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Apostila - Emoção Aprendizado Memória 1

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AULA 1 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
EMOÇÃO, MEMÓRIA E 
APRENDIZADO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Prof. Reginaldo Daniel da Silveira 
 
 
 
2 
INTRODUÇÃO 
Parece haver consenso entre estudiosos e especialistas de que a emoção 
é um conceito complexo, sendo necessário compreender os elementos que a 
caracterizam e as teorias que a explicam para estudar que conexões têm nossas 
sensações com esta ou aquela região do cérebro. 
O avanço da neurociência em favor de um entendimento sobre a 
neurobiologia das emoções ainda apresenta muitas dúvidas, mas pesquisadores 
e teóricos têm fornecido subsídios importantes para que se tenha, mesmo que 
ainda incipiente, um modelo para entender as emoções. 
TEMA 1 – EMOÇÃO HUMANA 
Ao acordar pela manhã, a jovem mãe vê o sorriso fofo do seu bebê e sente 
acelerar as batidas do coração, ao mesmo tempo que as mãos parecem suar. Na 
calçada, o senhor idoso dá um pulo para ao lado e percebe o esvaziar de sangue 
em seu rosto, ele está pálido, o carro que deu uma freada bem em sua frente 
arranca em disparada. O vendedor sai da reunião com o seu chefe sentindo dor 
de estômago e uma sensação de azia. Essas pessoas não param a fim de avaliar 
se o que sentiram de manhã, na calçada ou na reunião foi amor, medo ou 
vergonha. Na verdade, nós não nos detemos para verificar quais ou quantas 
sensações expressamos durante um dia inteiro, mas por certo elas são tantas 
quem sequer sabemos nominá-las. 
Se você tivesse um sensor cerebral de suas emoções, no momento em que 
estivesse sentindo tristeza, ele detectaria movimentos na amígdala e no córtex 
pré-frontal esquerdo, áreas do “cérebro emocional”. Talvez essa tristeza pudesse 
ter surgido quando você percebeu a pessoa ao lado no ônibus, ou porque você 
ficou esperando o seu parceiro no restaurante para aquele jantar previamente 
combinado e ele não apareceu. 
Como seria viver sem as “sensações” aqui referidas?, Imagine alguém 
como Cyberdyne Systems Model 101 Series 800, ou simplesmente “o 
exterminador”, como as pessoas chamam T-800, o androide matador do filme “O 
Exterminador do Futuro”. Mesmo que a máquina interpretada por Arnold 
Schwarzenegger tenha trocado de lado na sequência da série para proteger John 
Connor, na guerra contra as máquinas, ele não passava de um robô e, como tal, 
 
 
3 
sem emoções, embora trabalhasse com capacidades como razão, percepção, 
pensamento, memória e tomada de decisão. 
As sensações da jovem mãe, do idoso na calçada ou do vendedor após a 
reunião com seu chefe são reações a estímulos que ativaram áreas do cérebro 
de cada um deles. Essa área, chamada de córtex, está presente nos humanos e 
mamíferos e ausente na maioria dos animais. A essa altura, você já percebeu que 
estamos nos referindo às respostas do organismo diante de um determinado 
estímulo, ou, melhor dizendo, as emoções. Se um cão balança o rabo ou um 
humano sorri, isso que entendemos por emoção vem dos mesmos circuitos de 
sobrevivência do cérebro, que é similar em todos os mamíferos. Todavia, animais 
e humanos sentem as emoções de forma diferente, especialmente porque as 
emoções humanas, na visão da neurociência, são mais complexas. 
Nós, seres humanos, nos orgulhamos de nos diferenciarmos das outras 
espécies pela inteligência e pela razão, mas, diante de uma autoanálise sobre o 
que acontece apenas durante um dia de vida de um de nós, quantas vezes o que 
decidimos pretensamente pela razão foi influenciado pela emoção? É costume 
ouvirmos referência de que a capacidade de gerenciar nossas emoções é a chave 
para o sucesso em muitos campos. A toda hora ouvimos dizer que determinadas 
pessoas são hábeis e talentosas, mas não progridem porque lhes falta inteligência 
emocional. 
A Psicologia Cognitiva nos faz entender que a maioria dos nossos 
problemas emocionais não são sempre causados por eventos ou circunstâncias, 
mas também por nossas crenças, atitudes e reações. Os comportamentos 
humanos responsivos às emoções têm efeitos profundos em nossas vidas, quer 
em decisões pessoais, quer em escalas mais amplas, como as políticas públicas 
e os assuntos internacionais geradores de decisões conflitantes e críticas. 
Se você estiver caminhando no parque e, de repente, vê uma cobra 
rastejando em sua direção, a amígdala organiza sua resposta e outra região do 
cérebro, o hipocampo, armazena aquela sensação. Estudiosos e especialistas se 
interessam em saber como sensações de medo e outros sentimentos avisam o 
nosso organismo de que algo está errado e de que é preciso se preparar para 
lutar ou fugir. Isso implica saber como o corpo responde às emoções e se elas 
surgem do cérebro. 
Por meio da neurociência, nos detemos ao cérebro, que usa o oxigênio da 
atmosfera terrestre, nos possibilita existir por intermédio de redes neuronais 
 
