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Caderno Direito das Coisas II_ Santolim

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Caderno Direito das Coisas II: Santolim
Classificação dos Direitos Reais em Coisa Alheia. 
Noções Gerais. 
O direito de propriedade é o mais amplo dos direitos reais, e enfeixa as faculdades (atributos) de uso (o proprietário pode usar a coisa, ocupá-la para o fim a que se destina, ex. morar em uma casa) gozo (ou fruição, é o poder de de explorar a coisa economicamente auferindo os seus benefícios e vantagens) e disposição (é o poder mais abrangente, é o poder de modificar a coisa, reformar, consumir, vender), além do direito de reivindicar a coisa de quem injustamente a possua. 
Sob a perspectiva econômica, a expressão “direitos de propriedade não está restrita à propriedade privada, mas engloba todas as formas de domínio: privado, comum, limitado, intelectual, estatal, etc.
John LOCKE 	 X				Jeremy BENTHAM
propriedade como “objeto”: propriedade como “direito de controlar”
Relação entre pessoas (sujeitos) e bens, posse, relação entre pessoas em torno de
uso e disposição recursos diferentes “direitos de propriedade
Para ele propriedade é um direito natural, para cada uso específico.
ou seja, um direito inerente ao homem, dado A propriedade é criada pela existência 
por deus, e ele protege os indivíduos contra o do Estado, e o Estado pode determinar 
Estado. seus limites. Ainda sob a perspectiva
 econômica, a propriedade é um “feixe
 de direitos”, onde o proprietário é livre
 para exercer direitos sobre a sua propriedade
 e outros são proibidos de interferir com este
 exercício, nos limites dados pelo Direito (Estado)
Harold DEMSETZ:
“Onde, por razões naturais, não existe problema de desaparecimento das espécies (exaustão), predomina a propriedade comum, e onde o problema ocorre, emergem os direitos de propriedade como forma de controlar os recursos”. 
O livre acesso a recursos (finitos) conduz a “superexploração” destes recursos, gerando o que se convencionou chamar de “tragédia dos comuns”(Garret HARDIN – 1968). 
Livre acesso e a propriedade exclusiva são extremos dentro do espectro das diferentes possibilidades sobre o uso de recursos escassos. 
A “propriedade comum” é a primeira etapa na transição entre esses dois extremos, ela não é totalmente livre como a primeira, possuindo algum grau de limitação, isto é, há “direitos de exclusão”
Em uma forma pura de “livre acesso”, qualquer agente está autorizado a “apropriar-se” dos recursos, e nenhum grupo ou pessoa podem ser excluídos dessa titularidade.
A literatura de Economia identifica cinco tipos de direitos de propriedade:
acesso a uma área para compartilhar benefícios. EX: velejar, ou ver a vista de um cenário, etc. 
direito de retirar unidades do recurso. EX: extração, utilizar a água do poço de outro terreno.
direitos de manusear e aprimorar o bem
direitos de excluir outros do uso do recurso
direitos de alienação ou cessão 
A fixação de “direitos de propriedade” não se faz sem custos
custos de exclusão / custos de governança interna 
Há casos em que esses CUSTOS tornam a “apropriação” dos recursos economicamente ineficiente 
A escolha, pelo sistema jurídico, da forma mais adequada de definição de “direitos de propriedade”, desde o livre acesso até a propriedade exclusiva, deve levar em conta os critérios de eficiência econômica 
Os direitos reais podem se apresentar na sua forma plena (plena in re potestas), a propriedade (e, mesmo aqui, há “limitações”), e na sua forma limitada, que são os direitos reais em coisa alheia (jure in re aliena). 
direitos reais em coisa alheia = direitos reais limitados = direitos limitativos da propriedade 
Embora, como regra, tenham a sua origem em relações obrigacionais (como nos contratos), têm natureza de DIREITO REAL. 
Decorrem da ELASTICIDADE da noção de domínio (mediato e imediato), que envolve diferentes atributos, os quais podem ser separados, temporária ou definitivamente. 
Podem incidir sobre a SUBSTÂNCIA do direito de propriedade, retirando do proprietário o pleno uso e fruição da coisa, ou sobre o VALOR do direito de propriedade, quando se destinam à garantia de um crédito. 
Como se tratam de DIREITOS REAIS, têm oponibilidade erga omnes (perante terceiros) e gozam do direito de sequela (o poder de seguir a coisa, esteja com quem estiver). 
Estão submetidos a numerus clausus. 
Em síntese, consistem em direitos que atribuem ao titular poder sobre coisa pertencente a outro sujeito de direito, oponível a terceiros e que pode ser reavido de quem injustamente o possua. É um pressuposto lógico da existência do ius in re aliena a existência de um ius in re propria, ou seja, para ter o poder de alienar o bem, antes deve existir o poder de propriedade (Para que alguém titule direito real em coisa alheia, é necessário que exista um direito de propriedade sobre essa coisa).
Classificação 
Os direitos reais em coisa alheia podem ser (a) de gozo (ou de uso e gozo) (b) de garantia (c) de aquisição 
Direitos reais de gozo (ou de uso e gozo, ou, ainda, de gozo, uso e fruição) se verificam quando o proprietário é privado do poder de gozo, uso e fruição (ou apenas de uso e gozo), em favor de outrem 
Superfície, Servidão, Usufruto, Uso ,Habitação, Concessão de Uso Especial para fins de Moradia e Concessão do Direito Real de Uso Laje (direitos reais de gozo/uso e fruição)
(incs. XI e XII do art. 1225 do CCB, acrescentados pela Lei no 11.481/2007; inc. XII do art. 1225 do CCB, acrescentado pela Lei no 13.465/2017) 
Direitos reais de garantia atribuem ao seu titular, credor em relação obrigacional, poderes sobre a coisa pertencente a outrem (o devedor ou terceiro), para garantir a satisfação do crédito. 
Hipoteca, Penhor, Anticrese (Propriedade Fiduciária) 
Direito real de aquisição consiste no poder de adquirir propriedade alheia, independentemente de manifestação de vontade do proprietário, em vista de um acordo prévio ou por disposição legal. 
Direito do promitente comprador (Lei no 6.766/79, arts. 25 e segs., art. 463, parágrafo único, do CCB) e Direito de preferência 
ENFITEUSE 
- é vedada expressamente a sua constituição (art. 2038 do Código Civil), permanecem no nosso ordenamento jurídico as enfiteuses criadas antes da vigência do Código de 2002. - art. 49 do ADCT, § 3°: é permitida a aplicação da enfiteuse “aos terrenos de marinha e seus acrescidos”. Os “terrenos de marinha e seus acrescidos” são bens da União, conforme o art. 20, VII, da CF. - ENFITEUTA ou FOREIRO - titular do direito de enfiteuse (titula o domínio útil do 
bem) - SENHORIO DIRETO ou NU-PROPRIETÁRIO - proprietário do bem (titula a nua 
propriedade). - Ao foreiro são impostas duas obrigações, uma está no dever de pagar ao senhorio uma prestação anual, certa e invariável denominada foro, canon ou pensão; e a segunda obrigação está em dar ao proprietário o direito de preferência, toda vez que for alienar a enfiteuse. - No caso do enfiteuta transferir a terceiro o seu direito, gratuita ou onerosamente, deve comunicar previamente ao senhorio (que tem direito de opção pela consolidação do domínio, com a extinção da enfiteuse). Se o senhorio não optar pela extinção da enfiteuse, tem direito ao laudêmio. - Se o senhorio não exercer a preferência terá direito ao laudêmio, ou seja, uma porcentagem sobre o negócio realizado, a qual poderá ser no mínimo de 2,5% sobre o valor da transação ou chegar até 100%. Porém, diante da possibilidade do laudêmio ser o valor integral do negócio, perde-se o interesse na venda e a enfiteuse acaba se resumindo numa transferência degeração em geração. (peguei de site). - A enfiteuse é indivisível. Se, por força de transmissão, o direito for titulado por vários enfiteutas, deverá ser eleito um cabecel que os represente perante o senhorio direto. 
- HIPÓTESES DE VÁRIOS ENFITEUTAS - CABECEL 
Quando o emprazamento pertencer a várias pessoas, como no caso do enfiteuta deixar vários herdeiros que o sucedam em condomínio, na propriedade útil da coisa, pode o senhorio direto, se quiser, convir na divisão. Nessa hipótese, cada uma das glebas constituirá um prazo distinto. Porém, se isto não ocorrer, e a divisão só se pode proceder com a anuência do senhorio, os consortes deverão eleger dentro de seis meses um cabecel, sob pena da escolha ser feita pelo senhorio. Desta forma, todas as ações do senhorio contra os foreiros serão propostas contra o cabecel, salvo a este o direito regressivo contra os outros, pelas respectivas cotas (art. 690 e segts., CCB/1916 
DIREITOS E DEVERES DAS PARTES 
ENFITEUTA: Silvio Rodrigues define os direitos do foreiro como aqueles decorrentes de sua condição de senhor do domínio útil, ou seja, todos os direitos elementares da propriedade. 
a) a posse direta do imóvel aforado, não podendo dividi-lo (art. 681 do CCB de 1916); b) o direito de alienar seu direito, gratuita ou onerosamente, oferecendo ao senhorio o direito de opção ou o pagamento de laudêmio (art. 683 do CCB de 1916); c) adquirir a nua-propriedade, no caso de o senhorio pretender aliená-la onerosamente; d) os bens enfitêuticos transmitem-se causa mortis; e) gravar a coisa aforada com servidões ou usufruto, devido ao ius disponendi (direito de dispor da coisa). f) resgate do foro, após 10 anos, pagando o equivalente a 10 pensões anuais, extinguindo-se desta forma o aforamento e consolidando-se no enfiteuta a plenitude da propriedade; g) pagar o foro (ou pensão), sob pena de incidir em comisso (multa ou perda do direito da coisa). h) pagar tributos e ônus sobre o imóvel; i) cabe ao enfiteuta o direito de renunciar ao aforamento, fazendo inscrever no registro imobiliário o seu ato abdicativo que é unilateral, e independente da anuência do seu senhorio direto. 
