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Nutrição Enteral e Parenteral
1
Nutrição Enteral e Parenteral
Ana Paula Fioreti Parreira Lima 
Nutrição Enteral e Parenteral
1 Introdução 3
2 Equipe multidisciplinar de terapia nutricional (EMTN) 3
3 Avaliação nutricional 4
3.1 Avaliação nutricional objetiva 5
3.2 Avaliação nutricional subjetiva global 5
4 Necessidades nutricionais 6
5 Terapia nutricional enteral (TNE) 6
5.1 Histórico 6
5.2 Indicações 7
5.3 Contraindicações 8
5.4 Seleção da via de acesso 9
5.5 Métodos e administração 11
5.6 Dose e velocidade de administração 12
5.7 Critérios de decisão na seleção de dietas enterais 14
5.8 Preparo da nutrição enteral 21
5.9 Complicações 22
6 Terapia nutricional parenteral (TNP) 23
6.1 Histórico 23
6.2 Indicações 24
6.3 Contraindicações 24
6.4 Vias de acesso 25
6.5 Componentes da nutrição parenteral 26
6.6 Sistemas de nutrição parenteral 29
6.7 Métodos de infusão 29
6.8 Complicações 30
7 Caso clínico 30
7.1 Dados do paciente 30
7.2 Dados da avaliação nutricional 30
7.3 Prescrição dietética 31
Referências bibliográficas 32
SUMÁRIO
Nutrição Enteral e Parenteral
3
1 INTRODUÇÃO
Entende-se por terapia nutricional (TN) “[...] 
o conjunto de procedimentos terapêuticos para 
manutenção ou recuperação do estado nutricional do 
paciente por meio da nutrição parenteral ou enteral 
(BRASIL, 1998, 2000)”. 
A nutrição enteral (NE) compreende a 
administração de nutrientes no trato gastrointestinal 
por meio de uma sonda, quando a utilização por via 
oral estiver inadequada. Já a nutrição parenteral 
(NP) é a provisão de nutrientes por via intravenosa 
(MAHAN; ESCOTT-STUMP, 2008).
Mesmo com os avanços da terapia nutricional 
nas últimas décadas, a desnutrição continua 
sendo comum em pacientes hospitalizados, 
com prevalência variando entre 30% e 65% 
nos diferentes estudos, e podendo estar 
presente no momento da admissão hospitalar 
ou desenvolver-se no decorrer da internação. 
Ingestão diminuída, restrição de oferta hídrica, 
instabilidade hemodinâmica, diminuição da 
absorção e interação droga-nutriente podem 
ser situações de risco nutricional. Além desses 
fatores, a pouca atenção dos profissionais 
de saúde ao cuidado nutricional – levando à 
indicação inadequada, à falta de avaliação 
nutricional e à monitoração pouco frequente – 
é comumente observada e pode contribuir para 
a desnutrição (LEITE; CARVALHO; SANTANA E 
MENEZES, 2005, p. 778).
Neste sentido, a atuação de uma equipe 
multidisciplinar é fundamental para assegurar 
atenção adequada aos pacientes hospitalizados.
2 EQUIPE MULTIDISCIPLINAR DE 
TERAPIA NUTRICIONAL (EMTN)
“Atualmente, a Agência Nacional de Vigilância 
Sanitária (ANVISA) regulamenta a formação de 
Equipe Multidisciplinar de Terapia Nutricional 
(EMTN), obrigatória nos hospitais brasileiros” (LEITE; 
CARVALHO; SANTANA E MENEZES, 2005, p. 778). 
Tanto a RDC 63 quanto a Portaria 272 definem a 
EMTN como “[...] um grupo formal e obrigatoriamente 
constituído de pelo menos um profissional de cada 
categoria, a saber: médico, nutricionista, enfermeiro 
e farmacêutico”, podendo ainda incluir profissional 
de outras categorias, habilitados e com treinamento 
específico para a prática da terapia nutricional. 
Faz parte das atribuições da EMTN: definir 
metas técnico-administrativas, realizar triagem e 
vigilância nutricional, avaliar o estado nutricional, 
indicar terapia nutricional e metabólica, assegurar 
condições ótimas de indicação, prescrição, 
preparação, armazenamento, transporte, 
administração e controle dessa terapia; educar 
e capacitar a equipe; criar protocolos, analisar o 
custo e o benefício e traçar metas operacionais; 
educar e capacitar a equipe; criar protocolos; 
analisar o custo e o benefício e traçar metas 
operacionais (LEITE; CARVALHO; SANTANA E 
MENEZES, 2005, p. 778-9).
Entretanto, estudos nacionais e internacionais 
mostram que a presença ou atuação da EMTN nos 
hospitais ainda é baixa, seja por falta de informação 
e de recursos disponíveis, por questões de política 
hospitalar ou, ainda, por pouca aceitação por parte 
da equipe assistencial (LEITE; CARVALHO; SANTANA 
E MENEZES, 2005).
São etapas obrigatórias tanto para a Terapia 
Nutricional Enteral (TNE) como para a Terapia 
Nutricional Parenteral (TNP): indicação e prescrição 
Nutrição Enteral e Parenteral
4
médica; preparação, conservação, armazenamento 
e transporte; administração; controle clínico e 
laboratorial e avaliação final. Ainda, na TNE há a 
etapa específica de prescrição dietética. Todas estas 
etapas “[...] devem atender a procedimentos escritos 
específicos e serem devidamente registradas, 
evidenciando as ocorrências na execução dos 
procedimentos” (BRASIL, 1998, 2000).
Para tanto, cada membro da EMTN tem suas 
atribuições definidas. Compete ao médico, por 
exemplo, “[...] indicar, prescrever e acompanhar 
os pacientes submetidos à TNE” (BRASIL, 2000). 
O nutricionista é responsável por “[...] realizar 
todas as operações inerentes à prescrição dietética, 
composição e preparação da NE, atendendo às 
recomendações das Boas Práticas de Preparação 
da Nutrição Enteral (BPPNE)” (BRASIL, 2000). Ao 
farmacêutico, compete: 
a) adquirir, armazenar e distribuir, 
criteriosamente, a NE industrializada, quando 
estas atribuições, por razões técnicas e ou 
operacionais, não forem de responsabilidade do 
nutricionista; 
b) participar do sistema de garantia da 
qualidade, respeitadas suas atribuições 
profissionais legais. 
E, por fim, o enfermeiro deve “[...] administrar NE, 
observando as recomendações das Boas Práticas de 
Administração de NE (BPANE)” (BRASIL, 2000).
Assim como na TNE, na TNP as atribuições 
modificam de acordo com a formação específica 
de cada membro. O médico é responsável pela 
indicação e pela prescrição da NP, além de 
acompanhar os pacientes submetidos à TNP. 
Ao farmacêutico, compete: “[...] realizar todas 
as operações inerentes ao desenvolvimento e 
preparação (avaliação farmacêutica, manipulação, 
controle de qualidade, conservação e transporte) 
da NP” (BRASIL, 1998). Já o enfermeiro é 
responsável pela administração da NP, observando 
as Boas Práticas de Administração da NP (BPANP), 
de forma a garantir ao paciente uma terapia 
segura e que permita a máxima eficácia. Por fim, 
ao nutricionista, compete “[...] avaliar o estado 
nutricional dos pacientes, suas necessidades e 
requerimentos” (BRASIL, 1998).
3 AVALIAÇÃO NUTRICIONAL
O estado nutricional de pacientes 
hospitalizados influi em sua evolução clinica. A 
avaliação nutricional é exigida como parte do 
cuidado integral do paciente, contudo muitas 
vezes é descuidada, não havendo um padrão 
para sua utilização nos centros hospitalares. 
Estima-se que cerca de 30% dos pacientes 
são desnutridos. A desnutrição proteica é um 
problema prevalente nos hospitais, afetando 
entre 30% a 60% dos pacientes; sendo que 
40% dos pacientes são desnutridos quando 
de seu ingresso no hospital e 75% desses 
pacientes perdem peso quando internados 
por mais de uma semana. Pacientes em risco 
nutricional permanecem hospitalizados durante 
um período de tempo 50% maior do que os 
pacientes saudáveis, gerando aumento nos 
custos hospitalares (FONTOURA et al., 2006, p. 
298-9). 
Após a internação hospitalar, cerca de 
70% dos pacientes inicialmente desnutridos, 
sofrem [sic] uma piora gradual do seu estado 
nutricional. Este número contribui para o 
aumento da morbidade e mortalidade, em até 
65% dos pacientes. Este déficit nutricional 
acarreta o aumento da incidência de infecções 
hospitalares, cicatrização de feridas mais lentas, 
aumentando ainda mais o tempo de internação, 
Nutrição Enteral e Parenteral
5
além de contribuir para o aumento dos custos 
hospitalares. (LEANDRO-MERHI; MORETE; 
OLIVEIRA, 2009, p. 219).
