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Ensino de matematica na educacao infantil Unopar

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Ensino de 
matemática 
na educação 
infantil
Alessandra Negrini Dalla Barba
Diego Fogaça Carvalho
Ensino de matemática na 
educação infantil
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) 
 Barba, Alessandra Negrini Dalla 
 
 ISBN 978-85-522-0312-4
 1. Matemática – estudo e ensino (elementar). 2. Prática 
de ensino. I. Carvalho, Diego Fogaça. II. Título.
 CDD 370.152 
Negrini Dalla Barba, Diego Fogaça Carvalho. – Londrina: 
Editora e Distribuidora Educacional S.A., 2018.
 176 p.
B228e Ensino de matemática na educação infantil / Alessandra 
© 2018 por Editora e Distribuidora Educacional S.A.
Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida ou transmitida de qualquer 
modo ou por qualquer outro meio, eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia, gravação ou qualquer outro tipo 
de sistema de armazenamento e transmissão de informação, sem prévia autorização, por escrito, da Editora e 
Distribuidora Educacional S.A.
Presidente
Rodrigo Galindo
Vice-Presidente Acadêmico de Graduação
Mário Ghio Júnior
Conselho Acadêmico 
Alberto S. Santana
Ana Lucia Jankovic Barduchi
Camila Cardoso Rotella
Danielly Nunes Andrade Noé
Grasiele Aparecida Lourenço
Isabel Cristina Chagas Barbin
Lidiane Cristina Vivaldini Olo
Thatiane Cristina dos Santos de Carvalho Ribeiro
Revisora Técnica
Keila Tatiana Boni
Editoração
Adilson Braga Fontes
André Augusto de Andrade Ramos
Leticia Bento Pieroni
Lidiane Cristina Vivaldini Olo
2018
Editora e Distribuidora Educacional S.A.
Avenida Paris, 675 – Parque Residencial João Piza
CEP: 86041-100 — Londrina — PR
e-mail: editora.educacional@kroton.com.br
Homepage: http://www.kroton.com.br/
Unidade 1 | Tendências pedagógicas e teorias do desenvolvimento_______
Seção 1 - Tendências pedagógicas_________________________________
1.1 | A organização do trabalho docente para a educação infantil_____________
1.2 | Algumas tendências pedagógicas____________________________________
1.2.1 | Escola tradicional ou tendência formalista clássica_________________________
1.2.2 | Escola Nova ou tendência empírico ativista_____________________________
1.2.3 | Movimento da matemática moderna________________________________
1.2.4 | Tendência construtivista_________________________________________
1.2.5 | Tendência sociointeracionista______________________________________ 
Seção 2 - Teorias de aprendizagem_________________________________
2.1 | Introdução às teorias de aprendizagem_____________________________’ 
2.2 | Jean Piaget__________________________________________________
2.2.1 | Acomodação e assimilação na busca pelo equilíbrio__________________
2.2.2 | Períodos de desenvolvimento mental_____________________________
2.2.3 | Epistemologia genética e a aprendizagem_________________________
2.3 | Lev S. Vygotsky_______________________________________________
2.4 | Henri Wallon_________________________________________________
Unidade 2 | Como as crianças constroem o conceito de número?_________
Seção 1 - A construção do conceito de número realizada pela criança______
1.1 | Os números no nosso cotidiano___________________________________ 
1.2 | Processos mentais básicos______________________________________
1.3 | A formação do conceito de número_______________________________
Seção 2 - Atividades sobre o conceito de número______________________
2.1 | Atividades envolvendo a correspondência um a um___________________
2.2 | Comparação________________________________________________
2.3 | Classificação_________________________________________________
2.4 | Sequenciação_______________________________________________
2.5 | Seriação____________________________________________________
2.6 | Inclusão____________________________________________________
2.7 | Conservação________________________________________________
Unidade 3 | Que matemática deve ser abordada na educação infantil?_____
Seção 1 - Organização dos conteúdos matemáticos na educação infantil___
1.1 | Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil (RCNEI)________________
1.2 | A criança e a Matemática__________________________________________
1.3 | Objetivos para a Matemática na educação infantil__________________________
1.4 | Conteúdos matemáticos para a educação infantil__________________________
1.4.1 | Crianças de 0 a 3 anos___________________________________________
1.4.2 | Crianças de 4 a 6 anos__________________________________________
Seção 2 - Organização do tempo e avaliação na educação infantil 115_____
2.1 | Organização do tempo__________________________________________
2.2 | Avaliação da aprendizagem_______________________________________
Sumário
7
10
10
11
12
13
14
15 
18
51 
54
54
56
63
21
21
22
24
27
31
34
38
71
71
74
75
77
78
79
80
91
94 
94
97
99
102
104
106
115 
115
121
Unidade 4 | Que metodologias podem ser adotadas na educação infantil?
Seção 1 - Resolução de problemas, contação de histórias, jogos e 
atividades lúdicas_______________________________________________
1. | A Resolução de problemas como metodologia de ensino e aprendizagem de 
matemática na educação infantil______________________________________
1.2 | A contação de histórias e o uso da literatura para o ensino de matemática na 
educação infantil_________________________________________________
1.3 | A utilização de jogos e brincadeiras para a aprendizagem da matemática no 
âmbito da educação infantil__________________________________________
1.4 | Finalizando a seção_____________________________________________
Seção 2 - Etnomatemática e modelagem matemática__________________
2.1 | Etnomatemática 153____________________________________________
2.2 | Modelagem matemática na educação matemática_____________________
131
 
135
135
142
147
150
153 
153
159
Apresentação
Este livro que você tem em mãos é fruto de reflexões e estudos 
de pelo menos três anos que estamos ministrando a disciplina Ensino 
da Matemática na Educação Infantil no curso de Pedagogia da 
Universidade Pitágoras Unopar. Procuramos, além de apresentar os 
conceitos teóricos que sustentam cada uma das unidades, abordar 
relatos de aplicação e atividades, que têm por objetivo te inspirar, 
principalmente na realização dos estágios e, em um futuro próximo, 
quando ocupar a vaga de professor da educação infantil, sua prática 
docente.
Esse livro foi dividido em quatro unidades em que foram abordados 
os seguintes conteúdos: 
Na primeira unidade, você estudará a respeito de algumas das 
tendências pedagógicas, construídas ao longo da história, e que estão 
diretamente relacionadas ao trabalho pedagógico, além das teorias de 
desenvolvimento propostas pelos autores Jean Piaget, Lev Vygotsky 
e Henri Wallon, associando-as com a educação infantil e com a 
aprendizagem.
Na segunda unidade, você conhecerá a forma como a criança 
constrói o conceito de número, bem como os processos mentais 
básicos que devem ser mobilizados para essa construção. Na 
sequência, apresentamos uma série de atividades que podem ser 
aplicadas e adaptadas para a educação infantil. 
Na terceira unidade, você conhecerá o Referencial Curricular 
Nacional para a Educação Infantil e as principais orientações desse 
documento a respeito do ensino de Matemática na educação infantil, 
refletindo sobre a organização dos conteúdos, a estruturação das 
atividades e a avaliação da aprendizagem na etapa de ensino em 
questão.
Por fim, na Unidade 4, você conhecerá algumas tendências da área 
de educação matemática que poderão ser utilizadas pelo professor 
da educação infantil em sua prática docente. Trata-se da resolução de 
problemas, a contação de histórias, uso de jogos e atividades lúdicas, 
etnomatemática e modelagem matemática. Em todas as tendências, 
procuramos abordar os conceitos teóricos fundamentais, seguido 
por exemplos de atividades e relatos de como essas atividadesforam 
aplicadas, com intuito de que você possa incorporá-las em sua futura 
prática. 
É importante ressaltar que ao longo das unidades foram elaboradas 
questões para a reflexão e atividades de aprendizagem com o intuito 
que você aplique e reflita sobre o conteúdo abordado. Não esqueça, 
também, de acessar os links da seção Para saber mais, em que são 
apresentados artigos e vídeos com o objetivo de que você aprofunde 
os conhecimentos abordados nas unidades. Antes de nos despedirmos, 
gostaríamos de agradecer a professora Ma. Keila Tatiana Boni que 
contribuiu com valiosas críticas para a finalização desse material. Bons 
estudos! 
Professora Ma. Alessandra Negrini Dalla Barba
Professor Dr. Diego Fogaça Carvalho
U1 - Tendências pedagógicas e teorias do desenvolvimento 7
Unidade 1
Tendências pedagógicas e 
teorias do desenvolvimento
Nesta unidade, o objetivo é discutir a respeito de teorias que 
fundamentam o trabalho pedagógico em sala de aula, relacionadas 
às principais tendências pedagógicas que foram desenvolvidas ao 
longo da história, além de algumas das teorias que contribuíram para 
os estudos acerca do desenvolvimento humano e suas relações 
com a aprendizagem. 
Espera-se que, ao final da unidade, você seja capaz de construir 
um referencial teórico capaz de auxiliá-lo na organização do trabalho 
relacionado, principalmente, com a Matemática na educação infantil. 
Nesse referencial, é importante que você compreenda as tendências 
pedagógicas apresentadas, refletindo sobre suas implicações 
para a educação infantil, além de compreender as teorias de 
desenvolvimento proposta pelos autores Jean Piaget, Lev Vygotsky e 
Henri Wallon, relacionando-as com a aprendizagem.
Bons estudos!
Objetivos de aprendizagem
Nesta seção, serão apresentadas algumas tendências pedagógicas, 
observando suas implicações pedagógicas e influências na organização do 
trabalho pedagógico. Entre as diversas tendências, serão destacas as seguintes: 
Formalista Clássica, Empírico-Ativista, movimento da Matemática Moderna, 
Construtivista e Sociointeracionista, observando, para algumas delas, os principais 
teóricos associados.
