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10/11/2017 1 Cláudia Daud @nutri_claudiadaud Reações adversas aos alimentos Qualquer reação anormal à ingestão de alimentos ou aditivos alimentares REAÇÕES ADVERSAS TÓXICAS IgE não IgE TOXINA BACTERIANA EFEITOS FARMACOLÓGICOS IMUNES Alergia Alimentar NÃO IMUNES Intolerância NÃO TÓXICAS Adverse Reactions to Food: Position Paper. Allergy 1995; 50:623-635 10/11/2017 2 LEITE OVO PEIXE OUTROS Alérgeno alimentar x Idade 10 ANO 20 ANO >2 ANOS 0% 20% 40% 60% 80% 100% ( Crespo et al, 1995 ) • crianças - 90% - leite vaca, ovo, soja, amendoim, trigo • adolescentes / adultos - 85% - amendoim, peixe, frutos do mar, castanhas Sampson HA- J Allergy Clin Immunol,1999 Alérgeno alimentar x Idade Alergia Alimentar • Amplo espectro de apresentações • Mecanismo fisiopatológico muito complexo • Multifatorial • Diagnóstico errado e tratamento errado implicam em potencial risco de morte e/ou comprometimento crônico da saúde e do crescimento • Apesar de mais comum continua enigmática!! Fatores de Risco para Alergia Alimentar � Características genéticas � Imaturidade do Sistema Imune de Mucosas � Introdução precoce de Alimentos Sólidos < 4 meses � Falhas nos mecanismos de defesa do TGI � Alterações da permeabilidade da mucosa � Interações Inadequadas com a flora comensal � Alterações Imunológicas � Infecções gastrintestinais 10/11/2017 3 Alergia Alimentar IgE-mediada Sintomas imediatos até 2 horas Mista Não IgE- mediada Sintomas tardios > 2 horas até 3-7 dias Pele • Urticária • Angioedema • Urticária de contato aguda • Dermatite atópica Gastrointestinal • Diarréia • Vômitos • Regurgitações • Sangue nas fezes • Distensão abdominal • Sd Alergia Oral Respiratório • Rinite • Broncoespasmo • Asma Sistêmico • Choque / hipotensão • Déficit pondero- estatural • Irritabilidade • Alteração de sono Raramente sintomas isolados!!! Diagnóstico • Diagnóstico é fundamentalmente clínico! História clínica + provocação!! – Descrição dos sintomas – Idade início sintomas – Tempo entre ingestão e sintomas – Alimento envolvido – Quantidade alimento – Fatores associados ( Bock, AS - JPGN, 30:520, 2000 ) DIÁRIO ALIMENTAR Quando suspeitar? 1. Sintomas imediatos e reprodutíveis (+ pele e resp) 2. Reação grave - Anafilaxia 3. Sintomas tardios (+ digestivos) 4. Sangue nas fezes no lactente jovem 5. Baixo peso, irritabilidade, sono ruim 6. Desaceleração na curva de peso – << 2 anos 7. DRGE resistente 8. Dermatite atópica grave (ovo) 9. Cuidado na confusão com Intolerância a lactose!! 10/11/2017 4 Consenso Brasileiro sobre Alergia Alimentar 2007. Rev Med Minas Gerais 2008;18(1Supl1):S1-S44 DRACMA - WAO Journal, April 2010 O que fazer quando suspeitar? Exceção para provocação: suspeita de anafilaxia / reação grave = encaminhar O que fazer ao se confirmar alergia: • Dieta de exclusão!! • Dieta nutricionalmente adequada!! • < 2 anos = fórmula infantil substituta adequada • > 2 anos = Suplementação de cálcio • Programar desencadeamento para 4-6 meses Tratamento • O único tratamento comprovadamente eficaz é a exclusão completa do alérgeno da dieta!!! � Conscientização paciente / família � Educação / informação � Alternativas de substituição � Manutenção necessidades nutricionais � Manutenção qualidade vida •Solé D et al. Consenso Brasileiro sobre Alergia Alimentar 2007. Rev Med Minas Gerais 2008;18(1Supl1):S1-S4 •DRACMA 2010 WAO Journal 10/11/2017 5 Se possível: • Manter Aleitamento Materno com dieta de exclusão rigorosa para a mãe e suplementação de cálcio Fórmulas Infantis Especiais • NÃO são tratamento de APLV, mas sim alternativas