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Livro-Texto I - Ergonomia

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Autor: Prof. Ricardo Calasans
Colaboradores: Prof. Ricardo Scalão Tinoco
 Profa. Laura Cristina da Cruz Dominciano
Ergonomia, Acessibilidade 
e Segurança do Trabalho
Professor conteudista: Ricardo Calasans
Graduado em Engenharia de Produção Mecânica pela Universidade Metodista de Piracicaba (1994), em Direito 
pela Universidade Paulista (2008) e em Medicina Veterinária pela UNIP – Universidade Paulista (2014).
Possui especialização em Engenharia de Segurança do Trabalho pela Universidade Paulista (1996), especialização 
em Informática pela Universidade Paulista (1997) e mestrado profissional em Engenharia de Produção pela Universidade 
Paulista (1999). Doutorando na Faculdade de Saúde Pública da USP em Organização dos Processos Produtivos e Saúde 
do Trabalhador.
Diretor da Associação Brasileira dos Profissionais de Medicina e Segurança do Trabalho e Meio Ambiente 
(Abraphiset) desde 1997, órgão em que atua como consultor e perito em questões de insalubridade, periculosidade, 
doenças e acidentes do trabalho, cursos e treinamentos em SST.
Coordenador do Congresso Brasileiro de Segurança e Medicina no Trabalho (Cobrasemt) e do Congresso Brasileiro 
de Perícias (Cobrape). Coordenador do Simpósio de Criminalística e Atividades Periciais e do Simpósio de Meio Ambiente.
Professor-adjunto dos cursos de graduação nas seguintes modalidades de Engenharia: Mecânica, Mecatrônica, 
Produção, Elétrico-eletrônica e Civil. Nessa função, também atua nas disciplinas de Arquitetura e Urbanismo, 
Administração, Medicina Veterinária, Biomedicina, Gestão Ambiental e Agronegócios.
É tecnólogo em Segurança do Trabalho da UNIP. Coordenador-geral do curso de Tecnologia de Segurança do 
Trabalho e do curso técnico de Segurança do Trabalho – Pronatec da UNIP. Também é coordenador do curso de 
pós-graduação em Engenharia de Segurança do Trabalho da UNIP-Anchieta.
Líder das disciplinas de Ergonomia – nos cursos de Engenharia e Gestão Laboratorial – e Controle de Qualidade – 
do curso de Biomedicina.
Atualmente elabora alguns dos conteúdos e determinadas gravações dos vídeos da UNIP Interativa e do material 
didático pedagógico da referida instituição.
© Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida ou transmitida por qualquer forma e/ou 
quaisquer meios (eletrônico, incluindo fotocópia e gravação) ou arquivada em qualquer sistema ou banco de dados sem 
permissão escrita da Universidade Paulista.
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
C143e Calasans, Ricardo.
Ergonomia, acessibilidade e segurança do trabalho. / Ricardo 
Calasans. – São Paulo: Editora Sol, 2022.
108 p., il.
Nota: este volume está publicado nos Cadernos de Estudos e 
Pesquisas da UNIP, Série Didática, ISSN 1517-9230.
1. Ergonomia. 2. Acessibilidade. 3. Segurança do trabalho. I. 
Título.
CDU 007
U514.45 – 22
Prof. Dr. João Carlos Di Genio
Reitor
Profa. Sandra Miessa
Reitora em Exercício
Profa. Dra. Marilia Ancona Lopez
Vice-Reitora de Graduação
Profa. Dra. Marina Ancona Lopez Soligo
Vice-Reitora de Pós-Graduação e Pesquisa
Profa. Dra. Claudia Meucci Andreatini
Vice-Reitora de Administração
Prof. Dr. Paschoal Laercio Armonia
Vice-Reitor de Extensão
Prof. Fábio Romeu de Carvalho
Vice-Reitor de Planejamento e Finanças
Profa. Melânia Dalla Torre
Vice-Reitora de Unidades do Interior
Unip Interativa
Profa. Elisabete Brihy
Prof. Marcelo Vannini
Prof. Dr. Luiz Felipe Scabar
Prof. Ivan Daliberto Frugoli
 Material Didático
 Comissão editorial: 
 Profa. Dra. Christiane Mazur Doi
 Profa. Dra. Angélica L. Carlini
 Profa. Dra. Ronilda Ribeiro
 Apoio:
 Profa. Cláudia Regina Baptista
 Profa. Deise Alcantara Carreiro
 Projeto gráfico:
 Prof. Alexandre Ponzetto
 Revisão:
 Kleber Nascimento de Souza
 Rose Castilho
Sumário
Ergonomia, Acessibilidade e Segurança do Trabalho
APRESENTAÇÃO ......................................................................................................................................................7
INTRODUÇÃO ...........................................................................................................................................................8
Unidade I
1 HISTÓRICO E EVOLUÇÃO DA ERGONOMIA E SEGURANÇA DO TRABALHO ............................. 11
2 A ERGONOMIA E A EMPRESA .................................................................................................................... 24
3 O QUE SÃO NORMAS REGULAMENTADORAS...................................................................................... 29
4 AS NORMAS REGULAMENTADORAS ....................................................................................................... 30
Unidade II
5 ANTROPOMETRIA ............................................................................................................................................ 52
6 FUNDAMENTOS DA FISIOLOGIA E DO METABOLISMO ..................................................................... 66
6.1 Função neuromuscular ...................................................................................................................... 66
6.2 Sistema muscular ................................................................................................................................. 69
6.3 Fisiologia muscular .............................................................................................................................. 74
6.4 Metabolismo ........................................................................................................................................... 76
7 BIOMECÂNICA OCUPACIONAL ................................................................................................................... 78
8 MANUSEIO DE CARGAS ................................................................................................................................ 80
7
APRESENTAÇÃO
Este livro-texto busca apresentar alguns dos principais pontos sobre ergonomia, antropometria, 
segurança do trabalho e acessibilidade, de forma que o aluno possa compreender a abrangência 
do tema e a sua importância na prevenção de acidentes e doenças do trabalho na atividade da 
engenharia civil.
Para que se tenha uma noção da importância da questão da segurança do trabalho, podemos 
destacar o artigo “Doenças do Trabalho: Exclusão, Segregação e Relações de Gênero”:
A ascensão dos casos de LER/Dort nos anos 1990, além de facultar índices 
já caracterizados como epidêmicos, indica, sem dúvida, a sua maior 
proeminência entre todas as doenças ocupacionais atendidas pelo Nusat/
INSS-MG. Aliás, essas doenças não foram apenas crescentes em diagnósticos, 
como também se tornaram campeãs absolutas na distribuição dos benefícios 
acidentários por espécie diagnosticada (SALIM, 2003).
Através da apresentação da história e da evolução da ergonomia e da segurança do trabalho no 
mundo, o aluno terá uma compreensão da situação atual em que nos encontramos e de onde decorrem 
todas as conquistas e progressos da nossa legislação, bem como dos conhecimentos de ambas que estão 
sendo aplicados, podendo se situar no tempo para uma boa compreensão do presente e de todas as 
fases e transformações pelas quais a ergonomia e a segurança do trabalho passaram, a importância das 
duas nos ambientes de trabalho e seu papel importante na busca de uma melhor qualidade de vida para 
o trabalhador, a qualidade no seu ambiente de trabalho, o que resulta diretamente na virtude do serviço 
prestado ou do produto fabricado.
A aplicação da ergonomia permite uma melhor interação entre o trabalhador e seu posto de trabalho, 
suas ferramentas, possibilitando para a empesa maior eficiência em seus processos produtivos, o que 
resulta em um ganho de produtividade, tornando a empresa mais competitiva.
Um ponto a ser ressaltado é que a ergonomia é também essencial fora dos ambientes de trabalho, 
onde contribui nos projetos dos espaços, produtos, equipamentos etc., proporcionando uma melhor 
qualidade de vida,bem como na aplicação voltada aos portadores de necessidades especiais, aos idosos, 
às crianças, e às pessoas de forma geral, tanto em suas residências quanto nos locais e nas vias públicas.
Desta forma fica claro o quanto o estudo da ergonomia colaborou para melhores ambientes de trabalho 
e suas tarefas, de modo a respeitar os limites do nosso corpo, possibilitando uma melhor compreensão 
dos efeitos da pressão e do estresse ao qual o trabalhador está submetido e, consequentemente, buscar 
uma melhor maneira de aplicar a ergonomia e a segurança do trabalho em prol da saúde física e mental 
do colaborador.
Bons estudos!
8
INTRODUÇÃO
Iremos apresentar a evolução histórica da ergonomia e, em conjunto, da segurança do trabalho, uma 
vez que hoje em dia as duas andam juntas e se complementam. Para que se possa ter um conhecimento 
mais profundo em ergonomia, torna-se necessário o estudo de diversas outras áreas, uma vez que 
ela envolve diversas áreas do conhecimento, como da saúde, exatas, humanas, jurídicas, além da 
necessidade de se ter sensibilidade suficiente para que se possa observar e compreender os diversos 
fatores associados à interface do homem com o seu ambiente de trabalho.
Em relação à ergonomia, ao se compreender a origem da palavra, o aluno entenderá melhor do que 
se trata. O termo nasce da junção de dois vocábulos gregos, ergo e nomos. O primeiro significa trabalho, 
enquanto o segundo quer dizer leis naturais, regras. Desta forma, pode-se fazer a relação entre a atividade 
de trabalho e as limitações do corpo humano na execução das suas tarefas, levando em consideração tanto 
as questões referentes ao microambiente como aquelas do macroambiente de trabalho.
Uma boa definição é a feita por Sérgio Penna Kehl que, em 1990, definiu ergonomia da seguinte forma:
A ergonomia é a ciência que estuda as relações do homem com objetos, 
máquinas, ambiente, métodos e processos de produção, de forma que ela 
não se fixa apenas em um problema, mas sim em todos os problemas da 
relação homem – máquina – ambiente em situação de trabalho (MENEZES, 
2000).
Também é interessante vermos outra abordagem para a questão, feita por Alain Wisner (1994, p. 87), 
que coloca a ergonomia como sendo:
Conjunto de conhecimentos científicos relativos ao homem, necessários 
para conceber projetos de sistemas operacionais, envolvendo máquinas, 
equipamentos, ferramentas, postos e ambientes de trabalho, bem como 
estudar o desempenho do Homem no trabalho.