“Vários métodos podem ser utilizados na 
avaliação nutricional. Os mais efetivos em geral são 
os mais sofisticados, não aplicá¬veis à beira do leito 
e de alto custo, não fazendo parte da pratica diária 
em geral” (FONTOURA et al., 2006, p. 299).
3.1 Avaliaçãonutricional objetiva
Antropometria
• Peso corporal 
• Estatura
• Índice de massa corporal (IMC)
• Espessura de dobras cutâneas
• Circunferência do braço (CB)
• Circunferência muscular do braço (CMB)
Avaliação bioquímica
• Albumina sérica
• Proteína ligada ao retinol
• Pré-albumina
• Transferrina
• Contagem total de linfócitos
• Hematócrito e nível de hemoglobina
Avaliação dietética
• História alimentar: dentre tantos fatores da 
avaliação dietética, investigar especialmente se há 
presença de anorexia e há quanto tempo; se há 
alteração da dieta habitual e que tipo de alteração 
(alterou para uma dieta líquida ou hipocalórica ou 
pastosa, se está em jejum há muito tempo), pois 
estas alterações têm influência direta no estado 
nutricional do paciente, visto que não atingem as 
necessidades nutricionais do paciente. 
Avaliação clínica
• Exame físico: aspecto geral; tecido adiposo 
e muscular; mucosas; extremidades; olhos; boca, 
língua e dentes; abdômen; unhas.
3.2 Avaliação nutricional subjetiva global
A avaliação nutricional subjetiva global (ANSG) 
[...] consiste unicamente na prática de 
anamnese e exame físico que deve ser realizado 
dentro de um período de até três dias após a 
internação hospitalar. É utilizada para classificar 
o grau de desnutrição e o risco nutricional, 
prescinde de exames antropométricos e 
laboratoriais objetivos, tornando a avaliação 
mais rápida e com menor custo (FONTOURA et 
al., 2006, p. 299).
“O diagnóstico nutricional será definido através da 
soma de pontos. Através dela é possível classificar 
o paciente” (FONTOURA et al., 2006, p. 299), de 
forma subjetiva, em: sem desnutrição, desnutrido 
moderado 
Nutrição Enteral e Parenteral
6
e desnutrido grave. “A ANSG vem ganhan¬do adeptos, 
pois permite a avaliação dos riscos nutri¬cionais em 
pacientes de forma não-invasiva.” (FONTOURA et al., 
2006, p. 299).
4 NECESSIDADES NUTRICIONAIS
• Necessidade hídrica
• Necessidade energética
• Necessidade de macronutrientes: proteínas, 
carboidratos e lipídeos
• Necessidade de vitaminas e minerais
5 TERAPIA NUTRICIONAL ENTERAL 
(TNE)
Este é o nome dado para o conjunto de 
procedimentos terapêuticos para manutenção ou 
recuperação do estado nutricional do paciente por 
meio de nutrição enteral (BRASIL, 2000).
A Resolução nº 63 de 2000 define nutrição enteral 
(NE) como 
[...] alimento para fins especiais, com 
ingestão controlada de nutrientes, na forma 
isolada ou combinada, de composição definida ou 
estimada, especialmente formulada e elaborada 
para uso por sondas ou via oral, industrializado 
ou não, utilizada exclusiva ou parcialmente para 
substituir ou complementar a alimentação oral 
em pacientes desnutridos ou não, conforme suas 
necessidades nutricionais, em regime hospitalar, 
ambulatorial ou domiciliar, visando a síntese ou 
manutenção dos tecidos, órgãos ou sistemas. 
(BRASIL, 2000).
5.1 Histórico
O primeiro relato de administração da 
nutrição enteral é de 1500 a.C., pelos egípcios 
e depois por gregos, com utilização da via retal, 
fornecendo alimentos como leite, soro de leite, 
cereais germinados, vinhos, entre outros ou 
também com finalidade de laxante intestinal. 
Em 1617, houve a primeira tentativa de nutrição 
via nasofaríngea utilizando-se tubos de plantas. 
Acredita-se que a primeira tentativa para 
administrar alimento diretamente no estômago 
através de um tubo rígido foi em 1776, por 
John Hunter. Em 1837, Egeberg introduzira por 
gastrostomia em 1985, Gould por jejunostomia 
(FERREIRA, 2009, p. 5).
Entretanto, em 1881 e durante a Segunda 
Guerra Mundial ainda se utilizava a via retal para 
alimentação, com a administração de sangue 
desfibrilado, carne de boi, uísque, água, soros 
salinos, glicosados, aminoácidos em solução 
isotônica e, também, alguns medicamentos 
(FERREIRA, 2009, p. 5).
Na primeira metade do século XIX, 
iniciaram-se os desenhos das sondas e 
também o desenvolvimento da bomba de 
infusão, na Inglaterra. No começo do século 
XX, inicia-se nos Estados Unidos da América, 
o desenho de sondas mais finas e flexíveis, 
com destaque para as sondas desenvolvidas 
em 1910 com bulbo metálico no extremo 
distal, permitindo transpassar o piloro. Ao 
longo do tempo o calibre das sondas diminuiu 
(FERREIRA, 2009, p. 5).
Nutrição Enteral e Parenteral
7
Em 1939, os cirurgiões desenvolvem técnicas para 
as ostomias e em 1959 realiza-se a gastrostomia 
endoscópica percutânea (FERREIRA, 2009, p. 6). 
Na segunda metade do século XX há 
um avanço nos desenhos das fórmulas 
quimicamente definidas. Nos anos de 1930, 
houve o desenvolvimento do primeiro produto 
destinado a lactentes. Na década de 1940, houve 
o desenvolvimento de fórmulas parcialmente 
hidrolisadas. Nos anos de 1950, conseguiu-se a 
produção de fórmula monomérica (FERREIRA, 
2009, p. 6).
Em 1969, foi desenvolvida uma fórmula enteral 
liofilizada para consumo oral dos astronautas. No 
final da década de 1980, evidências mostraram 
que havia vantagens no uso da nutrição enteral 
no lugar da parenteral, devido aos “[...] menores 
riscos de complicações, à preservação do trato 
gastrointestinal e estimulação de suas funções” 
(FERREIRA, 2009, p. 6).
5.2 Indicações
De acordo com Waitzberg (2002), existem duas 
indicações gerais para iniciar TNE:
a) Risco de desnutrição ou em desnutrição
Indicado quando a ingestão oral estiver inadequada 
para prover de 2/3 a 3/4 das necessidades nutricionais 
diárias, sendo que o tempo de inadequação pode 
variar em função do estado nutricional prévio e 
catabolismo, entre outros fatores.
b) Trato digestivo total ou parcialmente funcional 
Ressalta-se que não se deve instituir terapia nutricional, 
de modo geral, a menos que se espere utilizá-la por pelo 
menos cinco a sete dias (WAITZBERG, 2002).
A Resolução 63 de 2000 também afirma que “[...] 
são candidatos à TNE os pacientes que não satisfazem 
suas necessidades nutricionais com a alimentação 
convencional, mas que possuam a função do trato 
intestinal parcial ou totalmente íntegra”.
São, ainda, indicações específicas para TNE 
(WAITZBERG, 2002, p. 563):
• Dificuldades de deglutição por causa 
neurológica ou muscular
• Cirurgias de grande porte e fístulas digestivas 
(altas)
• Estados hipermetabólicos
• Intestino curto e doença inflamatória intestinal
• Necessidade de uso de dietas especiais com 
propriedades organolépticas que dificultam sua 
aceitação
• Dificuldade de acesso ao TGI pela ocorrência 
de patologias anatômicas ou funcionais
• Complementação da via oral por ingestão 
insuficiente da VO (50% das NET diárias) por um 
período de 72h
• Lesões do sistema nervoso central; anorexia 
nervosa; trauma muscular; queimaduras; lesões de 
face e mandíbula
Em crianças, especificamente, a TNE 
[...] tem por objetivo a manutenção do 
crescimento e desenvolvimento normal da 
Nutrição Enteral e Parenteral
8
composição corporal. Ao contrário dos adultos, 
nas crianças com desnutrição e diarreia crônica a 
NE pode trazer melhoras quando a concentração 
e volume são aumentados vagarosamente. 
(WAITZBERG, 2002, p. 562).
