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APG 1 Doença do Refluxo Gastroesofágico

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Apg 1 – Doença do 
Refluxo Gastroesofágico 
Objetivos: 
1. Revisar a anatomia e fisiologia do esôfago; 
2. Compreender o refluxo gastroesofagico 
(Epidemiologia, etiologia, fisiopatologia, 
manifestações clínicas, exames de diagnóstico 
e complicações); 
3. Entender a farmacodinâmica do tratamento da 
síndrome dispéptica. 
 
Revisão Esôfago 
 
-Contrição faringoesofágica -> Esfíncter superior do 
esôfago; 
-Constrição broncoaórtica 
-Constrição diafragmática -> Esfíncter inferior do 
esôfago. 
Os dois esfíncteres permanecem normalmente 
contraídos, mantendo o esôfago com suas 
extremidades ocluídas, e só relaxam quando sob 
estímulo neurogênico, como ocorre no ato da 
deglutição. 
A contração ordenada dos músculos da faringe se 
transmite ao segmento proximal do esôfago, composto 
de fibras estriadas, e tem início a onda peristáltica 
primária, que continua ao longo do esôfago.O tempo 
de trânsito esofágico do bolo alimentar varia de 5 a 9 
segundos. 
Quando a onda peristáltica primária é insuficiente para 
promover o completo esvaziamento do esôfago, uma 
nova onda peristáltica, chamada secundária, tem 
início em qualquer ponto do esôfago, impelindo o 
remanescente de seu conteúdo em direção ao 
estômago. 
Doença do refluxo gastroesofágico 
A DRGE foi definida objetivamente, como “condição 
na qual o refluxo do conteúdo gástrico causa sintomas 
que afetam o bem-estar do paciente e/ou 
complicações”. 
 No Brasil, foi realizado um estudo populacional que 
avaliou a frequência de pirose, entrevistando quase 
14.000 pessoas em 22 cidades, que conclui que 12% da 
população urbana tem a DRGE. 
A DRGE afeta todos os grupos etários, mas os idosos 
procuram tratamento mais frequentemente. 
Fisiopatologia 
A etiologia da DRGE é multifatorial. Tanto os 
sintomas quanto as lesões teciduais resultam do 
contato da mucosa com o conteúdo gástrico refluxado, 
decorrentes de falha em uma ou mais das seguintes 
defesas do esôfago: barreira antirrefluxo, 
mecanismos de depuração intraluminal e 
resistência intrínseca do epitélio. 
 
 
BARREIRA ANTIRREFLUXO 
A barreira antirrefluxo, principal proteção contra o 
RGE, é composta por: esfíncter interno (ou esfíncter 
inferior do esôfago – EIE – propriamente dito) e 
esfíncter externo (formado pela porção crural do 
diafragma). O EIE mantém-se fechado em repouso e 
relaxa com a deglutição e com a distensão gástrica. O 
relaxamento não relacionado com a deglutição é 
chamado relaxamento transitório do EIE (RTEIE), 
sendo considerado o principal mecanismo 
fisiopatológico associado à DRGE, responsável por 63 
a 74% dos episódios de RGE. Em pacientes com 
formas graves de DRGE, a pressão de repouso do EIE 
está diminuída. Muitas substâncias afetam a pressão do 
EIE: a colecistocinina (CCK) é responsável pela 
diminuição da pressão de EIE observada após a 
ingestão de gorduras; outros neurotransmissores estão 
envolvidos, entre os quais se destacam o óxido nítrico 
(ON) e o peptídio intestinal vasoativo (VIP). O 
comprimento total e o comprimento abdominal do EIE 
são outros parâmetros usados para avaliar a função do 
EIE, e que são valorizados quando estão diminuídos. A 
presença de hérniluxo através da dissociação entre o 
esfíncter externo e o interno e do refluxo sobreposto 
(fluxo retrógrado do conteúdo refluxado preso no saco 
herniário para a porção tubular do esôfago). 
