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AULA-07-FORMAÇÃO-DOCENTE-NO-BRASIL

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FORMAÇÃO DOCENTE NO BRASIL 
 
 
A escolha dos materiais mais adequados deve ser feita pelo professor, 
que deve considerar tanto as características dos alunos com os quais está 
atuando quanto os conteúdos e as práticas pedagógicas que deverão ser 
desenvolvidas com eles. Ao levar em consideração as particularidades de 
seus alunos, o professor deve, sempre que necessário, ajustar os materiais 
de maneira a individualizá-los, ou seja, torná-los adequados aos saberes que 
os alunos já têm, apresentando desafios possíveis, que promovam avanços 
no processo de construção de conhecimentos. A individualização dos 
materiais é uma demanda constante na atuação docente, a fim de que todos 
os alunos possam aprender. 
Neste capítulo, você poderá ampliar seus conhecimentos sobre os 
materiais pedagógicos, conhecendo parte da história dos processos que 
garantiram sua inclusão nas práticas educativas e refletindo sobre os usos e 
as funções de alguns deles. 
AULA 07 
PRODUÇÃO E 
SOCIALIZAÇÃO DE 
SABERES 
PEDAGÓGICOS 
 
 
 
São objetivos desta aula: 
• Conceituar material pedagógico. 
• Reconhecer o significado histórico e simbólico do material pedagógico. 
• Analisar os tipos de materiais pedagógicos, seus usos e funções. 
7 A IMPORTÂNCIA DO MATERIAL PEDAGÓGICO 
Com grande relevância nos processos de ensino e aprendizagem, o material 
pedagógico pode ser entendido como um recurso utilizado nos procedimentos de 
ensino para oportunizar as aprendizagens dos alunos e aproximá-los dos conteúdos 
propostos. São considerados materiais pedagógicos os conjuntos de materiais, 
objetos e brinquedos que são usados, nas práticas educativas, com finalidades 
didáticas (BANDEIRA, 2009). Portanto, esses materiais são instrumentos 
pedagógicos que apoiam as ações docentes e as aprendizagens dos educandos e 
que fazem parte do planejamento da escola, na medida em que servem de referência 
para os processos educativos. 
Os materiais pedagógicos podem ser mais tradicionais, como os materiais 
impressos, que, de acordo com as modalidades e as etapas da educação formal, bem 
como das particularidades dos educandos a que são destinados, podem assumir o 
formato de cadernos de atividades, guia do aluno, guia do professor, livro-texto, livro 
didático, livro paradidático, ilustrações, mapas, entre outros (BANDEIRA, 2009). Ou, 
de outro modo, esses materiais podem ter como suporte as novas tecnologias da 
informação e comunicação (TICs), como é o caso, por exemplo, dos materiais 
pedagógicos audiovisuais. 
Segundo Bandeira (2019, p. 20), o material audiovisual é “um produto, objeto, 
ou processo que, ao trabalhar com estímulos sensoriais da audição e da visão, 
objetiva uma troca comunicacional”. O uso de materiais pedagógicos audiovisuais em 
sala de aula é bastante interessante para oportunizar aos alunos a visualização de 
situações distantes no tempo e no espaço, além de promover o contato com diferentes 
representações da realidade (BRASIL, 2003). 
As TICs têm possibilitado novas formas de produção, armazenamento e 
distribuição de informações e conhecimentos, sobretudo por meio de computadores, 
smartphones, e outros aparelhos conectados à web. Assim como nas diversas esferas 
da vida cotidiana e do mundo do trabalho, as TICs têm sido também incorporadas às 
práticas educativas, servindo de suporte para a veiculação de materiais pedagógicos 
de apoio aos processos de ensino e aprendizagem. Sua crescente incorporação 
nesses processos tem permitido a ampliação da oferta de materiais didáticos e 
pedagógicos nas diferentes etapas e modalidades de ensino, além do atendimento de 
demandas específicas e do desenvolvimento de produtos individualizados 
(BANDEIRA, 2009). 
Além de considerar as finalidades educativas, é importante que, durante a 
escolha do tipo de material pedagógico, o professor tenha em conta o contexto em 
que ele será utilizado, atentando para o perfil dos estudantes e para os recursos 
disponíveis no local onde a aula vai ocorrer (BANDEIRA, 2009). Ainda, o professor 
sempre deve individualizar e adaptar os materiais, visando a atender as 
especificidades dos alunos e do contexto particular no qual o trabalho está ocorrendo 
(ZABALA et al., 2016). 