Quadro 1 – Indicações de terapia nutricional 
enteral em crianças de acordo com o diagnóstico
 
Indicação de Terapia Nutricional Enteral em 
Crianças de Acordo com o Diagnóstico
• Anorexia / perda de peso
• Crescimento deficiente
• Ingestão via oral inadequada
• Desnutrição: aguda, crônica e hipoproteinemia
• Estado hipercatabólico: queimaduras, sepse, trauma 
múltiplo, doenças cardíacas e doenças respiratórias.
• Doenças neurológicas
- Dificuldade ou incapacidade de sucção
- Facilidade de aspiração
• Coma por tempo prolongado
• A nomalias congênitas: fissura do palato, 
atresia de esôfago, fístula traqueoesofágica
• Cirurgia do TGI
• Doença ou obstrução esofágica
• Diarréia crônica não-específica
• Sindrome do intestino curto
• Fibrose cística
• Câncer associado à quimioterapia, 
radioterapia e/ou cirurgia
Fonte: Waitzberg (2002, p. 563).
5.3 Contraindicações
As contraindicaçõesem terapia de NE são mais 
relativas ou temporárias do que definitivamente 
absolutas. Na tabela abaixo, pode-se observar 
algumas das contraindicações mais frequentes.
Tabela 1 – Contraindicações de terapia nutricional 
enteral e suas principais razões e condições
 
Contra-indicações de TNE e suas 
Principais Razões e Condições 
Contra-indicações Razões e Condições
Doença Terminal As complicações potenciais 
sureram os benefícios 
Síndrome do 
Intestino Curto 
Do Tipo maciço ou em fase 
de reabilitação intestinal
Obstrução Intestinal 
Mecânica
Ausência de trânsito intestinal 
total ou localizado
Sangramento 
gastrointestinal
Requer interveção, ocasiona 
náusea, vômito e melena 
ou enterorragia
Vômitos Dificultam a manutenção 
de sonda nasoenteral
Diarréia Avaliar a causa, considerar 
drogas, perdas hidroeletrolíticas 
Fístulas intestinais Especialmente jejunais 
e de alto débito
Isquemia gastrointestinal Doentes críticos, com sepse, 
disfunção de múltiplos 
órgãos, instabilidade 
cardiopulmonar evidente.
Nutrição Enteral e Parenteral
9
Íleo paralítico intestinal Peritonites, hemorragia 
intraperitoneal, 
perfuração intestinal
Inflamação do TGI Enterites grave e 
pancreatite grave
Fonte: Waitzberg (2002, p. 564).
5.4 Seleção da via de acesso
A nutrição por via digestiva é a priorizada por 
apresentar várias vantagens fisiológicas, metabólicas, 
de segurança e de custo/benefício em relação à TNP, 
conforme pode ser observado na tabela:
Tabela 2 – Benefícios da nutrição enteral
Benefícios da Nutrição Enteral
Fisiológicos
• Recebe nutrientes complexos
• Os nutrientes passam inicialmente, via sistema porta, 
por metabolismo e processamento hepáticos
• O processamento intestinal dos nutrientes 
estimula fatores hormonais tróficos
• Reforça a barreira mucosa intestinal
• Recebe nutrientes enterotróficos
• Mantém pH e flora intestinal normais
• Reduz crescimento bacteriano 
oportunístico no intestino delgado
• Desenvolve atividade neuroendócrina 
e imunológica intestinal (IgA)
Segurança
• Ministrada com cuidado, é mais segura que a TNP, 
particularmente pela redução de complicações infecciosas
Custo/benefício
• Custos globais integrados são menores que os com TNP
Fonte: Waitzberg (2002, p. 562).
Uma vez preferida a via enteral, deve ser estimado 
o tempo pelo qual a TNE será necessária para a 
escolha da melhor via de acesso. Particularmente, 
para o paciente cirúrgico, esta estimativa implica a 
possibilidade de terapia nutricional pré-operatória, 
pós-operatória ou ambas. A duração adequada 
da nutrição pré e pós-operatória ainda não foi 
determinada. Porém, é aceito que, se um paciente 
for selecionado para nutrição enteral pré-operatória, 
esta deve durar pelo menos 10 dias, para permitir 
uma melhora significativa do estado nutricional. 
O período pode ser mais longo, dependendo do 
estado nutricional pré-operatório e das condições 
clínicas do paciente (WAITZBERG, 2002). Embora 
não seja consensual, o período de seis semanas 
difere nutrição enteral de curto e longo prazos.
Entende-se como curto prazo “[...] a interrupção 
ou redução da progressão das doenças, a cicatrização 
das feridas, a passagem para nutrição normal e a 
melhora do estado de nutrição” (BRASIL, 2000). Por 
longo prazo entende-se “[...] a manutenção do estado 
nutricional normal e a reabilitação do paciente em 
termos de recuperação física e social [...] Em casos 
excepcionais, a TNE pode substituir definitivamente a 
nutrição oral” (BRASIL, 2000).
• Curto prazo: “[...] pode-se usar a sonda 
nasoenteral, mas se aceita de modo geral as estomias 
(gástrica ou jejunal), já que a sonda nasoenteral por 
períodos prolongados pode levar a complicações 
tardias” (WAITZBERG, 2002, p. 564):
• Migração da sonda (especialmente 
 para o esôfago)
• Aspiração pulmonar
Nutrição Enteral e Parenteral
10
• Lesão da mucosa do TGI pela ponta da sonda
• Infecções de vias aéreas e trato
 respiratório superior
• Estenose esofágica
• Paralisia de cordas vocais
“Uma vez realizada a opção por sonda nasoenteral 
ou estomia, a próxima decisão a ser tomada é 
relativa ao local da extremidade distal da sonda” 
(WAITZBERG, 2002, p. 564).
– Estômago ou intestino delgado? 
– Pré-pilórico: sonda nasogástrica ou 
 gastrostomia 
– Pós-pilórico: sonda nasojejunal ou j 
 ejunostomia 
Critério de decisão: risco de aspiração 
 pulmonar
Figura 1 – Fluxograma de decisão da via de administração. Fonte: 
Waitzberg (2002).
 
Tubo digestivo funcionante
Nutrição enteral oral 
ou por sonda gástrica
Nutrição parentenal
Prolongada TGI funcionante
Oral ou sonda
 
gástrica
Jejunostomia Gastrostomia Sonda transpilórica Oral ou sonda gástrica 
Legenda: S (sim): P (parcial): N (não)
Risco de aspiração Risco de aspiração
Considerar
Ostomia
S
S
S
S
S
N
N
N
N
NP
Vantagens e Desvantagens da Localização Gástrica e Duodenal/Jejunal
Localização Gástrica Localização Duodenal/Jejunal
Vantagens • Maior tolerância a fórmulas variada (proteínas 
intactas, proteínas isoladas, aminoácidos cristalinos)
• Boa aceitação de fórmulas hiperosmóticas
• Permite a progressão mais rápida 
para alcançar VCT ideal
• Permite introdução de grandes volumes em 
curto tempo (devido dilatação receptiva)
• Fácil posicionamento
• i risco de aspiração
• Maior dificuldade de saída 
acidental da sonda
• Permite nutrição enteral 
quando a alimentação gástrica é 
inconveniente e inoportuna
Quadro 2 – Vantagens e desvantagens da localização gástrica e duodenal/jejunal
Nutrição Enteral e Parenteral
11
Desvantagens • Alto risco de aspiração em pacientes com 
dificuldades neuromotoras de deglutição 
• A ocorrência de tosse, náusea ou vômito 
favorece a saída acidental da sonda.
• Risco de aspiração em pacientes que 
têm mobilidade gástrica alterada ou 
que são alimentados durante a noite. 
• Desalojamento acidental, 
podendo causar refluxo gástrico
• Requer dietas normo ou hipoosmolares
Fonte: Waitzberg (2002, p. 569).
Métodos de Administração de Dieta Enteral 
Técnicas de Administração
Alimentação Intermitente Alimentação Contínua
• Bolo: injeção com seringa 
- 100 a 300ml de dieta no estômago a 
cada 3 a 6 horas, pelo menos durante 2 
a 6 minutos, precedida e seguida por 
irrigação com 20 a 30ml de água potável. 
• Gotejamento Gravitacional 
ou por Bomba de Infusão 
• Intermitente Gravitacional: 
- volume de 100 a 300ml administrado 
por gotejamento (60 a 150ml/hora) a 
cada 4 a 6 horas, precedida e seguida por 
irritação com 20 a 30ml de água potável. 
• Alimentação Contínua:
- administração de 25 a 125ml/hora, por 
24 horas no jejum, duodeno ou estômago, 
interrompida a cada 6-8 horas para 
irrigação com 20 a 30ml de água potável. 
• Intermitente com 
Bomba de Infusão:
-idem
• Alimentação Clínica:
-geralmente noturna, administração 
de 25 a 125ml/hora, por 8 até 6 horas 
no jejuno, duodeno ou estômago, 
interrompida a cada 6 horas para irrigação 
com 20 a 30 ml de água potável. 