SENHORIO: a) receber as pensões anuais; b) direito de opção ou o recebimento de laudêmio (2,5% sobre o preço de alienação, se outro percentual não tiver sido fixado); c) preferência na aquisição do domínio útil. Complemento aos slides a) Conserva o nome de dono b) Tem a expectativa de readquirir a condição anterior, mediante o exercício da preferência, na hipótese de alienação ou através do comisso, ou do falecimento do enfiteuta, sem herdeiros c) Tem direito ao foro e ao laudêmio 
OBS: Os direitos do senhorio são meras expectativas; já o valor econômico da propriedade é transferido ao enfiteuta (foreiro = domínio útil; senhorio = domínio direto). FORO = contraprestação devida pelo enfiteuta. O seu não-pagamento, por três anos consecutivos, dá lugar ao comisso (à extinção do aprazamento com a consolidação do domínio nas mãos do senhorio). 
LAUDÊMIO = é a importância devida ao senhorio, pelo foreiro, cada vez que transferir o domínio útil por venda ou dação em pagamento.Consistirá em 2,5% sobre o preço da alienação, se outro valor não tiver sido fixado no título do aforamento. 
EXTINÇÃO DA ENFITEUSE a) perecimento do bem: O artigo é bem claro, art. 692 CC/1916, deteriorando-se o bem a ponto de não valer a quantia do foro, mais um quinto deste, extingue-se a enfiteuse, mas responderá o foreiro por perdas e danos. b) desapropriação do imóvel (ato do Poder Público que atinge diretamente a propriedade do particular). c) usucapião do imóvel; d) renúncia pelo enfiteuta; e) comisso: O comisso se dá quando o foreiro incorre na mora solvendi de sua obrigação fundamental. Não se constitui, porém, simplesmente pelo fato de não pagar tempestivamente a pensão anual. É preciso que deixe de fazê-lo por três anos consecutivos. O comisso não resolve a enfiteuse de pleno direito. Para que o atraso no pagamento das pensões anuais seja causa extintiva do direito do enfiteuta, é preciso que a autoridade judiciária o decrete. f) falecimento do enfiteuta, sem deixar herdeiros (não se aplica a regra da herança vacante, ou seja, a herança não será entregue ao Poder Público, mas sim ao senhorio); g) exercício da opção pelo senhorio; h) confusão: A confusão ocorre quando as duas condições de senhorio e foreiro se reúnem na mesma pessoa, como, por exemplo, quando o enfiteuta se toma herdeiro do proprietário que desta forma ocorre a consolidação, o senhorio adquire o domínio útil do enfiteuta. A consolidação verifica-se: quando o proprietário exerce o direito de opção, na cessão onerosa da enfiteuse; quando o foreiro abandona o prédio enfitêutico ao senhorio direto, fazendo inscrever o ato de renúncia; quando o senhorio se toma herdeiro do enfiteuta. i) resgate: Poderá ocorrer o resgate se cumpridos os requisitos exigidos, o foreiro passará a ter a propriedade plena do terreno aforado, comprando, por assim dizer, o direito do senhorio direto, que não pode opor-se à liberação. Usada a faculdade de resgate, verifica-se a confusão, pois o enfiteuta toma-se proprietário do prédio enfitêutico. Seria, assim, uma espécie de desapropriação em proveito do foreiro, porém, nos aforamentos de bens públicos, não há direito de resgate. (aplicável aos aforamentos anteriores ao Código Civil de 1916 – Súmula 170 do STF). 
No caso dos bens da União, há regras próprias para a extinção da enfiteuse: a) inadimplemento de cláusula contratual; b) acordo entre as partes; c) remição, a critério da Administração, com o pagamento ao enfiteuta de 17% do valor do bem; d) abandono do imóvel pelo enfiteuta, caracterizada pela ocupação para fins de assentamentos informais de baixa renda, pelo prazo de 5 anos; e) por interesse público, mediante prévia indenização. 
No caso de bens dos Estados e Municípios, a matéria depende do que constar das respectivas legislações. 
TERRAS PÚBLICAS (não está no slide) 
1. O regime jurídico de utilização de bens imóveis da União obedece ao Decreto-lei no 
9.760, de 5 de setembro de 1946, mediante aluguel, aforamento ou cessão. Ocorrerá enfiteuse quando coexistirem a conveniência de radicar-se o indivíduo no solo e a de manter-se o vínculo da propriedade pública, dependendo de autorização do Presidente da República (art. 64, § 2o); 2. O regime de aforamento é competência da Secretaria de Patrimônio da União - 
SPU, sujeita à audiência com: os Ministérios do Exército, Marinha ou Aeronáutica (segurança e localização do imóvel), Ministério da Agricultura (terrenos com aproveitamento agrícola ou pastoril), Ministério da Viação e Obras Públicas (terrenos próximos a obras portuárias, ferroviárias, rodoviárias, de saneamento ou de irrigação) e de Prefeituras Municipais (terreno em zona que esteja sendo urbanizada); 3. Foro de enfiteuse de terrenos da União: 0,6% do valor do domínio pleno, e o não 
pagamento por três anos consecutivos, importará na sua caducidade; 4. Transferência entre vivos do domínio útil: depende de prévia autorização da S.P.U.; far-se-á por escritura pública ou ato judicial competente, constando a transcrição do alvará de licença expedido pela S.P.U; 5. Em relação aos terrenos de marinha, o foro não é fixado pela parte, como ocorre na enfiteuse particular, mas sim, calculado sobre o valor do domínio pleno do terreno à época da avaliação e anualmente atualizado pela Secretaria de Patrimônio da União – SPU. Já o laudêmio é a obrigação devida à União pelo alienante quando realizadas transferências onerosas, entre vivos, de terrenos da União ou de direitos sobre benfeitorias nele construídas; 6. A enfiteuse destes bens se extinguirá se ocorrer: a) inadimplemento de cláusula contratual b) acordo entre as partes c) a critério do governo, pela remissão, mediante o pagamento de vinte foros e um e meio laudêmio, calculado sobre este o valor do domínio pleno do terreno e benfeitorias, sujeita à redução de 20%, 15%, 10% e 5%, se requerida respectivamente no primeiro, segundo, terceiro ou quarto semestre da data danotificação, uma vez que se efetue o pagamento no prazo de trinta dias da expedição da guia de recolhimento. Efetuado o resgate, o S.P.U. expedirá certidão para fins de averbação no Registro de Imóveis. 
DIREITO DE SUPERFÍCIE Sendo a acessão por construções e plantações (arts. 1253 e segs. do CCB) um dos modos originários de aquisição da propriedade, o que ocorre com a constituição do direito de superfície é a transferência, pelo proprietário (também chamado concedente ou fundeiro), a outro sujeito de direito (o superficiário), do poder de construir ou plantar. 
No direito brasileiro, apareceu no Decreto no 271/67, e depois, na Lei no 6.766/79 (Lei do Parcelamento do Solo Urbano) e no “Estatuto das Cidades” (Lei no 10.257/2001). Foi o CCB de 2002 quem incluiu a superfície na relação dos direitos reais (arts. 1369 a 1377). 
Trata-se de uma concessão temporária, surgindo uma propriedade resolúvel (art. 1359 do CCB). 
Seu objeto pode ser o direito de realizar uma construção ou uma plantação, ou na alienação de construção ou plantação já existente, separadamente da propriedade do solo, que permanece com o alienante. 
Constitui-se por instrumento escrito, obrigatoriamente na forma pública (art. 1369 do CCB). 
Não autoriza obra no subsolo, salvo se for inerente ao objeto da concessão. 
O direito de superfície pode ser constituído a título gratuito ou oneroso (art. 1370 do CCB). 
Na falta de outra convenção, cabe ao superficiário o pagamento dos encargos e tributos incidentes sobre o imóvel (art. 1371 do CCB). 
Quando se tratar de construção já existente, a natureza jurídica da superfície assemelha-se a uma servidão, a favor do edifício a construir. 
No caso de construção a ser feita, é uma concessão ad aedificandum. Nas plantações, a qualificação é mais difícil, pois sua natureza é sempre transitória. 
O direito de superfície pode ser objeto de transmissão, mas não há empecilho ao clausulamento desta transmissão. 
O CCB proíbe que o proprietário do solo exija qualquer taxa ou retribuição pela transferência do direito de superfície (art. 1372, parágrafo único). 
Em caso de alienação do imóvel ou do direito de superfície, há direito de preferência para o superficiário ou para o proprietário, respectivamente (art. 1373 do CCB). 
Se houver alteração na destinação do imóvel, em relação ao que ficou definido quando da constituição do direito de superfície, resolver-se-á a concessão (art. 1374 do CCB). 
O direito de superfície extingue-se: 
a) pelo termo final; 
b) pelo inadimplemento do superficiário, se for onerosa; 
c) se houver alteração na destinação do imóvel, em relação ao que ficou definido quando da constituição do direito de superfície, resolverse-á a concessão (art. 1374 do CCB); 
d) pela desapropriação (art. 1376 do CCB). 
Extinta a superfície, o proprietário passará a ter a propriedade plena do bem, independentemente de indenização, se as partes não houverem estipulado o contrário (art. 1375 do CCB). 
Direito de Superfície no Estatuto das Cidades Não há restrição a edificação do subsolo. O ajuste pode ser por tempo indeterminado. 
FORA DOS SLIDES 
O direito de superfície – ius superfície – surgiu no direito romano. Ocorre quando o proprietário concede a outrem (superficiário) a prerrogativa de construir ou plantar em seu terreno, por tempo determinado, mediante escritura pública devidamente registrada no cartório de imóveis. 
LEGISLAÇÃO 
* Arts. 1.369 a 1.377 do CCB/2002 * Art. 1.225, III do CCB/2002 * Arts. 21 a 24 da Lei no 10.257/2001 – dirige-se exclusivamente aos imóveis urbanos 
DEFINIÇÃO 
O direito de superfície é um direito real autônomo sobre coisa alheia. Durante o período estabelecido no contrato, o proprietário confere ao superficiário a propriedade útil de seu imóvel, para que nele construa ou plante. È um direito real, oponível erga omnes, e conta com a prerrogativa da seqüela. Porém é necessário que este direito esteja registrado no Cartório de Registro de Imóveis. 