Seção 1 | Tendências pedagógicas
Nesta seção, serão discutidas algumas teorias de aprendizagem, entre as quais 
a epistemologia genética, proposta por Piaget, além das teorias propostas por 
Vygotsky e Wallon. Em relação à teoria de Piaget, serão apresentados os principais 
Seção 2 | Teorias de aprendizagem
Alessandra Negrini Dalla Barba
U1 - Tendências pedagógicas e teorias do desenvolvimento8
conceitos-chave, os períodos de desenvolvimento mental, além de relações 
que podem ser estabelecidas entre essa teoria e a aprendizagem. A respeito 
das teorias de Vygotsky e Wallon, serão apresentados os elementos principais, 
proporcionando reflexões a respeito das implicações pedagógicas destas teorias 
para a educação infantil.
U1 - Tendências pedagógicas e teorias do desenvolvimento 9
Introdução à unidade
A organização do trabalho pedagógico vai além da seleção dos 
conteúdos a serem explorados, pois é necessário também observar 
o nível de desenvolvimento dos alunos, seus conhecimentos prévios, 
os objetivos previstos, a estrutura das aulas, os recursos disponíveis, 
entre outros. Por isso, é fundamental que o professor reflita sobre os 
vários aspectos que permeiam a organização de seu trabalho para que 
possa estabelecer objetivos adequados e cumpri-los, proporcionando 
um ensino de qualidade a seus alunos.
Desta forma, na educação infantil, também é necessário avaliar 
todos esses elementos. Por isso, nest a primeira unidade, temos por 
objetivo a construção de um referencial teórico que possa auxiliar o 
professor em seu trabalho, proporcionando reflexões sobre o que é o 
ensino de Matemática de qualidade na educação infantil, favorecendo 
os estudos nas unidades subsequentes.
Na primeira seção, discutiremos a respeito de algumas tendências 
pedagógicas desenvolvidas historicamente e que podem influenciar o 
trabalho não apenas na educação infantil, mas também nas demais 
etapas de ensino, possibilitando reflexões sobre as contribuições 
dessas tendências para a estruturação das aulas na educação infantil.
Na segunda seção, aprenderemos sobre algumas teorias de 
aprendizagem importantes e que, em conjunto com as tendências 
tratadas na primeira seção, podem auxiliar na construção do referencial 
teórico desejado. Conheceremos as teorias propostas por Jean Piaget, 
Lev Vygotsky e Henri Wallon, observando as particularidades dos 
pressupostos teóricos adotados por cada autor.
Tenha um bom estudo e procure aproveitar ao máximo o conteúdo 
proposto, relacionando com os conceitos que você já possui sobre o 
tema e aprofundando os estudos a partir dos materiais indicados ao 
longo da unidade e das atividades propostas. 
U1 - Tendências pedagógicas e teorias do desenvolvimento10
Seção 1
Tendências pedagógicas
Introdução à seção
Nesta seção, discutiremos a respeito de algumas tendências 
pedagógicas que foram desenvolvidas historicamente de modo a 
auxiliar na organização do trabalho pedagógico nas escolas, buscando 
atender às necessidades sociais de cada momento histórico. Entre 
as diversas tendências desenvolvidas, serão destacadas a tendência 
Formalista Clássica, a tendência Empírico-Ativista, o movimento 
da Matemática Moderna, a tendência Construtivista e a tendência 
Sociointeracionista, com suas principais características, tendo em 
vista contribuir com reflexões a respeito do ensino de Matemática de 
qualidade na educação infantil, considerando as particularidades dessa 
etapa de ensino.
1.1 A organização do trabalho docente para a educação infantil
De acordo com o Referencial Curricular Nacional para a Educação 
Infantil (BRASIL, 1998), diversos debates vêm sendo realizados nas 
últimas décadas a respeito do papel das instituições de educação 
infantil na formação das crianças, destacando que é preciso considerar 
não apenas o ato de cuidar, mas também o educar, tratando-os de 
forma integrada, já que não existe a possibilidade de dissociar ambas 
as ações.
Assim, na educação infantil, deve ser oferecida uma educação de 
qualidade às crianças, buscando favorecer as aprendizagens por meio 
de situações pedagógicas organizadas e orientadas pelos educadores. 
Além disso, é importante considerar os contextos sociais e culturais nos 
quais estão inseridas, sem desvalorizar o cuidado, que corresponde a 
uma ação fundamental para as crianças que integram essa etapa de 
ensino (BRASIL, 1998).
Por isso, a organização do trabalho docente na educação infantil 
deve ser realizada considerando formas de desenvolver as capacidades 
infantis, favorecendo o desenvolvimento integral das crianças. Para 
U1 - Tendências pedagógicas e teorias do desenvolvimento 11
isso, a construção de um referencial teórico faz-se necessário de 
modo a auxiliar na organização do trabalho em função dos objetivos 
estabelecidos.
Para a construção desse referencial serão discutidas, no próximo 
tópico, algumas tendências pedagógicas importantes, as quais podem 
influenciar diretamente o ponto de vista do educador e sua forma de 
conduzir o trabalho na educação infantil.
Questão para reflexão
Com base em seus conhecimentos, quais são as principais características 
das crianças que estão frequentando a educação infantil? De que forma 
essas características podem influenciar no trabalho com conceitos 
matemáticos nessa etapa de ensino?
Para saber mais
Para contribuir com as reflexões a respeito da importância da Matemática 
para a formação integral das crianças na educação infantil, estude o 
artigo Os desafios de ensinar matemática na educação infantil, disponível 
em <http://educere.bruc.com.br/arquivo/pdf2015/22259_11088.
pdf>. Acesso em: 16 ago. 2017. A partir desse estudo, reflita sobre a 
importância das noções matemáticas para o desenvolvimento infantil.
1.2 Algumas tendências pedagógicas
O estudo das tendências pedagógicas é fundamental para a 
educação, porpossibilitar aos docentes a reflexão sobre as formas de 
condução do trabalho pedagógico a partir dos objetivos estabelecidos. 
Por meio do conhecimento das principais tendências desenvolvidas 
ao longo da história da humanidade podemos avaliar quais foram os 
avanços e retrocessos observados e de que formas influenciaram os 
trabalhos nas diversas etapas de ensino.
As tendências pedagógicas foram desenvolvidas historicamente 
com o objetivo de atender às necessidades da sociedade em cada 
época, o que influenciou diretamente as principais características de 
cada uma. Além disso, algumas não foram desenvolvidas de forma 
direcionada à educação infantil. Devido a esses fatores, é importante 
refletir sobre as características destas tendências que podem auxiliar no 
desenvolvimento infantil, observando quais estão mais adequadas para 
U1 - Tendências pedagógicas e teorias do desenvolvimento12
essa etapa de ensino devido às suas particularidades e às características 
das crianças que a frequentam, observando também o momento 
histórico no qual estamos inseridos para que também sejam atendidos 
os anseios sociais, mas, principalmente, para que seja possível 
proporcionar uma formação integral às crianças da educação infantil.
Na sequência serão apresentadas algumas tendências pedagógicas 
com suas principais características e, em algumas, serão destacados os 
principais teóricos associados.
1.2.1 Escola Tradicional ou Tendência Formalista Clássica
A Escola Tradicional, também chamada de tendência Formalista 
Clássica ou tendência Liberal Tradicional, surgiu no século XIX, sofrendo 
influência das ideias da Revolução Francesa. O principal objetivo da 
escola tradicional era formar indivíduos para assumirem papéis na 
sociedade, sendo direcionada ao atendimento à burguesia. A escola 
era responsável pela manutenção do modelo vigente, possibilitando 
a ascensão da classe burguesa. Assim, o professor possuía um papel 
autoritário, sendo responsável pela formação de profissionais para a 
sociedade, como médicos, advogados e engenheiros, por exemplo, 
além da reprodução das configurações sociais envolvendo a 
manutenção da elite e da classe dos operários e trabalhadores.
Na escola tradicional eram adotados currículos rígidos, bem 
como exigências com relação à disciplina. Nesse modelo, não existia 
uma preocupação com a formação de sujeitos críticos, pois os 
alunos deveriam memorizar as informações transmitidas a eles pelos 
professores, assumindo papéis passivos, sem direito a questionar a 
respeito do que lhes era transmitido. O processo avaliativo, em geral, 
assumia um caráter punitivo, sendo o comportamento um aspecto 
que poderia influenciar diretamente nesse processo (ARAMAN, 2009).
Ainda hoje observamos uma presença significativa desse modelo 
nas escolas da educação básica e do ensino superior, possivelmente 
devido à formação dos professores que atuam nessas instituições.
U1 - Tendências pedagógicas e teorias do desenvolvimento 13
Questão para reflexão
A Tendência Formalista Clássica é adequada para o trabalho com as 
crianças da educação infantil? Por quê?
1.2.2 Escola Nova ou Tendência Empírico-Ativista
O movimento da Escola Nova, também chamado de Escola 
Progressiva ou tendência Empírico-Ativista, surgiu no final do século XIX, 
sendo responsável por grandes impactos na modificação dos métodos 
de ensino, quando comparada ao ensino tradicional. O surgimento 
dessa tendência se deu como uma crítica à estrutura tradicional das 
escolas, ocasionando reformas nos sistemas educacionais de vários 
países.
Diferente do ensino tradicional, na Escola Nova os métodos 
e técnicas estão direcionados ao aluno, considerado o centro da 
aprendizagem, buscando o desenvolvimento de projetos com foco 
em áreas de interesse de cada aluno, além da realização de atividades 
em grupos.
Entre os teóricos que integraram esse movimento podemos 
destacar John Dewey (1859-1952), Maria Montessori (1870-1952), 
Ovide Decroly (1872-1932), Célestin Freinet (1896-1966), entre outros.
Dewey foi um filósofo americano defensor da democracia. Ele 
considerava que não seria possível dissociar teoria e prática, além de 
considerar que o ensino não deveria ser imposto, mas estabelecer 
relações com a realidade dos alunos, devendo estes serem incentivados 
a desenvolverem suas capacidades de pensar e questionar. Conforme 
Racy (2012, p. 35):
Na escola de Dewey, a educação é um processo de 
reconstrução e reconstituição da experiência e visa 
promover o crescimento físico, intelectual e emocional 
dos jovens, preparando-os para o trabalho e para a 
atividade prática. O filósofo americano acreditava que, 
quando os alunos percebem ligações entre as tarefas a 
serem executadas e o conteúdo prévio existente e quando 
são estimulados a encontrar soluções e a refletir sobre a 
realidade e os problemas apresentados, eles têm maior 
capacidade de se desenvolver.
