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Síndromes Cerebelares ANATOMIA DO CEREBELO: Funções: coordenação e equilíbrio Liga-se a medula e bulbo pelo pedúnculo cerebelar inferior, e a ponte pelo pedúnculo cerebelar médio; também se liga ao mesencéfalo A divisão se dá em: • Corpo do cerebelo: composto por lobo anterior (regulação do tônus e postura) e lobo posterior (coordenação do movimento voluntario) • Lóbulo flóculo nodular: responsável pelo equilíbrio Assim como o cérebro possui núcleos da base, o cerebelo também apresenta núcleos (aglomerados de substância cinzenta fora do córtex), sendo eles: • Núcleo denteado: (mais lateralmente) • Núcleo interpósito: dividido em núcleo globoso e emboliforme • Núcleo fastigial: mais lateralmente As divisoes funcionais do cerebelo podem ser feitas de acordo com a relacao entre as estruturas cerebelares: ASPECTOS FUNCIONAIS DO CEREBELO: • Manutenção do equilíbrio e da postura: exercida pelo arquicerebelo e pela zona medial (vérmis). Mantém equilíbrio e a postura mesmo em deslocamento do corpo. Pelos tratos vestíbulo e reticuloespinal • Controle do tônus: cerebelo realiza a manutenção do tônus, pelos núcleos denteado e interpósito via tratos cortiço e rubroespinal. • Controle dos movimentos voluntários: se dá por meio de duas etapas: 1. Planejamento do movimento: formado a partir da zona lateral do órgão, trazida pela via córtico-ponto-cerebelar, originada em áreas de associação no córtex. O plano motor então retorna ao córtex pela via dento-tálamo-cortical e é colocada em ação pelo trato corticoespinal. O controle de todo esse sistema é feito na zona intermedia cerebelar. 2. Correção do movimento: ocorre por meio da via interpósito-tálamo-cortical que promove as correções devidas afindo Habilidades Médicas V - Neurologia – Aula 3 sobre áreas motoras do trato corticoespinal • Aprendizagem motora: o cerebelo participa da aprendizagem motora por meio das fibras olivo-cerebelares. Sabemos que uma atividade motora exercida varias vezes se aperfeiçoa cada vez mais. CLÍNICA DAS SÍNDROMES CEREBELARES: Os pacientes com doenças cerebelares frequentemente se queixam de dificuldade de equilíbrio, de manter-se me pé ou caminhar, alterações da fala, perda da destreza manual e tremor. As manifestações podem ser sutis e progredir lentamente como ocorre em doenças neurodegenerativas. O paciente pode iniciar relatando dificuldade para correr e depois para caminhar, mantendo os pés afastados para poder deambular. Em outros a disfunção cerebelar se instala tão rapidamente e de forma abrupta que pode impossibilitar até mesmo de o paciente ficar em pe. Os principais sintomas das síndromes cerebelares incluem: • Ataxia (dificuldade ou mesmo incapacidade de se manter a coordenação motora como normalmente) • Dismetria e tremores • Decomposição de movimentos • Disartria (perda da capacidade de articular as palavras de forma normal) • Disdiadococinesia (incapacidade da realização de movimentos rápidos e alternados) • Nistagmo (movimentos involuntários e repetitivos dos olhos) • Rechaço ou rebote (força de retirada) Ataxia: É caracterizada pela incoordenação de diferentes movimentos em diferentes áreas do corpo Envolve principalmente os músculos dos membros e do tronco A principal evidencia da ataxia é a marcha atáxica, que se caracteriza por base alargada, andar incerto e perda de equilíbrio (lembrando um paciente embriagado) Independente de o paciente estar com olhos abertos ou fechado, a marcha continua prejudicada no mesmo grau, o que evidencia que a patologia não envolve quebra de estímulos proprioceptivos. Dismetria e Tremores: A dismetria se caracteriza pela perda da capacidade de controlar a velocidade, forca e direção do movimento, de acordo com determinada distância para um alvo visual. O paciente tem dificuldade de alcançar um alvo (como na prova index-nariz) e pode ultrapassá-lo (hipermetria) ou não conseguir atingi-lo (hipometria). Quanto menor o alvo maior a dismetria. Quando se aumenta a velocidade, a frequência dos erros dismétricos aumenta. Os tremores são uma das queixas mais frequentes, o tipo mais comum é um tremor de ação, ou seja, um tremor que não se manifesta em repouso, mas se torna evidente durante movimentos voluntários. Quando o paciente tenta tocar um alvo com um dos membros, surgem movimentos intrusivos, irregulares e de caráter espasmódico. Tipicamente a amplitude dos movimentos aumenta a medida que a extremidade do paciente se aproxima do alvo (caracterizando o tremor de intenção, um subtipo do tremor de ação). O tremor pode ser também de caráter postural, em que é percebido quando o paciente mantem um membro contra a ação da gravidade. Os tremores cerebelares tem um amplo espectro, podendo se manifestar no final de um movimento, com o membro em repouso (evidenciado incapacidade grave), ou pode afetar não apenas as extremidades, mas também o tronco e cabeça, sendo denominado titubeação. Diadococinesia: Diz respeito a capacidade de realizar movimentos rápidos e alternados e se encontra prejudicada em pacientes com disfunção cerebelar. Os pacientes têm dificuldade de realizar tarefas como bater a palma e o dorso da mão nas