OBS. As coisas construídas ou plantadas pelo superficiário (denominadas de implante) irão pertencer a ele, por ter o direito real, sendo uma exceção à regra de que o acessório segue o principal. 
Dificilmente ocorrerá no subsolo ou no espaço aéreo. Para que ocorra no subsolo, deve obedecer dois requisitos: 1. não pode existir recursos minerais (art. 20, IX CF/88); 2. a utilização do espaço deve ser fundamental para o empreendimento (art. 1.369 CCB/2002) No espaço aéreo, a previsão legal encontra-se no art. 21, §1o da Lei no 10.257/2001. 
CARACTERÍSTICAS 
Esta categoria do direito é pautada no Estatuto da Cidade e no Código Civil. No primeiro, é estabelecido que o direito de superfície inclui a utilização do solo, subsolo ou espaço aéreo relativo ao terreno, com prazo determinado ou não. 
Entretanto, o Código Civil não permite obras no subsolo, a menos que estas sejam objeto da concessão, sempre com prazo determinado. 
Quando os dois lados da negociação forem ocupados por particulares, aplica-se a regra do Código Civil. No caso do direito de superfície ser constituído por pessoa de direito público e ocorrer divergência legal, prevalecerá o Estatuto da Cidade. 
No contrato de direito de superfície, o que é plantado e construído na propriedade pertence a uma das partes e a propriedade do solo que acomoda estes fatores pertence à outra. Não se trata de uma copropriedade, mas da existência de dois direitos diferentes. 
O titular da propriedade também pode continuar a utilizar o solo, mas fica limitado pelo direito de superfície. 
Este direito pode ser transferido a terceiros, em caso de morte do superficiário, aos seus herdeiros, não podendo o titular da propriedade exigir nenhum pagamento pela transferência. 
CONSTITUIÇÃO DO DIREITO DE SUPERFÍCIE 
1. A concessão da superfície pode ser onerosa ou gratuita (art. 1370 CCB/2002). 
Porém em ambos os casos o superficiário responde sobre os encargos e tributos que sobre ele incidem. 2. Este direito pode ser transferido pelo superficiário, a terceiros, inclusive aos herdeiros, sem a obrigação de nenhum pagamento ao dono da terra (art. 1.372 CCB/2002); 3. Na alienação do imóvel ou no direito de superfície, tem o superficiário ou o proprietário o direito de preferência (art. 1.373 CCB/2002). 4. A lei brasileira não abriu a possibilidade de o testamento instituir a concessão do direito de superfície, assim como também não se refere à possível aquisição por usucapião. 
DIREITOS DO PROPRIETÁRIO (FUNDEIRO) 
1. tem a posse indireta da coisa; 2. tem a titularidade do terreno; 3. tem o direito ao cânon ou foro ou pagamento, se a concessão for onerosa; 4. tem a expectativa de receber a coisa com a obra ou a plantação, se o instituto é 
temporário 
5. proprietário pode continuar a utilizar a região do solo que não está ocupada pela construção, sem que isso atrapalhe o superficiário. Entretanto, este uso deve ser estabelecido no contrato; 6. Receber o pagamento pela concessão, caso tenha sido ajustada; 7. Exercer o direito de preferência na aquisição da superfície; 8. Proceder à resolução da superfície antes do advento do termo, se temporária, se o 
superficiário não edificar ou plantar no tempo aprazado, ou se edificar em desacordo com o convencionado ou, ainda, se der destinação diversa daquela originalmente concedida, construir gravames reais sobre o solo. 
DEVERES DO PROPRIETÁRIO (FUNDEIRO) 
1. o proprietário não pode turbar a posse do superficiário 2. Não praticar atos que impeçam ou prejudiquem a concretização, ou exercício do direito de superfície; 3. Dar preferência ao superficiário na aquisição da propriedade do solo, caso esta se faça a título oneroso. 
DIREITOS DO SUPERFICIÁRIO 
1. tem a posse direta da coisa 2. tem direito de usar e gozar do direito de superfície/limites do negócio jurídico, usar, 
gozar e dispor da edificação ou da plantação como sua; 3. preferência de aquisição, caso o proprietário pretenda aliená-la a título oneroso, 
porém, se o proprietário não respeitar a preferência, se resolve em perdas e danos; 4. pode manejar os interditos possessórios (ações judiciaisque o possuidor deve 
utilizar quando se sentir ameaçado ou ofendido no exercício de seu direito. É forma de defesa indireta da posse. São três os interditos possessórios: Ação de Manutenção de Posse; Ação de Reintegração de Posse e Interdito Proibitório); 5. pode se utilizar do direito de seqüela 
DEVERES DO SUPERFICIÁRIO 
1. pagar o solarium, remuneração, o caso do acordo ter sido pactuado de forma 
onerosa; 2. construir ou plantar de acordo com o acordado; 3. Dar preferência ao proprietário do solo à aquisição da superficiária, caso a aliene a 
título oneroso. 4. pagar encargos e tributos sobre a superfície; 5. conservar a obra 
EXTINÇÃO DO DIREITO DE SUPERFÍCIE (ART. 1.374 e seguintes do CCB/2002) 
Pode-se resolver a superfície de diversas formas, ou seja, cada autor classifica de uma forma. 
Caio Mario, classifica da seguinte forma: se o superficiário não concluir a construção ou plantação no prazo estabelecido, pelo decurso do prazo; pela inviabilidade da construção ou plantação, ou destruição de uma ou de outra; pela confusão, quando na mesma pessoa reúnem-se as condições de proprietário do solo e da superfície; pelo descumprimento dos encargos impostos ao superficiário; pela falta de pagamento das prestações periódicas, quando adotada esta modalidade de remuneração; pela desapropriação; por outra causa extintiva, expressamente avençada, ou, no caso de constituição por testamento, estabelecida pelo testador. 
André B. de Carvalho barros e outros classificam da seguinte maneira: desvio de finalidade, desapropriação do imóvel, perecimento, abandono, renúncia, confusão, resilição bilateral e advento do termo final. 
EFEITOS DA EXTINÇÃO DO DIREITO DE SUPERFÍCIE 
Os efeitos da extinção do direito de superfície estão regulados no artigo 24 do citado diploma legal. Nele, resta consignado que uma vez extinto o direito de superfície, o proprietário recuperará o pleno domínio do terreno, bem como das acessões e benfeitorias introduzidas no imóvel, independentemente de indenização, se as partes não houverem estipulado o contrário no respectivo contrato. 
Assim, extinto o direito de superfície pelas causas mencionadas anteriormente, salvo o perecimento do solo ou a desapropriação, a extinção da superfície implica no término da suspensão do efeito aquisitivo da acessão, que ressurge revigorado, passando a construção ou a plantação a pertencer ao senhor do solo, salvo estipulação em contrário no contrato. 
LEITURA EXTRA SOBRE DIREITO DE SUPERFÍCIE (se quiser ler) 
Veio o Código Civil brasileiro, ou seja, da Lei 10.406, de 10/01/2002 a reintroduzir o direito de superfície, outrora previsto na legislação do Reino de Portugal e aplicada no direito pré-codificado, porém não contemplado pelo Código Civil de 1916. 
Não há nada de novo, eis que os jurisconsultos romanos já o haviam concebido séculos atrás. Trata-se de direito real de fruição ou gozo sobre coisa alheia, de origem romana. Deve-se sua origem a necessidade prática de se permitir edificação sobre bens públicos, permanecendo o solo em poder do Estado. 
No direito romano o Estado arrendava suas terras a particulares, que se obrigavam ao pagamento dos vectigali[1], com o objetivo precípuo de manter a posse das largas terras conquistadas. 
É o direito real pelo qual o proprietário do imóvel atribui a outrem o poder de construir ou de plantar em seu terreno urbano ou rural. 
O superficiário não é o dono, mas tem sobre a coisa alheia o direito de construir ou plantar. 
Ad comparandumcom a enfiteuse como direito real de duração indeterminada, somente poderia ter por objeto terras não cultivadas ou terrenos que se destinassem à edificação. 
A razão histórica de sua existência assentava-se na necessidade de povoamento e colonização do vasto Império Romano, eis o porquê nosso legislador, extremamente influenciado pela concepção romanista[2], imprimiu caráter especial fundiário a tal direito. 
Podemos definir o direito de superfície como o direito de construir e plantar em imóvel alheio, conferido pelo fundieiro (proprietário do solo) em benefício do superficiário(titular do direito), que passaraá a exercer a posse direta da coisa, dentro de prazo determinado. 
Diante da concepção constante no art. 1.369 do Código Civil, logo se pode destacar as seguintes características: 
a) o direito real de superfície concede ao seu titular o direito de construir ou plantar em terreno alheio, sem descaracterizar ou prejudicar a substância da coisa principal; 
b) é sempre pactuado em caráter temporário, diferentemente da enfiteuse, que era perpétua; 
c) a sua constituição somente se dará por escritura pública, devidamente registrada no Cartório de Registro de imóveis; 
d) não se admite a realização de obra no subsolo, ressalvada a hipótese de haver previsão contratual expressa neste sentido. 
No direito atual, o aludido instituto é regulado, entre outros, no direito italiano ( arts. 952 a 956 do CC), no direito português ( arts. 1.524 ao 1.542 CC), no direito alemão ( arts. 1.012 ao 1.017), no direito austríaco ( arts. 1.125, 1.147 e 1.150), no direio suíço ( arts. 675 e 779), no direito holandês ( arts. 758 e 766) e no direito belga (Lei 10/01/1984). Confere este, em essência, a uma ou várias pessoas o direito de construir ou plantar em terreno alheio. 