U1 - Tendências pedagógicas e teorias do desenvolvimento14
Esse filósofo também defendia o trabalho em grupos, com o 
compartilhamento de experiências, pois afirmava que essas atividades 
podem contribuir com a formação integral dos sujeitos.
Maria Montessori formou-se em Medicina na Itália e trabalhou na 
área de psiquiatria com crianças portadoras de deficiências mentais. 
A partir desses estudos, Montessori considerou que a aprendizagem 
ocorre com base no estágio de desenvolvimento no qual a criança se 
encontra. Em seus trabalhos, essa autora propõe que a escola deveria 
ter maior preocupação com o desenvolvimento cognitivo dos alunos 
do que com os conteúdos, defendendo a formação de indivíduos 
independentes e responsáveis (RACY, 2012).
Ovide Decroly é considerado um dos primeiros a abordar os 
métodos ativos, sendo estes característicos da Escola Nova, além de 
ser o precursor da interdisciplinaridade. Segundo esse autor, a escola 
deveria ter como foco o aluno, estimulando a formação de grupos 
construídos com base em suas faixas etárias e respectivos estágios de 
desenvolvimento (COELHO, 2014).
Assim, analisando as propostas apresentadas, é possível observar 
que, em geral, a Escola Nova surgiu como uma tendência na qual o 
aluno deve ser considerado o centro do processo de aprendizagem, 
sendo necessário que assuma um papel ativo em seu desenvolvimento, 
enquanto o professor deve ser um facilitador das aprendizagens. A 
importância do currículo é reduzida em detrimento de uma valorização 
da preocupação com o desenvolvimento dos alunos, respeitando 
o ritmo de aprendizagem individual e o nível no qual cada sujeito se 
enquadra.
Questão para reflexão
Quais são as contribuições da Escola Nova para o ensino da Matemática 
na educação infantil? Quais as desvantagens no emprego dessa 
tendência nas creches e pré-escolas?
1.2.3 Movimento da Matemática Moderna
O movimento da Matemática Moderna foi difundido por volta 
das décadas de 1960 e 1970, ocasionando mudanças significativas 
no ensino, influenciando inclusive os conteúdos tradicionais da 
Matemática trabalhados nas escolas, em âmbito internacional.
Com esse movimento, houve uma valorização dos aspectos formais 
U1 - Tendências pedagógicas e teorias do desenvolvimento 15
da Matemática, dando prioridade ao trabalho com a axiomatização, as 
estruturas algébricas, a lógica e a teoria de conjuntos. A partir dessa 
proposta, houve a necessidade também de modificar os materiais 
instrucionais, de forma que os livros didáticos passaram a envolver 
atividades que exigiam o conhecimento e o domínio da nova simbologia 
ao invés de exigir aos alunos o raciocínio. Piaget (1984, p. 16-17 apud 
PINTO, 2005, p. 11) afirmou na década de 1950 que a experiência com 
esse novo modelo poderia ser prejudicada, pois:
Embora seja ‘moderno’ o conteúdo a ser ensinado, a 
maneira de o apresentar permanece às vezes arcaica do 
ponto de vista psicológico, enquanto fundamentada na 
simples transmissão de conhecimentos, mesmo que se 
tente adotar (e bastante precocemente, do ponto de vista 
da maneira de raciocinardos alunos) uma forma axiomática 
[...]. Uma coisa porém é inventar na ação e assim aplicar 
praticamente certas operações; outra é tomar consciência 
das mesmas para delas extrair um conhecimento reflexivo 
e sobretudo teórico, de tal forma que nem os alunos nem 
os professores cheguem a suspeitar de que o conteúdo do 
ensino ministrado se pudesse apoiar em qualquer tipo de 
estruturas naturais.
Mantendo uma estratégia muito semelhante ao ensino tradicional, 
ao longo da história foi possível perceber o alcance desse movimento 
nos tipos de conceitos abordados nos livros didáticos de Matemática e 
na organização das aulas da disciplina, o que influenciou diretamente a 
formação e o trabalho dos professores.
Considerando esse panorama histórico, contrário aos pressupostos 
do ensino tradicional, o qual também é seguido indiretamente pelo 
movimento da Matemática Moderna, foi desenvolvido o Construtivismo, 
o qual é tratado no tópico a seguir. 
1.2.4 Tendência Construtivista
O Construtivismo é considerado como uma postura frente à 
aquisição do conhecimento, não sendo caracterizado como um 
método ou técnica.
U1 - Tendências pedagógicas e teorias do desenvolvimento16
Construtivismo significa isto: a ideia de que nada, a 
rigor, está pronto, acabado, e de que, especificamente, o 
conhecimento não é dado, em nenhuma instância, como 
algo terminado. Ele se constitui pela interação do indivíduo 
com o meio físico e social, com o simbolismo humano, com 
o mundo das relações sociais; e se constitui por força de 
sua ação e não por qualquer dotação prévia, na bagagem 
hereditária ou no meio, de tal modo que podemos afirmar 
que antes da ação não há psiquismo nem consciência e, 
muito menos, pensamento (BECKER, 1993, p. 88)
1. O conhecimento é ativamente construído pelo sujeito 
por meio de suas interações e não passivamente recebido 
do ambiente.
2. O vir a conhecer é um processo adaptativo que organiza 
o mundo experiencial de uma pessoa, isto é, que não 
descobre um mundo preexistente e independente da 
mente do conhecedor.
Assim, o Construtivismo é caracterizado pelo fato de que o indivíduo 
constrói seu conhecimento de forma gradativa a partir de sua interação 
com o meio físico e com os demais sujeitos, sendo responsável por 
assumir uma postura ativa frente ao seu desenvolvimento.
Apesar de não terem desenvolvido técnicas específicas sob a 
nomenclatura construtivista, os principais representantes da ideia de 
que o conhecimento é construído pelos indivíduos a partir de suas 
experiências, considerando seus níveis de desenvolvimento, são Jean 
Piaget (1896-1980) – o qual será discutido mais especificamente na 
próxima seção – e Emilia Ferreiro (1936).
O termo “construtivismo” passou a ser empregado por estudiosos 
em livros e manuais que buscavam discutir a respeito da temática, 
além do desenvolvimento de abordagens e sistemas que adotavam os 
princípios construtivistas (COELHO, 2014).
Conforme Fiorentini (1995 apud ARAMAN, 2009, p. 7), alguns 
pressupostos associados à tendência alicerçada no construtivismo 
podem ser descritos como:
U1 - Tendências pedagógicas e teorias do desenvolvimento 17
Considerando os princípios que fundamentam o construtivismo, 
Lakomy (2003) com base em Fosnot (1998), buscou comparar a 
estrutura de aulas que adotam a tendência tradicional e o construtivismo, 
propondo um quadro semelhante ao que segue:
Fonte: Adaptado de: Lakomy (2003, p. 36-37).
Quadro 1.1 | Diferenças entre as tendências Formalista Clássica e Construtivista
Sala de aula baseada 
na educação tradicional
Sala de aula baseada 
na educação construtivista
O currículo obedece de forma rigorosa 
às regras estabelecidas, sendo elaborado 
da parte para o todo, valorizando as 
aptidões básicas.
O currículo é flexível, podendo se 
adaptar às necessidades, sendo 
construído do todo para as partes e 
valorizando os conceitos relevantes.
Os alunos são vistos como tábulas rasas, 
sendo o professor o responsável por 
auxiliar os alunos na memorização das 
informações.
Os alunos possuem papel ativo, sendo 
pensadores de teorias relacionadas ao 
mundo.
Os conteúdos devem ser transmitidos 
pelos professores aos alunos.
O professor é um mediador entre 
o aluno e o meio, agindo de forma 
interativa e de modo a valorizar os 
questionamentos e as dúvidas dos 
alunos.
No processo avaliativo, o professor 
tem como foco as respostas corretas, 
observando se os alunos são capazes de 
manifestá-las.
No processo avaliativo, o professor busca 
o ponto de vista do aluno, buscando 
compreender suas concepções atuais.
Os alunos, em geral, trabalham de 
maneira individual.
Os alunos, em geral, desenvolvem seus 
trabalhos e atividades em grupos.
Ao analisar o quadro apresentado, podemos observar muitas 
diferenças em relação aos aspectos do ensino e aprendizagem que 
são valorizados segundo cada tendência. Diferente do tradicional, na 
tendência construtivista há maior valorização no trabalho do aluno, 
nos seus pontos de vista, além de um processo avaliativo que busca 
investigar o desenvolvimento do aluno e não apenas sua possibilidade 
de apresentar as respostas esperadas para os problemas propostos.
U1 - Tendências pedagógicas e teorias do desenvolvimento18
Para saber mais
Para maiores informações a respeito da Escola Tradicional e do 
Construtivismo, estude o artigo Paradigmas contemporâneos de 
educação: escola tradicional e escola construtivista, disponível no 
link: <http://www.scielo.br/pdf/cp/n107/n107a08.pdf>. Acesso em: 16 
ago. 2017. A partir dos conceitos estudados por meio do artigo e das 
informações dessa seção, compare as duas tendências, destacando as 
principais semelhanças e diferenças observadas, além das contribuições 
de cada uma para o ensino.
Questão para reflexão
Quais são as contribuições do Construtivismo para o ensino da 
Matemática na educação infantil? Quais características dessa tendência 
podem auxiliar as crianças da educação infantil no processo de 
construção de conhecimentos matemáticos?
1.2.5 Tendência Sociointeracionista
Na perspectiva sociointeracionista, o processo de ensino-
aprendizagem é fundamental por ser constituído de conteúdos 
organizados e que podem ser repassados por meio de interações 
sociais, visando ao desenvolvimento cognitivo dos sujeitos e 
possibilitando a integração dos sujeitos no meio social.
