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TÉCNICO EM ADMINISTRAÇÃO Estrutura de cargos e salários: pesquisa salarial; descrição de cargos; descrição das competências profissionais; plano de cargos e salários; sistema e tipos de remuneração; tendências em remuneração; fundamentos em política de remuneração; fundamentos sobre planejamento de carreiras Uma das competências do técnico em administração é apoiar na elaboração de planos de cargos e salários. Para isso, é preciso conhecer sobre como ocorre a prática salarial no mercado de trabalho. Veremos, a seguir, os principais pontos. Pesquisa salarial A pesquisa salarial tem como objetivo analisar e comparar as práticas salariais de mercado, buscando estabelecer o equilíbrio externo e a competitividade com o mercado concorrente de mão de obra. Ela é o instrumento que mostra às empresas o quanto elas estão próximas ou distantes da realidade de salário praticado pelo mercado. Como resultado da pesquisa salarial, podemos encontrar três situações distintas: Salários praticados pela empresa menores do que os praticados no mercado – Risco de perda dos colaboradores, que encontrarão em outras empresas uma remuneração maior. Salários praticados pela empresa maiores do que os praticados no mercado – Este caso pode ser tanto uma política interna da empresa em pagar valores acima do mercado, como também uma falta de visão (está pagando salários sem conhecimento do que está sendo praticado no mercado). Equilíbrio com o mercado – A empresa está praticando valores semelhantes aos praticados por outras empresas. Para dar início a uma pesquisa salarial, será necessário decidir o número de cargos a serem pesquisados. Para tanto, deverá ser levada em conta a necessidade da empresa, ou seja, o objetivo da pesquisa. Se o objetivo for monitorar o mercado salarial, podemos utilizar cargos de uma determinada área ou de um grupo ocupacional. Entretanto, se o objetivo for elaborar um novo sistema de remuneração, o ideal é trabalhar com cargos que reflitam toda a empresa. Outra ação importante é definir as empresas que serão selecionadas para participar da pesquisa. Não existe um critério ideal para defini-las. Mas alguns fatores, como: localização geográfica, porte da empresa, segmento de atuação e política salarial são mais utilizados. Entretanto, é importante ressaltar que, como não há regras, eles podem ser total ou parcialmente considerados, ou mesmo desconsiderados. A decisão final deve ser sempre da organização. A quantidade de empresas participantes da pesquisa também impacta diretamente sobre os resultados. O ideal é trabalhar sempre com mais de 10 organizações, visando garantir uma quantidade mínima de informações. As empresas podem optar por participar de pesquisas salariais já existentes e consagradas no mercado ou por promover a sua própria pesquisa. Caso a escolha seja realizar a própria pesquisa salarial, algumas etapas precisam ser seguidas. São elas: selecionar os cargos que farão parte da pesquisa salarial; escolher as empresas participantes da pesquisa; contatar as empresas e formalizar o convite; preparar o caderno de coleta; coletar as informações. Nessa etapa, é preciso visitar as empresas para fazer a coleta final dos cadernos e esclarecer dúvidas que possam distorcer o relatório final; analisar e filtrar as informações coletadas de forma a garantir a confiabilidade das informações; tabular as informações. Nessa etapa, acontecem a digitação, os cálculos, o processamento e a análise das informações obtidas. Ocorre, também, a emissão dos relatórios comparativos e estatísticos do mercado pesquisado; devolver as informações tabuladas aos participantes da pesquisa. Ocorre a entrega, de forma confidencial, dos relatórios gerados. A partir das informações salariais de mercado obtidas com a pesquisa salarial, pode-se iniciar uma nova etapa no plano de remuneração: a definição do ranking dos cargos. O ranking dos cargos é o processo pelo qual é estabelecido o valor relativo a cada cargo, com vistas a construir uma hierarquia entre eles. Os cargos são analisados e comparados de forma a colocá-los em ordem de importância. Um ranking bem estruturado neutraliza o efeito de decisões arbitrárias para a exterminação dos salários. Para defini-lo, existem várias metodologias: Escalonamento Nesse método, os cargos