A Lei 10.257/2001 denominada de “Estatuto da Cidade” que regulamentou os arts. 182 e 183 da Constituição Federal Brasileiro, antecipou-se ao atual Código Civil, disciplinando o direito superfície limitado, porém, a imóvel urbano, enquanto este cuida do urbano e também do rural. Com a entrada em vigor, porém, esse último diplima sofreu derrogação do aludido Estatuto, passando o instituto em apreço a ser regulado inteiramente pelos arts. 1.369 ao 1.377 do CC. 
Há de se lembrar que não se aplica in casu, o princípio da especialidade, segundo o qual a lex specialis derrogat a legi generali quando disciplinar, de forma diversa, o mesmo tema. É a opinião de Carlos Roberto Gonçalves 
Ocorre a revogação tácita quando a lei nova, de caráter amplo e geral, passa a regular totalmente a matéria versada na lei anterior, vindo a lei revogadora, neste caso, substituir inteiramente a antiga. 
Desse modo, se toda uma matéria é submetida a nova regulamentação, desaparece totalmente a lei anterior que disciplinava do mesmo assunto. 
Não há que se confundir, ainda, o direito de superfície com o arrendamento. A diferença é manifesta, na medida em que a superfície tem natureza real, podendo constituir-se gratuitamente; enquanto o arrendamento, por sua vez, é figura eminentemente contratual, geradora de efeitos obrigacionais. 
Com vigor, ressalta a diferença Rogério Derbly: 
“Esclarece José Teixeira que “ a natureza jurídica desses dois institutos – arrendamento e superfície – é diversa, bastando-nos mencionar que se a superfície tem caráter real e confere ao superficiário a propriedade da construção ou plantação, o arrendamento tem caráter estritamente obrigacional, não podendo jamais conduzir o arrendatário a tornar-se dono da coisa arrendada.” 
“Entendemos a diferença maior entre os dois institutos é o fato de que no arrendamento o pagamento é requisito necessário para sua configuração, diferentemente do que ocorre no direito de superfície onde não é necessário para a sua caracterização.” 
Através desse direito real, o proprietário do solo confere a outrem (superficiário), gratuita ou onerosamente, a prerrogativa de realizar obras e explorar o imóvel, desenvolvendo-o, com os seus acréscimos, ao final do prazo pactuado. 
Sendo temporário, portanto, é útil as duas partes. A concessão da superfície pode ser gratuita ou onerosa. Se for onerosa, estipularão as partes se o pagamento será feito de uma só vez, ou parceladamente (art. 1.370 CC). 
A instituição da superfície é por escritura pública devidamente registrada no Cartório de Registro de Imóveis[3]( art. 1.369 CC) devendo ser instituída por tempo determinado. 
Em contrapartida, o art. 21 da Lei 10.257/2001 (Estatuto da Cidade) admite a instituição por tempo determinado ou indeterminado. Reparemque o art. 1.377 do CC dispõe que o direito de superfície, constituído por pessoa jurídica de direito público 
interno, rege-se por este Código, no que não for diversamente disciplinado em lei especial. 
Portanto, o direito de superfície instituído por particular ou pessoa jurídica de direito privado rege-se pelo Código Civil de 2002, devendo ser estipulado expressamente o tempo de duração. Porém, se instituído por pessoa jurídica de direito público pode ser tanto por tempo determinado como por tempo indeterminado[4], aplicando-se a Lei 10.257/2001, bem como as Leis 4.504/1964(Estatuto da terra), 9.636/1998, 4.947/1966 e 8.629/1993. 
Esta lei sofreu redução de seu campo de incidência, aplicando-se apenas ao direito de superfície instituído por pessoa jurídica de direito público interno. 
A questão da revogação ou não do Estatuto da Cidade pelo atual Código Civil é polêmica. Uns doutrinadores proclama a revogação integral, pois lei posterior revoga a anterior. No entanto, outros doutrinadores apregoam a manutenção do Estatuto da Cidade, pois a lei geral não revoga a especial. 
A I Jornada de Direito Civil promovida pelo Centro de Estudos Judiciários do Conselho de Justiça Federal editou Enunciado 93 dispondo que: “ as normas previstas no Código Civil, regulando direito de superfície, não revogam as normas relativas ao direito de superfície constante do Estatuto da Cidade, por ser instrumento de política de desenvolvimento urbano. 
Cumpre advertir que o Projeto de Reforma do Código Civil (Projeto de Lei 6.960/2002) se aprovado irá alterar o art. 1.639, conferindo maior extensão ao direito de superfície, admitindo inclusive a possibilidade, já apontada pela doutrina, de se conferir ao superficiário o direito de realizar benfeitorias nas edificações do imóvel, sempre respeitada a legislação urbanística. 
Apesar da vigente regra não ser tão abrangente não há óbice ao superficiário realize benfeitorias nas edificações já existentes, ou que se constitua o direito em imóvel em construção. 
O Código Civil de 2022 aboliu a enfiteuse, subsituindo-a pelo direito de superfície gratuito ou oneroso. 
Consideramos vantajosa tal substituição[5]pois permite melhor e mais ampla utilização da coisa. Se o proprietário de uma área de terras não tiver os recursos necessários para explorá-las, poderá cedê-la a alguém em superfície para, na referida gleba, por exemplo, construir e explorar um hotel. 
Alguns países, todavia, mantêm em seus códigos o direito de superfície ao lado da enfiteuse, distinguindo-lhes as finalidades, conforme o faz o Código Civil italiano, ou não as distinguindo, conforme o Código Civil português. 
A respeito da usucapião do direito de superfície, desenvolveram-se duas correntes. A primeira sustentada por Maria Helena Diniz, nega o direito de usucapir, baseando-se no art. 1.369 do CC, segundo o qual a superfície deve ser instituída mediante escritura pública. O CC é omisso sobre a possibilidade de instituí-la por usucapião ou testamento, impondo-se a negativa, diante do princípio da legalidade dos registros públicos, isto é, só se registra aquilo que a lei autoriza. 
Ademais, o CC impõe limite temporal ao direito de superfície, que deve ser instituído por tempo determinado, ao passo que na usucapião haveria uma superfície por tempo indeterminado, contrariando o previsto no CC. 
Uma segunda corrente que é defendida por Joel Dias Figueiredo admite a possibilidade de usucapir o direito de superfície. Cita, como exemplo, a hipótese de celebração de uma concessão de direito de construir por instrumento particular em que, após o decurso do prazo e comprovados os demais requisitos, o interessado postule a usucapião do direito de superfície. 
É relevante observar a disjuntiva ou ( construir ou plantar) não foi usada no art. 1.369 do CC com sentido restritivo. Nada impede que o proprietário concedente e o superficiário convencionem que a concessão terá por objeto o direito de construir e plantar. Igualmente nada impede que mais de uma pessoa seja titular do direito de superfície ou que o superficiário construa para alugar, ou ainda institua hipoteca sobre o imóvel a fim de obter recurso para neste construir. 
Como tem por objeto a construção de uma obra, o direito de usperfície pode abranger parte do solo não necessária à sua implantação, desde que esta tenha utilidade para o uso da obra, conforme prescreve o art. 1.525 do CC português. 
Observamos a restrução prevista no art. 1.369 do CC no tocantre ao subsolo, embora tal dispositivo seja omisso quanto ao espaço aéreo, nada impede a sua utilização pelo superficiário, vez que constitui este parte integrante do solo, conforme enunciava o art.43, I do Código Civil Brasileiro do 1916. 
A rigor, não se pode ter propriedade ou direitos diversos entre o solo e os bens que lhe são acessórios, salvo expressa disposição legal, como sucede no caso do direito de superfície, que opera a dissociação entre o titular de poderes inerentes ao domínio do solo e do subsolo do titular das acessões industriais, ou seja, das construções e plantações. 
De fato, o fenômeno da edificação e da plantação é dominado pelo princípio superficies solo cedit, por força do qual tudo que se planta ou constrói em solo alheio é de propriedade do dono do solo (dominus soli). 
Conforme assinala Ricardo Pereira Lira, a suspensão dos efeitos da acessão, quando se terá a superfície temporânea, ou a interrupção dos efeitos da acessão, quando se consubstanciará caso de superfície perpétua. 
Não incindirá, nessas hipóteses, o aludido princípio superficies solo cedit[6], pois a propriedade da construção ou plantação é de quem a realizou, continuando o terreno no domínio do dono do solo. Essa suspensão ou interrupção resulta do direito de superfície. 
Todavia, podem as partes, de comum acordo, estabelecer limites no contrato, submetendo a utilização do espaço aéreo ao necessário para as cosntruções ou plantações, desta forma, sintonizando-a com o objeto da concessão. 
De acordo com sistema vigente e adotado pelo CC de 2002, se o imóvel já possuir construção ou plantação não poderá ser objeto de direito de superfície, porque somente o terreno se presta a essa finalidade, salvo se for convencionada a demolição da construão existente para reconstrução ou construção de outra, ou a erradicação da plantação existente para fins de utilização do terreno para os mesmos fins. 
Também não foi contemplada a possibilidade de sobrelevação ou da superfície em segundo grau, autorizada nos direitos português, francês e suíço e que consiste na concessão feita a terceiro, pelo superficiário, do direito de construir sobre a sua propriedade superficiária, ou seja, sobre a sua laje. 
Durante o período de vigência do contrato que instituiu o direito de superfiície, o proprietário confere ao superficiário a propriedade útil de seu imóvel para neste construa ou planta como titular de direito real oponível erga omnes, e com prerrogativa de sequela, é natural que incumba a este o pagamento de encargos e tributos que venham recair no imóvel, bem como despesas de conservação e manutenção, conforme preceitura o art. 1.371 do CC. 
A referida responsabilidade do superficiário se aplica a totalidade do imóvel, compreendendo tanto a área construída como os acréscimos que recaírem sobre a cosntrução ou sobre a plantação. 
A regra, no entanto, é supletiva, podendo as partes convencionarem de maneira diversa. 
O descumprimento da obrigação poderá ser sancionado com a resolução do direito de superfície, uma vez constituído o superficiário em mora. 
O direito de superfície importa em concessão temporária fixando no título instituidor seu tempo de duração. O solarium ou canon que é a importância a ser paga que pode ser de uma só vez, pelo concessionário ao concedente, na superfície remunerada. 
