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SOI IV ABODOME AGUDO JÚLIA MORBECK A cavidade abdomial comporta vários órgãos de diferentes sistemas e a sintomatologia do abdome agudo pode decorrer de alguma doença em qualquer uma de suas vísceras. ABDOME AGUDO Toda condição dolorosa de início súbito ou de evolução progressiva localizada no abdome. A dor representa o melhor elemento para caracterizar ou mesmo para tentar definir o abdome agudo. Fibras A-delta (somatossensoriais): fibras mielinizadas, rápida condução; dor súbita e bem localizada. Ex. pele e músculos. DOR PARIETAL. Fibras C (viscerais): fibras não-mielinizadas, condução lenta; dor vaga e mal localizada. Ex. músculos, mesentério, vísceras abdominais e peritônio. DOR VISCERAL. CLASSIFICAÇÃO INFLAMATÓRIO ABDOME AGUDO EPIDEMIOLOGIA: Responsável por 7% a 10% dos atendimentos realizados nos Departamentos de Emergência. OBSTRUTIVO PERFURATIVO VASCULAR OU ISQUÊMICO HEMORRÁGICO Obstrução mecânica de vísceras ocas normais ou anatomicamente alteradas, originando diversos fenômenos inflamatóriosna parede da víscera. APENDICITE COLECISTITE PANCREATITE DIVERTICULITE ABDOME AGUDO INFLAMATÓRIO Tipo mais comum de abdome agudo. Principal causa de abdome agudo inflamatório. Inflamação e infecção do apêndice cecal. Inflamação da parede vesicular. Predomínio a partir da quiinta década de vida, maior frequência no sexo feminino. Processo inflamatório agudo do pâncreas por ativaçao indevida das enzimas digestivas. Causa biliar: sexo feminino; Causa alcoólica: sexo masculino. > 50 anos; APENDICITE AGUDA Obstrução do lúmen apendicular. A fase inicial apresenta dor epigástrica ou periumbilical e posterior localização da dor em QID. Pode apresentar náuseas e vômitos. Ao exame físico: sinais de Blumberg, Rovsing e Lapinsky. COLECISTITE Inflamação da vesícula biliar. Dor inicialmente epigástrica, visceral, acompanhada de náuseas e vômito, e posteriormente mais intensa e localizada no QSD. Pode irradiar-se para a região lombar. Ao exame físico: sinal de Murphy positivo. US ABDOMINAL. PANCREATITE Processo inflamatório agudo do pâncreas. Dor de início súbito, localizada em epigástrio com irradiação para dorso (em faixa). Ao exame físico: icterícia, sinais de Cullen, Grey-Turner e Fox. DIVERTICULITE Inflamação dos divertículos. Dor aguda em fossa ilíaca esquerda, juntamente a vômito, náuseas e alterações intestinais. Diagnóstico é normalmente clínico. ABDOME AGUDO INFLAMATÓRIO PERITÔNIO VISCERAL Paralisia da musculatura lisa PERITÔNIO PARIETAL Íleo paralítico Fibras autonômicas Distensão e contração visceral Dor difusa e mal localizada Contratura muscular localizada ou difusa Fibras somáticas cerebroespinais Dor localizada contínua e intensa FASE INICIAL: exsudativa ou transudativa --> horas de evolução. FASE TARDIA: fibrinopurulenta ou presença de abscessos --> dias de evolução. Todo agente inflamatório ou infeccioso, ao atingir o peritônio, acarreta irritação do mesmo. ABDOME AGUDO INFLAMATÓRIO Lei de Stokes: "Toda vez que a serosa que envolve uma musculatura lisa sofre irritação, esta entra em paresia ou paralisia." . ETIOLOGIA ·Causas extraluminais: aderências, hérnias, neoplasias e abscessos. ·Causas intrínsecas à parede do intestino: tumor primário, congênita, inflamatória, infecciosa, neoplasia, trauma, etc. ·Causas de obstrução intraluminal: cálculo biliar, bezoar, corpo estranho, etc. ABDOME AGUDO OBSTRUTIVO Caracterizado pela interrupção do trânsito intestinal. É a segunda síndrome aguda mais frequente. Podemos classifica-lo quanto ao: -nível (alto ou baixo); -ao grau (completa ou incompleta); -ao estado de circulação sanguínea (simples ou estrangulada); -à evolução (aguda ou crônica); -à localização (intramural, extramural ou intraluminal); -à causa (mecânica, vascular ou funcional). OBSTRUÇÃO INTESTINAL MECÂNICA SIMPLES Distensão proximal da alça -> acúmulo de secreções e de gás. O intestino torna-se edemaciado e a função de absorção normal é perdida. A perda desses fluidos para o espaço extracelular, produz hemoconcentração, hipovolemia, insuficiência renal, choque. No início da obstrução, o peristaltismo intestinal aumenta, porém diminui com o passar do tempo. OBSTRUÇÃO COM ESTRANGULAMENTO Compressão dos vasos sanguíneos, acarretando isquemia e necrose. Esse segmento necrosado libera substâncias tóxicas na cavidade peritoneal. PERITONITE. OBSTRUÇÃO EM ALÇA FECHADA Ocorre a obstrução simultânea nas extremidades proximal e distal. Pode progredir rapidamente para o estrangulamento. ABDOME AGUDO OBSTRUTIVO Caracterizado pela interrupção do trânsito intestinal. É a segunda síndrome aguda mais frequente. CÓLICA INTESTINAL DOR VISCERAL: região periumbilical - delgado; hipogástrica - cólon. VÔMITOS: precoces ou tardios. DISTENSÃO ABDOMINAL: mais comum na obstrução baixa. HEMOGRAMA COMPLETO FUNÇÃO RENAL ELETRÓLITOS ABDOME AGUDO OBSTRUTIVO MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS EXAMES COMPLEMENTARES ABDOME AGUDO OBSTRUTIVO EXAMES DE IMAGEM padrão em escala das alças de intestino delgado dilatadas com níveis hidroaéreos (empilhamento de moedas). ETIOLOGIA ·Doenças inflamatórias, corpos estranhos deglutidos, tumores e traumas. Saída do conteúdo luminal Peritonite química Invasão bacteriana Peritonite bacteriana Repercussão local e sistêmica DOR SÚBITA, INTENSA E DIFUSA EVOLUÇÃO RÁPIDA ABDOME EM TÁBUA ABDOME AGUDO PERFURATIVO Causa mais comum é a ruptura de úlceras pépticas gastroduodenais. Os pacientes idosos são os mais afetados, devido ao uso crônicos de anti-inflamatórios. FISIOPATOLOGIA MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS ABDOME AGUDO PERFURATIVO DIAGNÓSTICO Sinal de Jobert: hipertimpanismo a região hepática à percussão. ABDOME AGUDO ISQUÊMICO Emergência rara, pouco conhecida. Altamente fatal. Acomete principalmente pacientes idosos. INTESTINO ANTERIOR: boca, faringe, esôfago, estômago, fígado, vesícula biliar, pâncreas e a metade proximal do duodeno. Drenado pelo tronco celíaco. INTESTINO MÉDIO: metade distal do duodeno, jejuno, íleo, cólon ascendente e dois terços do cólon transverso. Drenado pela artéria mesentérica superior. INTESTINO POSTERIOR: terço distal do cólon transverso, cólon descendente, reto e porção superior do canal anal. Drenado pela artéria mesentérica inferior. ETIOLOGIA ·Causas oclusivas: embolia (origem cardíaca); trombose aguda (aterosclerose). ·Causas não-oclusivas: secundária à diminuição importante do débito cardíaco. ISQUEMIA COLÔNICA: pode ser autolimitada, ocorre em vasos menores e mais distais. ISQUEMIA COLÔNICA NÃO OCLUSIVA (95%). ISQUEMIA MESENTÉRICA AGUDA: pode ocorrer por êmbolos ou trombos. Os êmbolos são provenientes de trombos do átrio esquerdo. ISQUEMIA MESENTÉRICA CRÔNICA: é decorrente de episódios constantes de hipoperfusão. Típico de pacientes com aterosclerose. ABDOME AGUDO ISQUÊMICO Emergência rara, pouco conhecida. Altamente fatal. A isquemia mesentérica pode ser classificada pelo tempo de instalação em aguda ou crônica, e por localização como mesentérica e colônica. ABDOME AGUDO ISQUÊMICO Emergência rara, pouco conhecida. Altamente fatal. CASOS