são ordenados de maneira simplificada por sua ordem de importância em termos de complexidade, responsabilidade e requisito. Para isso, é preciso avaliá-los globalmente e não apenas pelos seus aspectos específicos. Existem diferentes maneiras de fazer o escalonamento. Graus predeterminados Avalia, enquadra e ordena cada cargo em graus, de acordo com critérios preestabelecidos e exigências habituais de cada função. Esse é um método comparativo que trabalha com critérios relativos às exigências habituais e de acordo com a natureza e complexidade de cada função. A divisão dos graus pode ser feita levando em conta a qualificação do profissional, a complexidade do trabalho desempenhado, a responsabilidade do colaborador, a contribuição para a empresa, etc. Grade de comparação Esse é considerado um método de abordagem simples e, por isso, recomendado apenas para empresas pequenas. Para aplicá-lo, uma equipe de avaliadores deve comparar os cargos em termos de requisito, complexidades, responsabilidades, etc., chegando a uma classificação consensual. Essa aplicação é também bastante subjetiva, porque supõe que os avaliadores conheçam muito bem todos os cargos da empresa e similares no mercado. Sistema de pontos Avalia e classifica os cargos segundo seu universo de atuação, conteúdo e natureza de suas funções, ordenando a partir do menor para o maior valor em relação à pontuação total adquirida, que está baseada em diversos fatores que avaliam todos os cargos da empresa. Ranking pelo mercado A metodologia mais usual no mercado consiste na elaboração do ranking pelo mercado com informações obtidas pela pesquisa salarial. A partir dessa visão, considera-se a importância relativa dos cargos para a organização (equilíbrio interno), segundo avaliação das lideranças. A classificação dos cargos pelo mercado busca as seguintes premissas básicas: equilibrar a disponibilidade de tempo das lideranças, direcionando seu envolvimento para momentos de decisão e aprovação (liberando- os de atividades operacionais); preservar a característica técnica do trabalho, utilizando modelo adota- do e consagrado pelo mercado; buscar parâmetros isentos, uma vez que reflete a prática adotada pelo mercado; estabelecer uma relação direta com a prática salarial do mercado (equilíbrio externo); manter a importância relativa dos cargos na empresa (equilíbrio interno), pela análise do ranking de mercado pelo comitê de avaliação de cargos. Após analisar as classificações dos salários, é preciso definir a tabela salarial. A tabela salarial representa a definição dos valores de salários a serem praticados pela empresa. A remuneração básica dos colaboradores consiste na contrapartida do valor do cargo e da qualificação do ocupante, medido através da avaliação do ocupante frente aos requisitos definidos no perfil de competências. A resultante dessa avaliação traduz-se em remuneração vinculada ao cargo, retratada por tabelas salariais. Cada tabela salarial consiste em uma matriz que cruza a CLASSE a que o cargo pertence (definida no ranking dos cargos) e a FAIXA em que foi classificado o ocupante do cargo. O número de faixas salariais é variável, dependendo da política de remuneração adotada pela empresa. A definição das classes e cargos você obteve durante a realização da etapa anterior, ou seja, na elaboração do ranking dos cargos. Após isso, a empresa deve definir quantas faixas salariais terá sua tabela. A quantidade de faixas salariais define a vida útil do cargo, ou seja, a possibilidade de crescimento salarial do colaborador no mesmo cargo. Figura 1: Crescimento salarial O ocupante terá seu salário nominal dentro de uma estruturade faixas salariais crescentes. Os valores definidos para CLASSE das tabelas correspondem aos valores praticados no mercado (obtidos com a pesquisa salarial ou com outras fontes de informação), conforme política salarial definida pela empresa. A mudança de faixas (da menor – A – para a maior – E –) significa a possibilidade de o ocupante crescer salarialmente sem a necessidade de ter que mudar de cargo. É o que denominamos de vida útil no cargo ou crescimento horizontal. Vejamos as possibilidades de crescimento salarial horizontal. A figura, a seguir, demonstra as possibilidades que o funcionário tem de receber um aumento salarial no cargo que ocupa. Os valores pintados de