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Motricidade orofacial Problema 03 Resumo por Íris Layane Fisiologia do sono O sono é um estado fisiológico especial que ocorre de maneira cíclica em uma grande variedade de seres vivos. Até os anos 50 do século XX, a maioria das pessoas imaginavam que o sono fosse uma parte passiva ou inativa das nossas vidas diárias, porem, após serem realizados alguns estudos foi possível observar que o nosso cérebro se mantem muito ativo enquanto dormimos. Além disso, o sono afeta o nosso desempenho diário e a nossa saúde física e mental de muitas formas. Durante o sono os indivíduos apresentam-se imóveis, ou com um repertorio limitado de movimentos, os quais são de natureza involuntária, automática e sem propósitos definidos. Além disso, o sono é um estado marcado pela diminuição da consciência e lentificação do metabolismo e tem uma função restauradora essencial e importante papel na consolidação da memoria. Durante o sono a reatividade para estímulos auditivos, visuais, táteis e dolorosos é reduzida ou abolida em fase de sono profundo, sendo necessario o aumento da intensidade do estimulo para trazer o individuo de volta a vigília. O sono pode ser visto como um estado similar ao coma, especialmente nos casos de coma de menor profundidade, em que não há comprometimento das funções cardiorrespiratórias, pois durante o sono, o indivíduo mante-se de olhos fechados ou entreabertos e não mostra interação produtiva com o ambiente. E o grande diferencial entre tais estados, observando o individuo que dorme, é a característica de reversão espontânea e mais ou menos programada ao longo do tempo do estado de sono para vigília, o que não é o caso do coma. Estágios do Sono Primeiramente, o sono é caracterizado por 2 padrões fundamentais, sendo eles: NREM (sem movimentos oculares rápidos) e REM (com movimentos oculares rápidos). O sono NREM é composto por 4 etapas em grau crescente de profundidade, sendo então os estágios I, II, III e IV. E o sono REM, que recebe também as denominações de sono paradoxal e de sono dessincronizado. Sendo assim, quando dormimos, geralmente passamos por cinco fases distintas do sono, sendo os estágios I, II, III, IV e REM. Estes estágios progridem num ciclo, do estagio I ao sono REM, e então o ciclo se inicia novamente com o estagio I. Gastamos, em média, 50% do nosso tempo total de sono no estágio 2, cerca de 20% em sono REM e 30% nos demais estágios. NREM No sono NREM, há relaxamento muscular comparativamente a vigilia, porém, mantem-se sempre alguma tonicidade basal. O EEG exibe aumento progressivo de ondas lentas, conforme se avança do estagio I para o estagio IV do sono NREM. Durante a vigília, predomina o ritmo alfa, uma atividade elétrica cerebral em frequência de 8 a 13 ciclospor segundo O sono REM, apesar de ser um estágio profundo no tocante à dificuldade de se despertar o indivíduo nesta fase, exibe padrão eletrencefalográfico que se assemelha ao da vigília com olhos abertos, ou mesmo do sono NREM superficial. Apesar da atonia muscular que acompanha este estágio, observam-se movimentos corporais fásicos e erráticos, de diversos grupamentos musculares, principalmente na face e nos membros, bem como, emissão de sons. Ou seja, mesmo em meio a inibição motora, há liberação fásica de atividade muscular de localização multifocal. Quando passamos para o sono REM, nossa respiração se torna mais rápida, irregular e superficial. A frequência cardíaca e a pressão arterial tornam-se variáveis. Ocorre atonia muscular, que atinge toda a musculatura corporal, exceto o diafragma e os músculos ocúlo-motores . Os olhos movimentam-se em várias direções, em surtos rápidos, a intervalos regulares e, em homens, ocorre ereção peniana . Quando pessoas são despertadas durante o sono REM, frequentemente descrevem histórias bizarras e ilógicas que compõem os seus sonhos. No EEG, o sono REM é caracterizado por ondas na faixa de frequência mista, com baixa voltagem, dentro da faixa teta. A dessincronização do EEG resulta da ativação da formação reticular mesencefálica. As ondas teta assumem em alguns momentos um aspecto semelhante a dentes de serra. Ocorre também atividade alfa (geralmente 1 a 2 ciclos mais baixos do que a atividade alfa da vigília). O primeiro período de sono REM geralmente ocorre cerca de 70 a 90 minutos após o início do sono. Um ciclo completo de sono dura entre 90 e 110 minutos. O quadro abaixo resume as características das duas categorias básicas do sono, o sono REM e o NREM, os quatro estágios do sono NREM e os dois componentes do sono REM. que passa a se fragmentar, surgindo em menos de 50% dos trechos analisados, conforme se inicia a sonolência superficial, a qual já se caracteriza como estágio I do sono NREM. Durante o estagio I, que é superficial e fugaz, mergulhamos no sono, voltamos a vigilia e podemos ser despertados com facilidade. No EEG, este estagio se caracteriza pelo desaparecimento do ritmo alfa, dando lugar a uma atividade mista nas faixas de frequência teta (4 a 7 ciclos por segundo) e beta ( acima de 13 ciclos por segundo), com poucos componentes delta de media amplitude. Ainda durante o estagio I, nossos olhos se movem muito lentamente e a atividade muscular se torna gradualmente mais lenta. Quando despertamos a partir deste estagio, frequentemente é possível ter lembranças fragmentadas