Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
1 P1 Emergências – Maria Luisa BRADICARDIA O que define uma bradicardia? • Qualquer ritmo em que a frequência cardíaca esteja < 60 bpm. Algumas referencias tem valores diferentes, mas no geral se adota esse marco. Toda bradicardia é preocupante? • Nem sempre as situações de bradicardia significam um mal prognóstico. Exemplo: bradicardia sinusal em atletas. • Algumas bradiarritmias podem provocar sinais de instabilidade – síndrome de baixo débito cardíaco. Intervalo PR: do início da onda p ao início da onda R. O intervalo até 5 quadradinhos é considerado normal. Traduz a condução pelo nó AV. → Intervalo PR > 5 quadradinhos significa um BAV de 1º grau (quando é isolado, sem outras alterações). A medida em que aumenta o grau do BAV, ele se torna mais preocupante, traduzindo gravidade. BAV de 1º grau costuma ser bem tolerado, não cursa com instabilidade. BAV de 2º grau: Mobitz I; Mobitz II e do tipo 2:1 (em ordem crescente de gravidade) Mobitz I: • Apresenta intervalo PR que aumenta progressivamente, até que chega a um boqueio de onda P (não gera um complexo QRS). Mobitz II: • Intervalos PR que antecedem a P bloqueadas são constantes, há um BAV súbito de onda P. 2:1 • Apresenta 2 ondas P para cada complexo QRS – onda P inicial não consegue passar estímulo para os ventrículos. Exemplos de Bradicardias: A: Bradicardia sinusal → Ondas P procedem complexos QRS, não há atraso de condução AV, ritmo normal, FC = 34bpm. B: Assistolia – pausa sinusal → Nó sinusal não gerou estímulo em algum momento, não houve despolarização atrial (ausência de P). Pausas maiores que 3s são mais perigosas. C: Mobitz II → Intervalos PR constantes e P que bloqueia subitamente. D: BAV 3:1/ BAV avançado → Há 3 ondas P (despolarização atrial) para cada QRS (despolarização ventricular). Frequência atrial é 3x maior que a frequência ventricular. E: BAV total → Entalhe no final do QRS/ inicio do segmento ST. Entalhe vai se alongando e se tornando pontiagudo, na realidade é uma onda P incrustada ao QRS, de forma que os intervalos P-P são constantes. Frequência atrial = 100 bpm. Frequência ventricular = 35 bpm. Não há conexão de átrios 2 P1 Emergências – Maria Luisa com os ventrículos, se ativam de forma independente. Há acionamento do ritmo de escape ventricular. = BAV total Algoritmo para atendimento de bradicardia com pulso • Para ser bradicardia há de se esperar que FC < 60 bpm. Primeiro passo é a busca pelos critérios de instabilidade • Bradicardia estável não necessita de conduta imediata, pode, de início, apenas observar e fazer exames com tranquilidade. • Critérios de instabilidade denotam maior necessidade de intervenção. Definição de instabilidade: 4Ds • Dor torácica anginosa clássica • Dispneia ou congestão (aguda) • Diminuição do nível de consciência/ desorientação – rebaixamento do nível do sensório • Diminuição da pressão – sinais de choque → é um dos critérios de bradiarritmia que menos vemos. Redução do debito cardíaco eleva a pressão sistólica de forma compensatória, para corrigir a bradicardia. É mais comum estar hipertenso, sendo que a hipertensão não é um dos critérios de instabilidade. 1ª medida diante da instabilidade: Realizar dose de Atropina EV – 0,5 mg em “bolus”, repetir a cada 3 a 5 min (máximo: 3mg) O efeito da atropina é imediato – segundos após a infusão. Não é duradouro, tende a ser temporário. Algumas vezes o uso da atropina não é eficaz para que se reverta a situação. Na prática, se não apresentou resultado após 3 tentativas, tentar outra opção. Em tese pode fazer até 6 vezes (repetindo a cada 3-5 min e considerando a dose máxima de 3mg). A atropina é um receptor muscarínico: bloqueia o sistema nervoso parassimpático, que gera bradicardia e hipotensão. • Simpático estimula atividade cardíaca, faz taquicardia. A atropina bloqueia a ação parassimpática (bradicardia natural), e com isso, tenta elevar a FC do paciente. Se a atropina for ineficaz • Estimulação transcutânea – utilização de marcapasso transcutâneo (promove estimulação artificial através da pele – é desconfortável, gera muita dor ao paciente. É necessário fazer a sedação do paciente), ou • Infusão de dopamina IV (2 a 20 mcg/kg por minuto) – ou • Infusão de epinefrina EV (2-10 mcg por minuto) • “Ou norepinefrina ou dobutamina” Dopamina, epinefrina, norepinefrina e dobutamina são feitas em bomba infusora. Considerar em última opção: Estimulação transvenosa, passar um marcapasso provisório, transvenoso. Seria a opção mais segura (eletrodo dentro do coração, que junto ao músculo cardíaco gera um estímulo de contração). A estimulação transcutânea dura por horas, vai precisar intubar o paciente. Não é muito seguro, deve manter o paciente sedado e possivelmente intubado com ventilação mecânica pelo tempo de uso. (professor considera apenas na última opção na prática- usa pouco. Para a diretriz, as medidas são igualmente eficazes, e a transcutânea vem em primeiro lugar). Estimulação transcutânea: Funciona acoplado ao desfibrilador. Desacoplar pá metálica, acoplar adesivos, posicionar o paciente. Ligar a função marcapasso, selecionar 70-80 bpm e ajustar energia (10 miliamperes, 15, 20, 25 ... até começar a perceber estímulo cardíaco no ECG). Marcapasso transvenoso: Pegar acesso venoso central com duplo lúmen (preferencialmente na jugular direita), puncionar, passar o fio guia e introduz dilatador com bainha do marcapasso, retirar dilatador e deixar a bainha (por dentro passa o cabo eletrodo). Ligar o marcapasso a uma unidade geradora externa. Capa protetora estéril é acoplada ao cabo eletrodo. Importante pois, por vezes, o cabo muda de posição no paciente internado, sendo necessário reajustar a posição. 3 P1 Emergências – Maria Luisa
Compartilhar