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Autor: Prof. Ricardo Calasans Colaboradores: Prof. Ricardo Scalão Tinoco Profa. Laura Cristina da Cruz Dominciano Ergonomia, Acessibilidade e Segurança do Trabalho Professor conteudista: Ricardo Calasans Graduado em Engenharia de Produção Mecânica pela Universidade Metodista de Piracicaba (1994), em Direito pela Universidade Paulista (2008) e em Medicina Veterinária pela UNIP – Universidade Paulista (2014). Possui especialização em Engenharia de Segurança do Trabalho pela Universidade Paulista (1996), especialização em Informática pela Universidade Paulista (1997) e mestrado profissional em Engenharia de Produção pela Universidade Paulista (1999). Doutorando na Faculdade de Saúde Pública da USP em Organização dos Processos Produtivos e Saúde do Trabalhador. Diretor da Associação Brasileira dos Profissionais de Medicina e Segurança do Trabalho e Meio Ambiente (Abraphiset) desde 1997, órgão em que atua como consultor e perito em questões de insalubridade, periculosidade, doenças e acidentes do trabalho, cursos e treinamentos em SST. Coordenador do Congresso Brasileiro de Segurança e Medicina no Trabalho (Cobrasemt) e do Congresso Brasileiro de Perícias (Cobrape). Coordenador do Simpósio de Criminalística e Atividades Periciais e do Simpósio de Meio Ambiente. Professor-adjunto dos cursos de graduação nas seguintes modalidades de Engenharia: Mecânica, Mecatrônica, Produção, Elétrico-eletrônica e Civil. Nessa função, também atua nas disciplinas de Arquitetura e Urbanismo, Administração, Medicina Veterinária, Biomedicina, Gestão Ambiental e Agronegócios. É tecnólogo em Segurança do Trabalho da UNIP. Coordenador-geral do curso de Tecnologia de Segurança do Trabalho e do curso técnico de Segurança do Trabalho – Pronatec da UNIP. Também é coordenador do curso de pós-graduação em Engenharia de Segurança do Trabalho da UNIP-Anchieta. Líder das disciplinas de Ergonomia – nos cursos de Engenharia e Gestão Laboratorial – e Controle de Qualidade – do curso de Biomedicina. Atualmente elabora alguns dos conteúdos e determinadas gravações dos vídeos da UNIP Interativa e do material didático pedagógico da referida instituição. © Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida ou transmitida por qualquer forma e/ou quaisquer meios (eletrônico, incluindo fotocópia e gravação) ou arquivada em qualquer sistema ou banco de dados sem permissão escrita da Universidade Paulista. Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) C143e Calasans, Ricardo. Ergonomia, acessibilidade e segurança do trabalho. / Ricardo Calasans. – São Paulo: Editora Sol, 2022. 108 p., il. Nota: este volume está publicado nos Cadernos de Estudos e Pesquisas da UNIP, Série Didática, ISSN 1517-9230. 1. Ergonomia. 2. Acessibilidade. 3. Segurança do trabalho. I. Título. CDU 007 U514.45 – 22 Prof. Dr. João Carlos Di Genio Reitor Profa. Sandra Miessa Reitora em Exercício Profa. Dra. Marilia Ancona Lopez Vice-Reitora de Graduação Profa. Dra. Marina Ancona Lopez Soligo Vice-Reitora de Pós-Graduação e Pesquisa Profa. Dra. Claudia Meucci Andreatini Vice-Reitora de Administração Prof. Dr. Paschoal Laercio Armonia Vice-Reitor de Extensão Prof. Fábio Romeu de Carvalho Vice-Reitor de Planejamento e Finanças Profa. Melânia Dalla Torre Vice-Reitora de Unidades do Interior Unip Interativa Profa. Elisabete Brihy Prof. Marcelo Vannini Prof. Dr. Luiz Felipe Scabar Prof. Ivan Daliberto Frugoli Material Didático Comissão editorial: Profa. Dra. Christiane Mazur Doi Profa. Dra. Angélica L. Carlini Profa. Dra. Ronilda Ribeiro Apoio: Profa. Cláudia Regina Baptista Profa. Deise Alcantara Carreiro Projeto gráfico: Prof. Alexandre Ponzetto Revisão: Kleber Nascimento de Souza Rose Castilho Sumário Ergonomia, Acessibilidade e Segurança do Trabalho APRESENTAÇÃO ......................................................................................................................................................7 INTRODUÇÃO ...........................................................................................................................................................8 Unidade I 1 HISTÓRICO E EVOLUÇÃO DA ERGONOMIA E SEGURANÇA DO TRABALHO ............................. 11 2 A ERGONOMIA E A EMPRESA .................................................................................................................... 24 3 O QUE SÃO NORMAS REGULAMENTADORAS...................................................................................... 29 4 AS NORMAS REGULAMENTADORAS ....................................................................................................... 30 Unidade II 5 ANTROPOMETRIA ............................................................................................................................................ 52 6 FUNDAMENTOS DA FISIOLOGIA E DO METABOLISMO ..................................................................... 66 6.1 Função neuromuscular ...................................................................................................................... 66 6.2 Sistema muscular ................................................................................................................................. 69 6.3 Fisiologia muscular .............................................................................................................................. 74 6.4 Metabolismo ........................................................................................................................................... 76 7 BIOMECÂNICA OCUPACIONAL ................................................................................................................... 78 8 MANUSEIO DE CARGAS ................................................................................................................................ 80 7 APRESENTAÇÃO Este livro-texto busca apresentar alguns dos principais pontos sobre ergonomia, antropometria, segurança do trabalho e acessibilidade, de forma que o aluno possa compreender a abrangência do tema e a sua importância na prevenção de acidentes e doenças do trabalho na atividade da engenharia civil. Para que se tenha uma noção da importância da questão da segurança do trabalho, podemos destacar o artigo “Doenças do Trabalho: Exclusão, Segregação e Relações de Gênero”: A ascensão dos casos de LER/Dort nos anos 1990, além de facultar índices já caracterizados como epidêmicos, indica, sem dúvida, a sua maior proeminência entre todas as doenças ocupacionais atendidas pelo Nusat/ INSS-MG. Aliás, essas doenças não foram apenas crescentes em diagnósticos, como também se tornaram campeãs absolutas na distribuição dos benefícios acidentários por espécie diagnosticada (SALIM, 2003). Através da apresentação da história e da evolução da ergonomia e da segurança do trabalho no mundo, o aluno terá uma compreensão da situação atual em que nos encontramos e de onde decorrem todas as conquistas e progressos da nossa legislação, bem como dos conhecimentos de ambas que estão sendo aplicados, podendo se situar no tempo para uma boa compreensão do presente e de todas as fases e transformações pelas quais a ergonomia e a segurança do trabalho passaram, a importância das duas nos ambientes de trabalho e seu papel importante na busca de uma melhor qualidade de vida para o trabalhador, a qualidade no seu ambiente de trabalho, o que resulta diretamente na virtude do serviço prestado ou do produto fabricado. A aplicação da ergonomia permite uma melhor interação entre o trabalhador e seu posto de trabalho, suas ferramentas, possibilitando para a empesa maior eficiência em seus processos produtivos, o que resulta em um ganho de produtividade, tornando a empresa mais competitiva. Um ponto a ser ressaltado é que a ergonomia é também essencial fora dos ambientes de trabalho, onde contribui nos projetos dos espaços, produtos, equipamentos etc., proporcionando uma melhor qualidade de vida,bem como na aplicação voltada aos portadores de necessidades especiais, aos idosos, às crianças, e às pessoas de forma geral, tanto em suas residências quanto nos locais e nas vias públicas. Desta forma fica claro o quanto o estudo da ergonomia colaborou para melhores ambientes de trabalho e suas tarefas, de modo a respeitar os limites do nosso corpo, possibilitando uma melhor compreensão dos efeitos da pressão e do estresse ao qual o trabalhador está submetido e, consequentemente, buscar uma melhor maneira de aplicar a ergonomia e a segurança do trabalho em prol da saúde física e mental do colaborador. Bons estudos! 8 INTRODUÇÃO Iremos apresentar a evolução histórica da ergonomia e, em conjunto, da segurança do trabalho, uma vez que hoje em dia as duas andam juntas e se complementam. Para que se possa ter um conhecimento mais profundo em ergonomia, torna-se necessário o estudo de diversas outras áreas, uma vez que ela envolve diversas áreas do conhecimento, como da saúde, exatas, humanas, jurídicas, além da necessidade de se ter sensibilidade suficiente para que se possa observar e compreender os diversos fatores associados à interface do homem com o seu ambiente de trabalho. Em relação à ergonomia, ao se compreender a origem da palavra, o aluno entenderá melhor do que se trata. O termo nasce da junção de dois vocábulos gregos, ergo e nomos. O primeiro significa trabalho, enquanto o segundo quer dizer leis naturais, regras. Desta forma, pode-se fazer a relação entre a atividade de trabalho e as limitações do corpo humano na execução das suas tarefas, levando em consideração tanto as questões referentes ao microambiente como aquelas do macroambiente de trabalho. Uma boa definição é a feita por Sérgio Penna Kehl que, em 1990, definiu ergonomia da seguinte forma: A ergonomia é a ciência que estuda as relações do homem com objetos, máquinas, ambiente, métodos e processos de produção, de forma que ela não se fixa apenas em um problema, mas sim em todos os problemas da relação homem – máquina – ambiente em situação de trabalho (MENEZES, 2000). Também é interessante vermos outra abordagem para a questão, feita por Alain Wisner (1994, p. 87), que coloca a ergonomia como sendo: Conjunto de conhecimentos científicos relativos ao homem, necessários para conceber projetos de sistemas operacionais, envolvendo máquinas, equipamentos, ferramentas, postos e ambientes de trabalho, bem como estudar o desempenho do Homem no trabalho. Segundo Galafassi (1999): “Ergonomia é o estudo dos problemas relativos ao trabalho, para a preservação de seu bem-estar físico e mental”. Podemos entender que é considerada uma ciência direcionada ao projeto de equipamentos, máquinas, tarefas e sistemas, com o intuito de minimizar problemas de segurança, saúde e conforto, melhorando, desta forma, a eficiência no trabalho. De acordo com Gonçalves (2000, p. 393): Ergonomia pode ser entendida como a ciência que estuda a adaptação do trabalho ao homem no ambiente de trabalho, visando propiciar uma solicitação adequada do trabalho, evitando o desgaste prematuro de suas potencialidades profissionais e objetivando alcançar a otimização do sistema de trabalho. 