 
4 
complexas e nos ajuda a entender melhor nossas emoções e nossos 
comportamentos. Armory e Vuilleumier (2013, p. 1) entendem que o avanço no 
entendimento biológico da emoção “é bastante recente, especialmente em 
comparação com outros processos mentais, como visão, linguagem, atenção ou 
memória”. Isso é atribuído em grande parte ao surgimento de técnicas de 
neuroimagem funcional não invasivas (tomografia, eletroencefalografia, 
magnetoencefalografia e ressonância magnética.). Afinal, o que é emoção? 
TEMA 2 – DEFININDO A EMOÇÃO 
Saiba mais 
 Emoção são sentimentos que envolvem avaliação subjetiva, processos 
psicológicos e crenças cognitivas. 
É certo que cada um de nós tem uma noção individual sobre a emoção, 
mesmo que seja por meio de um processo intuitivo. Definir, porém, o seu 
significado, é algo mais complexo. Assim pensa Gazzaniga e Heatherton (2005, 
p. 315) ao dizerem que, “para cientistas psicológicos, a emoção (ou o afeto) se 
refere a sentimentos que envolvem avaliação subjetiva, processos fisiológicos e 
crenças cognitivas”. 
O entendimento de uma subjetividade na emoção mostra que não há ainda 
um consenso sobre o que é a emoção, qual o seu lugar em uma teoria da mente 
e do comportamento, e as controvérsias existentes incluem quantas emoções 
existem e quais delas são mais básicas que outras (Ledoux, 1995). 
A convicção de que a emoção envolve componentes cognitivos, fisiológicos 
e comportamentais aparecem na definição de Weiten (2010, p. 286): “emoção 
envolve (1) experiência subjetiva consciente (o componente cognitivo), (2) 
acompanhada de uma estimulação corporal (o componente fisiológico) e (3) de 
claras manifestações características (o componente comportamental)”. 
Ao conhecer os componentes fisiológicos, psicológicos e sociais da 
emoção, é possível aproximá-la de uma visão neurobiológica como a que propõe 
Marinho (2005, p. 44, citado por Silva, 2019, p. 81, no prelo): 
emoção é uma reação aguda que envolve pronunciadas alterações 
somáticas, experimentada como uma situação mais ou menos agitada. 
A sensação e o comportamento que expressam, bem como a resposta 
fisiológica interna à situação-estímulo, constituem um todo intimamente 
relacionado, que é a emoção propriamente dita. 
 