rosa representam que a empresa considerou o valor de referência de mercado, definindo, assim, a sua política de remuneração. Figura 2 – Crescimento salarial horizontal Deve-se definir, em seguida, em qual das faixas será colocado o valor de referência da empresa. Lembre-se de que esse valor é o mesmo que foi estabelecido na definição do ranking dos cargos. Definidas as quantidades de faixas salariais que a tabela terá e onde estará o valor de mercado, o passo seguinte é apenas definir o percentual a ser trabalhado entre as faixas e calcular os valores de cada faixa salarial. Esse percentual depende da prática salarial que a empresa quiser adotar, conforme os exemplos: Entre faixas = 5% - Amplitude total da tabela = 22%; Entre faixas = 6% - Amplitude total da tabela = 26%; Entre faixas = 7% - Amplitude total da tabela = 31%. Exemplo prático: Voltando ao ranking elaborado anteriormente, adotaremos as seguintes políticas: 5 faixas salariais; política salarial no mercado (faixa C); percentual entre faixas de 6%. Teremos a seguinte tabela salarial: CLASSE CARGOS A B C D E 1 Auxiliar de Expedição R$ 757,39 R$ 802,83 R$ 851,00 R$ 902,06 R$ 956,18 Operador de Produção R$ 757,39 R$ 802,83 R$ 851,00 R$ 902,06 R$ 956,18 2 Assistente de Faturamento R$ 956,75 R$ 1.014,15 R$ 1.075,00 R$ 1.139,50 R$ 1.207,87 Assistente de ADM de Vendas R$ 956,75 R$ 1.014,15 R$ 1.075,00 R$ 1.139,50 R$ 1.207,87 Assistente Comercial R$ 956,75 R$ 1.014,15 R$ 1.075,00 R$ 1.139,50 R$ 1.207,87 3 Assistente Contábil R$ 1.207,73 R$ 1.280,19 R$ 1.357,00 R$ 1.438,42 R$ 1.524,73 Inspetor de Qualidade R$ 1.207,73 R$ 1.280,19 R$ 1.357,00 R$ 1.438,42 R$ 1.524,73 4 Analista de Compras R$ 1.524,56 R$ 1.616,04 R$ 1.713,00 R$ 1.815,78 R$ 1.924,73 Analista Comercial R$ 1.524,56 R$ 1.616,04 R$ 1.713,00 R$ 1.815,78 R$ 1.924,73 5 Analista de Controladoria R$ 1.924,17 R$ 2.039,62 R$ 2.162,00 R$ 2.291,72 R$ 2.429,22 Analista de Produto R$ 1.924,17 R$ 2.039,62 R$ 2.162,00 R$ 2.291,72 R$ 2.429,22 Líder de Produção R$ 1.924,17 R$ 2.039,62 R$ 2.162,00 R$ 2.291,72 R$ 2.429,22 6 Líder de Produção R$ 2.429,69 R$ 2.575,47 R$ 2.730,00 R$ 2.893,80 R$ 3.067,43 Líder de Almoxarifado R$ 2.429,69 R$ 2.575,47 R$ 2.730,00 R$ 2.893,80 R$ 3.067,43 7 Coordenador de Laboratório R$ 3.084,73 R$ 3.269,81 R$ 3.466,00 R$ 3.673,96 R$ 3.894,40 Coordenador de Vendas R$ 3.084,73 R$ 3.269,81 R$ 3.466,00 R$ 3.673,96 R$ 3.894,40 8 Coordenador de PCP R$ 3.872,37 R$ 4.104,72 R$ 4.351,00 R$ 4.612,06 R$ 4.888,78 Coordenador de Vendas R$ 3.872,37 R$ 4.104,72 R$ 4.351,00 R$ 4.612,06 R$ 4.888,78 9 Coordenador de RH R$ 4.888,75 R$ 5.182,08 R$ 5.493,00 R$ 5.822,58 R$ 6.171,93 10 Coordenador de TI R$ 6.288,71 R$ 6.666,04 R$ 7.066,00 R$ 7.489,96 R$ 7.939,36 Tabela 3 - Tabela salarial A partir da definição dos valores da tabela salarial, conforme tabela do exemplo, fica definido que o salário a ser praticado pela empresa para cada um de seus colaboradores será o equivalente ao cargo que ele ocupa (classificado na respectiva classe) e o intervalo salarial que vai da faixa A até a faixa E. No exemplo da tabela anterior, teremos as seguintes práticas salariais a serem adotadas pela empresa: Descrição de cargo Devemos analisar quais cargos são necessários para nossa organização. Para cada cargo definido, é preciso elaborar o que chamamos de perfil do cargo. Algumas empresas chamam de perfil de competências ou descrição do cargo. Não importa a nomenclatura; todas visam ao mesmo objetivo, que é definir o cargo em questão. Cargo é o agrupamento de responsabilidades e pré-requisitos determinados por ocupação no contexto organizacional. Para ocupar um cargo, o profissional é selecionado com base nas informações descritas em seu perfil. Atualmente, há a tendência crescente da busca da multifuncionalidade através da ampliação da atuação das pessoas em diferentes funções organizacionais. O perfil consiste em um instrumento utilizado para definição da excelência de um cargo, objetivando: definir claramente o que se espera do ocupante do cargo; ser a base da avaliação das competências de cada colaborador; ser a base para o gestor estruturar a forma e o ritmo de desenvolvimento dos colaboradores da sua equipe; ser a base para o colaborador definir o seu autodesenvolvimento; ser o referencial para recrutamento e seleção de novos colaboradores. Figura 4 – Exemplos de