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FISIOTERAPIA DERMATOFUNCIONAL E SAÚDE DA MULHER FISIOTERAPIA DERMATOFUNCIONAL E SAÚDE DA MULHER Fisioterapia Derm atofuncional e Saúde da M ulher Denise Pirillo Nicida Denise Pirillo Nicida GRUPO SER EDUCACIONAL gente criando o futuro Em 2009, o Conselho Federal de Fisioterapia e Terapia Ocupacional (COFFITO) reconhe- ceu a � sioterapia dermatofuncional como especialidade do � sioterapeuta, somando-se a outras já reconhecidas, como � sioterapia neurofuncional, respiratória e esportiva. Essa especialidade trata da pele e de distúrbios metabólicos, atuando tanto na preven- ção e promoção quanto na recuperação. Uma de suas grandes áreas é a prevenção e tra- tamento de disfunções estéticas da face e do corpo, como acne, envelhecimento, man- chas, estrias e gordura localizada. A � sioterapia dermatofuncional, porém, é bem mais ampla. Trata também de doenças de pele, como hanseníase, psoríase e queimaduras. Outra grande frente de atuação do � sioterapeuta dermatofuncional são as cirurgias plásticas, tanto no pré quanto no pós-operatório. O � sioterapeuta que deseja atuar na área da � sioterapia dermatofuncional precisa ter um conhecimento profundo da anatomia e da � siologia da pele, das principais disfun- ções dermatológicas faciais, corporais e dos recursos de tratamento. Eletroterapia, re- cursos manuais e cosméticos compõem os protocolos de tratamento, assim como as práticas integrativas e complementares. SER_FISIO_FIDSAM_CAPA.indd 1,3 07/06/2021 14:30:19 © Ser Educacional 2021 Rua Treze de Maio, nº 254, Santo Amaro Recife-PE – CEP 50100-160 *Todos os gráficos, tabelas e esquemas são creditados à autoria, salvo quando indicada a referência. Informamos que é de inteira responsabilidade da autoria a emissão de conceitos. Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida por qualquer meio ou forma sem autorização. A violação dos direitos autorais é crime estabelecido pela Lei n.º 9.610/98 e punido pelo artigo 184 do Código Penal. Imagens de ícones/capa: © Shutterstock Presidente do Conselho de Administração Diretor-presidente Diretoria Executiva de Ensino Diretoria Executiva de Serviços Corporativos Diretoria de Ensino a Distância Autoria Projeto Gráfico e Capa Janguiê Diniz Jânyo Diniz Adriano Azevedo Joaldo Diniz Enzo Moreira Denise Pirillo Nicida DP Content DADOS DO FORNECEDOR Análise de Qualidade, Edição de Texto, Design Instrucional, Edição de Arte, Diagramação, Design Gráfico e Revisão. SER_FISIO_FIDSAM_UNID1.indd 2 07/06/2021 16:39:32 Boxes ASSISTA Indicação de filmes, vídeos ou similares que trazem informações comple- mentares ou aprofundadas sobre o conteúdo estudado. CITANDO Dados essenciais e pertinentes sobre a vida de uma determinada pessoa relevante para o estudo do conteúdo abordado. CONTEXTUALIZANDO Dados que retratam onde e quando aconteceu determinado fato; demonstra-se a situação histórica do assunto. CURIOSIDADE Informação que revela algo desconhecido e interessante sobre o assunto tratado. DICA Um detalhe específico da informação, um breve conselho, um alerta, uma informação privilegiada sobre o conteúdo trabalhado. EXEMPLIFICANDO Informação que retrata de forma objetiva determinado assunto. EXPLICANDO Explicação, elucidação sobre uma palavra ou expressão específica da área de conhecimento trabalhada. SER_FISIO_FIDSAM_UNID1.indd 3 07/06/2021 16:39:32 Unidade 1 - Princípios da fisioterapia dermatofuncional Objetivos da unidade ........................................................................................................... 12 Anatomia e fisiologia dermatológica ............................................................................... 13 Epiderme ........................................................................................................................... 14 Derme ................................................................................................................................ 16 Tela subcutânea (hipoderme) ........................................................................................ 16 Anexos da pele ................................................................................................................ 17 Envelhecimento .................................................................................................................... 18 Tipos de envelhecimento ............................................................................................... 18 Teorias sobre o envelhecimento ................................................................................... 18 Modificações da pele com o envelhecimento ........................................................... 21 Técnicas de revitalização da pele ................................................................................ 24 Acne ........................................................................................................................................ 25 Etiopatogenia da acne .................................................................................................... 26 Classificação da acne .................................................................................................... 28 Tratamento da acne ........................................................................................................ 29 Cosméticos ............................................................................................................................ 30 Classificação da pele ...................................................................................................... 31 Higienizantes .................................................................................................................... 33 Esfoliantes ........................................................................................................................ 33 Nutrição ............................................................................................................................ 35 Fotoprotetores .................................................................................................................. 36 Sintetizando ........................................................................................................................... 37 Referências bibliográficas ................................................................................................. 38 Sumário SER_FISIO_FIDSAM_UNID1.indd 4 07/06/2021 16:39:33 Sumário Unidade 2 - Eletroterapia na fisioterapia dermatofuncional Objetivos da unidade ........................................................................................................... 41 Corrente galvânica ............................................................................................................... 42 Iontoforese ....................................................................................................................... 42 Desincrustação ................................................................................................................ 44 Eletrolifting ........................................................................................................................ 45 Eletrolipólise ..................................................................................................................... 47 Correntes alternadas ........................................................................................................... 49 Microcorrentes ................................................................................................................ 50 Corrente russa ................................................................................................................. 52 Corrente Aussie ............................................................................................................... 55 Alta frequência ................................................................................................................55 Pressão positiva e negativa ............................................................................................... 58 Ventosaterapia ................................................................................................................. 58 Endermologia ................................................................................................................... 60 Ondas mecânicas ................................................................................................................. 61 Ultrassom .......................................................................................................................... 62 Ultracavitação .................................................................................................................. 64 Sintetizando ........................................................................................................................... 66 Referências bibliográficas ................................................................................................. 68 SER_FISIO_FIDSAM_UNID1.indd 5 07/06/2021 16:39:33 Sumário Unidade 3 - Disfunções em Fisioterapia Dermatofuncional Objetivos da unidade ........................................................................................................... 70 Fibroedema geloide (celulite) ............................................................................................ 71 Definição, sinônimos e formação ................................................................................. 