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Temas atuais do Direito de Família

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13/03/2023, 20:03 Temas atuais do Direito de Família
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/03181/index.html# 1/43
Temas atuais do Direito de Família
Prof. Gilberto Fachetti Silvestre
Descrição
Abordagem conceitual e prática das tendências mais importantes das relações familiares e do regime
jurídico da família no Brasil.
Propósito
Essa é uma das principais matérias das quais resultam demandas discutidas em ações judiciais, sendo,
portanto, um assunto de grande viés prático e operabilidade para o exercício das profissões jurídicas que o
aluno irá exercer no futuro.
Preparação
Para iniciar os estudos deste assunto, tenha o Código Civil atualizado em mãos, pois você precisará
consultá-lo para compreender como é a disciplina jurídica da matéria.
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Objetivos
Módulo 1
Releitura da �liação e da paternidade socioafetiva
Reconhecer os conceitos básicos de afeto nas relações familiares.
Módulo 2
Alienação parental e abandono afetivo
Identificar as medidas de combate à alienação parental.
Módulo 3
Responsabilidade civil no Direito de Família
Analisar as principais formas de responsabilidade civil nas relações familiares.
O afeto está na base da filiação e do parentesco e tem importância na base das entidades familiares,
célula da sociedade. Daí a importância de compreender em detalhes como se dá a constituição do
vínculo entre pais e filhos e entre parentes, e, também, quais as suas características.
A ausência do afeto, da boa-fé, da fidelidade, do respeito e da consideração mútua entre parentes
gera prejuízos à integridade da pessoa lesada, o que configura dano moral e, consequentemente,
Introdução
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https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/03181/index.html# 3/43
1 - Releitura da �liação e da paternidade
socioafetiva
enseja a responsabilidade civil.
A responsabilidade civil nas relações familiares implica consequência prática e alguns conceitos
próprios e peculiares que permitem compreender melhor como funcionam essas entidades
familiares e como problemas deles decorrentes devem ser resolvidos.
Com o objetivo de colaborar com o futuro exercício da profissão, aqui se pretende apresentar
conceitos e demonstrar como eles se aplicam à solução de problemas que resultam dos danos
decorrentes das relações familiares.
Para isso, em primeiro lugar, será apresentado um panorama geral dos seus elementos essenciais
caracterizadores. Em seguida, será abordada a forma de identificar os danos e como repará-los.
Por fim, será apresentado o regime jurídico dos elementos essenciais da responsabilidade civil nas
relações familiares, de modo a resumir e sistematizar as principais regras sobre a matéria.
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Ao �nal deste módulo, você será capaz de reconhecer os conceitos básicos
de afeto nas relações familiares.
Afeto e família
O afeto como elemento essencial da família
A Constituição da República de 1988 alargou o conceito de família, passando as relações monoparentais a
integrá-lo. Enfim, reconheceu a união estável, afastando da ideia de família o pressuposto do casamento, e
assim subtraiu a finalidade da procriação.
Ao reconhecer a união estável, a Constituição conferiu juridicidade ao relacionamento existente fora do
casamento.
Os artigos 226 a 230 da Constituição promoveram alterações no Direito de Família a partir de quatro eixos
básicos:
A entidade familiar é plural e não mais singular, tendo várias formas de composição além do
casamento.
Alteraram o sistema de filiação (os filhos são iguais, sendo proibido qualquer tratamento
discriminatório).
Estabeleceram a igualdade entre os cônjuges na condução do lar.
Revelaram uma nova realidade familiar, na qual os vínculos de afeto se sobrepõem à verdade biológica,
priorizando a família socioafetiva.
A relação familiar deve se basear na afeição entre os membros da
família.
A intenção do legislador em fazer sobressair o afeto foi a de tornar a família uma entidade menos formal e
mais humanizada. A família é um espaço de realização espiritual e de desenvolvimento da personalidade
dos parentes.
No art. 1.596, o Código Civil define a filiação como a prole, havida ou não da relação de casamento ou por
adoção. Destaca, ainda, que os filhos terão os mesmos direitos e qualificações, proibidas quaisquer
designações discriminatórias relativas à filiação.
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Ocorre que, nos tempos atuais, essa definição foi vista como restritiva de certas situações, em que não há
adoção e nem relação de sangue, e, no entanto, existe uma relação afetiva paternal ou maternal e filial.
Exemplo
Imagine a pessoa que tem alguém como pai biológico, mas foi criada por seu padrasto como se fosse seu
filho. Imagine ainda, em situação semelhante, que essa pessoa mantenha relação afetiva próxima com seu
pai biológico e com seu padrasto, ou seja, como se tivesse dois pais (além da mãe).
Prevalece, hoje, para fins de caracterização da filiação, a realidade, a aparência, ou seja, a manifestação de
afeto, como se houvesse entre aquele que se diz pai/mãe e aquele que se diz filho uma verdadeira relação
paterno/materno-filial.
O código civil de 1916 adotou um modelo patriarcal, hierarquizado e
transpessoal da família, decorrente do matrimônio e admitindo o “sacrifício da
felicidade pessoal” dos membros em nome da manutenção do vínculo do
casamento vitalício. as pessoas se uniam em família com vistas à formação de
patrimônio, para sua posterior transmissão aos herdeiros, pouco importando
os laços afetivos. daí a impossibilidade de dissolução do casamento.
(FARIAS; ROSENVALD, 2021, p. 50)
Ainda segundo os autores, era a prevalência do ter sobre o ser. Esse modelo, contudo, passa a ruir com as
transformações sociais, culturais e científicas. Nessa perspectiva, ganha evidência a preocupação com a
pessoa humana e novos valores exigiram revisitar a concepção tradicional de família a partir de um modelo
descentralizado, democrático, igualitário e desmatrimonializado. O núcleo familiar passa a ser regido pelo
afeto. Assim, a família se fundamenta no afeto, na ética, na solidariedade recíproca entre os seus membros
e na preservação da dignidade deles.
Na pós-modernidade, a família é vista como elemento de garantia do homem na força de sua propulsão ao
futuro (FARIAS; ROSENVALD, 2021). Há, assim, uma transição da família como unidade econômica e
reprodutiva para uma unidade fundada no afeto.
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Abandona-se uma visão institucionalizada, pela qual a família era apenas uma célula social fundamental,
para que seja compreendida como núcleo privilegiado para o desenvolvimento da personalidade humana. A
família ganha um sentido instrumental: meio de promoção da pessoa humana (FARIAS; ROSENVALD, 2021).
É a importância do afeto.
Hoje, a família assume concepção múltipla, plural: diz respeito a um ou mais indivíduos ligados por traços
biológicos ou socioafetivos, com intenção de estabelecer, eticamente, o desenvolvimento da personalidade
de cada um. Além disso, é um núcleo transmissor de costumes e experiências humanas, passadas de
geração em geração. Segundo Campos e Campos (2016), a entidade familiar é um instituto destinado a ser
instrumento de felicidade das pessoas envolvidas. Aí está o papel funcionalizado da família: serve como
ambiente para a promoção da dignidade e a realização da personalidade de seus membros.