Mesmo com os diversos avanços tecnológicos ocorridos nas últimas décadas, 
os livros didáticos continuam tendo um papel importante nas práticas educativas 
realizadas na educação básica. Dada a importância dos livros e demais materiais 
didáticos, o Ministério da Educação criou o Programa Nacional do Livro e do Material 
Didático (PNLD) para a avaliação desses materiais, visando a garantir a qualidade 
dos conteúdos veiculados e sua pertinência em relação à proposta da Base Nacional 
Comum Curricular (BNCC). Esse programa é importante porque tanto os materiais 
adquiridos pelas escolas quanto aqueles produzidos pelos professores para atender 
às especificidades de seus alunos devem, necessariamente, estar de acordo com as 
propostas apresentadas pela BNCC, de modo que possam garantir as aprendizagens 
básicas previstas para todos os educandos matriculados na educação básica em 
nosso país. 
Como vimos nesta seção, os materiais pedagógicos são imprescindíveis para 
apoiar os processos de ensino e aprendizagem. Diferentes recursos, adquiridos ou 
produzidos pela equipe escolar, podem contribuir para a construção de novos 
conhecimentos, desde que sua escolha leve em consideração as particularidades do 
grupo com o qual o professor está trabalhando e as necessidades de cada educando. 
Na próxima seção, conheceremos o significado histórico, cultural e simbólico do 
material pedagógico. 
7.1 O significado histórico, cultural e simbólico do material pedagógico 
Nem sempre os materiais pedagógicos fizeram parte das práticas educativas. 
Durante muito tempo, a educação escolar foi baseada em práticas transmissivas, 
pautadas pelo verbalismo docente e pela recepção passiva por parte dos alunos. 
Sendo assim, a presença da expressão “material pedagógico”, ou “recurso 
pedagógico”, é relativamente recente nas discussões realizadas nos contextos 
educacionais, tendo sido incorporada definitivamente ao vocabulário pedagógico 
apenas na metade do século XX, após o término da Segunda Guerra Mundial (HAIDT, 
2003). 
Antes mesmo da adoção da expressão que nomeia os diferentes materiais 
utilizados, vários educadores já defendiam a necessidade do uso de recursos 
auxiliares para o ensino, com a finalidade de ilustrar a palavra docente e tornar as 
lições mais concretas e relacionadas à realidade do aluno (HAIDT, 2003). 
Alguns registros históricos que descrevem as salas de aula de tempos 
remotos relatam que os mestres da Antiguidade e da Idade Média já 
dispunham de certos recursos para facilitar o ensino, como grandes tábuas 
que serviam de lousa, material para o ensino do cálculo aritmético, 
documentos cartográficos, globos, cartas murais de astronomia e livros com 
ilustrações (HAIDT, 2003, p. 226). 
Michel de Montaigne já criticava, no século XVI, o excesso de verbalismo 
docente e propunha uma educação baseada na experiência, em que o aluno pudesse 
observar, comparar e refletir. No século seguinte, houve, nos meios educacionais 
europeus, a eclosão do movimento intitulado “realismo pedagógico” (HAIDT, 2003). 
O realismo pedagógico teve como base teórica a corrente filosófica empirista, 
cujo principal representante, na época, era o pensador Francis Bacon. Para ele, o 
conhecimento humano era fruto das experiências e das percepções sensíveis, o que 
demandava que o início do processo de aprendizagens fosse marcado pelo estudo da 
natureza e pelo conhecimento das coisas, utilizando-se, para tanto, o método indutivo, 
pelo qual os educandos partiriam da observação dos fatos particulares até chegar à 
elaboração de conceitos gerais. O método proposto dava ênfase à observação direta 
dos fenômenos da natureza ou, na sua ausência, ao uso de materiais quepudessem 
substituí-los ou representá-los (HAIDT, 2003). 
No século XVIII, o pensador Jean-Jacques Rousseau passou a defender que, 
para se chegar aos objetos intelectuais, era preciso, antes, partir de objetos sensíveis. 
Ao final desse mesmo século e início do século XIX, o pedagogo Johann Pestalozzi 
propôs e utilizou um método de ensino pautado pela vivência de situações concretas, 
pela observação da natureza e pela experiência de fatos e fenômenos. Para ele, 
quanto maior fosse o número de sentidos utilizados na investigação da natureza ou 
das qualidades de um objeto, mais exato seria o conhecimento adquirido (HAIDT, 
2003). 