de eventos ambientais ocorridos no período. Muitas pessoas apresentam súbitas contrações musculares, conhecidas como 'mioclonias hípnicas', várias vezes precedidas de uma sensação de estar caindo. Estes movimentos súbitos são similares ao estremecimento que acontece quando levamos um susto. Quando entramos no estágio II, além de um certo aumento no componente de ondas delta no traçado, surgem os Fusos do Sono (surtos de atividade rítmica de 12 a 14 ciclos por segundos, com duração media entre 1 e 5 segundos) e os Complexos K (ondas lentas bifásicas de alta amplitude, acompanhadas ou não, de fusos do sono, ambos registrados na região do vertéx e frontal sagital).Ainda no estagio II, nossos movimentos oculares param, e nossas ondas cerebrais tornam-se mais lentas. Os estágios III e IV compõem o chamado sono delta ou de ondas lentas, devido ao elevado teor de ondas na faixa de frequência delta (0,5 a 3,5 ciclos por segundos). É muito difícil acordar alguém durante os estágios 3 e 4, que juntos são chamados de estágio delta ou de sono profundo. Neste estágio, não há movimento ocular ou atividade muscular. Pessoas acordadas durante o sono profundo não se orientam imediatamente e, frequentemente, sentem-se 'grogues' e desorientadas por alguns segundos depois que despertam . REM Características do sono NREM e REM Movimentos oculares de padrão lento e ondulante marcam o estágio I do sono NREM, enquanto os movimentos rápidos do sono REM são salvas de abalos amplos e multidirecionais dos globosoculares. A respiração é regular à partir da fase II do sono NREM, atingindo-se máxima regularidade cardiorrespiratória no sono profundo de ondas lentas, fase IV. Por outro lado, o sono REM é marcado por irregularidades do padrão respiratório, com episódios de bradipnéia, alternados com taquipnéia e pausas centrais, inferiores a 10 segundos, em que há interrupção transitória do esforço respiratório. Uma irregularidade fisiológica na frequência cardíaca comumente acompanha a variabilidade respiratória do sono REM. Neste, ocorre também tumescência peniana e clitoriana, que não são documentadas em registros polissonográficos de rotina. Arquitetura do Sono Em condições normais, um indivíduo inicia o sono noturno pelo estágio I do sono NREM, após um tempo de latência aproximada de 10 minutos. Uma latência muito baixa para início do sono NREM pode ocorrernos indivíduos privados de sono, ou muito cansados, sendo também encontrada em síndromes que cursam com sono não reparador, como os distúrbios respiratórios do mesmo. Após uns poucos minutos em sono I, há o aprofundamento para o sono II, em que se torna mais difícil o despertar do indivíduo. Após 30 a 60 minutos,instala-se o sono de ondas lentas, respectivamente, os estágios III e IV, com interpenetrações de ambos no decorrer desta etapa mais profunda do sono NREM. Passados aproximadamente 90 minutos, acontece o primeiro sono REM, que costuma ter curta duração no início da noite (5 a 10 minutos), completando-se o primeiro ciclo NREM REM do sono noturno. A saída do sono REM pode se fazer com intrusão de microdespertares (3 a 15 segundos de duração), sem um despertar completo do paciente, mudando-se para o estágio I e, em seguida, o estágio II do sono NREM, ou passando diretamente para este último estágio e, em seguida, aprofundando-se novamente nos estágios III e IV. Desta forma, cumprem-se cerca de 5 a 6 ciclos de sono NREM-REM, durante uma noite de 8 horas de sono. Os despertares podem ocorrer a qualquer momento durante o sono, a partir de qualquer estágio, seja de forma espontânea, ou eventualmente provocada por fatores extrínsecos (exemplo: ruído) ou eventos patológicos (como apneias). É comum que o indivíduo não tenha consciência destes despertares, especialmente quando de curta duração e não relacionados com eventos anormais (pesadelos, quadros respiratórios, etc...). Na primeira metade da noite, ocorre sono de ondas lentas, estágios III e IV, em alternância com os demais estágios. Porém, o sono delta, III e IV, tende a não mais ocorrer na segunda metade da noite e no amanhecer, quando há alternância entre os estágios I, II e REM, especialmente nos adultos. Nos idosos, pode haver mudanças na arquitetura do sono, de tal forma que o sono IV não mais se registra, havendo redução de sono III e aumento do número de despertares noturnos. Isto explica em parte porque alguns idosos são mais sonolentos durante o dia, em vista de mudanças na fisiologia do sono com a idade, sem relação necessária com patologia definida. Por outro lado, esta não é uma regra geral e muitos idosos podem manter uma arquitetura relativamente preservada como no padrão do adulto. Além disto, a avaliação cuidadosa costuma identificara presença de alterações psíquicas (depressão, ansiedade), físicas (dores, distúrbios respiratórios do sono, problemas urinários, quadros neurológicos) provocando a fragmentação do sono do idoso, com aumento dos despertares e superficialização do sono. As proporções de cada estágio do sono durante uma noite típica, sem fenômenos anormais e com duração compatível com as necessidades do indivíduo são: 5 a 10% de estágio I, 50 a 60% de estágio II, 20a 25% de estágios III e IV, em conjunto, e 20 a 25%de estágio REM. A chamada eficiência de sono compreende a proporção do tempo em que um indivíduo dorme, em relação ao tempo total e que se