Assim, surge uma propriedade resolúvel(art. 1.359 CC). No caso de efetuar o superficiário negócio jurídico que tenha por objeto o direito de superfície, ou no de sucessão mortis causa, o adquirente recebe-o subordinando à condição resolutiva. 
Em doutrinaé tema controvertido a possibilidade de constituição de direito de superfície através da usucapião. Em tese, tal possibilidade existe vez que comprovados e preenchidos todos os requisitos desta, observando-se que nada impede a modificação do caráter originário da posse, quando, acompanhando a mudanção da vontande, sobrevém igualmente uma nova causa possessionis, ocorrendo então consigna o art. 1.528 que “o direito de superfície pode ser constituído por contrato, testamento ou usucapião, e pode resultar da alienação da obra ou árvores já existentes, separadamente da propriedade do solo.” 
Identificamos que a maior dificuldade que tanto inviaviliza a usucapião extraordinária[7], uma vez que se certa pessoa exerce posse de certa edificação com animus rem sibi habendi, desde que satisfeitos os demais requisitos da usucapião adquirirá necessariamente o domínio do trato de terra sobre o qual assenta a referida edificação, tornando-se, desta maneira, proprietário do todo, não se caracterizando logicamente uma propriedade separada, superficiária, mantida sobre o solo de outrem. 
Pode, no entanto, dar-se a aquisição do aludido direito pela usucapião ordinária, na hipótese, por exemplo, de sua concessão ter sido feita anteriormente a non domino. 
Nesse caso, o concessionário adquire o direito de superfície contra o proprietário do solo, desde que haja conservado a posse na qualidade de superficiário pelo tempo necessário, demonstrando ser portador de boa-fé. 
Configura-se também a possibilidade de usucapião[8]quando a concessão do direito de construir ocorrer por meio de instrumento particular, permanecendo a edificação ou plantação na posse do adquirente pelo prazo legal; e, ainda, no caso de uma edificação, relativamente à qual se tenham operado os efeitos da acessão, em que o possuidor da edificação com animus domini, passe a pagar, pelo prazo suficiente à consumação da prescrição aquisitiva, um salário, que implica evidente reconhecimento do domínio do trato de terra sobre o qual está a edificação, aperfeiçoando-se, assim, a aquisição pelo usucapiente, da edificação, pousada sobre o solo de outrem. 
A natureza jurídica do direito de superfície corresponde a direito real de fruição de coisa alheia, dotado com as seguintes características: a) direito real imobiliário: só há superfície sobre bens imóveis. Sua natureza e finalidade são incompatíveis com coisas móveis; direito acessório, pois depende diretamente da existencia do direito de propriedade; direito alienável, com efeito, conforme dispõe o art. 1.372 CC. 
No entanto, não poderá ser estipulado pelo superficiário a nenhum título, qualquer pagamento pela sua transferência(parágrafo único do art. 1.372 CC). 
Em caso de alienação do imóvel, o superficiário tem direito de preferência, em igualdade de condições. No caso de alienação do direito de superfície, o proprietário igualmente tem direito de preferência em igualdade de condições( art. 1.373 do CC). E, nessa última situação, ocorrrerá a consolidação de propriedade, extinguindo-se o direito de superfície. Portanto, evidencia-se que o direito de preferência é recíproco. 
A concessão do direito real de superfície em caráter oneroso é a forma mais comum de constituição. E ocorrerá quando o fundieiro fará jus a renda previamente estipulada, devida pelo titular da superfície, durante todo o tempo em que viger o contrato. 
Note-se, outrossim que esta remuneração devida ao fundieiro não se confunde com o foro decorrente da enfiteuse. Este último, como é sabido, corresponde àquela renda fixa e invariável, paga anualmente pelo enfiteuta ao senhoria, sob pena de comisso (extinção da enfiteuse por falta de pagamento por três anos consecutivos). 
A transferência[9]do direito de superfície previsto no art. 1.372 do CC impõe a proibição imposta ao proprietário do solo de cobrar qualquer taxa ou retribuição pela transferência do direito de superfície incide ipso iure, independentemente de previsão no contrato. 
Diversamente o que ocorre na enfiteuse, em que o proprietário ou senhorio recebe o laudêmio toda vez que se transfere, a título oneroso, o domínio útil da coisa, e que é representado por uma percentagem sobre o preço da venda, não se pode estipular, no caso da superfície, a qualquer título, nenhum pagamento pela transferência. 
Tal previsão se adequa à tendência universal de se eliminar qualquer cobrança por parte dos proprietários de imóveis, quando da transferência a terceiros de direitos reais cosntituídos sobre os mesmos[10]. 
O Código Civil italiano e o português anteriores ( dos anos de 1865 e 1867, respectivamente) já haviam eliminado os laudêmios, vultosas prestações análogas, que, nas enfiteuses mais antigas, nas quais os resquícios do feudalismo se faziam mais evidentes, representavam uma espécie de homenagem ao senhor feudal pelo consentimento deste na transferência onerosa da enfiteuse que o vassalo fizesse a terceiro (laudemium) ou na transmissão de um feudo aos herdeiros do vassalo que falecera(lutuosa), pois, como assinala José Guilherme Braga Teixeira, com tal consentimento o senhor feudal, titular do domínio direto, abria mão do seu direito de prelação e da consolidação do domínio do imóvel na sua pessoa. 
Embora várias legislações permitam que a superfície seja constituída por tempo indeterminado, nosso Código Civil de 2002 só a admite por tempo determinado, ex vi o art. 1.369. Desta forma, extingue-se com o advento do termo final estabelecido no contrato. 
Dispõe, ainda o art. 1.374 do CC que, “antes do termo final, resolver-se-á a concessão se o superficiário der ao terreno destinação diversa daquela para que foi concedida” 
Pactuado o direito de superfície, este integra o patrimônio do superficiário, de maneira que, com a sua morte, deverá ser transmitido, por força do princípio da saisine, aos seus herdeiros legítimos ou testamentários, respeitado seu prazo máximo do instituto. Qualquer cláusula contrária a esta norma deverá ser reputada nula de pleno direito. 
Em verdade, a mantença do direito em face dos herdeiros é reflexo da socialização do contrato e da propriedade, na medida em que não interrompe a utilização socieconômica do bem, mesmo após a morte do titular do direito. 
Na verdade, a propriedade é a pedra fundamental de todos os outros direitos reais. Portanto, a partir do destacamento de suas faculdades, que passam a ser conferidas a um terceiro, surgem os direitos reais de gozo ou fruição. 
O usufrutuário é titular das faculdades de usar e fruir(gozar) a coisa principal, pertencente ao nu-proprietário, que se despoja desses poderes. Dessa forma, dois direitos coexistem lado a lado: o direito real de usufruto(derivado) e o direito de propriedade (matriz). 
Pela sua natural característica da elasticidade, o nosso sistema jurídico tende a facilitar a reconciliação do direito de propriedade, na medida em que este, sem dúvida, é mais amplo e socialmente útil, enfim, um direito real reconhecido. 
Por essa razão, o art. 1.373 do CC facilita a reunião de todas as faculdades inerentes ao direito de propriedade, na medida em que confere preferência a qualquer das partes ( fundieiro ou superficiário), quando da alienação do imóvel ou da cessão do direito real da superfície, evitando, assim, que o direito permaneça desmembrado. 
A norma que estipula a recíproca preferência, nada expõe no caso de violação. Se preterido o direito de preferência, a parte prejudicada fará jus à adjudicação forçada do imóvel ou do direito, ou simplesmente, resolver-se-á com a outra em perdas e danos. 
A nossa tradição jurídica e o CC de 2002 cuidou em fixar no art. 518 que o vendedor preterido poderá exigir perdas e danos, negando-lhe, pois o direito à reivindicação da coisa. 
Em sede de contratos seja de compra e venda, de arrendamento, a violação do direito de preferência gera efeitos simplesmente obrigacionais. 
Porém, esta não foi a solução dada pelo legislador no caso de contrato de locação, ex vi o art. 27 da Lei 8.245/91 (Lei de inquilinado) posto que garante a preferência do locatário. Que poderágerar efeito real, conferindo ao locatário preterido o direito de 
reivindicar a coisa, desde que deposite o preço devido, obedecidas as condições fixadas em lei ( vide art. 33 do mesmo diploma legal). 
Pela natureza da preferência, uma eventual eficácia real do descumprimento do direito de preferência deveria vir necessariamente prevista em lei, não se podendo presumi-lo. 
À luz do princípio da legalidade, esta faculdade reivindicatória, conferida à parte preterida, deveria constar no corpo do texto legal que, inclusive, faria referência às condições para o exercício desta prerrogativa. 
O art. 1.374 do CC confere elemento teleológico ou finalístico ao direito de superfície. Trata-se da característica da especificidade da destinação, que também está presente, ainda que implicitamente, no direito de usufruto, consoante se depreende da análise do art. 1.410, VII. 
A extinção do direito de superfície em várias legislações, permitam seja a superfície constituída por tempo indeterminado, o CC brasileiro só admite a sua contratação por tempo determinado (art. 1.369). Portanto, a natural extinção ocorrerá por conta do termo final. 
Se, por exemplo, foi concedido o direito de construir um edifício e o superficiário simplesmente o aluga para estacionamento, sem que haja sinais do início da obra, configura-se o desvio da finalidade contratual do direito de superfície o que ensejha a sua extinção. 
Mas, é possível haver a demora por dificuldade na aprovação da planta ou por outro motivo imperioso. Não havendo, nesse caso, a retomada do imóvel. 
De fato, a regulação prevista visa evitar a burla das finalidades e termos estabelecidos na avença, bem como a ofensa ao princípio da boa-fé objetiva,que deve ser observado e respeitado durante todo o período de execução do contrato. 
É defesa, portanto, a alteração unilateral. Qualquer modificação posterior da destinação da utilização do solo deve ser feita em comum acordo por termo aditivo, observando-se as mesmas formalidades exigidas originariamente. 