De acordo com Vygotsky (1988), importante teórico dessa 
tendência e que será discutido mais especificamente na próxima 
seção, a aprendizagem ocorre por meio da interação dos indivíduos 
com o meio, sendo esta influenciada diretamente pelo contexto no 
qual está inserido – considerando os aspectos sociais, históricos e 
culturais associados – e possibilitada pela mediação realizada por 
instrumentos e signos. A aprendizagem e o desenvolvimento cognitivo 
são processos indissociáveis, por estarem inter-relacionados, de forma 
articulada (MOREIRA, 2011).
Assim, de acordo com esse teórico, para que haja o desenvolvimento 
cognitivo, é importante valorizar as interações sociais, incentivando o 
uso da linguagem, por ser este um dos principais sistemas simbólicos 
que podem mediar o processo de aprendizagem. Além disso, é 
necessário considerar também o nível de desenvolvimento de cada 
indivíduo, partindo desta análise prévia para que possa selecionar a 
melhor forma de abordar cada conteúdo em sala de aula (STOLTZ, 
2012).
U1 - Tendências pedagógicas e teorias do desenvolvimento 19
Questão para reflexão
Quais são as contribuições das tendências apresentadas para o trabalho 
pedagógico nas creches e pré-escolas?
Considerando as tendências apresentadas, e observando as 
diferenças presentes em seus pressupostos teóricos, podemos 
observar que o professor, ao organizar seu trabalho, pode adotar 
diferentes estratégias, de acordo também com seu ponto de vista a 
respeito de como proporcionar um ensino de qualidade a seus alunos.
Por isso, para que seja desenvolvido um trabalho que esteja 
voltado à educação infantil, proporcionando não apenaso cuidado, 
mas também incentivando o desenvolvimento integral das crianças, é 
fundamental que o professor conheça diferentes teorias e reflita sobre 
como elas podem contribuir com o trabalho pedagógico, buscando 
selecionar aquelas que se adequem aos seus objetivos e possam 
favorecer a aprendizagem significativa dos educandos.
Atividades de aprendizagem 
1. Considerando as características das principais tendências pedagógicas 
construídas ao longo da história e que ainda hoje orientam a organização 
do trabalho pedagógico, analise as afirmações apresentadas a seguir:
I. De acordo com a tendência Empírico-Ativista, o professor é considerado 
o detentor do conhecimento e deve assumir a posição de responsável por 
transmiti-lo aos alunos, adotando a concepção de que a inteligência é inata.
II. Para a tendência Formalista Clássica, os alunos possuem autonomia para 
o desenvolvimento de suas próprias estratégias de estudo, de modo que o 
professor é considerado apenas um facilitador da aprendizagem.
III. Conforme a tendência Construtivista, o conhecimento não é adquirido 
de algo já existente nos objetos, mas construído a partir da interação do 
sujeito com o objeto e com o meio.
A partir das afirmações apresentadas, assinale a alternativa correta:
a) Apenas a afirmação II está correta.
b) Apenas a afirmação III está correta.
c) Apenas as afirmações I e II estão corretas.
d) Apenas as afirmações I e III estão corretas.
e) Apenas as afirmações II e III estão corretas.
U1 - Tendências pedagógicas e teorias do desenvolvimento20
2. Conforme apresentado por Araman (2009, p. 2-3), “na educação 
matemática existem tendências pedagógicas que historicamente têm 
respondido aos anseios sociais de cada época”, ou seja, as tendências foram 
sendo desenvolvidas ao longo da história, considerando as necessidades da 
sociedade em cada período. Com base no assunto apresentado, descreva 
as principais características da tendência Formalista Clássica e da tendência 
Construtivista.
U1 - Tendências pedagógicas e teorias do desenvolvimento 21
Seção 2
Teorias de aprendizagem 
Introdução à seção
Nesta seção, discutiremos a respeito das teorias de aprendizagem 
e sua relação com a educação infantil. Entre as principais teorias, 
analisaremos as características da epistemologia genética proposta 
por Piaget, buscando uma compreensão a respeito de alguns dos 
conceitos-chave de sua teoria e os períodos de desenvolvimento 
mental propostos por ele para analisar, principalmente, como se dá 
o desenvolvimento dos indivíduos em seus primeiros anos de vida. 
Também avaliaremos as teorias propostas por Lev S. Vygotsky e Henri 
Wallon, observando suas principais características e suas implicações 
pedagógicas para o ensino da Matemática na educação infantil.
2.1 Introdução às teorias de aprendizagem 
Uma teoria de aprendizagem pode ser vista como uma construção 
humana com o objetivo de interpretar de forma sistemática a área 
da aprendizagem. Por meio dessas teorias, os autores/pesquisadores 
podem expor seus pontos de vista a respeito da aprendizagem, 
indicando as variáveis envolvidas, tendo como objetivo explicar o que é 
a aprendizagem e seu funcionamento (MOREIRA, 2011).
Existem diversos autores que discutem a respeito de teorias 
relacionadas ao desenvolvimento humano. Apesar do fato de nem 
todas terem sido desenvolvidas com fi ns educacionais, como é o 
caso da teoria proposta por Jean Piaget, muitas são tratadas como 
teorias da aprendizagem pela possibilidade de associação entre o 
desenvolvimento cognitivo e a aprendizagem.
Para saber mais
Além das teorias propostas por Piaget, Vygotsky e Wallon – as quais serão 
discutidas nas próximas seções –, outros autores discutem a respeito 
de teorias da aprendizagem, partindo de diferentes pressupostos. Para 
mais informações a respeito de outras teorias sobre o tema, estude o 
U1 - Tendências pedagógicas e teorias do desenvolvimento22
artigo Teorias de aprendizagem e o ensino/aprendizagem das ciências: 
da instrução à aprendizagem, acessando o link: <http://pepsic.bvsalud.
org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-85572003000100002>. 
Acesso em: 12 ago. 2017.
A compreensão a respeito do desenvolvimento dos sujeitos pode 
contribuir com a elaboração de propostas pedagógicas de qualidade 
na educação infantil, no entanto, esse tipo de conhecimento não é 
suficiente para a promoção de um ensino de qualidade nas creches e 
pré-escolas. De acordo com Oliveira (2011, p. 128):
O educador deve conhecer não só teorias sobre como 
cada criança reage e modifica sua forma de pensar, falar e 
construir coisas, mas também o potencial de aprendizagem 
presente em cada atividade realizada na instituição de 
educação infantil. Deve também refletir sobre o valor dessa 
experiência enquanto recurso necessário para o domínio 
de competências consideradas básicas para todas as 
crianças terem sucesso em sua inserção em uma sociedade 
concreta.
Logo, é importante que o professor reflita sobre todos os aspectos 
necessários para que as crianças se desenvolvam por completo, 
buscando incentivá-las da melhor forma possível e propondo atividades 
que sejam significativas e contribuam de forma efetiva para seu 
aprendizado, respeitando as fases de desenvolvimento dos indivíduos.
De modo a possibilitar melhor compreensão a respeito do 
desenvolvimento infantil, principalmente em relação à Matemática, 
umas das teorias mais importantes é a proposta por Jean Piaget, e será 
discutida a seguir.
2.2 Jean Piaget
Jean Piaget (1896-1980) nasceu na Suíça, na cidade de Neuchâtel, 
demonstrando desde cedo um interesse pelas ciências e pela natureza. 
Biólogo de formação, dedicou parte de suas pesquisas à Psicologia, 
buscando estudar a respeito do desenvolvimento cognitivo infantil, de 
modo que suas propostas configuram uma teoria construtivista para 
U1 - Tendências pedagógicas e teorias do desenvolvimento 23
o desenvolvimento mental de tal forma que, atualmente, chega-se a 
confundir o construtivismo com a teoria proposta por ele, denominada 
epistemologia genética. Assim como apresentado por Moreira (2011, 
p. 95):
A posição filosófica de que o conhecimento humano é 
uma construção do próprio homem, tanto coletiva como 
individual, é bastante antiga. Mas neste século [XX], Piaget 
é, sem dúvida, o pioneiro do enfoque construtivista à 
cognição humana. Suas propostas configuram uma teoria 
construtivista do desenvolvimento cognitivo humano.
O objetivo de Piaget, com o desenvolvimento de sua teoria, não era 
explicar o processo de aprendizagem pelo qual os indivíduos passam 
ao longo de toda a sua vida, mas sim analisar o desenvolvimento 
cognitivo a partir do ponto de vista biológico, fato este relacionado 
à sua formação. No entanto, devido às características apresentadas 
em sua teoria, é possível estabelecer relações com a aprendizagem, 
principalmente quando consideramos os tipos de conhecimentos 
apresentados por ele, os conceitos-chave de sua teoria e os períodos 
de desenvolvimento mental, temas que serão tratados nesta seção. 
A partir da teoria de Piaget, o professor da educação infantil pode 
organizar seu trabalho de modo a respeitar a fase de desenvolvimento 
de seus alunos e propor atividades que possam auxiliá-los na superação 
das dificuldades características de cada fase.
Questão para reflexão
Qual a importância do estudo da epistemologia genética, proposta por 
Piaget, para a estruturação das atividades relacionadas à Matemática na 
educação infantil?
Segundo Piaget (1967), o desenvolvimento psíquico está orientado 
para a estabilidade, e não para a imobilidade, ou seja, ao longo de seu 
desenvolvimento, o indivíduo busca um equilíbrio em sua estrutura 
cognitiva. Assim, em seu processo de desenvolvimento, o ser humano 
parte de um estado em que existe um menor equilíbrio para outro 
estágio de maior equilíbrio com base no conhecimento (PILETTI; 
ROSSATO, 2012). Além disso, de acordo com Piaget, a inteligência não 
U1 - Tendências pedagógicas e teoriasdo desenvolvimento24
é inata, mas construída por meio da interação com o meio físico e social 
(STOLTZ, 2012). Assim, para esclarecer, em sua teoria, a importância 
do equilíbrio para o desenvolvimento dos indivíduos e a construção 
do conhecimento, esse autor considerou alguns conceitos-chave, 
estabelecendo relações entre eles na busca por uma justificativa a 
respeito do processo de desenvolvimento. Entre estes conceitos 
podemos destacar a assimilação e a acomodação, descritos a seguir. 