Nos anos iniciais do século XX, o movimento de renovação pedagógica 
denominado “Escola Nova” passou a recomendar o emprego de métodos ativos, que 
previam a participação ativa dos estudantes e o uso, pelos professores, de recursos 
diversos que possibilitassem o estabelecimento de relações entre os conteúdos e a 
realidade, bem como a ativação dos processos mentais dos educandos. Também foi 
nesse século que diversos materiais pedagógicos passaram a fazer parte das práticas 
educativas, permitindo a passagem dos métodos intuitivos para os métodos ativos. 
Jogos e materiais concretos foram criados pela médica italiana Maria Montessori, e 
recursos audiovisuais foram inseridos nos contextos educativos a partir das propostas 
de Célestin Freinet (HAIDT, 2003). 
O período da Segunda Guerra Mundial foi definitivo para a inserção dos 
recursos audiovisuais nas práticas de ensino e aprendizagem, pois o conflito 
demandou a preparação, em pouco tempo e de maneira eficiente, de um grande 
contingente de jovens para a participação nas atividades de guerra. Os resultados 
obtidos nessa preparação, principalmente nos Estados Unidos, foram divulgados, 
levando à integração dos recursos audiovisuais às práticas escolares (HAIDT, 2003). 
Desde a inserção dos materiais pedagógicos nas práticas educativas, novos 
recursos têm sido incorporados aos processos de ensino e aprendizagem, como 
consequência sobretudo dos avanços tecnológicos e das novas demandas formativas 
decorrentes da necessidade de formação de indivíduos capazes de interagir, de 
maneira competente, com as TICs. 
De acordo com Zabala et al. (2016), os materiais pedagógicos têm uma vida 
limitada, justamente em função da necessidade de novos recursos para o 
enfrentamento das novas demandas. Sendo assim, eles não podem ser definidores 
do currículo, mas, sim, recursos pontuais que sugerem um modo de trabalho, uma 
forma de selecionar e organizar o conhecimento, bem como uma maneira de se 
relacionar com este. 
7.2 Materiais pedagógicos lúdicos e promoção de novas aprendizagens 
Há uma grande variedade de materiais pedagógicos que podem ser utilizados 
nas práticas educativas para que os objetivos propostos sejam atingidos. Entre eles, 
estão os materiais pedagógicos lúdicos, que levam para a sala de aula diferentes 
possiblidades de desenvolvimento e aprendizagem a partir do brincar. 
A inserção de atividades lúdicas nas práticas educativas encontra 
embasamento teórico nos aportes da psicologia do desenvolvimento, que destaca a 
brincadeira como um vasto campo de significados. Isso porque, ao brincar, a criança 
se relaciona com outras crianças, com brinquedos e com materiais que vão dialogar 
com ela e proporcionar condições para que se desenvolva, pois: 
[...] o brinquedo cria uma zona de desenvolvimento proximal da criança. No 
brinquedo, a criança sempre se comporta além do comportamento habitual 
de sua idade, além de seu comportamento diário; no brinquedo é como se ela 
fosse maior do que é na realidade. Como no foco de uma lente de aumento, 
o brinquedo contém todas as tendências do desenvolvimento sob forma 
condensada, sendo, ele mesmo, uma grande fonte de desenvolvimento 
(VYGOTSKY, 1991, p. 69). 
As brincadeiras são frequentemente relacionadas às experiências vivenciadas 
pelas crianças e apresentadas como reproduções interpretativas do contexto em que 
estão inseridas. Sendo assim, o brinquedo provê uma situação de transição entre a 
ação da criança com objetos concretos e suas ações com significados. Além disso, 
embora sejam situações imaginárias, as brincadeiras de faz de conta são regidas por 
regras sociais que precisam ser respeitadas. Por exemplo, ao brincar de escolinha, a 
criança adota comportamentos observados no seu meio de inserção, tanto as ações 
desempenhadas pelo professor quanto as desempenhadas pelos alunos (OLIVEIRA, 
1997). 
São as regras da brincadeira que fazem com que as crianças se comportem de 
forma mais avançada do que aquela que é condizente com a sua idade: 
Tanto pela criação da situação imaginária, como pela definição de regras 
específicas, o brinquedo cria uma zona de desenvolvimento proximal na 
criança. No brinquedo a criança comporta-se de forma mais avançada do que 
nas atividades da vida real e também aprende a separar objeto e significado. 
(OLIVEIRA, 1997, p. 67). 
No entanto, os brinquedos, as brincadeiras e os materiais pedagógicos nem 
sempre estiveram presentes nas práticas escolares. Sua inserção foi feita 
progressivamente, a partir da mudança nas concepções de ensino e aprendizagem 
que ocorreu ao longo da história. Essas mudanças continuarão ocorrendo, em função 
tanto do crescente desenvolvimento tecnológico quanto das novas demandas 
formativas que surgem a partir desse desenvolvimento. 
