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Sistema Judiciário 
Brasileiro: estrutura
 
SST
Fernandes, Raquel
Sistema Judiciário Brasileiro: estrutura / Raquel Fernan-
des
Ano: 2020
nº de p.:
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Sistema Judiciário 
Brasileiro: estrutura
Apresentação
O ordenamento jurídico brasileiro é bastante amplo e bastante completo. O 
sistema brasileiro considera que toda questão levada ao Judiciário deve sempre 
ser resolvida, seja utilizando a lei ou as demais fontes do Direito. Isso quer dizer 
que não haverá uma omissão do Poder Judiciário na resolução de alguma questão. 
Entender como funciona o ordenamento jurídico brasileiro é importante para todos 
os operadores jurídicos.
Os poderes constituídos: Executivo, Legislativo e Judiciário, possuem sua 
atribuições muito claramente definidas na Constituição Federal. Antes de falarmos 
sobre a estrutura do Poder Judiciário, é necessário conhecer a origem histórica 
dessa estrutura e, assim, primeiramente, vamos fazer a distinção entre Estado e 
governo. Você precisará dessa introdução e dos conceitos que serão apresentados 
para entender a separação de poderes.
Diferença entre Estado e governo
Estado é o conjunto de instituições sociais que constituem a organização política 
de um povo em um território. Já governo é o conjunto de pessoas que exercem 
o Poder Executivo e é exercido por meio de formas e sistemas de governo, como
monarquia, república, presidencialismo, parlamentarismo e semi-presidencialismo.
Assim, em uma primeira aproximação, podemos entender que o governo é o grupo
de pessoas que representa o Estado.
História dos sistemas de governo
Maquiavel, em sua obra O Príncipe, traz duas formas de governo, sendo elas a 
monarquia e a república, pois, para ele, o governo poderia ser exercido por uma só 
pessoa ou por muitas. Assim, a natureza da vontade, na monarquia, é individual, e, 
na república, é coletiva.
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Governos monárquicos caracterizaram o Estado Moderno. Escritores políticos 
do século XV ao XVIII enalteciam a superioridade da monarquia, e o sucesso das 
monarquias europeias representava evolução.
Na contramão, estava os EUA, que, no final do século XVIII, adotaram a república 
como forma de governo. O movimento que levou à independência das treze colônias 
inglesas da América do Norte trouxe a ideia de repúdio à monarquia e de que essa 
forma de governo estava ultrapassada.
A monarquia foi perdendo força e, com o fim da Primeira Guerra Mundial, aumentou 
o desaparecimento das monarquias, que foram substituídas por governos 
republicanos. Após a Segunda Guerra Mundial, esse processo ficou ainda mais 
evidente com as independências das colônias europeias na Ásia e na África.
As monarquias, ainda existentes nos dias de hoje, são constituídas de traços de 
governo misto, ou seja, um pouco de monarquia e um pouco de república. Nesse 
caso, os parlamentos desempenham papel cada vez mais significativo, reduzindo, 
assim, o papel do monarca.
Você sabia que o termo maquiavélico surgiu da obra O Príncipe, de 
Maquiavel? Maquiavel achava que é sempre preferível fazer uso da 
lei, mas quando ela não fosse suficiente, o caminho seria a força. 
Por isso, o termo maquiavélico tem uma conotação negativa.
Saiba mais
Sistema presidencialista
É importante conhecermos um pouco sobre a distinção entre este sistema 
e o sistema parlamentarista. Uma das diferenças entre os sistemas é que o 
presidencialismo nasceu dos constituintes americanos na época da independência 
das treze colônias inglesas. Já o parlamentarismo é fruto de uma longa tradição 
histórica.
O presidencialismo e o parlamentarismo são formas diferentes de disciplinar as 
relações entre o Poder Executivo e o Poder Legislativo. Entretanto, é importante 
que você saiba que no parlamentarismo o poder é exercido pelo Poder Legislativo, 
nesse caso, representado pelo Parlamento, e que os ramos do Poder Executivo e 
do Poder Legislativo são interligados. Além disso, o chefe de Estado, geralmente, 
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é representado por pessoa distinta da do chefe de governo. Diferentemente do 
presidencialismo em que o comando do Poder Executivo é ocupado pelo presidente 
da República. Abaixo, vemos o Palácio do Planalto, onde fica instalado o Presidente 
da República.