A distensão gástrica, principalmente após as 
refeições, contribui para o refluxo gastresofágico. O 
retardo do esvaziamento gástrico, o aumento da 
pressão intragástrica (ambos presentes quando há 
obstrução ou semiobstrução antropilórica) e a 
alteração da secreção gástrica são fatores que podem 
estar presentes, mas são pouco frequentes. 
 ** Bebês, 9-24 meses regressão dos sintomas. 50% 
recém nascidos até 3m, 1x por dia. 
MECANISMOS DE DEPURAÇÃO 
INTRALUMINAL 
A depuração (ou “clareamento”) do material refluxado 
presente na luz do esôfago decorre de uma combinação 
de mecanismos mecânicos (retirando a maior 
quantidade do volume refluído, através do 
peristaltismo e da gravidade) e químicos 
(neutralização do conteúdo residual pela saliva ou pela 
mucosa). A alteração do peristaltismo pode ser 
primária (no caso dos distúrbios motores do esôfago, 
como na motilidade esofágica ineficaz) ou secundária 
(nas doenças do tecido conjuntivo, como 
esclerodermia, síndrome CREST ou doença mista do 
tecido conjuntivo). A diminuição do fluxo salivar pode 
ser secundária à síndrome de Sjögren ou ao uso de 
diversos medicamentos. A depuração do ácido pela 
saliva não é instantânea e, sob ótimas circunstâncias, 
requer 3 a 5 min para restaurar o pH após um único 
episódio de refluxo. Cada 7 ml de saliva é capaz de 
neutralizar 1 ml de HCl 0,1 N. Episódios de refluxo 
ocorridos durante a noite, na posição supina, são 
duradouros e têm grande chance de causar lesão 
mucosa devido à diminuição do fluxo de saliva, que 
ocorre normalmente à noite, associada à falta de ação 
da gravidade. 
 RESISTÊNCIA INTRÍNSECA DO EPITÉLIO 
A resistência intrínseca da mucosa é constituída pelos 
seguintes mecanismos de defesa, normalmente 
presentes no epitélio esofágico: 
•defesa pré-epitelial (composta por muco, bicarbonato 
e água no lúmen do esôfago, formando uma barreira 
físico- química, que é pouco desenvolvida no esôfago, 
quando comparada à mucosa gástrica e duodenal); 
•defesa epitelial (junções intercelulares firmes, 
características do epitélio estratificado pavimentoso, o 
que dificulta a retrodifusão de íons, e substâncias 
tamponadoras intersticiais, como proteínas, fosfato e 
bicarbonato); 
•defesa pós-epitelial (suprimento sanguíneo, 
responsável tanto pelo aporte de oxigênio e nutrientes 
quanto pela remoção de metabólitos). O defeito mais 
comum da resistência epitelial é o aumento da 
permeabilidade paracelular. A esofagite ocorre quando 
os fatores de defesa são sobrepujados pelos fatores 
agressivos. 
Outro constituinte do material refluxado, que tem sido 
correlacionado com maior agressividade para a mucosa 
do esôfago, é o conteúdo duodenal (bile e secreções 
pancreáticas), que atinge o estômago, através do piloro 
e, subsequentemente, chega ao esôfago. O refluxo 
duodeno-gastresofágico é um fenômeno fisiológico, de 
composição variada, que lesa a mucosa esofágica pela 
ação das enzimas proteolíticas, potencializando a lesão 
provocada pelo ácido. 
O mecanismo responsável pelas manifestações 
extraesofágicas da DRGE, como tosse e 
broncospasmo, nem sempre é a aspiração com lesão da 
mucosa de vias respiratórias por contato direto. Pode 
ser via reflexo vagal por acidificação da mucosa 
esofágica distal. No caso de granulomas de cordas 
vocais e estenose subglótica, é necessário, 
provavelmente, o contato direto com a mucosa das vias 
respiratórias. 