Comparando os sistemas do Código Civil de 1916 com os sistemas da Constituição da República de 1988 e
do Código Civil de 2002, tem-se:
FAMÍLIA NO CC/1916FAMÍLIA NA CRFB/1988 E NO CC/2002
Matrimonializada Pluralizada
Patriarcal Democrática
Hierarquizada Igualitária
Homoparental Heteroparental
Biológica Biológica ou socioafetiva
Unidade de produção e reprodução Unidade socioafetiva
Institucional Instrumental
Tabela: Comparações entre as definições de família.
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Gilberto Fachetti Silvestre.
A família deixou de ser “unidade de produção”, mais voltada à produção de riquezas, para se tornar um
espaço de afeto e solidariedade, em que os membros vivem para os benefícios de cada um dos que
pertencem a tal família.
Essa idealização da família como um todo interferiu no entendimento daquilo que se entende por filiação.
Importa, para caracterizar uma relação como paterno-filial, que exista afeto, apoio recíproco, consideração
mútua e, principalmente, que a sociedade reconheça aqueles indivíduos como uma família, ou seja, como
uma unidade de afeto e solidariedade.
Filiação socioafetiva
Filiação e paternidade fundadas no afeto
Observando o art. 1.596 o Código Civil, é possível perceber que a filiação é vista como um vínculo
consanguíneo (parentesco biológico ou consanguíneo) ou de adoção (parentesco civil ou jurídico).
Filiação socioafetiva
Neste bate-papo, o professor discorre sobre o conceito de filiação socioafetiva e sobre suas consequências
jurídicas.
Na releitura da filiação, além desses casos, surgiu mais um tipo de filiação, fundado na dignidade da pessoa
humana, que gera um novo tipo de parentesco. Assim, há os seguintes casos de filiação:

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Filiação consanguínea
Aquela em que o pai ou a mãe é ancestral biológico do filho (parentesco consanguíneo).
Filiação civil
Decorre da adoção, em que se constitui um vínculo formal que simula a origem biológica (parentesco civil).
Filiação afetiva ou socioafetiva
Fundada no afeto, em que indivíduos se consideram mutuamente como pai/mãe e filho, e se apresentam
socialmente como se fossem pai e filho (parentesco afetivo ou socioafetivo ou parentesco de outra origem).
A filiação afetiva fundamenta-se na socioafetividade, ou seja, dois elementos intimamente relacionados. A
filiação deve ser “sócio” e “afetiva”. Veja:
Afetiva
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Significa a consideração mútua entre os sujeitos que tratam a si mesmos como pai/mãe e filho; é o carinho,
o amor filial/paternal.
Sócio
Esta relação não pode se restringir ao ambiente doméstico e privado; é preciso que se manifeste, também,
no meio social, ou seja, as outras pessoas também precisam reconhecer aquela relação como uma relação
filial.
Tradicionalmente, a paternidade e a maternidade eram definidas a partir de duas antigas presunções:
Pater is est quem nuptiae demostrand, ou seja, o pai de alguém é, presumidamente, o marido ou
companheiro da mãe desse alguém.
Mater semper certa est, ou seja, a mãe é sempre aquela que dá à luz o filho. Todavia, importante
registrar que na atualidade, devido às técnicas de reprodução assistida, pode ocorrer a chamada
“gestação por substituição”, de modo que nem mesmo a maternidade será certa.
Observe, assim, que a filiação é vista, hoje em dia, para além da perspectiva biológica e do procedimento de
adoção. Para ser pai/mãe-filho, não necessariamente é preciso ter o mesmo sangue e origem genética,
tampouco passar pelo processo de adoção. Uma relação prolongada, fundada no afeto, também pode ser
reconhecida como filiação.
Há algumas maneiras de criar o vínculo de parentalidade a partir da socioafetividade. Veja exemplos abaixo.
Ausência de pais biológicos
O filho não tem pai biológico reconhecido (o famoso “pai incerto e não sabido” do registro de
nascimento). Tendo um “pai de criação”, é possível requerer o reconhecimento da existência de uma
relação jurídica filial entre eles.
Presunção de paternidade 
Presunção de maternidade 
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Abstenção dos pais biológicos
Os pais biológicos, ou somente a mãe, entregam a criança para ser criada por parentes ou outras
pessoas. Não será necessário, após anos de criação, que essa família tente o processo de adoção do
“filho de criação”. É possível que seja reconhecida a socioafetividade e, consequentemente, constitua-se
formalmente uma relação filial nela baseada.
Abandono dos pais biológicos
O filho tem pai biológico reconhecido, mas foi criado por outra pessoa (ex.: o padrasto) e foi abandonado
afetivamente por seu pai biológico. Considerando o abandono pelo pai biológico, nessa hipótese, é
possível que o pai biológico seja “substituído” pelo pai socioafetivo no registro civil.
Presença de pais biológicos e socioafetivos
O filho tem pai biológico reconhecido e que não o abandonou afetivamente, mas também foi criado por
outra pessoa (p. ex.: o padrasto). Nesse caso, será possível reconhecer “dois pais” para esse filho: o
biológico e o socioafetivo. O nome do pai socioafetivo será acrescido ao registro civil e não substituirá o
nome do pai biológico. É possível até que exista, também, o registro de uma mãe socioafetiva. Fala-se,
aqui, em multiparentalidade, ou seja, alguém terá, concomitantemente, pais biológicos e pais afetivos.
Atenção!
Embora os casos abordados se restrinjam à figura do “pai”, entenda-se ali também incluída a figura da mãe.
Na maioria dos casos, o reconhecimento envolve o pai, mas é possível a mesma situação em relação à mãe.
Esses casos revelam que hoje não se vê a filiação a partir de formalidades, mas a partir da sua substância,
qual seja: o amor familiar.
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Consequências jurídicas da �liação
socioafetiva
Havendo o reconhecimento da filiação/paternidade socioafetiva, surgirão efeitos jurídicos típicos e
peculiares entre o filho e o pai. A situação ganha contornos ainda mais diferenciados quando se fala em
multiparentalidade. Veja o esquema didático:
EFEITO TÍPICO
EFEITO PECULIAR NA
FILIAÇÃO SOCIOAFETIVA
EFEITO EM CASO DE
MULTIPARENTALIDADE
Sobrenome
O filho reconhecido pode:
• acrescentar o sobrenome do
pai socioafetivo, se não tiver o
sobrenome do pai biológico;
• excluir o sobrenome do pai
biológico e adotar o
sobrenome do pai socioafetivo;
ou
• acrescentar o sobrenome do
pai socioafetivo junto (antes ou
depois) do sobrenome do pai
biológico.