 
5 
O corpo, o cérebro e a mente parecem estar conectados durante todo o 
tempo de nossas vidas, e para usar a expressão textual de Damásio (2011): 
“corpo e cérebro executam uma dança interativa contínua. Pensamentos 
implementados no cérebro podem induzir estados emocionais que são 
implementados no corpo, enquanto este pode mudar a paisagem cerebral e, 
assim, a base para os pensamentos”. 
Sobre este autor, tendo como referência a ansiedade, é oportuno destacar 
a presença de elementos como avaliação, sensação, intencionalidade, 
sentimento, comportamento motor e componente interpessoal. Vamos imaginar 
uma situação de alguém que precisa entregar um relatório de trabalho em um 
determinado prazo e avalia que não conseguirá concluí-lo no tempo certo 
(avaliação). Ele sente o coração bater mais rapidamente (sensação), foca opensamento sobre o quanto pode ser competente com a tarefa (intencionalidade), 
passa a vida de forma negativa (sentimento), seu corpo se agita (comportamento 
motor) e expressa aos outros que está tendo um dia ruim (interpessoal). Dois 
pontos merecem esclarecimento: (1) o entendimento do cérebro quanto às 
emoções e (2) saber quais emoções se vinculam às regiões cerebrais. Qual parte 
de nós faz com que tenhamos sentimentos de felicidade, paixão, medo ou 
aversão? De onde vem o estado emocional que procuramos para compensar uma 
explosão de raiva? 
TEMA 3 – COMPONENTES DA EMOÇÃO 
Saiba mais 
Comportamental 
Manifestações e 
expressões 
 
 
Fisiológico 
Estimulação corporal 
 
 
 
Cognitivo 
Experiência subjetiva 
consciente 
Os momentos mais significativos da existência humana são caracterizados 
pela emoção. Lembre-se da jovem mãe encantada com o sorriso do seu bebê, o 
susto do idoso ante a manobra arriscada do carro, a irritação e vergonha do 
vendedor ao ter uma reunião humilhante com o seu chefe. Pense em você mesmo 
na hora de encontrar uma pessoa amada que não vê há muito tempo, no pesar 
por perder alguém também amado, na irritação quando alguém lhe trata de 
maneira rude, na consternação pela doença do seu cãozinho. Com certeza, pela 
importância que tem para os seres humanos, justifica-se o impulso crescente das 
pesquisas sobre a emoção nos dias de hoje. 
 
 
6 
Por ser uma experiência singular, considerando-se as contribuições de 
Gazzaniga, Weiten, Marinho e Damásio, é essencial discutir a emoção com base 
em seus elementos de caráter subjetivo, fisiológico e cognitivo. 
Sabe-se que há uma série de emoções que se apresenta como universal e 
básica pela espécie humana. Em um estudo, foram mostradas fotos a pessoas de 
cinco países, Chile, Argentina, Brasil, Japão e Estados, e depois solicitado às 
pessoas que julgassem a emoção exposta em cada expressão facial. A maioria 
chegou a uma mesma conclusão, indicando a existência de emoções universais. 
Esse foi um dos experimentos relatados por Ekman (2011, p. 21) em um amplo 
estudo subvencionado pela Advanced Researcg Projects Agency, a Arpa, dos 
Estados Unidos. O trabalho de Ekman de avaliar expressões faciais de milhares 
de indivíduos em culturas diferentes durante os 40 anos em que foi professor da 
Universidade da Califórnia possivelmente tenha influenciado sua defesa de cinco 
emoções humanas básicas: raiva, nojo, alegria, medo e tristeza. 
Se, aparentemente, Darwin tinha razão quanto ao caráter universal das 
emoções, os estudos continuados mostram que também existe singularidade em 
emoções expressadas por cada indivíduo. Nessa lógica, diante de um evento 
qualquer, uma pessoa que manifeste sentimentos de raiva e tem tendência de 
insultar, quebrar, está tendo uma emoção de viés comportamental que não é 
exatamente igual ao de outras pessoas. Diante de um determinado evento, ela 
pode sentir o coração bater mais, o calor tomar conta do rosto, expondo o caráter 
fisiológico da emoção que é sua, ou ainda, deixar-se emocionar por crenças 
pessoais sobre os outros e sobre o mundo em um processo emocional cognitivo. 
3.1 Componente comportamental 
Você está prestes a chegar à casa de um vizinho com quem você se 
desentendeu recentemente por barulhos que este fazia na madrugada, a ponto 
de fazê-lo chamar a polícia. Nada aconteceu, a polícia não veio e ficou por isso 
mesmo. A situação se repetiu outras vezes e você mandou uma carta ameaçando 
procurar as autoridades se ele não parasse com a “barulheira”. Ao chegar em casa 
à tarde, havia um bilhete embaixo da porta. “Venha em minha casa, estou lhe 
esperando hoje quando você chegar do trabalho”. Sua reação ao ler o bilhete foi 
de medo a irritação. Você pensou e ir lá e dizer alguns xingamentos, depois 
imaginou-se em luta corporal, mudanças na postura, expressão facial e 
vocalizações. Ante o histórico do que se passou na sua mente e a eminência do 
 