coxas de forma alternada ou de bater o dedo indicador e o médio contra o polegar. As tarefas geralmente são executadas com erros de ritmo, alvo e movimentação de articulações secundarias ao movimento programado. Hipotonia: Não é tão comum, mais difícil de ser documentada; se caracteriza pela diminuição da função motora e da manutenção do tônus muscular. Como resultado, tem-se flacidez muscular, com redução da resistência ao movimento passivo. Disartria: Definido pela decomposição dos músculos envolvidos na fala. A fala dos pacientes com síndromes cerebelares pode ser arrastada, pastosa, espasmódica, ou até mesmo explosiva (fenômeno em staccato). As palavras têm pronúncia com forca e velocidade variáveis. Diferenciação de amplitude e tonalidade do som produzido são comuns, assim como pausas que separam palavras e silabas de forma errônea. A separação das palavras é semelhante a um paciente soluçando ou dispneico após esforço físico atenuante. Nistagmo: Distúrbios de movimentação ocular são oriundos de danos entre as conexões cerebelares com o sistema vestibular. São observados movimentos de perseguição lenta necessários para que o paciente acompanhe um objeto em movimento, podendo ser acompanhados de intrusões sacádicas (quando há movimentos rápidos, involuntários e espasmódicos do olho). O nistagmo também é evidenciado, sendo definido como movimentos involuntários e repetitivos dos olhos, sendo não intencionais, nas lesões cerebelares costumam ser mais evidentes no lado afetado. Rechaço ou rebote: Resulta da incapacidade do paciente em controlar corretamente o tônus e o movimentos dos músculos. Pode ser verificado pela manobra de Stewart-Holmes: pede-se ao paciente que flexione o antebraço contra uma resistência que se faz no pulso. Em seguida, a resistência é subitamente retirada. Em um indivíduo normal, a contração do antebraço é abortada. Em um indivíduo com síndrome cerebelar, a contração se mantém, levando o paciente a dar um tapa no próprio rosto EXAMES DA FUNÇÃO CEREBELAR: A observação da marcha pode ser feita ao ver o paciente entrar no consultório. Prova index-nariz: solicita-se ao paciente que estenda um dos membro superiores lateralmente, de forma completa, e toque a ponta do nariz com a ponta do dedo indicador. Pode-se pedir para que o paciente inicie com o movimento leto e vá aumentando a velocidade. Posteriormente, avalia- se o membro do lado contralateral. Pode ser solicitado ao paciente fazer ainda com os olhos fechados.Prova índex-índex: paciente abduz (abre) os braços lateralmente, mantendo-os afastados e deve tentar trazer a ponta dos dedos indicadores em direção a linha média e tentar tocá-los. Primeiramente realizar de forma lenta e depois rapidamente, testar com olhos abertos e depois fechados. Prova calcanhar-joelho: solicita-se ao paciente que toque o joelho com o calcanhar do lado contralateral, deslizando o calcanhar em direção ao hálux e então traga-o de volta em direção ao joelho. Geralmente o paciente tem dificuldade de alcançar o joelho e tem dificuldade de manter o calcanhar sobre a crista tibial, apresentando desvios. Prova Joelho-artelho: o paciente deve tocar o dedo do examinador com o hálux, o joelho é mantido dobrado nessa manobra. Os achados são semelhantes ao do index-nariz, TIPOS DE SÍNDROMES CEREBELARES: Podem ser hereditárias ou adquiridas: HEREDITÁRIAS: Formas espinais: • Ataxia de Friederich • Doença de Machado- Joseph Formas espino- cerebelares • Ataxia do tipo Menzel • Degeneração espino- cerebelar subaguda (carcinogênica/esporádica) Formas cerebelares: • Ataxia hereditária do tipo Holmes • Atrofia cortical cerebelar tardia (Marie, Foix, Alajouanine) ou do tipo familiar subagudo (Akelaitis) • Atrofia difusa das células de purkinje • Atrofia olivo-ponto- cerebelar (déjérine, André- thomas) • Atrofia dentato-rubral Síndrome de Friedreich: Doença hereditária rara, neurodegenerativa, debilitante, paralisante, irreversível e associada a cardiomiopatia, DM e disartria. Além disso há cegueira e surdez. De modo geral a doença afeta mais pessoas com carga genética europeia Doença de Machado-Joseph: É uma ataxia, ou seja causa perda de coordenação motora e dificuldade de equilíbrio, pode ter caráter degenerativo e crônico. Começa com sintomas leves e pode evoluir dificultando a deambulação e dificuldades para segurar objetos Podem surgir também problemas de fala, dificuldade para engolir, e visão dupla, além de distúrbios do sono. ADQUIRIDAS: • Doenças vascular encefálica (AVE) • Tumores • Abcessos • Doenças desmielinizantes (esclerose múltipla, leucoencefalopatia multifocal progressiva) • Vírus • Príons • Doenças metabólicas (hipotireoidismo, deficiência de tiamina, deficiência de vit. E, acidemia hiperpirúvica da infância, síndrome de Leigh, doença de Refsum • Origem paraneoplasica Referências: JR., Carlos Roberto M.; JR., Marcondes C F.; MARTINEZ, Alberto R. M.; e outros Semiologia Neurológica. [Digite o Local da Editora]: Thieme Brasil, 2016. E-book. ISBN 9788567661605. Disponível em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/boo ks/9788567661605/. Acesso em: 22 mar. 2023.
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