 
Manifestações clínicas: 
Sintomas típicos 
Os sintomas clássicos da DRGE são pirose (sensação 
de queimação retroesternal, ascendente em direção ao 
pescoço) e regurgitação (retorno de conteúdo gástrico, 
ácido ou amargo, até a faringe), de fácil 
reconhecimento. Os pacientes podem relatar alívio dos 
sintomas com uso de medicamentos antiácidos. Estes 
sintomas são mais frequentes após as refeições ou 
quando o paciente está em decúbito supino ou em 
decúbito lateral direito. 
Sintomas atípicos 
A causa mais comum da dor torácica de origem 
esofágica é a DRGE, que pode ser indistinguível da 
dor de origem cardíaca. O estímulo de 
quimiorreceptores da mucosa esofágica pelo refluxato 
desencadeia essa dor, visto que a inervação do esôfago 
e do miocárdio é a mesma. 
Sintomas extraesofágicos 
Manifestações extraesofágicaspulmonares (tosse 
crônica, asma, bronquite, fibrose pulmonar, aspiração 
recorrente, dentre outras), otorrinolaringológicas 
(rouquidão, globus, roncos, pigarro, alterações das 
cordas vocais, laringite crônica, sinusite e erosões 
dentárias) estão associadas à DRGE, mas não são 
específicas. A maioria dos pacientes com sinais e/ou 
sintomas extraesofágicos não apresenta sintomas 
típicos concomitantes. Na realidade, a DRGE pode ser 
apenas uma das diversas causas destes sintomas. 
Portanto, nos pacientes com sintomas extraesofágicos, 
é necessária a confirmação da existência de DRGE, 
através de exames complementares ou de resposta ao 
tratamento com antissecretores potentes, para concluir 
que a causa é a DRGE. 
Sintomas de alarme: odinofagia (dor ao engolir), 
disfagia (dificuldade ao engolir), sangramento, anemia 
e emagrecimento. 
Sintomas típicos com endoscopia digestiva 
alta (EDA) normal (60% dos pacientes) 
 A maior parte dos pacientes com sintomas de refluxo 
não apresenta evidências de esofagite ou de suas 
complicações à endoscopia, mas manifestam sintomas 
com a mesma intensidade e o mesmo impacto na 
qualidade de vida do que os que têm esofagite. 
De acordo com o resultado da pHmetria, os portadores 
de DRGE com endoscopia normal podem ser 
subdivididos em dois grupos: 
1. Doença do refluxo não erosiva 
Trata-se de condição na qual o paciente apresenta 
sintomas típicos da DRGE e o exame endoscópico não 
evidencia alterações da mucosa esofágica. Baseados na 
resposta terapêutica com IBP e pHmetria esofágica 
prolongada, esses pacientes podem ser classificados 
em: 
•pacientes com exposição ácida anormal (que têm 
resposta terapêutica semelhante à dos pacientes com 
esofagite endoscópica); 
•pacientes com exposição ácida normal e com 
correlação positiva entre sintomas e episódios de 
refluxo (estimado pelo índice de sintomas, que é 
positivo) e resposta ao uso de inibidores da bomba de 
prótons (IBP). 
 
2. Pirose funcional: 
 Segundo os critérios conhecidos como Roma III, é a 
pirose com todos os parâmetros pHmétricos normais e 
ausência de resposta ao uso de inibidores da bomba de 
prótons. Segundo Martinez et al., corresponde a menos 
de 10% dos portadores de pirose avaliados por 
gastrenterologistas. 
A sobreposição entre os distúrbios gastrintestinais 
funcionais é amplamente aceita como uma realidade 
clínica. Existe sobreposição entre a pirose funcional e 
a dispepsia funcional, que poderia ser explicada pela 
íntima relação fisiológica e fisiopatológica entre o EIE 
e a porção superior do estômago. A distensão do fundo 
gástrico é o mecanismo primário de indução dos 
RTEIE. Alterações semelhantes da motilidade, como, 
por exemplo, esvaziamento gástrico retardado, têm 
sido descritas na DRGE e na dispepsia funcional. A 
alteração da acomodação do fundo gástrico é 
reconhecida como uma importante característica da 
dispepsia funcional. 