Na multiparentalidade, o filho passará
a ter vínculo filial com dois pais (ou
mães), baseados, respectivamente, na
consanguinidade e no afeto. Nesses
casos, acrescenta-se o sobrenome do
pai socioafetivo junto (antes ou
depois) do sobrenome do pai
biológico.
Relações familiares
(parentesco)
O filho reconhecido se tornará
parente do pai ou mãe
socioafetivo.
Como aqui haverá uma pluralidade de
pais/mães, consequentemente, o filho
será parente de todos os parentes de
cada um deles.
Por exemplo: um adolescente
adicionou no registro o nome do
padrasto como pai (socioafetivo) e
manteve o nome do pai biológico.
Nesse caso, o adolescente terá três
avós (as mães da mãe, do pai
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EFEITO TÍPICO
EFEITO PECULIAR NA
FILIAÇÃO SOCIOAFETIVA
EFEITO EM CASO DE
MULTIPARENTALIDADE
biológico e do pai socioafetivo) e três
avôs (os pais da mãe, do pai biológico
e do pai socioafetivo). Ou seja, terá
seis avós.
Poder familiar
Surgirá na esfera jurídica do pai
o poder de administrar e gerir a
vida e o patrimônio do filho.
Todos os pais da multiparentalidade
terão o poder familiar. Divergênciasna
criação da vida do filho deverão ser
levadas para o juiz decidir e suprir
ausências de autorizações.
Guarda
Em matéria de guarda, o juiz
deve decidir com base naquilo
que é o melhor para a criação
da criança.
Seja como for, não há
diferenças entre
paternidade/filiação
socioafetiva e as que decorrem
de outros vínculos
(consanguíneo e adoção).
Assim, o pai socioafetivo terá
direito à guarda, unilateral ou
compartilhada, se assim for
melhor para o menor.
Se for o ideal para o menor, o juiz
pode determinar a guarda
compartilhada entre os múltiplos pais.
Visitação
Se o pai socioafetivo não tiver
a guarda, terá direito de visitar
o menor. Tal direito se estende
aos avós socioafetivos.
Todos os múltiplos pais têm direito de
visitar o menor, caso não tenham a
guarda. Igual direito têm os múltiplos
avós.
Alimentos
O pai socioafetivo e os
parentes socioafetivos
(especialmente os avós) têm a
obrigação alimentar perante o
filho reconhecido.
Tanto o pai biológico quanto o pai
socioafetivo terão o dever de prestar
alimentos ao filho. A mesma
obrigação se estende aos múltiplos
avós.
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EFEITO TÍPICO
EFEITO PECULIAR NA
FILIAÇÃO SOCIOAFETIVA
EFEITO EM CASO DE
MULTIPARENTALIDADE
Sucessão
Aplicam-se as regras da
sucessão legítima dos arts.
1.829 e seguintes do Código
Civil.
Existem pontos de vista diferentes
quanto à possibilidade do filho
multiparental herdar a herança de
seus múltiplos pais. Sistematizando,
há os seguintes pontos de vista:
• o filho é herdeiro de todos os seus
pais; ou
• o filho somente será herdeiro do pai
biológico, e não terá direito à herança
legítima do pai socioafetivo (este pai
teria que deixar um testamento em
favor de seu filho).
Não é comum, mas poder-se-ia dizer
que o filho somente será herdeiro do
pai socioafetivo e não terá direito à
herança legítima do pai biológico
(este pai teria que deixar um
testamento em favor de seu filho).
Mas esse entendimento não é
comum.
Tabela: Efeitos jurídicos da multiparentalidade.
Gilberto Fachetti Silvestre
Não existe a previsão expressa na legislação (Código Civil, Constituição da República, Estatuto da Criança e
do Adolescente, Lei de Registro Público e outras semelhantes) quanto a uma filiação resultante da
socioafetividade.
Contudo, o Código Civil, no art. 1.593, prevê que “O parentesco é natural ou civil, conforme resulte de
consanguinidade ou outra origem”. Entende-se a possibilidade de constituir uma relação jurídica de filiação
a partir da afetividade, a qual pode ser entendida como um parentesco de outra origem.
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Falta pouco para atingir seus objetivos.
Vamos praticar alguns conceitos?
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Questão 1
Comparando os sistemas do Código Civil de 1916 com os sistemas da Constituição da República de
1988 e do Código Civil de 2002, assinale a alternativa que corresponda com a evolução correta de
Família entre os códigos.
Parabéns! A alternativa A está correta.
Com o CC/02, a família deixou de ser vista apenas sob a ótica singular do casamento, admitindo-se,
pois, uma abrangência plural, constituindo-se família de várias outras formas que não só no casamento.
Questão 2
Sobre a paternidade socioafetiva, assinale a alternativa correta.
A No CC/16, a família era matrimonializada, enquanto, no CC/02, a família é pluralizada.
B No CC/16, a família era democrática, enquanto, no CC/02, a família é patriarcal.
C No CC/16, a família era heteroparental, enquanto, no CC/02, a família é homoparental.
D Em ambos os códigos, a família é biológica.
E Em ambos os códigos, a família é uma unidade de produção e reprodução.
A É situação verificada exclusivamente entre padrastos e enteados.
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Parabéns! A alternativa E está correta.
É a chamada multiparentalidade, em que se mantém o vínculo biológico e se reconhece o vínculo
afetivo.
2 - Alienação parental e abandono afetivo
B Não pode ser reconhecida se o filho tem registrado o nome do pai biológico.
C Não prevalece sobre o vínculo genético.
D Somente será reconhecida se houver consentimento do pai biológico.
E
Como consequência de seu reconhecimento, poderá fazer com que o filho tenha
registrado em seu registro civil os nomes de dois pais ou duas mães.
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Ao �nal deste módulo, você será capaz de identi�car as medidas de
combate à alienação parental.
Síndrome de Alienação Parental
A prática de alienação parental
A rejeição e o desafeto de um filho por seu genitor por influência negativa do outro genitor ou outro parente
são designados de “Síndrome de Alienação Parental”.
Alienação parental
Neste bate-papo, o professor discorre sobre o conceito de alienação parental.
A síndrome (detestar o genitor) resulta da prática de alienação parental. No Brasil, a Lei nº. 12.318/2010
dispõe sobre a matéria. Essa lei define a alienação parental como:
Interferência na formação psicológica da criança ou do adolescente.

Ato 
Agente 
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A interferência é promovida ou induzida por um dos genitores; pelos avós; ou pelos que tenham a
criança ou o adolescente sob a sua autoridade, guarda ou vigilância.
Fazer com que a criança ou o adolescente repudie o genitor; ou tenham prejudicado o
estabelecimento ou a manutenção de vínculos com o genitor.
A alienação parental caracteriza-se por um conjunto de atos, como os seguintes:
Um genitor contribui (com palavras e atos) para que a criança desenvolva maus sentimentos em
relação ao outro genitor.