manteve na cama para o sono noturno. É considerada normal a partir de 85%. Entretanto, uma eficiência de 100% é rara, considerando-se a presença de despertares noturnos, mesmo que inconscientes. Quantas horas de sono necessitamos? A quantidade de sono de que uma pessoa necessita depende de vários fatores, incluindo a idade. Lactentes geralmente requerem cerca de 16 horas por dia, enquanto adolescentes necessitam de nove horas em média. Para a maioria dos adultos, 7 a 8 horas por noite parece ser a melhor quantidade de sono, embora haja pessoas que necessitam de apenas cinco horas e outras que precisam de dez horas de sono por dia. Mulheres nos primeiros três meses da gravidez necessitam frequentemente de várias horas adicionais de sono. A quantidade de sono de que uma pessoa necessita aumenta se ela estiver privada de sono em dias anteriores. Dormir muito pouco cria um 'débito de sono' que necessita ser quitado para manutenção do bom funcionamento do organismo; caso contrário, ele irá inevitavelmente cobrar este débito. Parece ser impossível nos adaptarmos a dormir menos do que necessita-mos. Embora possamos nos acostumar a um esquema com privação de sono, isto não acontece sem comprometimento do nosso julgamento, do tempo de reação e de outras funções que requerem perfeito estado de alerta. Se um indivíduo se sente sonolento durante o dia, mesmo durante atividades maçantes, muito provavelmente ele não dormiu o suficiente durante a noite. Se ele rotineiramente adormece dentro de cinco minutos depois de deitar-se, provavelmente tem grave privação de sono e, possivelmente, um distúrbio do sono. Microcochilos ou episódios muito breves de sono, em situações que normalmente requerem o estado de alerta, são outra marca de privação de sono. Em muitos casos, os indivíduos, nessa situação, não têm consciência da ocorrência desses microcochilos. Função do Sono O sono é necessário para que nosso sistema nervoso funcione normalmente. O sono muito curto deixa-nos no dia seguinte sonolentos e incapazes de nos concentrarmos. Também nos leva a falhas de memória e de desempenho físico e reduz nossa habilidade de realizar cálculos matemáticos . Se a privação de sono continua, podem-se desenvolver alucinações e alterações do humor. Alguns pesquisadores acreditam que o sono dá aos neurônios usados durante a vigília a chance de se desligarem e de serem reparados. Sem sono, os neurônios podem sofrer depleção de energia ou então ser poluídos por subprodutos da atividade celular normal que os levam a funcionar imperfeitamente. O sono também dá ao cérebro a chance de exercitar importantes conexões neuronais que, de outro modo, poderiam se deteriorar por falta de atividade. O estágio delta coincide com a liberação do hormônio do crescimento em crianças e adultos jovens. Muitas células do corpo também apresentam aumento da produção de proteínas e redução do seu catabolismo durante o sono profundo. Isto pode estar relacionado aos processos de reparo de danos celulares. A atividade em partes do cérebro que controlam as emoções, processos de tomada de decisão e interações sociais está drasticamente reduzida durante o estágio delta, sugerindo que este estágio do sono possa ajudar o indivíduo a manter o funcionamento emocional e social ótimo durante a vigília. Ciclo Circadiano A capacidade do indivíduo de adequar seu ciclo de sono e vigília ao ciclo noite-dia da terra é guiada por diversos elementos externos e internos que interagem para a manutenção de um ciclo circadiano (do latim: circa = em torno de; dies = do dia). Assim, a luminosidade e o calor do dia, a escuridão e a redução da temperatura ambiental à noite, as variações de incidência de luz no decorrer do dia, os relógios, os sons das cidades e de animais (galo, pássaros, etc...) são elementos que nos condicionam a manter um ritmo de atividade alternada com repouso e intercalada com funções de ingestão e eliminação, dentro do padrão circadiano. Do ponto de vista endógeno, o organismo humano apresenta ciclos complexos de secreção hormonal e de neurotransmissores, bem como, padrões de atividade de determinados centros encefálicos, que se acoplam aos sincronizadores externos para permitir uma variação do biorritmo de repouso e atividade, em sintonia com o ciclo circadiano da terra. Um dos centros encefálicos mais importantes nesta sincronização é o núcleo supra-óptico, no hipotálamo anterior, que recebe impulsos luminosos carreados pelo nervo óptico, tendo a luz como um dos elementos que controlam o funcionamento deste centro. Os estímulos luminosos também atuam sobre a glândula pineal, que secreta a melatonina, um neurohormônio implicado na cronobiologia do ciclo vigília-sono. • Melatonina A secreção de melatonina segue um padrão programado, influenciado pela luminosidade ambiental, com seu pico máximo nas primeiras horas da noite, participando da tendência do indivíduo a conciliar o sono. Este pico é considerado um dos “portões” de entrada no sono. Assim, se um indivíduo força o estado de vigília, lutando contra o sono neste momento propício, perde a entrada através deste portão determinado pelo pico de secreção de melatonina, tendo dificuldades de conciliação do sono após. fisiopatologia da AOS/SAOS/SAHOS Pelo menos cerca de 30% dos indivíduos adultos roncam durante o sono e aproximadamente 6% desta populaçãosão vítimas de um distúrbio