Palácio do Planalto, Brasília - DF
Fonte: Deduca, 2020.
Nesse sentido, no presidencialismo, o presidente da República exerce as funções 
de chefe de Estado e chefe de governo. Enquanto chefe de governo, o presidente da 
República traça as linhas de ações a serem seguidas pelos órgãos do país e, com 
isso, participa diretamente da administração do Estado. Além disso, desempenha 
papel político, no sentido de se aproximar do Poder Legislativo e, assim, buscar 
consenso para a execução de um bom governo.
Enquanto chefe de Estado, o presidente simboliza a unidade nacional, é o 
representante máximo do país, da nação, perante o mundo.
O presidente da República conta com a colaboração de um grupo de auxiliares. Isso 
acontece devido à complexidade e quantidade de trabalhos que ele tem. Esse grupo 
é integrado por ministros de Estado e pelos diretores de órgãos estatais, que são 
nomeados livremente pelo presidente da República.
Quando ouvimos que nosso país tem ministro da saúde, ministro da educação etc., 
estão sendo referenciados os ministros de que falamos anteriormente. 
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Pense que seria humanamente impossível para o presidente saber 
tudo o que se passa no Brasil e trabalhar sozinho em todos os 
setores, como saúde, educação, transporte etc., pois não podemos 
nos esquecer de que o nosso país é extenso territorialmente 
e repleto de diferenças econômicas e culturais. Dessa forma, é 
primordial que o presidente tenha pessoas de confiança que 
possam auxiliá-lo nos trabalhos.
Reflita
No presidencialismo, o Poder Legislativo e o Poder Executivo são independentes. 
Mas o que isso quer dizer? Quer dizer que os elementos desses poderes (deputados, 
senadores e presidente da República) não podem interferir nos trabalhos uns dos 
outros. Assim, o presidente da República não pode ser destituído pelo Congresso 
Nacional (Câmara dos Deputados Federais e Senado Federal), com exceção do 
cometimento de crime de responsabilidade. No mesmo sentido, o Congresso não 
pode ser dissolvido pelo presidente da República mediante a convocação de novas 
eleições.
Nessa esteira, percebe-se que foram eliminados os princípios da hereditariedade e 
da vitaliciedade, marcas da monarquia, ou seja, o poder não é mais passado de uma 
pessoa para outra por motivos de parentesco e também não é mais vitalício.
Assim, o presidente da República é escolhido em eleições periódicas que tem a 
participação de todos os cidadãos, através do voto popular, com exceções à idade 
e à nacionalidade. A eleição é direta, ou seja, o candidato é escolhido diretamente 
pelo povo, e não por um colegiado ou assembleia.
Também apresentamos que os Poderes Legislativo e Executivo não interferem um 
no outro. Entretanto, há a possibilidade de que o presidente participe de processo 
Legislativo através da apresentação de projetos de lei de assuntos que ele julgar 
relevantes. Além disso, a ele também compete sancionar ou vetar projetos de lei 
submetidos à sanção presidencial, ou seja, ele pode aprovar ou não um projeto de 
lei. Isso não significa que o veto do presidente é absoluto.
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Estado Democrático de Direito
Quando dizemos que, no Brasil, vivemos em um Estado Democrático de Direito 
significa que o nosso país garante o respeito às liberdades civis, ou seja, respeita os 
Direitos Humanos e Fundamentais através de proteção jurídica e o império da lei.
Aqui, também, podemos trazer a ideia de que o Estado só é democrático se respeita 
a integralidade da tripartição de poderes, a qual veremos a seguir.
Você acha que o Brasil garante o respeito às liberdades civis e 
respeita os Direitos Humanos e Fundamentais, sendo, assim, um 
Estado Democrático de Direito?