cargos Para elaborar o perfil do cargo, é possível utilizar alguns métodos específicos de coleta de informações, como: Observação no local – Consiste em acompanhar as realizações das atividades do colaborador em seu local de trabalho. Esse método é utilizado quando o colaborador está em seu local de trabalho e quando ele tem dificuldade em descrever suas atividades por escrito. Isso normalmente acontece nas funções com tarefas simples e repetitivas e que envolvem operações manuais. Questionário – Consiste em encaminhar um formulário a ser respondido pelo colaborador. Pode ser utilizado para qualquer tipo de cargo, desde que o colaborador tenha condições de relatar a atuação de seu cargo por escrito. Entrevista – Técnica que consiste em entrevistar o ocupante do cargo para obtenção de todas as informações necessárias. Métodos combinados – Consiste na utilização combinada de mais de uma metodologia (Exemplo: questionário + entrevista). Como podemos ver, a descrição de cargos tem como objetivo identificar as informações referentes ao conteúdo dos cargos, bem como especificar os requisitos e condições exigidas para a atividade, analisando as competências dos profissionais envolvidos no processo de treinamento e desenvolvimento. Descrição das competências profissionais Não existe um modelo único para definição do perfil. Cada empresa define o modelo que atenda às suas necessidades. Geralmente, o perfil é composto por responsabilidades, competências técnicas (conhecimentos), competências comportamentais (habilidades/atitudes) e formação. As responsabilidades referem-se às principais atividades/responsabilidades definidas para o cargo e que mais agregam efetivamente valor ao processo. Devem ser descritas com enfoque em resultado. Foco na ação (fazer, executar). Exemplos de responsabilidades: conduzir o processo de recrutamento, seleção e integração de novos colaboradores da empresa; conduzir e implementar o planejamento estratégico, gerenciando os planos de ação e buscando permanentemente inovações, novas tecnologias, tendências de mercado. A intenção é, sempre, manter a empresa atualizada em sua gestão; planejar e controlar o orçamento da área, promovendo sua viabilização pelo atingimento das metas estabelecidas pela empresa; realizar a digitação de informações no sistema, mantendo o cadastro de clientes atualizado. As responsabilidades devem ser descritas iniciando com verbo de ação (elaborar, descrever, conduzir, desenvolver, etc.), de forma a permitir que seja facilmente entendido aquilo que o ocupante do cargo deverá fazer no dia a dia. Os conhecimentos são os aspectos teóricos/práticos exigidos para atender às atividades de cadacargo (conceitos, teorias, processos, metodologias, etc.) – Foco no saber (conhecer). É aquilo que o ocupante do cargo deve dominar tecnicamente para poder realizar, na prática, as atividades definidas. Exemplos de conhecimentos: microinformática; matemática financeira; planejamento estratégico; políticas da qualidade; fluência em inglês, espanhol (idiomas); operação de torno CNC. legislação trabalhista, pois um analista de pessoal não conseguirá desenvolver a atividade de elaborar a folha de pagamento da empresa, se não conhecer profundamente a legislação trabalhista. As competências comportamentais desdobram-se em dois tipos: Habilidades – São as aptidões ou características individuais desenvolvidas que proporcionam a melhor maneira de agir/trabalhar. Atitudes – Posturas, reações, maneiras de ser adotadas frente às situações do trabalho – Foco no ter. Exemplos de habilidades e atitudes: Agilidade – Capacidade de desenvolver atividades com desenvoltura, rapidez e objetividade, garantindo a qualidade de sua execução. Atenção concentrada – Capacidade de realizar atividades que exigem elevado grau de concentração em sua execução. Comprometimento – Estar comprometido com os resultados esperados para o seu trabalho e o desenvolvimento do negócio. Trabalho em equipe – Compartilhar com a equipe problemas e soluções, mantendo postura participativa e colaborativa. Organização – Capacidade de ordenar o trabalho de forma racional (juízo crítico), de cumprir planos e de priorizar tarefas. A formação escolar é a vivência educacional formal que determina a profissão ou a especialização necessária para o cargo. Exemplos de formação: Ensino