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1 Sólidos iônicos EMPACOTAMENTO DE ESFERAS, RETÍCULO E CÉLULA UNITÁRIA, PROPRIEDADES DOS SÓLIDOS IÔNICOS, DENSIDADE DOS SÓLIDOS IÔNICOS, ENERGIA RETICULAR, POLARIZAÇÃO E COVALÊNCIA E DEFEITOS DE SCHOTTKY E FRENKEL A maioria dos compostos inorgânicos são encontrados na natureza na forma sólida. A ligação química que ocorre entre os átomos influencia diretamente na formação estrutural destes sólidos. Empacotamento de esferas Empacotamento compacto (EC) Essa estrutura é formada a partir de esferas iguais colocadas de modo a restar o mínimo de espaço possível entre elas. Imagem 1— Empacotamento cúbico compacto (arranjo ABC). Fonte: http://gg.gg/120q33 1ª camada: cada esfera é rodeada por seis outras, com um pequeno espaço vazio entre elas. 2ª camada: uma esfera sobre cada espaço deixado na primeira camada. 3ª camada: uma esfera sobre os espaços que restaram após a colocação da segunda camada (empacotamento cúbico compacto). Imagem 2— Empacotamento hexagonal compacto (arranjo ABA). Fonte: http://gg.gg/120q33 1ª camada: cada esfera é rodeada por seis outras esferas, com um pequeno espaço vazio entre elas. 2ª camada: uma esfera sobre cada espaço deixado na primeira camada. 3ª camada: uma esfera sobre a esfera da primeira camada (empacotamento hexagonal compacto). Os espaços que restam entre as esferas, são chamados interstícios e podem ser tetraédricos (espaços rodeados por quatro esferas) ou octaédricas (rodeados por seis esferas), estes são maiores. O número de coordenação é o número total de esferas que rodeiam uma esfera. No empacotamento compacto, o número de coordenação é 12, em ambos arranjos. Estrutura cúbica de corpo centrado (CCC) É menos eficiente em relação ao empacotamento compacto, mas ainda assim é utilizado por alguns metais. Sua eficiência é de 68% e seu número de coordenação é 8. Imagem 2—Representação da estrutura cúbica de corpo centrado. Fonte: http://gg.gg/120q7i Estrutura cúbica primitiva (CP) Esta estrutura é a de menor eficiência (52%), nenhum interstício é coberto e seu número de coordenação é 6. Apenas o metal polônio (Po) se cristaliza dessa maneira. 2 Imagem 3—Representação da estrutura cúbica primitiva. Fonte: http://gg.gg/120q7i Estrutura cúbica de face centrada Esta possui átomos localizados em cada um dos cantos e nos centros de todas as faces do cubo. O cobre, o alumínio, a prata e o ouro são alguns metais que possuem esta estrutura cristalina. Imagem 4—Representação da estrutura cúbica de face centrada. Fonte:http://gg.gg/120xvw Retículo e Célula unitária O retículo ou rede cristalina é um arranjo regular e repetitivo das esferas em um mesmo plano. Já a célula unitária é um arranjo que, repetido de forma infinita, reproduz o arranjo total. Propriedades dos sólidos iônicos Os íons que compõem o sólido são duros e quebradiços, possuem ponto de fusão elevado, não conduzem eletricidade e, normalmente, são solúveis em solventes polares. Cálculos em estruturas cristalinas Números de íons em uma célula unitária Em cada vértice(V) do cubo é contabilizado como ⅛ de esfera, na aresta(A) ¼ de esfera, na face(F) ½ de esfera e no centro(C) uma esfera inteira. Nesse caso, o número de íons em uma célula unitária é contabilizada da seguinte forma. Í𝑜𝑛𝑠 = 18 × 𝑉 + 1 4 × 𝐴 + 1 2 × 𝐹 + 𝐶 Por exemplo, em uma célula unitária de corpo centrado, tem-se uma esfera em cada vértice e uma centro, ou seja: Í𝑜𝑛𝑠 = 18 × 8 + 1 Í𝑜𝑛𝑠 = 2 Densidade A densidade de uma estrutura metálica é calculada por meio da seguinte forma. 𝐷(𝑔/𝑐𝑚 3) = 𝑛 × 𝐴𝑉𝑐 × 𝑁𝑎 Onde: n = número de átomos da célula unitária. A = massa atômica. Vc = volume da célula unitária, de forma que V = aresta3 Na = número de avogadro (6,02 1023)× A densidade de um sólido iônico é calculada por meio da seguinte forma. 