Fonte: adaptado de Waitzberg (2002, p. 568).
5.5 Métodos e administração
Existem dois métodos para administração da nutrição enteral por sonda: intermitente e contínuo.
Quadro 3 – Métodos de administração de dieta enteral
A opção por um ou outro método se faz de acordo com o demonstrado no 
próximo quadro.
Nutrição Enteral e Parenteral
12
 5.6 Dose e velocidade de administração
• Sonda gástrica e método intermitente:
– Pode ser iniciada num volume de 
 60ml, na sua concentração total, a 
 cada 3 a 4 horas.
– Aumento gradativo de 60 a 120ml, 
 a cada 8 a 12 horas, conforme tolerância e 
 meta nutricional a ser alcançada.
• Sonda gástrica e infusão contínua:
– Inicia-se com 10 a 40ml/hora
– Aumento gradativo de 10 a 20ml a cada 8 
a 12 horas, conforme tolerância (WAITZBERG, 
2002, p. 566-7).
Métodos de Administração de Dieta Enteral 
Alimentação Intermitente Alimentação Contínua 
Técnica de Administração Bolo 
Intermitente gravitacional
Intermitente com Bomba de InfusãoGotejamento Gravitacional 
ou bomba de infusão
Alimentação Contínua
Alimentação Cíclica
Características •Similar a nutrição oral
•A distensão gástrica estimula 
a secreção cloridropéptica
•Retardo do esvaziamento 
gástrico com risco de aspiração 
no paciente convalescente
• h da atividade contrátil 
do estômago com h da 
velocidade de adinistração (60ml/
minuto) e com volume acima 
de 350ml causa desconforto
• No jejuno a risco de aspiração, 
infundida mais lentamente 
reduz a distensão abdominal
Indicações específicas •Para pacientes com esvaziamento 
gástrico normal e com NE domiciliar
Para pascientes incapazes de 
tolerar alimentação intermitente. 
imobilizados, que requerem 
infusões mais lentas e precisas, 
evetualmente à noite
Fonte: adaptado de Waitzberg (2002).
Quadro 4 – Métodos de administração de dieta enteral: características e indicações específicas
 Para crianças, a progressão deve ser 
igual , observando-se o volume, que 
deve ser adequado ao peso ponderal.
Para avaliação do esvaziamento gástrico em NE 
consideramos os seguintes procedimentos:
[...] o achado de elevados volumes residuais 
sugere intolerância à alimentação gástrica e o 
risco de regurgitação e aspiração pulmonar. 
A interpretação do volume residual gástrico 
encontrado vai depender da concomitância 
de sinais de intolerância digestiva à NE nas 
seguintes situações:
Nutrição Enteral e Parenteral
13
De acordo com este protocolo, se 
[...] RG <200 ml era retornado ao paciente 
e a dieta era mantida; RG >200 ml e <500 ml 
era desprezado, a infusão da dieta era reduzida 
pela metade e uma nova checagem era realizada 
após 4 horas, se o RG <200 ml mantinha a taxa 
de infusão sem alterações, se RG ainda entre 
200 ml e 500 ml suspendia a dieta e comunicava 
a equipe de nutrição ou médica; RG >500 ml 
era desprezado o resíduo, a dieta suspensa 
imediatamente e as equipes comunicadas. As 
checagens eram feitas a cada 6 horas, 4 vezes 
ao dia. (FREITAS et al., 2011, p. 100).
∙ Resíduos gástricos > 200ml (nasoenteral) ou 
> 100ml (gastrostomia) + sinais de desconforto 
abdominal ou distensão (h da circunferência 
abdominal) = interromper a infusão de NE e 
investigar radiologicamente o paciente.
∙ Caso não haja sintomas digestivos, sugere-
se retardar a dieta por uma hora e rechecar o 
volume residual gástrico. No caso de persistência, 
utilizam-se drogas promotoras da motilidade 
gástrica (WAITZBERG, 2000, p. 567).
Em estudo recente, Freitas et al. (2011) 
construíram um protocolo de checagem de resíduo 
gástrico (RG).
Checagem de 
resíduo gástrico
VRG menor
que 200 ml
VRG menor
que 500 ml
Checagem de 
resíduo gástrico
Reinfundir
o resíduo
Parar a dieta e visar 
a equipe médica
Desprezar
o resíduo
Manter
a dieta
VRG menor
que 200 ml
Manter a taxa 
de infusão
Refazer a 
checagem em
Figura1 - Protocolo de Checagem de Volume Residual Gástrico (VRG).
Parar a dieta e visar 
a equipe médica
Figura 2 – Protocolo de checagem de volume residual gástrico 
(VRG). Fonte: Freitas et al. (2011, p. 101).
Nutrição Enteral e Parenteral
14
• Sonda transpilórica: 
“[...] o gotejamento da dieta deve ser observado 
com grande atenção, uma vez que o escoamento rápido 
pode ocasionar cólica e diarreia, com consequente 
queda no aproveitamento nutricional e prejuízo ao 
paciente.” (WAITZBERG, 2002, p. 567).
– Infusão contínua: dose e velocidade 
semelhante à gástrica, mas a concentração 
da dieta deve ser iso ou hipotônica.
– Método intermitente: velocidade 
de gotejamento não deve ultrapassar 60ml/
hora.
Deve-se ter em mente que o refluxo gastroesofágico 
não está completamente evitado, mesmo com a 
extremidade da sonda no jejuno (WAITZBERG, 2000).
5.7 Critérios de decisão na seleção de 
dietas enterais
Após a fase de identificação do paciente candidato 
à TNE, segue-se a difícil tarefa de elaborar um plano 
dietoterápico. Em função da grande variedade de 
produtos disponíveis para uso enteral, algumas 
variáveis têm sido comumente consideradas na prática 
clínica, visando facilitar a escolha da formulação mais 
apropriada ao paciente:
Quadro 5 – Variáveis comumente avaliadas 
para a seleção de dietas enterais
Variáveis Comumente Avaliadas para 
a Seleção de Dietas Enterais 
a) Densidade Calórica
b) Osmolaridade/Osmoraridade
c) Fórmula x Via e Tipo de Alimentação
d) Fontes e complexidade dos nutrientes 
• carboidratos 
• lipídeos
• proteínas
• vitaminas e minerais
e) Desenho da fórmula x indicação clínica
Fonte: Waitzberg (2002, p. 660).
a) Densidade calórica
É a expressão da quantidade de calorias fornecidas 
por mililitro da dieta pronta.
 
DC = Valor Energético Total (VET)
 Volume Total (VT)
A determinação deste valor dependerá do total 
de calorias que o paciente precisa receber versus o 
volume da dieta enteral que deverá ser administrado 
durante o dia, em função da sua capacidade de 
tolerar esta quantidade a ser infundida (necessidade 
hídrica/restrição hídrica). Por exemplo: um paciente 
necessita de 2.000kcal/dia e pode receber até 
2.000ml/dia de dieta enteral. Logo, a DC da dieta 
poderá ser de 1,0kcal/ml.
Pacientes com alguma restrição 
hídrica poderão ter indicação de dietas 
com maior valores de DC, atingindo 
de 1,5 a 2,0kcal/ml de fórmula 
Nutrição Enteral e Parenteral
15
Sugere-se uma categorização das formulações 
enterais segundo sua densidade calórica:
Quadro 6 – Categorização das fórmulas enterais 
segundo sua densidade calórica
Obs.: o termo hipocalórico é utilizado apenas para 
fins comparativos com as demais fórmulas enterais 
e não deve ser entendido como uma indicação das 
mesmas para dietas restritas em calorias.
 Na prática clínica, esses valores são, muitas 
vezes, relacionados com a tolerância digestiva 
da formulação enteral. Enquanto o estômago 
tolera dietas com osmolalidade mais elevada, 
porções mais distais do TGI já respondem 
melhor às formulações isosmolares. Entretanto, 
a administração lenta de dietas hiperosmolares 
(especialmente, com bomba de infusão) pode ter 
boa tolerância, mesmo nas porções pós-pilóricas. 
Os nutrientes que mais afetam a osmolalidade 
de uma solução são: os carboidratos simples 
(mono e dissacarídeos): efeito osmótico maior 
do que CHO de maior peso molecular (amido); 
os minerais e eletrólitos (sódio, cloreto, 
potássio): pela propriedade de dissociação em 
partículas menores; as proteínas hidrolisadas 
e os aminoácidos cristalinos, bem como os 
triglicerídeos de cadeia média: por serem mais 
solúveis do que os de cadeia longa. Quanto mais 
componentes hidrolisados contiver a formulação, 
maior será o valor da sua osmolalidade. 