9 A International Ergonomics Association (IEA) aprovou uma definição, em agosto de 2000, contida em Falzon (2007, p. 3-19), conceituando a ergonomia e suas especializações, que é: A ergonomia é uma disciplina científica relacionada ao entendimento das interações entre os seres humanos e outros elementos ou sistemas, e à aplicação de teorias, princípios, dados e métodos a projetos a fim de otimizar o bem-estar humano e o desempenho global dos sistemas. Os profissionais que praticam a ergonomia, os ergonomistas, contribuem para a planificação, concepção e avaliação de tarefas, empregos, produtos organizações, meios ambientes e sistemas, tendo em vista torná-los compatíveis com as necessidades, capacidades e limites das pessoas. Produtos Tarefas Empregos AmbientesOrganizações Ergonomia Figura 1 – Relação da ergonomia com as pessoas, harmonizando a interação entre elas e atendendo suas necessidades, habilidades e limitações Hoje não se pode separar a ergonomia da segurança do trabalho, uma vez que ela tem um papel muito importante para a saúde e a integridade física do trabalhador. Desta forma, é fundamental que se entenda que as ações devem ser tomadas em conjunto, pois, quando realizadas de modo independente, ao longo do tempo, os seus resultados não serão satisfatórios. Com a abordagem proposta neste material, espera-se que o futuro profissional possa compreender a importância das questões que serão apresentadas e de como ele poderá e deverá fazer uso delas em sua rotina profissional. Outro fator importante que será demonstrado, e que também decorre de estudos da ergonomia, a antropometria, é a utilização destes conhecimentos na questão da acessibilidade, a qual será apresentada através da leitura da NBR ABNT 9050 (ABNT, 2015). 11 ERGONOMIA, ACESSIBILIDADE E SEGURANÇA DO TRABALHO Unidade I 1 HISTÓRICO E EVOLUÇÃO DA ERGONOMIA E SEGURANÇA DO TRABALHO A exibição da evolução histórica dos temas que serão discutidos neste livro-texto são essenciais, pois, para que se tenha uma compreensão melhor do presente, torna-se fundamental entender a sua evolução ao longo da história e, por isso, iremos resgatar alguns dos principais pontos para fazê-lo. Iremos voltar até a Pré-História, em que podemos encontrar o homem iniciando ações nas quais buscava adaptar o meio em que estava e os objetos ao seu redor para melhor atender a suas necessidades. Pode-se então dizer que essas atividades eram ações ergonômicas, fazendo com que ele tivesse condições mais favoráveis. A) Australopithecus afarensis B) Homo erectus C) Homo neanderthalensis Figura 2– Homem da Pré-História Como exemplo, pode-se citar a questão de ferramentas, utilizando pedras para o preparo de utensílios e armas de caça, buscando adaptar as pedras e suas formas com outros materiais e assim fazer lanças, martelos, utensílios etc., de modo a ter um ganho no seu desempenho. 12 Unidade I Figura 3 – O homem fabrica metodicamente as suas ferramentas Também pode-se dizer que, na busca de um melhor conforto, o homem adaptou peles de animais para fazer vestimentas que lhe trouxessem bem-estar e proteção, preparou um local para dormir e se isolar do contato direto com o solo, adequou os materiais que possuía à sua volta para obter mais conforto de uma forma geral, lascou as pedras buscando produzir pontas de lanças para que tivesse melhores resultados em sua caça, e assim podemos citar diversas ações que se relacionam com a ergonomia sendo aplicadas em sua rotina diária. Outro ajuste importante a se destacar foram as cavernas, onde o homem não só encontrava a proteção contra o clima externo, como contra predadores. Outro fator foi a descoberta do fogo, utilizando-o para se aquecer, espantar animais e oferecer maior segurança, além de preparar alimentos. Continuando a nossa evolução histórica, pode-se citar os problemas de coluna dos escravos carregadores de pedra, com registros da época do Império Romano e relatos de cólicas que foram associadas à contaminação pelo chumbo, além da intoxicação por mercúrio. Assim, ao longo da Idade Média, o homem começou a ter cada vez mais interesse na relação dos fatores ambientais com a questão da saúde, observando as questões referentes ao calor, à umidade do ambiente, aos efeitos da poeira, e a tudo que tivesse uma associação com a saúde das pessoas. A questão do sedentarismo já era observada na forma que afetava a saúde, no caso, a saúde dos tabeliães (ROCHA, 2004). Já na Idade Antiga, encontramos uma realidade do trabalho artesanal. Nesta situação tínhamos o artesão, que adaptava seu local de trabalho, geralmente na própria residência, e adequava suas ferramentas às técnicas de trabalho, bem como selecionava sua própria matéria-prima, tendo o controle de todo o processo produtivo. 13 ERGONOMIA,ACESSIBILIDADE E SEGURANÇA DO TRABALHO Figura 4 – Artesãos Neste período surgiu um médico, nascido em Capri, na Itália, em 1633, que começou a se interessar pela relação entre a atividade de trabalho e as doenças que seus pacientes demonstravam. Ele passou a buscar a aprender como eram esses ambientes de trabalho e a fazer uma conexão entre a atividade laboral e as doenças apresentadas. Em 1700, na cidade de Modena, na Itália, o Dr. Bernardino Ramazzini publicou então sua obra chamada De Morbis Artificum Diatriba, ou As doenças dos trabalhadores, em que exibia o resultado dos seus estudos e relacionava diversas enfermidades com as atividades profissionais. Saiba mais O referido livro está disponível para download pela Fundacentro, trata-se de uma leitura enriquecedora para quem se interessar pelo assunto. RAMAZZINI, B. As doenças dos trabalhadores. São Paulo: Fundacentro, 2016. Disponível em: <http://fundacentro.gov.br/biblioteca/biblioteca-digital/publicacao/ detalhe/2016/6/as-doencas-dos-trabalhadores>. Acesso em: 27 set. 2017. Com esta obra, teve início a compreensão da questão relacionada às doenças ocupacionais e, portanto, surgiu a conscientização na classe médica da importância das atividades laborais na saúde do homem. Houve o desenvolvimento de engenhos mecânicos, com a finalidade de ajudar o homem no seu trabalho, e começou-se a estudar o funcionamento do corpo humano do ponto de vista mecânico, sendo mais tarde comparado ao modelo de uma máquina a vapor, a qual o homem seria um engenho mecânico transformador de energia. Descartes, em 1637, buscava expor o homem como sendo uma máquina animada por uma alma, e mais tarde La Mettrie (1709-1751), que era um ateu convicto, empenhou muito esforço para explicar o homem sem o recurso da alma (GRISTELLI, 2009). 14 Unidade I No século XVIII, iniciou-se na Inglaterra a Revolução Industrial, a qual desencadeou uma série de mudanças radicais na forma de produção, impactando a maneira de viver das pessoas. Foi observado o aparecimento de uma série de conflitos na interface do homem com as máquinas e os equipamentos que surgiam, cujo principal objetivo era o ganho de produção, não havendo preocupação com a questão do trabalhador, nem com o seu posto de trabalho. Neste momento houve um novo impulso da medicina do trabalho, que acompanhava todas estas mudanças e novas exigências desencadeadas pelos novos processos de trabalho e dos movimentos sociais, em que a Saúde Ocupacional foi tomando forma e dando origem às questões voltadas à saúde dos trabalhadores. Conforme as indústrias surgiam, iniciando a produção em série, com ritmos intensos de trabalho em ambientes ruidosos, com pouca iluminação e geralmente sujos, começou-se a se observar um número crescente de acidentes nos locais de trabalho e o aparecimento de diversas doenças ocupacionais. Em 1830, o empresário Robert Dernham, dono de indústria têxtil, teve a ideia de colocar seu médico pessoal em sua fábrica, a fim de que ele pudesse avaliar o efeito do trabalho sobre seus colaboradores e buscar determinar formas de prevenir as doenças ocupacionais. Este exemplo foi logo seguido em diversos outros países onde o interesse em oferecer um serviço médico aos trabalhadores se expandiu. Com o início da Primeira Grande Guerra Mundial, por volta de 1941, a demanda de produção em larga escala aumentou, principalmente a de armamentos e de material necessário para abastecer o front de batalha. Essa procura resultou em sobrecarga dos funcionários, casos de fadiga muscular e muitas doenças ocupacionais. Neste cenário, iniciam-se os primeiros estudos sobre essas doenças com a participação dos novos profissionais, fisiologistas e psicólogos. Lembrete No século XVIII, iniciou-se na Inglaterra a Revolução Industrial, a qual desencadeou uma série de mudanças radicais na forma de produção, impactando a maneira de viver das pessoas. A preocupação crescente em disponibilizar um serviço médico aos trabalhadores começa a tomar força no cenário internacional, e, em 1919, surge a Organização Internacional do Trabalho (OIT), durante a Conferência da Paz, em Versalhes. Já em 1948, surgiu a Organização Mundial da Saúde (OMS) que, em conjunto com a OIT, em 1950, estabeleceu os objetivos da saúde ocupacional, que é a adaptação do trabalho ao homem, bem como do homem à sua atividade. Não se pode deixar de citar um marco importante para o desenvolvimento de diversas tecnologias e conhecimentos sobre o homem que se deu com a Segunda Grande Guerra, em 1939. 