Alterações na EDA (Endoscopia digestiva 
alta)/Complicações 
 Esofagite erosiva 
O grupo mais facilmente identificável e com alterações 
fisiopatológicas mais claras é o dos portadores de 
esofagite erosiva. A visualização endoscópica de 
erosões esofágicas sela o diagnóstico de DRGE. 
 Estenose peptica 
A DRGE é responsável por 70% das estenoses 
esofágicas. Outras causas incluem ingestão de 
cáusticos, sequela de raditerapia ou esclerose de 
varizes, epidermólise bolhosa, doença de Crohn, 
tumores, sífilis, tuberculose e citomegalovírus, dentre 
outras. 
O sintoma mais frequente de apresentação da estenose 
péptica é a disfagia esofágica. Cerca de 30% dos 
pacientes não referem sintomas prévios de pirose e 
regurgitação ácida. 
 Esôfago de Barrett 
O esôfago de Barrett é uma condição em que um 
epitélio colunar (glandular, rico em células 
caliciformes) associado à metaplasia intestinal 
substitui o epitélio escamoso normal que recobre o 
esôfago distal. Trata-se, na grande maioria das vezes, 
de uma sequela da DRGE de longa evolução. O exame 
histopatológico do epitélio de Barrett geralmente 
evidencia uma forma incompleta de metaplasia 
intestinal. A grande preocupação causada pelo esôfago 
de Barrett é a predisposição de suas células sofrerem 
alterações genéticas associadas ao adenocarcinoma. 
Fatores de risco são obesidade, idade >40 anos, 
tabagismo, raça branca e sintomas crônicos > 5 anos. 
Propedêutica 
Exame clínico 
A identificação dos sintomas cardinais da DRGE 
(pirose e regurgitação) permite um diagnóstico 
presuntivo da DRGE sem a necessidade da realização 
de outros exames complementares. Em um paciente 
com queixas de pirose e/ou regurgitação ácida, é 
segura a instituição de tratamento clínico empírico. (+ 
de 4 semanas (2x na semana)), < 40 anos e sem sinal 
de alarme. 
 Indicação de investigação complementar: 
Idade acima de 40 anos; 
Sinais de alarme; 
Baixa resposta ao IBP. 
 Metodos complementares 
1. Endoscopia digestiva alta 
(Diagnóstico diferencial e investigar 
complicações) 
2.Impedância/pHmetria -> Padrão-ouro 
(dúvida e confirmação diagnóstica) 
3. Manometria esofágica 
Pré-operatório de cirurgia antirrefluxo 
pHmetria esofágica prolongada 
O advento de monitoramento prolongado do pH 
intraesofágico contribuiu muito para a compreensão da 
DRGE. O exame é realizado ambulatorialmente, 
utilizando equipamentos portáteis, sensores 
miniaturizados de pH e análise de dados 
computadorizados. A pHmetria prolongada permite o 
diagnóstico da DRGE por demonstrar a presença de 
refluxo ácido gastresofágico anormal. 
A pHmetria não é considerada o padrão-ouro no 
diagnóstico da DRGE, pois é um método que apresenta 
várias limitações. Cerca de 25% dos pacientes 
sabidamente portadores de esofagite apresentam um 
estudo de pHmétrico normal. Além do mais, os 
sintomas da DRGE podem variar de um momento para 
o outro, o que torna uma única avaliação de exposição 
ácida passível de subestimar o refluxo ácido 
gastresofágico. 