A atitude do genitor alienador não encontra qualquer justa causa ou motivo.
Aspectos negativos do outro genitor são potencializados.
O genitor desmoraliza o outro perante o filho.
A criança é utilizada como um instrumento de vingança de um genitor em relação ao outro, geralmente
por causa de separação ou divórcio.
Proibir que o genitor veja o filho.
Chantagear o filho.
Manipular psicologicamente o filho.
A criança torna-se hostil e agressiva em relação a um dos genitores.
Aos poucos, a criança afasta-se do genitor vítima (se não se afasta fisicamente, pelo menos se afasta
espiritualmente).
Realiza-se uma campanha de desqualificação da conduta do genitor no exercício da paternidade ou
maternidade.
O exercício da autoridade parental é dificultado.
O genitor dificulta o contato da criança ou adolescente com o outro genitor.
Dificulta-se o exercício do direito de convivência familiar.
Objetivo 
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São omitidas deliberadamente ao genitor as informações pessoais relevantes sobre a criança ou
adolescente, especialmente as:
escolares;
médicas; e
alterações de endereço.
Apresentação de falsa denúncia contra o genitor, contra familiares deste ou contra avós, para obstar ou
dificultar a convivência deles com a criança ou adolescente.
Mudança de domicílio para local distante, sem justificativa, visando a dificultar a convivência da criança
ou do adolescente com o outro genitor, com familiares deste ou com os avós.
Embora mais comum entre genitores (pai e mãe), é possível que se desenvolva em relação à conduta de
outros parentes, como avós, tios e primos ou do tutor ou guardião.
A prática de ato de alienação parental é conduta que:
Fere o direito fundamental da criança ou do adolescentede convivência familiar saudável.
Prejudica a realização de afeto nas relações com genitor e com o grupo familiar.
Constitui abuso moral contra a criança ou o adolescente.
Descumpre os deveres inerentes à autoridade parental ou decorrentes de tutela ou guarda.
A verificação da síndrome é feita judicialmente, com o juiz nomeando perícia psicológica ou
biopsicossocial.
Se o juiz verificar que está ocorrendo alienação parental ou qualquer conduta que dificulte a convivência de
criança ou adolescente com genitor, poderá tomar as seguintes medidas segundo a gravidade do caso:
Advertir o alienador;
Ampliar o regime de convivência familiar em favor do genitor alienado.
Estipular multa ao alienador, caso continue praticando tais atos.
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Determinar acompanhamento psicológico e biopsicossocial.
Determinar a alteração da guarda para guarda compartilhada ou sua inversão.
Determinar a fixação cautelar do domicílio da criança ou adolescente.
Declarar a suspensão da autoridade parental do genitor alienador.
Essas medidas não prejudicam as consequências decorrentes da responsabilidade civil (indenização) ou
criminal.
É preciso ter em mente que a vítima da alienação parental não é apenas o genitor alienado, mas também o
filho menor, pois este perde seu direito à convivência familiar. Assim, a alienação parental tem duas vítimas:
o genitor e o filho menor.
O filho menor é vítima não só porque perderá a convivência familiar, mas porque
será acometido de uma síndrome que provoca verdadeiro distúrbio psicológico.
Organização Mundial da Saúde (OMS) registrou, inclusive, a Síndrome da Alienação Parental na
Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde (CID -11): “QE52.0 -
problemas relacionais da criança com o cuidador”.
Considerando a alienação parental um problema relacionado à saúde, é possível verificar que o filho menor
terá sua saúde mental prejudicada com a prática alienadora. Desse modo, tal filho é o mais prejudicado com
a alienação.
O dever de cuidado
Abandono afetivo
O afeto, aqui, não deve ser entendido como “amor” ou “gostar de um filho”.
Resumindo
Afeto significa fazer-se presente na criação do filho, dar atenção ao filho, conviver com o filho, dialogar com
o filho, e participar ativamente da sua vida.
Assim, “abandono afetivo” não é, necessariamente, que o pai não gosta do filho; significa que o pai tem um
dever a cumprir, qual seja, fazer-se presente na vida e na formação do filho.
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Segundo o Superior Tribunal de Justiça (STJ), “o dever de cuidado compreende o dever de sustento, guarda
e educação dos filhos”. Nesse sentido, não há um dever jurídico de “cuidar afetuosamente”.
Logo, não há abandono afetivo se cumpridos os “deveres de sustento, guarda e educação da prole, ou de
prover as necessidades de filhos maiores e pais, em situação de vulnerabilidade”. Consequentemente,
também não configurará dano moral indenizável (AgInt. no AREsp. n. 1.286.242).
Melhor sistematizando, o abandono afetivo pode ser caracterizado como:
Atenção!
O fato de um pai pagar pensão alimentícia a um filho não indica que ele cumpriu seu papel como tal; o pai
deve participar da criação do filho como um todo.
Aqui, o genitor menospreza e ignora o filho e seus deveres para com ele.
Esse desprezo do genitor pode influenciar substancialmente na vida, na formação, na personalidade e na
autoestima do filho, especialmente se o descaso ocorre desde criança. Situações simples - mas que, para
crianças, são grandiosas e terríveis - podem ser decisivas na formação da pessoa adulta. Por isso, o
abandono afetivo pode se configurar por essas ocorrências, às vezes em conjunto, às vezes não.
NÃO comemoração do aniversário e de outras datas comemorativas.
NÃO comparecer a eventos com a criança, como os escolares.
NÃO manter contato pessoal, como visitas e telefonemas.
Descaso do genitor para com
o filho
Em razão desse descaso, o
genitor negligencia o filho.
O genitor não mantém
contato com o filho, ou seja,
não mantêm convivência
entre si.
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NÃO prestar assistência, podendo fazê-lo, como pagar alimentos.
Não confunda abandono afetivo com abandono de incapaz.
Abandono de incapaz é um crime tipificado no art. 133 do Código Penal, que consiste em abandonar pessoa
que está sob seu cuidado, guarda, vigilância ou autoridade, e, por qualquer motivo, incapaz de defender-se
dos riscos resultantes do abandono. A pena será detenção, de seis meses a três anos.
Saiba mais
Nesse tipo penal, abandonar significa deixar de prestar assistência, desamparar, expondo o incapaz a
riscos. Aqui, diferentemente do abandono afetivo, restringe-se o desamparo a colocar a vítima em um lugar
perigoso e dela se afastar.
O afastamento do abandono afetivo não é geográfico, espacial, mas emocional.
Fala-se hoje, também, em “abandono afetivo inverso”. Neste caso, são os filhos que abandonam os pais. É
aplicado especialmente entre filhos e idosos.
Consequência do abandono afetivo é a indenização que o pai terá que pagar ao filho abandonado.
Considera-se o abandono afetivo um ato ilícito civil. Não é crime, mas um ato ilícito.