Segundo Galafassi (1999): “Ergonomia é o estudo dos problemas relativos ao trabalho, para 
a preservação de seu bem-estar físico e mental”. Podemos entender que é considerada uma ciência 
direcionada ao projeto de equipamentos, máquinas, tarefas e sistemas, com o intuito de minimizar 
problemas de segurança, saúde e conforto, melhorando, desta forma, a eficiência no trabalho.
De acordo com Gonçalves (2000, p. 393):
Ergonomia pode ser entendida como a ciência que estuda a adaptação 
do trabalho ao homem no ambiente de trabalho, visando propiciar uma 
solicitação adequada do trabalho, evitando o desgaste prematuro de suas 
potencialidades profissionais e objetivando alcançar a otimização do 
sistema de trabalho.
9
A International Ergonomics Association (IEA) aprovou uma definição, em agosto de 2000, contida 
em Falzon (2007, p. 3-19), conceituando a ergonomia e suas especializações, que é:
A ergonomia é uma disciplina científica relacionada ao entendimento das 
interações entre os seres humanos e outros elementos ou sistemas, e à 
aplicação de teorias, princípios, dados e métodos a projetos a fim de otimizar 
o bem-estar humano e o desempenho global dos sistemas. Os profissionais 
que praticam a ergonomia, os ergonomistas, contribuem para a planificação, 
concepção e avaliação de tarefas, empregos, produtos organizações, 
meios ambientes e sistemas, tendo em vista torná-los compatíveis com as 
necessidades, capacidades e limites das pessoas.
Produtos
Tarefas Empregos
AmbientesOrganizações
Ergonomia
Figura 1 – Relação da ergonomia com as pessoas, harmonizando a 
interação entre elas e atendendo suas necessidades, habilidades e limitações
Hoje não se pode separar a ergonomia da segurança do trabalho, uma vez que ela tem um papel 
muito importante para a saúde e a integridade física do trabalhador. Desta forma, é fundamental que se 
entenda que as ações devem ser tomadas em conjunto, pois, quando realizadas de modo independente, 
ao longo do tempo, os seus resultados não serão satisfatórios.
Com a abordagem proposta neste material, espera-se que o futuro profissional possa compreender 
a importância das questões que serão apresentadas e de como ele poderá e deverá fazer uso delas em 
sua rotina profissional.
Outro fator importante que será demonstrado, e que também decorre de estudos da ergonomia, a 
antropometria, é a utilização destes conhecimentos na questão da acessibilidade, a qual será apresentada 
através da leitura da NBR ABNT 9050 (ABNT, 2015).
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ERGONOMIA, ACESSIBILIDADE E SEGURANÇA DO TRABALHO
Unidade I
1 HISTÓRICO E EVOLUÇÃO DA ERGONOMIA E SEGURANÇA DO TRABALHO
A exibição da evolução histórica dos temas que serão discutidos neste livro-texto são 
essenciais, pois, para que se tenha uma compreensão melhor do presente, torna-se fundamental 
entender a sua evolução ao longo da história e, por isso, iremos resgatar alguns dos principais 
pontos para fazê-lo.
Iremos voltar até a Pré-História, em que podemos encontrar o homem iniciando ações nas 
quais buscava adaptar o meio em que estava e os objetos ao seu redor para melhor atender a suas 
necessidades. Pode-se então dizer que essas atividades eram ações ergonômicas, fazendo com que ele 
tivesse condições mais favoráveis.
A) Australopithecus afarensis B) Homo erectus C) Homo neanderthalensis
Figura 2– Homem da Pré-História
Como exemplo, pode-se citar a questão de ferramentas, utilizando pedras para o preparo de utensílios 
e armas de caça, buscando adaptar as pedras e suas formas com outros materiais e assim fazer lanças, 
martelos, utensílios etc., de modo a ter um ganho no seu desempenho.
12
Unidade I
Figura 3 – O homem fabrica metodicamente as suas ferramentas
Também pode-se dizer que, na busca de um melhor conforto, o homem adaptou peles de animais para 
fazer vestimentas que lhe trouxessem bem-estar e proteção, preparou um local para dormir e se isolar 
do contato direto com o solo, adequou os materiais que possuía à sua volta para obter mais conforto 
de uma forma geral, lascou as pedras buscando produzir pontas de lanças para que tivesse melhores 
resultados em sua caça, e assim podemos citar diversas ações que se relacionam com a ergonomia sendo 
aplicadas em sua rotina diária.
Outro ajuste importante a se destacar foram as cavernas, onde o homem não só encontrava a proteção 
contra o clima externo, como contra predadores. Outro fator foi a descoberta do fogo, utilizando-o para 
se aquecer, espantar animais e oferecer maior segurança, além de preparar alimentos.
Continuando a nossa evolução histórica, pode-se citar os problemas de coluna dos escravos 
carregadores de pedra, com registros da época do Império Romano e relatos de cólicas que foram 
associadas à contaminação pelo chumbo, além da intoxicação por mercúrio.
Assim, ao longo da Idade Média, o homem começou a ter cada vez mais interesse na relação dos 
fatores ambientais com a questão da saúde, observando as questões referentes ao calor, à umidade do 
ambiente, aos efeitos da poeira, e a tudo que tivesse uma associação com a saúde das pessoas.
A questão do sedentarismo já era observada na forma que afetava a saúde, no caso, a saúde dos 
tabeliães (ROCHA, 2004).
Já na Idade Antiga, encontramos uma realidade do trabalho artesanal. Nesta situação tínhamos 
o artesão, que adaptava seu local de trabalho, geralmente na própria residência, e adequava suas 
ferramentas às técnicas de trabalho, bem como selecionava sua própria matéria-prima, tendo o controle 
de todo o processo produtivo.
13
ERGONOMIA,ACESSIBILIDADE E SEGURANÇA DO TRABALHO
Figura 4 – Artesãos
Neste período surgiu um médico, nascido em Capri, na Itália, em 1633, que começou a se interessar 
pela relação entre a atividade de trabalho e as doenças que seus pacientes demonstravam. Ele passou 
a buscar a aprender como eram esses ambientes de trabalho e a fazer uma conexão entre a atividade 
laboral e as doenças apresentadas.
Em 1700, na cidade de Modena, na Itália, o Dr. Bernardino Ramazzini publicou então sua obra 
chamada De Morbis Artificum Diatriba, ou As doenças dos trabalhadores, em que exibia o resultado dos 
seus estudos e relacionava diversas enfermidades com as atividades profissionais.
 Saiba mais
O referido livro está disponível para download pela Fundacentro, trata-se de 
uma leitura enriquecedora para quem se interessar pelo assunto. 
RAMAZZINI, B. As doenças dos trabalhadores. São Paulo: Fundacentro, 2016. 
Disponível em: <http://fundacentro.gov.br/biblioteca/biblioteca-digital/publicacao/
detalhe/2016/6/as-doencas-dos-trabalhadores>. Acesso em: 27 set. 2017.
Com esta obra, teve início a compreensão da questão relacionada às doenças ocupacionais e, portanto, 
surgiu a conscientização na classe médica da importância das atividades laborais na saúde do homem.
Houve o desenvolvimento de engenhos mecânicos, com a finalidade de ajudar o homem no seu 
trabalho, e começou-se a estudar o funcionamento do corpo humano do ponto de vista mecânico, 
sendo mais tarde comparado ao modelo de uma máquina a vapor, a qual o homem seria um engenho 
mecânico transformador de energia.
Descartes, em 1637, buscava expor o homem como sendo uma máquina animada por uma alma, e 
mais tarde La Mettrie (1709-1751), que era um ateu convicto, empenhou muito esforço para explicar o 
homem sem o recurso da alma (GRISTELLI, 2009).
14
Unidade I
No século XVIII, iniciou-se na Inglaterra a Revolução Industrial, a qual desencadeou uma série de 
mudanças radicais na forma de produção, impactando a maneira de viver das pessoas. Foi observado o 
aparecimento de uma série de conflitos na interface do homem com as máquinas e os equipamentos 
que surgiam, cujo principal objetivo era o ganho de produção, não havendo preocupação com a questão 
do trabalhador, nem com o seu posto de trabalho.
Neste momento houve um novo impulso da medicina do trabalho, que acompanhava todas estas 
mudanças e novas exigências desencadeadas pelos novos processos de trabalho e dos movimentos 
sociais, em que a Saúde Ocupacional foi tomando forma e dando origem às questões voltadas à saúde 
dos trabalhadores.
Conforme as indústrias surgiam, iniciando a produção em série, com ritmos intensos de trabalho em 
ambientes ruidosos, com pouca iluminação e geralmente sujos, começou-se a se observar um número 
crescente de acidentes nos locais de trabalho e o aparecimento de diversas doenças ocupacionais.
Em 1830, o empresário Robert Dernham, dono de indústria têxtil, teve a ideia de colocar seu médico 
pessoal em sua fábrica, a fim de que ele pudesse avaliar o efeito do trabalho sobre seus colaboradores e 
buscar determinar formas de prevenir as doenças ocupacionais.
Este exemplo foi logo seguido em diversos outros países onde o interesse em oferecer um serviço 
médico aos trabalhadores se expandiu.
Com o início da Primeira Grande Guerra Mundial, por volta de 1941, a demanda de produção em 
larga escala aumentou, principalmente a de armamentos e de material necessário para abastecer o 
front de batalha. Essa procura resultou em sobrecarga dos funcionários, casos de fadiga muscular e 
muitas doenças ocupacionais. Neste cenário, iniciam-se os primeiros estudos sobre essas doenças com 
a participação dos novos profissionais, fisiologistas e psicólogos.
 Lembrete
No século XVIII, iniciou-se na Inglaterra a Revolução Industrial, a qual 
desencadeou uma série de mudanças radicais na forma de produção, 
impactando a maneira de viver das pessoas.
A preocupação crescente em disponibilizar um serviço médico aos trabalhadores começa a tomar 
força no cenário internacional, e, em 1919, surge a Organização Internacional do Trabalho (OIT), durante 
a Conferência da Paz, em Versalhes. Já em 1948, surgiu a Organização Mundial da Saúde (OMS) que, 
em conjunto com a OIT, em 1950, estabeleceu os objetivos da saúde ocupacional, que é a adaptação do 
trabalho ao homem, bem como do homem à sua atividade.
Não se pode deixar de citar um marco importante para o desenvolvimento de diversas tecnologias e 
conhecimentos sobre o homem que se deu com a Segunda Grande Guerra, em 1939.
15
ERGONOMIA, ACESSIBILIDADE E SEGURANÇA DO TRABALHO
A ergonomia foi uma das áreas que recebeu numerosos investimentos e estudos, uma vez que foram 
observados muitos acidentes no campo militar e falhas de artilharia devido a erros dos operadores, diversos 
deles ocasionados por fadiga física, gerando baixo desempenho e resultando em estresse nos soldados.
