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Ecologia em Marx

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A Ecologia em Marx
Bibliografia e textos de referência:
John Bellamy Foster- A Ecologia de Marx - Materialismo e Natureza
Osvaldo Coggiola- Ecologia e Marxismo
Sérgio Augustin e Ângela Almeida- Da Compreensão Materialista e Dialética das Relações Ecológicas ao Conceito de Desenvolvimento Sustentável
Introdução:
A fim de entender as origens da ecologia, e necessário compreender as novas visões da natureza que surgiram no século XVII ao século XIX com desenvolvimento do materialismo e da ciência. A ênfase aqui esta em como o desenvolvimento tanto do materialismo quanto da ciência promoveu – a rigor, possibilitou – modos ecológicos de pensar.
A discussão geral se estrutura em torno da obra de Darwin e Marx – os dois maiores materialistas do século XIX. A meta e entender é desenvolver uma visão ecológica revolucionaria de suma importância para nós hoje: a que associa a transformação social com a transformação da relação humana com a natureza. 
O materialismo
O materialismo como teoria da natureza das coisas surgiu no inicio da filosofia grega. “ele vem persistindo até a nossa época”, observaria Bertrand Russell no inicio do século XX.
No seu sentido mais geral, o materialismo afirma que as origens e o desenvolvimento de tudo que existe dependem da natureza e da “matéria”, ou seja, trata-se de um nível de realidade física que independe do pensamento e é anterior a ele. Podemos dizer que, com o filosofo da ciência o britânico Roy Bhaskar, que o materialismo filosófico relacional como visão de mundo complexa compreende: 
O materialismo ontológico, que afirma que a dependência unilateral do ser social em relação ao biológico (e mais genericamente fico) e a emergência daquele a partir deste;
O materialismo epistemológico, que afirma a existência independente e a atividade transfactual (isto é, causal e legiforme) de pelo menos alguns dos objetivos do pensamento cientifico;
O materialismo prático, que afirma o papel constitutivo da agencia transformadora do homem na reprodução e transformação das formas sociais.
A concepção materialista de historia de Marx era principalmente focada no “materialismo prático”. “As relações do homem com a natureza” foram “práticas desde o inicio, isto é, relações estabelecidas pela ação”. Marx abraçou o “ materialismo ontológico” e o “ materialismo epistemológico”.
É importante entender que a concepção de materialismo de natureza, como entendida por Marx, não implicava necessariamente um determinismo rígido, mecânico, como no mecanicismo (isto é, no materialismo mecanicista). 
O interesse de Marx por Epicuro surgiu a partir dos seus estudos iniciais de religião e da filosofia do Iluminismo, nos quais foi influenciado por Bacon e Kant – que apontavam Epicuro como fundamental para o desenvolvimento da sua filosofia. “Esse interesse ganhou mais ímpeto no encontro com Hegel, que via Epicuro como o “inventor da ciência natural empírica” e a encarnação do” por assim dizer, (espírito) iluminista na antiguidade.
Acima de tudo, o epicurismo significava um ponto de vista antiecológico: a rejeição de todas as explicações naturais baseadas em causas finais, na intenção divina. 
Não obstante, para Marx, esta tentativa de subordinar a realidade/existência material ao pensamento, que caracterizava a filosofia idealista de Hegel, levava precisamente a uma visão de mundo religiosa e á negação do Humanismo com o materialismo. Segundo Marx, nós transformamos a nossa relação com o mundo e transcendemos a nossa alienação dele – criando as nossas próprias relações distintamente humano-naturais – pela ação, isto é, através da nossa práxis material. Se, para Kant, as alas materialistas e idealistas da filosofia tiveram como principais representantes Epicuro e Platão, para Marx, estes representantes foram Epicuro e Hegel. 
O materialismo epicurista enfatizava a mortalidade do mundo, o caráter transitório de toda a vida e existência. Os seus princípios mais fundamentais eram de que nada vem do nada e nada sendo destruído pode ser reduzido ao nada.
Marx continuadamente definia o seu materialismo como pertencendo ao “processo da história natural”. Ao mesmo tempo, ele enfatizava o caráter dialético-relacional da historia social e a incrustação da sociedade humana na práxis social, que refletia a liberdade (e alienação) que existia internamente na historia humana. Rejeitou o mecanicismo, inclusive o biologismo mecanicista da variedade social-darwinista.