Como consequência do ato ilícito (art. 186 do Código Civil), surge o dever de
indenizar o dano moral dele resultante (caput do art. 927 do Código Civil).
Os problemas psíquicos, de personalidade, de baixa autoestima, o sofrimento, a humilhação e o sentimento
de abandono são caracterizadores da lesão à dignidade do filho (ou do idoso, no caso do abandono afetivo
inverso). Tal lesão provoca profundos prejuízos extrapatrimoniais, ou seja, danos morais.
O cumprimento do dever de cuidado
Abandono afetivo na jurisprudência
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A primeira decisão do Superior Tribunal de Justiça (STJ) que reconheceu o abandono afetivo como ato ilícito
moral indenizável foi proferida em 2012, no Recurso Especial n. 1.159.242.
Relembrando
No caso julgado, o STJ determinou que o pai deveria pagar uma indenização de R$200 mil por ter sido
ausente na criação da filha. O STJ, assim, reverteu um entendimento que tinha desde 2005, em que recusou
o dano moral por abandono afetivo.
Nesse julgamento, o STJ entendeu que a afetividade se relaciona com o cuidado, e não com o amor, com o
gostar. Veja as principais conclusões retiradas do julgado do REsp. n. 1.159.242!
Em abandono afetivo, não se discute o “amor” entre pai e filho, mas a imposição biológica e
legal de cuidar, que é dever jurídico imposto às pessoas que geram ou adotam filhos.
Não se discute a mensuração do intangível (o amor), mas a verificação do cumprimento ou
descumprimento da obrigação biológica e legal de cuidar.
“Amar é faculdade, cuidar é dever”.
O cuidado é fundamental para a formação do menor: “deve existir um núcleo mínimo de
cuidados parentais com o menor que, para além do mero cumprimento da lei, garantam aos
filhos, ao menos quanto à afetividade, condições para uma adequada formação psicológica
e inserção social”.
O STJ apresentou alguns elementos objetivos que configuram o cumprimento do dever de cuidado, que são
verificados na avaliação de ações concretas. Portanto, cuidado é:
presença;
contatos, mesmo que não presenciais;
convívio;
participação na criação;
participação na educação;
transmissão de atenção;
acompanhamento do desenvolvimento sociopsicológico;
ações voluntárias em favor da prole; e
Principais conclusões 
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igualdade entre o tratamentodado aos demais filhos, se existirem (não tratar filho como se fosse de
“segunda classe”).
É por isso que o STJ decidiu, em 2021, que pagar pensão não impede danos morais por abandono afetivo
(Recurso Especial n. 1.887.697): “o pagamento de pensão materializa apenas o dever de assistência
material dos pais em relação aos filhos e não é suficiente para que os pais se sintam livres de qualquer
obrigação”.
Assim, existe um dever jurídico dos pais de conferir ao filho uma firme referência parental, de modo a
propiciar o seu adequado desenvolvimento mental, psíquico e de personalidade. Esse dever é distinto do
dever de prover material e economicamente a prole (ex.: pagar pensão alimentícia).
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Falta pouco para atingir seus objetivos.
Vamos praticar alguns conceitos?
Questão 1
É uma possível consequência do abandono afetivo de um filho pelo pai
Parabéns! A alternativa B está correta.
A o aumento do valor da pensão alimentícia.
B o pagamento de uma indenização por dano moral.
C a aplicação de uma multa.
D a prisão de 1 a 6 meses.
E o aumento do tempo das visitas semanais ou quinzenais.
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O abandono afetivo é considerado um ato ilícito (art. 186) que causa prejuízo moral (dano moral). Logo,
deve ser indenizado (art. 927). Abandono afetivo não tem nada a ver com prestação de assistência
material (alimentos). Abandono afetivo não é crime e nem contravenção para ensejar prisão.
Questão 2
É prática de alienação parental
Parabéns! A alternativa B está correta.
O ato de omitir informações pessoais relevantes sobre a criança ou o adolescente, nomeadamente,
informações escolares, é considerado alienação parental.
A mudar o domicílio para local distante com justificativa.
B omitir informações escolares sobre a criança ou o adolescente.
C facilitar contato de criança ou adolescente com genitor.
D apresentar denúncia justificada contra genitor.
E processar o outro genitor por dano moral.
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3 - Responsabilidade civil no Direito de
Família
Ao �nal deste módulo, você será capaz de analisar as principais formas de
responsabilidade civil nas relações familiares.
Noções gerais da responsabilidade civil
Ato ilícito e responsabilidade civil
Para compreender como funciona a responsabilidade civil no âmbito das relações familiares, é preciso,
antes, saber o que é ato ilícito e tal responsabilidade civil. Com isso, será possível identificar quais condutas
entre os familiares poderá ser causadora de dano indenizável.
Ato ilícito é o descumprimento de dever de não lesar, o que causa prejuízo a outrem. O ato ilícito poderá ser
de dois tipos: quando se tratar de dever negocial infringido, fala-se em ato ilícito negocial, que enseja a
responsabilidade civil negocial; em se tratando de dever legal, o ilícito será extracontratual e a
responsabilidade civil será aquiliana.
De acordo com o art. 186, o ato ilícito é caracterizado pela existência de cinco elementos. Vejamos!
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
Conduta

Ilicitude

Culpa

Nexo de causalidade

Dano
O ato ilícito é um ato jurígeno, pois é fonte de um direito: a responsabilidade civil ou dever de indenizar.
Dano é a lesão a um bem jurídico, com redução do seu valor. Pode-se, então, dividir essa definição em
algumas partes:
É o descumprimento de um dever de incolumidade, isto é, integridade protegida pela lei, do bem
jurídico.
Dois são os bens tutelados pelo Direito, quais sejam, as pessoas e as coisas. Dessa maneira, o dano
é caracterizado como a infração a um dever de incolumidade ou integridade de uma pessoa ou
coisa.
Lesão 
Bem jurídico 
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Se refere ao prejuízo sofrido quando o bem é lesado. Tais prejuízos podem ser extrapatrimoniais
(mais conhecidos como dano moral) e/ou patrimoniais (mais conhecidos como dano patrimonial,
material ou perdas e danos).
Existem dois valores do mundo social: o preço (coisas) e a dignidade (pessoas), ou seja, as coisas
têm preço e as pessoas têm dignidade.
O que se tutela é o prejuízo. As lesões associam-se a prejuízos: um dano à pessoa sempre acarreta um
prejuízo extrapatrimonial e também pode acarretar um prejuízo extrapatrimonial; um dano à coisa sempre
acarreta um prejuízo patrimonial, podendo também ocasionar um prejuízo extrapatrimonial. Tais
consequências levam a um aumento da extensão do dano e da correspondente indenização (art. 944).
A origem do prejuízo (patrimonial ou extrapatrimonial) é a lesão à pessoa ou à
coisa. Esta situação geral é que configura o dano.