Como lembrete, vale destacar a influência 
da osmolalidade de medicação, usualmente 
negligenciada. A média da osmolalidade de 
medicamentos líquidos administrados por sonda 
ou via oral varia entre 450 a 10.950mOsm/Kg 
de água. Determinadas intolerâncias digestivas 
podem estar relacionadas à medicação, embora, 
com frequência, sejam atribuídas à formulação 
enteral (WAITZBERG, 2002, p. 661-2).
c) Fórmula enteral x via e tipo de administração
Categorização das Fórmulas 
Enterais Segundo sua 
Densidade Calórica
Categorização 
da DC
Valores de DC
(kcal/ml)
Categorização 
da fórmula
Muito baixa <0,6 Acentuadamente 
hipocalórica
Baixa 0,6-0,8 Hipocalórica
Padrão (standard) 0,9 - 1,2 Normocalórica
Alta 1,3 - 1,5 Hipercalórica
Muito Alta >1,5 Acentuadamente 
hipercalórica
Fonte: Waitzberg (2002, p. 661). 
Categorização das Fórmulas Enterais 
Segundo Valor de Osmolaridade da 
Solução (mOsm/kg de Água)
Categorização Valores de 
Osmolaridade
Hipotônica 280 - 300
Isotônica 300 - 350
Levemente hipertônica 350 - 550
Hipertônica 500 - 750
Acentuada hipertônica >750
Fonte: Waitzberg (2002, p. 662).
b) Osmolaridade/Osmolalidade
Refletem a concentração de partículas osmotica-
mente ativas na solução.
– Osmolalidade refere-se ao número de 
miliosmoles por quilo de água.
– Osmolaridade refere-se ao número de 
miliosmoles por litro de solução.
Para fins comparativos defórmulas, devem-
se padronizar as grandezas de medidas. Tem-se a 
categorização da formulação enteral segundo os 
valores de osmolalidade:
Quadro 7 – Categorização das fórmulas enterais 
segundo valores de osmolalidade da solução (mOsm/
kg de água)
Nutrição Enteral e Parenteral
16
A escolha da via, bem como, do tipo de infusão 
influenciará na escolha da formulação. Isso implica a 
determinação:
• dos horários de administração da 
 dieta;
• do volume a ser infundido;
• da velocidade de infusão;
• do tipo de administração: contínua ou 
intermitente; por gotejamento gravitacional, 
bomba de infusão ou em bolo.
Se a sonda estiver em posicionamento gástrico, 
haverá maior flexibilidade quanto: ao volume total, à 
osmolalidade e ao método de infusão da fórmula. Se 
a sonda estiver em posicionamento pós-pilórico,
– as dietas devem ser, preferencialmente, 
isosmolares ou levemente hiperosmolares;
– em método intermitente, o volume 
não poderá ser muito elevado;
– o gotejamento é mais indicado que a 
técnica em bolos;
– a administração da dieta deve ocorrer 
de forma lenta.
Na seleção das fórmulas enterais, as variáveis a 
seguir devem ser consideradas:
Resumo Esquemático da Programação da TNE, Segundo 
Posicionamento da Sonda Pré e Pós-pilórica
Posicionamento 
da Sonda
Volume Osmolaridade Fracionamento Equipamentos
Pré-pilórico Confere Maior 
liberdade quanto ao 
volume por horário. 
Esta flexibilidade, 
depende da 
capacidade gástrica 
do paciente.
Tolera soluções 
hiperosmolares 
embora esvaziamento 
gástrico mostre-se 
mais lento qto > 
a osmolaridade. 
Dependendo do 
volume total por 
dia e tolerância do 
paciente. Pode ser 
menor fracionamento 
(4 a 6x/dia) e 
maior volume. 
Funil plástico nas 
gastrostomias 
calibrosas. 
Seringa Equipos com 
pinça (intermitente) 
e para BI (contínuo)
Pós-pilórico Se intermitente, 
volume limitado.
Maior Tolerância 
de formulações 
<550 de osmolal. 
= rigorososm. = 
riroso controle de 
gotejamento (BI).
Se intermitente 
fracionamento em 
geral varia entre 
6 a 8 tomadas/dia 
(a cada 3 horas)
Seringa Equipos com 
pinça (intermitente) 
e para BI (contínuo)
Fonte: adaptado de Waitzberg (2002, p. 663).
Quadro 8 – Resumo esquemático da programação da terapia nutricional 
enteral, segundo posicionamento da sonda pré e pós-pilórica
Nutrição Enteral e Parenteral
17
d) Fonte e complexidade dos nutrientes
- Carboidratos: aparecem na forma de mono, 
di, oligo e polissacarídeos. As principais fontes nas 
fórmula são: frutose, glicose, sacarose, maltodextrina 
e amido de milho. Os oligossacarídeos apresentam 
como vantagem o fato de serem mais eficientemente 
digeridos e absorvidos pelo TGI, mesmo em condições 
de síndrome de má absorção; além de interferirem 
menos nos valores de osmolalidade. (WAITZBERG, 
2002, p. 664).
A lactose pode ser regularmente indicada 
quando em posição gástrica e em pacientes sem 
intolerância. Cabe destacar que a intolerância à 
lactose, responsável por intercorrências digestivas 
do tipo diarreia, desconforto pós-prandial, flatulência 
excessiva, distensão abdominal, é um achado 
muito comum na prática clínica, especialmente, em 
pacientes desnutridos. A lactase é uma das principais 
enzimas a ser prejudicada na vigência de um déficit 
nutricional importante, com diminuição significativa 
da sua produção nas bordas em escova (WAITZBERG, 
2002, p. 664).
- Fibras alimentares: as recomendações de fibras 
para pacientes em TNE não são numericamente 
definidas e não há necessidade de serem atingidas as 
recomendações. As fontes de fibras mais comumente 
empregadas em nutrição enteral têm sido a pectina, 
a goma guar e o polissacarídeo da soja. Além de 
regularizar o trânsito intestinal, a presença de fibras 
na NE visa fornecer substrato energético colonócito-
específico (WAITZBERG, 2002, p. 664-5).
- Proteínas: sua presença nas fórmulas tem a 
função de prover aminoácidos com o fim de promover 
retenção nitrogenada e consequente aumento 
na massa muscular. “Para que esta função ocorra 
eficientemente, torna-se imprescindível que haja 
adequado suprimento de energia, de onde surge a 
relação ‘calorias não proteicas para cada grama de 
nitrogênio’.” (WAITZBERG, 2002, p. 666-7). 
Para encontrar essa relação, primeiramente é 
necessário calcular as calorias não proteicas (energia 
proveniente dos carboidratos e dos lipídios) e depois 
calcular os gramas de nitrogênio da dieta. Para 
isso, é necessário dividir a quantidade em gramas 
de proteínas da dieta pelo índice de 6,25. Por fim, 
basta dividir calorias não proteicas por gramas de 
nitrogênio. 
A melhor relação para pacientes que buscam o 
balanço nitrogenado positivo está ao redor de 150 kcal 
não proteicas para cada grama de nitrogênio (150:1, 
variando de 110 a 180:1) (WAITZBERG, 2002, p. 
667). “Para uma pessoa saudável, recomenda-se 120 
a 150:1; 200 a 220:1 para pacientes com insuficiência 
renal e 80 a 90:1 para indivíduos doentes em 
estado grave ou hipercatabólicos.” (CALIXTO-LIMA, 
2010, p. 38). As fontes proteicas predominantes 
nas formulações enterais são a soja e a caseína, e, 
em menor escala, a gema de ovo e o soro de leite 
(WAITZBERG, 2002, p. 667).
- Lipídeos: são os nutrientes de maior densidade 
energética. Correspondem, em geral, a 30-35% do 
VCT da formulação, exceto as chamadas hipolipídicas. 
Podem aparecer na forma intacta, como triglicerídeos 
de cadeia longa (TCL), ou veiculados por fontes 
alimentares que também carreiam os triglicerídeos 
de cadeias média (TCM) e curta (TCC) (WAITZBERG, 
2002, p. 667).
- Vitaminas e minerais: Nas carências nutricionais 
específicas deve-se avaliar a indicação de 
suplementação adicional destes, mesmo quando a 
formulação atinge as cotas recomendadas pelas DRIs. 
A maioria das dietas enterais é adequada quanto 
Nutrição Enteral e Parenteral
18
às vitaminas e minerais. Algumas formulações 
propositalmente são insuficientes (específicas 
para alguma situação clínica). No planejamento 
dietético, deve-se prever a necessidade ou não 
de realizar a suplementação destes (WAITZBERG, 
2002, p. 667).
e) Desenho da fórmula versus indicação clínica
As formulações enterais podem ser classificadas 
segundo os objetivos da dietoterapia em (WAITZBERG, 
2002, p. 672):
- Dietas enterais de formulação padrão: são 
aquelas que visam suprir as necessidades nutricionais 
dos pacientes, de forma a manter ou melhorar o 
estado nutricional dos mesmos.
