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Aula 07 (15/04/20) - Neuroanatomia A.M.: 6, 22, 23. G.: 18. A.M.: Anatomia macroscópica do diencéfalo - cap. 06 G.: Diencéfalo - cap. 18 ● O diencéfalo é composto por tálamo, hipotálamo, epitálamo e subtálamo, todas em relação com o III ventrículo. ● O diencéfalo é responsável pelo controle neuroendócrino, da homeostasia, é integrante de grande parte das vias sensitivas, é o local de percepção de estímulos dolorosos e participa do controle da motricidade. ● É delimitado anteriormente pela comissura anterior e a lâmina terminal. Inferiormente, há o infundíbulo, o túber cinéreo, os corpos mamilares e o mesencéfalo. Posteriormente, o diencéfalo delimitado pela comissura posterior, glândula pineal, comissura das habênulas. O limite lateral é dado pela cápsula interna. É circundado pelos ventrículos laterais, da porção anterior à posterior, que fazem seu limite superior juntamente com o fórnix. III ventrículo ● III ventrículo: é uma estreita fenda que se comunica com o IV ventrículo pelo aqueduto cerebral, e com os ventrículos laterais pelos respectivos forames interventriculares (de Monro). ● O sulco hipotalâmico se estende do aqueduto cerebral até o forame interventricular. As porções da parede situadas acima desse sulco pertencem ao tálamo, e as situadas abaixo, ao hipotálamo. Unindo os dois tálamos e, consequentemente, atravessando em ponte a cavidade ventricular, observa-se uma trave de substância cinzenta, a aderência intertalâmica. ● No assoalho do III ventrículo, dispõem-se da frente para trás: quiasma óptico, infundíbulo, túber cinéreo e corpos mamilares (pertencentes ao hipotálamo). ● A parede posterior do ventrículo, muito pequena, é formada pelo epitálamo, que se localiza acima do sulco hipotalâmico. Saindo de cada lado do epitálamo e percorrendo a parte mais alta das paredes laterais do ventrículo, há um feixe de fibras nervosas, as estrias medulares do tálamo, onde se insere a tela corioide, que forma o teto do III ventrículo. ● A parede anterior do III ventrículo é formada pela lâmina terminal, fina lâmina de tecido nervoso que une os dois hemisférios e se dispõe entre o quiasma óptico e a comissura anterior. A comissura anterior, a lâmina terminal e as partes adjacentes das paredes laterais do III ventrículo pertencem ao telencéfalo. A.M.: Estrutura e funções do tálamo, subtálamo e epitálamo - cap. 23 Tálamo ● Situado acima do sulco intertalâmico, é constituído de duas grandes massas ovoides de substância cinzenta, com uma extremidade anterior pontuda, o tubérculo anterior do tálamo, e outra posterior, o pulvinar do tálamo. ● O principal papel do tálamo é o de distribuidor das vias sensitivas. Todas as formas de sensibilidade têm participação funcional do tálamo. Em especial a dor, pois ela é percebida no tálamo e não no córtex, como as demais formas de sensibilidade geral e especial. ● Por não precisar do córtex para perceber, mas somente para interpretar a dor, um paciente em coma, mesmo inconsciente, pode reagir a estímulos dolorosos dessa forma. O tálamo recebe fibras sensitivas, modula e integra estímulos e os envia ao córtex cerebral. ● Os dois ovoides do tálamo estão unidos pela aderência intertalâmica (ausente em algumas pessoas). ● Na face posteroinferior, está o limite com o epitálamo e podem ser localizadas duas proeminências laterais ao pulvinar, o corpo geniculado lateral (que se liga o trato óptico e o braço do colículo superior) e o corpo geniculado medial (que se relaciona com o braço do colículo inferior e com as radiações auditivas). ● A face medial do tálamo forma a parede lateral do III ventrículo. A perna posterior da cápsula interna dá o limite lateral do tálamo. - Hemorragias e tumores no tálamo se expandem rumo ao III ventrículo, devido à resistência lateral (cápsula interna). ● Sua superfície dorsal é revestida por uma lâmina de substância branca, o extrato zonal do tálamo, que se estende à face lateral onde recebe o nome de lâmina medular externa. Entre esta e a cápsula interna, situado lateralmente, localiza-se