Prescreve ainda o art. 1.375 do CC, por sua vez, “extinta a concessão, o proprietário passará a ter a propriedade plena sobre o terreno, a construção ou plantação, independentemente de indenização, se as partes não houverem estipulado o contrário.” 
O proprietário concedente tem, assim, a expectativa de receber a coisa com a obra ou a plantação. Extinta a concessão, a cosntrução ou plantação incoroiran-se ao solo em definitivo, retornando ao princípio superficies solo cedit[11]. 
Tendo em vista que a superficie importa em desmembramento da propriedade, a extinção desta implica o remembramento que opera em favor do dominus soli. 
Podem os interessados a faculdade de ajustar o que melhor lhes convier, no caso de ficar extinta a superfície. Nada impede que se convencione o pagamento de indenização pelo dono do terreno ao superficiário, considerando-se que este devolve o terreno em regra valorizado. 
O art. 1.376 do CCC prevê outro modo de extinção da concessão superficiária: a desapropriação. E, caberá indenização ao proprietário e ao superficiário, no valor correspondente ao direito real de cada um. 
O dono do terreno recebe o equivalente ao seu valor enquanto o superficiário é indenizado pela construção ou plantação. 
Outros modos de extinção do direito de superfície são previstos nas legislações de outros países, como: 
a) renúncia do superficiário; b) confusão, quando na mesma pessoa reúnem-se as condições de proprietário do solo e da superfície; c) resolução, em virtude do descumprimento das obrigações contratuais assumidas pelo superficiário; d) resilição bilateral; e) prescrição; f) perecimento do objeto; g) não-conclusão da construção ou da plantação, pelo superficiário, no prazo estabelecido; h) inviabilidade da construção ou plantação, ou destruição de uma ou outra; i) falta de pagamento das prestações periódicas, quando adotada esta modalidade de remuneração. 
O descumprimento das obrigações e encargos impostos ao supercificário necessita ser comprovado em juízo que ocorra a resolução por culpa deste. Devem estes estar previstos e devidamente delimitados no contrato, para que possam regular as relações dele originadas. 
O direito real de superfície é extinto nas seguintes hipóteses, em resumo: 
a) pela consolidação, ocorre quando o proprietário do solo adquire a propriedade superficiária, ou quando o proprietário superficiário adquire a propriedade do solo; 
b) pelo fato de o superficiário dar ao terreno destinação diversa da convencionada( art. 1.374 CC) Nesse caso, a extinção opera-se antes do termo final; 
c) pela renúncia do superficiário; 
d) pelo distrato; 
e) pelo perecimento do terreno gravado; 
f) pelo advento do termo; 
g) pelo inadimplemento das obrigações assumidas pelo superficiário; 
h) pela desapropriação que incida sobre o solo ou sobre direito de superfície. Em tal situação, a indenização cabe ao proprietário e ao superficiário, no valor correspondente ao direito real de cada um (art. 1.376 CC); 
i) pelo falecimento do superficiário sem herdeiros. 
Pela decadência a extinção do direito de superfície em algumas legislações prevêem o fim do direito de construir ou plantar, se a construção ou plantação não foi feita até o prazo fixado legal ou contratualmente. Em Portugal[12], salvo disposição contratual, o prazo é de dez anos. Na Itália é de vinte anos e, na Espanha é de cinco anos. 
À exceção da extinção por desapropriação, nos demais casos, a extinção opera a consolidação da propriedade plena, sobre o terreno, construção ou plantação, independentemente de indenização, se as partes não houverem estipulado o contrário (art. 1.375 CC). 
Deverá a extinção ser averbada na matrícula imobiliária no Registro de Imóveis, configurando assim a propriedade plena. 
O descumprimento das obrigações e encargos impostos ao superficiário necessita ser comprovado em juízo, para que ocorra a resolução por culpa deste. Devem estes estar previstos e devidamente delimitados no contrato, para que possam regular as relações este originadas. 
Segundo Konrad Hesse a releitura constitucionalizada do Código Civil requer que não mais se observe a positivação de um regime de exclusão social, mas sim de uma regulação social. Realmente no Estado Democrático de Direito, cujo objetivo é a radical efetivação de direitos fundamentais, o regime de titularidade alcança novos sentido e nuance. 
A função social[13]não se aplica exclusivamente ao direito de propriedade, mas a qualquer regime de titularidade, capaz de instrumentalizar poderes dominiais. A despatrimonialização e a repersonalização do direito privado não encontram ressonância apenas na propriedade, mas em qualquer outra forma de apropriação de de bens regulada no ordenamento. 
O direito subjetivo da propriedade não se exerce sobre a coisa, mas perante pessoas dentro de relações jurídicas complexas. Este raciocínio se aplica inteiramente ao usufruto, uso, servidão e demais direitos reais, que não recaem sobre bens, pois em qualquer direito real o que é exercido sobre o objeto são atributos dominiais do uso, fruição e disposição. 
Equivale dizer, o direito real em coisa alheio é o domínio estático do titular sobre a coisa, a relação de subordinação do objeto do senhorio. Porém, a titularidade, no exercício dos direitos reais limitados, volta-se a relações intersubjetivas dinâmicas e repersonalizadas, nos quais os titulares desses direitos limitados têm a obrigação de coordenar a satisfação de seu interesse, com a do proprietário que lhe desdobrou parcelas do domínio, sem esquecer a conduta benéfica ao interesse coletivo. 
Assim, no caso de plantação há de se preocupar com higidez do meio ambiente, e ainda, o respeito às regras do Código de Obras, e demais regramentos que visem a melhoria da qualidade de vida e ao desenvolvimento sustentável. 
Servidões (servidões reais ou prediais): arts. 1378 a 1389, CC
Aqui o sentido dado ao termo prédio é o utilizado na lei civil, ou seja, tem o sentido de imóvel, rural ou urbano.
Conceito: 
É um direito real, voluntariamente impostoa um prédio (serviente) em favor de outro (dominante), em virtude do qual o proprietário do primeiro perde o exercício de algum dos atributos de sua propriedade, ou seja, perde o exercício de seus direitos dominiais sobre seu prédio, ou tolera a sua utilização pelo proprietário do segundo, tornando este mais útil.
Deste modo, servidões prediais ocorrem quando os direitos reais de gozo sobre imóveis que, em virtude da lei ou vontade das partes, se impõem sobre o prédio serviente em benefício do dominante
A utilização do prédio alheio, vizinho ou próximo, pode, sem ser indispensável, mostrar-se útil ao prédio dominante, aumentando suas possibilidades em termos e eficiência econômica do recurso, ou seja, visa proporcionar a valorização do prédio dominante, tornando-o mais útil. Todavia, acarreta uma desvalorização econômica do prédio serviente, bem como cabe ressaltar que elas são perpétuas, acompanhando os imóveis sempre que transferidos.
Origem:
	A origem da expressão servidão remonta ao Direito Romano, e estava relacionada à escravidão. Implicava na ideia de que uma pessoa (servo, ou escravo) era obrigada a servir perpetuamente a outrem (senhor). 
	No período Justiniano, o conceito de servidão passou a abarcar a relação entre dois prédios, constituindo um direito real.
Características:
	Inicialmente, cabe referir que na servidão, destaca-se algum ou alguns dos atributos inerentes ao domínio de um bem, que são endereçados ao domínio de outro bem imóvel, bem como podem tomar formas variadas. Embora, a servidão, como direito real, submeta-se a numerus clausus (número restrito de possibilidades que não pode ser ampliado), suas diversas formas não estão especificadas em lei. 
é uma relação entre dois prédios (imóveis): o serviente e o dominante. Não sendo essencial a contiguidade entre eles, basta que um deles utilize do outro de alguma maneira
os prédios devem pertencer a donos diferentes 
a servidão serve A COISA e não ao DONO da COISA, assim, ela sempre segue o bem imóvel quando transferido. Não se trata de obrigação de fazer ou não fazer, o serviente apenas assume o encargo de tolerar certas limitações de seus direitos dominiais em benefício do prédio dominante, tendo o dever de não se opor a que este último desfrute das vantagens que lhe são outorgadas pela servidão
não se presume, logo deve ser expressa, constitui-se, via de regra, por negócio jurídico e deve ser objeto de registro no Cartório de Imóveis, mas pode ser adquirida por usucapião ou sentença. Ademais, pode ser constituída por ato unilateral do proprietário, por exemplo, testamento.
a servidão deve ser útil ao prédio dominante
é direito real e acessório (art. 1225, inciso III, CC). 
tem duração indefinida
é indivisível (art. 1386, CCB), portanto, o titular do domínio do imóvel dominante não tem o direito de ampliar a servidão a outros prédios
é inalienável, não podendo ser transferida total ou parcialmente, nem sequer cedida ou gravada com uma nova servidão
Exemplos:
tirar água
trânsito
condução de gado ao poço vizinho
pastagem
passagem de água
caçar, extrair areia, pedra, etc.
escoamento de água pluvial 
não criar obstáculo à passagem de luz
travejar
abrir janelas 
apoiar construção
gozar de vista
não construir além de certa altura 
Natureza Jurídica: 
	É a servidão predial um direito real (art 1.225, III – CC) de gozo ou fruição sobre imóvel alheio, de caráter acessório, perpétuo, indivisível e inalienável.
Classificação:
Quanto ao exercício 
contínuas: exercidas independente de ato humano direto, em geral ininterrupta, porém seu exercício pode interromper-se. EX: servidão de passagem de água, de energia elétrica...
descontínuas: quando seu exercício de funcionamento está condicionado a ato humano atual, sequencial. EX: tirar água de prédio alheio, trânsito…
Quanto ao modo do exercício:
Positivas: conferem ao dono do prédio dominante o poder de praticar ato no prédio serviente, ou seja, tem o direito a uma utilidade do prédio serviente. 