 - Dietas enterais de formulação especializada: são 
aquelas que, além de otimizarem o estado nutricional 
do enfermo, visam atuar mais ativamente em seu 
tratamento clínico.
Pode-se afirmar que, nos últimos anos, houve 
uma enorme expansão na variedade de formulações, 
tanto das dietas denominadas padrão, quanto das 
especializadas. Além desta classificação, as dietas 
enterais ainda são classificadas em outras categorias. 
Quanto ao suprimento de calorias, elas podem ser 
(WAITZBERG, 2002, p. 673):
– Nutricionalmente completas: dada a sua 
densidade calórica, fornecem a quantidade de calorias 
adequada para suprir as necessidades do paciente, 
sem que haja fornecimento de fluidos maior do que 
o recomendado.
– Suplemento nutricional: dada a sua densidade 
calórica, não atingem as necessidades calóricas do 
paciente, exceto se suplantarem as recomendações 
de fluidos. 
Quanto à complexidade dos nutrientes 
(WAITZBERG, 2002, p. 673):
– Poliméricas: são aquelas em que os 
macronutrientes apresentam-se na sua forma intacta. 
– Oligoméricas: são aquelas em que os 
macronutrientes apresentam-se na sua forma 
parcialmente hidrolisada.
– Monoméricas ou elementares: são aquelas em 
que os macronutrientes apresentam-se na sua forma 
totalmente hidrolisada.
Quanto à forma de preparo (WAITZBERG, 2002, 
p. 671):
– Dietas enterais industrializadas:
• Dietas industrializadas em pó para 
reconstituição: acondicionadas em 
pacotes hermeticamente fechados, em 
porções individuais ou em latas e pacotes. 
Necessitam de reconstituição em água ou 
em outro veículo.
Quadro9 – Vantagens e desvantagens das dietas 
industrializadas em pó para reconstituição
Vantagens 
• permitem individualização, com menor 
manipulação que as artesanais
• maior estabilidade microbiológica e 
bromatológica que as artsanais.
• auxiliam no fornecimento adequado dos micronutrientes, 
bem como, de uma dieta especializada 
• armazenamento facilitado
Fonte: adaptado de Waitzberg (2002, 671).
Nutrição Enteral e Parenteral
19
 • Dietas industrializadas prontas para uso: já se 
apresentam envasadas em bolsas próprias que são 
diretamente acopladas no equipo. São chamadas de 
“sistema fechado”.
Quadro 11 – Vantagens e desvantagens das dietas 
industrializadas prontas para uso
 
 Figura 3 – Critérios de seleção de dietas enterais. 
Fonte: Waitzberg (2002, p. 675).
– Dietas modulares ou módulos de nutrientes: 
são a apresentação pura ou quase exclusiva de um 
determinado nutriente (WAITZBERG, 2002, p. 673). 
Podem ser citados como benefícios dos módulos de 
nutrientes:
g a flexibilidade no seu uso e a facilidade 
na individualização;
g o atendimento das necessidades 
nutricionais (passíveis de adequação ao 
caso clínico);
g a manutenção do sabor dos alimentos;
 • Dietas industrializadas líquidas semi-prontas 
para uso: são dietas já industrialmente reconstituídas.
Quadro 10 – Vantagens e desvantagens das dietas 
industrializadas líquidas semi-prontas para uso
– Dieta caseira ou artesanal: são aquelas 
preparadas à base de alimentos in natura ou de 
mesclas de produtos naturais com industrializados 
(módulos), liquidificados e preparados artesanalmente 
em cozinha doméstica ou hospitalar.
Quadro 12 – Vantagens e desvantagens da dieta 
caseira ou artesanal
Vantagens 
• Mesmas vantagens descritas para as dietas em pó
• exigem um mínimo de manutenção antes 
da administração ao paciente.
• torna-a mais econômica, com mínimas chances de 
contaminação e alta estabilidade do produto final.
Desvantagens
• ainda existe algum tipo de manipulação e, portanto, 
alguma chance de contaminação do produto final.
Fonte: adaptado de Waitzberg (2002, 671).
Desvantagens 
• ainda existe algum tipo de manipulação.
• podem apresentar problemas com viscosidade, 
bem como menor estabilidade microbiológica.
Fonte: adaptado de Waitzberg (2002, 671).
Vantagens 
• não ocorre nenhuma manipulação.
• facilitam o uso em domicílio, com um risco mínimo de 
alteração microbiológica e/ou bromatológica da formulação.
Desvantagens
• possíveis perdas de dieta pronta.
• Não ocorre nenhuma possibilidade de alteração 
no formulário para individualização das mesmas.
Fonte: adaptado de Waitzberg (2002, 671-2).
Vantagens
• indvidualização da fórmula quanto à 
composição nutricional e o volume. 
• custo aparentemente menor
Desvantagens
• instabilidade bromatológica, microbiológica e 
organoléptica do produto final g custo maior.
• não é composição nutricional definida e há dificuldades para 
ser formulada uma dieta com algum grau de especialização.
• fornecimento prejudicado dos micronutrientes.
Fonte: adaptado de Waitzberg (2002, 670-1).
Nutrição Enteral e Parenteral
20
g a variedade de uso: em sopas, sucos, mingaus, 
purês, cremes e na própria dieta enteral, assim como 
adequação às dietas líquidas e pastosas;
g segurança no uso pelo controle e padrão de 
qualidade garantidos.
• Módulos de carboidratos: situações clínicas que 
exigem aumento energético – estresse metabólico 
(trauma, infecção); desnutrição (aguda ou crônica); 
neoplasias. Fonte: maltodextrina, na maioria dos 
módulos disponíveis.
• Módulos de proteínas: situações clínicas que exigem 
aumento da oferta proteica – estresse metabólico 
(trauma, infecção, cicatrização); desnutrição; neoplasias. 
Fonte de proteína: caseinato de cálcio, na maioria dos 
módulos disponíveis.
• Módulos de lipídeos: dificuldades digestivas; 
insuficiência das enzimas digestivas/bile; dificuldades 
absortivas (reduz esteatorreia); redução da superfície 
de absorção, inflamação ou atrofia da mucosa intestinal; 
desnutrição, estresse metabólico; necessidade de 
maior aporte energético rapidamente. Apresentações: 
100% triglicerídeos de cadeia média (TCM) e 70 % de 
TCM e 30% de TCL (com ácidos graxos essenciais).
Avaliação da alimentação via oral 
Consegue atingir 60% das necessidades nutricionais?
sim
sim não
Dieta via oral
Consciência normal?
Dieta leve ou 
líquida com suplementos 
Dieta lespecializada pode 
ser polimérica
Dieta especializada, 
preferencialmente com 
hidrolisados ou formulação 
com módulos 
Consegue ingerir/absorver
nutrientes intactos ?
Dieta geral
não
sim
sim
não
não
Dieta enteral
Apresenta alguns disturbios metabólicos
Dieta enteral 
especializada
Dieta convencional 
polimérica
Dieta enteral 
convencional
Consegue 
ingerir/absorver 
nurientes intactos?
Dieta especializada com 
hidrolisados ou elementar ou 
formulação com módulos
Figura 3 – Critérios de seleção de dietas enterais. Fonte: Waitzberg (2002, p. 675).
Nutrição Enteral e Parenteral
21
• Módulos de fibras: correção da obstipação/
diarreia; prevenção das doenças diverticulares e do 
câncer de cólon; composição de uma dieta saudável; 
redução da glicemia e colesterol; restabelecer a 
microflora do cólon. 
• Módulos de glutamina: aminoácido importante 
para a manutenção da integridade intestinal. 
Prevenção da translocação bacteriana, recuperação 
do sistema imune e redução do catabolismo proteico. 
Sugestão de uso: pode ser adicionado a sucos, água, 
chá, gelatina, purês, mediante prescrição de médico 
ou nutricionista.
5.8 Preparo da nutrição enteral
A Resolução nº 63, de 06 de julho de 2000, que 
dispõe sobre o Regulamento Técnico para a Terapia 
de Nutrição Enteral, possui instruções específicas 
sobre a preparação da nutrição enteral. De acordo 
com esta resolução:
[...] o nutricionista é o profissional 
responsável pela supervisão da preparação da 
NE. A preparação da NE envolve a avaliação 
da prescrição dietética, a manipulação, o 
controle de qualidade, a conservação e o 
transporte da NE e exige a responsabilidade e a 
supervisão direta do nutricionista, devendo ser 
realizada, obrigatoriamente, de acordo com as 
recomendações das Boas Práticas de Preparação 
da NE (BPPNE).