 
7 
encontro com a pessoa, você teve mudanças de postura, expressões faciais e 
vocalizações, comportamento e emoção. 
Do ponto de vista comportamental, a emoção possivelmente seja 
facilmente observável, o que não significa que seja facilmente compreendida. Isso 
ocorre pela tendência das pessoas em descrever o seu comportamento como algo 
que não está ligado à emoção em si. É relevante na emoção comportamental a 
presença das expressões faciais que, nos diferentes estudos, como no de Paul 
Ekman, trazem indicativos de que essas expressões são sim inatas e universais, 
pois as pessoas apresentam as mesmas expressões faciais para cada emoção, e 
não parece difícil para qualquer um identificá-las. Acredita-se que esse 
componente comportamental influencia as relações sociais. Por exemplo, se 
vemos alguém chorar, pensamos que ela não está bem e que pode precisar de 
ajuda. 
O comportamento emocional é um reflexo direto das respostas fisiológicas 
de uma pessoa sobre o evento, o que nos leva aos outros componentes da 
emoção. 
3.2 Componente fisiológico 
Imagine que você vai ter que apresentar um relatório sobre o trabalho do 
seu departamento para um auditório de pessoas que reúne funcionários da sua 
empresa e clientes em geral; logo, você que detesta falar em público. Na sua 
mente, vem sua última experiência em uma sala pequena com apenas sete 
pessoas. Você lembra os olhares de troça, os risos pela sua má performance e 
sente medo, taquicardia, sudorese. As reações físicas refletidas no seu corpo 
dizem respeito ao componente fisiológico da emoção. 
Para Collin et al. (2012, p. 43), a vinculação das emoções às condições 
fisiológicas aparece na Teoria das Emoções de James Lange. Diante de uma 
situação de medo, de um animal selvagem, por exemplo, a pessoa sai correndo 
e, em situações como esta, para Willian James, é a “percepção da mente acerca 
dos efeitos físicos de correr – respiração ofegante, batimento cardíaco acelerado 
e transpiração intensa” que corresponde à emoção de medo. 
No exemplo de alguém que, ante um evento de falar em público, manifesta 
no corpo aceleração cardíaca, tremor, tensão muscular, a sensação de vergonha 
pode levar a pessoa a corar e essas respostas fisiológicas podem causar 
mudanças comportamentais ante o ímpeto de escondê-las. 
 
 
8 
O componente fisiológico usa a energia da emoção para alertar para a 
defesa, é uma espécie de recurso para nos salvar do perigo e também nos levar 
a ser mais efetivos ao responder e provocar mudanças nos neurotransmissores, 
como, nesse caso, a adrenalina. Kleinman (2015, p. 155) entende que a Teoria 
Cannon-Bard, criada por Walter Cannon e Philip Bard, explica as reações 
fisiológicas como um processo simultâneo com as emoções: “a parte do cérebro 
responsável pelo controle motor, pelos estados de sono e vigília e pelos sinais 
sensoriais envia uma mensagem ao cérebro como resposta a determinado 
estímulo.” O resultado dessa mensagem sendo transmitida é uma reação 
fisiológica e suas mudanças são verificadas no sistema nervoso simpático. 
Parece não haver dúvida de que, em qualquer evento emocional, é visível 
a sensação física do tipo “o que estou sentindo em meu corpo”, embora isso não 
signifique uma leitura correta aos olhos de outros. A animação pode fazer o 
indivíduo andar para lá e para cá da mesma forma que faria se estivesse ansioso, 
entretanto, podemos olhar a pessoa ansiosa como alguém que está tendo medo. 
Para quem sente a emoção, contudo, é uma sensação fisiológica e pode, por 
exemplo, ser sentida como ansiedade ou raiva. 
Se o comportamento emocional é um reflexo direto das respostas 
fisiológicas das pessoas, é também o reflexo direto de seus pensamentos acerca 
do evento. 
3.3 Componente cognitivo 
Após assistir “Os Vingadores”, você e dois amigos comentam sobre o que 
aconteceu no filme, especialmente o visual de Thor, o Deus Trovão, que, após o 
avanço do tempo, se tornou gordo, cabeludo e barbudo, bemdiferente de sua 
aparência habitual. Um de seus amigos olha para você e diz: “Nossa! Você é 
gordo que nem o Thor”. A sua reação à fala do amigo é subjetiva. Você pode 
pensar nas críticas que têm recebido ultimamente por não ter levado adiante uma 
dieta, ter pensamentos do tipo “ninguém me leva a sério, por não diminuir o peso”, 
“engordo facilmente”, ser gordo significa ser desprezado”. Nesse caso, você 
poderá discutir com o amigo, sentir-se rejeitado e envergonhado, entre outros. No 
entanto, se você não vê a sua gordura como algo ruim, se você habituou-se com 
seu corpo a ponto de não se preocupar com isso, ao ouvir a fala do amigo, você 
também ri e até concorda com ele. 
 