fundamental em curso; Ensino fundamental completo; Ensino médio em curso; Ensino médio completo; Ensino superior em curso; Ensino superior completo; Especialização. Muitas empresas definem a formação escolar como pré-requisito para a entrada de um profissional na organização ou em determinado cargo. Levando em consideração as competências desses profissionais, a empresa conseguirá implantar planos de cargos e salários. Planos de cargos e salários Planos de cargos e salários são um conjunto de regras e normas que estabelece os mecanismos de gestão de pessoal das empresas. Ele permite ao trabalhador enxergar a trajetória que tem pela frente, em termos de evolução salarial e sua perspectiva de carreira. O objetivo da estrutura de cargos é vislumbrar as possibilidades de carreira que existem dentro da organização, bem como definir claramente os níveis dos cargos pela sua importância para o negócio. Os cargos são classificados em grupos ocupacionais, que refletem os níveis de complexidade de cada cargo dentro da organização. O plano de cargos e salários é um instrumento que auxilia os gestores na tomada de decisão referente a: contratar novos funcionários; promover um funcionário; reconhecer o mérito de um funcionário; redefinir o salário de um cargo que recebeu novas e importantes atribuições; ajustar um salário que foi mal definido por qualquer motivo; ajudar um funcionário que está com salário muito alto para o cargo que exerce; manter o equilíbrio interno dos salários; tomar decisões relacionadas com planejamento de sucessões/carreiras; tomar decisões relacionadas com a organização de pessoas; resolver situações específicas da empresa. O plano de cargos e salários tem algumas etapas: 1. levantamento preliminar; 2. análise dos cargos; 3. descrição dos cargos; 4. avaliação dos cargos; 5. pesquisa salarial; �. tendências salariais; 7. definição da estrutura; �. implantação. O plano de cargos e salários deixa transparentes para o colaborador as regras de ascensão e política salarial da empresa, levando-o a ficar mais satisfeito e com uma visão de onde chegará em termos de cargos e crescimento profissional. Com o plano de cargo e salário, a empresa identificará os tipos de remunerações existentes na organização. Sistema e tipos de remuneração Existem dois pontos de vista que merecem ser analisados quando tratamos da remuneração ideal: o ponto de vista de quem a recebe e o de quem paga. Na visão de quem recebe, a remuneração justa é aquela que, no mínimo, cobre todas as despesas e proporciona um padrão de vida razoável. Já no ponto de vista das empresas (quem paga), a remuneração justa é aquela que mantém o trabalhador satisfeito em sua função e proporciona uma folha de pagamento ajustada à realidade do negócio. A satisfação salarial é obtida pela diferença entre o valor que o indivíduo recebe e o que este acredita ser justo receber. Esse sentimento de justiça estará sempre presente quando o assunto em questão for remuneração. A percepção do quanto cada pessoa deveria receber é construída a partir da necessidade individual de cada um e da comparação entre os salários adotados na empresa e fora dela, sempre considerando o cargo ocupado. Cabe ressaltar que o aumento da competitividade no cenário empresarial atual vem reforçar a necessidade da manutenção de um equilíbrio entre os salários pagos pelas empresas e os que são praticados pelo mercado, já que o pagamento em níveis superiores poderá impactar na capacidade competitiva. Já o pagamento inferior poderá dificultar a atração e a retenção de profissionais competentes para a organização. Pode-se dizer que o salário é um fator de satisfação de curta duração, pois pouco adiantará um salário competitivo diante de um ambiente organizacional com problemas, falta de benefícios justos ou perante um clima de insegurança. Porém, não se pode negar que o salário influencia na adesão e no comprometimento dos colaboradores com a empresa, situação indispensável hoje perante a competitividade do mundo globalizado. O sistema de remuneração bem desenvolvido é um fator de atração e retenção de pessoas. Embora não seja o único, comprova o valor da mão de obra qualificada como diferencial competitivo das empresas, evidenciando a importância das práticas salariais para as empresas perante o atual contexto de forte concorrência. Os