do sono chamado apneia obstrutiva do sono. Por muito tempo considerou-se o sono como apenas um período de repouso. Hoje, sabese que durante este momento, nosso corpo esta em atividade, realizando funções essenciais para o nosso bem-estar. Ao apresentar o quadro de apnéia do sono o paciente pode ter alterações em funções vitais como a oxigenação pulmonar, o ritmo cardíaco e a atividade cerebral. Não é infrequente o óbito nas condições mais graves da doença. Conceito Quando falamos em sono podemos nos deparar com alguns distúrbios do sono, os quais são caracterizados por episódios de apneia e/ou hipopnéia. Sendo assim, existem algumas nomenclaturas ao se tratar desses distúrbios como: AOS, SAOS e SAHOS. AOS – Apneia Obstrutiva do Sono; SAOS – Síndrome da Apneia Obstrutiva do Sono; SAHOS – Síndrome da Apneia e Hipopnéia Obstrutiva do Sono; Tanto a AOS, como a SAOS e SAHOS, são considerados uma doença crônica, progressiva, incapacitante, com alta mortalidade, na qual o fluxo de ar é diminuído na hipopnéia e completamente cessado na apneia. Sendo portando um problema de saúde pública. A apnéia do sono é a parada respiratória com duração acima de 10 segundos durante o período em que o indivíduo está dormindo, devido episódios de oclusão completa das vias respiratórias superiores. A AOS é considerada uma síndrome quando associada a sonolência excessiva diurna, a doença cardiovascular e ronco, sendo chamada de síndrome da apnéia obstrutiva do sono (SAOS). A SAHOS é caracterizada, segundo a Academia Americana de Medicina do Sono, por episódios recorrentes de obstrução parcial (hipopnéia) ou total (apneia) das vias aéreas superiores (VAS). É considerado um transtorno respiratório do sono, que afeta a população geral, sendo mais frequente em pessoas de meia idade. A prevalência é de 4% nos homens e 2% nas mulheres. Devido aos recorrentes microdespertares, os indivíduos acometidos podem apresentar alterações funcionais, neurocognitivas e psicossociais. Etiologia As apneias podem ser classificadas em centrais, obstrutivas e mistas. Um dos fatores que causam a apneia ou hipoapneia obstrutiva do sono é o ronco. O ronco é caracterizado por um rudio fricativo nos tecidos moles da VAS, isto acontece porque em algumas pessoas, quando dormem, as estruturas e músculos das VAS (como, úvula e palato mole) relaxam muito durante o sono, fazendo com que as estruturas e músculos vibrem quando o ar passa por eles produzindo o som característico do ronco. A apnéia obstrutiva do sono tem como causa a oclusão parcial ou completa das VAS, a qual torna a passagem do ar inspirado em um local estreito na via respiratória durante o sono. Este estreitamento pode ocorrer em vários pontos, mas habitualmente se deve à obstrução nasal e/ou a flacidez dos músculos do palato mole (céu da boca) e/ou a retroposição da língua durante o sono. A oclusão das VAS durante o sono ocorre ao nível da faringe, principalmente orofaringe, por colapso decorrente do relaxamento das estruturas musculares que revestem o canal, em face da pressão negativa intraluminal inspiratória. Cerca de 24 músculos participam das funções da faringe que incluem a deglutição, a fala e a respiração. Seis desses músculos tem como principal papel a permeabilidade da faringe e o mais estudado é o genioglosso. Durante o sono a atividade motora do conjunto fica diminuída devido a perda da tonicidade dos músculos das VAS levando ao colapso, que é produto final da interação entre fatores anatômicos e funcionais, que causam um desequilíbrio entre a pressão desucção inspiratória e intrafaringea e as forças dilatadoras dos músculos faríngeos das VAS, reduzindo sensivelmente a luz do canal e a passagem de ar. Na apneia central – é observada ausência de movimento respiratório toraco abdominal durante a pausa respiratória; Na apneia obstrutiva – é observado movimento respiratório; Na apneia mista – ocorre inicialmente um evento respiratório central, passando a ser obstrutiva quando surge movimento tóraco abdominal mas, ainda, sem fluxo aéreo. A apneia obstrutiva decorre da obstrução da VAS por uma combinação de vários fatores: excesso de tecido gorduroso na VAS, alteração do controle metabólico da respiração durante o sono, redução do tônus muscular no sono não- REM, e durante o sono REM há hipotonia dos músculos esqueléticos e dos músculos dilatadores faringeais. Com a parada respiratória, os níveis de oxigênio sanguíneo diminuem e levam o cérebro a “acordar” o indivíduo a ponto de contrair os músculos para abrir a via respiratória e assim, possibilitar a respiração. Este mecanismo cíclico de apnéia e despertares pode ocorrer centenas de vezes durante uma noite sem que o indivíduo perceba. E tudo isto impede que a pessoa tenha um sono saudável. Alguns fatores coadjuvantes ajudam no agravamento de casos de SAHOS, como a obesidade, hipertensão arterial, doenças cardiopulmonares como arritmias cardíacas, hipertensão pulmonar e insuficiência cardíaca, acidente vascular encefálico, álcool e acidentes de tráfego. Manifestações clínicas A SAHOS é caracterizada por sintomas noturnos e diurnos. Nos sintomas noturnos, estão presentes: pausas respiratórias; • sono agitado com múltiplos despertares; • noctúria (devido aumento da secreção de fator natriurético atrial); • sudorese; • engasgos; • insônia noturna (não é muito comum e está mais presente em