 
9 
O que se destaca em uma emoção é como eu interpreto a situação. Um 
evento surge e eu penso a respeito baseado em eventos anteriores similares. Isso 
ocorre pelo grande número de pensamentos que passa pelas nossas cabeças. 
Na visão de Wright, Basco e Thase (2008, p. 19), 
[...] estes pensamentos fazem parte de um fluxo de processamento 
cognitivo que se encontra logo abaixo da superfície da mente totalmente 
consciente. Estes pensamentos automáticos normalmente são privativos 
ou não-declarados, e ocorrem de forma rápida à medida que avaliamos 
o significado de acontecimentos em nossas vidas. 
Pensamentos automáticos são como pequenos programas de computador 
em nossa mente. Eles surgem de modo instantâneo como uma resposta a 
estímulos externos. O sinal de que uma pessoa está respondendo a um 
pensamento automático é a presença de emoções fortes. 
Stanley Schachter é lembrado quando falamos que a emoção reúne 
interação com excitação fisiológica e avaliação cognitiva. Psicoterapeutas como 
Wright, Basco e Thase (2008), ao tratarem do modelo cognitivo-comportamental, 
explicam que frequentemente as reações emocionais estão associadas a 
processos cognitivos. No caso de ansiedade, por exemplo, as respostas 
produzidas são estimuladas por cognições desadaptativas. 
TEMA 4 – TEORIAS DA EMOÇÃO 
Diferentes teorias explicam as emoções, o que indica que elas podem ser 
consideradas sob distintos pontos de vista. Como vimos anteriormente, as 
emoções humanas se assemelham às emoções animais, embora deles também 
se diferenciem pela complexidade. A emoção de uma pessoa reflete de certo 
modo o seu ambiente social, mas também mostra o entendimento de que é 
provável terem sido moldadas pela seleção natural das espécies. Tais 
características aparentemente antagônicas dificultam a elaboração de um escopo 
teórico que as explique. O que temos são teorias construídas ante o contexto em 
que são explicadas e desenvolvidas. 
4.1 Teoria James-Lange 
Saiba mais 
 A experiência da emoção é eliciada por uma resposta fisiológica a um 
determinado estímulo. 
 
 
10 
Cherry (2019) explica a teoria proposta por William James e Carl Lange 
(década de 1920) como resultado de reações fisiológicas a eventos. A resposta 
emocional depende de como a pessoa reage às reações físicas. Por exemplo, 
diante de um evento que provoque ciúmes, você responde com choro, aumento 
da pulsação, sudorese e tremor, que podem estar associados à tristeza e à raiva. 
“De acordo com esta visão, padrões diferentes de ativação autônoma conduzem 
à experiência de emoções distintas (Weiten, 2010, p. 291). 
4.2 Teoria Cannon-Bard 
Saiba mais 
 Os estímulos ambientais produtores da emoção eliciam tanto uma reação 
emocional como uma reação física. 
Por essa teoria, criada por Walter Cannon e Philip Bard (década de 1930), 
“as emoções ocorrem quando o tálamo – a parte do cérebro responsável pelo 
controle motor, pelos estados de sono e vigília e pelos sinais sensoriais – envia 
uma mensagem ao cérebro como resposta a determinado estímulo” (Kleinman, 
2015, p. 155). O que se percebe nessa teoria é que o resultado do que a pessoa 
recebe é uma resposta fisiológica. De uma forma simples, o autor explica que um 
determinado estímulo levado ao córtex para definir como a resposta será 
encaminhada acaba por estimular o tálamo, o que gera uma interpretação. Se 
você estiver a noite em um lugar escuro e ver dois homens se aproximando 
rapidamente, você sente o tremor e o coração bate forte e, ao mesmo tempo, a 
emoção do medo. 
4.3 Teoria Schachter-Singer 
Saiba mais 
A emoção é baseada em dois fatores: excitação fisiológica e rótulo cognitivo. 
A teoria criada por Stanley Schachter e Jerome Singer (1962) resgata 
Willian James, criticado por Walter Cannon, sobre a concepção de que a resposta 
somática prece a experiência emocional. Também chamada de teoria de dois 
fatores (excitação fisiológica e interpretação da emoção), as ideias de Schachter 
correspondem a um exemplo de teoria cognitiva. Na visão de Weiten (2010, p. 
292), essa teoria apresenta um ponto crítico; “as situações não podem moldar as 
 