o núcleo reticular do tálamo. O extrato zonal penetra no tálamo formando um verdadeiro septo, a lâmina medular interna, que o percorre longitudinalmente. ● As radiações talâmicas são formadas por fibras talamocorticais e corticotalâmicas que seguem seu trajeto pela coroa radiada e cápsula interna e permitem a integração aferente e eferente do tálamo com as diversas partes do córtex cerebral. ● No interior da lâmina medular interna existem pequenas massas de substância cinzenta que constituem os núcleos intralaminares do tálamo. ● Núcleos do tálamo: - Grupo anterior: compreende núcleos situados no tubérculo anterior do tálamo, sendo limitados posteriormente pela bifurcação em Y da lâmina medular interna. Esses núcleos recebem fibras dos núcleos mamilares pelo fascículo mamilotalâmico e projetam fibras para o córtex do giro do cíngulo e frontal, integrando o circuito de Papez, relacionado com a formação da memória. - Grupo posterior: 1) pulvinar: tem conexões recíprocas com a chamada área de associação temporoparietal do córtex cerebral, situada nos giros angular e supramarginal. Parece estar envolvido nos processos de atenção seletiva e de linguagem. 2) corpo geniculado medial: recebe pelo braço do colículo inferior fibras provenientes do colículo inferior ou diretamente do lemnisco lateral. Projeta fibras para a área auditiva do córtex cerebral no giro temporal transverso anterior, sendo, assim, um componente da via auditiva. 3) corpo geniculado lateral: a rigor não é um núcleo, pois é formado de camadas concêntricas de substâncias branca e cinzenta. Recebe pelo trato óptico fibras provenientes da retina. Projeta fibras pelo trato geniculocalcarino para a área visual primária do córtex situada nas bordas do sulco calcarino. Faz parte, portanto, das vias ópticas. - Grupo mediano: são núcleos localizados próximo ao plano sagital mediano, na aderência intertalâmica ou na substância cinzenta periventricular. Têm conexões com o hipotálamo e, possivelmente, relacionam-se com funções viscerais. - Grupo medial: compreende os núcleos situados dentro da lâmina medular interna (núcleos intralaminares) e o núcleo dorsomedial, situado entre entre essa lâmina e os núcleos do grupo mediano. ↳ Os núcleos intralaminares, entre os quais se destaca o núcleo centromediano, recebem um grande número de fibras da formação reticular e têm importante papel ativador sobre o córtex cerebral, integrando o SARA (Sistema Ativador Reticular Ascendente). ↳ A via que liga a formação reticular ao córtex, através dos núcleos intralaminares, proporciona uma vaga percepção sensorial sem especificidade, mas com reações emocionais especialmente para estímulos dolorosos. ↳ O núcleo dorsomedial recebe fibras principalmente do corpo amigdaloide e tem conexões recíprocas com a parte anterior do lobo frontal, denominada área pré-frontal. - Grupo lateral: compreende núcleos situados lateralmente à lâmina medular interna, que podem ser divididos em subgrupos dorsal e ventral 1) núcleo ventral anterior (VA): recebe a maioria dasfibras que do globo pálido se dirigem para o tálamo. Projeta-se para as áreas motoras do córtex cerebral e tem função ligada ao planejamento e execução da motricidade somática. 2) núcleo ventral lateral (VL)/ventral intermédio: recebe as fibras do cerebelo e projeta-se para as áreas motoras do córtex cerebral. Integra, assim, a via cerebelo-tálamo-cortical. Além disso, recebe parte das fibras que do globo pálido se dirigem ao tálamo. 3) núcleo ventral posterolateral (VPL): é um núcleo das vias sensitivas, recebendo fibras dos lemniscos medial e espinhal. Projeta fibras para o córtex do giro pós-central, onde se localiza a área somestésica. 4) núcleo ventral posteromedial (VPM): é também um núcleo das vias sensitivas. Recebe fibras do lemnisco trigeminal, trazendo sensibilidade somática geral de parte da cabeça e fibras gustativas provenientes do núcleo do trato solitário (fibras solitariotalâmicas). Projeta fibras para a área somestésica situada no giro pós-central e para a área gustativa situada na parte posterior da ínsula. 