71 Fatores predisponentes e agravantes ......................................................................... 73 Classificação .................................................................................................................... 74 Tratamento ........................................................................................................................ 75 Estrias, cicatrizes e queloides ........................................................................................... 75 Estrias ................................................................................................................................ 76 Estágios e fatores que interferem na cicatrização .................................................... 78 Cicatrizes inestéticas ...................................................................................................... 78 Obesidade e flacidez ........................................................................................................... 80 Obesidade e gordura localizada ................................................................................... 81 Flacidez tissular ............................................................................................................... 82 Flacidez muscular ............................................................................................................ 83 Avaliação e tratamento ....................................................................................................... 84 Avaliação em Dermatofuncional................................................................................... 85 Patologias estéticas – tratamento ................................................................................ 89 Sintetizando ........................................................................................................................... 96 Referências bibliográficas ................................................................................................. 98 SER_FISIO_FIDSAM_UNID1.indd 6 07/06/2021 16:39:33 Sumário Unidade 4 - Outras áreas de intervenção da Fisioterapia Dermatofuncional Objetivos da unidade ........................................................................................................... 70 Intervenção fisioterapêutica nas cirurgias plásticas ................................................... 71 Fisioterapia nas abdominoplastias e na lipoaspiração ............................................. 72 Fisioterapia nas cirurgias plásticas de mamas .......................................................... 76 Fisioterapia nas cirurgias plásticas faciais ................................................................ 78 Fisioterapia nas cirurgias de rejuvenescimento facial ............................................. 80 Intervenção fisioterapêutica nas queimaduras ............................................................. 81 Classificação e etiologia das queimaduras ................................................................ 82 Evolução e tratamento das queimaduras .................................................................... 85 Recursos da Fisioterapia Dermatofuncional nos queimados .................................. 87 Intervenção fisioterapêutica na hansenologia .............................................................. 88 Formas de transmissão, classificação e diagnóstico ............................................... 88 Sinais e sintomas dermatológicos ................................................................................ 90 Sinais e sintomas neurológicos .................................................................................... 91 Fisioterapia na hanseníase ............................................................................................ 92 Sintetizando ........................................................................................................................... 94 Referências bibliográficas ................................................................................................. 96 SER_FISIO_FIDSAM_UNID1.indd 7 07/06/2021 16:39:33 SER_FISIO_FIDSAM_UNID1.indd 8 07/06/2021 16:39:33 Em 2009, o Conselho Federal de Fisioterapia e Terapia Ocupacional (COFFITO) reconheceu a fi sioterapia dermatofuncional como especialidade do fi sioterapeuta, somando-se a outras já reconhecidas, como fi sioterapia neuro- funcional, respiratória e esportiva. Essa especialidade trata da pele e de distúrbios metabólicos, atuando tan- to na prevenção e promoção quanto na recuperação. Uma de suas grandes áreas é a prevenção e tratamento de disfunções estéticas da face e do corpo, como acne, envelhecimento, manchas, estrias e gordura localizada. A fi siote- rapia dermatofuncional, porém, é bem mais ampla. Trata também de doenças de pele, como hanseníase, psoríase e queimaduras. Outra grande frente de atuação do fi sioterapeuta dermatofuncional são as cirurgias plásticas, tanto no pré quanto no pós-operatório. O fi sioterapeuta que deseja atuar na área da fi sioterapia dermatofuncional precisa ter um conhecimento profundo da anatomia e da fi siologia da pele, das principais disfunções dermatológicas faciais, corporais e dos recursos de trata- mento. Eletroterapia, recursos manuais e cosméticos compõem os protocolos de tratamento, assim como as práticas integrativas e complementares. Então, fi cou interessado(a)? Vamos iniciar, então, a leitura desse livro-texto e aprender mais sobre essa área tão fascinante da fi sioterapia. Bons estudos! FISIOTERAPIA DERMATOFUNCIONAL E SAÚDE DA MULHER 9 Apresentação SER_FISIO_FIDSAM_UNID1.indd 9 07/06/2021 16:39:33 Dedico este trabalho a todos que não se cansam de estudar, aprender e ensinar – e que buscam diariamente desenvolvimento pessoal, satisfação no trabalho e reconhecimento. A professora Denise Pirillo Nicida tem Especialização em Fisioterapia Dermatofuncional pela Universidade Estácio de Sá (2014) e em Neuroedu- cação pelo Centro Universitário Ítalo- -Brasileiro – UniÍtalo (2011), Mestrado em Educação pela Universidade Cidade de São Paulo – Unicid (2002), Especiali- zação em Didática do Ensino Superior pela Universidade Ibirapuera (1999) e é graduada em Fisioterapia pela Univer- sidade de São Paulo – USP (1991). Ministra disciplinas de Estética Facial; Estética em Pré e Pós-Operatório; Téc- nicas Complementares; Terapiasde Spa; e Técnicas Básicas de Massagem para cursos de tecnólogos em Estética e Cosmética. Currículo Lattes: http://lattes.cnpq.br/7926938890371321 FISIOTERAPIA DERMATOFUNCIONAL E SAÚDE DA MULHER 10 A autora SER_FISIO_FIDSAM_UNID1.indd 10 07/06/2021 16:39:33 PRINCÍPIOS DA FISIOTERAPIA DERMATOFUNCIONAL 1 UNIDADE SER_FISIO_FIDSAM_UNID1.indd 11 07/06/2021 16:40:13 Objetivos da unidade Tópicos de estudo Apresentar as bases anatômicas e fisiológicas da dermatologia; Apresentar as bases fisiológicas do envelhecimento cutâneo; Abordar a fisiopatologia da acne, sua classificação e tratamento; Discorrer sobre alguns cosméticos utilizados nos tratamentos da fisioterapia dermatofuncional a partir de cada tipo de pele. Anatomia e fisiologia dermatológica Epiderme Derme Tela subcutânea (hipoderme) Anexos da pele Envelhecimento Tipos de envelhecimento Teorias sobre o envelhecimento Modificações da pele com o envelhecimento Técnicas de revitalização da pele Acne Etiopatogenia da acne Classificação da acne Tratamento da acne Cosméticos Classificação da pele Higienizantes Esfoliantes Nutrição Fotoprotetores FISIOTERAPIA DERMATOFUNCIONAL E SAÚDE DA MULHER 12 SER_FISIO_FIDSAM_UNID1.indd 12 07/06/2021 16:40:14 Anatomia e fisiologia dermatológica Você sabia que a pele é um órgão? Aliás, é o maior órgão do corpo huma- no – e, assim como nossos demais órgãos (coração, estômago, pulmões etc.), é uma estrutura viva que desempenha funções específi cas. Então, vamos come- çar aprendendo sobre a anatomia e a fi siologia da pele e de outras estruturas que compõem o sistema tegumentar. A pele reveste toda a parte externa do nosso corpo, com exceção dos órgãos genitais. Sua principal função é de proteção, funcionando como uma barreira entre o meio externo e o interno. As proteínas e os lipídeos presentes na camada mais ex- terna da pele impedem o atrito, a entrada de sujeira e de microrganismos e a saída de água. Já a melanina, pigmento produzido pelos melanócitos, protege a pele da radia- ção ultravioleta. Finalmente, as células de Langerhans, presentes na epiderme, auxi- liam na nossa imunidade celular, protegendo o organismo de ataques microbianos. CURIOSIDADE Um adulto médio tem cerca de 2 m² de pele. Além disso, o peso total da pele corresponde a duas vezes o peso do cérebro. Conheça outras curiosidades sobre a pele no site Enfermagem Ilustrada: Experiências de um Técnico de Enfermagem. Outra importante função da pele é regular a temperatura do corpo, auxilian- do a manter nossa temperatura interna estável (em torno de 36 °C). Essa função é exercida principalmente pelos vasos sanguíneos subcutâneos, que se contraem para conservar o calor e se dilatam para auxiliar na eliminação de calor, e pelas glândulas sudoríparas, que produzem suor para baixar nossa temperatura. A pele também age como uma reserva de nutrientes: armazena gordura na forma de triglicérides nos adipócitos da tela subcutânea (hipoderme). Final- mente, a moderação de impactos sensitivos é outra função da pele. Recepto- res de tato, pressão, calor, frio e dor presentes na pele captam esses estímulos e os transmitem até o sistema nervoso central (SNC). A pele é composta por três camadas: epiderme, derme e tela subcutânea (Figura 1). Na sequência, estudaremos cada camada, assim como os anexos cutâneos. FISIOTERAPIA DERMATOFUNCIONAL E SAÚDE DA MULHER 13 SER_FISIO_FIDSAM_UNID1.indd 13 07/06/2021 16:40:14 Figura 1. Anatomia da pele. Fonte: Adobe Stock. Acesso em: 15/02/2021. (Adaptado). Pele humana Pelo Poro de suor Hipoderme Arteríola Nervo sensorial Bulbo do pelo Músculo eretor do pelo Terminação nervosa livre Glândula sebácea Nervo Epiderme Derme Glândula sudorípara VênulaGordura, colágeno Epiderme A epiderme é a camada mais superfi cial da pele, com espessura mui- to delgada: menos de 0,12 mm na maior parte do corpo, segundo Guirro e Guirro (2003). É formada por tecido epitelial, composto por células chamadas queratinó- citos (que produzem a queratina, uma proteína insolúvel, fi brosa, resistente e impermeável), por melanócitos (células que produzem a melanina, que dá pig- mento à pele e aos pelos), pelas células de Langerhans (células de proteção e defesa) e pelas células de Merkel (responsáveis pela sensibilidade tátil). A epi- derme não tem vasos sanguíneos, e as células de sua camada basal recebem nutrientes e oxigênio dos vasos sanguíneos presentes na derme por difusão. Apesar de sua pequena espessura, a epiderme é composta por células que se dispõem em quatro a cinco camadas, conforme demonstra a Figura 2. FISIOTERAPIA DERMATOFUNCIONAL E SAÚDE DA MULHER 14 SER_FISIO_FIDSAM_UNID1.indd 14 07/06/2021 16:40:15 Figura 2. Estrutura da epiderme. Fonte: Adobe Stock. Acesso em: 16/02/2021. (Adaptado). Estrato córneo Antiga Recente Estrato lúcido Estrato granuloso Estrato espinhoso Estrato basal Derme A camada mais profunda é chamada basal ou germinativa, e é constituída por células vivas, que estão constantemente se dividindo. Essas células empur- ram as células maduras para cima e vão perdendo água até morrerem e des- camarem para a superfície. Em um indivíduo jovem, esse ciclo de renovação celular acontece a cada 28 a 30 dias. Acima da camada germinativa, temos as camadas espinhosa, granulosa e lúcida (presente apenas na pele espessa), e, mais externamente, a camada córnea. Essa última é formada por vários planos de células mortas, achatadas, ricas em queratina, que conferem impermeabilidade e proteção à pele e são eliminadas regularmente. FISIOTERAPIA DERMATOFUNCIONAL E SAÚDE DA MULHER 15 SER_FISIO_FIDSAM_UNID1.indd 15 07/06/2021 16:40:16 Derme Logo abaixo da epiderme, encontramos a derme. Segundo Guirro e Guirro (2003), a derme tem espessura média de 2 mm, é formada por tecido conjun- tivo e, sobre ela, está apoiada a epiderme. É na derme que encontramos as fi bras elásticas, colágenas e reticulares, os vasos sanguíneos, os vasos linfáti- cos e os nervos. Ela também contém as glândulas sebáceas e sudoríparas, que produzem, respectivamente, o sebo e o suor. A derme tem duas camadas: a derme papilar e a derme reticular. Na camada papilar, formada por tecido conjuntivo frouxo, encon- tramos as papilas dérmicas, projeções digitiformes que, por aumentarem a área de contato entre derme e epi- derme, permitem a troca de nutrientes entre essas duas camadas. A camada reticular é constituída por tecido conjuntivo denso não modelado, e é nela que encontramos a maior parte das fi bras (MARIEB; WILHELM; MALLAT, 2014). Tela subcutânea (hipoderme) Abaixo da derme, encontra-se a tela subcutânea, também denominada hipoderme. Camada mais profunda da pele, é formada por tecido adiposo e tecido conjuntivo frouxo. Guirro e Guirro (2003) listam as funções desse tecido adiposo: reservatório de energia, isolante térmico, modelagem da superfície corporal, absorção de choque e fi xação de órgãos. A principal célula do tecido adiposo é o adipócito (Figura 3), capaz de armazenar gordura em seu interior sob a forma de triglicerídeos. DICA Lembre-se de que a epiderme é avascular, e sua nutrição depen- de dos nutrientes que passam por difusão da derme até a camada germinativa. A presença das papilas dérmicas aumenta a área de superfície entre a epiderme e a derme; assim, mais nutrientes são transportados. A superposição da derme e epiderme chama-se jun- ção dermoepidérmica. FISIOTERAPIA DERMATOFUNCIONAL E SAÚDE DA MULHER 16 SER_FISIO_FIDSAM_UNID1.indd 16 07/06/2021 16:40:16 Figura 3. Adipócito. Fonte: Shutterstock. Acesso em: 16/02/2021. Com o ganho de peso, a tela subcutânea fi ca mais espessa. Nas mulheres, a gordura subcutânea acumula-se inicialmente nas coxas e mamas. Nos homens, acumula-se inicialmente na parte anterior do abdômen (MARIEB; WILHELM; MALLAT, 2014, p. 115). Anexos da pele Completam as estruturas do sistema tegumentar os chamados anexos dapele, ou cutâneos: pelos, unhas, glândulas sebáceas e glândulas sudoríparas. Os pelos nascem dos folículos pilosos e são excelentes receptores táteis. Também servem para manter o corpo aquecido – função que, porém, foi diminuída ao longo da evolução humana. As unhas são feitas de queratina – por isso, são resistentes –, e sua princi- pal função é nos auxiliar a pegar objetos pequenos e fi nos. As glândulas sebáceas produzem o sebo, que lubrifi ca e amacia nossa pele e nossos pelos. As glândulas sudoríparas, por sua vez, produzem o suor, auxiliando no resfriamento do nosso corpo. ASSISTA Para uma revisão completa e mais detalhada sobre a pele e seus anexos, assista à série de aulas da Prof.ª Dra. Natalia Reinecke, que chega a abordar até mesmo a fi siologia da tatuagem entre os temas. FISIOTERAPIA DERMATOFUNCIONAL E SAÚDE DA MULHER 17 SER_FISIO_FIDSAM_UNID1.indd 17 07/06/2021 16:40:17 Envelhecimento Envelhecer é um processo natural, comum a todos os seres vivos. É progres- sivo, inevitável e irreversível. Todos os nossos órgãos envelhecem; porém, é na pele que o passar dos anos torna-se mais evidente. Rugas, fl acidez, manchas e diminuição dos pelos são alguns dos sinais de que já não somos mais jovens. O conhecimento sobre o processo de envelhecimento permite ao fi siotera- peuta dermatofuncional lançar mão de várias técnicas e cosméticos para retar- dar o aparecimento desses sinais e promover uma revitalização da pele madura. Tipos de envelhecimento Borges e Scorza (2016) explicam que há dois tipos de processo de envelheci- mento: envelhecimento intrínseco e envelhecimento extrínseco. O envelhecimento intrínseco é o envelhecimento natural, incontrolável, determinado pelo passar dos anos e pela nossa genética. Já o envelhecimento extrínseco, também chamado fotoenvelhecimento, é provocado por fatores externos que aceleram o processo de envelhecimento, sendo a radiação ultra- violeta proveniente do Sol o principal fator de envelhecimento da pele. Além dela, são responsáveis pelo envelhecimento extrínseco: radiação ionizante, po- luição e fumo, entre outros fatores. Como podemos ver, não há como parar o processo de envelhecimento intrín- seco. No entanto, podemos adotar, desde cedo, hábitos que retardem o enve- lhecimento extrínseco, mantendo a pele saudável e com aparência mais jovem. Podemos, portanto, dizer que o envelhecimento é multifatorial, com fatores de origem genética e ambiental. Vamos conhecer as teorias que explicam esse processo tão complexo. Teorias sobre o envelhecimento Atualmente, uma das teorias mais aceitas sobre o porquê de envelhecermos é a teoria dos radicais livres. Conforme nos explicam Borges e Scorza: os radicais livres são átomos ou moléculas com elétrons não parea- dos, ou seja, falta em sua estrutura química um elétron. Por esse FISIOTERAPIA DERMATOFUNCIONAL E SAÚDE DA MULHER 18 SER_FISIO_FIDSAM_UNID1.indd 18 07/06/2021 16:40:17 motivo, os radicais livres atacam outras moléculas para “roubar” elétrons e, assim, tornarem-se estáveis. Essas moléculas atacadas se tornam radicais livres que irão tentar o mesmo com outras molé- culas, estabelecendo uma reação em cadeia, que pode causar vários danos ao organismo, até o ponto em que a célula morre. Essa reação em cadeia é chamada de estresse oxidativo (2016, p. 72). Figura 4. Estresse oxidativo. Fonte: Shutterstock. Acesso em: 04/03/2021. (Adaptado). Célula normal Célula atacada por radicais livres Célula com estresse oxidativo Com o tempo, cada vez mais as células sofrem os efeitos dos radicais livres. Na pele, as principais alterações acontecem nas funções biológicas das proteí- nas (como o colágeno) e do ácido hialurônico, que vão perdendo suas funções. Dessa maneira, a pele torna-se flácida e desidratada. Os radicais livres vêm de fontes internas, associadas a reações metabólicas de oxidação nas mitocôndrias, fagocitose durante o processo de inflamação e ação de enzimas que podem, indiretamente, produzir espécies reativas de oxigênio; porém, também há as fontes externas, como a radiação solar UVA, pesticidas, poluição, cigarros e estresse. FISIOTERAPIA DERMATOFUNCIONAL E SAÚDE DA MULHER 19 SER_FISIO_FIDSAM_UNID1.indd 19 07/06/2021 16:40:17 Outra explicação para o envelhecimento relaciona-se aos telômeros. O envelhecimento é geneticamente programado por um tipo de “relógio bioló- gico”, que pode localizar-se em toda a célula ou influenciar outros tecidos: é o telômero. Cada vez que a célula se divide, o telômero encurta-se ligeiramente, garantindo, porém, que a informação genética relevante seja copiada para a célula duplicada. Como os telômeros não se regeneram, chega-se a a um ponto em que, de tão encurtados, não permitem mais a ideal replicação cromossômica. Desse modo, a célula perde sua capacidade de divisão, desencadeando o processo de envelhecimento. Veja a representação desse fenômeno na Figura 5. Figura 5. Telômeros e processo de envelhecimento. Fonte: Shutterstock. Acesso