Jean Piaget, outro representante importante da corrente psicológica 
interacionista-construtivista, também se dedicou ao estudo do papel do brincar no 
desenvolvimento infantil. Para ele, o brincar pode ser definido como uma maneira de 
interpretar e assimilar o mundo. Na brincadeira, a criança assimila o mundo da sua 
maneira, sem que haja compromisso com a realidade. As interações com os objetos 
independem de sua natureza, uma vez que sua função advém do significado e do 
sentido atribuídos pela criança por meio do simbolismo (PIAGET, 1976). Nesse 
sentido, Piaget (1976, p. 160) destaca que o jogo e o brincar proporcionam uma: 
[...] assimilação da real à atividade própria, fornecendo a esta seu alimento 
necessário e transformando o real em função das necessidades múltiplas do 
eu. Por isso, os métodos ativos de educação das crianças exigem todos que 
se forneça às crianças um material conveniente, a fim de que, jogando e 
brincando, elas cheguem a assimilar as realidades intelectuais que, sem isso, 
permanecem exteriores à inteligência infantil. 
De acordo com o autor, dada a importância do brinquedo e das brincadeiras no 
desenvolvimento infantil, é fundamental que o professor faça a inserção de materiais 
pedagógicos lúdicos em suas aulas (PIAGET, 1976). 
Na próxima seção, vamos refletir sobre a importância de alguns materiais 
pedagógicos, conhecendo suas funções e seus usos na educação infantil e nos anos 
iniciais do ensino fundamental. 
7.3 Os diferentes tipos de materiais pedagógicos, seus usos e suas funções 
A escolha de alguns materiais escolares (livros didáticos e paradidáticos) é 
realizada, de maneira coletiva, pela equipe escolar. Contudo, cabe ao professor a 
adaptação dos materiais e a produção de outros recursos, de acordo com as 
características do grupo de educandos e das necessidades de cada aluno. 
Para atender à proposta da BNCC, é fundamental que o professor que atua na 
educação infantil e nos anos iniciais do ensino fundamental contemple em suas 
práticas educativas materiais pedagógicos lúdicos. O documento entende que, na 
educação infantil, a brincadeira é, ao mesmo tempo, um eixo estruturante do trabalho 
pedagógico e um direito de desenvolvimento e aprendizagem (BRASIL, 2018). 
Tendo em vista os eixos estruturantes do trabalho pedagógico e as 
competências gerais previstas para a educação básica, a BNCC propõe seis direitos 
de aprendizagem e desenvolvimento para a educação infantil. Tais direitos devem ser 
garantidos às crianças paraque elas possam aprender “em situações nas quais 
possam desempenhar um papel ativo em ambientes que as convidem a vivenciar 
desafios e a sentirem-se provocadas a resolvê-los, nas quais possam construir 
significados sobre si, os outros e o mundo social e natural” (BRASIL, 2018, p. 37). 
Entre esses direitos está o brincar, que deve ocorrer cotidianamente, de 
diferentes formas, em espaços e tempos diversos e com diferentes parceiros. Ele deve 
ampliar e diversificar o acesso das crianças às produções culturais, seus 
conhecimentos, sua imaginação, sua criatividade e suas experiências (BRASIL, 
2018). Nos anos iniciais do ensino fundamental, as situações lúdicas são valorizadas 
por se constituírem como elementos fundamentais para a continuidade do trabalho 
pedagógico desenvolvido na etapa anterior e de articulação entre os saberes já 
construídos e aqueles que são pretendidos (BRASIL, 2018). 
7.4 Os jogos como materiais pedagógicos na educação infantil e nos anos 
iniciais do ensino fundamental 
Os jogos são atividades lúdicas que permitem às crianças o engajamento em um 
mundo imaginário, regido por regras próprias, que são construídas, quase sempre, a 
partir das regras sociais de convivência (BRANDÃO et al., 2009). 
O uso de jogos nas práticas pedagógicas demanda a escolha prévia pelo 
professor, de acordo com a sua intencionalidade pedagógica, a sua inserção no 
planejamento e a gestão dos tempos e espaços escolares para que a situação de jogo 
possa ocorrer. Cabe ao professor a escolha dos jogos mais adequados aos objetivos 
didáticos pretendidos, além de garantir que haja jogos suficientes para que todos os 
alunos possam, efetivamente, participar do momento lúdico. A inserção da situação 
de jogo no planejamento visa a garantir a adoção de ações sistemáticas que 
proporcionem a construção efetiva de novos conhecimentos (KISHIMOTO, 2003). 