 
11 
emoções de determinado modo a qualquer tempo. E na busca para explicar a 
estimulação, os sujeitos não se limitam à situação”. 
Segundo Moors (2009), a teoria dos dois fatores mostra que o grau de 
excitação (elemento somático) determina a intensidade da emoção, enquanto a 
atribuição (elemento cognitivo dá a qualidade da emoção. 
4.4 Teoria de Lazarus 
Saiba mais 
 A sequência de eventos envolve primeiro um estímulo, seguido de um 
pensamento que leva à experiência simultânea de uma resposta fisiológica e 
da emoção 
Criada por Richard Lazarus (década de 1990), essa teoria postula que, 
antes de uma emoção ou excitação fisiológica, ocorre um pensamento. A pessoa 
pensa antes de sentir qualquer emoção. No exemplo dado de caminhar no escuro, 
o pensamento de que os dois homens que se aproximam são ladrões tem como 
resultado alteração cardíaca, tremor, e daí o medo. 
4.5 Teoria de feedback facial 
Saiba mais 
 As expressões faciais estão ligadas à experimentação de emoções. 
Desenvolvida por Silvan Tomkins (1962), essa teoria afirma que a emoção 
é a experiência de alterações musculares faciais que acontecem. Quando o 
indivíduo sorri, está feliz, quando franze a testa, está triste, e assim por diante. 
Para Kleinman (2015, p. 157). “Essas alterações em nossos músculos faciais são 
o que leva o cérebro à especificação de uma base para a emoção, em vez do 
contrário”. 
TEMA 5 – NEUROANATOMIA DA EMOÇÃO 
A neuroanatomia da emoção avançou nos últimos anos com os estudos da 
neuroimagem e, mesmo que as conclusões ainda sejam limitadas, como defende 
Murphy, Smith e Lawrence (2003), já temos dados importantes para compreender 
o funcionamento emocional por intermédio do cérebro. Estímulos visuais, 
auditivos, entre outros, ao provocar respostas emocionais, colocam em destaque 
 
 
12 
áreas como o córtex pré-frontal e o sistema límbico. A integração da neuroimagem 
com a neuropsicologia e neurofisiologia destacam essas estruturas e outras como 
o córtex orbitofrontal, relevante no processamento emocional na visão de 
Kringelbach (2005). 
5.1 Principais áreas cerebrais da emoção 
Saiba mais 
 Córtex pré-frontal, na região dos lobos frontais, é importante para atenção, 
memória funcional, tomada de decisão, comportamento social e personalidade. 
 Sistema límbico, localizado na superfície medial do cérebro, controla as 
emoções e as funções de aprendizado e da memória. 
Duas áreas cerebrais têm posição de destaque sobre as emoções, o córtex 
pré-frontal e o sistema límbico. Na parte da frente da nossa cabeça, o córtex pré-
frontal funciona como uma central de dados que se faz o processamento 
emocional e monitoram-se outras áreas cerebrais. Sua parte medial integra 
informações do sistema límbico, que abrange outras estruturas cerebrais e faz o 
processamento das emoções em nível bioquímico. Além disso, o córtex pré-frontal 
está vinculado à tomada de decisão por meio de respostas emocionais. Para 
Santos e Hakme (2011), o córtex pré-frontal atua em momentos em que a pessoa 
se assusta ou fica zangada e controla o sentimento para resolvera situação: “Essa 
região neocortical do cérebro traz uma resposta mais analítica ou adequada aos 
nossos impulsos emocionais, modulando a amígdala e outras áreas límbicas. 
O sistema límbico, que também atua no funcionamento social da pessoa 
(Seruca, 2013), é composto por várias estruturas cerebrais interconectadas entre 
si. O hipotálamo, que representa 1% do tamanho do cérebro, está localizado na 
direção do centro e na parte interna do cérebro. É uma estrutura cerebral pequena, 
formada por núcleos e fibras, que controla funções vegetativas e endócrinas do 
corpo e também aspectos do comportamento emocional. 
Saiba mais 
 Hipotálamo é uma pequena estrutura cerebral que é vital para a regulação da 
temperatura, a emoção, o comportamento sexual e a motivação. 
 Amígdala é uma estrutura cerebral com papel vital no aprender a associar as 
coisas no mundo com respostas emocionais para processar informações 
emocionais. 
 