5) núcleo reticular: é constituído por uma fina calota de substância cinzenta disposta lateralmente entre a massa principal de núcleos que constitui o ovoide talâmico e a cápsula interna. ↳ Difere dos demais núcleos por utilizar como neurotransmissor o GABA, que é inibidor, enquanto a maioria dos outros usa glutamato. ↳ Difere também por não ter conexões diretas com o córtex e sim com os outros núcleos talâmicos. Estes também fornecem aferências para ele principalmente por meio dos ramos colaterais das fibras talamocorticais que o atravessam. Com base no fluxo de informações dessas colaterais, o núcleo reticular modula a atividade dos núcleos talâmicos, atuando como um porteiro que barra ou deixa passar informações para o córtex cerebral. ↳ Também recebe aferências dos núcleos intralaminares que por sua vez recebem fibras do SARA, influenciando no nível de vigília e alerta. No início do sono, as fibras gabaérgicas do núcleo reticular inibem os núcleos talâmicos de retransmissão, como o núcleo VPL, o que impede a chegada de impulsos sensitivos ao córtex cerebral durante o sono. ● Relações talamocorticais: - É um elo essencial entre os receptores sensoriais e o córtex cerebral para todas as modalidades sensoriais, exceto a olfação. - Através do núcleo reticular, age como comporta, facilitando ou impedindo a passagem de informações para o córtex. - Todos os núcleos talâmicos, com exceção do núcleo reticular, têm conexões com o córtex. Essas conexões são recíprocas, ou seja, fazem-se através de fibras talamocorticais e corticotalâmicas. Essas fibras constituem grande parte da cápsula interna, sendo que o maior contingente delas se destina às áreas sensitivas do córtex. Através de suas conexões com o lobo frontal (área pré-frontal), participa de funções cognitivas. - Núcleos talâmicos específicos/de retransmissão: provocam resposta cortical, em áreas específicas relacionadas com funções específicas, quando são estimulados. Núcleo VPL e corpo geniculado medial. - Núcleos talâmicos inespecíficos: a estimulação modifica os potenciais elétricos de territórios muito grandes e não de área específicas. Núcleos intralaminares, sobretudo o centromediano. Sistema talâmico de projeção difusa. ● Funções do tálamo: - Sensibilidade: todos os impulsos sensitivos sensitivos, antes de chegar ao córtex, param em um núcleo talâmico, fazendo exceção apenas os impulsos olfatórios. Assim, possui papel de distribuir, integrar e modificar, às áreas específicas do córtex, impulsos que recebe das vias sensoriais. Dor, temperatura, tato protopático e sensibilidade vibratória. - Motricidade: através dos núcleos VA e VL, interpostos, respectivamente, em circuitos palidocorticais e cerebelocorticais. - Comportamento emocional: através do núcleo dorsomedial, com suas conexões com os núcleos mamilares do hipotálamo. - Ativação do córtex: através dos núcleos talâmicos inespecíficos e suas conexões com a formação reticular (SARA). ● Síndromes talâmicas: lesões de vasos podem resultar na síndrome talâmica, na qual se manifestam dramáticas alterações da sensibilidade (perda sensitiva do hemicorpo contralateral). Uma delas é o aparecimento da denominadas dor central, dor espontânea e pouco localizada, que frequentemente se irradia por toda a metade do corpo situada do lado oposto ao tálamo comprometido. Certos estímulos térmicos, táteis e até mesmo auditivos podem se tornar desagradáveis. Subtálamo ● Compreende a zona de transição entre o diencéfalo e o tegmento do mesencéfalo. Localiza-se abaixo do tálamo, sendo limitado lateralmente pela cápsula interna e superomedialmente pelo hipotálamo. ● Algumas estruturas mesencefálicas estendem-se até o subtálamo, como o núcleo rubro, a substância negra e a formação reticular (zona incerta do subtálamo). ● Núcleo subtalâmico: tem conexões nos dois sentidos com o globo pálido através do circuito pálido-subtálamo-palidal, importante para a regulação da motricidade somática. ● Síndromes subtalâmicas: lesões no núcleo subtalâmico provocam uma síndrome conhecida como hemibalismo, caracterizada