A Ecologia
	Até o final dos anos 1990 acusavam Marx se ser antiecológico e davam um cunho extremamente economicista às suas obras. "[...] denunciou a espoliação da natureza antes do nascimento de uma moderna consciência ecológica burguesa. Desde o princípio, a noção de Marx da alienação do trabalho humano esteve conectada a uma compreensão da alienação dos seres humanos em relação à natureza. Era esta alienação bilateral que, acima de tudo, era preciso explicar historicamente." (FOSTER, 2005 p.23).
	Nos últimos tempos passaram a admitir que nos escritos de Marx há vários e bons insights ecológicos, mas mesmo assim seus críticos apontam seis argumentos para provar que sua obra não é de todo ecológica. O primeiro é que as alegações ecológicas de Marx são desconsideradas com recortes, sem nenhuma relação metódica com o corpo principal de sua obra. O segundo é que esse insight provém desproporcionalmente de sua crítica da alienação, e são menos claros posteriormente em sua obra. O terceiro é que Marx não incluiu a exploração da natureza na sua teoria do valor, tendo em vez disso preferido uma visão pré-tecnológica e por isso antiecológica. O Quarto é que "[...] a tecnologia capitalista e o desenvolvimento econômico haviam resolvido todos os problemas dos limites ecológicos, e que a futura sociedade de produtores associados existira sob condições de abundância". (FOSTER, 2005 p.24) O quinto é que argumenta-se que Marx pouco se interessava por assuntos da ciência ou pelos efeitos da tecnologia sobre o meio ambiente, faltando base científica para análise de questões ecológicas. O sexto é que ele desassociava radicalmente os seres humanos dos animais e saía em defesa daqueles em desvantagem destes.
Todas essas críticas são contrapostas nesse livro e se confundem com teóricos criticados por Marx. Ele foi referido por não ter reconhecido a contribuição da natureza para a riqueza, levando em consideração só o trabalho. Essas críticas não conseguem reconhecer o caráter fundamental da interação entre os seres humanos e o seu meio ambiente. A questão ecológica é reduzida a uma questão de valores, ainda que muito mais difícil da compreensão da evolução das inter-relações materiais (relações metabólicas). A agricultura industrial é uma ruptura do metabolismo entre a humanidade e a natureza, ou seja, a produção capitalista perturba as trocas entre o homem e a terra.
 No interior do pensamento ecológico da época se associou o desgaste da natureza com a ocorrência da revolução científica do século XVII, representada pelas ideias de Francis Bacon. É ele quem propõe a "dominação da natureza" pelo homem, entretanto tendendo para o antropocentrismo, não requer necessariamente que se desconsidere a natureza e as suas leis. A assim chamada "maestria da natureza" torna-se um processo de interação dialética. Essa perspectiva muitas vezes é tratada como simples, diretamente antropocêntrica, característica do mecanicismo.
"Não obstante, focando no conflito entre o mecanicismo e o vitalismo ou o idealismo (e perdendo de vista a questão mais fundamental do materialismo), cai-se numa concepção dualista que não consegue reconhecer que estas categorias são dialeticamente conectadas na sua unilateralidade, e precisam ser transcendidas juntas, pois representam a alienação da sociedade capitalista." (FOSTER, 2005 p.26) 
Entre os baconianos surgem os primeiros defensores do desenvolvimento sustentável, como a defesa das florestas em Sylva (1664) e a grandecrítica materialista da poluição do ar em Fumifugium (1661) ambos de John Evelyn. 
 Não se podia mais presumir que os seres humanos fossem simplesmente dominantes, ou supremos, ocupando a sua própria posição fixa na Grande Cadeia do Ser (visão teleológica) a meio caminho entre os mais inferiores dos organismos e mais superiores dos anjos (Deus) O importante, em vez disso, era a natureza da interação entre os seres humanos e o mundo material do qual eles fazem parte" (FOSTER, 2005 p.29). A descrição evolucionária da natureza de Darwin resultava do seu materialismo fundamental. Ele configurou ao mesmo tempo a "morte da teleologia" e o crescimento de um ponto de vista antropocêntrico. 	As implicações e a importância do materialismo para o avanço do pensamento ecológico são mais facilmente entendidas através das quatro "leis formais" da ecologia de Barry Commoner. São: (1) tudo se conecta com tudo mais, (2) tudo precisa ir a algum lugar, (3) a natureza sempre tem razão e (4) nada vem do nada. As duas primeiras e a última eram princípios da física epicurista. A terceira é compreendida como "no curso da evolução- corretamente entendida não como um processo teleológico ou rigidamente determinado, mas como um processo que contém a cada etapa colossais níveis de contingência".(FOSTER, 2005 p.30) 	É óbvio que os seres humanos não são inteiramente caracterizados pelas condições naturais. Existe, na realidade, um componente de liberdade humana, uma capacidade de "mudar de direção", mas sempre baseado em causas materiais que existem antes e que levam consigo algumas limitações. Isto está submetido à probabilidade e, à escolha ética. 