Reflita
Tripartição de Poderes
O art. 2º da Constituição Federalde 1988 estabelece a tripartição de poderes: “São 
poderes da União, independentes e harmônicos entre si, o Legislativo, o Executivo e 
o Judiciário” (BRASIL, 1988).
Assim, a tripartição de Poderes tem o objetivo de organizar o poder ou as funções 
do Estado de forma que eles não se concentrem em uma só representação. 
Isso traz segurança para o país, pois não é prudente que o poder fique restrito 
e concentrado somente a um órgão ou representante, uma vez que tal situação 
poderia acarretar decisões arbitrárias e violação de direitos.
A tripartição de Poderes tem origem na Grécia Antiga e grande influência do 
Princípio da Separação de Poderes definido por Montesquieu. É interessante o fato 
de que os Estados Unidos mais uma vez influenciaram a política mundial, antes, 
com a influência da escolha por uma forma de governo republicana e, agora, com a 
incorporação da tripartição de Poderes em sua Constituição de 17 de setembro de 
1787.
No Brasil, o Princípio da Separação de Poderes sempre foi um princípio 
fundamental, tanto que esteve presente na Constituição do Império e nas 
Constituições seguintes.
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A harmonia e a independência entre os Poderes
É possível identificar a harmonia entre os Poderes através do respeito dos direitos 
e faculdades a que todos têm. Além disso, não há nenhum tipo de hierarquia entre 
eles, sendo independentes.
Assim, surgiu a ideia de um sistema de pesos e contrapesos. Esse sistema 
sugere que cada poder é autônomo e deve exercer a sua função. Pode até parecer 
contraditório, mas esse sistema também traz a ideia de que um poder deve ser 
controlado pelos outros poderes. Mas eles não são independentes? Sim, são. 
Entretanto, esse controle é uma forma de conter abusos que um poder proporcione, 
garantindo o bem da coletividade.
Nesse contexto, os pesos acontecem quando um poder controla o outro, para que 
não aconteçam abusos, e os contrapesos são representados pela independência 
dos poderes na medida em que possuem funções distintas. E é sempre bom 
lembrar que um poder não pode interferir na função do outro.
Quando o presidente da República veta ou sanciona uma lei, ele 
está exercendo o sistema de peso em relação ao Poder Legislativo, 
pois espera-se que o presidente verifique se o Legislativo cometeu 
algum tipo de abuso e de violação de direitos ao editar a norma. 
Nesse mesmo contexto, o presidente não pode interferir no Poder 
Judiciário, mas é o responsável por nomear os Ministros dos 
Tribunais Superiores.
Reflita
Poder Legislativo
O Poder Legislativo surgiu na Inglaterra e foi consolidado na Idade Média, onde 
a nobreza e o povo, através de seus representantes, procuravam limitar o poder 
absoluto dos monarcas.
O povo precisava manifestar-se sobre o que entendia como ideal para a sociedade. 
Nesse sentido, as normas derivam dos costumes, e o povo, então, manifesta-se 
através das normas. Assim, sabendo que o Poder Legislativo tem por formação 
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histórica a manifestação do povo, através da escolha de representantes, ele é o 
responsável por legislar, elaborar leis.
No Brasil, temos o chamado bicamerismo, ou seja, o Poder Legislativo é exercido 
por duas Câmaras (denominadas de Alta e Baixa), sendo que são a Câmara dos 
Deputados e o Senado Federal. Os objetivos de se ter duas Câmaras são para que 
haja o sistema de pesos e contrapesos e, assim, evite-se violação de direitos; haja 
estabilidade na elaboração de normas e controle de sua qualidade.
Você sabe o que é Estado Federal? É um Estado dividido em vários 
territórios autônomos e que possuem governo próprio, formando 
os estados federados. É o caso do Brasil, pois temos estados 
como Minas Gerais, São Paulo etc.