2.2.1 Acomodação e assimilação na busca pelo equilíbrio
Conforme Stoltz (2012), para Piaget, o desenvolvimento – o 
processo de equilibração – corresponde à busca por um equilíbrio, 
sendo um processo no qual podem surgir novas formas de 
conhecimento. Durante o desenvolvimento, desde a infância até a fase 
adulta, são modificadas as formas como os indivíduos compreendem 
o mundo, como organizam a atividade mental, apesar das funções 
permanecerem as mesmas. Assim, o processo de adaptação, no qual 
o homem busca solucionar um problema e/ou satisfazer alguma 
necessidade, é a função constante do desenvolvimento.
Considerando os estudos realizados por Piaget, envolvendo inclusive 
a observação das ações de crianças, o desenvolvimento cognitivo 
desses sujeitos, relacionado ao processo de adaptação, ocorre a 
partir dos processos de assimilação e acomodação, influenciando 
diretamente os esquemas. 
A adaptação é um processo dinâmico e contínuo, no qual a 
estrutura do organismo interage com o meio externo para 
se reconstituir e criar uma nova significação para o sujeito. 
O que é adaptado é, depois, organizado em sistemas 
coerentes na mente deste (STOLTZ, 2012, p. 18).
Os esquemas são as estruturas mentais ou cognitivas a partir 
das quais os indivíduos organizam o meio e se adaptam a ele. Essas 
estruturas podem se modificar em função do desenvolvimento 
cognitivo, tornando-se cada vez mais refinadas. Os esquemas não são 
objetos, mas conceitos ou categorias empregados no processamento 
e identificação dos estímulos a que os sujeitos são expostos, tendendo 
a incorporar os elementos que lhes são exteriores e compatíveis com 
sua natureza (ARAMAN, 2009). É a partir dos processos de assimilação 
e acomodação que ocorre o crescimento cognitivo da criança, o qual 
influencia significativamente nos esquemas que o indivíduo já possui.
U1 - Tendências pedagógicas e teorias do desenvolvimento 25
Fonte: adaptado de Piaget (1967).
Figura 1.1 | Processo de equilibração segundo Piaget
Equilibração
Acomodação AssimilaçãoAdaptação
Questão para reflexão
Os esquemas presentes nas estruturas cognitivas das crianças e dos 
adultos são iguais? Por quê?
No processo de assimilação, o sujeito busca incorporar novos 
objetos aos esquemas que já possui, que foram organizados 
previamente em sua estrutura cognitiva. Por exemplo, quando 
propomos a uma criança a medição do comprimento de um objeto, 
esta usa o esquema de “medir” para assimilar esta situação, de 
modo que, neste caso, não existem modificações cognitivas, devido 
ao conhecimento que se tem da realidade não ter sido alterado 
(MOREIRA, 2011). Logo, por meio da assimilação, o indivíduo pode 
adquirir uma primeira compreensão da realidade, o que não significa 
que, necessariamente, essa compreensão seja completa, sendo um 
fato dependente dos esquemas que já possui. No caso do exemplo da 
medição, dependendo do nível de desenvolvimento, pode ser que a 
criança obtenha uma informação incorreta devido à ausência, em sua 
estrutura cognitiva, de esquemas adequados para o trabalho com a 
medição. Se apenas a assimilação fosse responsável pela interpretação 
do conhecimento, não seria possível compreender a ocorrência de 
avanços. Por esse fato, a assimilação é constantemente associada ao 
processo de acomodação (STOLTZ, 2012).
A acomodação pode ser caracterizada como o processo de ajuste 
do sujeito ao novo objeto. Quando um sujeito não consegue assimilar 
determinada situação, sua mente desiste ou se modifica, sendo este 
segundo caso a situação em que o sujeito passa por acomodação, pois 
U1 - Tendências pedagógicas e teorias do desenvolvimento26
existe modificação nos esquemas que já estão presentes na estrutura 
cognitiva do sujeito ou criação de novos esquemas para a integração 
desse novo estímulo. De acordo com Moreira (2011, p. 100), é “por meio 
das acomodações (que, por sua vez, levam à construção de novos 
esquemas de assimilação) que se dá o desenvolvimento cognitivo”. 
Considerando o exemplo da medição, por meio de intervenções do 
professor ou de outros colegas, ou ainda de materiais de apoio, a 
criança pode aprender a trabalhar com os instrumentos de medidas e 
obter o comprimento correto do objeto em estudo.
Questão para reflexão
Considerando as características dos processos de assimilação e 
acomodação, por que os indivíduos não podem apenas acomodar sem 
assimilar?
De acordo com Stoltz (2012), se os indivíduos apenas acomodassem 
os estímulos seria possível apenas imitar, dificultando o emprego desse 
conhecimento em outras situações. Por isso, não existe acomodação 
sem assimilação, estes processos são indissociáveis entre si, sendo 
que o equilíbrio entre eles resulta na adaptação do indivíduo às novas 
situações. No caso da Matemática, por exemplo, considere que um 
estudante precisa resolver um problema, se a forma de resolução é 
conhecida por ele, então poderá resolvê-lo facilmente e assimilá-lo, 
porém, se não conhece a forma, será necessário estudar e adquirir 
novos conhecimentos de modo a possibilitar uma acomodação, 
implicando uma mudança em sua compreensão e no conhecimento 
da forma de resolução para o problema. Assim, conforme Moreira 
(2011, p. 101):
Os esquemas de assimilação representam, portanto, a 
forma de agir do organismo (mente) frente à realidade 
[...]. Em um alto nível de desenvolvimento cognitivo, um 
esquema de assimilação pode ser, por exemplo, uma teoria, 
mas para chegar até lá um longo caminho deve, sem dúvida, 
ser percorrido, passando pelos esquemas de assimilação 
característicos dos períodos de desenvolvimento mental. 
O desenvolvimento da criança é uma “construção” por 
reequilibrações e reestruturações sucessivas.
U1 - Tendências pedagógicas e teorias do desenvolvimento 27
Sendo assim, conforme Piaget, a criança se desenvolve por meio 
da ampliação e do refinamento dos esquemas que compõem sua 
estrutura cognitiva, mas desde que sejam respeitados os períodos de 
desenvolvimento mental nos quais se encontram.
2.2.2 Períodos de desenvolvimento mental
Outro aspecto importante da epistemologia genética, proposta 
por Piaget, são os períodos de desenvolvimento mental, também 
chamados de fases de transição. Em cada período, as crianças 
desenvolvem determinadas estruturas cognitivas, confirmadas pelo 
seu comportamento.
Fonte: adaptado de Piaget (1967).
Figura 1.2 | Períodos de desenvolvimento mental segundo Piaget
Período 
sensório-motor
(0 a 2 anos)
Período pré-
operatório
(2 a 7 anos)
Período das 
operações 
concretas
(7 a 12 anos
Período das 
operações formais
(a partir dos 
12 anos)
O primeiro período é chamado de sensório-motor, iniciando com o 
nascimento até por volta dos dois anos de idade. Nessa fase a criança 
está descobrindo o mundo ao seu redor, reagindo por meio de suas 
sensações. Logo após o nascimento, observa-se o predomínio de 
ações do tipo reflexo que, com o amadurecimento do sistema nervoso 
da criança e sua interação com o meio, modificam-se de modo a 
aperfeiçoar os esquemas presentes deste seu nascimento. “A criança, 
nesse estágio, não diferencia o seu eu do meio que a rodeia: ela é 
o centro e os objetos existem em função dela. Suas ações não são 
coordenadas, cada uma delas é ainda algo isolado e a única referência 
comum e constante é o próprio corpo” (MOREIRA, 2011, p. 97). Segundo 
Piaget (1967), os reflexos são gradativamente substituídos, nessa fase, 
pelas primeiras construções sensório-motoras, como é o caso dos 
esquemas de sucção, preensão, entreoutras, construídas a partir da 
interação do bebê com objetos e pessoas. De acordo com Stoltz 
(2012), nessa fase, é fundamental estimular a criança para a interação 
com objetos de texturas, cores e sons diferentes, possibilitando o 
reconhecimento de seu espaço com seus movimentos.
U1 - Tendências pedagógicas e teorias do desenvolvimento28
Na fase seguinte, denominada pré-operatória, a qual costuma se 
prolongar dos dois aos sete anos de idade, é possível verificar o início 
da representação simbólica, principalmente com o desenvolvimento 
da linguagem, da imagem mental, dos desenhos e imitações. Nesse 
período, observa-se a presença do egocentrismo psíquico, o qual 
dificulta a percepção, pela criança, de que suas necessidades, 
desejos e interesses podem ser diferentes dos demais indivíduos e 
que pessoas diferentes podem possuir pensamentos distintos, o que 
permite à criança imaginar-se como o centro do universo. Dentre as 
manifestações do egocentrismo (STOLTZ, 2012), podemos citar:
• Animismo: a criança acredita que os objetos e os demais seres 
vivos também possuem características semelhantes ao ser humano;
• Artificialismo: a criança acredita que o ser humano criou os 
fenômenos naturais;
• Realismo: a criança crê que as palavras, retratos, sonhos e/ou 
sentimentos existem de forma objetiva.
Também é possível observar nessa fase a presença dos “porquês”, 
ou seja, as crianças questionam sobre tudo o que as cerca.
Questão para reflexão
Grande parte das crianças da educação infantil encontram-se na fase 
pré-operatória. Sendo assim, como o professor da educação infantil 
pode organizar seu trabalho considerando as características das 
crianças que se encontram nessa fase?
Apesar da evolução em comparação com o estágio anterior, na fase 
pré-operatória as crianças não apresentam a reversibilidade mental e a 
lógica da conservação.
A reversibilidade mental permite a compreensão através do 
conhecimento do processo que levou dado objeto, fato ou 
fenômeno a ser o que é [...]. Quando a criança consegue 
retornar mentalmente ao ponto de partida, apreendendo o 
processo de transformação que levou a dado resultado, ela 
compreende o processo (STOLTZ, 2012, p. 31-32).