Passou-se a constatar que diversos equipamentos e máquinas eram realmente desconfortáveis 
e inadequados, na questão operacional, no campo de batalha. No sentido de resolver tais situações, 
surge a ergonomia, iniciando-se então os estudos antropométricos e biomecânicos, e aplicando esses 
conhecimentos nos novos projetos.
Não é difícil imaginar a situação dentro de uma aeronave, não pressurizada, em que a tripulação 
ficava exposta à baixa temperatura, havendo pouco espaço para movimentar-se, devendo permanecer 
assim por horas até chegar ao alvo, para então iniciar seu ataque e depois retornar à base. Tudo isso 
criava dificuldades a serem superadas pela tripulação, o que custava seu desempenho no momento 
da batalha.
Outra situação que podemos presumir é o da tripulação de um submarino, com todos dentro de 
um espaço restrito, muitas vezes insalubre, sob grande estresse, e devendo desenvolver suas funções da 
melhor forma possível.
Vários outros equipamentos militares apresentavam condições semelhantes, tanto para os ocupantes 
de um tanque de guerra quanto para o pessoal da artilharia, por exemplo.
Com isso entendeu-se a importância da aplicação da ergonomia na busca das soluções destes 
problemas e permitiu-se a obtenção de bons resultados na interface homem-máquina.
Quando a guerra se encerrou, as tecnologias desenvolvidas migraram para as indústrias e passaram 
a ser usadas para fins civis. As indústrias adotaram tudo que viesse a melhorar sua produtividade e, 
assim, herdaram os conceitos de investimentos nas condições de trabalho e na qualidade de vida de 
seus funcionários.
Nesta época, com relação à ergonomia, ocorreu uma expansão além dos ambientes de trabalho que 
se mostrou valiosa nos projetos e no desenvolvimento de novos produtos, facilitando seu manuseio, 
tornando-os mais eficientes e oferecendo ao consumidor mercadorias mais confortáveis e seguras.
Em 1995, um comitê misto, formado por OIT e OMS, expandiu os conceitos de saúde ocupacional e 
Saúde do Trabalhador, publicando os seguintes termos:
O principal foco da Saúde no Trabalho deve estar direcionado para três objetivos:
• A manutenção e promoção da saúde dos trabalhadores e de sua 
capacidade de trabalho;
• O melhoramento das condições de trabalho, para que elas sejam 
compatíveis com a saúde e a segurança;
16
Unidade I
• O desenvolvimento de culturas empresariais e de organizações de 
trabalho que contribuam com a saúde e segurança e promovam um 
clima social positivo, favorecendo a melhoria da produtividade das 
empresas. O conceito de cultura empresarial, neste contexto, refere-se 
a sistemas de valores adotados por uma empresa específica. Na prática, 
ele se reflete pelos sistemas e métodos de gestão, nas políticas de 
pessoal, nas políticas de participação, nas políticas de capacitação e 
treinamento e na gestão da qualidade (ANAMT, 2017).
Em âmbito mundial, destaca-se a atuação da OIT, que visa à divulgação de informações e 
recomendações internacionais voltadas à proteção dos trabalhadores.
As oito convenções fundamentais da OIT são (OIT, 2008):
• Convenção sobreo Trabalho Forçado, 1930 (nº 29).
• Convenção sobre a Liberdade Sindical e a Proteção do Direito Sindical, 1948 (nº 87).
• Convenção sobre o Direito de Sindicalização e de Negociação Coletiva, 1949 (nº 98).
• Convenção sobre a Igualdade de Remuneração, 1951 (nº 100).
• Convenção sobre a Abolição do Trabalho Forçado, 1957 (nº 105).
• Convenção sobre a Discriminação (Emprego e Profissão), 1958 (nº 111).
• Convenção sobre a Idade Mínima para Admissão a Emprego, 1973 (nº 138).
• Convenção sobre a Proibição das Piores Formas de Trabalho Infantil e a Ação Imediata para a sua 
Eliminação, 1999 (nº 182).
Muitas das convenções e regulamentações da OIT estão relacionadas com a segurança, a saúde e as 
condições de trabalho.
O Brasil ratificou um total de 82 das 189 convenções da OIT. Validou, assim, todas as fundamentais, 
com exceção da nº 87. É importante notar que, quando são ratificadas pelo Congresso Nacional, elas 
passam a ter caráter compulsório.
Entre elas destaca-se a Convenção nº 155, de 1981, que cobre a segurança e a saúde dos trabalhadores 
e do ambiente de trabalho. Há, ainda, a Convenção nº 161, de 1985, que aborda os conceitos essenciais 
de saúde e segurança no trabalho.
Tanto na Europa como nos EUA, a ergonomia passou a ser aplicada gradativamente nas mais diversas 
áreas, mas nos EUA ela começou a ser empregada de forma mais intensa em seus sistemas de defesa, nos 
17
ERGONOMIA, ACESSIBILIDADE E SEGURANÇA DO TRABALHO
quais se buscava obter maior confiabilidade e segurança. Também com a corrida espacial, ela encontrou 
grande área de aplicação no estudo do conforto dos astronautas, permitindo que executassem as suas 
atividades de modo eficiente.
Falando um pouco do Brasil, alguns fatos importantes estavam ocorrendo para as questões relacionadas à 
segurança do trabalho. Tivemos a Lei nº 3.724 (BRASIL, 1919), que tratava da legislação acidentária do trabalho. 
Houve a criação da inspeção do trabalho, no início da década de 1920. A lei nº 4.682 (BRASIL, 1923), conhecida 
como Lei Eloy Chaves, foi o marco para a Previdência Social. Em 1925, ocorreu então a regulamentação das férias 
de 15 dias úteis, através da Lei nº 4.982 (BRASIL, 1925), para os empregados de estabelecimentos comerciais, 
industriais e bancários. Por meio do decreto 17.934-A (BRASIL, 1927), estabeleceu-se a idade mínima de 12 anos 
para o trabalho. No governo de Getúlio Vargas, em 1931, criou-se o Departamento Nacional do Trabalho, que 
tinha a atribuição de fiscalizar questões relacionadas às atividades laborais, bem como casos de acidentes e, deste 
departamento, surgiram posteriormente as atuais Delegacias Regionais do Trabalho (DRT).
Só lembrando que nesta época a população brasileira era essencialmente rural, tanto que o Ministério 
da Agricultura tinha a atribuição de fiscalizar e estabelecer normas trabalhistas para a atividade de 
trabalho em minas.
Na década de 1940, tivemos um marco importante para as questões trabalhistas no Brasil, a criação 
da Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT), nas quais tivemos as primeiras referências às questões 
referentes à higiene e à segurança do trabalho. Nesse mesmo momento, através do decreto-lei nº 
7.036 (BRASIL, 1944), em seu artigo 82, criou-se a Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (Cipa), 
seguindo recomendações feitas pela OIT.
Outra data importante internacionalmente foi a de 12 de julho de 1949, quando um grupo de 
cientistas e pesquisadores, em uma reunião na Inglaterra, criou de modo oficial o termo ergonomia.
Na década de 1970, o uso e a aplicação de novas tecnologias resultaram em grandes mudanças nas 
relações de trabalho e em sua organização, o que gerou novas formas de gerenciamento. O Brasil nesse 
período se encontrava em expansão, havendo grandes investimentos em obras públicas e crescimento das 
metrópoles, uma vez que a migração do homem rural para as cidades se dava em larga escala, em busca 
de oportunidades e melhor qualidade de vida. Com isso, uma extensa massa de trabalhadores passou a 
ficar exposta aos riscos das atividades de trabalho da indústria e da construção civil, o que levou o país a 
atingir a cifra de 1.700.000 acidentes do trabalho. A partir daí, criou-se a Lei nº 6.514 (BRASIL, 1977), que 
estabeleceu a redação dos artigos da CLT números 154 ao 201, que tratam da segurança e medicina do 
trabalho. A Portaria nº 3.214 (BRASIL, 1978a) origina as NR. Inicialmente eram 28, hoje já temos 36 delas.
Cabe lembrar que as NR são de aplicação obrigatória para todas as empresas, públicas ou privadas, 
e para órgãos públicos de administração direta ou indireta, além daqueles dos poderes Judiciário e 
Legislativo, onde se encontram empregados com contratos de trabalho regidos pela CLT.
Para darmos continuidade, é importante esclarecer alguns conceitos básicos relacionados à 
segurança do trabalho. Talvez um dos principais seja compreender a questão referente aos acidentes. 
Portanto, vamos definir um acidente como sendo um evento que não é programado ou planejado, algo 
18
Unidade I
indesejado, que acarreta a interrupção da atividade regular, podendo gerar danos materiais e/ou lesões 
nas pessoas.
Na visão prevencionista, consideramos que o acidente é esperado, pois ele dá indícios de que irá 
ocorrer. Temos a possibilidade de tomar ações para impedi-lo.
Essa ideia decorre da evolução do estudo de três engenheiros que tiveram grande contribuição para 
a prevenção de acidentes. Podemos dizer que tudo se iniciou com o engenheiro H. W. Heinrich, que 
em uma de suas obras, a Industrial Accident Prevention (1931), correlacionou a questão do acidente 
com danos à propriedade. Ele analisou algumas centenas de casos de acidentes de clientes da empresa 
de seguros para a qual trabalhava e chegou a fazer uma associação entre acidentes incapacitantes, 
acidentes não incapacitantes e acidentes sem lesão. Esta relação deu 1:29:300, respectivamente.
1 Acidente com lesões incapacitantes
29 Acidentes com lesões não incapacitantes
300 Acidentes sem lesões
Figura 5 – Teoria de Heinrich
No final da década de 1950, e ao longo da década de 1960, o engenheiro Frank E. Bird Jr., dando 
sequência aos estudos de Heinrich, estudou 90.000 acidentes da siderúrgica Lukens Steel e chegou 
a uma nova relação, apresentando, em seu trabalho Damage Control, um novo elemento: danos à 
propriedade. Assim, demonstrou sua versão da pirâmide como segue:
1 Lesão incapacitante
100 Lesões não incapacitantes
500 Acidentes com danos à propriedade
Figura 6 
Bird não parou aí, continuou examinando com sua equipe mais casos e expandindo para mais 
empresas, chegando a analisar 21 grupos industriais de diferentes áreas, sendo 297 empresas ao todo, 
totalizando mais de três bilhões de horas de trabalho de 1.750.000 empregados. Com esse estudo, ele 
19
ERGONOMIA, ACESSIBILIDADE E SEGURANÇA DO TRABALHO
trouxe uma nova informação importante, a questão do incidente ou quase acidente. Assim, conhecemos 
a famosa pirâmide 641.