15 ERGONOMIA, ACESSIBILIDADE E SEGURANÇA DO TRABALHO A ergonomia foi uma das áreas que recebeu numerosos investimentos e estudos, uma vez que foram observados muitos acidentes no campo militar e falhas de artilharia devido a erros dos operadores, diversos deles ocasionados por fadiga física, gerando baixo desempenho e resultando em estresse nos soldados. Passou-se a constatar que diversos equipamentos e máquinas eram realmente desconfortáveis e inadequados, na questão operacional, no campo de batalha. No sentido de resolver tais situações, surge a ergonomia, iniciando-se então os estudos antropométricos e biomecânicos, e aplicando esses conhecimentos nos novos projetos. Não é difícil imaginar a situação dentro de uma aeronave, não pressurizada, em que a tripulação ficava exposta à baixa temperatura, havendo pouco espaço para movimentar-se, devendo permanecer assim por horas até chegar ao alvo, para então iniciar seu ataque e depois retornar à base. Tudo isso criava dificuldades a serem superadas pela tripulação, o que custava seu desempenho no momento da batalha. Outra situação que podemos presumir é o da tripulação de um submarino, com todos dentro de um espaço restrito, muitas vezes insalubre, sob grande estresse, e devendo desenvolver suas funções da melhor forma possível. Vários outros equipamentos militares apresentavam condições semelhantes, tanto para os ocupantes de um tanque de guerra quanto para o pessoal da artilharia, por exemplo. Com isso entendeu-se a importância da aplicação da ergonomia na busca das soluções destes problemas e permitiu-se a obtenção de bons resultados na interface homem-máquina. Quando a guerra se encerrou, as tecnologias desenvolvidas migraram para as indústrias e passaram a ser usadas para fins civis. As indústrias adotaram tudo que viesse a melhorar sua produtividade e, assim, herdaram os conceitos de investimentos nas condições de trabalho e na qualidade de vida de seus funcionários. Nesta época, com relação à ergonomia, ocorreu uma expansão além dos ambientes de trabalho que se mostrou valiosa nos projetos e no desenvolvimento de novos produtos, facilitando seu manuseio, tornando-os mais eficientes e oferecendo ao consumidor mercadorias mais confortáveis e seguras. Em 1995, um comitê misto, formado por OIT e OMS, expandiu os conceitos de saúde ocupacional e Saúde do Trabalhador, publicando os seguintes termos: O principal foco da Saúde no Trabalho deve estar direcionado para três objetivos: • A manutenção e promoção da saúde dos trabalhadores e de sua capacidade de trabalho; • O melhoramento das condições de trabalho, para que elas sejam compatíveis com a saúde e a segurança; 16 Unidade I • O desenvolvimento de culturas empresariais e de organizações de trabalho que contribuam com a saúde e segurança e promovam um clima social positivo, favorecendo a melhoria da produtividade das empresas. O conceito de cultura empresarial, neste contexto, refere-se a sistemas de valores adotados por uma empresa específica. Na prática, ele se reflete pelos sistemas e métodos de gestão, nas políticas de pessoal, nas políticas de participação, nas políticas de capacitação e treinamento e na gestão da qualidade (ANAMT, 2017). Em âmbito mundial, destaca-se a atuação da OIT, que visa à divulgação de informações e recomendações internacionais voltadas à proteção dos trabalhadores. As oito convenções fundamentais da OIT são (OIT, 2008): • Convenção sobreo Trabalho Forçado, 1930 (nº 29). • Convenção sobre a Liberdade Sindical e a Proteção do Direito Sindical, 1948 (nº 87). • Convenção sobre o Direito de Sindicalização e de Negociação Coletiva, 1949 (nº 98). • Convenção sobre a Igualdade de Remuneração, 1951 (nº 100). • Convenção sobre a Abolição do Trabalho Forçado, 1957 (nº 105). • Convenção sobre a Discriminação (Emprego e Profissão), 1958 (nº 111). • Convenção sobre a Idade Mínima para Admissão a Emprego, 1973 (nº 138). • Convenção sobre a Proibição das Piores Formas de Trabalho Infantil e a Ação Imediata para a sua Eliminação, 1999 (nº 182). Muitas das convenções e regulamentações da OIT estão relacionadas com a segurança, a saúde e as condições de trabalho. O Brasil ratificou um total de 82 das 189 convenções da OIT. Validou, assim, todas as fundamentais, com exceção da nº 87. É importante notar que, quando são ratificadas pelo Congresso Nacional, elas passam a ter caráter compulsório. Entre elas destaca-se a Convenção nº 155, de 1981, que cobre a segurança e a saúde dos trabalhadores e do ambiente de trabalho. Há, ainda, a Convenção nº 161, de 1985, que aborda os conceitos essenciais de saúde e segurança no trabalho. Tanto na Europa como nos EUA, a ergonomia passou a ser aplicada gradativamente nas mais diversas áreas, mas nos EUA ela começou a ser empregada de forma mais intensa em seus sistemas de defesa, nos 17 ERGONOMIA, ACESSIBILIDADE E SEGURANÇA DO TRABALHO quais se buscava obter maior confiabilidade e segurança. Também com a corrida espacial, ela encontrou grande área de aplicação no estudo do conforto dos astronautas, permitindo que executassem as suas atividades de modo eficiente. Falando um pouco do Brasil, alguns fatos importantes estavam ocorrendo para as questões relacionadas à segurança do trabalho. Tivemos a Lei nº 3.724 (BRASIL, 1919), que tratava da legislação acidentária do trabalho. Houve a criação da inspeção do trabalho, no início da década de 1920. A lei nº 4.682 (BRASIL, 1923), conhecida como Lei Eloy Chaves, foi o marco para a Previdência Social. Em 1925, ocorreu então a regulamentação das férias de 15 dias úteis, através da Lei nº 4.982 (BRASIL, 1925), para os empregados de estabelecimentos comerciais, industriais e bancários. Por meio do decreto 17.934-A (BRASIL, 1927), estabeleceu-se a idade mínima de 12 anos para o trabalho. No governo de Getúlio Vargas, em 1931, criou-se o Departamento Nacional do Trabalho, que tinha a atribuição de fiscalizar questões relacionadas às atividades laborais, bem como casos de acidentes e, deste departamento, surgiram posteriormente as atuais Delegacias Regionais do Trabalho (DRT). Só lembrando que nesta época a população brasileira era essencialmente rural, tanto que o Ministério da Agricultura tinha a atribuição de fiscalizar e estabelecer normas trabalhistas para a atividade de trabalho em minas. Na década de 1940, tivemos um marco importante para as questões trabalhistas no Brasil, a criação da Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT), nas quais tivemos as primeiras referências às questões referentes à higiene e à segurança do trabalho. Nesse mesmo momento, através do decreto-lei nº 7.036 (BRASIL, 1944), em seu artigo 82, criou-se a Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (Cipa), seguindo recomendações feitas pela OIT. Outra data importante internacionalmente foi a de 12 de julho de 1949, quando um grupo de cientistas e pesquisadores, em uma reunião na Inglaterra, criou de modo oficial o termo ergonomia. Na década de 1970, o uso e a aplicação de novas tecnologias resultaram em grandes mudanças nas relações de trabalho e em sua organização, o que gerou novas formas de gerenciamento. O Brasil nesse período se encontrava em expansão, havendo grandes investimentos em obras públicas e crescimento das metrópoles, uma vez que a migração do homem rural para as cidades se dava em larga escala, em busca de oportunidades e melhor qualidade de vida. Com isso, uma extensa massa de trabalhadores passou a ficar exposta aos riscos das atividades de trabalho da indústria e da construção civil, o que levou o país a atingir a cifra de 1.700.000 acidentes do trabalho. A partir daí, criou-se a Lei nº 6.514 (BRASIL, 1977), que estabeleceu a redação dos artigos da CLT números 154 ao 201, que tratam da segurança e medicina do trabalho. A Portaria nº 3.214 (BRASIL, 1978a) origina as NR. Inicialmente eram 28, hoje já temos 36 delas. Cabe lembrar que as NR são de aplicação obrigatória para todas as empresas, públicas ou privadas, e para órgãos públicos de administração direta ou indireta, além daqueles dos poderes Judiciário e Legislativo, onde se encontram empregados com contratos de trabalho regidos pela CLT. Para darmos continuidade, é importante esclarecer alguns conceitos básicos relacionados à segurança do trabalho. Talvez um dos principais seja compreender a questão referente aos acidentes. Portanto, vamos definir um acidente como sendo um evento que não é programado ou planejado, algo 18 Unidade I indesejado, que acarreta a interrupção da atividade regular, podendo gerar danos materiais e/ou lesões nas pessoas. Na visão prevencionista, consideramos que o acidente é esperado, pois ele dá indícios de que irá ocorrer. Temos a possibilidade de tomar ações para impedi-lo. Essa ideia decorre da evolução do estudo de três engenheiros que tiveram grande contribuição para a prevenção de acidentes. Podemos dizer que tudo se iniciou com o engenheiro H. W. Heinrich, que em uma de suas obras, a Industrial Accident Prevention (1931), correlacionou a questão do acidente com danos à propriedade. Ele analisou algumas centenas de casos de acidentes de clientes da empresa de seguros para a qual trabalhava e chegou a fazer uma associação entre acidentes incapacitantes, acidentes não incapacitantes e acidentes sem lesão. Esta relação deu 1:29:300, respectivamente. 