por movimentos anormais das extremidades. Epitálamo ● Corresponde à porção posterior do diencéfalo, localizado superiormente à lâmina quadrigêmea. Seu limite anterior é a comissura posterior. O pulvinar do tálamo faz seu limite lateral e superior. ● As estruturas que formam o epitálamo são a glândula pineal, núcleos habenulares e a comissura posterior. ● A comissura posterior é um feixe transversal de substância branca que cruza a linha mediana no ponto em que o III ventrículo se comunica com o aqueduto do mesencéfalo. Suas fibras comunicam os núcleo pré-tetais de ambos os lados que controlam a movimentação do olhar conjugado para cima e a integração dos reflexos fotomotores. ● A comissura das habênulas é um feixe de fibras que cruza o plano mediano para comunicar os núcleos habenulares que estão na região paramediana. Essas estruturas recebem fibras dos corpos amigadaloides e do hipocampo, participam do sistema límbico. A habênula está situada de cada lado no trígono da habênula e participa da regulação dos níveis de dopamina na via mesolímbica, principal área do prazer no cérebro. ● A glândula pineal é uma glândula endócrina compacta constituída de um estroma de tecido conjuntivo, contendo também neuróglia, e de células secretoras (pinealócitos). Produz unicamente a melatonina. ● Os pinealócitos são ricos em serotonina, que é utilizada para a síntese do hormônio melatonina. Apresenta concreções calcárias que aumentam com a idade, que podem causar a diminuição (mas não a inibição) da produção de melatonina. - O paciente depressivo não tem o precursor para formar serotonina → não dorme. ● A pineal é muito vascularizada e seus capilares têm fenestrações (e por isso não possui barreira hematoencefálica). É inervada por fibras simpáticas pós-ganglionares, oriundas do gânglio cervical superior, que entram no crânio pelo plexo carotídeo e terminam em relação com os pinealócitos e com os vasos. ● Embora a principal fonte de melatonina seja a pineal, ela é sintetizada também na retina, nointestino, nas células do sistema imune e na placenta, onde é responsável pelo aumento da melatonina circulante durante a gravidez. ● A melatonina é sintetizada pelos pinealócitos a partir da serotonina e o processo é ativado pela noradrenalina liberada pelas fibras simpáticas. Durante o dia, essas fibras têm pouca atividade e os níveis de melatonina na pineal e na circulação são muito baixos. Entretanto, durante a noite, a inervação simpática da pineal é ativada, liberando noradrenalina, e os níveis de melatonina circulante aumentam cerca de 10x. Assim, a concentração de melatonina no sangue obedece a um ritmo circadiano, com o pico durante a noite. No entanto, esse ritmo não é intrínseco à pineal, pois decorre da atividade rítmica do núcleo supraquiasmático do hipotálamo, transmitida à pineal através da inervação simpática. ● Funções da pineal: - Função antigonadotrópica: a pineal tem um efeito inibidor sobre as gônadas via hipotálamo. Sabe-se também que a luz inibe a pineal e o escuro a ativa. Assim, admite-se que o escuro estimule a pineal, que, então, aumenta sua ação inibidora sobre os testículos, causando sua atrofia. Puberdade precoce ocorre em casos de tumores de pineal de crianças quando há destruição dos pinealócitos, cessando assim a ação inibitória que a pineal tem sobre as gônadas. - Sincronização do ritmo circadiano de vigília-sono: o ritmo vigília-sono é sincronizado com o ciclo dia-noite pelo núcleo supraquiasmático, que recebe informações sobre a luminosidade do ambiente pelo trato retino-hipotalâmico. A melatonina tem ação sincronizadora suplementar sobre esse ritmo, agindo diretamente sobre os neurônios do núcleo supraquiasmático que tem receptores para esse hormônio. Essa ação é especialmente importante quando há mudanças acentuadas no ciclo natural de dia-noite (ex.: jet lag). - Regulação de glicemia: a melatonina está envolvida na regulação da glicemia, inibindo a secreção de insulina nas células das ilhotas pancreáticas. Como os pinealócitos têm receptores de insulina, postulou-se a existência