Saiba mais
Composição do Congresso Nacional, 
competências e peculiaridades
A Câmara dos Deputados é o órgão que representa o povo. É composta por 
representantes do povo, eleitos pelo voto direto. O número de deputados(as) que 
compõem a Câmara é proporcional à população de cada Estado, território e Distrito 
Federal, de modo que nenhuma dessas unidades tenha mais de 70 e menos de oito 
(Sistema Proporcional).
O Senado é composto por representantes dos Estados e do Distrito Federal, eleitos 
também pelo povo e conforme o Sistema Majoritário. De acordo com esse sistema, 
o candidato que tiver a maior quantidade de votos válidos será senador. São eleitos 
três senadores por Estadoe Distrito Federal, sendo que os mandatos são de oito 
anos.
Grandes questionamentos e críticas em cima do Senado são que, à princípio, os 
senadores representam os Estados aos quais pertencem. Entretanto, cada vez mais 
se percebe que os senadores(as) representam mais os partidos políticos a que são 
afiliados(as) do que os seus Estados.
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Fato interessante é que o Poder Legislativo também tem a função de fiscalização do 
Poder Executivo. Isso pode acontecer através de pedidos de informação por escrito 
endereçados aos Ministros, por exemplo. Além disso, é função do Poder Legislativo:
• votar leis de orçamentos;
• constituir comissões parlamentares de inquérito (CPI);
• julgar crimes de responsabilidade cometidos pelo presidente da República, 
pelos(as) ministros de Estado, ministros do Supremo Tribunal Federal, pro-
curador-geral da República e advogado-geral da União.
Conclusão
A tripartição dos Poderes no Brasil segue a definição clássica de Montesquieu 
no qual são independentes e harmoniosos entre sí. Isso quer dizer que na prática 
as ações tomadas por todos devem ser coordenadas no sentido de se cumprir 
aquilo que a Constituição Federal determina. É o que a doutrina chama de “check 
and balance”. Tal ideia de verificação e controle serve para que não exista abusos 
cometidos pelos respectivos chefes dos Poderes.
Como visto, o ordenamento jurídico brasileiro é completo e sempre ofereçerá uma 
solução para todo e qualquer caso levado à decisão de qualquer das esferas do 
Poder Judiciário. Neste ponto, para os operadores jurídicos e para a população, é 
de extrema importância que o conhecimento de como funciona o sistema jurídico 
nacional, afim de se evitar equívocos na interpretação dos atos praticados pelas 
autoridades. Seu conhecimento leva a cobrança do agentes que praticaram o ato 
em desconformidade com as leis. 
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Referências
BRASIL. Casa Civil. Lei nº 4.737, de 15 de julho de 1965. Institui o Código Eleitoral. 
Diário Oficial da União, Brasília, DF, 15 jul. 1965. Disponível em: http://www.
planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L4737compilado.htm. Acesso em: 14 ago. 2017.
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Diário Oficial da 
União, Brasília, DF, 5 out. 1988. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/
constituicao/constituicaocompilado.htm. Acesso em: 9 ago. 2017.
CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA. O que fazem a Justiça Eleitoral e a Justiça 
Militar? CNJ, 2015. Disponível em: http://www.cnj.jus.br/noticias/cnj/79256-o-que-
fazem-a-justica-eleitoral-e-a-justica-militar. Acesso em: 9 ago. 2017.
CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA. Regimento Interno do CNJ. CNJ. Disponível 
em: http://www.cnj.jus.br/publicacoes/regimento-interno-e-regulamentos. Acesso 
em: 14 ago. 2017.
MAQUIAVEL, N. O príncipe. São Paulo: L&PM Editores: Porto Alegre, 2011.
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L4737compilado.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L4737compilado.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicaocompilado.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicaocompilado.htm
http://www.cnj.jus.br/noticias/cnj/79256-o-que-fazem-a-justica-eleitoral-e-a-justica-militar
http://www.cnj.jus.br/noticias/cnj/79256-o-que-fazem-a-justica-eleitoral-e-a-justica-militar
http://www.cnj.jus.br/publicacoes/regimento-interno-e-regulamentos

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