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Metodo de ensino centrado no aluno (Sócrates, Locke e outrs)

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Cliotildo Rodrigues Chai Chai 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Método de ensino centrado no aluno 
 
 
 
 
 
Licenciatura em Ciências da Educação com Habilitação em Administração e Gestão da 
Educação. 
 
 
 
 
 
Universidade Pedagógica/Sagrada Família 
Maxixe 
2018 
1 
 
Cliotildo Rodrigues Chai Chai 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Método de ensino centrado no aluno 
 
 
 
Trabalho cientifico a ser apresentado na 
cadeira de Estagio Pedagógico em 
Ciências de Educação para fins de 
avaliação. 
 
 
 
 
 
 
 Docente: 
 Mestre Gerson Almeida Luís 
 
 
 
 
 
Universidade Pedagógica/Sagrada Família 
Maxixe 
2018 
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Índice 
 
Introdução ............................................................................................................................................ 3 
Método de ensino centrado no aluno ................................................................................................... 4 
O método de Sócrates .......................................................................................................................... 4 
O método de John Locke ..................................................................................................................... 5 
O método de Decroly ........................................................................................................................... 6 
Método de ensino centrado no aluno na realidade moçambicana ....................................................... 7 
Conclusão ............................................................................................................................................ 8 
Referencia Bibliográfica ...................................................................................................................... 9 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Introdução 
 
Desde sempre que os professores sabem que têm influencia no comportamento dos seus 
alunos. De facto, ensinar é, por definição, uma tentativa de influenciar a aprendizagem e o 
comportamento dos alunos. Para tal efeito, o professor depara-se com diversas metodologias que o 
tornam possível de realizar a sua actividade (ensinar). Mas, para ensinar, basta que se ensine. Então, 
para a nossa curiosidade, eis a questão de partida: como ensinar perfeitamente? 
A experiencia educativa advoga dezenas metodologias de ensino. Das quais, o método de 
ensino centrado no aluno tem cunho no seio do processo de ensino e aprendizagem. Pretendemos 
então, no presente trabalho falar do método de ensino centrado no aluno. 
Para o desenvolvimento do nosso tópico, trouxemos fundamentos que definem a evolução do 
método de ensino centrado no aluno sob ponto de vista do tempo. E no final, voltamos a mexer com a 
realidade moçambicana quanto ao processo de ensino e aprendizagem baseada no método em estudo. 
Sabe-se que, nenhum trabalho que advêm do esforço intelectual do homem é concebido como 
um todo, o nosso passa pelo mesmo circuito, portanto, pretende-se com o presente trabalho, mas do 
que levar a um fim, usa-lo de meio para o fim. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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1.1.Método de ensino centrado no aluno 
O método de ensino centrado no aluno tem sob ponto de vista do tempo, três grandes 
momentos na história da educação. O primeiro, vimos na antiguidade clássica com personalidades 
como Sócrates e Platão, o segundo no período medieval (renascimento) com a morte do mundo das 
ideias/ Deus com personalidades como John Locke, Friedrich Nietzsche, Michel Focault e, na 
contemporaneidade/ nos nossos dias com Décroly, Gaston Bachelard, Paulo Freira e outros. 
1.1.1. O método de Sócrates 
Como é sabido, Sócrates não deixou escritos, mas para os vestígios do seu saber, confiou aos 
discípulos mediante o diálogo na dimensão da pura oralidade. Portanto, é nas escrituras de Platão 
onde encontramos os saberes do seu mestre Sócrates - designado pai da filosofia, nascido em cidade 
de Atenas (Grécia) no século V a.C., mas precisamente, nos anos 470 a.C., e morreu na mesma 
cidade em 399, filho dum pai reputado escultor de nome Sofronisco e mãe parteira de nome 
Fenarete1. 
[…] Amava as ruas cheias de gente, a natureza, mas muito mais, a natureza humana e só se 
ausentou na cidade para prestar serviço militar. […], embora o confundiam com sofistas, 
Sócrates foi o seu oposto, não levava dinheiro por suas lições, a retórica não era o seu forte, 
preferia a dialéctica aos discursos longos e preferia as ruas e praças de Atenas […]2. 
Em “Filosofia e História da Educação”3 soubemos que, Sócrates foi o primeiro filósofo a 
definir os problemas dos conflitos da educação grega (a velha, da nova), entre o interesse social e do 
interesse individual. 
Ele tomou como princípio básico da doutrina sofista: “o Homem é a medida de todas as 
coisas”. Se o Homem é a medida de todas as coisas, conclui Sócrates que, a primeira obrigação de 
todo Homem é procurar conhecer-se a si mesmo. Portanto, diz Sócrates, é na consciência individual 
que se deve procurar os elementos determinantes da finalidade da vida e da “educação”, esta 
consciência, deveria deixar de fundar-se em simples opiniões para guiar-se por ideais de valor 
universal. Para ele, o fim da educação então, é de ministrar saber ao indivíduo pelo desenvolvimento 
 