A seguir, apresentamos aspectos que devem ser observados para que as 
atividades pedagógicas com os jogos sejam bem-sucedidas, de acordo com Brandão 
et al. (2009): 
• Sempre que um novo jogo for inserido nas práticas pedagógicas, é fundamental 
que suas regras sejam apresentadas aos alunos e que o professor garanta que 
elas foram compreendidas por todos. Na interação com os grupos, o professor 
pode retomar as regras, pedindo aos alunos que expliquem como o jogo deve 
ser realizado, de modo a se certificar de que houve compreensão por parte dos 
alunos. 
• Diferentes tipos de jogos demandam a organização de diferentes 
agrupamentos dos alunos. Há jogos que podem ser propostos em duplas, trios 
ou grupos maiores. Há também jogos que podem ser utilizados 
individualmente, para o atendimento às demandas específicas dos estudantes. 
• Ao final da situação, é importante que o professor retome o percurso do jogo, 
para que possa sistematizar as aprendizagens pretendidas. Por exemplo, se o 
jogo proposto visava à comparação de diferentes números, os alunos podem 
relatar quais números foram tirados por cada um do seu grupo em uma 
determinada jogada e explicar a razão da vitória de um dos membros. 
• Sempre que possível, respeitadas as características de cada faixa etária, as 
crianças devem ser convidadas a realizarem o registro do jogo, por meio de 
desenhos, de textos autorais ou da combinação dos dois. 
O professor pode encontrar em lojas ou mesmo disponíveis gratuitamente na 
internet diversos tipos de jogos que podem ser utilizados com diferentes propósitos 
educativos. Há jogos já produzidos com finalidades didáticas e outros que podem ser 
adaptados pelo professor para que se constituam como instrumentos para a promoção 
de novas aprendizagens. Ainda, o professor também pode produzir seus próprios 
jogos, de acordo com os objetivos didáticos pretendidos. 
Vimos nesta seção que o professor tem um papel fundamental na escolha dos 
materiais didáticos que serão inseridos nas práticas educativas e na forma como serão 
utilizados. Na educação infantil e nos anos iniciais do ensino fundamental, os jogos e 
os brinquedos têm um lugar privilegiado na promoção de novas aprendizagens, na 
sistematização dos conhecimentos e na continuidade dos trabalhos pedagógicos 
previamente realizados. Nesses contextos, a intencionalidade do professor vai permitir 
não só a escolha dos jogos a serem utilizados, mas também a adaptação das 
situações lúdicas para atender aos objetivos pretendidos. 
Neste capítulo, você pôde compreender a relevância dos materiais 
pedagógicos nos processos educativos, atuando como facilitadores das 
aprendizagens. Como vimos, há diferentes tipos de materiais pedagógicos, entre os 
quais merecem atenção especial aqueles que têm um caráter lúdico. A ludicidade é 
fundamental no percurso do desenvolvimento das crianças, tendo um importante 
papel no desenvolvimento do simbolismo infantil. Os materiais pedagógicos lúdicos, 
assim como os demais, demandam a intencionalidade pedagógica e a gestão dos 
tempos, espaços e materiais escolares, de modo que ocorram as aprendizagens 
pretendidas. 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
BANDEIRA, D. Materiais didáticos. Curitiba: IESD, 2009. 
BRANDÃO, A. C. P. A. et al. Jogos de alfabetização: manual didático. Recife: CEEl, 
2009. 
BRASIL. Ministério da Educação. Base nacional comum curricular. Brasília: MEC, 
2018. 
BRASIL. Ministério da Educação. Referências de qualidade para cursos à 
distância. Brasília: MEC, 2003. 
HAIDT, R. C. C. Curso de didática geral. São Paulo: Ática, 2003. KISHIMOTO, T. M. 
O jogo e a educação infantil. In: KISHIMOTO, T. M. (org.). Jogo, brinquedo, 
brincadeira e a educação. 8. ed. São Paulo: Cortez, 2003. p. 13-43. 
OLIVEIRA, M. K. Vygotsky: aprendizado e desenvolvimento: um processo sócio-
histórico. São Paulo: Scipione, 1997. 
PIAGET, J. Psicologia e pedagogia. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 1976. 
SILVA, A. P. S. et al. Material didático como prática inclusiva na educação especial. 
Brazilian Journal of Development, v. 7, n. 8, p. 82657-82673, 2021. 
VYGOTSKY, S. L. A formação social da mente. Curitiba: Martins Fontes, 1991. 
ZABALA, A. et al. Didática geral. Porto Alegre: Penso, 2016.

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