Negativas: impõe ao proprietário do prédio serviente o dever de abster-se da prática de um ato ou renunciar a um direito que poderia exercer no prédio se não houvesse servidão
Quanto a visibilidade:
Aparentes: se manifestam por obras exteriores, isto é, podem ser observadas por obras ou sinais que sejam visíveis e permanentes. EX: aquedutos 
Não-aparentes: não se revelam por obras exteriores. EX: a de não construir acima de certa altura
Há distinção no tratamento jurídico da servidão, de acordo com a sua classificação:
Art. 1213, CC, proteção possessória apenas para servidões aparentes 
Art. 1379, CC, aquisição por usucapião das servidões contínuas e aparentes 
Modos de Constituição: 
Pelo teor do art 1.378 – CC, sabe-se que a servidão não se presume, de maneira que para ter validade erga omnes (perante terceiros) precisa ser comprovada e ter título de sua constituição registrado no Cartório de Imóveis.
Por ato-fato jurídico:
servidão de trânsito ou de passagem: 
é um direito real de fruição instituído em favor do prédio dominante sobre o serviente, que consiste no direito de transitar por prédio alheio
Súmula 415, STF: Servidão de trânsito não titulada, mas tornada permanente, sobretudo pela natureza das obras realizadas, considera-se aparente, conferindo direito à proteção possessória.
 b) usucapião (art. 1379, CC):
admitiu-se que a servidão advenha de usucapião. Pois o referido artigo prescreve que “o exercício incontestado e contínuo de uma servidão aparente, por dez anos, nos termos do art 1.242 – CC autoriza o interessado a registrá-la em seu nome no Registro de Imóveis, valendo-lhe como título a sentença que julgar consumado a usucapião.
Por ato jurídico:
negócio jurídico
Ato jurídico causa mortis ou inter vivos (art. 1378, CC): Esse ato jurídico inter vivos deve ser oneroso porque o proprietário do prédio serviente é indenizado pela restrição que é imposta ao seu domínio. Pode ser constituída por testamento, caso em que o testador institui servidão sobre o prédio que deixa a algum beneficiário, que já receberá sua propriedade gravada em favor de outro prédio.
forma pública, se for o caso
registro imobiliário
capacidade e legitimação
destinação do proprietário 
Controvérsia doutrinária, porque a servidão, em princípio, exige, para a sua constituição, que os prédios pertençam a proprietários diferentes.
Tem sido admitida, nos casos de alienação de um dos prédios, quando se tratar de servidão aparente e não houver expressa declaração em sentido contrário acerca da sua sua manutenção.
Se o senhor de dois prédios estabelece sobre um serventias visíveis em favor de outro, e posteriormente aliena um deles, ou um e outro passam por sucessão a pertencer a donos diversos, as serventias estabelecidas assumem a natureza de servidões, salvo cláusula expressa em contrário.
Sentença: 
- sentença em ação de divisão: art. 596, parágrafo único, inciso II, CPC
As servidões poderão ser instituídas judicialmente pela sentença que homologar a divisão, estando ela devidamente registrada.
Regulamentação:
Obras necessárias (art. 1380 a 1382, CC):
Exercício (art. 1383 a 1385, CC):
 Direitos e deveres dos proprietários dos prédios dominantes e servientes:
direito do dominante:
Usar e gozar da servidão;
Realizar obras necessárias à sua conservação e uso, a fim de poder atingir os objetivos da servidão (art 1.380 – CC).
Exigir a ampliação da servidão para facilitar a exploração do prédio dominante, mesmo contra a vontade do proprietário do prédio serviente, que tem contudo o direito à indenização pelo excesso (art 1.385, § 3º - CC).
Renunciar à servidão (art 1.388 – CC).
Remover, à sua custa, a servidão de um local a outro, desde que aumente consideravelmente sua utilidade e não prejudique o prédio serviente (art 1.384 – CC).
 b) Dever do dominante:
	
Pagar e fazer todas as obras para uso e conservação da servidão (art 1.381 – CC).
- Evitar qualquer agravo ao prédio serviente, uma vez que a servidão deve ater-se às necessidades do prédio dominante (art 1.385 – CC).
- Indenizar o dono doprédio serviente pelo excesso do uso da servidão em caso de necessidade da cultura ou indústria para melhorar seu aproveitamento econômico e social (art 1.385, § 3º - CC).
c) direito do proprietário do prédio serviente: 
- Exonerar-se de pagar as despesas com o uso e conservação da servidão, quando tiver que suportar esse encargo, desde que abandone total ou parcialmente a propriedade em favor do proprietário do prédio dominante (abandono liberatório) e se este recusar-se a receber a propriedade do serviente, ou parte dela, caber-lhe-á custear as obra (art 1.382 e parágrafo único) de conservação e uso.
- Remover a servidão de um local para outro, que seja mais favorável à sua utilização, sem que isso acarrete desvantagem ao exercício normal dos direitos do dono do prédio dominante (art 1.384 – CC).
- Impedir que o proprietário do prédio dominante efetive quaisquer mudanças na forma de utilização da servidão, pois esta deve manter sua destinação (P ex: evitar que se façam edificações em imóvel destinado a agricultura).
- Cancelar a servidão, pelos meios judiciais, embora haja impugnação do dono do prédio dominante, nos casos de renúncia do titular da servidão, de impossibilidade de seu exercício em razão de cessação da utilidade que determinou a constituição da servidão e de resgate da servidão (art 1.388, I a III – CC).
- Cancelar a servidão, mediante prova de extinção, quando houver: a) reunião dos dois prédios no domínio da mesma pessoa; b) supressão das respectivas obras em virtude de contrato ou outro título; c) desuso por 10 anos ininterruptos (art 1.389, I a III – CC).
Deveres do proprietário serviente:
- Permitir que o dono do prédio dominante realize as obras necessárias à conservação e utilização da servidão (art 1.380 – CC).
- Respeitar o exercício normal e legítimo da servidão (art 1.383 – CC).
- Pagar as despesas com a remoção da servidão e não prejudicar ou diminuir as vantagens do prédio dominante, que decorrem dessa mudança (art 1.384 – CC).
Proteção:
ação confessória: para obter o reconhecimento judicial da servidão, isto é, reconhecer a sua existência, devendo o proprietário dominante provar a existência da servidão pelo título próprio, quando negada ou contestada pelo proprietário do prédio gravado.
ação negatória: para declarar a inexistência de servidão. utilizada pelo dono do prédio serviente para provar que inexiste ônus real, ou para defender direitos contra o proprietário do imóvel dominante.
ações possessórias: outorgada ao dono do prédio dominante se este tiver sua posse protestada pelo dono do serviente
ação de nunciação de obra nova: utilizada para defender a servidão de madeirar, retumbar a parede do vizinho (art. 934, I, CC)
usucapião: utilizadas apenas nos casos previstos em lei, desde quue a servidão seja aparente (art. 1379, CC).
Extinção:
modos mais comuns estão previstos nos arts. 1389, I, II, III, CC
desapropriação:
cancelamento no registro de imóveis (art. 1388, CC): formas mais peculiares de extinção
renúncia: art. 1388, inciso I, CC - renúncia do seu titular, que declara sua intenção de afastá-la de seu patrimônio
cessação da utilidade ou comodidade a constituição do ônus real: art. 1388, CC 
resgate: art. 1388, III, CC- quando o proprietário do imóvel serviente resgatar a servidão, efetuando o pagamento ao dono do prédio dominante para liberar-se do ônus
confusão: reunião de dois prédios no domínio da mesma pessoa
supressão das obras (servidões aparentes): por efeito de contrato ou de outro título expresso
abandono (não uso):durante 10 anos consecutivos, o que demonstra desinteresse do titular e a inutilidade da serventia
destruição de um dos prédios: perecimento ou desaparecimento de um dos objetos 
condição ou termo: ocorre com o decurso do prazo, se a servidão é constituída a termo, ou o implemento da condição, se ela está subordinada
convenção: se a servidão é oriunda da vontade pode ser cessada se houver acordo entre as partes interessadas no distrato
preclusão do direito de servidão: em razão de atos opostos e a resolução do domínio do prédio serviente
- OBS: Esclarece o art 1.387, parágrafo único – CC, que se o prédio dominante estiver hipotecado, e se a servidão estiver mencionada no título hipotecário, será necessário, para o cancelamento daquela servidão, o consentimento expresso do credor hipotecário, para que não seja lesado com a desvalorização sofrida pelo imóvel onerado. 
https://www.diariodasleis.com.br/bdi/11416-a-serviduo-de-trunsito-e-o-instituto-da-passagem-foruada.html
https://jus.com.br/artigos/50240/servidao-no-direito-civil
Usufruto, Uso, Habitação, Concessão de uso para moradia, Concessão de direito real de uso e Direito de laje 
Usufruto (Artigos 1390 a 1411 do Código Civil)
Usufrutuário: titular do direito real de usufruto
Nu proprietário: dono do bem onerado pelo usufruto.
Conceito:
O usufruto é um direito real sobre coisas alheias conferindo ao usufrutuário a capacidade de de usar um bem pertencente a outrem e de perceber-lhe os frutos, rendas do bem, ressalvada a sua substância. 
Alguns dos poderes inerentes ao domínio são transferidos ao titular do direito de usufruto (posse, uso, administração e percepção dos frutos), denominado usufrutuário. Como o usufruto é sempre temporário (embora possa ser vitalício), com a sua extinção a propriedade do bem se consolida no proprietário (denominado nu-proprietário enquanto persiste o usufruto). 
A ideia da preservação da substância é essencial à noção de usufruto, mas a expressão “frutos” não deve ser entendida no seu sentido mais estrito, podendo o direito alcançar também os produtos. 
No usufruto, há um desmembramento dos poderes inerentes ao domínio (mediato e imediato). O nu-proprietário mantém o direito à substância do bem, a prerrogativa de dispor dele e a expectativa de retomar a propriedade plena pela consolidação. Já o usufrutuário tem os direitos de uso e gozo do bem, enquanto durar o usufruto. 
O usufruto pode recair em bens móveis, imóveis, no patrimônio interior ou em parte dele, nos frutos e utilidades, bem como estende-se aos acessórios da coisa e seus acrescidos. Ademais, o usufruto em bens imóveis, quando não resulte de usucapião, deve ser constituído mediante o registro no cartório de registro de imóveis.