1 Cfr. Encyclopédia Mirador Internacional. 
2Quando condenado à morte, na cadeia esperando pelo cumprimento da sentença, os seu dilectos amigos e 
discípulos ofereceram a Sócrates a possibilidade de deixar a cidade. Sócrates recusou afirmando que, ao ser cidadão de 
Atenas, tinha feito um contrato com o Estado que obrigava a respeitar as leis da cidade. A recusa da fuga foi enfatizada 
ainda com as seguintes palavras de Sócrates: “ a melhor partida como inocente é como agente vitima do mal, do que 
como agente do mal, uma vitima não das leis, mas dos Homens”. Cfr. MARQUES, Ramiro. Breve História da Ética 
Ocidental. 2000, p. 9-19. 
3 PILETTI, Claudino e PILETTI, Nelson. Filosofia e História da Educação. São Paulo: Ática. 1985, p. 63-64. 
5 
 
do seu poder de pensamento. Todo o indivíduo, tem em si mesmo a capacidade de conhecer e 
apreciar tais verdades como as de fidelidade, honestidade, verdade, honra, sabedoria, virtude, ou 
pode adquirir essa capacidade. É nesse tipo de conhecimento que Sócrates se achava interessado - o 
conhecimento derivado da própria experiência, o qual constitui a base de boa conduta. 
Através dos seus ensinamentos, a fim de demonstrar que o conhecimento das verdades 
universais era a base de toda acção virtuosa e cada indivíduo devia adquirir a capacidade de formar 
tais verdades, o método usado por ele constituía em “fazer perguntas para obter, dessa forma, as 
opiniões do interlocutor, depois, através de outra pergunta, leva o interlocutor a descobrir por si 
mesmo a contradição e o absurdo das opiniões apresentadas”4. E no final, Sócrates deu como 
princípios para a educação, os seguintes ideias: 
o conhecimento possui um valor prático ou moral, isto é, um valor de natureza universal e 
não individualista; o processo objectivo para obter-se o conhecimento é o de conversação, 
o objectivo é o de reflexão e organização da própria experiência e a educação tem por 
objectivo imediato o desenvolvimento da capacidade de pensar, não apenas de ministrar o 
conhecimento5. 
1.1.2. O método de John Locke 
John Locke, tal como outras personalidades desta época, apoiam a ideia de que o aluno tem o 
conhecimento com base a experiencia captada pelos sentidos, isto é, o conhecimento do homem vem 
da experiencia que o mesmo adquire no seu meio social por meios dos órgãos de sentido6. Vejamos. 
John Locke - Nasceu em 1632, no seio de uma famíliaafluente e puritana. Fez os 
seus estudos na escola de Westminster e na Universidade de Oxford. Esteve quase a 
dedicar-se à vida religiosa, mas seduzido pela investigação experimental em física e 
química, resolver fazer estudos de medicina, primeiro em Oxford e, depois, na 
Universidade de Montpellier. Terminados os estudos, tornou-se secretário particular de 
Lord Ashley que o introduziu nos círculos políticos de então. Com ele, conheceria o exílio 
na Holanda. O regresso à Inglaterra ocorreria após a Revolução de 1688. Regressado ao seu 
país de origem, dedicou-se à filosofia. A morte iria surpreendê-lo, em 1707, aos 75 anos de 
idade7. 
A influência do pensamento de John Locke no desenvolvimento das teorias 
comportamentalistas e assim sendo, no sector educação, explica-se pela fundamentação filosófica que 
 