1 Acidente com lesões incapacitantes 29 Acidentes com lesões não incapacitantes 300 Acidentes sem lesões Figura 5 – Teoria de Heinrich No final da década de 1950, e ao longo da década de 1960, o engenheiro Frank E. Bird Jr., dando sequência aos estudos de Heinrich, estudou 90.000 acidentes da siderúrgica Lukens Steel e chegou a uma nova relação, apresentando, em seu trabalho Damage Control, um novo elemento: danos à propriedade. Assim, demonstrou sua versão da pirâmide como segue: 1 Lesão incapacitante 100 Lesões não incapacitantes 500 Acidentes com danos à propriedade Figura 6 Bird não parou aí, continuou examinando com sua equipe mais casos e expandindo para mais empresas, chegando a analisar 21 grupos industriais de diferentes áreas, sendo 297 empresas ao todo, totalizando mais de três bilhões de horas de trabalho de 1.750.000 empregados. Com esse estudo, ele 19 ERGONOMIA, ACESSIBILIDADE E SEGURANÇA DO TRABALHO trouxe uma nova informação importante, a questão do incidente ou quase acidente. Assim, conhecemos a famosa pirâmide 641. 1 10 Lesão incapacitante Lesões não incapacitantes Acidentes com danos à propriedade Acidentes sem lesão ou danos visíveis (quase acidente) 30 600 Figura 7 Com essa pirâmide ficou claro que os incidentes são o nosso alerta para uma situação que não está bem e que, se nada for feito, ela irá se materializar em um acidente, vitimando algum trabalhador. Se utilizarmos tal pirâmide para uma análise bem simples, podemos dizer que temos 600 oportunidades de intervir em uma condição antes que haja um acidente grave ou fatal. Consequentemente, observar os incidentes e buscar intervir nos problemas antes da ocorrência de um acidente é o objetivo de toda atividade prevencionista. Por isso dissemos que acidente, para os prevencionistas, é um evento programado, uma vez que dá sinais de que irá ocorrer, basta estar atento para interpretá-los. Como estamos falando sobre acidentes, entender o que é o de trabalho é muito importante. A lei que trata do assunto é a de nº 8.213/91, que em seu artigo 19 diz: Acidente de trabalhoé o que ocorre pelo exercício do trabalho a serviço da empresa ou pelo exercício do trabalho dos segurados referidos no inciso VII do art. 11 desta lei, provocando lesão corporal ou perturbação funcional que cause a morte ou a perda ou redução, permanente ou temporária, da capacidade para o trabalho (BRASIL, 1991). O conceito de acidente do trabalho engloba as doenças profissionais e/ou ocupacionais. O art. 21 da Lei nº 8.213/91 equipara ainda à acidente de trabalho: I – o acidente ligado ao trabalho que, embora não tenha sido a causa única, haja contribuído diretamente para a morte do segurado, para redução ou perda da sua capacidade para o trabalho, ou produzido lesão que exija atenção médica para a sua recuperação; II – o acidente sofrido pelo segurado no local e no horário do trabalho, em consequência de: 20 Unidade I a) ato de agressão, sabotagem ou terrorismo praticado por terceiro ou companheiro de trabalho; b) ofensa física intencional, inclusive de terceiro, por motivo de disputa relacionada ao trabalho; c) ato de imprudência, de negligência ou de imperícia de terceiro ou de companheiro de trabalho; d) ato de pessoa privada do uso da razão; e) desabamento, inundação, incêndio e outros casos fortuitos ou decorrentes de força maior; III – a doença proveniente de contaminação acidental do empregado no exercício de sua atividade; IV – o acidente sofrido pelo segurado ainda que fora do local e horário de trabalho: a) na execução de ordem ou na realização de serviço sob a autoridade da empresa; b) na prestação espontânea de qualquer serviço à empresa para lhe evitar prejuízo ou proporcionar proveito; c) em viagem a serviço da empresa, inclusive para estudo quando financiada por esta dentro de seus planos para melhor capacitação da mão de obra, independentemente do meio de locomoção utilizado, inclusive veículo de propriedade do segurado; d) no percurso da residência para o local de trabalho ou deste para aquela, qualquer que seja o meio de locomoção, inclusive veículo de propriedade do segurado. § 1º Nos períodos destinados a refeição ou descanso, ou por ocasião da satisfação de outras necessidades fisiológicas, no local do trabalho ou durante este, o empregado é considerado no exercício do trabalho (BRASIL, 1991). Também é importante entender que podemos encontrar duas causas básicas que levam aos acidentes: a condição insegura e o ato inseguro. A primeira diz respeito ao ambiente, enquanto a segunda ao fator humano. Observação Entre os exemplos que identificam os atos inseguros, podem ser mencionados: levantamento inadequado de cargas; permanência embaixo 21 ERGONOMIA, ACESSIBILIDADE E SEGURANÇA DO TRABALHO de cargas; manutenção, lubrificação ou limpeza de máquinas em movimento; remoção de dispositivos ou equipamentos de proteção; operações de máquinas em velocidades impróprias; além das razões apresentadas nos conceitos básicos de acidentes na introdução à segurança do trabalho. Podemos dizer que as condições inseguras talvez sejam consequência de deficiência ou ausência de equipamentos coletivos de segurança, irregularidades técnicas que favorecem o surgimento de riscos à saúde do trabalhador ou mesmo à sua integridade física, também podendo causar danos à propriedade. Observação Entre os exemplos que identificam as condições inseguras, podem ser mencionados: falta de proteção mecânica; condição defeituosa dos equipamentos; escadas inseguras; pisos derrapantes ou escorregadios; tubulações mal projetadas; projetos ou construções inseguras; iluminação e ventilação inadequadas; congestionamentos de máquinas e operadores. Agora com estes conceitos, pode-se entender a importância que a ergonomia vem tomando ao longo de toda história, uma vez que fica claro compreender que, em síntese, ela busca adaptar, ao trabalhador, o seu posto de trabalho, suas ferramentas, o ambiente em que desenvolve suas atividades, preservando sua segurança e saúde, além de permitir que, através de um ambiente mais adequado, possa aumentar a produtividade e a qualidade do que se produz. Na área da saúde, tanto os médicos quanto os higienistas estavam interessados nas consequências do trabalho sobre a saúde do homem. Já os engenheiros e os responsáveis por organizar os trabalhos, queriam saber quanto esforço mecânico se poderia esperar de um homem. Basicamente encontravam-se dois tipos de pesquisadores. O primeiro deles formado por físicos e fisiologistas, que focavam seus esforços em descobrir a forma de se medir o custo energético, ou seja, a demanda de energia do corpo para determinada tarefa. Já o segundo grupo, mais voltado à psicologia do trabalho, estudava as capacidades e aptidões cognitivas do trabalhador, suas habilidades motoras e sensoriais, para poder assim estabelecer um perfil profissiográfico adequado para uma determinada tarefa ou atividade e, desta forma, permitir que se contrate um profissional que atenda a essas exigências. Os princípios criados por Henry Ford, como a organização do trabalho em linhas de montagem, o ritmo controlado pela velocidade da linha, o operário com posto de fixo, a larga escala de fabricação, mostraram-se importantes para o aumento da eficiência nas áreas de produção, porém, uma série de problemas surgiu: • o trabalhador era submetido ao trabalho exaustivo até o ponto de fadiga, buscando obter aumento da produtividade; 22 Unidade I • deixar o trabalhador fixo em uma determinada posição ao longo do tempo acabou por transformá-lo em um autômato; • com a sobrecarga funcional, os trabalhadores desenvolveram distúrbios osteomusculares, tão conhecidos hoje como Dort – distúrbio osteomuscular relacionado ao trabalho; • a estratégia de colocar o operador mais hábil no início da linha de montagem gerava correria e sobrecarga dos demais trabalhadores da linha, que tinham que se esforçar para alcançar o mesmo ritmo; • a impossibilidade de criar um modelo, ou método único, para todos trabalhadores, haja vista cada um possui suas próprias características e habilidades, sendo todos diferentes entre si; • alienação do trabalhador (nos engenheiros concentravam o método e a decisão sobre o trabalho); • as capacidades, habilidades e características físicas se tornam fatores importantes na seleção dos empregados, provocando a exclusão social dos que não atingiam os requisitos, quer por incapacidade, quer pelo desgaste decorrente do tempo de trabalho ou da própria idade. Com esse panorama, a ergonomia surgiu, buscando aproveitar o que havia de bom nos sistemas produtivos e com a proposta de preservar a saúde do trabalhador. Pode-se elencar vários fatores associados ao estudo da ergonomia: • Ambientais: iluminação, ruído, clima, vibrações, agentes químicos etc. • Postura e movimentos corporais: em pé, sentado, levantando cargas, puxando cargas, empurrando cargas etc. • Relações entre mostradores e controles (tarefas e cargos): tarefas interessantes e adequadas. • Informação: captada pela audição, visão e demais sentidos. Consideram-se agentes ergonômicos as seguintes condições: 23 ERGONOMIA, ACESSIBILIDADE E SEGURANÇA DO TRABALHO Agentes ergonômicos Esforço físico intenso Exigência de postura adequada Situação de stress físico e/ou psíquico Controle rígido de produtividade Jornadas de trabalho prolongadas Monotonia e repetitividade Levantamento e transporte manual de peso Trabalhos em turnos diurno e noturno Imposição de ritmos excessivos Figura 8 O estudo da ergonomia está intimamente ligado a outras áreas científicas, tais como: fisiologia, psicologia, antropometria, eletrônica, desenho industrial, toxicologia, engenharia mecânica, biomecânica e informática. Por meio da contribuição de todos esses setores, a ergonomia desenvolveu métodos e técnicas específicas com o objetivo primordial de melhorar as