mulheres). Dentre os diurnos estão: • hipersonolência diurna; • cefaleia matinal (podendo ser do tipo bilateral, frontal, occipital ou nucal e mais intensa quanto mais o paciente permanece dormindo, por conta do maior acúmulo de CO2); • déficits neuro-cognitivos; • déficits de memória e atenção (causado pela sonolência excessiva e fragmentação do sono REM); • alterações de personalidade; • redução da libido; • sintomas depressivos (principalmente nas mulheres) e ansiedade; • hipertensão pulmonar; • problemas sexuais e estresse oxidativo Esses sintomas tendem a aumentar com a idade, modificando comportamentos e a convivência dos indivíduos portadores de SAOS com seus parceiros, principalmente o ronco. Ronco O ronco é definido como um ruído fricativo nos tecidos moles da VAS, pela vibração da úvula e palato mole, ocasionalmente da parede lateral faríngea, epiglote e base de lingua durante o sono. O ronco constante é um sintoma que pode indicar a presença de SAOS, com prevalência de 28% das mulheres e 44% dos homens, tendo a aumentar com a idade, elevando-se para 73% das mulheres e 84% dos homens. Na SAOS, o ronco é mais intenso e constante, aumentando a intensidade e a frequência, ocorrendo a vibração das partes moles da faringe, úvula, palato, pilares das tonsilas e língua durante a passagem de ar, podendo acarretar problemas de convivência noturna ou emocionais, como não poder dormir no mesmo cômodo com o esposo(a), ou mesmo, com outras pessoas. Devido a vibração constante dos tecidos moles durante o ronco nos pacientes com SAOS, os músculos das VAS se tornam flácidos, mudando o tamanho, largura e espessura, levando a um ciclo vicioso, contribuindo para a ocorrência de obstrução das VAS, resultando na parada total ou parcial da respiração, isto é, apneia ou hipopnéia, respectivamente. Tanto a apneia como a hipopnéia resultam do mesmo evento fisiológico na faringe e nas VAS, devido ao tônus neuromuscular reduzido e ao aumento da pressão negativa intratorácica na inspiração. O ronco pode ser classificado em: 1. suave - cessa quando o indivíduo deita de lado; 2. intenso - perdura mesmo se a pessoa mudar de posição de dormir; 3. estrondoso - tão alto a ponto de ser ouvido em toda a casa, entrecortado por apnéias. Caracteristicas: • O ronco pode ser intenso chegando a atingir a intensidade de até 80 decibels; • Sem dúvida, o homem ronca mais que a mulher e corresponde a 60% dos casos clínicos acompanhados; • Os adultos roncam mais que crianças; • O ronco pode ser uma alteração isolada (ronco primário) ou, em muitas circunstâncias (cerca de 30%), uma das manifestaçõesde uma doença mais grave – a apnéia obstrutiva do sono Fatores de piora: Entre os fatores que agravam o ronco estão: 1. Diminuição do espaço da vias aéreas: • obesidade; • dormir em decúbito dorsal; • congestão nasal – por rinite alérgica, sinusite ou outra rinopatia; • fumar – causa irritação e edema da mucosa das vias respiratórias. 2. Relaxamento maior dos músculos do palato e da língua: • uso de bebidas alcoólicas; • tranqüilizantes; • medicamentos para tosse contendo codeína. Procedimentos diagnósticos O diagnóstico é obtido por meio de questionários médicos qualitativos e o exame de confirmação é realizado pela polissonografia assistida, considerada padrão ouro, e que é indispensável para a determinação da gravidade da doença. Três outros exames adjuvantes são utilizados para a localização de sítios de obstrução, como a cefalometria, a nasofaringoscopia e a ressonância magnética. Polissonografia O padrão ouro para o diagnóstico da SAOS é a polissonografia, que é um termo genérico que se refere ao registro simultâneo de algumas variáveis fisiológicas durante o sono, reunindo diversos exames em um só ,tais como: • eletroencefalograma (EEG); • eletro-oculograma (EOG); • eletromiografia (EMG) (submentoniana e tibial); • eletrocardiograma (ECG); • fluxo aéreo (nasal e oral); • freqüência respiratória; • oximetria de pulso; • esforço respiratório (torácico e abdominal); • movimento do tórax e abdômen; • pH esofagiano; • som traqueal; • tumescência peniana; • outros movimentos corporais (através da EMG); • gases sanguíneos (saturação de oxigênio, concentração de dióxido decarbono) e temperatura corporal, dentre outras. A polissonografia é o mais importante exame a ser realizado pela pessoa portadora de ronco e apnéia do sono. É importante para observar a presença ou não de apnéia e além disto, pode indicar a gravidade da doença. Geralmente é realizado em um laboratório para estudo dos distúrbios do sono. O indivíduo deverá dormir uma noite no laboratório, sob controle de uma equipe médica que irá monitorar uma série de variáveis como a atividade cerebral (como em um eletroencefalograma), a movimentação dos olhos, o fluxo de ar inspirado pelo nariz, a quantidade de oxigênio no sangue, a intensidade do ronco, a posição de dormir, o batimento cardíaco (como em um eletrocardiograma), a movimentação do tórax e abdome, bem como das pernas. Tudo isto é registrado por meio de sensores colocados na pele do indivíduo e gravados em um computador durante toda a noite. Exame otorrinolaringológico Tem a finalidade de visualizar os pontos de obstrução da via respiratória, analisando o nariz, a boca e faringe como também a laringe. O exame é complementado pela nasofibrolaringoscopia Cefalometria É uma forma de estudo radiológico