4 Este método é determinado pela “Ironia” – perguntar fingindo ignorar para rir-se dos outros, e pela “Maiêutica” 
– que significa parto, a arte de fazer nascer ideias ou fazer com que o interlocutor chegue ou descubra a verdade. Cfr. 
CHAUQUE, V. F. Léxico pedagógico. Maxixe: Editora Educar, 2014, P. 33 
5 PILETTI, Claudino e PILETTI, Nelson. Idem. 
6MAZIVE, Domingos Francisco. Epistemologia, Maxixe, 2014. 
7 MARQUES, idem. 
6 
 
lhes concedeu, graças à sua teoria da tábua rasa. A ideia de que a mente da criança aceita 
praticamente, tudo aquilo que o ambiente lhe faculta e a importância dada aos estímulos no processo 
de aprendizagem têm em John Locke uma parte da sua fundamentação filosófica. À semelhança das 
teorias comportamentalistas, John Locke defendia que o nosso conhecimento provém dos sentidos. 
As impressões produzidas em nós pelos objectos exteriores originam os dados simples da percepção, 
a qual é a forma mais simples do conhecimento. As ideias complexas seriam, desta forma, produto da 
associação dessas impressões provocadas pelos objectos na mente do sujeito. 
1.1.3. O método de Decroly 
Como já vínhamos citando no tópico anterior conceitos como interesse social e interesse 
individual. Talvez seja imperioso que saibamos o que significa o termo interesse. Marques, invoca o 
termo interesse quando procura definir o conceito centros de interesse - conceito criado por Décroly 
que está no centro do seu método e que procura organizar o ensino em função dos verdadeiros e 
profundos interesses da criança. 
Decroly foi pedagogo, psicólogo e médico. Nasceu na Bélgica em 1871 e morreu 
em 1932. Em 1901, fundou um instituto para crianças com problemas, no qual 
experimentou as suas teorias educativas. Em 1907, criou, em Bruxelas, a escola 
L`Ermitage, onde levou à prática as técnicas Decroly. Tornou-se conhecido graças ao seu 
método de ensino da leitura e à organização do ensino em torno dos centros de interesse e 
dos jogos educativos. No ensino da leitura, Decroly preconiza um método global. Em vez 
de começar pelas letras, propõe que se comece pelas frases com sentido para a criança. À 
frase corresponde um desenho que dá sentido à frase. De seguida, parte-se para a análise 
das palavras. Pouco a pouco mostra-se à criança que há palavras comuns em frases 
diferentes. Dessa forma, a criança acaba por aprender as sílabas e as letras.8. 
Segundo Decroly apud Marques 9 os centros de interesse são: convergências 
multidisciplinares ligados à vida da criança, nomeadamente os alimentos, a casa e os tempos livres. 
Este, constata ainda que o centro de interesse nasce das necessidades da criança e agrupa à volta das 
suas preocupações conjuntos de lições que abordam conteúdos de diversas disciplinas ou áreas 
curriculares. O trabalho escolar consiste, antes de tudo, em conhecer as necessidades da criança. Das 
necessidades das crianças parte-se para o estudo do meio. 
Os assuntos são organizados à volta dos centros de interesse, tendo como base a observação 
do meio ambiente e a manipulação dos materiais recolhidos durante as visitas de estudo. Decroly 
 