Nas relações familiares, os casos de danos mais comuns são os danos morais (prejuízos
extrapatrimoniais).
O dano moral decorre de lesão objetiva ao direito da personalidade, isto é, da infração de um dever de
incolumidade, independentemente de sofrimento e dos sentimentos da vítima.
Para a proteção da pessoa, de sua personalidade, de sua dignidade, a ordem jurídica tutela uma série de
direitos que tratam dos aspectos fundamentais e essenciais do ser humano: trata-se dos direitos da
personalidade. A pessoa natural é constituída fundamentalmente a partir de três aspectos. Vamos conferir!
Redução 
Valor 
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Psicofísico
Refere-se ao corpo físico da pessoa e aos seus pensamentos, seus membros, órgãos, tecidos e seu lado
psicológico. Os direitos da personalidade que se referem a esse aspecto têm por objeto a integridade
psicofísica ou psicossomática da pessoa.
Espírito ou moral
Não se trata de uma definição religiosa de espírito. Aqui, o significado se refere a sentimentos, inclinações
sensíveis, conceitos que a pessoa tem de si e que os outros têm desse sujeito, enfim, as situações
imateriais da pessoa. Nesse caso, os direitos da personalidade querem assegurar a integridade espiritual
ou moral da pessoa.
Inteligência
Diz respeito à capacidade que a pessoa tem de produzir conhecimento, inventar, criar. Protege, portanto, a
criatividade, a produção intelectual, o invento, a arte que o sujeito produz e pode produzir. Por tal razão, os
direitos da personalidade tratam da integridade intelectual da pessoa natural.
Alguns exemplos de direitos da personalidade são os seguintes:
Direitos da integridade psicofísica
Vida (biológica), integridade corporal e dos órgãos e tecidos, proibição de tortura e maus-tratos
psicológicos.
Direitos da integridade moral
Liberdade, honra, fama, imagem, privacidade, sossego, recato.
Direitos da integridade intelectual
Produção artística, cultural, autoria de músicas e livros, pinturas, marcas, patentes, invenções.
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Assim, o dano moral pode ser físico, moral ou intelectual, dependendo de qual direito da personalidade foi
atingido.
As lesões que atingem uma pessoa são de naturezas distintas. Vejamos:
1.
Uma de natureza psicossomática, que viola a incolumidade corpórea e a saúde mental do indivíduo,
tipificada nos Capítulos I a VI, do Título I da Parte Especial do Código Penal.
2.
Outra de natureza moral, que atinge (ou pode atingir) os sentimentos mais íntimos do ser humano e a
percepção que o próprio tem de si, como honra, bem-estar, podendo ocasionar sensações ruins, como
sofrimento, dor, angústia, humilhação etc.
3.
A terceira de ordem intelectual, isto é, quando alguém se apropria daprodução intelectual do sujeito.
Uma das principais diferenças entre as lesões a os aspectos diferentes está justamente na forma de se
perceber esses danos: enquanto os danos físicos são visíveis a qualquer pessoa (qualquer pessoa pode, por
exemplo, visualizar um membro mutilado, uma ferida, o óbito), os danos morais, no entanto, não podem ser
visualizados, pois atingem aquilo que há de mais íntimo na pessoa, seus sentimentos, que não são visíveis e
nem podem ser sentidos por outros indivíduos.
Fala-se em compensação do dano moral porque ele não pode ser reparado. Por mais que se indenize o
sujeito, ele permanecerá lesado, em razão de uma agressão física permanente ou mesmo pela lembrança.
Por isso, a indenização tem um caráter compensatório pelo dano sofrido, um lenitivo pela lesão e pelo
prejuízo que foram causados.
Principais atos ilícitos nas relações familiares
A lista de atos danosos a seguir contempla os mais discutidos casos de ato ilícito no âmbito das relações
familiares, mas não são, necessariamente, os únicos. Confira!
SITUAÇÃO DANOSA
PREJUÍZO
POSSÍVEL
DIREITO DA PERSONALIDADE LESADO
Rompimento de
noivado
Extrapatrimonial e
patrimonial.
Dependerá da forma como tal noivado foi
rompido. O término do relacionamento, em si,
não é um dano moral, mas o modo como ele
ocorre poderá ser. O rompimento deve ocorrer
de modo reservado, sem exposição dos noivos
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SITUAÇÃO DANOSA
PREJUÍZO
POSSÍVEL
DIREITO DA PERSONALIDADE LESADO
que possa caracterizar constrangimento e
humilhação. Assim, é possível que a honra
objetiva e a honra subjetiva, a privacidade, a
vida íntima e o recato do noivo sejam lesados
pelo outro que rompe a relação.
Há possibilidade de dano patrimonial, no caso
de os noivos estarem preparando e pagando a
festa de casamento e a aquisição de bens para
a nova residência.
Nesse caso, se o noivado for rompido sem
justa causa às vésperas do casamento, o noivo
que rompe terá que indenizar os prejuízos
patrimoniais do outro.
Abandono no altar
Extrapatrimonial e
patrimonial
Há um possível dano moral por causa da
exposição vexatório do nubente abandonado.
Verifica-se a possibilidade de lesão à sua honra
objetiva e subjetiva.
O noivo abandonado injustificadamente tem,
ainda, direito a uma indenização pelos
prejuízos patrimoniais, como, por exemplo, o
que dispendeu para a realização da cerimônia
e os custos da festa.
Falta de boa-fé Extrapatrimonial e
patrimonial
Trata-se da desonestidade de um membro da
família para com seus outros parentes. Ocorre
quando um engana outro ou os outros para
obter vantagens. Por exemplo: o marido
engana a esposa transferindo bens a outra
pessoa para, posteriormente, se divorciar e não
ter patrimônio a dividir.
Observe que há danos patrimoniais, os quais
poderão ser revertidos pela desconsideração
da personalidade da pessoa jurídica, mas o
abalo da confiança atinge a personalidade do
enganado, podendo causar-lhe situação
melancólica. Isso significa uma lesão à
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SITUAÇÃO DANOSA
PREJUÍZO
POSSÍVEL
DIREITO DA PERSONALIDADE LESADO
integridade psicológica e, ainda, um
desassossego para tentar reverter a situação.
Infidelidade na
Internet
Extrapatrimonial
Trata-se de dano moral porque lesa a confiança
do outro cônjuge ou companheiro. Nesse tipo
de relação, cria-se a expectativa da fidelidade,
confia-se no outro. Havendo uma frustração
quanto a esses aspectos, são criadas
situações que atingem a saúde psicológica.
Adultério Extrapatrimonial
É lesão à confiança do outro cônjuge ou
companheiro, como ocorre na infidelidade
virtual. As consequências danosas são as
mesmas. Mas aqui há um diferencial: a
indenização tende a ser maior porque a
repercussão da lesão é maior se comparada à
infidelidade na Internet. O fato de existir
contato físico com amante agrava a
repercussão negativa da situação.