de uma alça de retroalimentação (feedback positivo) entre pinealócitos e células . - Regulação da morte celular por apoptose: a melatonina inibe o aparecimento das células em apoptose, enquanto os corticoides ativam esse processo. Nas células cancerosas, a melatonina aumenta a apoptose, contribuindo para a regressão de certos tipos de tumores. - Ação antioxidante: a melatonina é um dos mais potentes antioxidantes conhecidos (superando a ação das vitaminas A, C e E). Esse hormônio não só remove os radicais livres, como também aumenta a capacidade antioxidante das células. - Regulação do sistema imune: a melatonina, por mecanismos diversos, aumenta as respostas imunes, agindo sobre as células do baço, timo, medula óssea, macrófagos, neutrófilos e células T. A ação da melatonina se faz não só pela melatonina produzida na pineal, mas também pela produzida por células do próprio sistema imune. Também tem efeito benéfico sobre vários processos inflamatórios por mecanismos diversos de atuação. ● Síndromes epitalâmicas: puberdade precoce (glândula pineal); HIC, devido à hidrocefalia observada quando há obstrução do aqueduto do mesencéfalo; sinal de Parinaud (paresia do olhar conjugado para cima - acometimento da comissura posterior); alterações no reflexo fotomotor (acometimento de estruturas pré-tetais). A.M.: Estrutura e funções do hipotálamo - cap. 22 Hipotálamo ● Corresponde à região anteroinferior do diencéfalo e forma as paredes laterais e o assoalho do III ventrículo. É limitado superiormente pelo tálamo, de quem se divide pelo sulco hipotalâmico. Lateralmente é limitado pela cápsula interna e o subtálamo, anteriormente pela lâmina terminal e posteriormente pelo aqueduto do mesencéfalo. ● As estruturas que estão dispostas entre o quiasma óptico e a comissura anterior formam a área pré-óptica do hipotálamo. ● Na área pré-óptica, localiza-se o órgão vascular da lâmina terminal, que funciona como um sensor especializado em detectar sinais químicos para termorregulação e metabolismo salino. ● No limite anterossuperior do hipotálamo está a comissura anterior, um conjunto de fibras transversais que comunica os lobos temporais, mais especificamente as estruturas do rinencéfalo. ● Inferiormente à comissura anterior (e formando a maior parte da parede anterior do hipotálamo), está a lâmina terminal, uma delgada parede de substância branca que comunica o diencéfalo de ambos os lados e une a comissura anterior ao quiasma óptico. Na junção entre a lâmina terminal e o quiasma óptico, forma-se um ângulo no interior do hipotálamo preenchido pelo líquor do III ventrículo, o recesso supraóptico. ● O infundíbulo situa-se posteriormente ao quiasma óptico Nas paredes do infundíbulo estão os neurônios que produzem os hormônios antidiurético (ADH) e ocitocina, que são liberados pela neurohipófise. É a estrutura neuronal que forma a haste hipofisária. ● No sentido posterior do hipotálamo, formando grande parte do assoalho do III ventrículo, está o túber cinéreo. Estrutura de substância cinzenta, localiza-se entre os tratos ópticos e chega posteriormente aos corpos mamilares. Possui núcleos relacionados com o controle do ritmo circadiano. ● Os corpos mamilares são pequenas massas esféricas, localizadas posteriormente ao túber cinéreo e anteriormente à substância perfurada posterior, na fossa interpeduncular do mesencéfalo. Relacionam-se com o circuito de Papez e com o sistema límbico. Recebe fibras do hipocampo pelo fórnix. ● É constituído fundamentalmente de substância cinzenta agrupada em diversos núcleos e dividido em regiões. ● O fórnix, que passa superiormente ao tálamo e segue trajeto anteroinferior ao formar a parede anteromedial do forame interventricular, atravessa o hipotálamo e o divide em zonas medial (muitos núcleos) e lateral (substância branca). Por essas zonas estão distribuídos os núcleos hipotalâmicos que correspondem a vários centros de controle - ingesta nutricional, equilíbrio hídrico, controle neuroendócrino, temperatura corporal, P.A. e F.C. Também há neurônios secretores de hormônios que atuam diretamente na hipófise e demais tecidos. ● A área lateral do hipotálamo é percorrida pelo feixe prosencefálico medial, complexo sistema de fibras que estabelecem conexões nos dois sentidos, entre a área septal (pertencente ao sistema límbico) e a formação reticular do mesencéfalo. ● Conexões do hipotálamo: - Conexões com o sistema límbico: o sistema límbico compreende uma série de estruturas relacionadas principalmente com a regulação do comportamento emocional (agressividade) e da memória. 