modelos de remuneração, em sua essência, buscam estabelecer o equilíbrio interno e externo em relação aos salários pagos, conforme detalhado abaixo: Equilíbrio interno – Significa estabelecer justiça e remunerar as pessoas pela importância dos cargos que ocupam, pelas responsabilidades que assumem e pelos resultados que geram para a organização; Equilíbrio externo – Significa a realização de práticas salariais compatíveis com o mercado de trabalho para cargos similares. Independente da forma e da época em que está sendo empregada, a remuneração é, desde o início dos tempos, o mais importante elo entre empresas e trabalhadores. Afinal, todos dependem dela para sobreviver. Outra questão importante quando falamos em remuneração, refere-se à equiparação salarial. É natural que os profissionais que ocupam cargos com o mesmo nível de responsabilidade queiram ser remunerados igualitariamente. A igualdade de condições é vista pelo colaborador como uma questão de justiça e demonstra a valorização de seu desempenho. Essa é uma exigência cada vez maior dos profissionais competentes e precisa ser levada em consideração para atrair e reter profissionais. Os objetivos da remuneração tradicional são: equidade ou justiça salarial; uso racional de verbas salariais; equilíbrio salarial interno e externo; favorecimento do clima organizacional; atração e fixação de pessoal qualificado e competente; criação de oportunidade de progresso profissional; contribuição para o cumprimento dos demais subsistemas de RH. Existem diferentes formas de compor a remuneração de um colaborador em uma organização. Cabe a cada empresa definir qual é a melhor alternativa para atender ao seu negócio e satisfazer as necessidades de seus funcionários. Os tipos de remuneração são: Remuneração funcional – É determinada pela função ou cargo exercido e ajustada levando em consideração o mercado. É o modelo mais tradicional,também conhecido como Plano de cargos e salários. Remuneração por competências – O foco está no desenvolvimento de competências do colaborador em relação à função que ele desempenha na organização. Benefícios – Corresponde a vantagens oferecidas pela empresa. Podem ser disponibilizados de diferentes formas. Previdência complementar – A preocupação de executivos e empresários com sua aposentadoria fez as empresas buscarem esse tipo de benefício, demonstrando suas preocupações de longo prazo com seus colaboradores. Remuneração variável – Trata-se de comissões, prêmios e outras for- mas ligadas ao desempenho do colaborador ou equipe em relação ao atingimento de metas pré-estabelecidas. Participação nos lucros e/ou resultados – Trata-se do pagamento diretamente relacionado aos resultados do negócio. Ações da empresa – Trata-se de oferecer ações da empresa aos funcionários, buscando o comprometimento deles com os resultados, estimulando o conceito de donos do negócio. O modelo tradicional de cargos e salários tem sofrido uma série de questionamentos em relação a sua aplicabilidade. Desses questionamentos, é importante ressaltar os que se referem ao modelo tradicional de cargos e salários, tais como: Implantação de um sistema de remuneração na empresa Você sabe por que implantar um sistema de remuneração na empresa? O sistema de remuneração deve ser implantado para que a empresa possa verificar se está pagando salários muito mais baixos do que deveria, correndo o risco de perder bons colaboradores. Além disso, serve para motivar e estimular os seus funcionários ao crescimento e atingimento de melhores resultados organizacionais, pois a falta de um sistema de remuneração normalmente gera insatisfação e desmotiva os profissionais por eles não saberem quais critérios são utilizados. Nesse sentido, faz se necessária uma pesquisa para saber as intenções do mercado quanto aos tipos de remunerações mais praticadas. Tendências em remuneração As pressões originadas pelo mercado na busca de novas condições competitivas determinaram um realinhamento das organizações, de seu modelo, de sua gestão e, por consequência, de seus sistemas de remuneração. O modelo tradicional de cargos e salários é o próprio cargo, sendo que o foco central dos questionamentos refere-se à falta de diferença entre seus ocupantes. O modelo de competências vem ao encontro de uma necessidade das organizações, que é reconhecer