𝐷(𝑔/𝑐𝑚 3) = 𝑛 × 𝐴𝑉𝑐 × 𝑁𝑎 Onde: n = número de fórmulas dentro da célula unitária. Aspectos energéticos O processo de formação de um sólido iônico é exotérmico, ou seja, libera energia. A energia reticular (U) é a variação de entalpia padrão de formação de 1 mol de cristal a partir dos íons gasosos, e pode ser obtida, experimentalmente, a partir do ciclo de Born-Haber, da seguinte forma. Na+(g) + Cl-(g) → NaCl (s) 3 U = º = -787KJ/mol∆𝐻 Imagem 5—Ciclo de Born-Haber para o cloreto de sódio. Fonte: arquivo pessoal. ∆H (kJ/mol) ΔHf -411,1 ΔHS +108 EINa +495,8 ΔHD +242 AECl -349 ∆𝐻° 𝐹 = ∆𝐻 𝑆 + 𝐸𝐼 + 12 ∆𝐻 𝐷 + 𝐴𝐸 + 𝑈 − 411, 1 = 108 + 495, 8 + 121 − 349 + 𝑈 − 411, 1 = 375, 8 + 𝑈 𝑈 𝑁𝑎𝐶𝑙 = − 786, 9 𝐾𝐽/𝑚𝑜𝑙 Polarização e covalência De modo geral, um composto iônico é formado por um metal e um ametal, mas há uma exceção quando os elétrons mais externos do ânion vão em direção ao cátion, criando um grau de covalência entre os íons e causando uma distorção da nuvem eletrônica em direção ao cátion. A polarização é a distorção da forma esférica da densidade eletrônica do ânion. O poder polarizante é inerente ao cátion e corresponde a capacidade do mesmo de distorcer a nuvem eletrônica do ânion. A polarizabilidade diz respeito ao ânion e condiz com a capacidade do mesmo de ter sua nuvem eletrônica distorcida pelo cátion. Ambos são quantificados por meio das três regras de Fajans. Primeira regra de Fajans O cátion terá maior poder polarizante se for pequeno e altamente carregado. Além disso, a partir da densidade de carga do cátion, sabe-se o caráter covalente de uma ligação química de forma que, quanto maior a densidade, mais covalente é a ligação e maior poder polarizante o cátion tem. Para calcular a densidade de carga do cátion, usa-se: 𝑑 = 𝑛° 𝑢𝑛𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 𝑑𝑒 𝑐𝑎𝑟𝑔𝑎 × 𝑐𝑎𝑟𝑔𝑎 𝑑𝑜 𝑝𝑟ó𝑡𝑜𝑛𝑣𝑜𝑙𝑢𝑚𝑒 𝑑𝑜 í𝑜𝑛 Além disso, o ponto de fusão é um bom indicador do grau de covalência, visto que todo composto iônico tem um ponto de fusão muito alto. Quanto maior a carga do cátion, menor é seu raio e maior é a tendência a polarizar a nuvem eletrônica do ânion em um composto iônico. Segunda regra de Fajans Um ânion será mais facilmente polarizado se for grande e altamente carregado. Ou seja, os ânions que possuem maior raio e densidade eletrônica mais alta são os que têm maior capacidade de serem polarizados. Terceira regra de Fajans A polarização é favorecida por cátions que não possuem configuração de gás nobre. Ou seja, um cátion com configuração de gás nobre é menor polarizante. 4 ↑ Raio ↓ Caráter Iônico ↑ Ponto de fusão/ebulição ↑ Poder polarizante do cátion ↑ Raio ↑ Polarizabilidade do ânion Defeitos na estrutura cristalina Os sólidos iônicos têm tendência de adquirir defeitos com aumento da temperatura. Tais defeitos podem ser intrínsecos, que ocorrem no material puro ou extrínsecos, provocados pela presença de impurezas no sólido. Defeitos intrínsecos O defeito de Schottky altera a estrutura do sólido, mas não a estequiometria da substância, pois o mesmo consiste na perda de cátions e ânions na proporção estequiométrica. Este ocorre nos sólidos tipicamente iônicos e a densidade do sólido deve ser menor após o defeito. Enquanto no defeito de Frenkel um dos íons é deslocado para um interstício. Este ocorre com sólidos com certo caráter iônico. Defeitos pontuais não estequiométricos Estes são caracterizados pelo excesso ou falta de íons metálicos. Por exemplo, caso ocorra a ausência de um íon negativo, a neutralidade do sólido pode ser mantida através de um elétron adicionado em sítio vazio. Já quando ocorre o excesso, os íons ocupam os interstícios.
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