 Adotando o elemento ativista da dialética e filosofia hegeliana, Marx desenvolveu um materialismo prático consolidado no conceito de práxis. Isto nunca se dissociou de uma compreensão de natureza mais consideravelmente materialista que ficou implícito no seu pensamento. 
 "Uma abordagem dialética nos força a reconhecer que os organismos em geral não de adaptam simplesmente ao sue meio ambiente, mas também afetam o meio ambiente de várias maneiras, e afetando-o modifica. A relação é, pois, recíproca" (FOSTER, 2005 p.32).
Uma comunidade ecológica e o seu meio ambiente necessitam ser olhada como um todo dialético, no qual diferentes níveis de existência dão ontologicamente significativos. Marx observou que os humanos imputam características universais, "úteis" àquilo que produzem. "A ecologia precisa se haver com a interdependência e a autonomia relativa, coma semelhança e a diferença, com o geral e o particular, com o acaso e a necessidade, como equilíbrio e a mudança, com a continuidade e a descontinuidade, como s processos contraditórios. Precisa se tornar cada vez mais consciente da sua própria filosofia, e essa filosofia será eficaz na medida em que se tornar não apenas materialista, mas dialética" (LEVINS E LEWOTIN, apud FOSTER, 2005 p.32-33).
A crise da socioecologia
 A socioecologia sofre com a falta de argumentos teóricos que sustentem a relação do homem com a natureza, começamos a observar no momento em que nos deparamos com dualismo presente, opondo de um lado os antropocêntricos, de outro os ecocêntricos.
 A partir do primeiro ponto de vista, observamos que o homem se coloca acima da natureza, tendo-a como objeto, descartando todo o papel ontológico da mesma. Nessa visão o homem enxerga a natureza somente como provedora de recursos para o seu bem-estar. 
 Em contrapartida, os ecocêntricos seguem uma linha de pensamento onde a natureza tem um valor em si, não servindo apenas como ferramenta de uso conforme a vontade humana. Eles se opõe ao modelo capitalista de exploração, onde a natureza é uma simples mercadoria, objeto de consumo ou meio de produção. Ao contrário do que pensam os primeiramente citados, o homem tem a sua existência subordinada à natureza. 
 Consequentemente os socioambientalistas não conseguirem elaborar uma teoria que lide com os problemas reais da natureza e da sociedade, devido a uma má leitura de autores como: Marx, Durkheim e Weber, assim, acabaram voltando ao início, onde percebemos a crise que se dá pela falta de argumentos teóricos que possam sustentar a relação do homem com a natureza, uma teoria que hora fale a atenda somente ao homem ou ora fale somente da natureza e suas necessidades.
 Os teóricos clássicos não à toa pensavam de maneira antropocêntrica, há de se levar em consideração o contexto histórico em que viviam a transição do feudalismo para o capitalismo, transformando dessa maneira todo o sistema social histórico.
 Desde então se criou a tendência de desenvolver argumentos com a visão triunfalista em que a natureza é progressivamente substituída pelo homem, logo o mesmo constituiu-se de poder, onde o progresso tornou-se símbolo do triunfo da tecnologia sobre a natureza.
 O marxismo tem maior facilidade em lidar com a questão central do texto, pois além de enfatizar as condições material-produtivas, ela também engloba uma concepção materialista da natureza, ou seja, uma concepção dialética da natureza. O principal objetivo é recuperar uma crítica mais aprofundada da alienação do ser humano em relação à natureza.
 Podemos então, perceber que a análise de Marx aliava a subsistência humana e a sua relação com o solo, e com todo o problema da agricultura capitalista.
 Fica evidente que para entender a obra de Marx é necessário aliar a sua concepção materialista de natureza a concepção materialista da história.

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