condições de vida da população como um todo, tanto no que diz respeito ao cotidiano como ao ambiente de trabalho. De acordo com o Galafassi(1999), os agentes ergonômicos podem provocar distúrbios psicológicos e fisiológicos no trabalhador, atrapalhando não só sua produtividade, mas sua segurança. Seu foco principal é o homem, para quem a busca pela minimização de insegurança, insalubridade, ineficiência e desconforto é constante. A ergonomia possui um significado social, pois contribui para resolver um vasto número de dificuldades e problemas sociais dirigidos à segurança, à saúde, ao conforto e à eficiência. Inúmeras situações de trabalho e da vida no dia a dia são prejudiciais diretos à saúde, como as doenças do sistema musculoesquelético (dores nas costas) e as doenças psicológicas (estresse, depressão, entre outras). Desta forma, OMS e OIT definiram saúde ocupacional como sendo a promoção e a manutenção do bem-estar físico, mental e social dos trabalhadores, a prevenção dos agravos à saúde causados pelas condições de trabalho e a adaptação do trabalho ao homem e de cada homem à sua atividade. Alguns conhecimentos em ergonomia foram convertidos em normas oficiais, que serão estudados em módulos posteriores, dada sua relevância na redução de erros operacionais e de acidentes. Não se pode esquecer que existe um princípio aplicado à ergonomia que recomenda que sistemas, tarefas e equipamentos devem ser projetados para o uso coletivo, apesar das diferenças individuais da população. Em casos especiais, devem ser criados e implementados projetos específicos. 24 Unidade I Lembrete O foco principal da ergonomia é o homem, para quem a busca pela minimização de insegurança, insalubridade, ineficiência e desconforto é constante. 2 A ERGONOMIA E A EMPRESA A ergonomia, como já visto, apresenta um grande potencial para propiciar benefícios à empresa quando implementa medidas que permitem melhorar ambientes de trabalho e, consequentemente, ganhos de produção e qualidade. Porém, ainda existe a dificuldade de fazer com que os empresários entendam que a ergonomia não se trata de custo ou despesa, mas sim de proporcionar ganhos e benefícios para seus empregados, refletindo diretamente em um ganho de produtividade e retorno financeiro. Entre os benefícios que podemos citar, temos: • ganho de produtividade; • redução das lesões; • melhor qualidade de vida no ambiente de trabalho; • redução do absenteísmo; • atendimento à legislação em vigor. Desta forma, quando bem apresentado à empresa, fica claro que se trata de um investimento com retorno garantido, no qual a instituição obterá resultados, como aumento de produtividade, serviços ou produtos com qualidade, contribuindo para um ganho de competitividade da empresa. Contudo, para conquistar tudo isso, torna-se importante a compreensão de que a ergonomia é muito ampla e multidisciplinar, o que torna necessária a contratação de profissionais especialistas e com entendimento de toda a abrangência. 25 ERGONOMIA, ACESSIBILIDADE E SEGURANÇA DO TRABALHO Maximizar conforto e bem-estar Garantir a segurança Minimizar custos humanos Otimizar rendimento do trabalho Incrementar produtividade Anatomia Projeto de produtos / Estação de trabalho Desenho industrial Engenharia do produto Projeto de sistemas e componentes comunicacionais / Informação Programação visual Comunicação social Projeto operacionalização da tarefa / Organização do trabalho Engenharia industrial / de produção Organização do trabalho Engenharia de sistemas Análise e programação de sistemas Projeto do ambiente de trabalho Arquitetura Engenharia de segurança Projeto de programas instrucionais Recursos humanos Recrutamento, seleção e treinamento Projeto de software Antropometria Semiótica Antropologia Biomecânica ocupacional Abordagem sistêmica Análise macroergonômica Modelagem comunicacional Análise da tarefa Medidas quantitativas com instrumentos Psicopatologia do trabalho Fisiologia do trabalho Medicina do trabalho Psicologia experimental Psicologia do trabalho Psicologia cognitiva Sociologia do trabalho Finalidades ERGONOMIA 1 - Apreciação ergonômica 2 - Diagnose ergonômica 3 - Projetação ergonômica 4 - Avaliação, validação e/ou testes ergonômicos 5 - Detalhamento ergonômico e otimização Figura 9 – Dimensão da ergonomia A proteção da integridade física e mental dos trabalhadores se torna um fator importante para combater os custos decorrentes de indenizações por doenças ocupacionais e acidentes do trabalho, sendo assim necessário que a empresa conte com ações efetivas sobre saúde no ambiente do trabalho. É fundamental lembrar que, além do prejuízo financeiro, temos sofrimento humano, dor e depressão que podem afetar o empregado. Em áreas administrativas podemos considerar: • Utilização da mesa: — superfície fosca para evitar o reflexo da luminosidade; — bordas arredondadas com o intuito de impedir a compressão mecânica do punho; — regulagem de altura; 26 Unidade I — espaço para movimentação das pernas sob a mesa. • Utilização da cadeira: — altura do assento ajustada para evitar forçar a parte posterior da perna; — deve ser aparelhada com cinco rodízios ou rodinhas; — o colaborador deve produzir sentado e o ângulo conhecido como tronco-coxas precisa estar compreendido entre 90 e 110 graus; — o encosto da cadeira deve ter lugar adequado para o apoio da região lombar; — regulagem de profundidade, em que as costas fiquem bem apoiadas; — não deve ser coberta com material que promova o aumento da sudorese, como napa, couro ou courvin. • Utilização de acessórios: — apoio para os pés, facilitando o retorno linfático e venoso; — tela antirreflexiva, reduzindo o ofuscamento causado por áreas envidraçadas e luminárias; — suporte para punhos, diminuindo a compressão mecânica no antebraço. • Utilização do monitor de vídeo: — padrão do tipo VGA; — uso de tela clara com letras escuras; — o topo da tela deve estar no nível dos olhos da pessoa; — a posição do monitor precisa ser perpendicular à janela da sala. 27 ERGONOMIA, ACESSIBILIDADE E SEGURANÇA DO TRABALHO 1 2 3 4 5 6 7 8 9 1 - Cabeça: evite esticá-la para frente e para trás - a cada grau que seu pescoço é inclinado para frente, são adicionados 7 kg de pressão às juntas do pescoço. A tela deve ficar à distância de um braço. 2 - Pescoço: alongado e relaxado. 3 - Ombros: no nível do peito; peito aberto e alongado. 4 - Cotovelos: relaxados, em ângulo reto. Devem estar descansados em um apoio. 5 - Cadeira: inclinada ligeiramente para baixo. 6 - Tela: na altura dos olhos ou ligeiramente abaixo. 7 - Punhos: relaxados em posição neutra, sem flexionar para cima ou para baixo. 8 - Joelhos: ligeiramente mais baixos que as coxas. 9 - Pés: no chão ou sobre um apoio. Figura 10 – Posição ergonomicamente correta Outros cuidados devem ser tomados ao se usar computador no dia a dia, são eles: • os pulsos precisam estar alinhados com o antebraço; • durante a digitação, o cotovelo deve formar, em média, um ângulo de 90 graus; • devem ocorrer pausas periódicas, com vistas ao descanso dos olhos e das mãos; • a cabeça e a coluna devem estar em posição certa; • os membros inferiores devem estar devidamente apoiados sobre o chão ou suporte adequado. Errado! Certo! Figura 11 – Posições corretas para uso de teclado e mouse 28 Unidade I Errado! Certo! Figura 12 Certo! Errado! Figura 13 Errado! Certo! Figura 14 – Posições corretas para uso de teclado e mouse Com estas informações você já é capaz de analisar como anda a sua postura frente ao posto de trabalho com o computador, onde está errado, onde está certo, e como melhorá-la. Outro fator importante que vem ganhando mais relevância a cada ano é a Síndrome Visual do Computador (SVC), que afeta os olhos, uma vez que, com a concentração dedicada à tela do computador, passamos a piscar menos vezes, lubrificando menos os olhos, além da contração da íris e da fatiga visual. 29 ERGONOMIA, ACESSIBILIDADE E SEGURANÇA DO TRABALHO Saiba mais Para informaçõesadicionais sobre como evitar SVC e outras doenças no trabalho, leia as obras: REHDER, M. Profissionais dão dicas para evitar doenças no trabalho. DCI, São Paulo, Carreira e Gestão, maio 2005. Disponível em: <http://www. comunicare2.com.br/abml/properties.asp?txtCode=8496>. Acesso em: 29 set. 2017. VARÓN, P. Postura diante do monitor prejudica a visão. Folha de S. Paulo, Empregos, São Paulo, maio 2005. Disponível em: <http://www1.folha.uol. com.br/fsp/empregos/ce2905200505.htm>. Acesso em: 29 set. 2017. 3 O QUE SÃO NORMAS REGULAMENTADORAS As Normas de Segurança e Saúde no Trabalho (SST), chamadas de NR, estão previstas no capítulo V da CLT (BRASIL, 1977). Atualmente são 36, mas apenas 35 estão em uso. Algumas delas são genéricas, que tratam de assuntos mais amplos e gerais de SST, sendo seu cumprimento obrigatório, ou seja, compulsório para diversos setores da economia. Figura 15 – Prédios dos ministérios, em Brasília. A esplanada dos ministérios da Capital Federal Também iremos encontrar normas específicas transversais, que falam sobre temas específicos que não ficam restritos a um determinado setor econômico. Já as normas específicas não transversais são de aplicação a um determinado setor econômico. 30 Unidade I Vamos apresentar uma breve abordagem sobre elas. É possível reparar que de uma forma geral elas estão divididas em obrigações do empregador, obrigações dos empregados, eventualmente de um fabricante de equipamento ou produto, e obrigações do agente fiscalizador, geralmente, o Estado. 