1
10
Lesão incapacitante
Lesões não incapacitantes
Acidentes com danos à propriedade
Acidentes sem lesão ou danos 
visíveis (quase acidente)
30
600
Figura 7 
Com essa pirâmide ficou claro que os incidentes são o nosso alerta para uma situação que não está 
bem e que, se nada for feito, ela irá se materializar em um acidente, vitimando algum trabalhador. Se 
utilizarmos tal pirâmide para uma análise bem simples, podemos dizer que temos 600 oportunidades 
de intervir em uma condição antes que haja um acidente grave ou fatal. Consequentemente, observar 
os incidentes e buscar intervir nos problemas antes da ocorrência de um acidente é o objetivo de 
toda atividade prevencionista. Por isso dissemos que acidente, para os prevencionistas, é um evento 
programado, uma vez que dá sinais de que irá ocorrer, basta estar atento para interpretá-los.
Como estamos falando sobre acidentes, entender o que é o de trabalho é muito importante. A lei que 
trata do assunto é a de nº 8.213/91, que em seu artigo 19 diz:
Acidente de trabalhoé o que ocorre pelo exercício do trabalho a serviço 
da empresa ou pelo exercício do trabalho dos segurados referidos no 
inciso VII do art. 11 desta lei, provocando lesão corporal ou perturbação 
funcional que cause a morte ou a perda ou redução, permanente ou 
temporária, da capacidade para o trabalho (BRASIL, 1991).
O conceito de acidente do trabalho engloba as doenças profissionais e/ou ocupacionais.
O art. 21 da Lei nº 8.213/91 equipara ainda à acidente de trabalho:
I – o acidente ligado ao trabalho que, embora não tenha sido a causa única, 
haja contribuído diretamente para a morte do segurado, para redução ou 
perda da sua capacidade para o trabalho, ou produzido lesão que exija 
atenção médica para a sua recuperação;
II – o acidente sofrido pelo segurado no local e no horário do trabalho, em 
consequência de:
20
Unidade I
a) ato de agressão, sabotagem ou terrorismo praticado por terceiro ou 
companheiro de trabalho;
b) ofensa física intencional, inclusive de terceiro, por motivo de disputa 
relacionada ao trabalho;
c) ato de imprudência, de negligência ou de imperícia de terceiro ou de 
companheiro de trabalho;
d) ato de pessoa privada do uso da razão;
e) desabamento, inundação, incêndio e outros casos fortuitos ou decorrentes 
de força maior;
III – a doença proveniente de contaminação acidental do empregado no 
exercício de sua atividade;
IV – o acidente sofrido pelo segurado ainda que fora do local e horário de trabalho:
a) na execução de ordem ou na realização de serviço sob a autoridade da empresa;
b) na prestação espontânea de qualquer serviço à empresa para lhe evitar 
prejuízo ou proporcionar proveito;
c) em viagem a serviço da empresa, inclusive para estudo quando financiada 
por esta dentro de seus planos para melhor capacitação da mão de obra, 
independentemente do meio de locomoção utilizado, inclusive veículo de 
propriedade do segurado;
d) no percurso da residência para o local de trabalho ou deste para aquela, qualquer 
que seja o meio de locomoção, inclusive veículo de propriedade do segurado.
§ 1º Nos períodos destinados a refeição ou descanso, ou por ocasião da 
satisfação de outras necessidades fisiológicas, no local do trabalho ou durante 
este, o empregado é considerado no exercício do trabalho (BRASIL, 1991).
Também é importante entender que podemos encontrar duas causas básicas que levam aos acidentes: a 
condição insegura e o ato inseguro. A primeira diz respeito ao ambiente, enquanto a segunda ao fator humano.
 Observação
Entre os exemplos que identificam os atos inseguros, podem ser 
mencionados: levantamento inadequado de cargas; permanência embaixo 
21
ERGONOMIA, ACESSIBILIDADE E SEGURANÇA DO TRABALHO
de cargas; manutenção, lubrificação ou limpeza de máquinas em movimento; 
remoção de dispositivos ou equipamentos de proteção; operações de 
máquinas em velocidades impróprias; além das razões apresentadas nos 
conceitos básicos de acidentes na introdução à segurança do trabalho.
Podemos dizer que as condições inseguras talvez sejam consequência de deficiência ou ausência de 
equipamentos coletivos de segurança, irregularidades técnicas que favorecem o surgimento de riscos à 
saúde do trabalhador ou mesmo à sua integridade física, também podendo causar danos à propriedade.
 Observação
Entre os exemplos que identificam as condições inseguras, podem 
ser mencionados: falta de proteção mecânica; condição defeituosa dos 
equipamentos; escadas inseguras; pisos derrapantes ou escorregadios; 
tubulações mal projetadas; projetos ou construções inseguras; iluminação 
e ventilação inadequadas; congestionamentos de máquinas e operadores.
Agora com estes conceitos, pode-se entender a importância que a ergonomia vem tomando ao 
longo de toda história, uma vez que fica claro compreender que, em síntese, ela busca adaptar, ao 
trabalhador, o seu posto de trabalho, suas ferramentas, o ambiente em que desenvolve suas atividades, 
preservando sua segurança e saúde, além de permitir que, através de um ambiente mais adequado, 
possa aumentar a produtividade e a qualidade do que se produz.
Na área da saúde, tanto os médicos quanto os higienistas estavam interessados nas consequências 
do trabalho sobre a saúde do homem. Já os engenheiros e os responsáveis por organizar os trabalhos, 
queriam saber quanto esforço mecânico se poderia esperar de um homem.
Basicamente encontravam-se dois tipos de pesquisadores. O primeiro deles formado por físicos 
e fisiologistas, que focavam seus esforços em descobrir a forma de se medir o custo energético, ou 
seja, a demanda de energia do corpo para determinada tarefa. Já o segundo grupo, mais voltado à 
psicologia do trabalho, estudava as capacidades e aptidões cognitivas do trabalhador, suas habilidades 
motoras e sensoriais, para poder assim estabelecer um perfil profissiográfico adequado para uma 
determinada tarefa ou atividade e, desta forma, permitir que se contrate um profissional que atenda 
a essas exigências.
Os princípios criados por Henry Ford, como a organização do trabalho em linhas de montagem, o 
ritmo controlado pela velocidade da linha, o operário com posto de fixo, a larga escala de fabricação, 
mostraram-se importantes para o aumento da eficiência nas áreas de produção, porém, uma série de 
problemas surgiu:
• o trabalhador era submetido ao trabalho exaustivo até o ponto de fadiga, buscando obter aumento 
da produtividade;
22
Unidade I
• deixar o trabalhador fixo em uma determinada posição ao longo do tempo acabou por transformá-lo 
em um autômato;
• com a sobrecarga funcional, os trabalhadores desenvolveram distúrbios osteomusculares, tão 
conhecidos hoje como Dort – distúrbio osteomuscular relacionado ao trabalho;
• a estratégia de colocar o operador mais hábil no início da linha de montagem gerava correria e 
sobrecarga dos demais trabalhadores da linha, que tinham que se esforçar para alcançar o mesmo 
ritmo;
• a impossibilidade de criar um modelo, ou método único, para todos trabalhadores, haja vista cada 
um possui suas próprias características e habilidades, sendo todos diferentes entre si;
• alienação do trabalhador (nos engenheiros concentravam o método e a decisão sobre o trabalho);
• as capacidades, habilidades e características físicas se tornam fatores importantes na seleção 
dos empregados, provocando a exclusão social dos que não atingiam os requisitos, quer por 
incapacidade, quer pelo desgaste decorrente do tempo de trabalho ou da própria idade.
Com esse panorama, a ergonomia surgiu, buscando aproveitar o que havia de bom nos sistemas 
produtivos e com a proposta de preservar a saúde do trabalhador.
Pode-se elencar vários fatores associados ao estudo da ergonomia:
• Ambientais: iluminação, ruído, clima, vibrações, agentes químicos etc.
• Postura e movimentos corporais: em pé, sentado, levantando cargas, puxando cargas, empurrando 
cargas etc.
• Relações entre mostradores e controles (tarefas e cargos): tarefas interessantes e adequadas.
• Informação: captada pela audição, visão e demais sentidos.
Consideram-se agentes ergonômicos as seguintes condições:
23
ERGONOMIA, ACESSIBILIDADE E SEGURANÇA DO TRABALHO
Agentes 
ergonômicos
Esforço 
físico 
intenso
Exigência 
de postura 
adequada
Situação 
de stress 
físico e/ou 
psíquico
Controle 
rígido de 
produtividade
Jornadas 
de trabalho 
prolongadas
Monotonia e 
repetitividade
Levantamento 
e transporte 
manual de 
peso
Trabalhos em 
turnos diurno 
e noturno
Imposição 
de ritmos 
excessivos
Figura 8 
O estudo da ergonomia está intimamente ligado a outras áreas científicas, tais como: 
fisiologia, psicologia, antropometria, eletrônica, desenho industrial, toxicologia, engenharia 
mecânica, biomecânica e informática. Por meio da contribuição de todos esses setores, a 
ergonomia desenvolveu métodos e técnicas específicas com o objetivo primordial de melhorar 
as condições de vida da população como um todo, tanto no que diz respeito ao cotidiano como 
ao ambiente de trabalho.
De acordo com o Galafassi(1999), os agentes ergonômicos podem provocar distúrbios psicológicos 
e fisiológicos no trabalhador, atrapalhando não só sua produtividade, mas sua segurança.
Seu foco principal é o homem, para quem a busca pela minimização de insegurança, insalubridade, 
ineficiência e desconforto é constante.
A ergonomia possui um significado social, pois contribui para resolver um vasto número de 
dificuldades e problemas sociais dirigidos à segurança, à saúde, ao conforto e à eficiência.
Inúmeras situações de trabalho e da vida no dia a dia são prejudiciais diretos à saúde, como 
as doenças do sistema musculoesquelético (dores nas costas) e as doenças psicológicas (estresse, 
depressão, entre outras). Desta forma, OMS e OIT definiram saúde ocupacional como sendo a 
promoção e a manutenção do bem-estar físico, mental e social dos trabalhadores, a prevenção dos 
agravos à saúde causados pelas condições de trabalho e a adaptação do trabalho ao homem e de 
cada homem à sua atividade. Alguns conhecimentos em ergonomia foram convertidos em normas 
oficiais, que serão estudados em módulos posteriores, dada sua relevância na redução de erros 
operacionais e de acidentes.