U1 - Tendências pedagógicas e teorias do desenvolvimento 29
Em relação à conservação, as crianças apresentam incapacidade 
de compreender que a mudança na aparência ou aspecto pode não 
interferir nas quantidades, pois sua atenção, em geral, volta-se apenas 
para um aspecto por vez. Por exemplo, suponha que seja apresentado 
à criança dois copos de mesmo formato, ambos com as mesmas 
quantidades de água. Ao transferir todo o conteúdo de um dos copos 
para outro, mais alto e fi no, conforme destacado na Figura 1.3, a criança 
pode apresentar difi culdade em observar que, apesar de apresentarem 
formatos diferentes, ambos os recipientes armazenam as mesmas 
quantidades de líquido. Essa difi culdade está associada à reversibilidade, 
pois se a criança fosse capaz de coordenar os momentos anteriores, 
estaria apta a apresentar uma resposta correta.
Fonte: elaborada pelo autor.
Figura 1.3 | Conservação
Questão para reflexão
De que forma o professor da educação infantil pode incentivar o 
desenvolvimento da reversibilidade e da conservação pelas crianças?
O período das operações concretas, que corresponde ao terceiro 
estágio, é observado, em geral, por volta dos sete aos doze anos, 
coincidindo parcialmente com o período do ensino fundamental. 
Devido a uma progressiva descentração em relação ao egocentrismo, 
a criança torna-se capaz de concentrar-se, desenvolver trabalhos 
individuais e em grupos, além do seu pensamento estar mais regulado 
por regras do que pela percepção, estando apta a descobrir a lógica 
presente nas relações e nas ações. A criança, nesse período, já manifesta 
um pensamento reversível, percebendo que cada operação está 
associada a uma operação inversa, relação presente, por exemplo, entre 
U1 - Tendências pedagógicas e teorias do desenvolvimento30
as operações de adição e subtração na Matemática. De acordo com 
suas pesquisas, Piaget concluiu que nesse estágio a criança está apta 
a consolidar as noções de conservação de número, de quantidade, de 
volume e de peso, analisando o mundo de forma lógica ou operatória, 
porém, ainda possui uma necessidade direta do mundo concreto para 
lidar com abstrações de modo que as operações realizadas por elas 
incidem diretamente sobre objetos reais, possuindo dificuldades para 
operar com hipóteses (PILETTI; ROSSATO, 2012).
Com o período seguinte, das operações formais, que tem início por 
volta dos 12 anos e se estende até a vida adulta, tem início um grupo 
de estruturas que possibilita a reorganização dos conhecimentos 
construídos no estágio anterior. Conforme Stoltz (2012, p. 39):
As estruturas operatório-formais avançam em relação às 
operatório-concretas porque as possibilidades, já iniciadas 
neste último período, estendem-se ao infinito. Não há mais 
limitação do real conhecido e vivido. É possível propor 
teorias a partir do que nunca se viveu ou experimentou no 
mundo real, simplesmente pela capacidade ampliada de 
dedução.
Assim, uma característica importante nesse período é o raciocínio 
proposicional, marcado pela possibilidade de deduzir informações com 
base na linguagem e em experiências anteriores, sem necessidade de 
recorrer diretamente aos objetos concretos, atingindo o modo adulto 
de pensar. Além disso, é possível observar também a formação da 
personalidade de cada indivíduo e sua inserção no mundo adulto.
De acordo com Piaget (1967), a sequência dos períodos de 
desenvolvimento é sempre a mesma para todos os indivíduos, ou 
seja, todas as crianças devem passar pelos períodos citados na ordem 
que foram apresentados na epistemologia genética. Porém, é possível 
ocorrer variações em relação ao ritmo de desenvolvimento e às faixas 
etárias nas quais os indivíduos manifestam as características dominantes 
de cada período.
U1 - Tendências pedagógicas e teorias do desenvolvimento 31
Questão para reflexão
Quais as implicações pedagógicas da teoria de Piaget para o ensino da 
Matemática na educação infantil?
2.2.3 Epistemologia genética e a aprendizagem
Piaget (1967), em sua teoria, também propõe caracterizações 
para o conhecimento construído pelo indivíduo ao longo de seu 
desenvolvimento cognitivo, categorizado como: conhecimento físico, 
conhecimento lógico-matemático e conhecimento social.
O conhecimento físico está relacionado às propriedades físicas dos 
objetos. Este tipo de conhecimento é construído pelo indivíduo a partir 
da manipulação dos objetos, por meio de observações e de outras 
ações executadas por ele, construindo, entre outras, as noções de 
tamanho, espessura, textura, descoberta das diferentes cores. Assim, 
este conhecimento é obtido diretamente da interação com os objetos 
por meio de abstração empírica (ARAMAN, 2009).
Por outro lado, o conhecimento lógico-matemático está relacionado 
com a possibilidade de estabelecer relações mentais, muitas vezes, 
a partir dos conhecimentos físicos. Este tipo de conhecimento é 
construído por meio de abstração reflexiva, de modo que as relações 
estabelecidas não estão presentes diretamente nos objetos, mas na 
forma como o sujeito os analisa. Associado à esta categoria, temos 
o desenvolvimento das noções de número, massa, volume, área, 
velocidade, tempo, entre outros (ARANÃO, 2007).
Apesar de defender a construção do conhecimento pelo indivíduo, 
Piaget não descarta a necessidade da interação do indivíduo com a 
sociedade. O conhecimento social, como é o caso da linguagem, é 
obtido por meio das ações do sujeito e das interações sociais, por isso 
existe a necessidade das experiências com outros para que ocorra o 
desenvolvimento cognitivo. No caso da Matemática, por exemplo, 
apesar da construção do conceito de número estar diretamente 
associada ao conhecimento lógico-matemático, o conhecimento 
da sequência numérica e as nomenclaturas são construídoshistoricamente e convencionados socialmente, sendo transmitidos por 
meio das interações sociais (ARAMAN, 2009).
Considerando a epistemologia genética, podemos observar que 
U1 - Tendências pedagógicas e teorias do desenvolvimento32
as crianças se desenvolvem cognitivamente por meio da ampliação e 
refinamento de seus esquemas – processos decorrentes da assimilação 
e da acomodação – na busca por um estado de equilíbrio. Assim, para 
que ocorra a aprendizagem, ou seja, o aumento do conhecimento, 
é necessário que o esquema de assimilação sofra acomodação 
(MOREIRA, 2011).
Devido a esse fato, nas instituições de ensino é necessário a 
organização do trabalho pedagógico voltado à proposição de tarefas 
significativas e que contribuam para a ocorrência desses processos. 
Colocar o indivíduo diante de fontes de desequilíbrio, proporcionando 
meios e instrumentos para que possam superar suas dificuldades, 
é uma estratégia importante para que os alunos possam crescer 
cognitivamente de modo a atingir um estado de equilíbrio no qual 
existam esquemas cada vez mais refinados e capazes de auxiliá-lo no 
trabalho com as mais diversas situações.
Além disso, ao analisarmos os períodos de desenvolvimento mental, 
podemos verificar que o pensamento dos indivíduos deve, ao longo 
de seu desenvolvimento, atingir diferentes estágios, de tal forma a se 
estruturar para que o sujeito possa lidar, dentre outros, com a abstração 
e com a reflexão a partir de hipóteses, sem a necessidade de recorrer 
diretamente ao concreto, adquirindo uma certa flexibilidade em seu 
pensamento. No entanto, assim como é apresentado por Piaget (1967), 
existem dificuldades inerentes a cada estágio e que são próprias do 
processo de desenvolvimento cognitivo. Por isso, na estruturação das 
atividades a serem propostas na escola, com base na epistemologia 
genética, é necessário considerar os estágios em que os alunos se 
encontram para que as atividades sejam significativas, proporcionando 
desafios pelos quais os alunos consigam se desenvolver e ampliar sua 
estrutura cognitiva.
Em síntese, para Piaget (1967), a construção do conhecimento em 
sala de aula deve ser realizada de forma gradativa e sem que haja a 
pura e simples transmissão do conhecimento pelo professor. O aluno 
deve ser incentivado a assumir uma postura ativa, sendo colocado 
diante de situações que provoquem um desequilíbrio em sua estrutura 
cognitiva de modo que, a partir da percepção, da observação e da 
experimentação, possa superar suas dificuldades, desenvolvendo 
novos esquemas ou refinando os que já possui, mas desde que seja 
respeitado o período de desenvolvimento no qual se encontra.
U1 - Tendências pedagógicas e teorias do desenvolvimento 33
Logo, considerando a teoria de Piaget, é importante que o professor 
reflita a respeito dos pressupostos teóricos, e que esteja apto a analisar 
os níveis de desenvolvimento dos alunos pelos quais está responsável, 
de modo a organizar seu trabalho favorecendo o seu desenvolvimento, 
de acordo com suas habilidades e seus conhecimentos.
Para saber mais
Para aprofundar os estudos a respeito da epistemologia genética, 
proposta por Piaget, estude o artigo Fundamentos da Teoria Piagetiana: 
esboço de um modelo, disponível no link <http://www.rchunitau.com.
br/index.php/rch/article/viewFile/192/99>. Acesso em: 13 ago. 2017
Atividades de aprendizagem
1. De acordo com Jean Piaget, em sua epistemologia genética, o 
desenvolvimento cognitivo é descrito por períodos, os quais são 
caracterizados pelo surgimento de novas estruturas que os distinguem dos 
demais, além de favorecerem a compreensão do processo da construção do 
conhecimento pelo ser humano. Associe os períodos de desenvolvimento 
(representados por I, II e III) com suas respectivas características (indicadas 
por A, B e C):
Assinale a alternativa que indica as associações corretas:
a) I – A; II – B; III – C.
b) I – A; II – C; III – B.
c) I – B; II – A; III – C.
d) I – B; II – C; III – A.
e) I – C; II – B; III – A.
I. Pré-operatório.
II. Operatório concreto.
III. Operatório formal.
A. A criança apresenta o desenvolvimento da linguagem e 
de outras formas de representação. Seu raciocínio nesse 
estágio é pré-lógico.
B. As estruturas cognitivas da criança a possibilitam aplicar 
o raciocínio lógico a qualquer classe de problemas.