1) hipocampo: liga-se pelo fórnix aos núcleos mamilares do hipotálamo, de onde os impulsos nervosos seguem para o núcleo anterior do tálamo através do fascículo mamilotalâmico, fazendo parte do circuito de Papez. Dos núcleos mamilares, impulsos nervosos chegam também à formação reticular do mesencéfalo pelo fascículo mamilotegmentar. 2) corpo amigdaloide: fibras originadas nos núcleos do corpo amigdaloide chegam ao hipotálamo principalmente através daestria terminal. 3) área septal: liga-se ao hipotálamo através de fibras que percorre o feixe prosencefálico medial. - Conexões com a área pré-frontal: o córtex da área pré-frontal se relaciona com o comportamento emocional. Mantém conexões diretamente com o hipotálamo, ou através do núcleo dorsomedial do tálamo. - Conexões viscerais: o hipotálamo mantém conexões aferentes e eferentes com os neurônios da medula e do tronco encefálico relacionados com as funções viscerais. 1) viscerais aferentes: recebe informações sobre a atividade das vísceras, através de suas conexões diretas com o núcleo do trato solitário (fibras solitário-hipotalâmicas). Esse trato recebe toda a sensibilidade visceral (geral e especial) que entra no SN pelos nervos VI, IX e X. 2) viscerais eferentes: o hipotálamo controla o SNA agindo direta (fibras, de vários núcleos hipotalâmicos, que terminam nos núcleos do tronco encefálico, ou da coluna lateral) ou indiretamente (formação reticular e tratos reticuloespinhais) sobre os neurônios pré-ganglionares dos sistemas simpático e parassimpático. - Conexões com a hipófise: apenas conexões eferentes. 1) trato hipotálamo-hipofisário: é formado por fibras que se originam nos magnocelulares (neurônios grandes) dos núcleos supraóptico e paraventricular e terminam na neurohipófise. As fibras desse trato são ricas em neurossecreção, transportando os hormônios vasopressina e ocitocina. 2) trato tuberoinfundibular/túbero-hipofisário: é constituído de fibras que se originam em parvicelulares (neurônios pequenos) do núcleo arqueado e em áreas vizinhas do hipotálamo tuberal e terminam na eminência mediana e na haste infundibular. Essas fibras transportam os hormônios que ativam ou inibem as secreções dos hormônios da adenohipófise. - Conexões sensoriais: o hipotálamo recebe informações sensoriais das áreas erógenas; existem também conexões diretas do córtex olfatório e da retina com o hipotálamo (trato retino-hipotalâmico, que termina no núcleo supraquiasmático e no núcleo pré-óptico ventrolateral). ● Funções do hipotálamo: - Controle do SNA: o hipotálamo é o centro suprassegmentar mais importante do SNA. As regiões pré-óptica e anterior do hipotálamo estimulam o SN parassimpático (aumento do peristaltismo gastrintestinal, contração da bexiga, diminuição da F.C. e da P.A.), enquanto as regiões lateral e posterior estimulam o SN simpático. - Regulação da temperatura corporal: além de termorreceptores periféricos, o próprio hipotálamo é capaz de perceber a temperatura corporal. Há na parte anterior (ou pré-óptica) do hipotálamo, o núcleo da perda de calor, quando estimulado gera vasodilatação periférica e sudorese, que resultam em perda de calor. Na parte posterior, está o núcleo da conservação de calor, que ao ser estimulado gera vasoconstrição periférica, tremores musculares (calafrios) e até mesmo liberação do hormônio tireoidiano, que aumenta o metabolismo o qual gera calor. ↳ Lesões no centro da perda de calor (anterior): causam elevação incontrolável da temperatura (febre central). Antitérmico não funciona. - Regulação do comportamento emocional: ao integrar