DE EMBOLIA: quadro abrupto, não há tempo para o desenvolvimento de uma rede de circulação colateral. Aloja-se na circulação mais distal. CASOS DE TROMBOSE: ocorre nos óstios das principais artérias, leva à isquemia de extensas áreas. NÃO-OCLUSIVA : durante o choque de qualquer origem ocorre a vasoconstricção arterial visceral a fim de dirigir o fluxo sanguíneo para as áreas mais críticas. ISQUEMIA - acima de 1 hora pode produzir edema de submucosa seguido de desprendimento da mucosa. NECROSE - perda da estrutura física da parede intestinal, culminando em perfuração com extravassamento do conteúdo intestinal, e consequente, peritonite fecal. ABDOME AGUDO ISQUÊMICO FISIOPATOLOGIA -O intestino é um dos órgãos que apresenta um sistema de circulação colateral completo. - As regiões mais propensas àisquemia são as áreas pobres em circulação colateral - flexura esplênica e junção retossigmoide. Devido a uma redução do fluxo sanguíneo, mediada a hipoperfusão e a reperfusão (ação de radicais livres de oxigênio). DOR ABDOMINAL DESPROPORCIONAL AO EXAME FÍSICO ABDOME AGUDO ISQUÊMICO MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS ABDOME AGUDO ISQUÊMICO DIAGNÓSTICO -Exames laboratoriais são inespecíficos. -A primeira escolha é a tomografia computadorizada, porém a angiografia é o exame padrão-ouro dessa síndrome. ABDOME AGUDO HEMORRÁGICO Manifestação rara, porém, com alta mortalidade, próxima a 40%. A ruptura espontânea de vísceras parenquimatosas e a ruptura vascular. ABDOME AGUDO HEMORRÁGICO Manifestação rara, porém, com alta mortalidade, próxima a 40%. A ruptura espontânea de vísceras parenquimatosas e a ruptura vascular. RUPTURA DE ANEURISMA DE AORTA -Idosos do sexo masculino; -Aterosclerose é a causa principal; -O risco de ruptura aumenta com o tamanho; -Dor abdominal difusa, intensa, associada a hipotensão e massa palpável pulsátil; -Diagnóstico confirmado com ultrassonografia. ANEURISMA DE ARTÉRIA ESPLÊNICA; ANEURISMA DE ARTÉRIA HEPÁTICA; ANEURISMA DE ARTÉRIA MESENTÉRICA SUPERIOR; ABDOME AGUDO HEMORRÁGICO Manifestação rara, porém, com alta mortalidade, próxima a 40%. A ruptura espontânea de vísceras parenquimatosas e a ruptura vascular. RUPTURA DE GRAVIDES ECTÓPICA -10-15% das mortes maternas no 1º trimestre; -Lugar mais frequente são as trompas; -Dor abdominal intensa, súbita, inicialmente em baixo ventre, que pode irradiar para ombro (Sinal de Lafond). ABDOME AGUDO HEMORRÁGICO DIAGNÓSTICO EXAMES LABORATORIAIS -Hemograma: valores de hemoglobina e hematócrito estarão reduzidos; -Contagem de plaquetas é obrigatória; -Atividade de protrombina, tromboplastina parcial ativada e a trombina; -Teste de gravidez - Beta-hCG. EXAMES DE IMAGEM -Ultrassonografia: pode ser usada na emergência; -TC: torna-se o exame de escolha quando o paciente está estável. SOI IV QUESTÕES JÚLIA MORBECK A) Úlcera gástrica perfurada B) Isquemia mesentérica C) Neoplasia de cólon com obstrução intestinal D) Dissecção aguda de aorta GABARITO 1- B 2- E (é importante ressaltar que, em decorrência do aumento do volume uterino e do deslocamento do apêndice por consequência deste, a dor na gestante pode não ser exatamente em FID!) 3- B (Elas são mais comuns no intestino delgado e a suspeita é feita pela história prévia de cirurgias abdominais ou também, que pouca gente lembra, de processos inflamatórios intra-abdominais prévios) 4- A 5- B 6- A 7- D 8- A (Os primeiros ramos a serem obstruídos são mais proximais que os ramos jejunais) 9- A SOI IV OBRIGADA! JÚLIA MORBECK
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