C. A criança começa a apresentar a capacidade de aplicar 
o pensamento lógico em problemas concretos.
U1 - Tendências pedagógicas e teorias do desenvolvimento34
2. Piaget estudou a respeito das construções psicológicas associadas 
às operações matemáticas nas crianças, defendendo o fato de que o 
desenvolvimento da inteligência matemática nas crianças pode ocorrer, 
primeiramente, quando elas aprendem conceitos matemáticos sem perceber 
que se trata de Matemática, resolvendo-os em função de suas inteligências, 
em que “todo aluno normal é capaz de um bom raciocínio matemático 
desde que se apele para a sua atividade e se consiga assim remover as 
inibições afetivas que lhe conferem com bastante frequência um sentimento 
de inferioridade nas aulas que versam sobre essa matéria” (PIAGET, 2005, p. 
57). A partir de seus estudos, Piaget apresentou a caracterização de três tipos 
de conhecimento: físico, social e lógico-matemático, fundamentais para a 
construção do conceito de número pela criança. Descreva cada um desses 
tipos de conhecimento sistematizados por Jean Piaget.
2.3 Lev S. Vygotsky
Lev Semionovitch Vygotsky (1896-1934) é considerado o principal 
representante da Psicologia Histórico-Cultural. Em contraposição a 
Piaget, Vygotsky defende que o desenvolvimento cognitivo não pode 
ocorrer sem que haja referência direta aos contextos social, histórico e 
cultural (MOREIRA, 2011). Assim, ele valoriza tanto o aspecto biológico 
quanto o social para compreender o desenvolvimento cognitivo dos 
indivíduos.
Em sua teoria, Vygotsky valoriza algumas funções que possibilitam 
diferenciar os homens dos animais, denominadas por ele como 
funções psicológicas superiores e que podem ser caracterizadas 
como as ações que são controladas de forma consciente, como a 
memorização ativa, a atenção voluntária, o pensamento abstrato e 
o comportamento intencional (STOLTZ, 2012). Conforme Coelho 
(2014, p. 81), “o desenvolvimento mental se inicia quando a criança 
passa a inibir suas funções primitivas e começa a desenvolver formas 
complexas de adaptação, ou suas funções psicológicas superiores”. 
Assim, essas funções têm origem social e seu desenvolvimento em 
um processo histórico, surgindo inicialmente nas relações sociais, nas 
interações com outros sujeitos, para que, posteriormente, possam ser 
reguladas e controladas pelo próprio indivíduo, ou seja, aos poucos o 
mundo externo passa a ser internalizado pelo sujeito.
U1 - Tendências pedagógicas e teorias do desenvolvimento 35
Questão para reflexão
Como as relações sociais podem ser convertidas em funções 
psicológicas?
Para Vygotsky (1988), a conversão de relações sociais em funções 
psicológicas só pode ser realizada por meio de um processo de 
mediação, não sendo direta. Nesse processo, é imprescindível o 
emprego de instrumentos e signos. Esse autor “compreende que o 
nosso desenvolvimento está vinculado à natureza e à qualidade das 
mediações que realizamos ou das quais participamos, bem como ao 
quanto aprendemos a fazer uso de instrumentos da cultura” (PILLETI; 
ROSSATO, 2012, p. 84).
Os instrumentos são ferramentas que possibilitam a transformação 
do ambiente, podendo ser utilizados para realizar algo. Por outro lado, 
os signos são sistemas simbólicos utilizados na representação de algo, 
entre os quais podemos citar os números, que são signos matemáticos, 
e os signos linguísticos. Os instrumentos e os sistemas simbólicos são 
criados e modificados historicamente pelas sociedades, influenciando 
seu desenvolvimento social e cultural (MOREIRA, 2011).
Entre os diversos sistemas simbólicos existentes, para Vygotsky 
(1987), a linguagem é o mais importante parao desenvolvimento 
cognitivo dos indivíduos, por permitir que se afastem cada vez mais 
dos contextos concretos, auxiliando na flexibilização do pensamento 
conceitual e proposicional. Desta forma, “a fala é extremamente 
importante no desenvolvimento da linguagem. Portanto, o 
desenvolvimento da fala deve ser, na perspectiva de Vygotsky, um 
marco fundamental no desenvolvimento cognitivo da criança” 
(MOREIRA, 2011, p. 112). Por meio da linguagem, os indivíduos podem 
reestruturar seus pensamentos, pois para transmitir verbalmente uma 
informação é preciso, previamente, reorganizar seus conhecimentos 
para que possam ser transmitidos de forma clara aos demais indivíduos. 
De acordo com Stoltz (2012, p. 57):
U1 - Tendências pedagógicas e teorias do desenvolvimento36
Para Vygotsky (1994) [...], pensamento e linguagem se unem 
graças ao trabalho humano. Com o trabalho, refinou-se 
o uso de instrumentos [e signos] e surgiu a necessidade 
de planejamento para uma ação coletiva, o que levou ao 
aprimoramento da comunicação social. Desenvolveu-se, 
assim, durante o trabalho, a necessidade de intercâmbio dos 
indivíduos, o que determinou um salto no desenvolvimento 
humano. O pensamento verbal é o mais presente na ação 
psicológica especificamente humana.
Questão para reflexão
Considerando a perspectiva de Vygotsky, de que forma a linguagem 
pode favorecer a construção de conhecimentos matemáticos pelas 
crianças na educação infantil?
Outro conceito fundamental da teoria proposta por Vygotsky é 
a zona de desenvolvimento proximal (ZDP), criada para auxiliar na 
compreensão do processo de internalização, fundamental para o 
desenvolvimento cognitivo dos sujeitos. De acordo com o autor, a 
zona de desenvolvimento proximal é caracterizada pela distância 
entre o nível de desenvolvimento atual ou real do indivíduo – ou seja, a 
capacidade que possui para resolver problemas de forma independente, 
considerando as funções que já foram desenvolvidas por ele – e seu 
nível de desenvolvimento potencial – isto é, a capacidade de responder 
sob orientações externas a ele, como na associação com sujeitos mais 
capazes, por exemplo (OLIVEIRA, 2011). 
A zona de desenvolvimento proximal pode ser interpretada 
como uma medida do potencial de aprendizagem dos indivíduos, 
correspondendo à região na qual ocorre o desenvolvimento cognitivo. 
Desta forma, para que a aprendizagem ocorra, as interações sociais 
devem ser realizadas na zona de desenvolvimento proximal, que por 
sua vez é dinâmica, modificando-se em função do desenvolvimento 
dos indivíduos. 
Cada indivíduo pode possuir diversas ZDPs, pois, por exemplo, o 
nível de desenvolvimento real de um indivíduo em relação à Matemática 
pode ser completamente diferente de seu nível real em relação à área 
de História. Por isso, é importante que o professor, na organização de 
U1 - Tendências pedagógicas e teorias do desenvolvimento 37
seu trabalho, busque investigar o nível de desenvolvimento real de seus 
alunos para que possa, por meio da proposição de atividades e das 
interações sociais, favorecer o seu desenvolvimento,
Fonte: adaptado de Vygotsky (1988).
Figura 1.4 | Zona de desenvolvimento proximal segundo Vygotsky
Zona de Desenvolvimento Proximal
Nível de
desenvolvimento real
Nível de 
desenvolvimento
potencial
Segundo Stoltz (2012), os jogos e as brincadeiras podem propiciar a 
criação de ZDPs pelas crianças, pois nessas atividades podem assumir 
papéis que estão além de seu desenvolvimento, refletindo sobre os 
conhecimentos que aprenderam através do meio social e cultural 
no qual estão inseridas. Conforme Pilleti e Rossato (2012, p. 84), 
considerando a teoria de Vygotsky:
Reforça-se, desse modo, a importância e a necessidade de 
que as mediações proporcionadas às crianças, desde muito 
cedo, sejam ricas em oportunidades de aprendizagem 
e possam mediar a apropriação das significações 
socialmente produzidas, pois ao dar sentido aos objetos, 
normas, valores, papéis sociais, experiências, por exemplo, 
individualiza-se e constrói um modo próprio de ser no 
mundo, pleno de significações.
U1 - Tendências pedagógicas e teorias do desenvolvimento38
Desta forma, com base na teoria proposta por Vygotsky, o professor 
deve assumir o papel de mediador entre os conteúdos, os alunos e a 
cultura. O professor deve organizar seu trabalho de forma a proporcionar 
aos alunos condições para desenvolverem suas funções psicológicas 
superiores, como o pensamento, a linguagem, a atenção voluntária e a 
imaginação, sempre considerando que os aspectos sociais, históricos e 
culturais são fundamentais para que as crianças possam construir seus 
conhecimentos, valorizando as interações sociais como fundamentais 
para que esse processo ocorra.
Questão para reflexão
Como a teoria de Vygotsky pode contribuir com a organização do 
trabalho com a Matemática nas salas de aula da educação infantil?
Para saber mais
O estudo das teorias de aprendizagem pode contribuir para a 
organização do trabalho pedagógico voltado à construção de 
conhecimentos matemáticos. Para maiores informações a respeito das 
contribuições de Piaget e Vygotsky para o ensino da Matemática, estude 
o artigo O ensino da matemática: contributos pedagógicos de Piaget 
e Vygotsky, que pode ser acessado no link <http://www.psicologia.pt/
artigos/textos/A0258.pdf>. Acesso em: 12 ago. 2017.
2.4 Henri Wallon
Henri Paul Hyacinthe Wallon (1879-1962) nasceu na França, fez 
graduação em Medicina, Filosofia e Psicologia, além de ter atuado 
também na política por influência de seu avô. Devido à essa influência, 
buscou estudar uma Pedagogia politicamente comprometida (PILETTI; 
ROSSATO, 2012).