profissionais com desempenhos diferenciados e considerar a remuneração variável como forma de vincular e recompensar a melhoria contínua e a obtenção de resultados do negócio. Uma das principais portas de entrada do modelo de competência nas organizações têm sido os sistemas de remuneração. Isso ocorreu basicamente em função da necessidade de vincular os modelos de recompensas às estratégias do negócio como forma de contribuir para a melhoria dos resultados. Segundo Dutra (2007), as empresas nunca necessitaram tanto daquilo que há de mais humano no indivíduo, ou seja, os chamados fatores intangíveis: o conhecimento, a criatividade, a emoção e a sensibilidade. Dessa forma, surge a necessidade da construção de modelos de gestão de pessoas integrados às estratégias organizacionais e, também, às expectativas das pessoas. Resende (2002) apresenta dois conceitos sobre competências, alinhando a ideia de resultado à organização: Conceito mais específico ou restrito de competências – Refere-se a possuir domínio, conhecimento profundo sobre o assunto, possibilitando alcançar o melhor resultado na ação ou no trabalho. Exemplos: saber ler e interpretar desenhos, fazer traduções simultâneas. Conceito mais amplo – É a aplicação dos conhecimentos, experiências, aptidões, habilidades e interesses na obtenção de resultados práticos. Exemplos: decidir consenso de oportunidade e saber negociar em condições tensas. Existe a necessidade de atrelar as competências do indivíduo sobre o resultado que está sendo trazido à organização. Em caso contrário, o colaborador estará sendo premiado, aumentando o custo da folha de pagamento sem gerar os resultados necessários para a organização. Para tanto, têm-se utilizado os conceitos de competência que enfatizam o CHA (Conhecimento, Habilidades e Atitudes), atrelados ou não a um cargo. Essas competências devem estar vinculadas à realização de melhorias no resultado do negócio, a partir do processo de avaliação formal dos colaboradores, frente aos requisitos necessários para a função que desempenha. Na realidade, o modelo de remuneração por competência poderá ser utilizado pela organização muito mais do que simplesmente como sistema de remuneração, mas sim, funcionando como ferramenta de gestão que subsidiará ações integradas de Recursos humanos. A avaliação do ocupante frente às competências definidas no perfil permite elaborar um plano de desenvolvimento individual, estabelecer um norte para o plano de carreira, assim como remunerar de forma diferenciada o profissional com maior nível de entrega. No modelo mais usual de mercado, descreve-se o perfil de competências de cada cargo da empresa levando em consideração as competências necessárias para atingir a excelência. Os cargos são hierarquizados pela sua importância e complexidade para a organização. Isso e o enquadramento salarial nas respectivas faixas também são consequência das aquisições de novas competências individuais Para Hipólito (2001), outra contribuição da gestão por competências por parte das empresas está no sistema de remuneração, pois ele estimula e reconhece a aquisição e a disseminação do conhecimento por parte dos colaboradores, servindo como elemento de atração e retenção de pessoas. Porém, sinaliza a importância da definição clara das contribuições que a empresa espera de seus profissionais, canalizando e desenvolvendo esforços para tal. Isso ocorre porque o indivíduo passa a ser remunerado de acordo com a sua contribuição para o negócio, sendo observado em seus conhecimentos, habilidades, competências, desempenhos e resultados. O crescimento dessa prática é cada vez mais perceptível nas empresas devido à necessidade de ampliar o vínculo entre elas e seus colaboradores. Para tanto, cada organização deverá alinhar seu modelo de gestão e adoção das práticas que mais agregam valor ao seu negócio, ou seja, cada organização deverá alinhar seu modelo de gestão e adoção de práticas que agreguem valor a sua política de remuneração. Fundamentos em política de remuneração Política salarial é o conjunto de normas e procedimentos referentes à gestão, operacionalização e manutenção do programa de cargo e salário. A política salarial é dinâmica, ou seja, evolui pela aprendizagem e aperfeiçoamento de sua aplicação frente a novas situações. Segundo Chiavenato (2004), é o conjunto