliação da cardite reumática, pro- movendo seu diagnóstico inclusive naqueles pacientes sem qualquer sintoma ou sinal clínico. - É um exame importante no seguimento dos pacientes para definição de se- quelas e útil no momento da definição da interrupção da profilaxia secundária. - Pelo exame ecodopplercardiográfico, avaliam-se: •Tamanho das câmaras cardíacas •Textura (espessamentos e nódulos) e mobilidade dos folhetos valvares •Ocorrência e grau da miocardite pela contratilidade miocárdica e a fração de ejeção •Presença e gravidade da regurgitação mitral, aórtica e tricúspide •Pericardite e volume do derrame pericárdico •Presença de vegetações em valva mitral que poderiam sugerir o diagnóstico de endocardite bacteriana. - Na fase aguda da doença, a regurgitação mitral compreende a alteração mais frequente. * A regurgitação mitral é causada por dilatação do anel valvar, prolapso mi- tral e afrouxamento das cordoalhas. Exames de imagem - O estudo radiológico do tórax é útil na avaliação do tamanho da área cardía- ca, entretanto o exame normal não exclui a presença de cardite - Os casos de cardite com valvulite pura (endocardite) cursam com área car- díaca normal ou aumento discreto e isolado das cavidades esquerdas. * Em pacientes com coreia de Sydenham, a ressonância magnética do encé- falo, em geral, é normal Diagnóstico diferencial - As principais enfermidades no diagnóstico diferencial da FR são: •Artrite: ■Viral: rubéola, caxumba, hepatite ■Bacteriana: gonococos, meningococos, endocardite bacteriana, doença de Lyme ■Reativa: após enterites e/ou infecções urinárias ■Hematológica: anemia falciforme ■Neoplásica: leucemia linfoblástica aguda •Cardite: ■Infecciosa: pericardite e perimiocardite virais ■Reumática: artrite idiopática juvenil, lúpus eritematoso sistêmico, síndrome do anticorpo antifosfolipídio ■Outros: sopro inocente, sopro anêmico, aorta bicúspide, prolapso de valva mitral, valva mitral mixomatosa, fibroelastoma, doença de Kawasaki •Coreia: ■Infecciosas: encefalites virais ■Reumática: lúpus eritematoso sistêmico, síndrome do anticorpo antifosfoli- pídio, vasculite, sarcoidose ■Outros: coreia familiar benigna, intoxicação medicamentosa, doença de Wil- Enízia Simões 3° período son, tumor intracraniano, hipertireoidismo •Nódulos subcutâneos: ■Reumáticos: artrite idiopática juvenil, lúpus eritematoso sistêmico ■Outros: nódulos subcutâneos benignos •Eritema marginado: ■Infeccioso: septicemias ■Reações a drogas ■Doenças reumáticas ■Idiopático. REFERÊNCIASREFERÊNCIASREFERÊNCIAS PFALLER et. al. Microbiologia Médica, 8ª edição. Elsevier. CARVALHO et. al. Reumatologia: Diagnóstico e Tratamento, 5ª edição. Guana- bara Koogan, 2019. - GOLDMAN, Lee et al. Cecil Medicina, 26 edição - Rio de Janeiro, 2022: El- sevier
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