Não se pode esquecer que existe um princípio aplicado à ergonomia que recomenda que sistemas, 
tarefas e equipamentos devem ser projetados para o uso coletivo, apesar das diferenças individuais da 
população. Em casos especiais, devem ser criados e implementados projetos específicos.
24
Unidade I
 Lembrete
O foco principal da ergonomia é o homem, para quem a busca pela 
minimização de insegurança, insalubridade, ineficiência e desconforto 
é constante.
2 A ERGONOMIA E A EMPRESA
A ergonomia, como já visto, apresenta um grande potencial para propiciar benefícios 
à empresa quando implementa medidas que permitem melhorar ambientes de trabalho e, 
consequentemente, ganhos de produção e qualidade. Porém, ainda existe a dificuldade de fazer 
com que os empresários entendam que a ergonomia não se trata de custo ou despesa, mas 
sim de proporcionar ganhos e benefícios para seus empregados, refletindo diretamente em um 
ganho de produtividade e retorno financeiro.
Entre os benefícios que podemos citar, temos:
• ganho de produtividade;
• redução das lesões;
• melhor qualidade de vida no ambiente de trabalho;
• redução do absenteísmo;
• atendimento à legislação em vigor.
Desta forma, quando bem apresentado à empresa, fica claro que se trata de um investimento com 
retorno garantido, no qual a instituição obterá resultados, como aumento de produtividade, serviços 
ou produtos com qualidade, contribuindo para um ganho de competitividade da empresa. Contudo, 
para conquistar tudo isso, torna-se importante a compreensão de que a ergonomia é muito ampla e 
multidisciplinar, o que torna necessária a contratação de profissionais especialistas e com entendimento 
de toda a abrangência.
25
ERGONOMIA, ACESSIBILIDADE E SEGURANÇA DO TRABALHO
Maximizar 
conforto e 
bem-estar
Garantir a 
segurança
Minimizar 
custos 
humanos
Otimizar 
rendimento do 
trabalho
Incrementar 
produtividade
Anatomia Projeto de 
produtos /
Estação de 
trabalho
Desenho industrial
Engenharia do produto
Projeto de 
sistemas e 
componentes 
comunicacionais /
Informação
Programação visual
Comunicação social
Projeto 
operacionalização 
da tarefa /
Organização do 
trabalho
Engenharia industrial / 
de produção
Organização do 
trabalho
Engenharia de sistemas
Análise e programação 
de sistemas
Projeto do 
ambiente de 
trabalho
Arquitetura
Engenharia de 
segurança
Projeto de 
programas 
instrucionais
Recursos humanos
Recrutamento, seleção 
e treinamento
Projeto de 
software
Antropometria
Semiótica
Antropologia
Biomecânica 
ocupacional Abordagem 
sistêmica
Análise
macroergonômica
Modelagem 
comunicacional
Análise da tarefa
Medidas quantitativas 
com instrumentos
Psicopatologia 
do trabalho
Fisiologia do 
trabalho
Medicina do 
trabalho
Psicologia 
experimental
Psicologia do 
trabalho
Psicologia 
cognitiva
Sociologia do 
trabalho
Finalidades
ERGONOMIA
1 - Apreciação ergonômica
2 - Diagnose ergonômica
3 - Projetação ergonômica
4 - Avaliação, validação e/ou 
testes ergonômicos
5 - Detalhamento 
ergonômico e otimização
Figura 9 – Dimensão da ergonomia
A proteção da integridade física e mental dos trabalhadores se torna um fator importante para combater os 
custos decorrentes de indenizações por doenças ocupacionais e acidentes do trabalho, sendo assim necessário 
que a empresa conte com ações efetivas sobre saúde no ambiente do trabalho. É fundamental lembrar que, 
além do prejuízo financeiro, temos sofrimento humano, dor e depressão que podem afetar o empregado.
Em áreas administrativas podemos considerar:
• Utilização da mesa:
— superfície fosca para evitar o reflexo da luminosidade;
— bordas arredondadas com o intuito de impedir a compressão mecânica do punho;
— regulagem de altura;
26
Unidade I
— espaço para movimentação das pernas sob a mesa.
• Utilização da cadeira:
— altura do assento ajustada para evitar forçar a parte posterior da perna;
— deve ser aparelhada com cinco rodízios ou rodinhas;
— o colaborador deve produzir sentado e o ângulo conhecido como tronco-coxas precisa estar 
compreendido entre 90 e 110 graus;
— o encosto da cadeira deve ter lugar adequado para o apoio da região lombar;
— regulagem de profundidade, em que as costas fiquem bem apoiadas;
— não deve ser coberta com material que promova o aumento da sudorese, como napa, couro 
ou courvin.
• Utilização de acessórios:
— apoio para os pés, facilitando o retorno linfático e venoso;
— tela antirreflexiva, reduzindo o ofuscamento causado por áreas envidraçadas e luminárias;
— suporte para punhos, diminuindo a compressão mecânica no antebraço.
• Utilização do monitor de vídeo:
— padrão do tipo VGA;
— uso de tela clara com letras escuras;
— o topo da tela deve estar no nível dos olhos da pessoa;
— a posição do monitor precisa ser perpendicular à janela da sala.
27
ERGONOMIA, ACESSIBILIDADE E SEGURANÇA DO TRABALHO
1
2
3
4
5
6
7
8
9
1 - Cabeça: evite esticá-la para frente e para trás 
- a cada grau que seu pescoço é inclinado para 
frente, são adicionados 7 kg de pressão às juntas do 
pescoço. A tela deve ficar à distância de um braço.
2 - Pescoço: alongado e relaxado.
3 - Ombros: no nível do peito; peito aberto e 
alongado.
4 - Cotovelos: relaxados, em ângulo reto. Devem 
estar descansados em um apoio.
5 - Cadeira: inclinada ligeiramente para baixo.
6 - Tela: na altura dos olhos ou ligeiramente abaixo.
7 - Punhos: relaxados em posição neutra, sem 
flexionar para cima ou para baixo.
8 - Joelhos: ligeiramente mais baixos que as coxas.
9 - Pés: no chão ou sobre um apoio.
Figura 10 – Posição ergonomicamente correta
Outros cuidados devem ser tomados ao se usar computador no dia a dia, são eles:
• os pulsos precisam estar alinhados com o antebraço;
• durante a digitação, o cotovelo deve formar, em média, um ângulo de 90 graus;
• devem ocorrer pausas periódicas, com vistas ao descanso dos olhos e das mãos;
• a cabeça e a coluna devem estar em posição certa;
• os membros inferiores devem estar devidamente apoiados sobre o chão ou suporte adequado.
Errado!
Certo!
Figura 11 – Posições corretas para uso de teclado e mouse
28
Unidade I
Errado!
Certo!
Figura 12 
Certo!
Errado!
Figura 13 
Errado!
Certo!
Figura 14 – Posições corretas para uso de teclado e mouse
Com estas informações você já é capaz de analisar como anda a sua postura frente ao posto de 
trabalho com o computador, onde está errado, onde está certo, e como melhorá-la.
Outro fator importante que vem ganhando mais relevância a cada ano é a Síndrome Visual 
do Computador (SVC), que afeta os olhos, uma vez que, com a concentração dedicada à tela do 
computador, passamos a piscar menos vezes, lubrificando menos os olhos, além da contração da 
íris e da fatiga visual.
29
ERGONOMIA, ACESSIBILIDADE E SEGURANÇA DO TRABALHO
 Saiba mais
Para informaçõesadicionais sobre como evitar SVC e outras doenças no 
trabalho, leia as obras:
REHDER, M. Profissionais dão dicas para evitar doenças no trabalho. 
DCI, São Paulo, Carreira e Gestão, maio 2005. Disponível em: <http://www.
comunicare2.com.br/abml/properties.asp?txtCode=8496>. Acesso em: 29 
set. 2017.
VARÓN, P. Postura diante do monitor prejudica a visão. Folha de S. Paulo, 
Empregos, São Paulo, maio 2005. Disponível em: <http://www1.folha.uol.
com.br/fsp/empregos/ce2905200505.htm>. Acesso em: 29 set. 2017.
3 O QUE SÃO NORMAS REGULAMENTADORAS
As Normas de Segurança e Saúde no Trabalho (SST), chamadas de NR, estão previstas no capítulo V 
da CLT (BRASIL, 1977). Atualmente são 36, mas apenas 35 estão em uso. Algumas delas são genéricas, 
que tratam de assuntos mais amplos e gerais de SST, sendo seu cumprimento obrigatório, ou seja, 
compulsório para diversos setores da economia.
Figura 15 – Prédios dos ministérios, em Brasília. A esplanada dos ministérios da Capital Federal
Também iremos encontrar normas específicas transversais, que falam sobre temas específicos que 
não ficam restritos a um determinado setor econômico. Já as normas específicas não transversais são de 
aplicação a um determinado setor econômico.
30
Unidade I
Vamos apresentar uma breve abordagem sobre elas. É possível reparar que de uma forma geral 
elas estão divididas em obrigações do empregador, obrigações dos empregados, eventualmente de um 
fabricante de equipamento ou produto, e obrigações do agente fiscalizador, geralmente, o Estado.
4 AS NORMAS REGULAMENTADORAS
As Normas Regulamentadoras são orientações referentes à segurança e medicina do trabalho.
NR 1 – Disposições gerais
1.1 As Normas Regulamentadoras – NR, relativas à segurança e medicina do 
trabalho, são de observância obrigatória pelas empresas privadas e públicas 
e pelos órgãos públicos da administração direta e indireta, bem como pelos 
órgãos dos Poderes Legislativo e Judiciário, que possuam empregados 
regidos pela Consolidação das Leis do Trabalho – CLT (BRASIL, 1978b).
Falando sobre responsabilidade do empregador, temos no item 1.7 uma série de obrigações, 
como segue:
I. os riscos profissionais que possam originar-se nos locais de trabalho;
II. os meios para prevenir e limitar tais riscos e as medidas adotadas pela empresa;
III. os resultados dos exames médicos e de exames complementares de 
diagnóstico aos quais os próprios trabalhadores forem submetidos;
IV. os resultados das avaliações ambientais realizadas nos locais de trabalho 
(BRASIL, 1978b).
NR 2 – Inspeção prévia
Já encontramos em seu primeiro item: “2.1 Todo estabelecimento novo, antes de iniciar suas 
atividades, deverá solicitar aprovação de suas instalações ao órgão regional do MTb (BRASIL, 1978c).”