 
13 
A amígdala tem aparência de uma amêndoa e está vinculada a várias 
respostas emocionais como amor, medo e raiva. Estudos apontam que a retirada 
dessa área cerebral de animais provocou comportamento agressivo. Podemos 
nos referir à amígdala como uma espécie de “guardiã das emoções”, capaz de 
nos fazer fugir de situações perigosas, mas também nos fazer lembrar de traumas 
da infância e de sofrimentos registrados na memória. Quando uma sensação de 
raiva, por exemplo, coincide com um comportamento agressivo ou hostil, a 
amígdala está ativada, como acontece também com o medo e a ansiedade 
(Dougherty, 2019). As expressões faciais podem se estender além das emoções 
básicas, com exibição de padrões cognitivos e sociais mais complexos, sugerindo 
que danos à amígdala podem prejudicar essas áreas (Shaw et al., 2005). 
O hipocampo é quem leva as informações para a amígdala e pode ser a 
origem de emoções extremas localizadas no registro de lembranças pessoais. 
Uma lesão no hipocampo provoca danos à memória do indivíduo. De acordo com 
Gazzaniga e Heatherton (2005, p. 328), nos dias de hoje, sabe-se que “o 
hipocampo é extremamente importante para a memória e o hipotálamo, para 
motivação”. 
O giro cingulado serve de caminho entre o tálamo (pequena estrutura 
acima do hipotálamo) e o hipocampo, e está relacionado á lembrança de situações 
emocionais intensas. Depressão, ansiedade e agressividade, segundo Vanderson 
et al. (2008, p. 58), estão intimamente relacionados ao giro cingulado, 
“observando-se, em humanos, lentidão mental em casos de lesão dessa estrutura. 
Auxilia na determinação dos conteúdos da memória, observando-se significativo 
aumento de sua atividade quando as pessoas recorrem à mentira”. 
Uma estrutura que está relacionada à integração entre emoção e razão é a 
ínsula, cujo conhecimento pelos pesquisadores ainda é pequeno, mas que 
permite localizá-la no campo da empatia. A explicação de Vanderson et al. (2008) 
é de que ela “é ativada durante a indução de recordações de momentos vividos 
por um indivíduo, as quais provoquem uma sensação específica, seja de 
felicidade, tristeza, prazer, raiva ou qualquer outra”. 
Passando para outras áreas cerebrais, a área tegmentar ventral é um 
agrupamento de neurônios na parte superior do tronco encefálico envolvido com 
emoções e amor. Nela, estão localizadas as vias da dopamina (neurotransmissor 
do humor). 
 
 
14 
O córtex orbitofrontal, localizado na parte frontal do cérebro, pouco acima 
das orbitas oculares, está relacionado à personalidade e às emoções, 
especialmente nas relações sociais. 
No tronco encefálico, núcleos de nervos cranianos, viscerais ou 
somáticos, quando ativados por impulsos nervosos, provocam emoções que são 
representadas pelo choro, pela expressão facial, por respostas fisiológicas como 
sudorese, salivação e aumento do ritmo cardíaco, entre outros. 
 
 
 
15 
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