Violência doméstica Extrapatrimonial
As lesões corporais e psicológicas resultantes
da violência doméstica atingem a saúde física
e mental e a integridade psicossomática.
Abuso físico e
psicológico da
criança e do
adolescente
Extrapatrimonial
É a violência doméstica voltada contra a
criança e o adolescente. Diz respeito a maus
tratos, castigos severos, abuso sexual etc.
Atingem a saúde física e mental e a integridade
psicossomática.
Abandono afetivo Extrapatrimonial
O cuidado familiar é considerado um novo
direito da personalidade. Não dar atenção ao
filho ou a outro familiar é considerado dano
moral por causa de todos os transtornos
psicológicos causados pelo abandono afetivo.
Recusa em registrar
voluntariamente o
Extrapatrimonial É o caso do pai que, sem justa causa para
duvidar de sua paternidade, se recusa a
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SITUAÇÃO DANOSA
PREJUÍZO
POSSÍVEL
DIREITO DA PERSONALIDADE LESADO
nascimento do filho reconhecer o filho voluntariamente quando
este é registrado. É uma recusa que expõe a
criança e a mãe a uma situação
constrangedora.
Inadimplemento
alimentar
Extrapatrimonial
Os alimentos são os valores pagos para a
manutenção do padrão de vida do alimente e
para custear suas despesas. O não pagamento
da pensão coloca o alimentante em situação
de necessidade e dificuldades, o que prejudica
sua manutenção e bem-estar.
Esse dano moral será indenizado em paralelo à
cobrança dos valores da pensão que não foram
pagos.
Alienação parental Extrapatrimonial
Como a alienação é um conjunto de atos que
um familiar pratica para que a criança ou o
adolescente repudie um dos seus genitores,
tais atos tendem a ser difamações e injúrias
que lesam a honra e a boa fama do genitor.
Imposição de falsas
memórias
Extrapatrimonial
É semelhante à alienação parental, quando se
denigre a fama do outro genitor para que o filho
menospreze sua memória e se desvincule
emocionalmente. Também pode configurar um
dano moral em razão da lesão à honra.
Danos ao nascituro
Extrapatrimonial e
patrimonial
Tem lugar quando a mãe é negligente durante a
gravidez, causando ou agravando danos ao
bebê. Exemplo: a mãe que não para de fumar
ou usar entorpecentes durante a gravidez e
causa sequelas na criança. Os problemas de
saúde lesam a integridade física da criança e
suas limitações poderão significar prejuízos
patrimoniais futuros, como, por exemplo,
impossibilidade de trabalhar. A mãe terá que
indenizar o filho por todos esses prejuízos.
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Tabela: Principais atos ilícitos nas relações familiares.
Gilberto Fachetti Silvestre
Atenção!
Embora a maioria dos casos verse sobre danos entre cônjuges e companheiros, tais danos podem ocorrer
entre parentes como um todo.
Responsabilidade civil nas relações
familiares
Responsabilidade civil
Neste bate-papo, o especialista trata dos elementos caracterizadores da responsabilidade civil nas relações
familiares e traz exemplos.
Farias e Rosenvald (2021, p. 165) entendem que é plenamente possível a reparação de danos nas relações
familiares na perspectiva da responsabilidade civil tradicional. Confira!
[…] a obrigação de reparar danos patrimoniais e extrapatrimoniais
decorrentes da prática de um ato ilícito também incide no direito
das famílias. [...], não se pode negar que as regas da responsabilidade
civil invadem todos os domínios da ciência jurídica, rami�cando-se
pelas mais diversas relações jurídicas, inclusive as familiaristas.

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(FARIAS; ROSENVALD, 2021, p. 165)
A responsabilidade civil decorrentede danos originados das relações familiares é subjetiva. Isso significa
que ela se fundamenta na culpa (negligência) ou no dolo (intencional) do agente que causa o dano.
A reparação do dano deve ser integral para reparar o dano sofrido pela vítima. O valor de tal indenização,
geralmente estabelecido como uma prestação pecuniária (em dinheiro), é fixado de acordo com a extensão
do dano, ou seja, o prejuízo efetivamente sofrido pela vítima.
Lembre-se que o prejuízo poderá ser de ordem patrimonial (“dano patrimonial, material ou perdas e danos”)
ou extrapatrimonial (“dano moral”).
Para que exista o dever de reparar o dano, é preciso que exista um nexo de causalidade entre a conduta do
parente e o dano (moral ou patrimonial) do parente vítima.
A conduta do parente causador do dano é o comportamento humano voluntário que descumpre o dever e
causa o dano. É caracterizado por uma ação (conduta comissiva) ou omissão (conduta omissiva):
A primeira
É quando o parente descumpre um dever de omissão (ex.: não ferir a integridade física de alguém).
A segunda
É a infração de um dever de ação (ex.: deveria prestar socorro, mas se nega).
A conduta deve ser voluntária, ou seja, consciente. Justamente porque é consciente tal conduta pode ser
evitada. Tal consciência somente se verifica nos indivíduos que gozam de discernimento, que é a
capacidade de compreensão da realidade que cerca o indivíduo. Ausente o discernimento, não se poderá
imputar o ato ao sujeito. Por exemplo, sobre alguém que não sabia que era o pai de uma criança, não se
pode dizer que abandonou afetivamente o filho.
Saiba mais
O nexo de causalidade é a relação entre a conduta do parente e o dano causado ao outro parente. O
elemento causal permite conhecer qual parente provocou o dano e, consequentemente, quem terá o dever
de indenizar.
As dificuldades em torno do nexo de causalidade giram em torno de descobrir qual é a causa efetiva do
dano quando várias circunstâncias foram determinantes para a ocorrência do resultado, isto é, quando
várias foram as causas dano. Nesses casos, fala-se em concausas sucessivas (uma levou à outra) e
concausas concomitantes (vários motivos ao mesmo tempo).
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Para encontrar a causa eficiente efetiva do dano e determinar quem tem o dever de indenizar, três teorias
sobre o nexo de causalidade foram desenvolvidas com tal intuito. Vamos conferir!
Teoria da equivalência de condições ou conditio sine quæ non
Qualquer das circunstâncias que contribuíram para a ocorrência do dano é considerada sua causa, e o
parente titular da conduta que o caracteriza é responsável pelo resultado. Haverá um processo de
digressão mental para verificar todas as condições sem as quais o ato não teria ocorrido e, então,
qualquer uma delas será causa do resultado.
Teoria da causalidade adequada
Considera causa as circunstâncias ordinárias da vida familiar que provocam o resultado. Será causa
aquela que razoavelmente foi a principal para a conclusão do evento danoso. Analisa-se qual é a causa
mais adequada, sem a qual não seria possível prever a possibilidade de dano.