da face (telerradiografia da face), em posição de perfil. A partir desta radiografia são feitas várias medidas com base em pontos predefinidos. A partir destas medidas, estabelece-se a área, em milímetros quadrados, do palato mole, da faringe e da língua. Com estes dados e desenhos é possível estabelecer os possíveis pontos de obstrução da via respiratória. Exame odontológico e maxilo- facial Muitos pacientes apresentam alterações do desenvolvimento orofacial e odontológico que influenciam o posicionamento da língua e da mandíbula. Exame clínico geral Doenças respiratórias, distúrbios metabólicos e endócrinos podem ser conseqüência ou causa de apnéia obstrutiva do sono. Exemplo disto é a obesidade decorrente de tumores de hipófise ou disfunções da tireóide. Classificação da gravidade da SAHOS A classificação da gravidade da SAHOS depende do grau de sonolência diurna e do Índice de Apneia e Hipopnéia (IHA). Esse índice é o número de apneias ocorridas por hora. De acordo com o IHA, a SAHOS pode ser classificada em três níveis: • Leve (5>IHA>15) • Moderada (15>IHA>30) • Severa (15>IAH>30) Questionários e instrumentos de rastreio sobre sono e seus distúrbios Além dos exames objetivos, como os citados anteriormente, existem também instrumentos para medidas subjetivas que podem ser utilizados tanto na rotina clinica quanto em protocolos de pesquisa. Alguns deles avaliam o sono em seus aspectos gerais, enquanto outros são mais direcionados para determinadas alterações, como os utilizados na avaliação da sonolência diurna excessiva (SDE). Tais instrumentos servem como auxiliadores no diagnóstico dos Disturbios do Sono. Existem questionários que nos dão índices como o de sonolência de Epworth, que questiona o paciente sobre sua sonolência perante algumas atividades do dia-a-dia, e por uma somatória dos escores classifica sua sonolência como leve, moderada e severa. Epworth Sleepiness Scale (ESS) Escala de sonolência de Epworth (ESS) Em 1991, Johns MW, descreveu uma escala para medir sonolência diurna, a Escala de Sonolência de Epworth (ESE), que se baseia em um simples questionário e é utilizada até os dias de hoje como auxiliar no diagnóstico da SAHOS. Ela se caracteriza como um questionário autoadministrado que se refere à possibilidade de cochilar em oito situações cotidianas. Por ser considerada simples, de fácil entendimento e preenchimento rápido, esta escala é amplamente utilizada. Para graduar a probabilidade de cochilar, o indivíduo utiliza uma escala de 0 (zero) a 3 (três), onde 0 corresponde a nenhuma e 3 a grande probabilidade de cochilar. Utilizando uma pontuação total > 10 como 30 pontos de corte, é possível identificar indivíduos com grande possibilidade de Sonolencia Diurna Excessiva. A sonolência é considerada excessiva quando a pontuação for maior que 9 pontos na ESE. Já pontuações maiores de 16 (dezesseis) são indicativas de sonolência grave, mais comumente encontrada nos pacientes com SAHOS moderada ou grave, narcolepsia ou hipersonia idiopática. As baixas pontuações nos pacientes com insônia, tanto do tipo psicofisiológica quanto idiopática, são consistentes com evidências de que estes pacientes possuem baixa propensão para dormir, mesmo quando estão relaxados. ESS tem sido validada e utilizada para medir a SDE em diversos grupos de pacientes como, por exemplo, nos pacientes com SAHOS, com doença renal crônica, cardiopatia, traumatismo cranioencefálico e disfunção tireoidiana. É também capaz de detectar variações da SDE em pacientes submetidos a tratamento, particularmente nos pacientes com SAHOS. Pittsburgh Sleep Quality Index (PSQI) Índice de qualidade do sono de Pittsburgh (PSQI) Fornece um índice de gravidade e natureza do transtorno, ou seja, uma combinação de informação quantitativa e qualitativa sobre o sono. O PSQI elaborado em 1989 por Buysse DJ, avalia a qualidade do sono em relação ao último mês. Este é um período intermediário entre os questionários que avaliam somente a noiteanterior, não sendo capazes de detectar padrões de disfunção, e aqueles que avaliam o último ano ou mais, não indicando a gravidade de um problema no presente momento. Deve-se observar, como uma importante característica deste questionário, a combinação da informação quantitativa e qualitativa sobre o sono que ele fornece. O PSQI foi desenvolvido com o objetivo de fornecer uma medida de qualidade de sono padronizada, fácil de ser respondida e interpretada, que discriminasse os pacientes entre “bons dormidores” e “maus dormidores” e, além disso, que fosse clinicamente útil na avaliação de vários transtornos do sono que pudessem afetar a sua qualidade. O questionário empregado para avaliar a qualidade do sono, foi publicado originalmente por Buysse et al., e consta também de 10 questões, sendo que algumas possuem subdivisões, de até dez subitens. O questionário consiste de 19 (dezenove) questões auto-administradas e 5 (cinco) questões respondidas por seus companheiros de quarto. Este questionário se baseia em 7 componentes de avaliação: Qualidade subjetiva do sono; demora para dormir; duração do sono; eficiência habitual do sono; distúrbios do sono; uso de medicações para dormir e disfunções. Cada componente pode variarde 0 a 3 pontos, sendo 0 indicação de qualidade “muito boa”, 1 “boa”, 2 “ruim” e 3 “muito ruim”. A análise destes 7 componentes resulta em um índice (PSQI) que pode variar de 0 a 21 pontos. As pontuações destes componentes são então somadas para produzirem um escore global, que varia de 0 a 21, onde, quanto maior a pontuação, pior a qualidade do sono. Um escore global do PSQI > 5 indica que o indivíduo está apresentando grandes dificuldades em pelo menos 2 componentes, ou dificuldades moderadas em mais de 3 componentes. Desde a sua elaboração, o PSQI tem sido amplamente utilizado para medir a qualidade de sono em diferentes grupos de pacientes como, por exemplo, nos pacientes com doença renal crônica, transplantados renais, diabéticos, portadores de dor crônica, doença de Parkinson, doença inflamatória intestinal, asma e câncer, além daqueles com transtornos psiquiátricos ou do sono. Berlim Questionnaire (BQ Utilizado para a identificação dos pacientes com apnéia do sono. O Questionário de Berlim (QB), originalmente desenvolvido em língua inglesa como um instrumento de rastreio da síndrome de apneia obstrutiva do sono (SAOS) em cuidados de saúde primários, tem sido aplicado no âmbito dos cuidados secundários, com resultados variáveis. Este questionário inclui 10 itens, organizados em: 3 categorias referentes à roncopatia e apneias presenciadas (5 itens), sonolência diurna (4 itens) e hipertensão arterial (HTA)/obesidade (1 item). Informação sobre o gênero, idade, altura, peso, circunferência do pescoço e raça é também solicitada. A determinação do alto ou baixo risco para a SAOS é baseada nas respostas em cada categoria de itens Existem também outros instrumentos de rastreio, porem, foram formulados na língua inglesa e direcionados para as suas respectivas populações, como o “Survey Screen for Sleep Apnea (SSSA)” que avalia a frequência dos sintomas, “Index of Sleep Apnea (ISA)”, que documenta a freqüência do ronco, do gasping e dos episódios de apnéia e “Sleep and Health Questionnaire (SHQ)”, que analisa a freqüência, gravidade e duração dos sintomas durante o sono. Os índices de Epworth, Berlim e Pittsburgh traduzidos para o Português e validados no Brasil, são instrumentos válidos e confiáveis para a avaliação dos DS, agindo como ferramentas auxiliadoras de extrema importância no diagnóstico da SAHOS Quebec Sleep Questionnaire (QSQ) Questionário de Sono de Quebec (QSQ) Para avaliar especificamente a qualidade de vida na SAOS existem alguns questionários, porém, somente um deles foi adaptado para o uso no Brasil, o Quebec Sleep Questionnaire (QSQ). O questionário brasileiro foi comparado a outros instrumentos de avaliação e se destacou devido aos seus itens padronizados e mais simples de serem respondidos. O QSQ é um instrumento elaborado com 32 itens que avaliam o impacto da apneia em cinco áreas diferentes, como sonolência diurna, sintomas diurnos, sintomas noturnos, emoções e interações sociais. Cada área possui de quatro a dez itens pontuados em uma escala de um a sete pontos e seus resultados são apresentados como a pontuação média de cada domínio isoladamente, sendo que, escores mais altos indicam sintomas mais leves. A divisão dos itens ocorre da seguinte forma: sonolência diurna, itens 7,16, 20, 27, 31 e 32; sintomas diurnos, itens 1, 10, 11, 14, 17, 18, 19, 23, 26 e 29; sintomas noturnos, itens 4, 9, 21, 22, 25, 28 e 30; emoções, itens 5, 6, 8, 15 e 24; interações sociais, itens 2, 3, 12 e 13. Sendo que, o item 32 deve ser respondido apenas por quem dirige. terapêutica fonoaudiológica A expectativa do tratamento da SAOS é restabelecer, durante o sono, uma respiração normalizada, assim, eliminando o cansaço diurno excessivo e possíveis alterações associadas. Quando realizado, de maneira correta, a terapia melhora a qualidade de vida, sonolência excessiva, cognição e redução do risco cardiovascular, assim, promovendo a saúde em geral. Diversos profissionais da saúde podem atuar no tratamento da SAOS e podem propor diferentes tratamentos, como: Porque o fonoaudiólogo atua na SAOS? Porque é o profissional que trabalha com a musculatura de cabeça e pescoço e visto que as estruturas envolvidas na SAOS são estruturas musculares, explica então a importância e necessidade da atuação fonoaudiológica Alterações comumente encontradas em roncadores e apneicos • Respiração oral/oronasal; • Lábios entreabertos; • Eversão do lábio inferior; • Flacidez de bucinadores; • Lingua baixa em assoalho da boca: • Dorso de língua elevado; • Lingua alargada; • Lingua flácida; • Palato mole flácido; • Uvula alongada; • DTM; Então, o fonoaudiólogo irá atuar na musculatura orofacial e faríngea, como, fortalecimento da musculatura que favorece o vedamento labial, musculatura de língua e na musculatura de região palatina, com o intuito de reorganizar seu tônus e sua funcionalidade, para fortalecer a musculatura da orofaringe, favorecer o vedamento labial, adequação da respiração nasal e com isso aumentar o espaço em orofaringe, que consequentemente irá reduzir os episódios obstrutivos respiratórios, a frequência e intensidade do ronco durante o sono e melhorar a qualidade de vida. A terapia fonoaudiológica é caracterizada como uma forma de tratamento capaz de melhorar significantemente os sintomas e de proporcionar uma melhor qualidade de vida em um curto intervalo de tempo, assim, demonstrando resultados satisfatórios no tratamento da SAOS e do ronco. Após o tratamento, é possível identificar melhora de 40% a 50% no número de paradas