informações para o sistema límbico, o hipotálamo participa das reações emocionais e comportamentais. Também efetiva as alterações autonômicas relacionadas a taquicardia, lágrimas, sudorese e outros. - Regulação do equilíbrio hidrossalino e da P.A.: ↳ Os neurônios dos núcleos supraóptico e paraventricular recebem informações através de aferências que mantêm com dois órgãos circunventriculares - o órgão vascular da lâmina terminal (detecta a osmolaridade do sangue) e o órgão subfornicial (níveis circulantes de angiotensina 2, potente vasopressor). Esse mecanismo é ativado em casos de diminuição da P.A. (p. ex., hemorragias) promovendo o aumento da síntese do hormônio antidiurético pelos neurônios dos núcleos supraóptico e paraventricular e a liberação pela neurohipófise. ↳ Outro mecanismo regulador da água e sal, que mantém a volemia e a concentração de sódio dentro de valores normais, tem como base os barorreceptores (receptores periféricos de pressão) localizados nas paredes dos grandes vasos e no seio carotídeo, no arco aórtico. Esses receptores percebem alterações da P.A. e transmitem aos núcleos do trato solitário, pelo X par. Esse núcleo conecta-se com os núcleos paraventricular e supraóptico e com neurônios receptores na área pré-óptica. Quando o sinal detectado é de hipovolemia, secreta-se o ADH (vasopressina), que promove vasoconstrição e reabsorção de sódio e água; se for detectada hiponatremia, é liberado pela hipófise o ACTH, que estimula a secreção de aldosterona pela suprarrenal, reabsorvendo sódio. ↳ O hipotálamo ativa também a ingestão de água e sal, despertando ou não a sensação de sede (estímulo no centro da sede - hipotálamo lateral) ou o desejo de ingestão de alimentos salgados. Lesão → perda da sede → morte por desidratação. - Regulação da ingestão de alimentos: ↳ Na região lateral do hipotálamo está o centro da fome, local que, quando estimulado, resulta no aumento da ingestão de alimentos e, quando lesado bilateralmente, resulta em anorexia. ↳ Há, na região ventromedial do hipotálamo, o centro da saciedade, que age em interação com o centro da fome. Quando estimulado, provoca diminuição do apetite. Lesão (tumores suprasselares, p. ex.) → hiperfagia. ↳ O hormônio leptina, secretado pelas células do tecido adiposo (adipócitos), informa o núcleo arqueado do hipotálamo sobre a abundância de gordura existente no corpo, que é proporcional ao volume de leptina liberada. As causas genéticas de obesidade no homem são devidas primariamente à falta de receptores para leptina nos neurônios do núcleo arqueado do hipotálamo. - Geração e regulação de ritmos circadianos: horários de sono, secreções hormonais, temperatura corporal, peristaltismo gastrintestinal e diversas outras variações seguem um marca-passo biológico que se relaciona intimamente com o ciclo claro-escuro em relação à luz do sol, em um período de 24 horas. O principal marca-passo situa-se no núcleo supraquiasmático do hipotálamo. Esse núcleo recebe informações sobre a luminosidade do meio ambiente através do trato retino-hipotalâmico o que lhe permite sincronizar com o ritmo natural de dia e noite todos os ritmos circadianos de todos os relógios biológicos, inclusive os situados fora do SNC. - Regulação do sono e da vigília: a geração e sincronização do ritmo sono e vigília inicia-se no núcleo supraquiasmático e é repassado ao núcleo pré-óptico ventrolateral e a um grupo de neurônios do hipotálamo lateral, que têm como neurotransmissor o peptídeo orexina (ou hipocretina). Os neurônios do núcleo pré-óptico ventrolateral inibem os neurônios monoaminérgicos do sistema ativador ascendente, o que resulta em sono. Ao final do período de sono, sob ação do núcleo supraquiasmático, essa inibição cessa e começa a ação excitatória do neurônio orexinérgico sobre os neurônios desse sistema e inicia-se a vigília. Os neurônios orexinérgicos também têm ação inibitória sobre os neurônios colinérgicos do núcleopedúnculo-pontino responsáveis pelo sono REM. Lesão desses neurônios → narcolepsia (quadro de vigília interrompido por súbitas crises