Dificilmente se vê esta prática ainda em uso.
NR 3 – Embargo ou interdição
Em seu primeiro item já esclarece seu papel e importância: “3.1 Embargo e interdição são medidas 
de urgência, adotadas a partir da constatação de situação de trabalho que caracterize risco grave e 
iminente ao trabalhador (BRASIL, 2011).”
Assim, perante um risco grave ou iminente, o Auditor Fiscal do Trabalho pode embargar ou paralisar 
a atividade para garantir a segurança do empregado.
31
ERGONOMIA, ACESSIBILIDADE E SEGURANÇA DO TRABALHO
 Observação
Somente o superintendente da Superintendência Regional do Trabalho 
e Emprego (SRTE) é quem pode aprovar o embargo.
NR 4 – Serviços Especializados em Engenharia de Segurança e em Medicina do Trabalho – SESMT
A criação do SESMT é um modelo tipicamente nacional, pois foi o primeiro a oferecer o serviço 
de engenharia de segurança no seio da empresa e o serviço de medicina do trabalho. Trata-se de um 
passo muito importante, uma vez que as empresas passaram a ter em seus quadros de empregados 
os profissionais prevencionistas para orientar e esclarecer sobre as aplicações das NR, das técnicas 
prevencionistas, determinando procedimentos de segurança, dando treinamentos etc., em prol da 
segurança dos trabalhadores.
O SESMT é composto de cinco profissionais: técnico em segurança do trabalho, engenheiro 
de segurança do trabalho, auxiliar de enfermagem do trabalho, enfermeiro do trabalho e médico 
do trabalho. O dimensionamento do SESMT dependerá do grau de risco da atividade da empresa 
e do número de empregados que ela possuir, conforme a tabela a seguir.
Tabela 1
Dimensionamento dos SESMT 
Grau 
de 
risco
50
a
100
101
a
250
251
a
500
501
a
1.000
1.001
a
2.000
2.001
a
3.500
3.501
a
5.000
Acima de 5.000 
Para cada grupo 
de 4.000 Ou 
fração Acima de 
2.000 **
 
1
 
Técnico de seg. trabalho 1 1 1 2 1
Engenheiro seg. trabalho 1* 1 1*
Aux. enf. do trabalho 1 1 1
Enfermeiro do trabalho 1*
Médico do trabalho 1* 1* 1 1*
 
2
 
Técnico de seg. trabalho 1 1 2 5 1
Engenheiro seg. trabalho 1* 1 1 1*
Aux. enf. do trabalho 1 1 1 1
Enfermeiro do trabalho 1
Médico do trabalho 1* 1 1 1
 
3
 
Técnico de seg. trabalho 1 2 3 4 6 8 3
Engenheiro seg. trabalho 1* 1 1 2 1
Aux. enf. do trabalho 1 2 1 1
Enfermeiro do trabalho 1
Médico do trabalho 1* 1 1 2 1
Nº empregados no 
estabelecimento
Técnicos
32
Unidade I
 
4
 
Técnico de seg. trabalho 1 2 3 4 5 8 10 3
Engenheiro seg. trabalho 1* 1* 1 1 2 3 1
Aux. enf. do trabalho 1 1 2 1 1
Enfermeiro do trabalho 1
Médico do trabalho 1* 1* 1 1 2 3 1
 (*) Tempo parcial (mínimo de três horas). Obs.: Hospitais, ambulatórios, 
maternidades, casas de 
saúde e repouso, clínicas e 
estabelecimentos similares 
com mais de 500 (quinhentos) 
empregados, deverão contratar um 
enfermeiro em tempo integral.
 (**) O dimensionamento total deverá ser feito levando-se em consideração o 
dimensionamento de faixas de 3.501 a 5.000 mais o dimensionamento do(s) grupo(s) de 
4.000 Ou fração acima de 2.000.
Fonte: Brasil (1978e).
Infelizmente, um número muito pequeno de empresas acaba tendo a necessidade de compor um 
SESMT, ficando assim sem qualquer profissional de segurança em seu quadro de funcionários.
NR 5 – Comissão Interna de Prevenção de Acidentes – Cipa
A Cipa, por sua vez, está presente em um número muito maior de empresas, já que se torna necessária 
a partir de 20 trabalhadores, dependendo do grupo em que a instituição se encontra.
Entre suas atribuições, uma das mais importantes é a elaboração do mapa de riscos, que vem atender 
à premissa básica da SST, que é: o direito do saber versus o dever de informar.
Como poderiam os trabalhadores se proteger de riscos se não souberem que estão presentes no seu 
local de trabalho?
É importante destacar as obrigações dessa comissão, as quais constam no item 5.16.
5.16 A CIPA terá por atribuição:
a) identificar os riscos do processo de trabalho, e elaborar o mapa de 
riscos, com a participação do maior número de trabalhadores, com 
assessoria do SESMT, onde houver;
b) elaborar plano de trabalho que possibilite a ação preventiva na 
solução de problemas de segurança e saúde no trabalho;
c) participar da implementação e do controle da qualidade das medidas 
de prevenção necessárias, bem como da avaliação das prioridades de 
ação nos locais de trabalho;
33
ERGONOMIA, ACESSIBILIDADE E SEGURANÇA DO TRABALHO
d) realizar, periodicamente, verificações nos ambientes e condições de 
trabalho visando a identificação de situações que venham a trazer 
riscos para a segurança e saúde dos trabalhadores;
e) realizar, a cada reunião, avaliação do cumprimento das metas fixadas em seu 
plano de trabalho e discutir as situações de risco que foram identificadas;
f) divulgar aos trabalhadores informações relativas à segurança e saúde 
no trabalho;
g) participar, com o SESMT, onde houver, das discussões promovidas pelo 
empregador, para avaliar os impactos de alterações no ambiente e 
processo de trabalho relacionados à segurança e saúde dos trabalhadores;
h) requerer ao SESMT, quando houver, ou ao empregador, a paralisação 
de máquina ou setor onde considere haver riscograve e iminente à 
segurança e saúde dos trabalhadores;
i) colaborar no desenvolvimento e implementação do PCMSO e PPRA e 
de outros programas relacionados à segurança e saúde no trabalho;
j) divulgar e promover o cumprimento das Normas Regulamentadoras, 
bem como cláusulas de acordos e convenções coletivas de trabalho, 
relativas à segurança e saúde no trabalho;
l) participar, em conjunto com o SESMT, onde houver, ou com o 
empregador, da análise das causas das doenças e acidentes de trabalho 
e propor medidas de solução dos problemas identificados;
m) requisitar ao empregador e analisar as informações sobre questões 
que tenham interferido na segurança e saúde dos trabalhadores;
n) requisitar à empresa as cópias das CAT emitidas;
o) promover, anualmente, em conjunto com o SESMT, onde houver, a 
Semana Interna de Prevenção de Acidentes do Trabalho – SIPAT;
p) participar, anualmente, em conjunto com a empresa, de Campanhas 
de Prevenção da AIDS (BRASIL, 1978d).
NR 6 – Equipamento de Proteção Individual – EPI
Inicialmente é importante entender que equipamento de segurança não é apenas equipamento, 
mas produto, haja vista o uso de cremes protetores que preservam contra determinados riscos físicos 
34
Unidade I
ou químicos. Esses equipamentos deveriam ser a última alternativa a ser utilizada para a proteção dos 
trabalhadores, seguindo a hierarquia, como já abordado, devendo antes buscar:
• eliminar o risco na fonte;
• não sendo possível, mantê-lo sob controle com medidas coletivas;
• por último, adotar EPI.
Conforme a NR 6, itens 6.6 e 6.7:
6.6 Responsabilidades do empregador
6.6.1 – Cabe ao empregador quanto ao EPI:
a) adquirir o adequado ao risco de cada atividade;
b) exigir seu uso;
c) fornecer ao trabalhador somente o aprovado pelo órgão nacional 
competente em matéria de segurança e saúde no trabalho;
d) orientar e treinar o trabalhador sobre o uso adequado, guarda e conservação;
e) substituir imediatamente, quando danificado ou extraviado;
f) responsabilizar-se pela higienização e manutenção periódica; e,
g) comunicar ao MTE qualquer irregularidade observada.
h) registrar o seu fornecimento ao trabalhador, podendo ser adotados 
livros, fichas ou sistema eletrônico (BRASIL, 2001).
Figura 16 – Bombeiros são os que mais utilizam os EPIs
35
ERGONOMIA, ACESSIBILIDADE E SEGURANÇA DO TRABALHO
6.7 Responsabilidades do trabalhador
6.7.1 Cabe ao empregado quanto ao EPI:
a) usar, utilizando-o apenas para a finalidade a que se destina;
b) responsabilizar-se pela guarda e conservação;
c) comunicar ao empregador qualquer alteração que o torne impróprio 
para uso; e,
d) cumprir as determinações do empregador sobre o uso adequado 
(BRASIL, 2001).
Óculos de segurança
Capacete de segurança
Abafador de ruído
Cinto de segurança
Calça comprida
Luvas de raspa
Camisa ou camiseta
Máscara filtradora
Calçado fechado
(Não pode ser manga regata)
Figura 17 – EPIs
Outro ponto importante a se destacar é a necessidade de um Certificado de Aprovação (CA) para que 
o EPI seja válido.
36
Unidade I
 Lembrete
Inicialmente é importante entender que equipamento de segurança não 
é apenas equipamento, mas produto, haja vista o uso de cremes protetores 
que preservam contra determinados riscos físicos ou químicos.
NR 7 – Programas de controle médico e saúde ocupacional – PCMSO
Um programa importante, que interage com o que veremos a seguir na NR 9, determinando os 
exames médicos obrigatórios a serem feitos no trabalhador.
Diz o artigo da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT):
Art. 168 – Será obrigatório exame médico, por conta do empregador, nas 
condições estabelecidas neste artigo e nas instruções complementares a 
serem expedidas pelo Ministério do Trabalho:
I – na admissão;
II – na demissão;
III – periodicamente.
§ 1º – O Ministério do Trabalho baixará instruções relativas aos casos em que 
serão exigíveis exames:
a) por ocasião da demissão;
b) complementares.
§ 2º – Outros exames complementares poderão ser exigidos, a critério médico, 
para apuração da capacidade ou aptidão física e mental do empregado para 
a função que deva exercer.
§ 3º – O Ministério do Trabalho estabelecerá, de acordo com o risco da 
atividade e o tempo de exposição, a periodicidade dos exames médicos.