nutricionalmente adequadas ao consumo pela criança alérgica!!! • Em termos nutricionais energéticos, fórmulas de soja, extensamente hidrolisadas e elementares (de aminoácidos) são semelhantes. Alternativas dietéticas para substituição de leite de vaca � Fórmula de proteína isolada de soja � Hidrolisados de proteína de leite de vaca � Dietas elementares Hidrólise e alergenicidade ALERGENICIDADE PROTEÍNA INTACTA PARCIALMENTE EXTENSAMENTE AMINOÁCIDOS 1500 DALTONS 10/11/2017 6 FÓRMULAS INFANTIS EXTENSAMENTE HIDROLISADAS FÓRMULAS À BASE DE AMINOÁCIDOS Fórmulas extensamente hidrolisadas são a primeira escolha para APLV não-IgE mediada, APLV mista e APLV IgE mediada em menores de 6 meses de vida! Fórmulas à base de soja • Em 2006: comentário do comitê de nutrição do ESPGHAN quanto ao uso de fórmula de soja, pela preocupação com conteúdo de: – Fitatos – Alumínio – Fitoestrógenos Agostoni et al. JPGN 2006; 42: 352-361. Efeitos Adversos 10/11/2017 7 FÓRMULAS INFANTIS À BASE DE SOJA Bebidas à base de soja • Extrato de soja • Fator anti-nutricional • Sabor intenso • Não fornece ácidos graxos essenciais Não devem ser utilizadas no primeiro ano de vida • É importante ressaltar que caso não haja melhora clínica com uso de fórmulas especiais, desde que a dieta de exclusão seja rigorosa, outro diagnóstico deve ser considerado e investigado. Orientação nutricional - Dieta geral, horários - Mamadas – volume, etapas, intervalos, aditivos - Orientações de rotulagem, sinônimos de leite e soja - receitas sem o alérgeno - Fontes ricas em cálcio - Estratégias de adesão a dieta saudável - Alternativas alimentares saudáveis 10/11/2017 8 • Ingredientes que contém ou podem conter leite de vaca: – aroma de queijo, caseína, caseinato, lactoalbumina, lactoglobulina, lactose, lactulose, proteínas do soro, soro de leite, sabor manteiga, sabor caramelo, sabor creme, sabor creme de côco, sabor açúcar queimado, sabor iogurte, sabor leite condensado, sabor nata, sabor queijo, whey protein, traços de leite, gorduras do leite, sólidos do leite com ou sem gordura. Rotulagem • Lei específica, muito recente, em fase de adaptação • Muitos sinônimos • Contaminação da linha de produção • Alterações nos produtos sem aviso prévio • “Pode conter traços”??? Outras Alergias Alimentares... Alergia às proteínas do ovo • Segundo principal alérgeno alimentar • Prevalência de alergia �variável � 1,6% em crianças até 2,5 anos �crianças com dermatite atópica: até 35% Oehling A et al. Allergy, 1998 • História Natural de Tolerância – 66% dos pacientes após os 5 anos de idade Boyano-Martinez T et al. J Allergy Clin Immunol, 2002 10/11/2017 9 Soja • Potente alérgeno • Exposição involuntária industrializados • Alergia soja em pacientes APLV – 14 - 50% Alergia a Amendoim • Aumento da incidência e prevalência • Principal causa de reações graves relacionadas à alergia alimentar nos Estados Unidos • 50% dos óbitos por alergia alimentar • Processamento : torrado > alergenicidade • Tolerância apenas em 20% Peixes • Alto risco para desenvolver reações clínicas com outros peixes ( 39%-56%) • Reações clínicas podem ser graves • Processamento pode alterar alergenicidade • Necessidade testes provocação para avaliar reatividade com outras espécies Crustáceos Tropomiosina • Camarão, lagosta, caranguejo, • Ostras, lula, vieiras • Parasitas- Anisakis • Baratas • Ácaros 10/11/2017 10 Síndrome pólens – frutas � Proteínas lábeis de frutas frescas e vegetais com homologia para proteínas de pólens � Sensibilização primária – pólens � Tolerância com frutas processadas � Epidemiologia depende polinose Síndrome látex-frutas • Manifestações clínicas resultantes da reatividade cruzada entre proteínas do látex e proteínas de frutas • Banana, abacate, kiwi, castanhas Síndrome Látex-Fruta Elevada Associação Moderada Associação Banana Maçã Abacate Cenoura Kiwi Tomate Batata Melão Papaia Aipo Alergia alimentar Reações cruzadas entre alimentos Alergia Reação Cruzada % Risco Alergia Reação Cruzada % Risco Sicherer SH, JACI 2001 10/11/2017 11 Prevenção Primária: Aleitamento materno exclusivo!!!Janela de tolerância? > Risco janela >Risco resolução Nascimento 3-4m? 6- 7m? >12m Fatores que influenciam a capacidade de desenvolvimento da tolerância: -Microflora intestinal adequada -Predisposição genética -Propriedades dos alérgenos (dose, intervalo, momento, preparo) -Permeabilidade / maturidade / pH do intestino -Manutenção do aleitamento materno? -Outros fatores imunomoduladores (ácidos graxos? Estresse? Antioxidantes?) ? Pediatr Allergy Immunol 2008; 19:375-80 E para meu próximo filho??? Prevenção Primária Recomendações sobre alimentação para prevenção de doenças atópicas em lactentes de risco Intervenção AAP 2008 ESPGHAN 2008; EAACI 2008 Manual de Alimentação SBP 2008 Restrição alimentar durante a gestação Não há evidência de benefícios. Não há evidência de benefícios. Não há evidência de benefícios. Aleitamento materno exclusivo Pelo menos até 4º mês Pelo menos até 4º mês, ideal até 6º mês Até 6º mês Restrições durante lactação Efeito discreto apenas na Dermatite atópica Não há evidência de benefícios. Não há evidência de benefícios. Alimentação complementar Introdução entre 4- 6meses, sem restrição de nenhum alimento Introdução não deve ocorrer antes de 17 semanas nem depois de 26 semanas. Sem restrição. Introdução a partir de 6º mês. Sem restrição de alimento. MS: a partir 4 meses 10/11/2017 12 • Manter Aleitamento Materno Exclusivo por pelo menos 4 a 6 meses • Ômega 3 • Parto Aconselhamento futuro Intolerâncias Alimentares • São consequências de deficiência ou ausência de enzimas que digerem alimentos - • Podem estar associadas a Erros Inatos do Metabolismo • Definitiva ou transitória (pós-GECA) • “Dose-dependente” • O sistema imunológico, não está envolvido As reações de intolerância alimentar incluem: • Liberação não-alérgica de histamina. Os mariscos e os morangos →erupção cutânea. • Defeitos nas enzimas (lactose, frutose e glicose) • Reações farmacológicas - resposta a componentes alimentares, como as aminas (chá, café, bebidas de cola e chocolate) → enxaqueca, tremores, sudorese e palpitações. • Efeitos irritantes - podem irritar o intestino (curry) Intolerâncias Alimentares 10/11/2017 13 Intolerância à Lactose • A intolerância mais comum - incapacidade de aproveitarmos a lactose (hipolactasia) →alterações abdominais nas primeiras horas após o consumo. • Este problema ocorre com cerca de 40% dos brasileiros. • Pode ser: – GENÉTICA Congênita, que se manifesta em recém- nascidos e é uma condição permanente. – ADQUIRIDA Manifesta-se após uma inflamação ou algum dano permanente na mucosa intestinal – TRANSITÓRIA Condição temporária causada por dano à mucosa intestinal • Ingestão de alimentos com lactose � a lactose não hidrolisada, não atravessa a parede intestinal � intestino grosso � fermentação por bactérias = produção de ácido lático e gases. • Teste de tolerância à lactose-curva glicêmica – Glicemia de jejum – Ingere lactose dose de 50g (~ 1 litro de leite) – Curva glicêmica- 15, 30, 60 e 90min. – Aumento menor de 20 mg/dL na glicemia sugere má digestão de lactose, pode se acompanhar de sintomas. Intolerância à Lactose • A quantidade de lactose necessária para desencadear alguma reação no organismo varia de indivíduo para indivíduo, dependendo da quantidade de lactose ingerida, fracionamento desta ingestão ao longo do dia e do grau de deficiência de lactase • Maioria das pessoas pode ingerir até 12g por dia de lactose, o que equivale, em média, a um copo de leite ou dois potes e meio de iogurte • Os produtos lácteos que são submetidos ao processo de fermentação são mais bem tolerados, como alguns queijos e os iogurtes • Existem no mercado produtos com teor reduzido de lactose. 