Os insumos e recipientes adquiridos 
industrialmente para o preparo da NE devem 
ser registrados nos órgãos competentes, 
quando obrigatório, e acompanhados do 
certificado de análise emitido pelo fabricante, 
garantindo a sua pureza físico-química e 
microbiológica, bem como o atendimento às 
especificações estabelecidas, além de serem 
previamente tratados para garantir sua assepsia 
e inspecionados visualmente quanto à presença 
de partículas estranhas.
A avaliação da prescrição dietética da 
NE quanto à sua adequação, concentração 
e compatibilidade físico-química de seus 
componentes e dosagem de administração, deve 
ser realizada pelo nutricionista antes do início da 
manipulação, compartilhada com o farmacêutico 
quando se fizer necessário.
Qualquer alteração na prescrição dietética 
deve ser discutida com o nutricionista responsável 
por esta, que se reportará ao médico sempre que 
envolver a prescrição médica. Qualquer alteração 
na prescrição dietética deve ser registrada e 
comunicada à EMTN.
A manipulação da NE deve ser realizada 
em área específica para este fim e com técnica 
asséptica, seguindo procedimentos escritos e 
validados.
A NE deve ser acondicionada em recipiente 
atóxico, compatível fisico-quimicamente com 
a composição do seu conteúdo, para que o 
mesmo mantenha a qualidade físico-química 
e microbiológica do seu conteúdo durante a 
conservação, transporte e administração.
De cada sessão de manipulação de NE 
preparada devem ser reservadas amostras, 
conservadas sob refrigeração (2ºC a 8ºC), 
para avaliação microbiológica laboratorial, 
caso o processo de manipulação não esteja 
validado. Recomenda-se reservar amostra de 
cada sessão de preparação para contraprova, 
devendo neste caso, ser conservadasob 
refrigeração (2ºC a 8ºC) durante 72 horas 
após o seu prazo de validade.
A NE deve ser rotulada com identificação 
clara do nome do paciente, composição e 
demais informações legais e específicas para a 
segurança de sua utilização e garantia do seu 
rastreamento. (BRASIL, 2000).
Nutrição Enteral e Parenteral
22
 Além disso, a Resolução nº 63 de 2000 ainda 
determina que:
Após a manipulação, a NE deve ser submetida 
à inspeção visual para garantir a ausência de 
partículas estranhas, bem como precipitações, 
separação de fases e alterações de cor não 
previstas, devendo ainda ser verificada a clareza 
e a exatidão das informações do rótulo.
Com relação à conservação, a NE não 
industrializada deve ser administrada 
imediatamente após a sua manipulação. Para 
a NE industrializada devem ser consideradas as 
recomendações do fabricante.
O nutricionista é responsável, ainda, pela 
manutenção da qualidade da NE até a sua 
entrega ao profissional responsável pela 
administração (enfermeiro) e deve orientar 
e treinar os funcionários que realizam o seu 
transporte.
“A administração da NE deve ser executada de 
forma a garantir ao paciente uma terapia segura e 
Quadro 13 – Itens que devem constar do rótulo da 
nutrição enteral
que permita a máxima eficácia, em relação aos custos, 
utilizando materiais e técnicas padronizadas.” (BRASIL, 
2000). Entretanto, estudos mostram que há sempre 
um déficit nas quantidades de alimentação prescrita e 
administrada, indicando que, raramente, os pacientes 
recebem 100% das necessidades energéticas. 
Os fatores que impedem o adequado aporte 
nutricional enteral incluem os relacionados 
à intolerância da dieta (vômitos, diarreia, 
resíduo gástrico, distensão abdominal, etc.), os 
associados às práticas de rotina de enfermagem 
(manipulação do paciente, administração 
de me¬dicamentos, etc.) e outras rotinas 
(procedimentos, exames) (TOZETTO et al., 
2011; TEIXEIRA; CARUSO; SORIANO, 2006).
Vale lembrar que a utilização da sonda de adminis-
tração da NE não é exclusiva, podendo ser empregada 
para medicamentos e outras soluções quando neces-
sário (BRASIL, 2000). Entretanto, alguns cuidados se 
fazem necessários, como conhecer o diâmetro interno 
da sonda e a viscosidade do medicamento; verificar se 
os medicamentos podem ser administrados através da 
sonda; não misturar a medicação diretamente à dieta; 
administrar cada medicamento separadamente; lavar 
a sonda depois de administrar as drogas; triturar uma 
forma sólida apenas quando não houver alternativa; 
e nunca triturar formas farmacêuticas efervescentes, 
cápsulas de gelatina mole, drágeas ou medicamentos 
oleosos (MARTINS; CARDOSO, 2000).
5.9 Complicações
As complicações em NE estão relacionadas a: 
anormalidades gastrointestinais (náuseas, vômitos, 
estase gástrica, refluxo gastroesofágico, distensão 
abdominal, cólicas, empachamento, flatulência, 
diarreia, obstipação), complicações metabólicas 
Itens que devem Constar do 
Rótulo da Nutrição Enteral
• Nome do paciente, nº do leito e registro hospitalar
• Composição quantitativa e qualitativa de todos 
os componetes ou denominação padronizada 
desde que codificada em procedimento escrito
• Via de acesso, volume total e 
velocidade de administração
• Data, hora de manipulação e prazo de validade
• Nº sequencial de controle e condições 
de temperatura para conservação
• Nome e nº conselho regional do 
respectivo profissional técnico
Fonte: Waitzberg (2002, p. 698).
Nutrição Enteral e Parenteral
23
(hiperidratação, desidratação, hiperglicemia, 
hipoglicemia, anormalidades de eletrólitos, alterações 
da função hepática), complicações mecânicas – 
relacionadas com a sonda nasoenteral (erosão nasal 
e necrose, abscesso septonasal, sinusite aguda, otite, 
rouquidão, faringite etc.), complicações infecciosas 
(gastroenterocolites por contaminação microbiana no 
preparo e administração da fórmula), complicações 
respiratórias (aspiração pulmonar, pneumonia 
infecciosa) e complicações psicológicas (ansiedade, 
depressão, falta de estímulo ao paladar, monotonia 
alimentar, insociabilidade, inatividade) (WAITZBERG, 
2002; SHILLS et al., 2009).
6 TERAPIA NUTRICIONAL PARENTERAL 
(TNP)
Conjunto de procedimentos terapêuticos para 
manutenção ou recuperação do estado nutricional 
do paciente por meio de nutrição parenteral 
(BRASIL, 1998).
A Portaria nº 272 de 1998 define nutrição 
parenteral como 
[...] solução ou emulsão, composta basicamente 
de carboidratos, aminoácidos, lipídios, vitaminas 
e minerais, estéril e apirogênica, acondicionada 
em recipiente de vidro ou plástico, destinada 
à administração intravenosa em pacientes 
desnutridos ou não, em regime, ambulatorial ou 
domiciliar, visando a síntese ou manutenção dos 
tecidos, órgãos ou sistemas.
Para compreender melhor este conceito, torna-se 
necessário definir solução e emulsão. 
Solução é uma formulação farmacêutica aquosa 
que contém carboidrato, aminoácidos, vitaminas 
e minerais. Já emulsão é uma formulação 
farmacêutica que contém substâncias gordurosas 
em suspensão no meio aquoso, em perfeito 
equilíbrio (CALIXTO-LIMA et al., 2010, p.12; 
BRASIL, 1998).
Na Nutrição Parenteral Total (NPT) “[...] todas as 
necessidades nutricionais do paciente são fornecidas 
pela via endovenosa, sem nenhuma ingestão 
enteral ou oral”. Na Nutrição Parenteral Suplementar 
(NPS) “[...] parte das necessidades nutricionais é 
administrada pelo TGI e o restante é infundido por 
via endovenosa” (CALIXTO-LIMA et al., 2010, p. 12). 
6.1 Histórico
As descobertas científicas importantes para o 
avanço da nutrição parenteral (NP) coincidem no 
tempo com as conquistas alcançadas na anatomia, 
cirurgia, química e bioquímica. A infusão endovenosa 
(EV) de nutrientes não era possível até a descrição do 
sistema circulatório (CALIXTO-LIMA et al., 2010, p. 1). 
Em 1658, Sir Christopher Wren estudava a 
aplicação de opiáceos e vinho na veia de um cão e 
vinte anos mais tarde, Courten infundiu vinagre, sais 
e urina em cães (CALIXTO-LIMA et al., 2010, p. 1-2). 