8 Ibid., 30. 
9 Idem. 
7 
 
censurava o carácter disperso e artificial dos programas de ensino tradicionais, os quais, pouco 
significado tinham para as crianças. Com os centros de interesse, as aprendizagens passam a ter um 
significado profundo para a criança e a sua motivação para aprender cresce. 
1.2. Método de ensino centrado no aluno na realidade moçambicana 
No território nacional moçambicano, o MINED 10 para as metodologias de ensino – 
aprendizagem faz menção do método de ensino centrado no aluno. 
À luz deste princípio, o processo de Ensino-Aprendizagem é organizado tendo em 
consideração que o aluno é um sujeito activo e capaz de construir a sua própria aprendizagem – esta 
situação é bem decifrada por D’Costumes11 ao responder as seguintes questões: 
Como os professores concebem o estudante? Quem e o educando? Qual e o seu papel no 
processo de ensino e aprendizagem? 12 Advoga ainda que, na óptica de Luckesi o professor 
raramente faz-se este tipo de questões13. 
Este, no que tange à relação professor – estudante, sublinha nesta ordem de ideia que o aluno 
é considerado pelo professor como sendo uma tabula rasa, um saco vazio que o professor está para 
enche-lo de conhecimento, porém, para inverter o cenário, recomenda ainda o mesmo autor que, no 
processo de ensino e aprendizagem os sujeitos da prática pedagógica (aluno e professor) encontrem-
se em constante diálogo e interacção. E, para tal, o professor não considera o aluno como uma tabula 
rasa, mas sim como quem porta de algum conhecimento que quando compartilhado ajudaria o 
processo de ensino e aprendizagem. Então, neste sentido, os alunos deveram ter a oportunidade de 
adquirir e experimentar um conjunto de ferramentas que os permite desenvolver a sua própria visão 
do mundo e aplicar o que aprendem em situações da vida, previstas e imprevistas. 
 
 
10 MINED. Plano Curricular do Ensino Secundário Geral – Documento Orientador, Objectivos, Política, 
Estrutura, Plano de Estudos e Estratégias de Implementação. 2007. 
11D’COSTUMES, Gregório. Do senso comum pedagógico as pedagogias científicas de Gaston Bachelard: um 
contributo para repensar a pratica pedagógica escolar. Maxixe: Editora Educar, 2014. 
12 Ibid., 64. 
13 Idem. 
8 
 
Conclusão 
“O historiador acreditando nos documentos que dão informação histórica para a 
sociedade/povo - acredita cegamente nos factos e torna-se historiador ignorante estúpido por 
acreditar cegamente nos factos enquanto os mesmos não falam e quem da sentido à estes factos é o 
Homem”- Friedrich Nietzsche In: Assim Falava Zaratustra (Historicismo versos hermenêutico). 
Ora bem, como já vimos, o nosso trabalho resulta dum estudo de pura revisão bibliográfica, 
ademais, mais do que rever os contos do passado do processo de ensino e aprendizagem, ousamos 
fazer a interpretação das escrituras de modo a ilustrar-nos o percurso da evolução do método de 
ensino centrado no aluno. Como tal citamos antes, tudo teve início no período clássico com a 
maiêutica socrática - a qual, considera que o aluno nasce com todo conhecimento existente e o 
professor esta apenas para o fazer lembrar. No período medieval com John Locke – no qual aparece o 
movimento renascentista que defendia que o aluno adquiri o conhecimento com base a experiência 
vivência no seu dia-a-dia no meio em que se encontra com meio dos sentidos, e por fim vimos na 
contemporaneidade com Decroly – este, sustenta a ideia de que a escola ou o professor para criar 
interesse nos alunos deve criar condições de abordar questões, afluências ou convergências 
multidisciplinares ligados à vida da criança, nomeadamente os alimentos, a casa e os tempos livres, 
isto sim, é que cria interesse de estudo das crianças. 
E então, tal como apoia e recomenda o MINED, no território moçambicano há tendências de 
reinar o que D’Costumes chama de pedagogia cientifica de Gaston Bachelard, a pedagogia de dialogo 
e interacção, a não consideração do aluno como tabula rasa, o que John Locke apoiava.9 
 
Referencia Bibliográfica 
CHAÚQUE, Venâncio Fabião. Léxico pedagógico. Maxixe: Editora Educar, 2014. 
D’COSTUMES, Gregório. Do senso comum pedagógico as pedagogias científicas de Gaston 
Bachelard: um contributo para repensar a pratica pedagógica escolar. Maxixe: Editora 
Educar, 2014. 
Encyclopédia Mirador Internacional. 
MARQUES, Ramiro. Breve História da Ética Ocidental. 2000. 
MARQUES, Ramiro. Pequeno dicionário de pedagogia. 2a ed., 1999. 
MAZIVE, Domingos Francisco. Epistemologia, Maxixe, 2014. 
MINED. Plano curricular do ensino secundário geral – documento orientador, objectives, política, 
estrutura, plano de estudos e estratégias de implementação. 2007. 
PILETTI, Claudino e PILETTI, Nelson. Filosofia e História da Educação. São Paulo: Ática. 1985.

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