Diferindo das teorias propostas até então, Wallon defendia que as 
escolas deveriam proporcionar uma formação integral aos alunos, 
não apenas intelectual, mas também afetiva e social. Um aspecto 
que diferencia sua teoria das demais é a consideração das emoções 
dos indivíduos como aspecto importante em seu desenvolvimento, 
U1 - Tendências pedagógicas e teorias do desenvolvimento 39
sendo um elemento que muitas vezes é desconsiderado no processo 
educacional. Segundo esse autor, o afeto é uma condição indispensável 
para a cognição. Além disso, para ele, “a atividade da criança só é possível 
graças aos recursos oferecidos tanto pelo instrumental material quanto 
pela linguagem utilizada a seu redor” (OLIVEIRA, 2011, p. 134), de tal 
forma que a mediação realizada por outras pessoas é fundamental na 
construção do pensamento a da consciência de si.
Wallon fundamentou suas ideias em quatro elementos básicos 
que estão inter-relacionados, a saber: a afetividade, o movimento, a 
inteligência e a formação do eu como pessoa.
O desenvolvimento infantil é dialético e repleto de crises 
e conflitos. As mudanças na vida da criança ocorrem aos 
saltos e provocam reestruturações no seu comportamento, 
mediadas por fatores biológicos (maturação do organismo) 
e sociais (situações novas, descobertas de possibilidades, 
novos estímulos etc.). Para Wallon, a individualidade 
é estabelecida pela interação com o meio ambiente. 
(COELHO, 2014, p. 74)
Contrário a Piaget, Wallon defende que a inteligência surge após a 
afetividade, a partir dela e conflitando com ela. Por isso, para estimular a 
inteligência seria necessário, previamente, estimular a afetividade, o que 
pode justificar, por exemplo, o fato de que algumas crianças aprendem 
mais rapidamente quando “gostam” do professor. Assim, não é possível 
separar as dimensões afetivas e cognitivas, estando ambas presentes 
nas mais diversas atividades realizadas pelos sujeitos. Além disso, não é 
possível impor um limite para a inteligência humana.
Questão para reflexão
Como os aspectos afetivos podem influenciar na aprendizagem de 
conceitos da Matemática na educação infantil?
U1 - Tendências pedagógicas e teorias do desenvolvimento40
Apesar das diferenças existentes entre as teorias propostas por 
Piaget e Wallon, o segundo também defendeu que o desenvolvimentoocorre a partir de etapas sucessivas, ainda que não ocorra de forma 
linear, além da possibilidade de diferenciações entre os sujeitos no que 
se refere às faixas etárias e às durações de cada estágio. 
Wallon (1972) propõe que o desenvolvimento cognitivo infantil pode 
ser subdividido em quatro estágios: impulsivo-emocional, sensório-
motor e projetivo, personalismo e categorial.
Período 
impulsivo-
emocional
(0 a 1 anos
Período 
sensório-
motor e 
projetivo
(1 a 3 anos)
Período do 
personalismo
(3 a 6 anos)
Período 
categorial
(7 a 12 ou 
14 anos)
Figura 1.5 | Estágios de desenvolvimento segundo Wallon
Fonte: adaptada de Wallon (1971).
No primeiro estágio, o impulsivo-emocional, o qual inicia com 
seu nascimento e vai até por volta de um ano de idade, observa-se 
um predomínio inicial de movimentos involuntários e impulsivos que, 
gradativamente, são substituídos por respostas afetivas das crianças 
aos indivíduos ao seu redor, sendo estes mediadores entre o bebê 
e a realidade externa. É por meio da afetividade que os primeiros 
vínculos são formados entre as crianças e os demais sujeitos, sendo 
que a mediação possibilita a passagem para um estado cognitivo. Esse 
estágio ainda é caracterizado por uma dependência total do outro em 
sua fase inicial, evoluindo para a individualização, por volta de um ano 
de idade (COELHO, 2014).
O estágio seguinte, denominado sensório-motor e projetivo, 
observado entre um e três anos de idade aproximadamente, é 
caracterizado pelo desenvolvimento de movimentos de preensão e 
marcha, possibilitando maior autonomia à criança. Com o surgimento 
da linguagem, o ato motor reduz-se para dar espaço às ações mentais, 
sendo o pensamento impulsionado pela fala (PILETTI; ROSSATO, 2012).
No estágio do personalismo, observado predominantemente dos 
três aos seis anos de idade, tem início a formação da personalidade, 
além da existência de conflito associado à busca pela autonomia e 
U1 - Tendências pedagógicas e teorias do desenvolvimento 41
ao fortalecimento dos vínculos familiares. Com a inserção da criança 
no ambiente escolar ocorre um estímulo ao desenvolvimento da 
autonomia, devido à necessidade de realizar escolhas, como a seleção 
das brincadeiras, dos amigos, de livros etc. A afetividade manifesta-
se de forma mais simbólica, por meio de palavras e ideias (PILETTI; 
ROSSATO, 2012).
O estágio categorial, que vai de sete a doze ou quatorze anos, 
está relacionado ao avanço da inteligência, empregada de forma 
mais frequente pelas crianças no interesse pela exploração, pelo 
conhecimento e em suas relações com o meio, buscando definir seu 
ponto de vista em comparação com os demais. Nessa etapa, observa-
se também o início da adolescência, com a busca por uma redefinição 
da personalidade do indivíduo, mas ainda com a afetividade cada vez 
mais racionalizada, com a elaboração de teorias a respeito de sua 
identidade e suas relações afetivas (COELHO, 2014).
Questão para reflexão
Quais são as semelhanças e diferenças que podem ser identificadas 
entre os períodos de desenvolvimento mental, propostos por Piaget, e 
os estágios apresentados por Wallon em sua teoria?
De acordo com Coelho (2014, p. 78):
Como o indivíduo se constitui pelas interações com o meio, 
é importante que o professor estude o comportamento 
dos alunos e conheça as dificuldades que encontram. 
Wallon [...] defende que o professor conheça o histórico e 
as condições de seus alunos, mas reconhece a dificuldade 
disso quando a escola exclui o meio social e cultural de 
onde vieram esses alunos.
Assim, de acordo com Wallon (1971), para que a criança se 
desenvolva como um indivíduo adulto, é fundamental ter como foco 
todos os fatores que o constituem como ser humano, considerando 
que não é possível que a criança se desenvolva integralmente sem que 
haja preocupação com suas emoções, os aspectos motores, cognitivos 
e sua identidade, observando as inter-relações existentes entre estes 
campos e suas influências para o desenvolvimento cognitivo.
U1 - Tendências pedagógicas e teorias do desenvolvimento42
Para saber mais
Para aprofundar os estudos a respeito da teoria proposta por Henri 
Wallon e suas implicações para a educação infantil, estude o artigo A 
psicogenética de Wallon e a educação infantil, que pode ser acessado 
no link <https://periodicos.ufsc.br/index.php/perspectiva/article/
viewFile/10629/10163>. Acesso em: 12 ago. 2017.
Atividades de aprendizagem 
1. Com base nas principais características das teorias de desenvolvimento 
cognitivo propostas por Vygotsky e Wallon, analise as afirmações 
apresentadas a seguir:
I. Um conceito fundamental para a teoria desenvolvida por Vygotsky é a zona 
de desenvolvimento proximal, caracterizada pela distância entre o nível de 
desenvolvimento real e o nível de desenvolvimento potencial dos sujeitos, 
região na qual o professor deve intervir para favorecer a aprendizagem.
II. De acordo com a teoria proposta por Wallon, as emoções são consideradas 
como as primeiras manifestações da afetividade, fator que motiva o 
movimento, o qual também contribui para o desenvolvimento, possuindo 
caráter pedagógico no que se refere ao estímulo para o desenvolvimento 
da linguagem.
III. Vygotsky defende que o desenvolvimento cognitivo ocorre por meio de 
etapas sucessivas, identificadas por meio de suas características comuns, 
permitindo a organização pedagógica, tendo em vista o desenvolvimento 
individual de cada sujeito, desconsiderando os aspectos sociais e culturais.
A partir das afirmações apresentadas, assinale a alternativa correta:
a) Apenas a afirmação II está correta.
b) Apenas a afirmação III está correta.
c) Apenas as afirmações I e II estão corretas.
d) Apenas as afirmações I e III estão corretas.
e) Apenas as afirmações II e III estão corretas.
U1 - Tendências pedagógicas e teorias do desenvolvimento 43
2. Dois grandes teóricos que divergem em alguns pontos em relação 
a Piaget são: o psicólogo Vygotsky (1896-1934) e o filósofo, médico, 
psicólogo e político Wallon (1879-1962). Os dois teóricos abordam de 
formas distintas o desenvolvimento cognitivo, mas ambos valorizam papel 
ativo do aluno neste processo. Considerando estas informações, explique 
as principais características das teorias de aprendizagem propostas por 
Vygotsky e Wallon.
Fique ligado
Nesta unidade, você aprendeu sobre:
• A importância do estudo das principais tendências pedagógicas 
para a organização do trabalho pedagógico.
• As principais características da tendência Formalista Clássica, 
também chamada de Escola Tradicional.
• As características da tendência Empírico-Ativista ou Escola 
Nova.
• A origem e as principais características do movimento da 
Matemática Moderna.
• As principais características do Construtivismo e alguns dos 
principais teóricos associados.
• A tendência Sociointeracionista e os pressupostos teóricos 
adotados por um de seus principais representantes, Lev S. Vygotsky.
• O que são teorias de aprendizagem e suas implicações 
pedagógicas.
• Os principais conceitos presentes na epistemologia genética, 
teoria de desenvolvimento elaborada por Jean Piaget.
• A importância dos contextos social, histórico e cultural para o 
desenvolvimento, presentes na teoria de aprendizagem proposta por 
Lev S. Vygotsky.
• A formação integral do sujeito com base na teoria de 
aprendizagem proposta por Henri Wallon.
U1 - Tendências pedagógicas e teorias do desenvolvimento44
Para concluir o estudo da unidade
Nesta unidade, estudamos a respeito de algumas das tendências 
pedagógicas e das teorias de aprendizagem que podem orientar 
a organização do trabalho pedagógico na educação infantil. Nosso 
objetivo era conhecer estas teorias de forma a compor um referencial 
teórico que poderá nos auxiliar em estudos posteriores a respeito de 
como trabalhar com a Matemática na educação infantil.
Espero que os conceitos apresentados possam auxiliá-lo na 
compreensão a respeito das teorias citadas, principalmente em 
relação às tendências pedagógicas

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