em: 04/03/2021. (Adaptado). Divisão celular Cromossomos Telômeros Telômeros encurtados Células envelhecidas Telômeros encurtam-se, cessando a divisão celular Célula Por fim, temos também a glicação. A glicose fixa-se às fibras de colágeno e elastina da derme, enrijecendo e quebrando essas fibras; desse modo, a derme é danificada, perde sua elasticidade, e as rugas e a flacidez instalam-se. Tudo isso acarreta mudanças graduais na estrutura e na função da pele, que passa a apresentar sinais visíveis de envelhecimento. FISIOTERAPIA DERMATOFUNCIONAL E SAÚDE DA MULHER 20 SER_FISIO_FIDSAM_UNID1.indd 20 07/06/2021 16:40:18 Modificações da pele com o envelhecimento Durante o processo de envelhecimento intrínseco, as células vão perdendo a capacidade de se replicar e de captar nutrientes. As fi bras colágenas, elás- ticas e reticulares vão-se degenerando, e surgem a fl acidez e as rugas. A pele torna-se menos hidratada e elástica, e as glândulas passam a secretar menos sebo e suor, deixando a pele ressecada e áspera. Há um achatamento da jun- ção dermoepidérmica, o que diminui a passagem de oxigênio e nutrientes da derme para a camada basal da epiderme (BORGES; SCORZA, 2016). Já no envelhecimento extrínseco, a pele envelhecida pelo sol apresenta-se amarelada, com pigmentação irregular, enrugada, atrófi ca, com telangiectasias e com lesões pré-malignas. O sol degenera as fi bras elásticas e colágenas, o que torna a pele fl ácida e desvitalizada. Além disso, altera a permeabilidade da membrana celular, tornando inefi ciente a absorção de água e nutrientes e dei- xando a pele com aspecto ressecado, com coloração ligeiramente amarelada e resposta imunológica diminuída (BORGES; SCORZA, 2016). Segundo Hirata, Sato e Santos, os envelhecimentos intrínseco e extrínseco sobrepõem-se, resultando na formação de rugas, aumento da fragilidade e diminuição da cica- trização de feridas. A pele torna-se mais fi na, pálida, seca e há um aumento de rugas. O sistema superfi cial capilar torna-se visível, de- sordens pigmentares aparecem, a pele perde a fi rmeza e as suas propriedades mecânicas. Células cutâneas se proliferam na epider- me dando aparência irregular. Há menos colágeno e fi bras elásticas, resultando na diminuição da elasticidade da pele. Os fi broblastos e os queratinócitos se reproduzem mais lentamente. A função de barreira da pele é diminuída e o sistema de defesa da pele é menos efi ciente, pois as células de Langerhans são exauridas e as que res- tam são menos ativas. A atividade do fi broblasto é diminuída, com síntese lenta de colágeno (2004, p. 419). A Figura 6 mostra algumas modifi cações da pele com o envelhecimento. Na derme, as fi bras de colágeno atrofi am-se, e as elásticas rompem-se. Com isso, a derme perde sua capacidade de sustentação. A epiderme torna-se mais fi na e desidratada, e surgem sulcos na superfície, formando as rugas. As glândulas FISIOTERAPIADERMATOFUNCIONAL E SAÚDE DA MULHER 21 SER_FISIO_FIDSAM_UNID1.indd 21 07/06/2021 16:40:18 sebáceas têm sua atividade diminuída e passam a produzir menos sebo, lubri- ficando e protegendo menos a pele. A melanina deixa de ser produzida na raiz do pelo, tornando-o branco. Figura 6. Comparação entre a pele jovem e a pele envelhecida. Fonte: Adobe Stock. Acesso em: 16/02/2021. (Adaptado). Glândulas sebáceas Melanina deixa de ser produzida na raiz do pelo/cabelo Pele perde umidade Rugas profundas Rompimento de fibras elásticas Colágeno (atrofia) Cutícula Epiderme Derme Hipoderme Pele mais jovem Pele envelhecida Um dos sinais mais evidentes do envelhecimento cutâneo são os sulcos ou pregas na superfície da pele, ou seja, as rugas. Elas podem ser classificadas em: • Superficiais: desaparecem quando esticamos a pele; • Profundas: não desaparecem ao esticarmos a pele, ou seja, são permanentes. Também podemos classificá-las em: • Dinâmicas: são as rugas de expressão (Figura 7), que aparecem ao reali- zarmos movimentos da mímica facial e que desaparecem ao repouso; • Estáticas: presentes mesmo na ausência de movimento (Figura 8). FISIOTERAPIA DERMATOFUNCIONAL E SAÚDE DA MULHER 22 SER_FISIO_FIDSAM_UNID1.indd 22 07/06/2021 16:40:19 Figura 7. Rugas dinâmicas. Fonte: Adobe Stock. Acesso em: 02/03/2021. Figura 8. Rugas estáticas. Fonte: Adobe Stock. Acesso em: 02/03/2021. Durante o envelhecimento, a pele, principalmente das regiões expostas ao sol, fica mais propensa ao aparecimento de manchas – chamadas melano- ses solares, lentigos solares ou manchas senis (Figura 9). Essas manchas são hiperpigmentadas, acastanhadas, causadas pela hiperprodução de melanina pelos melanócitos. FISIOTERAPIA DERMATOFUNCIONAL E SAÚDE DA MULHER 23 SER_FISIO_FIDSAM_UNID1.indd 23 07/06/2021 16:40:20 Figura 9. Manchas senis. Fonte: Shutterstock. Acesso em 04/03/2021. Apesar do processo de envelhecimento ser inevitável, há diversas técnicas fi sioterápicas que melhoraram o aspecto geral da pele, tornando-a mais hidra- tada, nutrida, luminosa e suave ao toque. Técnicas de revitalização da pele O processo de envelhecimento é natural e atinge a todos nós, mas isso não signifi ca que não seja possível retardar o aparecimento de alguns sinais nem minimizar os efeitos do tempo na pele. As chamadas técnicas de revitalização da pele compreendem o uso de eletroterapia, de terapias manuais e de cosméticos, compondo protocolos de fi sioterapia dermatofuncional para os diversos tipos e situações da pele. Os objetivos desses protocolos são: • Melhorar a qualidade e a aparência da pele da face, do colo e do pescoço; • Estimular o metabolismo cutâneo; • Potencializar a renovação celular; • Repor a umidade da pele; • Melhorar o contorno facial. FISIOTERAPIA DERMATOFUNCIONAL E SAÚDE DA MULHER 24 SER_FISIO_FIDSAM_UNID1.indd 24 07/06/2021 16:40:21 Os equipamentos de eletroterapia podem ajudar a combater o envelheci- mento. São eles: o laser de baixa potência; a radiofrequência; as microcorren- tes; a vacuoterapia; o peeling de cristal; e o jato de plasma (ALBERINI, 2020). Já em relação às terapias manuais, o fi sioterapeuta pode utilizar técnicas de mobilizações manuais da face, visando alongá-la e liberá-la de aderências. Devido à plasticidade do tecido conjuntivo, essa técnica é capaz de alterar sua morfologia, gerando adaptações aos estímulos mecânicos e um “efeito lifting” (SILVA et al., 2013, p. 535). A massagem relaxante facial contribui para aumen- tar a circulação e, consequentemente, a nutrição das células, além de relaxar pontos de tensão e aumentar a permeação dos ativos dos cosméticos. Por fi m, em relação aos cosméticos, destaca-se a importância do uso dos fotoprotetores e dos hidratantes cutâneos; dos retinoides e das vitaminas; e dos fatores de crescimento (COSTA, 2012). Os antioxidantes têm funções muito benéfi cas ao organismo para proteção contra os radicais livres, sendo sua função primária o fornecimento de elétrons no intuito de reduzir a velocidade de iniciação e/ou propagação dos processos oxida- tivos, o que minimiza danos às moléculas e estruturas celulares. Esses antioxidan- tes podem ser obtidos por meio da alimentação ou pelo uso de cosméticos. Ativos como a vitamina E, a coenzima Q10 e os oligoelementos (zinco, selênio, cobre e man- ganês) auxiliam a neutralizar a ação danosa dos radicais livres e, consequentemen- te, reduzem o estresse oxidativo e o envelhecimento celular. Após anamnese e avaliação detalhada do tipo de pele do cliente, o fi sioterapeuta lança mão de seus conhecimentos acerca dos recursos disponíveis na fi sioterapia dermatofuncional e monta um protocolo individualizado para a revitalização da pele, diminuindo os sinais do envelhecimento e tratando queixas específi cas. Além disso, orienta seus clien- tes a prevenirem o envelhecimento da pele, usando fotoprotetores e mantendo hábitos de vida saudáveis. Acne A acne é uma doença de pele que se traduz pelos indesejáveis cravos e espinhas, conforme vemos na Figura 10. Segundo a Sociedade Brasileira de FISIOTERAPIA DERMATOFUNCIONAL E SAÚDE DA MULHER 25 SER_FISIO_FIDSAM_UNID1.indd 25 07/06/2021 16:40:21 Dermatologia (SBD), surge devido a um processo infl amatório das glândulas sebáceas e dos folículos pilossebáceos. Figura 10. Acne. Fonte: Shutterstock. Acesso em: 04/03/2021. Apesar de mais comum na adolescência, pode atingir também adultos – e afetar negativamente a autoestima do indivíduo. Por isso, é uma doença que precisa ser tratada. Há muitos mitos envolvendo a acne, assim como inúmeras “soluções casei- ras” para eliminá-la. O fi sioterapeuta dermatofuncional, portanto, deve estar preparado para avaliar o quadro de acne, propor o tratamento adequado para cada caso e orientar cosméticos e cuidados domiciliares que, mesmo não elimi- nando completamente o quadro de acne, possam minimizar as incômodas le- sões. O primeiro passo para tratar a acne é, então, entender como ela se forma. Etiopatogenia da acne As glândulas sebáceas produzem o sebo, uma mistura de triglicerídeos, ácidos graxos e colesterol que lubrifi ca a pele e os pelos, evitando o resseca- mento e impedindo a perda excessiva de água para a superfície. Quando há FISIOTERAPIA DERMATOFUNCIONAL E SAÚDE DA MULHER 26 SER_FISIO_FIDSAM_UNID1.indd 26 07/06/2021 16:40:22 produção excessiva desse sebo, a pele torna-se lipídica (oleosa), o que favorece o aparecimento da acne, conforme a Figura 11. Figura 11. Formação da acne. Fonte: Shutterstock. Acesso em: 23/02/2021. (Adaptado). Poro Glândula sebácea 1 3 2 4 Proliferação bacteriana Ruptura do canal do folículoEspinha Folículo piloso Inflamação Derme Sebo Epiderme Acúmulo de células mortas