4 AS NORMAS REGULAMENTADORAS As Normas Regulamentadoras são orientações referentes à segurança e medicina do trabalho. NR 1 – Disposições gerais 1.1 As Normas Regulamentadoras – NR, relativas à segurança e medicina do trabalho, são de observância obrigatória pelas empresas privadas e públicas e pelos órgãos públicos da administração direta e indireta, bem como pelos órgãos dos Poderes Legislativo e Judiciário, que possuam empregados regidos pela Consolidação das Leis do Trabalho – CLT (BRASIL, 1978b). Falando sobre responsabilidade do empregador, temos no item 1.7 uma série de obrigações, como segue: I. os riscos profissionais que possam originar-se nos locais de trabalho; II. os meios para prevenir e limitar tais riscos e as medidas adotadas pela empresa; III. os resultados dos exames médicos e de exames complementares de diagnóstico aos quais os próprios trabalhadores forem submetidos; IV. os resultados das avaliações ambientais realizadas nos locais de trabalho (BRASIL, 1978b). NR 2 – Inspeção prévia Já encontramos em seu primeiro item: “2.1 Todo estabelecimento novo, antes de iniciar suas atividades, deverá solicitar aprovação de suas instalações ao órgão regional do MTb (BRASIL, 1978c).” Dificilmente se vê esta prática ainda em uso. NR 3 – Embargo ou interdição Em seu primeiro item já esclarece seu papel e importância: “3.1 Embargo e interdição são medidas de urgência, adotadas a partir da constatação de situação de trabalho que caracterize risco grave e iminente ao trabalhador (BRASIL, 2011).” Assim, perante um risco grave ou iminente, o Auditor Fiscal do Trabalho pode embargar ou paralisar a atividade para garantir a segurança do empregado. 31 ERGONOMIA, ACESSIBILIDADE E SEGURANÇA DO TRABALHO Observação Somente o superintendente da Superintendência Regional do Trabalho e Emprego (SRTE) é quem pode aprovar o embargo. NR 4 – Serviços Especializados em Engenharia de Segurança e em Medicina do Trabalho – SESMT A criação do SESMT é um modelo tipicamente nacional, pois foi o primeiro a oferecer o serviço de engenharia de segurança no seio da empresa e o serviço de medicina do trabalho. Trata-se de um passo muito importante, uma vez que as empresas passaram a ter em seus quadros de empregados os profissionais prevencionistas para orientar e esclarecer sobre as aplicações das NR, das técnicas prevencionistas, determinando procedimentos de segurança, dando treinamentos etc., em prol da segurança dos trabalhadores. O SESMT é composto de cinco profissionais: técnico em segurança do trabalho, engenheiro de segurança do trabalho, auxiliar de enfermagem do trabalho, enfermeiro do trabalho e médico do trabalho. O dimensionamento do SESMT dependerá do grau de risco da atividade da empresa e do número de empregados que ela possuir, conforme a tabela a seguir. Tabela 1 Dimensionamento dos SESMT Grau de risco 50 a 100 101 a 250 251 a 500 501 a 1.000 1.001 a 2.000 2.001 a 3.500 3.501 a 5.000 Acima de 5.000 Para cada grupo de 4.000 Ou fração Acima de 2.000 ** 1 Técnico de seg. trabalho 1 1 1 2 1 Engenheiro seg. trabalho 1* 1 1* Aux. enf. do trabalho 1 1 1 Enfermeiro do trabalho 1* Médico do trabalho 1* 1* 1 1* 2 Técnico de seg. trabalho 1 1 2 5 1 Engenheiro seg. trabalho 1* 1 1 1* Aux. enf. do trabalho 1 1 1 1 Enfermeiro do trabalho 1 Médico do trabalho 1* 1 1 1 3 Técnico de seg. trabalho 1 2 3 4 6 8 3 Engenheiro seg. trabalho 1* 1 1 2 1 Aux. enf. do trabalho 1 2 1 1 Enfermeiro do trabalho 1 Médico do trabalho 1* 1 1 2 1 Nº empregados no estabelecimento Técnicos 32 Unidade I 4 Técnico de seg. trabalho 1 2 3 4 5 8 10 3 Engenheiro seg. trabalho 1* 1* 1 1 2 3 1 Aux. enf. do trabalho 1 1 2 1 1 Enfermeiro do trabalho 1 Médico do trabalho 1* 1* 1 1 2 3 1 (*) Tempo parcial (mínimo de três horas). Obs.: Hospitais, ambulatórios, maternidades, casas de saúde e repouso, clínicas e estabelecimentos similares com mais de 500 (quinhentos) empregados, deverão contratar um enfermeiro em tempo integral. (**) O dimensionamento total deverá ser feito levando-se em consideração o dimensionamento de faixas de 3.501 a 5.000 mais o dimensionamento do(s) grupo(s) de 4.000 Ou fração acima de 2.000. Fonte: Brasil (1978e). Infelizmente, um número muito pequeno de empresas acaba tendo a necessidade de compor um SESMT, ficando assim sem qualquer profissional de segurança em seu quadro de funcionários. NR 5 – Comissão Interna de Prevenção de Acidentes – Cipa A Cipa, por sua vez, está presente em um número muito maior de empresas, já que se torna necessária a partir de 20 trabalhadores, dependendo do grupo em que a instituição se encontra. Entre suas atribuições, uma das mais importantes é a elaboração do mapa de riscos, que vem atender à premissa básica da SST, que é: o direito do saber versus o dever de informar. Como poderiam os trabalhadores se proteger de riscos se não souberem que estão presentes no seu local de trabalho? É importante destacar as obrigações dessa comissão, as quais constam no item 5.16. 5.16 A CIPA terá por atribuição: a) identificar os riscos do processo de trabalho, e elaborar o mapa de riscos, com a participação do maior número de trabalhadores, com assessoria do SESMT, onde houver; b) elaborar plano de trabalho que possibilite a ação preventiva na solução de problemas de segurança e saúde no trabalho; c) participar da implementação e do controle da qualidade das medidas de prevenção necessárias, bem como da avaliação das prioridades de ação nos locais de trabalho; 33 ERGONOMIA, ACESSIBILIDADE E SEGURANÇA DO TRABALHO d) realizar, periodicamente, verificações nos ambientes e condições de trabalho visando a identificação de situações que venham a trazer riscos para a segurança e saúde dos trabalhadores; e) realizar, a cada reunião, avaliação do cumprimento das metas fixadas em seu plano de trabalho e discutir as situações de risco que foram identificadas; f) divulgar aos trabalhadores informações relativas à segurança e saúde no trabalho; g) participar, com o SESMT, onde houver, das discussões promovidas pelo empregador, para avaliar os impactos de alterações no ambiente e processo de trabalho relacionados à segurança e saúde dos trabalhadores; h) requerer ao SESMT, quando houver, ou ao empregador, a paralisação de máquina ou setor onde considere haver riscograve e iminente à segurança e saúde dos trabalhadores; i) colaborar no desenvolvimento e implementação do PCMSO e PPRA e de outros programas relacionados à segurança e saúde no trabalho; j) divulgar e promover o cumprimento das Normas Regulamentadoras, bem como cláusulas de acordos e convenções coletivas de trabalho, relativas à segurança e saúde no trabalho; l) participar, em conjunto com o SESMT, onde houver, ou com o empregador, da análise das causas das doenças e acidentes de trabalho e propor medidas de solução dos problemas identificados; m) requisitar ao empregador e analisar as informações sobre questões que tenham interferido na segurança e saúde dos trabalhadores; n) requisitar à empresa as cópias das CAT emitidas; o) promover, anualmente, em conjunto com o SESMT, onde houver, a Semana Interna de Prevenção de Acidentes do Trabalho – SIPAT; p) participar, anualmente, em conjunto com a empresa, de Campanhas de Prevenção da AIDS (BRASIL, 1978d). NR 6 – Equipamento de Proteção Individual – EPI Inicialmente é importante entender que equipamento de segurança não é apenas equipamento, mas produto, haja vista o uso de cremes protetores que preservam contra determinados riscos físicos 34 Unidade I ou químicos. Esses equipamentos deveriam ser a última alternativa a ser utilizada para a proteção dos trabalhadores, seguindo a hierarquia, como já abordado, devendo antes buscar: • eliminar o risco na fonte; • não sendo possível, mantê-lo sob controle com medidas coletivas; • por último, adotar EPI. Conforme a NR 6, itens 6.6 e 6.7: 6.6 Responsabilidades do empregador 6.6.1 – Cabe ao empregador quanto ao EPI: a) adquirir o adequado ao risco de cada atividade; b) exigir seu uso; c) fornecer ao trabalhador somente o aprovado pelo órgão nacional competente em matéria de segurança e saúde no trabalho; d) orientar e treinar o trabalhador sobre o uso adequado, guarda e conservação; e) substituir imediatamente, quando danificado ou extraviado; f) responsabilizar-se pela higienização e manutenção periódica; e, g) comunicar ao MTE qualquer irregularidade observada. h) registrar o seu fornecimento ao trabalhador, podendo ser adotados livros, fichas ou sistema eletrônico (BRASIL, 2001). Figura 16 – Bombeiros são os que mais utilizam os EPIs 35 ERGONOMIA, ACESSIBILIDADE E SEGURANÇA DO TRABALHO 6.7 Responsabilidades do trabalhador 6.7.1 Cabe ao empregado quanto ao EPI: a) usar, utilizando-o apenas para a finalidade a que se destina; b) responsabilizar-se pela guarda e conservação; c) comunicar ao empregador qualquer alteração que o torne impróprio para uso; e, d) cumprir as determinações do empregador sobre o uso adequado (BRASIL, 2001). Óculos de segurança Capacete de segurança Abafador de ruído Cinto de segurança Calça comprida Luvas de raspa Camisa ou camiseta Máscara filtradora Calçado fechado (Não pode ser manga regata) Figura 17 – EPIs Outro ponto importante a se destacar é a necessidade de um Certificado de Aprovação (CA) para que o EPI seja válido. 36 Unidade I Lembrete Inicialmente é importante entender que equipamento de segurança não é apenas equipamento, mas produto, haja vista o uso de cremes protetores que preservam contra determinados riscos físicos ou químicos. NR 7 – Programas de controle médico e saúde ocupacional – PCMSO Um programa importante, que interage com o que veremos a seguir na NR 9, determinando os exames médicos obrigatórios a serem feitos no trabalhador. Diz o artigo da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT): Art. 168 – Será obrigatório exame médico, por conta do empregador, nas condições estabelecidas neste artigo e nas instruções complementares a serem expedidas pelo Ministério do Trabalho: I – na admissão; II – na demissão; III – periodicamente. § 1º – O Ministério do Trabalho baixará instruções relativas aos casos em que serão exigíveis exames: a) por ocasião da demissão; b) complementares. § 2º – Outros exames complementares poderão ser exigidos, a critério médico, para apuração da capacidade ou aptidão física e mental do empregado para a função que deva exercer. § 3º – O Ministério do Trabalho estabelecerá, de acordo com o risco da atividade e o tempo de exposição, a periodicidade dos exames médicos. § 4º – O empregador manterá, no estabelecimento, o material necessário à prestação de primeiros socorros médicos, de acordo com o risco da atividade. § 5º – O resultado dos exames médicos, inclusive o exame complementar, será comunicado ao trabalhador, observados os preceitos da ética médica (BRASIL, 1989). 