§ 4º – O empregador manterá, no estabelecimento, o material necessário à 
prestação de primeiros socorros médicos, de acordo com o risco da atividade.
§ 5º – O resultado dos exames médicos, inclusive o exame complementar, será 
comunicado ao trabalhador, observados os preceitos da ética médica (BRASIL, 1989).
37
ERGONOMIA, ACESSIBILIDADE E SEGURANÇA DO TRABALHO
§ 6º Serão exigidos exames toxicológicos, previamente à admissão e por 
ocasião do desligamento, quando se tratar de motorista profissional, 
assegurados o direito à contraprova em caso de resultado positivo e a 
confidencialidade dos resultados dos respectivos exames.
§ 7º Para os fins do disposto no § 6º, será obrigatório exame toxicológico com 
janela de detecção mínima de 90 (noventa) dias, específico para substâncias 
psicoativas que causem dependência ou, comprovadamente, comprometam 
a capacidade de direção, podendo ser utilizado para essa finalidade o exame 
toxicológico previsto na Lei no 9.503, de 23 de setembro de 1997 – Código 
de Trânsito Brasileiro, desde que realizado nos últimos 60 (sessenta) dias 
(BRASIL, 1943).
O PCMSO se resume a uma avaliação clínica, nas hipóteses de admissão, demissão, avaliação 
periódica, com o tempo determinado pelo item 7.4.3.2 NR n° 7, que diz:
7.4.3.2 no exame médico periódico, de acordo com os intervalos mínimos de 
tempo abaixo discriminados:
a) para trabalhadores expostos a riscos ou a situações de trabalho que 
impliquem o desencadeamento ou agravamento de doença ocupacional, ou, 
ainda, para aqueles que sejam portadores de doenças crônicas, os exames 
deverão ser repetidos:
a.1) a cada ano ou a intervalos menores, a critério do médico encarregado, 
ou se notificado pelo médico agente da inspeção do trabalho, ou, ainda, 
como resultado de negociação coletiva de trabalho;
a.2) de acordo com à periodicidade especificada no Anexo nº 6 da NR 15, 
para os trabalhadores expostos a condições hiperbáricas;
b) para os demais trabalhadores:
b.1) anual, quando menores de 18 (dezoito) anos e maiores de 45 (quarenta 
e cinco) anos de idade;
b.2) a cada dois anos, para os trabalhadores entre 18 (dezoito) anos e 45 
(quarenta e cinco) anos de idade (BRASIL, 1994a).
NR 8 – Edificações
Esta norma apresenta as questões referentes à segurança da edificação, finalizado o período de 
obras, quando o imóvel já está em uso regular, preocupando-se com as condições dos locais nos quais 
os empregados desenvolvem suas atividades. Portanto, ela determina os requisitos técnicos mínimos 
38
Unidade I
que devem ser observados, com a finalidade de proporcionar conforto e segurança aos que nela estão 
inseridos.
Aqui é importante se fazer um parêntese para falar que esta NR não traz qualquer recomendação 
destinada à proteção do empregado portador de necessidades especiais, neste caso deveremos 
buscar a NBR 9050 (BRASIL, 2015), a qual trata da acessibilidade em edificações, espaços e 
equipamentos urbanos.
As normas de acessibilidade são de interesse social e citadas por suas leis federais.
 Saiba mais
A lei de acessibilidade, instituída pelo Decreto-lei nº 5.296, pode ser 
visualizada em: 
BRASIL. Presidência da República. Casa Civil. Subchefia para Assuntos 
Jurídicos. Decreto nº 5.296, de 2 de dezembro de 2004. Regulamenta as Leis 
nos 10.048, de 8 de novembro de 2000, que dá prioridade de atendimento às 
pessoas que especifica, e 10.098, de 19 de dezembro de 2000, que estabelece 
normas gerais e critérios básicos para a promoção da acessibilidade das 
pessoas portadoras de deficiência ou com mobilidade reduzida, e dá outras 
providências. Brasília: DF, 2004a. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/
ccivil_03/_ato2004-2006/2004/decreto/d5296.htm>. Acesso em: 5 out. 2017.
Entreos itens modificados pela nova NBR 9050 de 2015, encontram-se:
• Comunicação e sinalização: na versão anterior, o piso tátil era mencionado, mas não havia 
detalhamento sobre este importante recurso utilizado pelas pessoas com deficiência visual. Na 
versão revisada, tal item recebeu especificações como sendo de alerta ou orientação, determinando 
diferenciação entre relevo e rugosidade. Também a localização do piso tátil, que deve ser aplicado 
no início ou fim de rampa, o rebaixamento de guia e beiradas de plataformas, entre outros, foi 
especificada. Outra mudança observada no aspecto da comunicação e sinalização é a utilização de 
pictogramas, enfatizando a perspectiva visual. A sinalização tátil recebe destaque pelo emprego 
de caracteres em relevo e pela versão em braile.
• Inclinação de rampas: antes, era permitida até 10%, agora estabelece-se o limite de 8%, mesmo 
índice definido em normas de países da Europa e nos Estados Unidos.
• Sanitários: eles também foram otimizados. A alteração ocorre no espaço livre entre o vaso sanitário 
e a abertura da porta, que deve ser de, no mínimo, 0,60 m, para evitar que a abertura da porta seja 
impedida pela peça sanitária. As barras de apoio em frente à pia passam a ser item obrigatório 
para um sanitário acessível.
39
ERGONOMIA, ACESSIBILIDADE E SEGURANÇA DO TRABALHO
 Saiba mais
Todas as normas constitucionais, leis federais e decretos que regem os 
direitos da pessoa com deficiência, encontram-se em: 
BRASIL. Ministério dos Direitos Humanos. Pessoa com deficiência. 
Legislação. Brasília: DF, [s.d.]. Disponível em: <http://www.sdh.gov.br/
assuntos/pessoa-com-deficiencia/legislacao>. Acesso em: 10 out. 2017.
NR 9 – Programas de prevenção de riscos ambientais – PPRA
O PPRA é um programa que visa à proteção da saúde do trabalhador no seu ambiente de trabalho. 
Ele tem um papel importante pois, seguindo as orientações da norma para sua elaboração, fica clara a 
necessidade de que se anteveja o perigo, agindo de forma preventiva e proativa.
Trata-se de um documento fundamental, que irá compor um sistema de gestão de SST na empresa, 
voltado para proteção e saúde dos funcionários. Ele interage com os demais programas obrigatórios, 
constituindo o que seria uma gestão mínima de SST a ser seguida.
A partir do mapeamento dos riscos, sendo que o PPRA avalia os riscos físicos, químicos e biológicos, 
realiza-se o monitoramento e o controle dos riscos existentes no local de trabalho e as medidas adotadas 
para evitar os acidentes e as doenças ocupacionais.
9.1.1 Esta Norma Regulamentadora – NR estabelece a obrigatoriedade 
da elaboração e implementação, por parte de todos os empregadores e 
instituições que admitam trabalhadores como empregados, do Programa 
de Prevenção de Riscos Ambientais – PPRA, visando à preservação 
da saúde e da integridade dos trabalhadores, através da antecipação, 
reconhecimento, avaliação e consequente controle da ocorrência de riscos 
ambientais existentes ou que venham a existir no ambiente de trabalho, 
tendo em consideração a proteção do meio ambiente e dos recursos 
naturais (BRASIL, 1994b).
Este programa deve andar em conjunto com o PCMSO, pois um depende do outro e ambos se 
validam. Ele precisa ser realizado anualmente, ou sempre que for necessário devido a alguma mudança 
significativa no layout do ambiente de trabalho do estabelecimento.
NR 10 – Segurança em instalações e serviços em eletricidade
Trata-se de uma norma que determina que em todas as intervenções em instalações elétricas devem 
ser adotadas medidas preventivas de controle do risco elétrico e adicionais, mediante técnicas de análise, 
de forma a garantir a segurança e a saúde no trabalho.
40
Unidade I
10.1.1 Esta Norma Regulamentadora – NR estabelece os requisitos e condições 
mínimas objetivando a implementação de medidas de controle e sistemas 
preventivos, de forma a garantir a segurança e a saúde dos trabalhadores 
que, direta ou indiretamente, interajam em instalações elétricas e serviços 
com eletricidade (BRASIL, 2004b).
NR 11 – Transporte, movimentação, armazenagem e manuseio de materiais
Esta norma é de larga aplicação, uma vez que encontramos, nas mais diversas atividades econômicas, 
movimentação e armazenagem de cargas. Ela determina, entre outras coisas, regras de segurança para 
operação de elevadores, guindastes, transportadores industriais e máquinas transportadoras, bem 
como formas de armazenagem dos mais variados materiais, exigências de habilitação do operador do 
equipamento, dispositivos de segurança etc.
NR 12 – Segurança no trabalho em máquinas e equipamentos
Esta norma tem gerado muita disputa por parte dos empresários, já que exige investimento para 
adequar equipamentos e máquinas aos padrões de segurança para os operadores. Estabelece as medidas 
de prevenção de segurança e higiene do trabalho relacionadas com a instalação, operação e manutenção 
de máquinas e equipamentos. Muitas empresas ainda a seguem, ela é de extrema importância no que 
diz respeito à segurança dos operadores.
NR 13 – Caldeiras, vasos de pressão e tubulações
Aqui encontramos os requisitos técnico-legais que se aplicam à instalação, operação e manutenção 
de caldeiras e vasos de pressão, com o objetivo de prevenir a ocorrência de acidentes de trabalho.
NR 14 – Fornos
Pode-se localizar aqui as condições legais voltadas à construção, operação e manutenção dos fornos 
industriais nos ambientes de trabalho, sejam eles para qualquer utilização, que devem ser construídos 
solidamente, revestidos com material refratário, de forma que o calor radiante não ultrapasse os limites 
de tolerância estabelecidos pela NR nº 15 para atividades e operações insalubres que veremos a seguir.
NR 15 – Atividades e operações insalubres
Inicialmente é importante que compreenda do que se trata um ambiente insalubre. Ao contrário de 
um ambiente salubre, que faz bem à saúde, ele é prejudicial ao longo do tempo de exposição.
Então, nesta NR vamos encontrar a descrição de atividades, operações e agentes insalubres, inclusive 
seus limites de tolerância e meios de proteção dos trabalhadores das exposições nocivas à saúde.