10/11/2017 14 Intolerância à Frutose • Má absorção da frutose (MAF) – A frutose é transportada através do epitélio intestinal por um mecanismo facilitador denominado GLUT 5 (transportador facilitador de hexose. Intolerância ou má absorção de frutose é causado por um defeito no sistema de transporte de GLUT-5. – Essa condição pode estar relacionada a um desequilíbrio na microbiota intestinal, mas também pode estar associada a algum distúrbio gastrointestinal, como a síndrome do intestino irritável Intolerância à Frutose • Reações: – Flatulência, – Diarreia, – Dor e distensão abdominal • A intolerância hereditária à frutose –ausência de aldolase B, responsável pela clivagem da frutose-1-fosfato. Intolerância à Frutose • Para diagnosticar a MAF, é necessária a análise detalhada do histórico clínico em conjunto com a investigação laboratorial, – Teste do Hidrogênio Expirado é considerado o padrão ouro. – Análise da glicose sanguínea após consumir uma carga de frutose • Curva glicêmica- Jejum, 30, 60 e 90min. • Aumento menor de 20 mg/dL na glicemia sugere má digestão de frutose, pode se acompanhar de sintomas. 10/11/2017 15 Intolerância à Frutose • Restrição dietética desse carboidrato tem como objetivo o alívio dos sintomas e melhora da qualidade de vida ALIMENTOS NÃO RECOMENDADOS: • Frutas exceto de baixo teor conforme tolerância, • Leguminosas e Oleaginosas (feijão, ervilha, grão de bico, lentilha, vagem, amendoim, amêndoas, castanhas, nozes) • Tubérculos - batata doce, mandioquinha • Hortaliças - beterraba, repolho, cenoura, tomate, abóbora, berinjela, conservas de legumes em geral • Temperos - catchup, mostarda, molho inglês, molhos prontos, massa de tomate, caldo de carne, galinha, legumes, etc. industrializados • Açúcares - SACAROSE, FRUTOSE OU SORBITOL - açúcar cristal, mascavo e refinado, amido de milho invertido, mel, melado, rapadura, balas, chicletes, pirulitos, chocolates, doces caseiros ou industrializados, sorvetes, gelatinas com sabor e açúcar, pudins, compotas doces, etc. ALIMENTOS COM MENOR TEOR DE FRUTOSE • Frutas: – Mamão papaia – Romã – Caqui – Limão – Goiaba – Acerola – Laranja lima/ Ilha – Uva passa – Água de coco – Caju – Maracujá – Abacate • Hortaliças - Abobrinha, aipo, alho-poró, aspargos, chuchu, pepino, rabanete, nabo, brócolis, couve-flor, salsão, pimentão, palmito, cogumelo, folhas alface, acelga, agrião, escarola, couve-manteiga, chicória, mostarda, rúcula • Cereais - arroz, trigo, milho, batata, mandioca, aveia e seus derivados • Carnes em geral exceto embutidos • Temperos - vinagre, mostarda em grãos, noz moscada, cheiro- verde, alho, orégano, cebola e alho em pequena quantidade, colorau, coentro • Açúcares - polímeros de glicose / maltodextrina (Resource Dextrosol, Oligossac, Nutri Dextrin, Nidex); Gelatina sem sabor, Gelatina diet, adoçante em gotas (de preferência sucralose - Linea) 10/11/2017 16 Intolerância Cada indivíduo tem a sua própria tolerância e a descoberta da quantidade de ingestão é individual @nutri_claudiadaud
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