Teoria da causalidade imediata
Leva em consideração a circunstância mais próxima do resultado. Assim, a causa eficiente é aquela que,
imediatamente, (sem intervalo) e diretamente (sem intermediário) provocou o dano. É feito um histórico
das circunstâncias que promoveram o resultado e aquela que for imediatamente anterior ao fato danoso
é sua causa.
Quando se está diante de um episódio danoso, para saber se diz respeito a um ato ilícito típico das relações
familiares, é preciso responder às seguintes perguntas:
PERGUNTA RESPOSTA
Houve dano? Necessariamente, deve existir um dano moral ou patrimonial
Qual é a relação entre o
agente causador do dano e
a vítima?
São parentes com deveres de cuidado entre si.
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PERGUNTA RESPOSTA
Quem é o agente? É um parente da vítima que tem algum dever familiar perante a vítima.
Quem é a vítima? Algum parente do agente.
Quais são os deveres das
relações familiares que
são descumpridos?
Cuidado, honestidade, boa-fé, afetividade, fidelidade, todos típicos das
relações familiares.
Como verificar o nexo de
causalidade?
Analisa-se se o descumprimento do dever da relação familiar causou
um dano que somente pode ser ocasionado a um parente. Por
exemplo: adultério é somente entre cônjuges ou companheiros. Ou
seja, o dano causado só existe porque agente e vítima são parentes e
o agente descumpriu deveres perante a vítima, o que causou danos
potencializados.
Tabela: Perguntas.
Gilberto Fachetti Silvestre.
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Falta pouco para atingir seus objetivos.
Vamos praticar alguns conceitos?
Questão 1
Não enseja a responsabilidade civil no âmbito familiar
A
a recusa dos pais ou de um deles em autorizar o casamento do filho maior de 16 anos e
menor de 18 anos.
B violência doméstica entre cônjuges e companheiros.
C adultério.
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Parabéns! A alternativa A está correta.
A autorização é um direito potestativo dos pais; as demais alternativas são todas as hipóteses
aventadas atualmente de responsabilidade civil.
Questão 2
(Adaptado de: 2021 - VUNESP - TJ-GO - VUNESP - Titular de Serviços de Notas e de Registros -
Remoção). Analise as proposições a seguir:
I - Contrariando o acordo que havia feito com a mulher, mãe da criança, o genitor escolheu um nome
duplo, magoando profundamente sua mulher. Trata-se de ato ilícito, na medida em que o pai feriu os
deveres de lealdade e boa-fé.
II - Após a distribuição de convites para a festa de casamento, a noiva envia uma carta a cada
convidado cancelando a festa por causa do término do relacionamento com seu noivo. Nesse caso, não
há que se falar em ato ilícito e responsabilidade civil.
III - O cônjuge conhecia a existência de uma causa impeditiva para casar e, mesmo assim, contrai
casamento sem nada falar com a esposa. Tempos depois, o casamento é anulado. O cônjuge deverá
indenizar o dano moral sofrido pela esposa.
Estão corretas as alternativas:
D rompimento de noivado próximo à celebração do casamento.
E abandono do nubente no altar.
A I, II e III.
B I e II apenas.
13/03/2023, 20:03 Temas atuais do Direito de Família
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Parabéns! A alternativa A está correta.
I - Correta: A falta de boa-fé e colaboração entre cônjuges e companheiros é ato ilícito e enseja a
responsabilidade civil.
II - Certa: não houve lesão à dignidade do noivo e o tempo foi suficiente para evitar constrangimentos.
III - Certa: Houve ausência de boa-fé por parte do cônjuge, o que configura desonestidade indenizável.
Considerações �nais
Este conteúdo e seus módulos foram destinados a demonstrar quais são as tendências contemporâneas do
Direito de Família, em especial, o papel do afeto na vida familiar e seu papel na constituição da unidade
familiar. A partir daí, demonstrou-se como devem ser entendidas tais tendências e quais são suas
consequências.
A abordagem realizada foi destinada a apresentar não somente aspectos teóricos, mas, também e
principalmente, os aspectos práticos.
É preciso ter em mente que os assuntos aqui abordados são matérias discutidas em ações judiciais. Logo, é
um campo fértil de atuação profissional.
C I e III apenas.
D II e III apenas.
E III apenas.
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Podcast
Agora, vamos diferenciar dois importantes institutos atuais do Direito deFamília: a alienação parental e o
abandono afetivo.
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Referências
CAMPOS, D. L. de; CAMPOS, M. M. de. Lições de Direito da Família. Coimbra: Almedina, 2016.
DINIZ, M. H. Curso de Direito Civil Brasileiro. Vol. 5 - Direito de Família. 34. ed. São Paulo: Saraiva, 2020.
FARIAS, C. C. de; ROSENVALD, N. Curso de Direito Civil. Vol. 6 - Famílias. 13. ed. Salvador: Juspodivm, 2021.
GONÇALVES, C. R. Direito Civil Brasileiro. Vol. 6 - Direito de Família. 18. ed. São Paulo: Saraiva, 2021.
ROMERO, L. D. Divórcio unilateral extrajudicial. Publicado em: 1 nov. 2021. Consultado na internet em: 15
fev. 2022.
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Para aprofundar os tópicos vistos neste conteúdo, leia as seguintes artigos:
CAMPOS, D. L. de; CAMPOS, M. M. de. A comunidade familiar. O texto apresenta um panorama geral dos
principais elementos que caracterizam a família a partir dos novos valores da sociedade.
13/03/2023, 20:03 Temas atuais do Direito de Família
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LIMA FILHO, J. A. Alienação parental segundo a Lei 12.318/2010. Apresenta os principais elementos
objetivos para a caracterização de um ato de alienação parental e analisa as causas que levam o alienador a
cometer tal ato.
SCHWERZ, V. P. Multiparentalidade: possibilidade e critérios para o seu reconhecimento. Revista do
CEJUR/TJSC: Prestação Jurisdicional, Florianópolis (SC), v. 1, n. 3, p. 192-221, 2015. DOI:
10.21902/rctjsc.v1i3.98. Realiza uma releitura constitucional do instituto da filiação do Direito das Famílias,
analisando a possibilidade e os critérios de reconhecimento da multiparentalidade.
TAVARES DA SILVA, R. B. RESPONSABILIDADE CIVIL NAS RELAÇÕES DE FAMÍLIA. Revista Jurídica da FA7,
v. 17, n. 2, p. 99-123, 13 out. 2020. Trata da aplicabilidade dos princípios e requisitos da responsabilidade
civil diante do descumprimento de dever familiar, proveniente do casamento, da união estável e da relação
entre pais e filhos. Os princípios da responsabilidade civil são aplicáveis sempre que estejam presentes o
descumprimento de dever familiar, o dano moral ou material e o nexo causal entre a violação de dever
familiar e os danos.

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