O conceito destas atividades pode ser encontrado nos artigos 189, 190, 191 e 192 da CLT:
41
ERGONOMIA, ACESSIBILIDADE E SEGURANÇA DO TRABALHO
Art. 189 – Serão consideradas atividades ou operações insalubres aquelas 
que, por sua natureza, condições ou métodos de trabalho, exponham os 
empregados a agentes nocivos à saúde, acima dos limites de tolerância 
fixados em razão da natureza e da intensidade do agente e do tempo de 
exposição aos seus efeitos.
[...] Art. 190 – O Ministério do Trabalho aprovará o quadro das atividades e 
operações insalubres e adotará normas sobre os critérios de caracterização 
da insalubridade, os limites de tolerância aos agentes agressivos, meios de 
proteção e o tempo máximo de exposição do empregado a esses agentes.
Parágrafo único – As normas referidas neste artigo incluirão medidas de 
proteção do organismo do trabalhador nas operações que produzem 
aerodispersoides tóxicos, irritantes, alérgicos ou incômodos.
Art. 191 – A eliminação ou a neutralização da insalubridade ocorrerá:
I – com a adoção de medidas que conservem o ambiente de trabalho dentro 
dos limites de tolerância;
II – com a utilização de equipamentos de proteção individual ao trabalhador, 
que diminuam a intensidade do agente agressivo a limites de tolerância.
Parágrafo único – Caberá às Delegacias Regionais do Trabalho, comprovada a 
insalubridade, notificar as empresas, estipulando prazos para sua eliminação 
ou neutralização, na forma deste artigo.
Art. 192 – O exercício de trabalho em condições insalubres, acima 
dos limites de tolerância estabelecidos pelo Ministério do Trabalho, 
assegura a percepção de adicional respectivamente de 40% (quarenta 
por cento), 20% (vinte por cento) e 10% (dez por cento) do salário 
mínimo da região, segundo se classifiquem nos graus máximo, médio 
e mínimo (BRASIL, 1943).
 Observação
Aerodispersoidessão partículas ou gotículas extremamente pequenas 
em suspensão na atmosfera ou no ambiente de trabalho que são 
transportados pela corrente de ar, a que chamamos de poeira ou vapores.
Em virtude desta consideração, pode-se observar que a NR nº 15 – Atividades e operações insalubres 
traz em seus 14 anexos, os limites de tolerância dos agentes agressores e das condições especiais 
impostas para a realização de algumas atividades laborais específicas, como segue:
42
Unidade I
• Anexo nº 1 – Limites de tolerância para ruído contínuo ou intermitente.
• Anexo nº 2 – Limites de tolerância para ruídos de impacto.
• Anexo nº 3 – Limites de tolerância para exposição ao calor.
• Anexo nº 4 – (Revogado).
• Anexo nº 5 – Radiações ionizantes.
• Anexo nº 6 – Trabalho sob condições hiperbáricas.
• Anexo nº 7 – Radiações não ionizantes.
• Anexo nº 8 – Vibrações.
• Anexo nº 9 – Frio.
• Anexo nº 10 – Umidade.
• Anexo nº 11 – Agentes químicos cuja insalubridade é caracterizada por limite de tolerância e 
inspeção no local de trabalho.
• Anexo nº 12 – Limites de tolerância para poeiras minerais.
• Anexo nº 13 – Agentes químicos.
• Anexo nº 13 A – Benzeno.
• Anexo nº 14 – Agentes biológicos.
Através de perícia, ao se constatar que o empregado ficou exposto a um ambiente insalubre, 
ele terá direito à percepção de um adicional, conhecido como adicional de insalubridade, sobre 
o seu salário, que deve incidir sobre o salário mínimo regional, e ainda ser mensurado de acordo 
com o grau de exposição: leve, moderado ou alto, variando respectivamente entre 10%, 20% e 
40% por cento.
É importante ressaltar que, na hipótese de eliminação do risco ou de seu condicionamento aos 
limites de tolerância previstos nesta NR, ocorrerá à cessação da obrigatoriedade do pagamento 
adicional ao empregado.
Podemos citar como exemplo a exposição ao ruído. A NR 15 determina como limites de exposição 
diária, o seguinte:
43
ERGONOMIA, ACESSIBILIDADE E SEGURANÇA DO TRABALHO
Tabela 2 – Limites de tolerância para ruído contínuo ou intermitente
Nível de ruído dB (A) Máxima exposição diária permissível
85 8 horas
86 7 horas
87 6 horas
88 5 horas
89 4 horas e 30 minutos
90 4 horas
91 3 horas e 30 minutos
92 3 horas
93 2 horas e 40 minutos
94 2 horas e 15 minutos
95 2 horas
96 1 hora e 45 minutos
98 1 hora e 15 minutos
100 1 hora
102 45 minutos
104 35 minutos
105 30 minutos
106 25 minutos
108 25 minutos
110 15 minutos
112 10 minutos
114 8 minutos
115 7 minutos
Fonte: Brasil (1978e).
Ou seja, o limite de exposição para uma jornada de 8 horas é de 85 dB (A). Conforme a pressão 
sonora se eleva, o tempo de exposição deve diminuir.
Outro modelo trata da exposição ao calor, em regime de trabalho intermitente, conforme a seguinte tabela:
Tabela 3 – Regime de trabalho intermitente
Regime de trabalho intermitente com descanso 
no próprio local de trabalho (por hora) Leve Moderada Pesada
Trabalho contínuo até 30,0 até 26,7 até 25,0
15 minutos de descanso 30,1 a 30,5 26,8 a 28,0 25,1 a 25,29
30 minutos de descanso 30,7 a 31,4 28,1 a 29,4 26,0 a 27,9
45 minutos de descanso 31,5 a 32,2 29,5 a 31,1 28,0 a 30,0
Medidas adequadas de controle acima de 32,2 acima de 31,1 acima de 30,0
Fonte: Brasil (1978e).
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Unidade I
NR 16 – Atividades e operações perigosas
Esta NR regulamenta as atividades com explosivos, inflamáveis, eletricidade e radiações ionizantes. 
Ela assegura ao trabalhador a percepção de adicional de 30% (trinta por cento), incidente sobre o seu 
salário, sem os acréscimos resultantes de gratificações, prêmios ou participação nos lucros da empresa.
As atividades e operações perigosas estão constantes nos seguintes anexos da NR:
• Anexo 1 – Atividades e operações perigosas com explosivos.
• Anexo 2 – Atividades e operações perigosas com inflamáveis.
• Anexo 3 – Atividades e operações perigosas com exposição a roubos ou outras espécies de violência 
física nas atividades profissionais de segurança pessoal ou patrimonial.
• Anexo 4 – Atividades e operações perigosas com energia elétrica.
• Anexo 5 – Atividades perigosas em motocicleta.
• Anexo sem número – Atividades e operações perigosas com radiações ionizantes ou substâncias 
radioativas – Atividades/Áreas de risco.
É responsabilidade do empregador a caracterização ou a descaracterização da periculosidade, 
mediante laudo técnico elaborado por médico do trabalho ou engenheiro de segurança do trabalho, nos 
termos do artigo 195 da CLT, que diz:
Art. 195 – A caracterização e a classificação da insalubridade e da 
periculosidade, segundo as normas do Ministério do Trabalho, far-se-ão 
através de perícia a cargo de Médico do Trabalho ou Engenheiro do Trabalho, 
registrados no Ministério do Trabalho.
§ 1º – É facultado às empresas e aos sindicatos das categorias profissionais 
interessadas requererem ao Ministério do Trabalho a realização de perícia em 
estabelecimento ou setor deste, com o objetivo de caracterizar e classificar 
ou delimitar as atividades insalubres ou perigosas.
§ 2º – Arguida em juízo insalubridade ou periculosidade, seja por empregado, 
seja por Sindicato em favor de grupo de associado, o juiz designará perito 
habilitado na forma deste artigo, e, onde não houver, requisitará perícia ao 
órgão competente do Ministério do Trabalho.
§ 3º – O disposto nos parágrafos anteriores não prejudica a ação 
fiscalizadora do Ministério do Trabalho, nem a realização ex officio da 
perícia (BRASIL, 1977).
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ERGONOMIA, ACESSIBILIDADE E SEGURANÇA DO TRABALHO
NR 17 – Ergonomia
Já a NR nº 17 – Ergonomia visa estabelecer parâmetros que permitam a adaptação das condições 
de trabalho às características psicofisiológicas dos trabalhadores, de modo a proporcionar um máximo 
de conforto, segurança e desempenho eficiente, considerando as condições de trabalho que incluem 
aspectos relacionados ao levantamento, ao transporte e à descarga de materiais, ao mobiliário, aos 
equipamentos e às condições ambientais do posto de trabalho e da própria organização do trabalho.
De acordo com o item 17.6.2 da NR nº 17,
17.6.2. A organização do trabalho, para efeito desta NR, deve levar em 
consideração, no mínimo:
a) as normas de produção;
b) o modo operatório;
c) a exigência de tempo;
d) a determinação do conteúdo de tempo;
e) o ritmo de trabalho;
f) o conteúdo das tarefas (BRASIL, 1990).
NR 18 – Condições e meio ambiente de trabalho na indústria da construção
Estabelece diretrizes de ordem administrativa, de planejamento e de organização, que objetivam a 
implementação de medidas de controle e sistemas preventivos de segurança nos processos, nas condições 
e no meio ambiente de trabalho na indústria da construção, além de atividades e serviços de demolição, 
reparo, pintura, limpeza e manutenção de edifícios em geral, de qualquer número de pavimentos ou tipo 
de construção, inclusive manutenção de obras de urbanização e paisagismo.
Esta NR também prevê a necessidade da elaboração do Programa de Controle do Meio Ambiente de 
Trabalho (PCMAT), um complemento essencial para o PPRA, e este se adequa às características ímpares 
de um canteiro de obras que necessita de atenções especiais ao longo de todas as suas fases, pois em 
cada uma delas existem riscos distintos.
NR 19 – Explosivos
A presente NR considera explosivo, todo material ou substância que, quando iniciado, sofre 
decomposição muito rápida em produtos mais estáveis, com grande liberação de calor e desenvolvimento 
súbito de pressão, levando em conta que as atividades de fabricação, utilização, importação, exportação, 
tráfego e comércio de explosivos devem obedecer ao disposto na legislação específica, em especial ao 
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Unidade I
Regulamento para Fiscalização de Produtos Controlados (R-105) do Exército Brasileiro, aprovado pelo 
Decreto nº 3.665 (BRASIL, 2000).
Figura 18 – Explosivos merecem muita atenção
 Saiba mais
Por meio do site da Presidência da República, Casa Civil, Subchefia 
para Assuntos Jurídicos, é possível ler o Regulamento para Fiscalização

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