respiratórias, acompanhada de diminuição considerável do ronco, dos despertares noturnos e da sonolência diurna, refletindo melhora nas atividades diárias. A avaliação miofuncional pode ser realizada através do Protocolo de Avaliação Fonoaudiológica para SAOS, validado para distúrbios respiratórios do sono, e da Classificação de Malampati. A avaliação fonoaudiológica inicia-se pela história clínica, seguida da aplicação de protocolos e realização de medidas antropométricas específicas, incluindo a medida do diâmetro cervical, abdominal, peso e altura, que envolvem o índice de massa corpórea (IMC). Os questionários específicos para avaliação do distúrbio do sono como o Questionário de Berlim, para avaliar o ronco; Escala de Sonolência de Epworth, para avaliar a sonolência diurna; Questionário Padrão de Pittsburgh, para avaliar a qualidade do sono; e Quebec Sleep Questionnaire, para avaliar a qualidade de vida, completam essa avaliação. A terapia miofuncional envolve, inicialmente, a conscientização do problema e o esclarecimento sobre a necessidade do tratamento. Os aspectos abordados são: a melhora da postura corporal, da sensibilidade e da propriocepção, além da realização dos exercícios isométricos e isotônicos. Em seguida, a terapia miofuncional nos casos de SAOS consistem na realização de exercícios que podem ser de contração isotônica ou isométrica. Como atuam os exercícios? • Exercícios isotônicos – irão trabalhar a mobilidade da musculatura; • Exercícios isométricos – irão trabalhar a força da musculatura; OBS.: Não se deve fazer os mesmos exercícios para todos os pacientes, pois cada caso é um caso, alguns irão precisar de tais exercícios para tais objetivos e outros irão precisar de outros exercícios para outros objetivos. Portanto a terapia fonoaudiológica deve ser personalizada para cada paciente. Dentre os exercícios realizados na terapia fonoaudiológica em casos de SAOS, eles serão realizados para trabalhar: • Vedamento labial; • Aumento a aeração nasal (treino respiratório); • Abaixamento do dorso lingual; • Elevação da musculatura de véu palatino Para trabalhar esses aspectos citados acima, é preciso fazer a escolha de quais exercícios serão utilizados para atingir tais objetivos. Quanto a repetição dos exercícios não existe uma formula magica, a repetição deve ser de acordo com a necessidade de cada paciente, para isso deve ser feita a prova terapêutica, pede pro paciente fazer o exercícioX vezes e observa se ele cansa demais, então diminui a quantidade de repetição e de acordo com que ele for tendo condicionamento na musculatura vai aumentando a repetição. O paciente deve realizar os execicios 3x ao dia, sendo inseridos na sua rotina, pois assim eles tem mais adesão ao tratamento. Por exemplo, o paciente pode realizar os exercícios dentro do carro enquanto vai e volta para o trabalho, exceto os exercícios muito específicos que ele precise do espelho para olhar. O tratamento fonoaudiológico para SAOS pode ser feito somente com a fonoterapia ou também com a associação de terapia, ou seja, a terapia fonoaudiológica associada a outros recursos terapêuticos, como: Terapia fonoaudiológica associada ao uso do CPAP – esta é efetiva como coadjuvante na adaptação de mascara nasal, por exemplo, o fisioterapeuta solicita ao paciente o uso do CPAP, que tem como objetivo introduzir uma pressão de ar positiva continua para manter a via aérea aberta, só que se o paciente tem uma flacidez muscular muito grande na região de bucinadores e orbicular da boca, tem-se escape de ar, então o objetivo que o ar passe pra manter a via aérea aberta se perde um pouco, então o fisioterapeuta precisa aumentar a pressão de ar cada vez mais e isso causa um desconforto para o paciente e aumenta o ressecamento de via aérea,memso com umidificador. Então, o fonoaudiólogo pode trabalhar o fortalecimento da cinta muscular de bucinadores e orbicular da boca com o objetivo de aumentar o vedamento labial, fazendo com que o paciente se adapte melhor a máscara nasal. Ao final do tratamento, é realizado um período de acompanhamento com o intuito de manter os novos padrões e os benefícios alcançados nas etapas terapêuticas anteriores. É necessário que, desde o início, o paciente seja conscientizado sobre a importância da adesão ao tratamento. Para tanto, é importante que o terapeuta explique os recursos usados para a reabilitação, entre eles, a aquisição de padrões adequados das funções de mastigação, deglutição e respiração, tendo em vista que para a realização dessas funções orofaciais estão envolvidos grupos musculares que participam nos movimentos musculares da VAS. Existe algumas limitações da terapia fonoaudiológica, como: • Retrognatia extrema – falta de espaço para reposicionamento lingual, ou seja, quando o paciente é muito retrognata ele não tem outra posição pra ficar com a língua dentro da boca, se não com o dorso muito elevado e a ponta baixa, porque ele encolhe a língua dentro da boca; • Atresia maxilar – pelo mesmo motivo citado anteriormente, falta de espaço para reposicionamneti lingual. • Uso de próteses mal adaptadas – alguns pacientes seguram a prótese com o dorso da língua o tempo todo, então por mais que o fonoaudiólogo tente abaixar a língua não consegue. • Obesidade extrema – acumulo de gordura em portes moles.
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