 
 Impedância/pHmetria -> Padrão-ouro 
Trata-se de técnica que permite a identificação do 
refluxo gastresofágico independente de seu pH e de 
seu estado. Sendo assim, possibilita a avaliação 
qualitativa do tipo de refluxo (ácido ou fracamente 
ácido), seu alcance proximal, sua composição (líquido, 
gasoso ou misto), bem como do tempo de depuração 
(ou clareamento) esofágico. A principal indicação da 
impedância/pHmetria é na avaliação de pacientes com 
sintomas típicos ou extraesofágicos atribuídos à 
DRGE, que não responderam de forma completa ao 
tratamento com inibidores de bomba protônica. Nesses 
casos, é possível identificar a associação dos sintomas 
com refluxo fracamente ácido ou ácido residual. Como 
a impedância/pHmetria fornece todas as informações 
obtidas pela pHmetria, a tendência é que esse método 
substitua o exame convencional. 
Endoscopia digestiva alta 
A endoscopia digestiva alta é o exame de escolha para 
avaliação das alterações da mucosa esofágica 
secundárias à DRGE, permitindo, além de sua 
visualização direta, a coleta de fragmentos esofágicos 
através de biopsias. As principais indicações de 
realização de endoscopia digestiva em pacientes com 
suspeita de DRGE são: 
•Excluir outras doenças ou complicações da DRGE, 
principalmente em pacientes com sintomas de alarme, 
como disfagia, emagrecimento, hemorragia digestiva. 
•Pesquisar a presença do esôfago de Barrett em 
pacientes com sintomas de longa duração. 
•Avaliar a gravidade da esofagite. 
•Orientar o tratamento e fornecer informações sobre 
atendência de cronicidade do processo. 
De um modo geral, as classificações endoscópicas das 
esofagites não contemplam as alteraçõesmínimas da 
mucosa esofágica, quais sejam friabilidade, edema e 
hiperemia. Essa abordagem, apesar de aumentar a 
sensibilidade do exame no diagnóstico da esofagite, 
apresenta baixa especificidade. 
A resposta histológica da mucosa esofágica ao 
refluxo gastresofágico crônico mostra principalmente 
mudanças reacionais (alongamento das papilas na 
lâmina própria e hiperplasia da camada de células 
basais) e alterações inflamatórias (presença de 
neutrófilos e eosinófilos intraepiteliais). Podem existir 
também células com abundante citoplasma pálido, 
chamadas células “em balão”, provavelmente devido 
ao aumento da permeabilidade. A realização de 
biopsias esofágicas é importante para o diagnóstico 
diferencial com a esofagite eosinofílica. 
 
Estudos radiológicos 
A cintigrafia e o esofagograma com bário são métodos 
radiológicos habitualmente utilizados na avaliação da 
DRGE e suas complicações. Os estudos baritados são 
úteis em pacientes com disfagia, visto que apresentam 
boa sensibilidade na detecção de hérnias hiatais, 
estenoses e anéis esofágicos. O diagnóstico de 
esofagite, de um modo geral, só é evidente 
radiologicamente em casos mais graves. 
A cintigrafia para estudo da DRGE utiliza alimento 
marcado com tecnécio. Trata-se de método de baixa 
sensibilidade quando comparado com a pHmetria 
prolongada. Entretanto, como permite avaliar o refluxo 
gastresofágico do material isotopicamente marcado, 
independente de sua acidez, pode ser útil em estudo de 
pacientes gastrectomizados, portadores de anemia 
perniciosa, ou em vigência de tratamento com drogas 
inibidoras da secreção ácida gástrica. 
 
Testes provocativos 
O teste de Bernstein-Baker objetiva comprovar que o 
sintoma do paciente decorre do refluxo ácido 
gastresofágico. Esse teste utiliza a infusão de ácido 
clorídrico a 0,1 N na luz esofágica, na tentativa de 
reproduzir o sintoma típico do paciente, e a infusão de 
solução salina como placebo. Considera-se o teste 
positivo naquele paciente que apresentou sintomas 
típicos apenas durante a infusão de ácido clorídrico. 
Esse teste é considerado de alta especificidade ao 
atribuir a origem do sintoma ao refluxo ácido. Deve ser 
reservado para situações em que não se dispõe de 
pHmetria prolongada, ou para pacientes que 
apresentam sintomas infrequentes, e que não 
ocorreram durante o monitoramento esofágico do pH. 