de sono REM). Há fibras nervosas que se originam na retina, seguem pelos nervos ópticos e, no quiasma óptico, se desprendem e vão aos núcleos supraquiasmáticos do hipotálamo. Assim, a luz dificulta o adormecer. ↳ Pacientes que nunca viram a luz, ou mesmo que passam longos períodos sem luz, também têm ritmo circadiano. A luz é fator que interfere nas variações fisiológicas clínicas, mas elas acontecem mesmo em sua ausência, por meio de outras estruturas como a formação reticular, tálamo e sistema límbico. - Integração do comportamento sexual: a excitação sexual depende de várias áreas encefálicas, como o córtex pré-frontal, o sistema límbico (corpo amigdaloide e parte anterior do giro do cíngulo) e estriado ventral, todas as áreas com conexões recíprocas com o hipotálamo (excitação ligada diretamente aos dois núcleos pré-ópticos). A ereção e a ejaculação dependem do SNA, que é regulado pelo hipotálamo. O prazer sexual, entretanto, depende do sistema dopaminérgico mesolímbico, em especial o núcleo accumbens. ● Regulação do sistema endócrino: - Relações do hipotálamo com a neurohipófise: os grandes neurônios neurossecretores dos núcleos supraóptico e paraventricular sintetizam os hormônios ADH, ou vasopressina, e a ocitocina. Na neurohipófise, as fibras do trato hipotálamo-hipofisário terminam em relação com vasos, o que permite a liberação dos hormônios na corrente sanguínea. ↳ O hormônio ADH age nos túbulos renais aumentando a absorção de água. ↳ A ocitocina promove a contração da musculatura uterina e das células mioepiteliais das glândulas mamárias. Esse último fenômeno envolve um reflexo neuroendócrino através do qual os impulsos sensoriais que resultam da sucção do mamilo pela criança (e também o choro do bebê) são levados à medula e, então, ao hipotálamo, onde estimulam a produção de ocitocina pelos núcleos supraóptico e paraventricular e sua liberação na neurohipófise. - Relações do hipotálamo com a adenohipófise: os neurônios neurossecretores situados no núcleo arqueado e áreas vizinhas do hipotálamo tuberal secretam substâncias ativas que descem por fluxo axoplasmático nas fibras do trato tuberoinfundibular e são liberadas en capilares especiais situados na eminência mediana e na haste infundibular. Inicia-se, então, a conexão vascular, que se faz através do sistema porta-hipofisário. Os hormônios liberados pelo hipotálamo na primeira dessas redes passam através das veias do sistema porta e à segunda rede capilar situada na adenohipófise, onde atuam regulando a liberação dos hormônios adenohipofisários, que são: adrenocorticotrópico (ACTH), tireotrópico (TSH), folículo-estimulante (FSH), luteinizante (LH), hormônio do crescimento (GH), melanócito-estimulante (MSH) e prolactina. O hipotálamo é sensível a ação dos hormônios circulantes que, por retroalimentação, regulam sua secreção. ● Síndromes hipotalâmicas: pode haver a tríade selar → alterações visuais, devido ao comprometimento do quiasma óptico; alterações endócrinas, pelo comprometimento da hipófise e suas conexões com o hipotálamo; HIC, hidrocefalia consequente da obstrução do III ventrículo e forame interventricular; alterações da P.A., da temperatura corporal, de alterações do controle hidroeletrolítico, emagrecimento, hiperfagia, distonia, alterações hormonais. ● CASO CLÍNICO DA AULA: criança, com cefaleia, piora progressiva, insônia, piora da visão e audição, puberdade precoce, menstruação precoce, olhos estrábicos. - Exame físico: puberdade precoce (pineal), discreto emagrecimento (pineal), hidratada e corada. - Exame neurológico: sonolenta (pineal), olfato preservado, piora da visão global (corpo geniculado lateral), estrabismo divergente (corpo geniculado lateral), midríase bilateralmente, reflexos fotomotor e consensual ausentes (estruturas pré-tetais), hipoacusia bilateral (corpo geniculado medial). - D.S: síndromes hormonal, sensitiva especial, dolorosa, talâmica e epitalâmica. D.A.: pulvinar do tálamo e glândula pineal (epitálamo) - ressonância. D.E.: pinealoblastoma.
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