Origem:
Tem suas origens no Direito Romano, por razões essencialmente familiares (proteção ao cônjuge sobrevivente, quando não era herdeiro). 
Até hoje conserva finalidade primordialmente assistencial e alimentar, com aplicação mais restrita às relações familiares. 
Características 
a) é direito real sobre coisa/bem alheio, deste modo, possui oponibilidade erga omnes, direito de sequela (requer a coisa nas mãos de quem estiver com sua posse de forma injusta) realizada por meio de ação real; 
b) temporário (art. 1410, inciso I, II, III, IV, 1411, 1946, CC). ele deve ser temporário, pois do contrário seria prejudicial à expectativa do nu-proprietário de recuperar a propriedade plena do bem. Essa característica decorre do caráter intuitu personae;
c) intransmissível, tanto inter vivos quando causa mortis, tendo em vista o seu caráter intuitu personae, havendo a impossibilidade de usufruto sucessivo (aquele que se beneficia de mais de um usufrutuário em momentos diferentes); 
d) inalienável (art. 1393, 1ª parte, 1399,CC), podendo ser transferido seu exercício (neste caso, o cessionário do direito tem vínculo de natureza pessoal com o usufrutuário, mas não tem direito real sobre o bem). Exceção: doutrina entende que o usufruto pode ser alienado unicamente ao proprietário, ocasião em que ocorrerá a extinção do usufruto pela consolidação (art. 1410, IV, CC)
e) é impenhorável (decorrência da inalienalibilidade), o direito não pode ser penhorado em ação de execução movida por dívida do usufrutuário, mas em face da possibilidade de cessão, o seu exercício pode ser penhorado, porém haverá um impedimento temporário da percepção pelo usufrutuário dos frutos e na utilidade do bem (penhora restrita aos frutos, não ao uso). 
OBS: apresenta uma exceção à possibilidadede penhora do usufruto: “Todavia, o usufruto legal não poderá ter nem seu direito nem seu exercício penhorado”.
Caso a dívida seja do nu-proprietário, nada há que impeça a penhora, que poderá incidir sobre seus direitos. O proprietário possui o jus disponendi, que não afeta os direitos do usufrutuário. Sobre o imóvel alienado em hasta pública permanece imutável o direito real de usufruto, até que este venha a extinguir-se.
f) divisível (art, 1411, CC), pode ser atribuído simultaneamente a mais de uma pessoa, o que gera o co-usufruto
g) necessita de conservação da forma e substância: ao exercer seus direitos de usar e gozar o bem, o usufrutuário deve fazê-lo de maneira responsável, nunca indiscriminada ou ilimitada, de modo a conservar a forma e a substância da coisa usufruída, que pertence ao nu-proprietário.
OBS: Expresso no art. 1.399 do Código Civil está que o usufrutuário não pode mudar a destinação econômica sem expressa autorização do proprietário. Essa proibição visa resguardar a expectativa do nu-proprietário de receber o bem no mesmo estado de quando foi posto em usufruto, salvo deteriorações naturais.
h) é suscetível de posse, para exercer o usufruto o usufrutuário necessita deter a posse do bem, sendo a posse concedida a direta
OBS: Na defesa de seus interesses, o usufrutuário pode utilizar as ações possessórias, inclusive contra o nu-proprietário, e a ação confessória de usufruto.
Modos de constituição 
Como já foi apontado, o usufruto constitui-se diferentemente se a coisa for móvel ou se for móvel. A constituição relativa ao bem móvel se conclui com a tradição, enquanto ao bem imóvel com o registro em cartório. Consoante o art. 108 do Código Civil, o instrumento deve ser feito por escritura pública se o imóvel tiver valor superior a trinta vezes o maior salário mínimo vigente no país. 
O ato pode ser gratuito ou oneroso, inter vivos ou causa mortis
a) Usufruto voluntário: por ato de vontade (contrato – em regra, doação – e testamento). Neste caso, se incidir sobre bem imóvel, a constituição se dará com o registro. É constituído por negócio jurídico inter vivos ou mortis causa, unilateral ou bilateral, gratuito ou oneroso, é exigida a plena capacidade para a sua instituição, bem como a capacidade de adquirir por parte do beneficiário. 
Tratando-se de doação pura, independe da aceitação expressa do beneficiário
b) Usufruto por usucapião (art. 1391, CC): pode ocorrer se um possuidor obteve o uso e o gozo da coisa primeiramente com o proprietário, porém depois descobre que aquele que lhe transferiu a posse direta não é o verdadeiro dono, caracterizando posse a non domino, bem como deve ser observado os requisitos legais do usucapião e o possuidor deve ter o ânimo de usufrutuário.
coisa móvel (arts. 1260 a 1262, CC). 
dispensa a necessidade de registro 
c) Usufruto Legal: por determinação legal (arts. 1652, I, e 1689, 1952, CC): a lei o institui em favor de certas pessoas, especialmente no âmbito familiar, como o usufruto dos pais sobre os bens do filho menor. Esse usufruto não é considerado um direito real, na medida em que é instituído como uma maneira de compensação pelo trabalho dispendioso dos pais na administração dos bens dos filhos.
 (controversa)
 d) Usufruto judicial: por sentença (CPC/73, art. 716) (alterado, CPC/2015, art. 867): O juiz pode conceder ao exeqüente o usufruto de móvel ou imóvel, quando o reputar menos gravoso ao executado e eficiente para o recebimento do crédito. O juiz da execução pode determinar, desde que as partes concordem, o usufruto de móvel ou imóvel do devedor, por prazo determinado, para que o credor receba seus créditos, nomeando-se, para tanto, um administrador. O usufruto destina-se ao pagamento do principal, juros, custas e honorários advocatícios. Destarte, o executado não perde a propriedade do bem temporariamente gravado. 
e) Usufruto por sub-rogação real: ocorre quando o bem sobre o qual incide o usufruto é substituído por outro
Objeto do usufruto (art. 1390, CC)
Bens móveis ou imóveis, corpóreos ou incorpóreos, singulares ou coletivos, abrangendo o todo ou parte, os frutos ou utilidades.
O próprio relaciona-se às coisas inconsumíveis e infungíveis, em que a substância é conservada e restituída ao nu-proprietário. 
O impróprio, também denominado quase-usufruto, recai sobre coisas consumíveis e fungíveis.
O usufruto será particular ou singular quando seu objeto for determinado de forma individual, sobre um bem específico; e universal, se incidir sobre uma universalidade de bens ou quota-parte. Assim, pode ter ainda como objeto um patrimônio, total ou apenas de parte. “Se o usufruto recair num patrimônio, ou parte deste, será o usufrutuário obrigado aos juros da dívida que onerar o patrimônio ou a parte dele” (CC, art. 1.405). Ademais, pode recair sobre florestas ou recursos minerais (CC, art. 1.392, § 2º).
imóvel: exige o registro no cartório de registro de imóveis, salvo em se tratando de usucapião que o registro será declaratório
móveis: imprescindível a tradição, sendo desnecessário o registro
Extensão do usufruto 
Abrange os acessórios (art. 1392 do CCB). 
o alcance do usufruto, que pode ser extraído do caput do artigo 1.392 do Código Civil vigente: “Salvo disposição em contrário, o usufruto estende-se aos acessórios da coisa e seus acrescidos”.
havendo entre os acessórios e acrescidos coisa consumível, ela é alcançada pelo usufruto;
findo o usufruto, cabe ao usufrutuário, se ainda houver coisa consumível, restituí-la;
se não houver, restituí o equivalente em gênero, qualidade e quantidade;
se não for possível, restituí o seu valor, estimado ao tempo da restituição.
Espécies de usufruto 
a) quanto à origem (ou modo de constituição);
Legal: constituído por meio de lei para proteção de determinadas pessoas que se encontrem em presumível estado de vulnerabilidade
Convencional: negócio jurídico bilateral ou unilateral, podendo ser inter vivos ou causa mortis
b) quanto à duração; 
Temporário; quando estipulado com prazo para seu término ou condição resolutiva
Vitalício: quando não há prazo estipulado para o seu fim, durando toda a vida do usufrutuário
c) quanto ao objeto; 
Próprio (bens infungíveis/inconsumíveis): ao término do usufruto o usufrutuário devolverá exatamente a coisa dada em usufruto
Impróprio (bens fungíveis) ou quase usufruto: art. 1392, CC: aqui o usufrutuário adquire a propriedade e ao término do usufruto devolve bens do mesmo gênero, quantidade e qualidade
Há controvérsia quanto à admissibilidade do usufruto impróprio no CC. § 1o do art. 1392 do CC
d) quanto à extensão; art. 1390, CC
Universal: quando recai sobre uma universalidade de bens. EX: herança, patrimônio, fundo empresarial etc.
Particular: quando recai apenas sobre um bem
Pleno: quando não há restrições no uso da coisa
Restrito: quando há restrições no uso do bem
e) quanto aos titulares.
Simultâneo (com ou sem o direito de acrescer, art. 1411, CC): concedido ao mesmo tempo em favor de duas ou mais pessoas.
OBS: não existe direito de acrescer em matéria de usufruto, portanto se um dos usufrutuários falecer, a sua parte será extinta, passando a pertencer ao nu proprietário, se o usufruto nasceu entre vivos em regra não há direito de acrescer.
 Exceções: 
Haverá direito de acrescer se existir expressa estipulação neste sentido.
Haverá também direito de acrescer se o usufruto tiver origem em testamento, desde que presentes duas condições: (i) os usufrutuários tenham sido nomeados na mesma cláusula testamentária (conjunção) e (ii) não haver discriminação, individualização, da quota de cada usufrutuário. (art. 1946, CC)
Sucessivo (não admitido no direito brasileiro): é aquele em que é indicado um sucessor para que após a morte do usufrutuário o usufruto a ele se transmita.
Direitos do usufrutuário (art. 1394, CC):
A transmissão da posse justa e direta ao usufrutuário é condição básica ao exercício do usufruto, podendo se valer das ações possessórias.
Posse Uso – destinação (art. 1399 do CCB) Administração

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