Outros: Manometria esofágica e Bilitec. 
Tratamento não medicamentoso: 
A importância das modificações no estilo de vida e dos 
fatores dietéticos foi muito enfatizada no passado. 
Atualmente, considera-se que é recomendável educar 
os pacientes a respeito dos fatores que podem 
precipitar episódios de refluxo, mas o emprego isolado 
destas recomendações não é suficiente para controlar 
de modo eficaz seus sintomas. 
Refeições pouco volumosas, com alto conteúdo de 
proteínas e baixo conteúdo de gorduras, podem evitar a 
distensão gástrica e contribuir para manter a pressão do 
EIE. A ingestão de alimentos nas três horas 
precedentes ao horário de deitar contribuiria para 
reduzir a frequência dos episódios pós-prandiais de 
refluxo, especialmente na posição de decúbito. 
Evitar a ingestão de alimentos como café, chá preto, 
chá mate, chocolate, molho de tomate, comidas ácidas, 
bebidas alcoólicas e gasosas. Além de hábitos como 
tabagismo, obesidade e má alimentação. 
 Existem evidências de que o decúbito lateral esquerdo 
deve ser recomendado para pacientes com DRGE pela 
observação de redução do ácido no esôfago, uma vez 
que o volume alcançado pelo suco gástrico não chega a 
atingir a JEG. 
Tratamento medicamentoso: 
Inibidores da bomba de prótons (IBP) 
A terapia com antissecretores potentes é capaz de 
aliviar os sintomas mais rapidamente e cicatrizar as 
lesões na maior parte dos pacientes. Doses 
padronizadas dos inibidores da bomba de prótons 
(IBP) (omeprazol, 20 mg; lansoprazol, 30 mg; 
pantoprazol, 40 mg; rabeprazol, 20 mg; e esomepra- 
zol, 40 mg) são capazes de tratar a esofagite e aliviar 
sintomas em 80 a 90% dos casos em 8 semanas. A 
resposta inicial ao uso dos IBP é fator preditivo do 
sucesso do tratamento a longo prazo. Estes 
medicamentos devem ser sempre tomados antes das 
refeições. 
 Os IBP são eficazes e seguros quando usados na 
terapia de manutenção, que deve ser individualizada de 
acordo com a gravidade e resposta ao tratamento. 
Se o paciente apresenta sintomas pouco frequentes, o 
uso do medicamento pode ser feito de acordo com 
demanda própria. Porém, nos pacientes com esofagite 
grave (classificação de Los Angeles C e D), deve-se 
iniciar com a dose-padrão e mantê-la. Caso os 
sintomas ou as lesões endoscópicas persistam, 
acrescenta-se uma segunda dose à noite. Estes 
pacientes frequentemente desenvolvem complicações 
da doença. O controle dos sintomas atípicos é mais 
difícil do que o controle da pirose, necessitando 
frequentemente do uso de dose dupla de IBP. 
São considerados pacientes refratários aqueles que 
necessitam usar IBP mais que 2 vezes/dia, sem 
controle dos sintomas associados ao refluxo e/ou com 
alterações mucosas significativas após 12 semanas ou 
mais de tratamento. 
A recorrência dos sintomas após interrupção do IBP 
não é considerada refratariedade, pois a DRGE é 
condição crônica ou recidivante. 
 Os IBPs se ligam à enzima H+/K+-ATPase (bomba de 
prótons) e suprimem a secreção de íons hidrogênio 
para o lúmen gástrico. A bomba de prótons ligada à 
membrana é a etapa final da secreção de ácido 
gástrico: 
Ações: São pró-fármacos com um revestimento 
entérico ácido-resistente para protegêlos da degradação 
prematura pelo ácido gástrico. O revestimento é 
removido no meio alcalino do duodeno, e o pró-
fármaco, uma base fraca, é absorvido e transportado à 
célula parietal. Ali, ele é convertido no fármaco ativo 
e forma uma ligação estável covalente com a enzima 
H+/K+-ATPase. São necessárias cerca de 18 horas 
para ressintetizar a enzima, e a secreção ácida é 
interrompida durante esse período. Em dosagem 
padrão, os IBPs inibem a secreção gástrica basal e a 
estimulada em mais de 90%. Existem produtos 
disponíveis de uso oral, de venda livre e sujeitos à 
prescrição, contendo omeprazol associado com 
bicarbonato de sódio para absorção mais rápida. 