e sebo Segundo Costa, Alchorne e Goldschmidt (2008), os fatores implicados na etiopatogenia da acne são: hiperprodução de sebo glandular, hiperqueratini- zação folicular, colonização bacteriana folicular e liberação de mediadores da inflamação no folículo e derme adjacente. Alguns hormônios sexuais andrógenos, principalmente a testosterona, es- timulam as glândulas sebáceas, que passam a produzir mais sebo. Esse sebo acaba por obstruir o folículo piloso. Há uma proliferação dos queratinócitos, ge- FISIOTERAPIA DERMATOFUNCIONAL E SAÚDE DA MULHER 27 SER_FISIO_FIDSAM_UNID1.indd 27 07/06/2021 16:40:23 A acne tem um componente hereditário. A infl uência da hereditariedade é maior quanto mais elevado for o grau da acne. Atualmente, temos vários tipos de tratamento para a acne, realizados por médicos, fi sioterapeutas e esteticistas. O passo inicial para o bom trata- mento é estabelecer qual o grau da acne, a partir da identifi cação dos tipos de lesão presentes. ASSISTA Assista, no canal Telemedicina Nuvem do Conhecimento, a uma animação que demonstra como a acne se forma. Classificação da acne A acne aparece principalmente nas regiões em que há maior concentraçãodas glândulas sebáceas: face, pescoço, costas, tórax, ombros e na porção supe- rior dos braços. Apresenta lesões distintas, como descrevem Figueiredo, Mas- sa e Picoto (2011). A Figura 12 ilustra essas lesões. • Comedões: de início fechados, manifestam-se como pequenos grãos mi- liares, levemente salientes, brancos (comedão fechado, ou “cravo branco”). Quando o orifício folicular se dilata, o comedão oxida-se e torna-se escuro (co- medão aberto, ou “cravo preto”); • Pápula: surge como área de eritema e edema em redor do comedão, com pequenas dimensões (até 3 mm); • Pústula: sobrepõe-se à pápula, por infl amação da mesma e conteúdo purulento; • Cisto: grande comedão que sofre várias rupturas e recapsulações – globo- so, tenso, saliente, com conteúdo pastoso e caseoso; • Nódulos: têm estrutura idêntica à pápula, mas de maiores dimensões, podendo atingir 2 cm. rando uma hiperqueratinização folicular. Isso torna o ambiente propício para o desenvolvimento bacteriano, principalmente para a bactéria Propionibacterium acnes. A pele torna-se infl amada, apresentando pápulas, pústulas e nódulos. FISIOTERAPIA DERMATOFUNCIONAL E SAÚDE DA MULHER 28 SER_FISIO_FIDSAM_UNID1.indd 28 07/06/2021 16:40:23 Figura 12. Tipos de lesões da acne. Fonte: Adobe Stock. Acesso em: 23/02/2021. (Adaptado). Comedões abertos Pústula Comedões fechados Cisto Pápula Nódulos O grau da acne é defi nido pelo tipo de lesão: • Grau I: presença de comedões abertos e fechados. Não é infl amatória, e é denominada comedogênica; • Grau II: presença de comedões abertos e fechados, pápulas e pústulas; • Grau III: presença de comedões abertos e fechados, pápulas, pústulas e nódulos; • Grau IV: comedões abertos e fechados, pápulas, pústulas, nódulos e cistos. Alguns autores citam, ainda, uma acne grau V, chamada acne fulminans, ou acne fulminante. É rara, mas bem grave. Ela é considerada uma doença sistêmica, pois, além dos nódulos infl amatórios e das crostas hemorrágicas, há artralgia (dores nas articulações) e febre. Tratamento da acne O tratamento da acne é multiprofi ssional, e envolve medicamentos, cos- méticos e fototerapia. Além disso, é necessário atuar em todas as fases da sua formação, com os objetivo de: FISIOTERAPIA DERMATOFUNCIONAL E SAÚDE DA MULHER 29 SER_FISIO_FIDSAM_UNID1.indd 29 07/06/2021 16:40:24 • Diminuir a atividade da glândula sebácea; • Diminuir a população da Propionibacterium acnes; • Corrigir a queratinização folicular; • Inibir a infl amação. O tratamento sistêmico – de responsabilidade do médico – utiliza antibió- ticos, terapia hormonal e isotretinoína. Já o tratamento tópico (fi sioterápico) consiste em usar agentes de limpeza que controlem a produção e removam o sebo, além de ácidos que afi nem a camada córnea. A limpeza de pele é fundamental no tratamento da acne, pois haverá a extração dos comedões e das pápulas. A ca- mufl agem consiste no uso de maquiagem para ca- mufl ar (disfarçar) as lesões de acne e uniformizar a pele. O tratamento exige paciência e persistên- cia; porém, os resultados compensam o tempo e o dinheiro investidos. Cosméticos Você sabe o que é um cosmético? Segundo Borges e Scorza (2016), é um produto destinado a embelezar a pele e seus anexos, sem afetar sua estrutura ou função (Figura 13). Figura 13. Cosméticos. Fonte: Shutterstock. Acesso em: 04/03/2021. FISIOTERAPIA DERMATOFUNCIONAL E SAÚDE DA MULHER 30 SER_FISIO_FIDSAM_UNID1.indd 30 07/06/2021 16:40:24 Classificação da pele A polonesa Helena Rubinstein foi quem primeiro desenvolveu uma classi- fi cação da pele, utilizada até hoje. Essa classifi cação depende da quantidade da secreção das glândulas sebáceas (BORGES; SCORZA, 2016). Os cosméticos são aliados importantíssimos nos tratamentos dermatofuncionais, e o fisio- terapeuta deve ter segurança na escolha dos produtos que comporão seus protocolos de tra- tamentos e o seguimento doméstico. Assim, deve conhecer os principais compostos de um cosmético: princípio ativo, veículo, corante, fragrância, correti- vos e conservantes (BORGES; SCORZA, 2016). • Princípio ativo: é responsável pela ação do cos- mético na pele (BORGES; SCORZA, 2016). Exemplos: ácido hialurônico, azuleno, sílica, matrixyl e castanha-da-índia. Podem ter ação hidratante, adstringente, antirradicais livres, entre várias outras; • Veículo: é a substância que leva o princípio ativo para a pele e constitui a maior parte da formulação. É o que determina a forma física do cosmético – emulsão, gel, óleo etc. (BORGES; SCORZA, 2016); • Corante e fragrância: são substâncias responsáveis pela cor e pelo odor do produto e visam ao aspecto comercial (BORGES; SCORZA, 2016), ou seja, não têm uma ação específi ca – e, em algumas peles, podem desenca- dear reações alérgicas; • Corretivos: são substâncias utilizadas para corrigir a fórmula do cosméti- co, conforme o efeito desejado (BORGES; SCORZA, 2016); • Conservantes: servem para preservar o cosmético, assegurando seu pra- zo de validade e a segurança de seu uso (BORGES; SCORZA, 2016). Normalmen- te, são antimicrobianos e antioxidantes. Antes de o fi sioterapeuta selecionar quais cosméticos usará no seu pro- tocolo de tratamento ou indicará para uso doméstico, é necessário avaliar e classifi car a pele do cliente. FISIOTERAPIA DERMATOFUNCIONAL E SAÚDE DA MULHER 31 SER_FISIO_FIDSAM_UNID1.indd 31 07/06/2021 16:40:24 CONTEXTUALIZANDO Helena Rubinstein nasceu em 1872, em um bairro pobre da cidade de Cra- cóvia, na Polônia. Desde pequena, demonstrava interesse por negócios e pelo mercado da beleza. Aos 24 anos, mudou-se para a Austrália para não se submeter a um casamento arranjado pela família, e lá passou a estudar a manipulação de produtos cosméticos, criando cremes que rapidamente fizeram sucesso entre as mulheres. Posteriormente, ampliou seus negó- cios para Londres e Paris, criando as profissões de demonstradora de cosméticos e de esteticista. Faleceu em 1965, milionária e eternizada pela indústria de cosméticos e da beleza (THOMAZINI, 2018). Os tipos de pele são: • Pele alípica: seca, fina, descamativa, tem pouca produção de sebo; • Pele lipídica: oleosa, espessa, brilhosa, tem a produção de sebo aumentada; • Pele eudérmica: normal, lisa, não brilhante, com produção equilibrada de sebo; • Pele mista: produção de sebo aumentada na zona T (testa, nariz e queixo) e com a pele do restante da face eudérmica ou alípica. Outra forma de classificar a pele é pelo fototipo cutâneo. Em 1976, o Dr. Tho- mas Fitzpatrick desenvolveu uma classificação da pele baseada na cor e na reação à exposição solar, estabelecendo seis fototipos, como demonstra a Figura 14. Figura 14. Fototipos de Fitzpatrick. Fonte: Shutterstock. Acesso em: 04/03/2021. • Fototipo I: queima com facilidade, raramente se bronzeia, muito sensível ao sol; • Fototipo II: queima com facilidade, bronzeia muito pouco, sensível ao sol; • Fototipo III: queima e bronzeia moderadamente, sensibilidade normal ao sol; • Fototipo IV: queima pouco, bronzeia com facilidade, sensibilidade normal ao sol; • Fototipo V: queima pouco, bronzeia bastante, pouco sensível ao sol; • Fototipo VI: queima pouco e menos aparentemente, mais resistente ao sol. FISIOTERAPIA DERMATOFUNCIONAL E SAÚDE DA MULHER 32 SER_FISIO_FIDSAM_UNID1.indd 32 07/06/2021 16:40:25 A partir da classifi cação da pele, levando em consideração o tipo, fototipo, grau de envelhecimento e outras características, é possível eleger os cosméti- cos. Esses cosméticos serão usados nas fases indispensáveis a todo tratamen- to dermatofuncional: higienização, esfoliação, nutrição e fotoproteção. Higienizantes O primeiro passo do cuidado com a pele é a higienização, que eliminará as im- purezas da poluição, células mortas, suor, sebo e, eventualmente, maquiagem. Deve ser realizada com cosméticos e técnicas que não danifi quem a pele nem removam totalmente o manto hidrolipídico, o que comprometeria a proteção e a hidratação. Sãocosméticos higienizantes os sabonetes em barra ou líquidos, as espu- mas de limpeza, o leite de limpeza e a água micelar. Qual escolher, porém? Dependendo do tipo de pele, usaremos: • Sabonete e gel de limpeza: são indicados para peles oleosas, por con- terem maior poder adstringente e serem, normalmente, livres de oleosidade; • Leites e emulsões de limpeza: devem ser utilizados em peles secas e sen- síveis, por conterem um teor oleoso maior, deslizarem de forma suave e serem facilmente removidos, evitando