de princípios e diretrizes que refletem a orientação e a filosofia da organização em assuntos relacionados à remuneração de seus colaboradores. Assim, as normas presentes e futuras, bem como as decisões sobre cada caso individual, devem orientar-se por esses princípios e diretrizes. A política salarial deve ter: estrutura de cargos e salários: classificação dos cargos e as faixas de salários para cada classe de cargos; salários de admissão: coincide com o limite inferior da classe salarial; previsão de reajustes salariais: ocorre por determinação legal (dissídios coletivos) ou espontaneamente. Os reajustes salariais podem ser coletivos ou individuais, como por promoção, enquadramento e também por mérito. Sendo assim, cada empresa possui suas políticas de remuneração, evidenciando o plano de carreira, pois é por meio dele que a empresa reconhece os seus funcionários e mostra aonde ela quer chegar. Fundamentos sobre planejamento de carreiras Planejamento de carreiras é o instrumento que organiza e constrói as trajetórias das funções existentes na empresa em termos de evolução profissional. Os colaboradores deverão trilhar essas trajetórias para atingirem as posiçõesde maior responsabilidade e prestígio na estrutura empresarial. O planejamento de carreira passa por três estágios interdependentes: 1º A empresa precisa saber até onde deseja ir e o que espera de seus funcionários nessa caminhada. 2º Deve definir a qualificação profissional necessária para que as metas estabelecidas possam ser atingidas pelos funcionários. 3º Deve ser feita a avaliação dos empregados, levando em conta seu desenvolvimento em face das exigências futuras. O plano e o planejamento de carreira tanto podem ser considerados responsabilidade da empresa como do colaborador. O planejamento de carreira pode ser considerado um estudo das metas e da trajetória de carreira dos colaboradores nos diferentes cargos da empresa e o plano de carreira é a materialização desse estudo, ou seja, o instrumento que estabelece as trajetórias de carreiras existentes na empresa. Entre as metas, esperadas pela execução do planejamento de carreira eficiente e bem estruturado, estão: propiciar carreiras compatíveis de acordo com as necessidades de colaboradores definidas no planejamento de gestão de pessoas; permitir que os funcionários estejam motivados para o trabalho em face da ascensão que lhes é oferecida pela empresa; assegurar que a política de formação e desenvolvimento de carreira seja transparente e dinâmica; providenciar para que a direção da empresa possa utilizar o desenvolvimento de carreira como um instrumento efetivo de administração integrada. Um dos objetivos do planejamento de carreira é eliminar o problema da substituição de quadros, proporcionando à alta administração os meios para a indicação, a qualquer momento ou situação, de funcionários com potencial adequado para ocupar cargos em ascensão. O planejamento de carreira induz à quebra de paradigma para vencer o medo de enfrentar o que é novo e ainda não vivenciado, deixando de lado as ações conhecidas e procurando trilhar caminhos e alternativas provenientes das constantes transformações e mudanças de ambiente. Caro aluno, empresas com políticas de RH bem planejadas e estruturadas têm o ser humano no centro do processo, por isso as estruturas de cargos e salários citadas antes são fundamentais para o desenvolvimento efetivo do treinamento e desenvolvimento. Esperamos que este material tenha contribuído para sua aprendizagem e desejamos sucesso nas próximas etapas do curso. Bons estudos e sucesso sempre! Bibliografia CARVALHO, Antonio Vieira de; NASCIMENTO, Luiz Paulo do; SERAFIM, Oziléia Clen Gomes. Administração de Recursos Humanos. 2. ed. v.1 São Paulo: Cegange Leaning, 2012. CHIAVENATO, Idalberto. Recursos Humanos: o capital humano das organizações. 8.ed. São Paulo: Atlas, 2004. FIDELIS, Gilson José; BANOV, Marcia Regina. Gestão de Recursos Humanos. 2.ed. São Paulo: Érica, 2007. IORIO, Cecília Soares. Manual de administração de pessoal. São Paulo: SENAC, 2007. LUCENA, M.D.S. Planejamento de Recursos Humanos. Prefácio Ruy Ferreira Xavier. São Paulo: Atlas, 2012. MASCARENHAS, André Ofenhejm. Gestão estratégica de pessoas: evolução, teoria e crítica. São Paulo: Cengage Leaning, 2013.
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