Efeitos adversos: diarréria, náuseas, cefaleias, 
distúrbios gastrintestinais, fraturas ósseas. 
Antagonistas H2 
Os antagonistas dos receptores H2 (AH2) – cimetidina, 
ranitidina, famotidina, nizatidina – são drogas seguras 
e bem toleradas, mas têm curta duração de ação (entre 
4 e 8 h, conforme o regime empregado) e resultam em 
inibição incompleta da secreção ácida. 
Consequentemente, para o tratamento da DRGE, são 
necessárias doses múltiplas. Além disso, observa-se 
declínio da inibição da secreção ácida quando usada 
por mais que duas semanas, fenômeno conhecido 
como taquifilaxia ou tolerância, que limita a eficácia 
terapêutica. 
 
0
A secreção gástrica é estimulada por acetilcolina 
(ACh), histamina e gastrina. As ligações de ACh, 
histamina ou gastrina com seus receptores resulta na 
ativação de proteinocinases, que, por sua vez, 
estimulam a bomba de prótons H+/K+-adenosina 
trifosfatase (ATPase) a secretar íons hidrogênio em 
troca de K+ para o lúmen do estômago. Bloqueando 
competitivamente a ligação da histamina aos 
receptores H2, esses fármacos reduzem a secreção do 
ácido gástrico. Os quatro fármacos usados nos EUA – 
cimetidina, ranitidina, famotidina e nizatidina – inibem 
de modo potente (mais de 90%) a secreção gástrica 
ácida noturna, a estimulada por alimento e a basal. A 
cimetidina foi o primeiro antagonista do receptorH2 
da histamina. Todavia, sua utilidade é limitada por 
seus efeitos adversos e suas interações 
medicamentosas. 
1. Ações: Os antagonistas de receptor H da 
histamina atuam seletivamente nos receptores H2 do 
estômago, mas não têm efeito nos receptores H1. Eles 
são antagonistas competitivos da histamina e 
totalmente reversíveis. 
2.Usos terapêuticos: O uso desses fármacos diminuiu 
com o advento dos IBPs. 
Procinéticos 
As alterações fisiopatológicas responsáveis pela 
DRGE poderiam ser corrigidas por drogas que 
aumentassem a pressão do EIE, melhorassem o 
peristaltismo do esôfago e o esvaziamento gástrico. Os 
medicamentos procinéticos atualmente disponíveis no 
mercado não corrigem estas alterações, e são eficientes 
apenas quando usados em pacientes com sintomas 
dispépticos associados. 
A metoclopramida não é considerada boa escolha no 
tratamento da DRGE, pois atua no sistema nervoso 
central, causando efeitos colaterais como sonolência, 
irritabilidade, tremores e discinesia. 
A domperidona, antagonista da dopamina apenas em 
nível periférico, é útil, mas observa-se 
hiperprolactinemia em 10 a 15% dos seus usuários 
crônicos. 
Outro eficaz procinético, a cisaprida, foi retirado do 
comércio por induzir arritmias cardíacas 
principalmente quando associada a outras drogas 
Referências: 
Whalen, Karen, et al. Farmacologia Ilustrada. 
Disponível em: Minha Biblioteca, (6th edição). Grupo 
A, 2016. 
Dani, Renato, e Maria do Carmo Friche Passos. 
Gastroenterologia Essencial, 4ª edição. Disponível em: 
Minha Biblioteca, Grupo GEN, 2011.

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