abrasão sobre a pele durante sua aplicação ou retirada, além de manterem a umectação superfi cial; • Sabonete líquido suave ou loção de limpeza: para as peles mistas, por constituírem o meio-termo entre os limpadores citados anteriormente, ou seja, não adstringem demais e ainda mantêm a umectação da pele. O produto escolhido deve ser espalhado com as mãos pelo rosto e pescoço, em pequena quantidade, com movimentos circulares. Para retirá-lo, usar água fria. Água quente não deve ser utilizada, pois o calor dilata os poros. Outro cuidado a tomar é em relação ao pH (escala de acidez) do produto. Como o pH da nossa pele é ácido, devemos usar produtos que respeitem essa acidez, evitando higienizantes alcalinos. Esfoliantes A frequência da esfoliação dependerá do que foi analisado na avaliação inicial, ou seja, na classifi cação da pele. A esfoliação consiste na eliminação das células mortas da camada córnea da epiderme, conforme ilustra a Figura 15. FISIOTERAPIA DERMATOFUNCIONAL E SAÚDE DA MULHER 33 SER_FISIO_FIDSAM_UNID1.indd 33 07/06/2021 16:40:25 Objetiva suavizar a superfície cutânea, estimular o fluxo sanguíneo na face e facilitar a permeação dos ativos dos cosméticos. Figura 15. Esfoliação. Fonte: Shutterstock. Acesso em: 03/03/2021. (Adaptado). Células antigas mortas na superfície mais externa da pele Poros grandes e abertos Antes Depois Poros pequenos Células mortas da pele Também denominada peeling, pode ser feita de várias formas e prepara a pele para a etapa seguinte – a nutrição: • Esfoliação/peeling físico: aplicação de cosméticos com substâncias abra- sivas, como semente de damasco, casca de arroz, casca de noz ou sílica, em movimentos circulares que esfoliam mecanicamente a pele; • Esfoliação/peeling enzimático ou biológico: utiliza enzimas derivadas de frutas, como a papaína, bromelina ou quimotripsina, que quebram as ligações químicas dos queratinócitos e favorecem seu desprendimento; FISIOTERAPIA DERMATOFUNCIONAL E SAÚDE DA MULHER 34 SER_FISIO_FIDSAM_UNID1.indd 34 07/06/2021 16:40:26 • Esfoliação/peeling mecânico: abrasão mecânica da pele, com o uso de cristais de óxido de alumínio (peeling de cristal) ou com uma lixa de ponta de diamante (peeling de diamante). • Esfoliação/peeling químico: uso de alfa-hidroxiácidos (AHAs), que redu- zem a coesão entre os queratinócitos. Alguns dos ácidos mais utilizados para esse fi m são o mandélico, salicílico e glicólico. Nutrição Os nutrientes fundamentais para o bom funcionamento das células e es- truturas que compõem nossa pele vêm principalmente da alimentação (é a nu- trição “de dentro para fora”). Podemos, porém, reforçar essa nutrição com o uso de cosméticos, fazendo um processo “de fora para dentro”. Vitaminas e oligoelementos são nutrientes indispensáveis à saúde da pele. As vitaminas são micronutrientes, substâncias importantes para o bom fun- cionamento das nossas células. Podem ser adicionadas a cosméticos, como sa- bonetes, cremes e séruns. Entre as vitaminas mais importantes para a saúde da nossa pele, destacam-se: • Vitamina A: participa da conservação do tecido epitelial, regenerando o tecido e melhorando sua elasticidade. Também tem ação antioxidante, comba- tendo os radicais livres; • Vitamina C: também é antioxidante, auxilia na produção de colágeno e tem efeito clareador; • Vitamina B: antioxidante e regeneradora da pele. Os oligoelementos são minerais que participam das reações químicas do nos- so corpo, melhorando o metabolismo celular e agindo como antioxidantes, mini- mizando os efeitos dos radicais livres. São eles: zinco, selênio, cobre e manganês. As argilas são ricas em oligoelementos e outros minerais e usadas em di- versos tratamentos dermatofuncionais. Segundo Amorim e Piazza (2015), os benefícios das argilas incluem a purifi cação e a remineralização da pele, ação tensora e efi cácia no controle da oleosidade. A cor da argila é determinada pelo principal elemento que a compõe. Assim, temos: • Argila branca: rica em silício e alumínio, tem ação antisséptica, indicada para controle da acne. Também clareia a pele e, por isso, é indicada para tratar manchas; FISIOTERAPIA DERMATOFUNCIONAL E SAÚDE DA MULHER 35 SER_FISIO_FIDSAM_UNID1.indd 35 07/06/2021 16:40:26 • Argila verde: rica em silício e zinco, é adstringente e purifi cadora, indicada para controle da oleosidade. É ideal para peles lipídicas e acneicas; • Argila amarela: rica em silício e potássio, induz a síntese de colágeno. É indicada para peles maduras e envelhecidas; • Argila vermelha: rica em silício e óxido de ferro, regula o fl uxo sanguíneo e tem efeito tensor. Indicada para peles desvitalizadas. Incluídas na composição de cosméticos ou utilizadas na forma de máscaras, as argilas têm lugar garantido nos protocolos dermatofuncionais. Nenhum protocolo dermatofuncional, porém, está completo sem a fi nalização dos fotoprotetores. Fotoprotetores O uso dos fotoprotetores, protetores solares ou fi ltros solares é indispensá- vel para todos os tipos de pele. São objetivos da fotoproteção: • Diminuir/impedir as queimaduras solares; • Proteger contra o fotoenvelhecimento; • Proteger contra o câncer de pele; • Manter a hidratação. Os fotoprotetores são classifi cados em: • Inorgânicos ou físicos: com partículas de óxidos metálicos (como dióxido de titânio e óxido de zinco), com alta capacidade de refl etir a luz, baixa permea- ção cutânea e baixo potencial alergênico; • Orgânicos ou químicos: contêm moléculas que absorvem a radiação e têm alto potencial alergênico. Segundo o Consenso Brasileiro de Fotoproteção da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SCHALKA; STEINER, 2013), na aplicação do produto, devemos se- guir a regra da colher de chá: para utilizar no rosto, cabeça e pescoço, coloque na mão a quantidade equivalente a uma colher de chá; para cada braço, tam- bém; nas partes da frente e de trás do dorso, duas colheres para cada lado; e duas colheres para cada perna. O Consenso (SCHALKA; STEINER, 2013) também orienta a aplicar fotoproteto- res todos os dias, inclusive quando ao fi car em casa, e não se esquecer de reapli- car. Finalmente, quando não há exposição direta por tempo prolongado, contato com a água ou sudorese excessiva, o intervalo para reaplicação pode ser menor. FISIOTERAPIA DERMATOFUNCIONAL E SAÚDE DA MULHER 36 SER_FISIO_FIDSAM_UNID1.indd 36 07/06/2021 16:40:26 Sintetizando A pele exerce a função de proteção e age como uma barreira entre o meio interno e o externo. Manter a pele saudável contribui não somente para a apa- rência física, mas também para o bom funcionamento do nosso organismo. A pele é constituída por três camadas: epiderme; derme; e tela subcutânea, ou hi- poderme. A epiderme é a camada mais superficial, formada por tecido epitelial, com- posto por células chamadas queratinócitos (que produzem a queratina, uma proteína insolúvel, fibrosa, resistente e impermeável), por melanócitos (células que produzem a melanina, que dá pigmento à pele e aos pelos), pelas células de Langerhans (células de proteção e defesa) e pelas células de Merkel (responsáveis pela sensibilidade tátil). Ela é composta por células que se dispõem em quatro a cinco camadas, sendo que, na camada basal da epiderme (mais profunda), há produção de novas células. Abaixo da epiderme há a derme, formada por tecido conjuntivo. Ali, encon- tramos as fibras elásticas, colágenas e reticulares, osvasos sanguíneos, os vasos linfáticos e os nervos, além das glândulas sebáceas e sudoríparas. Abaixo da derme, encontra-se a tela subcutânea, também denominada hipo- derme, formada por tecido adiposo, que se constitui em reserva energética, e tecido conjuntivo frouxo. É na pele que aparecem os sinais da idade, sinais esses que são inevitáveis. No entanto, a fisioterapia dermatofuncional tem conhecimentos e recursos para retardar o aparecimento de rugas, manchas e flacidez e para tratar a pele já en- velhecida. Além do envelhecimento cutâneo, que pode ser intrínseco ou extrín- seco, podemos tratar também a acne, outra queixa dermatológica constante nos consultórios e clínicas dermatológicas. Para esses tratamentos, os cosméticos são recursos fundamentais, não ape- nas mantendo a saúde da pele e prevenindo o fotoenvelhecimento, mas tam- bém controlando a acne. Além disso, é preciso respeitar as etapas de higieniza- ção, esfoliação, nutrição e fotoproteção no uso desses recursos. O fisioterapeuta dermatofuncional deve dominar as formas de avaliação da pele, entender a anatomia e a fisiologia de todo o sistema tegumentar, com- preender os processos de envelhecimento e de formação da acne e a indicação cosmética. Assim, realizará seu trabalho com ciência, segurança e eficácia, atin- gindo objetivos satisfatórios para seus clientes e para si mesmo. FISIOTERAPIA DERMATOFUNCIONAL E SAÚDE DA MULHER 37 SER_FISIO_FIDSAM_UNID1.indd 37 07/06/2021 16:40:26 Referências bibliográficas ACNE. Postado por Telemedicina Nuvem do Conhecimento (1min. 25s.). son. color. port. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=PzrKSz- DxMcA>. Acesso em: 4 mar. 2021. ALBERINI, R. C. Dermatoterapia funcional. Curitiba: Contentus, 2020. AMORIM, M. I.; PIAZZA, F. C. P. Uso das argilas na estética facial e corporal. Itajaí, Universidade Vale do Itajaí, 2015. Disponível em <http://siaibib01.univa- li.br/pdf/monthana%20imai%20de%20amorim.pdf>. Acesso em: 4 mar. 2021. BORGES, F. S.; SCORZA, F. A. Terapêutica em estética: conceitos e técnicas. São Paulo: Phorte, 2016. COSTA, A. Tratado Internacional de Cosmecêuticos. Rio de Janeiro: Guana- bara Koogan, 2012. COSTA, A.; ALCHORNE, M. M. A.; GOLDSCHMIDT, M. C. B. 