37 ERGONOMIA, ACESSIBILIDADE E SEGURANÇA DO TRABALHO § 6º Serão exigidos exames toxicológicos, previamente à admissão e por ocasião do desligamento, quando se tratar de motorista profissional, assegurados o direito à contraprova em caso de resultado positivo e a confidencialidade dos resultados dos respectivos exames. § 7º Para os fins do disposto no § 6º, será obrigatório exame toxicológico com janela de detecção mínima de 90 (noventa) dias, específico para substâncias psicoativas que causem dependência ou, comprovadamente, comprometam a capacidade de direção, podendo ser utilizado para essa finalidade o exame toxicológico previsto na Lei no 9.503, de 23 de setembro de 1997 – Código de Trânsito Brasileiro, desde que realizado nos últimos 60 (sessenta) dias (BRASIL, 1943). O PCMSO se resume a uma avaliação clínica, nas hipóteses de admissão, demissão, avaliação periódica, com o tempo determinado pelo item 7.4.3.2 NR n° 7, que diz: 7.4.3.2 no exame médico periódico, de acordo com os intervalos mínimos de tempo abaixo discriminados: a) para trabalhadores expostos a riscos ou a situações de trabalho que impliquem o desencadeamento ou agravamento de doença ocupacional, ou, ainda, para aqueles que sejam portadores de doenças crônicas, os exames deverão ser repetidos: a.1) a cada ano ou a intervalos menores, a critério do médico encarregado, ou se notificado pelo médico agente da inspeção do trabalho, ou, ainda, como resultado de negociação coletiva de trabalho; a.2) de acordo com à periodicidade especificada no Anexo nº 6 da NR 15, para os trabalhadores expostos a condições hiperbáricas; b) para os demais trabalhadores: b.1) anual, quando menores de 18 (dezoito) anos e maiores de 45 (quarenta e cinco) anos de idade; b.2) a cada dois anos, para os trabalhadores entre 18 (dezoito) anos e 45 (quarenta e cinco) anos de idade (BRASIL, 1994a). NR 8 – Edificações Esta norma apresenta as questões referentes à segurança da edificação, finalizado o período de obras, quando o imóvel já está em uso regular, preocupando-se com as condições dos locais nos quais os empregados desenvolvem suas atividades. Portanto, ela determina os requisitos técnicos mínimos 38 Unidade I que devem ser observados, com a finalidade de proporcionar conforto e segurança aos que nela estão inseridos. Aqui é importante se fazer um parêntese para falar que esta NR não traz qualquer recomendação destinada à proteção do empregado portador de necessidades especiais, neste caso deveremos buscar a NBR 9050 (BRASIL, 2015), a qual trata da acessibilidade em edificações, espaços e equipamentos urbanos. As normas de acessibilidade são de interesse social e citadas por suas leis federais. Saiba mais A lei de acessibilidade, instituída pelo Decreto-lei nº 5.296, pode ser visualizada em: BRASIL. Presidência da República. Casa Civil. Subchefia para Assuntos Jurídicos. Decreto nº 5.296, de 2 de dezembro de 2004. Regulamenta as Leis nos 10.048, de 8 de novembro de 2000, que dá prioridade de atendimento às pessoas que especifica, e 10.098, de 19 de dezembro de 2000, que estabelece normas gerais e critérios básicos para a promoção da acessibilidade das pessoas portadoras de deficiência ou com mobilidade reduzida, e dá outras providências. Brasília: DF, 2004a. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ ccivil_03/_ato2004-2006/2004/decreto/d5296.htm>. Acesso em: 5 out. 2017. Entreos itens modificados pela nova NBR 9050 de 2015, encontram-se: • Comunicação e sinalização: na versão anterior, o piso tátil era mencionado, mas não havia detalhamento sobre este importante recurso utilizado pelas pessoas com deficiência visual. Na versão revisada, tal item recebeu especificações como sendo de alerta ou orientação, determinando diferenciação entre relevo e rugosidade. Também a localização do piso tátil, que deve ser aplicado no início ou fim de rampa, o rebaixamento de guia e beiradas de plataformas, entre outros, foi especificada. Outra mudança observada no aspecto da comunicação e sinalização é a utilização de pictogramas, enfatizando a perspectiva visual. A sinalização tátil recebe destaque pelo emprego de caracteres em relevo e pela versão em braile. • Inclinação de rampas: antes, era permitida até 10%, agora estabelece-se o limite de 8%, mesmo índice definido em normas de países da Europa e nos Estados Unidos. • Sanitários: eles também foram otimizados. A alteração ocorre no espaço livre entre o vaso sanitário e a abertura da porta, que deve ser de, no mínimo, 0,60 m, para evitar que a abertura da porta seja impedida pela peça sanitária. As barras de apoio em frente à pia passam a ser item obrigatório para um sanitário acessível. 39 ERGONOMIA, ACESSIBILIDADE E SEGURANÇA DO TRABALHO Saiba mais Todas as normas constitucionais, leis federais e decretos que regem os direitos da pessoa com deficiência, encontram-se em: BRASIL. Ministério dos Direitos Humanos. Pessoa com deficiência. Legislação. Brasília: DF, [s.d.]. Disponível em: <http://www.sdh.gov.br/ assuntos/pessoa-com-deficiencia/legislacao>. Acesso em: 10 out. 2017. NR 9 – Programas de prevenção de riscos ambientais – PPRA O PPRA é um programa que visa à proteção da saúde do trabalhador no seu ambiente de trabalho. Ele tem um papel importante pois, seguindo as orientações da norma para sua elaboração, fica clara a necessidade de que se anteveja o perigo, agindo de forma preventiva e proativa. Trata-se de um documento fundamental, que irá compor um sistema de gestão de SST na empresa, voltado para proteção e saúde dos funcionários. Ele interage com os demais programas obrigatórios, constituindo o que seria uma gestão mínima de SST a ser seguida. A partir do mapeamento dos riscos, sendo que o PPRA avalia os riscos físicos, químicos e biológicos, realiza-se o monitoramento e o controle dos riscos existentes no local de trabalho e as medidas adotadas para evitar os acidentes e as doenças ocupacionais. 9.1.1 Esta Norma Regulamentadora – NR estabelece a obrigatoriedade da elaboração e implementação, por parte de todos os empregadores e instituições que admitam trabalhadores como empregados, do Programa de Prevenção de Riscos Ambientais – PPRA, visando à preservação da saúde e da integridade dos trabalhadores, através da antecipação, reconhecimento, avaliação e consequente controle da ocorrência de riscos ambientais existentes ou que venham a existir no ambiente de trabalho, tendo em consideração a proteção do meio ambiente e dos recursos naturais (BRASIL, 1994b). Este programa deve andar em conjunto com o PCMSO, pois um depende do outro e ambos se validam. Ele precisa ser realizado anualmente, ou sempre que for necessário devido a alguma mudança significativa no layout do ambiente de trabalho do estabelecimento. NR 10 – Segurança em instalações e serviços em eletricidade Trata-se de uma norma que determina que em todas as intervenções em instalações elétricas devem ser adotadas medidas preventivas de controle do risco elétrico e adicionais, mediante técnicas de análise, de forma a garantir a segurança e a saúde no trabalho. 40 Unidade I 10.1.1 Esta Norma Regulamentadora – NR estabelece os requisitos e condições mínimas objetivando a implementação de medidas de controle e sistemas preventivos, de forma a garantir a segurança e a saúde dos trabalhadores que, direta ou indiretamente, interajam em instalações elétricas e serviços com eletricidade (BRASIL, 2004b). NR 11 – Transporte, movimentação, armazenagem e manuseio de materiais Esta norma é de larga aplicação, uma vez que encontramos, nas mais diversas atividades econômicas, movimentação e armazenagem de cargas. Ela determina, entre outras coisas, regras de segurança para operação de elevadores, guindastes, transportadores industriais e máquinas transportadoras, bem como formas de armazenagem dos mais variados materiais, exigências de habilitação do operador do equipamento, dispositivos de segurança etc. NR 12 – Segurança no trabalho em máquinas e equipamentos Esta norma tem gerado muita disputa por parte dos empresários, já que exige investimento para adequar equipamentos e máquinas aos padrões de segurança para os operadores. Estabelece as medidas de prevenção de segurança e higiene do trabalho relacionadas com a instalação, operação e manutenção de máquinas e equipamentos. Muitas empresas ainda a seguem, ela é de extrema importância no que diz respeito à segurança dos operadores. NR 13 – Caldeiras, vasos de pressão e tubulações Aqui encontramos os requisitos técnico-legais que se aplicam à instalação, operação e manutenção de caldeiras e vasos de pressão, com o objetivo de prevenir a ocorrência de acidentes de trabalho. NR 14 – Fornos Pode-se localizar aqui as condições legais voltadas à construção, operação e manutenção dos fornos industriais nos ambientes de trabalho, sejam eles para qualquer utilização, que devem ser construídos solidamente, revestidos com material refratário, de forma que o calor radiante não ultrapasse os limites de tolerância estabelecidos pela NR nº 15 para atividades e operações insalubres que veremos a seguir. NR 15 – Atividades e operações insalubres Inicialmente é importante que compreenda do que se trata um ambiente insalubre. Ao contrário de um ambiente salubre, que faz bem à saúde, ele é prejudicial ao longo do tempo de exposição. Então, nesta NR vamos encontrar a descrição de atividades, operações e agentes insalubres, inclusive seus limites