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FISIOTERAPIA DERMATOFUNCIONAL E SAÚDE DA MULHER 39 SER_FISIO_FIDSAM_UNID1.indd 39 07/06/2021 16:40:27 ELETROTERAPIA NA FISIOTERAPIA DERMATOFUNCIONAL 2 UNIDADE SER_FISIO_FIDSAM_UNID2.indd 40 07/06/2021 14:27:32 Objetivos da unidade Tópicos de estudo Apresentar os efeitos fisiológicos e as indicações terapêuticas da corrente galvânica, utilizada nos aparelhos de iontoforese, desincrustação, eletrolifting e eletrolipólise; Discorrer sobre o uso das correntes alternadas na fisioterapia dermatofuncional, representadas por microcorrente, corrente russa, corrente Aussie e alta frequência; Abordar o uso da pressão positiva e negativa no tratamento das disfunções dermatofuncionais com a indicação de ventosaterapia e endermoterapia; Apresentar o recurso do ultrassom na fisioterapia dermatofuncional. Corrente galvânica Iontoforese Desincrustação Eletrolifting Eletrolipólise Correntes alternadas Microcorrentes Corrente russa Corrente Aussie Alta frequência Pressão positiva e negativa Ventosaterapia Endermologia Ondas mecânicas Ultrassom Ultracavitação FISIOTERAPIA DERMATOFUNCIONAL E SAÚDE DA MULHER 41 SER_FISIO_FIDSAM_UNID2.indd 41 07/06/2021 14:27:33 Corrente galvânica A corrente galvânica é uma corrente polarizada, contínua e unidirecional; isso signifi ca que ela não altera o sentido de suas partículas carregadas, que fl uem ordenadamente em um único sentido. Esta técnica surgiu em 1780, quando Alessandro Volta descobriu a pilha elétrica. Segundo Pereira (2019), os aparelhos eletroestéticos que utilizam essa corrente são concebidos de forma a permitir que a corrente flua de um ele- trodo para outro. Como esses eletrodos estão em contato com a pele, essa corrente acaba fluindo na pele. Assim, essas cargas elétricas que se movem pelo tecido são íons existentes no interstício e, portanto, a corrente é iônica no tecido. A corrente fl ui com uma intensidade constante, transferindo energia elétrica para o tecido. Essa energia elétrica é sentida na pele como calor, aumentando a temperatura local. Isso posto, os efeitos fi siológicos da corrente galvânica são: a hiperemia, o aumento da circulação periférica, o aumento do metabolismo e uma maior nutrição e oxigenação tecidual. Esses efeitos são restritos ao local de aplicação da corrente. Na fi sioterapia dermatofuncional, a corrente galvânica é utilizada de forma isolada (galvanização) e para iontoforese (ionização), além da desincrustação eletrolifting e eletrolipólise. Iontoforese A iontoforese, ou ionização, é uma técnica de tratamento que permite a intro- dução, a partir da pele e mucosas, de íons medicamentosos para o interior dos tecidos, utilizando-se, para tanto, as propriedades polares da corrente galvânica (GUIRRO; GUIRRO, 2003). Isso posto, pode-se afi rmar que a pele apresenta uma resistência natural no que diz respeito à penetração de substâncias ativas, o que ocorre devido à pre- sença do estrato córneo. Em relação aos fármacos e cosméticos, a administração transdérmica é dividida em: • Penetração: as substâncias (geralmente cosméticos) atingem somente a camada córnea; FISIOTERAPIA DERMATOFUNCIONAL E SAÚDE DA MULHER 42 SER_FISIO_FIDSAM_UNID2.indd 42 07/06/2021 14:27:33 • Permeação: as substâncias (geralmente cosméticos) atingem a derme, mas sem alcançar os vasos sanguíneos;• Absorção: as substâncias (medicamentos) atingem a corrente sanguínea. A corrente galvânica aumenta a permeabilidade da pele, o que possibilita que as substâncias presentes no produto ionizável atinjam camadas mais profundas da pele, realizando a permeação. Assim, “as substâncias utilizadas se encontram em forma de soluções ioni- záveis e, diante do campo elétrico da corrente contínua, são movimentadas de acordo com sua polaridade, assim como da polaridade do eletrodo ativo” (BOR- GES, 2010, p. 274). Isso ocorre porque, na passagem da corrente, a solução eletrolítica (ionizá- vel) se dissocia em carga positiva ou negativa, e assim os íons positivamente carregados são atraídos pelo polo negativo, ao passo que os íons negativamente carregados são atraídos para o polo positivo. Dessa forma, essas substâncias conseguem penetrar na pele. A técnica é realizada com dois eletrodos: o eletrodo ativo, que receberá a solução ionizável, e o eletrodo dispersivo, que completará o circuito elétrico. O uso de um rolo metálico como eletrodo ativo é bastante comum (Figura 1), uma vez que permite distribuir melhor o produto na pele. Todavia, também podem ser utilizados eletrodos em forma de bastão ou eletrodos de borracha. Figura 1. Iontoforese. Fonte: Shutterstock. Acesso em: 06/03/2021. FISIOTERAPIA DERMATOFUNCIONAL E SAÚDE DA MULHER 43 SER_FISIO_FIDSAM_UNID2.indd 43 07/06/2021 14:27:35 Os efeitos da iontoforese correspondem à soma dos frutos da corrente gal- vânica (hiperemia, vasodilatação local, elevação da temperatura local e melhora da circulação sanguínea) com os efeitos do princípio ativo ionizado. Por exemplo: • Ácido hialurônico: hidratante; • DMAE: fi rmador; • Hialuronidase: tratamento do fi broedema geloide; • Óxido de zinco: cicatrizante. Assim, as etapas da aplicação da ionização facial com eletrodo rolete são: 1. Higienizar a pele; 2. Esfoliar a camada córnea; 3. Selecionar a polaridade da corrente galvânica (de acordo com a polaridade do produto a ser ionizado); 4. Aplicar o produto sobre a pele; 5. Regular a intensidade da corrente conforme indicação do fabricante do aparelho; 6. Deslizar o eletrodo rolete por toda a superfície da face. Devemos estar atentos às contraindicações da iontoforese, como aponta Borges (2010, p. 282): • Lesões da pele; • Diabetes; • Regiões com implantes metálicos; • Alergia ao produto utilizado; • Neoplasias. A iontoforese pode ser utilizada em protocolos faciais ou corporais, sendo de fácil manejo. No entanto, ressalta-se que essa é apenas uma das várias formas de aplicação da corrente galvânica na fi sioterapia dermatofuncional. Desincrustação Também denominada desincruste ou saponifi cação, a desincrusta- ção é uma técnica empregada para retirar o excesso de sebo das peles lipídicas. Esse sebo deixa a pele gordurosa, pega- josa e com aspecto brilhante, além de poder obstruir os po- ros, contribuindo para o desenvolvimento da acne. FISIOTERAPIA DERMATOFUNCIONAL E SAÚDE DA MULHER 44 SER_FISIO_FIDSAM_UNID2.indd 44 07/06/2021 14:27:35 Utiliza-se um aparelho gerador de corrente galvânica, um eletrodo do tipo gancho ou jacaré como eletrodo ativo e uma substância desincrustante à base de sódio (laurel sulfato de sódio polarizado). Assim, a retirada do excesso de gordura incrustada no folículo piloso ocorre devido à ação de uma força elétrica, a qual “puxa” a gordura para fora do folículo (PEREIRA, 2019). As etapas de aplicação são: 1. Higienizar a pele; 2. Encaixar o eletrodo gancho ou jacaré (ativo), envolvendo-o em algodão embebido na substância desincrustante; 3. Posicionar o eletrodo de borracha ou silicone (dispersivo) sob a escápula ou ombro do cliente; 4. Regular a intensidade da corrente conforme indicação do fabricante do aparelho; 5. Movimentar o eletrodo ativo sobre toda a face, de forma uniforme e fi rme; 6. Higienizar e tonifi car a pele, a fi m de restabelecer o pH. A desincrustação é indicada em protocolos de tratamento de peles sebor- reicas e acneicas e contraindicada na presença de alergia ao produto desincrus- tante ou hipersensibilidade à corrente elétrica. Também pode ser utilizada para facilitar a extração de comedões e pústulas durante a limpeza de pele. Por fi m, esta técnica também pode ser empregada no couro cabeludo, facilitando a reti- rada do sebo e desobstruindo os folículos pilosos. EXPLICANDO Caso o couro cabeludo produza sebo em excesso, pode haver obstrução dos folículos pilosos, difi cultando a chegada de nutrientes à raiz dos pelos. Esse quadro pode contribuir para a queda de cabelo. Eletrolifting Esta técnica, também conhecida como galvanopuntura ou microgalvanopun- tura, realiza um lifting (levantamento) da pele, sendo utilizada para suavizar, atenuar ou eliminar linhas de expressão, rugas e estrias. As linhas de expressão e as rugas surgem principalmente pela perda do colá- geno, a substância que dá sustentação à pele. Mas também contribui para o apa- FISIOTERAPIA DERMATOFUNCIONAL E SAÚDE DA MULHER 45 SER_FISIO_FIDSAM_UNID2.indd 45 07/06/2021 14:27:36 recimento desses sinais a perda de elastina – responsável pela elasticidade da pele – e de ácido hialurônico, importante para a hidratação. Já as estrias surgem pela destruição de fibras elásticas e colágenas na pele, devido ao estiramento da mesma. O aparelho de eletrolifting lança mão da corrente galvânica e de um eletrodo em forma de agulha. Segundo Borges (2010), o objetivo é provocar uma lesão tecidual que, associada aos efeitos galvânicos da microcorrente polarizada, produz um pro- cesso inflamatório que será responsável pelo efeito de reparo nas rugas e estrias. Em resposta à lesão provocada pela agulha em conjunto à corrente elétrica, haverá dilatação dos pequenos vasos da derme, resultando em um discreto edema. O processo inflamatório induzido ativa os fibroblastos, que irão produzir no- vas fibras colágenas e elásticas. Dessa forma, haverá a reparação das linhas de expressão, rugas e estrias. As etapas de aplicação são: 1. Higienizar a pele com álcool ou clorexidina; 2. Encaixar a agulha no porta-agulhas do aparelho no polo negativo; 3. Pedir para o cliente segurar o eletrodo dispersivo bastão (que estará ligado no polo positivo); 4. Regular os parâmetros do equipamento conforme instruções do fabricante; 5. Deslizar a agulha dentro do canal da ruga ou estria; 6. Introduzir a agulha na epiderme, levantando-a com um suave deslocamen- to (Figura 2); 7. Repetir por toda extensão da ruga ou estria. Figura 2. Introdução e levantamento da agulha. Fonte: BORGES, 2010, p. 257. FISIOTERAPIA DERMATOFUNCIONAL E SAÚDE DA MULHER 46 SER_FISIO_FIDSAM_UNID2.indd 46 07/06/2021 14:27:37 Pode-se utilizar também o método da escarifi cação, no qual a agulha é posicio- nada em 90º. Segundo Guirro e Guirro (2003), a lesão por agulha nas regiões aco- metidas pelas rugas promovem uma sensação não muito agradável. Devido a este fato, alguns terapeutas preferem a técnica de deslizamento, sem a penetração. A técnica do eletrolifting exige prática, posto que a agulha deve ser introdu- zida entre as camadas da epiderme sem atingir a derme, ou seja, sem provocar sangramento. Apesar disso, este não é considerado um método invasivo, pois a agulha atinge apenas a superfície da pele. As agulhas devem ser utilizadas somente uma vez e posteriormente descartadas em recipiente próprio. O eletrolifting é contraindicado em áreas com feridas ou processos inflamatórios e em clientes com diabetes, tendência a queloides e que fazem uso de glicocorticoides. Também é necessário que haja alguns cuidados na pós- aplicação, como não se expor ao sol e hidratar a pele. Eletrolipólise A eletrolipólise, ou eletrolipoforese, é uma técnica indicada para auxiliar no tratamento da gordura localizada e/ou do fi broedema geloide, uma vez que pro- duz lipólise. Isso posto, antes de estudarmos essa técnica, iremos analisar bre- vemente o tecido adiposo. Na telasubcutânea há os adipócitos, que são células capazes de armazenar gordura na forma de triglicerídeos, um processo de armazenamento chamado de lipogênese. Havendo excesso de gordura, proveniente, por exemplo, de uma dieta desbalanceada e hipercalórica, esse excesso será armazenado nas regiões do corpo em que há maior concentração de adipócitos. Isso resul- ta em um quadro de gordura localizada, presente no abdome, coxas e glúteos, por exemplo. Com o aumento do volume dos adipócitos, pode surgir também o fi broedema geloide, popularmente chamado de celulite, que se apresenta como uma alteração da pele que adquire um aspecto de “casca de la- ranja” com depressões irregulares (PEREIRA, 2019), conforme ilustrado na Figura 3. FISIOTERAPIA DERMATOFUNCIONAL E SAÚDE DA MULHER 47 SER_FISIO_FIDSAM_UNID2.indd 47 07/06/2021 14:27:37 Pele normal Celulite Figura 3. Fibroedema geloide. Fonte: Shutterstock. Acesso em: 10/03/2021. Toda gordura armazenada nos adipócitos, para ser utilizada como fonte de energia, precisa ser quebrada, ou seja, separada em ácido graxo e glicerol: isto é a lipólise. Segundo Sawaya e colaboradores (2018), a lipólise é modulada por uma série de fatores, incluindo o sistema nervoso central, hormônios e nutrientes. Dentre esses fatores, destacam-se as catecolaminas (hormônios estimulantes, como a adrenalina e noradrenalina), as quais se ligam aos receptores beta-a- drenérgicos que estão na membrana do adipócito, ativando a proteína quinase. Segue-se a cascata lipolítica no interior do adipócito, culminando com a ati- vação da enzima lipase hormônio sensível, que realiza a hidrólise (quebra) do triglicerídeo ácido graxo livre e glicerol. Como esses hormônios possuem um menor peso molecular, extravasam a célula (esvaziamento do adipócito) e caem na corrente sanguínea para serem utilizados sob a forma de energia. A eletrolipólise estimula o sistema nervoso simpático, libertando as cateco- laminas. Dessa forma, há divisão dos triglicerídeos, liberando os ácidos graxos na corrente sanguínea para serem utilizados como fonte de energia. A técnica utiliza um equipamento que produz corrente galvânica, aplicada com eletrodos de superfície ou eletrodos agulha. Com isso, cria-se um campo elétrico que, além de estimular a liberação de catecolaminas, cria o chamado efeito Joule a partir do aumento da temperatura local e vasodilatação e da estimulação do metabo- lismo local. Etapas da aplicação com eletrodos de borracha (técnica transcutânea): 1. Higienizar a pele; 2. Esfoliá-la levemente, para facilitar a passagem da corrente; FISIOTERAPIA DERMATOFUNCIONAL E SAÚDE DA MULHER 48 SER_FISIO_FIDSAM_UNID2.indd 48 07/06/2021 14:27:37 3. Colocar os eletrodos de forma paralela na área a ser tratada; 4. Regular os parâmetros do equipamento conforme instruções do fabricante. ASSISTA Veja uma demonstração da aplicação da eletrolipólise trans- cutânea em gordura localizada no vídeo disponibilizado. Etapas da aplicação com eletrodos agulha (técnica percutânea): 1. Desinfetar a pele com álcool ou clorexidina; 2. Introduzir as agulhas horizontalmente na área a ser tratada com auxílio de um tubo guia ou mandril; 3. Conectar os eletrodos tipo jacaré nas agulhas e prendê-los com esparadrapo; 4. Regular os parâmetros do equipamento conforme instruções do fabricante. É importante frisar que a eletrolipólise não “queima” as gorduras. Portanto, após a aplicação, é fundamental que o cliente aumente sua demanda energética por meio de atividades físicas aeróbicas, a fi m de que a gordura liberada pela eletrolipólise seja de fato consumida. Também deve haver uma reeducação ali- mentar para que se atinja melhores resultados no tratamento da gordura locali- zada e do fi broedema geloide. A eletrolipólise é contraindicada para pacientes que fazem uso de anticoagu- lantes, com insufi ciência cardíaca ou renal, portadores de marca-passo, trombo- se venosa profunda, epilepsia ou gestantes (PEREIRA, 2019). Correntes alternadas Também denominadas de bipolares, bifásicas ou bidirecionais, nas cor- rentes alternadas o sentido da condução das cargas elétricas muda rapidamente. Ao contrário da corrente contínua, cujos elétrons caminham sempre na mesma direção, na corrente alternada eles mudam constante- mente de direção, ora num sentido, ora em sentido contrário. Devido a essas inversões de fluxo, as correntes alternadas são graficamente representadas por ondas, como ilustra a Figura 4. FISIOTERAPIA DERMATOFUNCIONAL E SAÚDE DA MULHER 49 SER_FISIO_FIDSAM_UNID2.indd 49 07/06/2021 14:27:37 As correntes alternadas são muito utilizadas na fi sioterapia dermatofuncio- nal. Alguns exemplos de aparelhos que utilizam essas correntes são microcor- rentes, corrente russa, corrente Aussie e alta frequência. DC = corrente contínua AC = corrente alternada Figura 4. Correntes elétricas, em que DC representa uma corrente contínua e AC uma corrente alternada. Fonte: Shutterstock. Acesso em: 07/03/2021. Microcorrentes Também chamadas de MENS (Micro Electro Neuro Stimulation), aqui utilizam- -se correntes com intensidade de baixa frequência na faixa dos microamperes. Segundo Guirro e Guirro (2003), essas correntes podem ser contínuas ou pulsa- das, com amplitudes máximas correspondentes a 1.000 mA. Devido a essas características, essa corrente não ativa as fi bras sensoriais subcutâneas. Dessa forma, ao contrário de outras correntes elétricas que po- dem produzir sensação de formigamento ou desconforto, as microcorrentes são subsensoriais, ou seja, imperceptível para o cliente. São vários os efeitos fi siológicos das microcorrentes, sendo os mais importantes: • Restabelecimento da bioeletricidade tecidual com incremento do transpor- te pela membrana plasmática; • Aumento da síntese de adenosina trifosfato (ATP) e transporte de aminoácidos; • Aceleração da síntese de proteínas; • Estímulo do crescimento do tecido conjuntivo (KORELO et al., 2012). Esses efeitos aceleram o processo de reparação tecidual e promovem a revi- talização da pele. As microcorrentes são utilizadas em protocolos de tratamento de acne, estrias, revitalização de peles envelhecidas e no pré e pós-operatório de cirurgias plásticas. FISIOTERAPIA DERMATOFUNCIONAL E SAÚDE DA MULHER 50 SER_FISIO_FIDSAM_UNID2.indd 50 07/06/2021 14:27:37 Podem ser aplicadas com vários tipos de eletrodos, dependendo do local do corpo e objetivo terapêutico: eletrodos convencionais (borracha de silicone ou autoadesivos), eletrodos tipo caneta (bastonetes ou cotonetes) e eletrodos em forma de luvas condutoras. As etapas da aplicação facial com eletrodos tipo caneta são: 1. Higienizar a pele; 2. Esfoliar levemente para facilitar a passagem da corrente; 3. Colocar cotonetes embebidos em soro fisiológico nos eletrodos tipo caneta; 4. Regular os parâmetros do equipamento conforme instruções do fabricante; 5. Manter o eletrodo negativo parado, enquanto movimenta o eletrodo posi- tivo no sentido das fibras musculares da face; 6. Substituir pelos eletrodos bastonetes e realizar movimentos de pinçamen- to das rugas e linhas de expressão. Já as etapas da aplicação corporal com eletrodos luva são: 1. Colocar um eletrodo no dorso da mão do fisioterapeuta e outro no corpo do cliente, fechando o circuito; 2. Umedecer as luvas em soro fisiológico; 3. Regular os parâmetros do equipamento conforme instruções do fabricante; 4. Massagear levemente a área a ser trabalhada, como mostrado na Figura 5. Figura 5. Aplicação de microcorrentes com luvas. Fonte: Shutterstock. Acesso em: 10/03/2021. FISIOTERAPIA DERMATOFUNCIONAL E SAÚDE DA MULHER 51 SER_FISIO_FIDSAM_UNID2.indd 51 07/06/2021 14:27:39 Como contraindicações para o uso dessa corrente, Borges (2010) cita a osteo- mielite, a dor de origem desconhecida e a irritação ou alergia à corrente elétrica. Corrente russa Também chamada de eletroestimulação, a corrente russa utiliza a corren- te alternada
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