de tolerância e meios de proteção dos trabalhadores das exposições nocivas à saúde. O conceito destas atividades pode ser encontrado nos artigos 189, 190, 191 e 192 da CLT: 41 ERGONOMIA, ACESSIBILIDADE E SEGURANÇA DO TRABALHO Art. 189 – Serão consideradas atividades ou operações insalubres aquelas que, por sua natureza, condições ou métodos de trabalho, exponham os empregados a agentes nocivos à saúde, acima dos limites de tolerância fixados em razão da natureza e da intensidade do agente e do tempo de exposição aos seus efeitos. [...] Art. 190 – O Ministério do Trabalho aprovará o quadro das atividades e operações insalubres e adotará normas sobre os critérios de caracterização da insalubridade, os limites de tolerância aos agentes agressivos, meios de proteção e o tempo máximo de exposição do empregado a esses agentes. Parágrafo único – As normas referidas neste artigo incluirão medidas de proteção do organismo do trabalhador nas operações que produzem aerodispersoides tóxicos, irritantes, alérgicos ou incômodos. Art. 191 – A eliminação ou a neutralização da insalubridade ocorrerá: I – com a adoção de medidas que conservem o ambiente de trabalho dentro dos limites de tolerância; II – com a utilização de equipamentos de proteção individual ao trabalhador, que diminuam a intensidade do agente agressivo a limites de tolerância. Parágrafo único – Caberá às Delegacias Regionais do Trabalho, comprovada a insalubridade, notificar as empresas, estipulando prazos para sua eliminação ou neutralização, na forma deste artigo. Art. 192 – O exercício de trabalho em condições insalubres, acima dos limites de tolerância estabelecidos pelo Ministério do Trabalho, assegura a percepção de adicional respectivamente de 40% (quarenta por cento), 20% (vinte por cento) e 10% (dez por cento) do salário mínimo da região, segundo se classifiquem nos graus máximo, médio e mínimo (BRASIL, 1943). Observação Aerodispersoidessão partículas ou gotículas extremamente pequenas em suspensão na atmosfera ou no ambiente de trabalho que são transportados pela corrente de ar, a que chamamos de poeira ou vapores. Em virtude desta consideração, pode-se observar que a NR nº 15 – Atividades e operações insalubres traz em seus 14 anexos, os limites de tolerância dos agentes agressores e das condições especiais impostas para a realização de algumas atividades laborais específicas, como segue: 42 Unidade I • Anexo nº 1 – Limites de tolerância para ruído contínuo ou intermitente. • Anexo nº 2 – Limites de tolerância para ruídos de impacto. • Anexo nº 3 – Limites de tolerância para exposição ao calor. • Anexo nº 4 – (Revogado). • Anexo nº 5 – Radiações ionizantes. • Anexo nº 6 – Trabalho sob condições hiperbáricas. • Anexo nº 7 – Radiações não ionizantes. • Anexo nº 8 – Vibrações. • Anexo nº 9 – Frio. • Anexo nº 10 – Umidade. • Anexo nº 11 – Agentes químicos cuja insalubridade é caracterizada por limite de tolerância e inspeção no local de trabalho. • Anexo nº 12 – Limites de tolerância para poeiras minerais. • Anexo nº 13 – Agentes químicos. • Anexo nº 13 A – Benzeno. • Anexo nº 14 – Agentes biológicos. Através de perícia, ao se constatar que o empregado ficou exposto a um ambiente insalubre, ele terá direito à percepção de um adicional, conhecido como adicional de insalubridade, sobre o seu salário, que deve incidir sobre o salário mínimo regional, e ainda ser mensurado de acordo com o grau de exposição: leve, moderado ou alto, variando respectivamente entre 10%, 20% e 40% por cento. É importante ressaltar que, na hipótese de eliminação do risco ou de seu condicionamento aos limites de tolerância previstos nesta NR, ocorrerá à cessação da obrigatoriedade do pagamento adicional ao empregado. Podemos citar como exemplo a exposição ao ruído. A NR 15 determina como limites de exposição diária, o seguinte: 43 ERGONOMIA, ACESSIBILIDADE E SEGURANÇA DO TRABALHO Tabela 2 – Limites de tolerância para ruído contínuo ou intermitente Nível de ruído dB (A) Máxima exposição diária permissível 85 8 horas 86 7 horas 87 6 horas 88 5 horas 89 4 horas e 30 minutos 90 4 horas 91 3 horas e 30 minutos 92 3 horas 93 2 horas e 40 minutos 94 2 horas e 15 minutos 95 2 horas 96 1 hora e 45 minutos 98 1 hora e 15 minutos 100 1 hora 102 45 minutos 104 35 minutos 105 30 minutos 106 25 minutos 108 25 minutos 110 15 minutos 112 10 minutos 114 8 minutos 115 7 minutos Fonte: Brasil (1978e). Ou seja, o limite de exposição para uma jornada de 8 horas é de 85 dB (A). Conforme a pressão sonora se eleva, o tempo de exposição deve diminuir. Outro modelo trata da exposição ao calor, em regime de trabalho intermitente, conforme a seguinte tabela: Tabela 3 – Regime de trabalho intermitente Regime de trabalho intermitente com descanso no próprio local de trabalho (por hora) Leve Moderada Pesada Trabalho contínuo até 30,0 até 26,7 até 25,0 15 minutos de descanso 30,1 a 30,5 26,8 a 28,0 25,1 a 25,29 30 minutos de descanso 30,7 a 31,4 28,1 a 29,4 26,0 a 27,9 45 minutos de descanso 31,5 a 32,2 29,5 a 31,1 28,0 a 30,0 Medidas adequadas de controle acima de 32,2 acima de 31,1 acima de 30,0 Fonte: Brasil (1978e). 44 Unidade I NR 16 – Atividades e operações perigosas Esta NR regulamenta as atividades com explosivos, inflamáveis, eletricidade e radiações ionizantes. Ela assegura ao trabalhador a percepção de adicional de 30% (trinta por cento), incidente sobre o seu salário, sem os acréscimos resultantes de gratificações, prêmios ou participação nos lucros da empresa. As atividades e operações perigosas estão constantes nos seguintes anexos da NR: • Anexo 1 – Atividades e operações perigosas com explosivos. • Anexo 2 – Atividades e operações perigosas com inflamáveis. • Anexo 3 – Atividades e operações perigosas com exposição a roubos ou outras espécies de violência física nas atividades profissionais de segurança pessoal ou patrimonial. • Anexo 4 – Atividades e operações perigosas com energia elétrica. • Anexo 5 – Atividades perigosas em motocicleta. • Anexo sem número – Atividades e operações perigosas com radiações ionizantes ou substâncias radioativas – Atividades/Áreas de risco. É responsabilidade do empregador a caracterização ou a descaracterização da periculosidade, mediante laudo técnico elaborado por médico do trabalho ou engenheiro de segurança do trabalho, nos termos do artigo 195 da CLT, que diz: Art. 195 – A caracterização e a classificação da insalubridade e da periculosidade, segundo as normas do Ministério do Trabalho, far-se-ão através de perícia a cargo de Médico do Trabalho ou Engenheiro do Trabalho, registrados no Ministério do Trabalho. § 1º – É facultado às empresas e aos sindicatos das categorias profissionais interessadas requererem ao Ministério do Trabalho a realização de perícia em estabelecimento ou setor deste, com o objetivo de caracterizar e classificar ou delimitar as atividades insalubres ou perigosas. § 2º – Arguida em juízo insalubridade ou periculosidade, seja por empregado, seja por Sindicato em favor de grupo de associado, o juiz designará perito habilitado na forma deste artigo, e, onde não houver, requisitará perícia ao órgão competente do Ministério do Trabalho. § 3º – O disposto nos parágrafos anteriores não prejudica a ação fiscalizadora do Ministério do Trabalho, nem a realização ex officio da perícia (BRASIL, 1977). 45 ERGONOMIA, ACESSIBILIDADE E SEGURANÇA DO TRABALHO NR 17 – Ergonomia Já a NR nº 17 – Ergonomia visa estabelecer parâmetros que permitam a adaptação das condições de trabalho às características psicofisiológicas dos trabalhadores, de modo a proporcionar um máximo de conforto, segurança e desempenho eficiente, considerando as condições de trabalho que incluem aspectos relacionados ao levantamento, ao transporte e à descarga de materiais, ao mobiliário, aos equipamentos e às condições ambientais do posto de trabalho e da própria organização do trabalho. De acordo com o item 17.6.2 da NR nº 17, 17.6.2. A organização do trabalho, para efeito desta NR, deve levar em consideração, no mínimo: a) as normas de produção; b) o modo operatório; c) a exigência de tempo; d) a determinação do conteúdo de tempo; e) o ritmo de trabalho; f) o conteúdo das tarefas (BRASIL, 1990). NR 18 – Condições e meio ambiente de trabalho na indústria da construção Estabelece diretrizes de ordem administrativa, de planejamento e de organização, que objetivam a implementação de medidas de controle e sistemas preventivos de segurança nos processos, nas condições e no meio ambiente de trabalho na indústria da construção, além de atividades e serviços de demolição, reparo, pintura, limpeza e manutenção de edifícios em geral, de qualquer número de pavimentos ou tipo de construção, inclusive manutenção de obras de urbanização e paisagismo. Esta NR também prevê a necessidade da elaboração do Programa de Controle do Meio Ambiente de Trabalho (PCMAT), um complemento essencial para o PPRA, e este se adequa às características ímpares de um canteiro de obras que necessita de atenções especiais ao longo de todas as suas fases, pois em cada uma delas existem riscos distintos. NR 19 – Explosivos A presente NR considera explosivo, todo material ou substância que, quando iniciado, sofre decomposição muito rápida em produtos mais estáveis, com grande liberação de calor e desenvolvimento súbito de pressão, levando em conta que as atividades de fabricação, utilização, importação, exportação, tráfego e comércio de explosivos devem obedecer ao disposto na legislação específica, em especial ao 46 Unidade I Regulamento para Fiscalização de Produtos Controlados (R-105) do Exército Brasileiro, aprovado pelo Decreto nº 3.665 (BRASIL, 2000). Figura 18 – Explosivos merecem muita atenção Saiba mais Por meio do site da Presidência da República, Casa Civil, Subchefia para Assuntos Jurídicos, é possível ler o Regulamento para Fiscalização
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