De 1750 a 1800 várias descobertas contribuíram 
para o avanço da nutrição parenteral: foram 
estabelecidas bases científicas para o papel do 
alimento como combustível para o corpo humano, 
houve o reconhecimento da separação de nutrientes 
em substâncias nitrogenadas, lipídios e carboidratos, a 
glicose foi descoberta, assim como o gasto energético 
como proporcional à área corporal, e o calorímetro 
foi construído. Em 1830 foram administrados água 
e bicarbonato na veia de hindus com cólera para 
correção dos distúrbios hidroeletrolíticos. Em 1869, 
injetaram lipídios, leite e cânfora por via subcutânea 
em cães. Mas, foi em 1896 que Biedl e Kraus 
administraram glicose por via endovenosa em seres 
Nutrição Enteral e Parenteral
24
humanos. Durante a Primeira Guerra Mundial (1914-
1918) soluções de glicose a 5% foram infundidas em 
seres humanos com a finalidade de corrigir o estado 
de choque. Em 1920, Yamakawa administrou emulsão 
lipídica endovenosa em seres humanos (CALIXTO-
LIMA, 2010, p. 2).
6.2 Indicações
A indicação da NP está relacionada com a situação 
clínica do paciente e a impossibilidade de utilização 
da via oral e enteral por um período pré-definido. 
Assim, as indicações mais frequentes de NP incluem:
• Pré-operatório: quando se pretende minimizar 
quadros de desnutrição grave em pacientes que 
necessitem de procedimentos cirúrgicos mais urgentes 
e que a terapia nutricional oral ou enteral está 
contraindicada. Iniciar, no mínimo, cinco a sete dias 
antes da cirurgia.
• Complicações cirúrgicas pós-operatórias: 
fístula gastrintestinal – de natureza desconhecida; 
de alto débito no intestino delgado; de baixo débito 
no jejuno terminal ou íleo proximal; íleo prolongado, 
também chamado íleo paralítico ou íleo adinâmico – 
os movimentos contráteis normais da parede intestinal 
se detém temporariamente e o processo absortivo se 
encontra prejudicado.
• Pós-trauma: hipomotilidade gástrica 
causada por hipertensão intracraniana,baixa 
perfusão esplâncnica, ventilação mecânica e 
presença de sepse que comprometa o uso do tubo 
digestivo.
• Distúrbios gastrintestinais: vômitos crônicos, 
doença intestinal infecciosa, diarreia intratável e 
enteropatias inflamatórias (colite ulcerativa e doença 
de Crohn).
• Pancreatite aguda: o uso contínuo da 
nutrição enteral com posicionamento da sonda além 
do ângulo de Treitz pode favorecer a introdução 
e a manutenção da terapia nutricional. Se essa 
via de alimentação não atingir as necessidades 
nutricionais em um período de cinco a sete dias 
e/ou exacerbar dor abdominal, o recurso da via 
parenteral deve ser utilizado.
• Obstruções mecânicas do trato gastrintestinal 
(TGI): as obstruções mecânicas do TGI impossibilitam 
o uso de nutrição enteral.
• Hemorragias gastrintestinais: acarretam 
alteração da mucosa, impossibilitando a absorção 
adequada de nutrientes, além da presença de 
nutrientes no lúmen intestinal estimular maior fluxo 
sanguíneo na circulação mesentérica, podendo 
intensificar o sangramento15.
• Síndrome do intestino curto (SIC): gera a 
impossibilidade de absorção adequada de nutrientes 
por via oral ou enteral por um período indeterminado, 
que varia conforme a área e a quantidade de intestino 
delgado ressecado, além da presença de cólon intacto 
ou não (CALIXTO-LIMA et al., 2010, p. 14-15).
6.3 Contraindicações
A NP está contra-indicada em situações de 
sobrecarga de volume, em situações de sobrecarga 
de volume, de falência hemodinâmica (quando o 
paciente entra em choque hipovolêmico) e em 
graves alterações metabólicas e bioquímicas com 
repercussão funcional orgânica. As situações 
mais comuns são: instabilidade hemodinâmica 
(hipovolemia, choque cardiogênico ou séptico); 
fase aguda do trauma; edema agudo de pulmão; 
infarto agudo do miocárdio; anúria sem diálise 
e distúrbios metabólicos (CALIXTO-LIMA et al., 
2010, p.[18]).
Algumas contraindicações são controversas, 
ficando a critério do médico responsável 
optar ou não por essa via de acesso. Algumas 
situações incluem: jejum menor que cinco dias 
Nutrição Enteral e Parenteral
25
sem desnutrição grave; possibilidade do uso 
do TGI, dificuldade para obter acesso venoso; 
prognóstico que não necessite de suporte 
agressivo (pacientes terminais) (CALIXTO-LIMA 
et al., 2010, p. 19).
6.4 Vias de acesso
A escolha da via dependerá da duração planejada 
da terapia. Informações adicionais podem ser 
necessárias como: presença de edema ou de lesão 
no local de acesso, necessidade de outras infusões, 
tempo de coagulação, condição da veia periférica, 
estado funcional e estilo de vida (CALIXTO-LIMA et 
al., 2010, p. 23).
a) Acesso venoso periférico – nutrição parenteral 
periférica (NPP)
“Terapia nutricional na qual uma solução 
parenteral é administrada por meio de uma veia 
periférica” (BRASIL, 1998). É utilizada “[...] uma veia 
superficial de grosso calibre, comumente as veias das 
extremidades superiores, na mão ou no antebraço” 
(CALIXTO-LIMA et al., 2010, p. 23).
“É recomendado quando a nutrição parenteral for 
planejada por períodos curtos (<15 dias) ou como 
alimentação complementar, tendo impacto mínimo no 
estado nutricional” (CALIXTO-LIMA et al., 2010, p. 23).
Essa via de alimentação apresenta como 
vantagens: a punção venosa superficial 
rápida, segura e sem necessidade de cuidados 
especializados; controle glicêmico mais fácil 
(menos hiperglicemia); menores índices de 
complicações inerentes ao acesso venoso 
central e ao seu manuseio; além de menor custo 
(CALIXTO-LIMA et al., 2010, p. 23).
“Os doentes que mais se beneficiam são 
desnutridos graves no período pré-operatório ou que 
necessitam de jejum prolongado por período inferior 
a 14 dias no pós-operatório” (CALIXTO-LIMA et al., 
2010, p. 23).
Em geral, a quantidade de calorias 
administrada fica em torno de 1.000 a 1.500 kcal 
por dia. As complicações associadas a essa via são 
pouco frequentes e de baixa morbidade, sendo 
a principal delas a tromboflebite, com incidência 
que pode variar de 3% a 30%. No entanto, 
reações alérgicas e infiltração subcutânea da 
solução também podem ocorrer. A NPP não 
permite a infusão de soluções hiperosmolares 
(>850mOsm/L), o que leva a uma frequente 
necessidade de infusão de soluções de maior 
volume para suprir as necessidades nutricionais. 
Assim, os pacientes com restrição hídrica – como 
aqueles com insuficiência cardiopulmonar, renal 
ou hepática – não são bons candidatos a essa via 
(CALIXTO-LIMA et al., 2010, p. 24).
b) Acesso venoso central – nutrição parenteral 
central (NPC)
“Terapia nutricional na qual uma solução parenteral 
é administrada em uma veia central” (BRASIL, 1998). 
É utilizada “[...] uma veia de alto fluxo sanguíneo 
interligada à veia cava superior ou ao átrio direito, 
ou seja, a infusão parenteral chega diretamente 
ao coração” (CALIXTO-LIMA et al., 2010, p. 23). 
“O acesso à veia cava superior pode ser realizado, 
principalmente, através de uma das seguintes veias: 
subclávia, jugular interna e femoral” (CALIXTO-LIMA 
et al., 2010, p. 26).
A terapia é indicada por períodos longos 
(>14 dias). Permite a administração de soluções 
hiperosmolares sem que haja o risco de flebite 
ou trombose (visto que a solução infundida 
é diluída pelo intenso fluxo sanguíneo nesse 
Nutrição Enteral e Parenteral
26
local) e possibilita a administração de todos 
os nutrientes necessários para uma nutrição 
completa e balanceada (CALIXTO-LIMA et al., 
2010, p. 25).
 “A ocorrência de sepse1 é a principal das 
desvantagens associadas a esse tipo de acesso. 
Dados da literatura descrevem uma incidência de 
5% a 10% de efeitos adversos após disposição de 
uma linha venosa central.” (CALIXTO-LIMA et al., 
2010, p. 25). 
Existem determinadas situações que 
contraindicam a punção do sistema venoso 
central: estado de hipocoagulabilidade, 
deformidade torácica, enfisema pulmonar 
acentuado, cirurgia ou irradiação prévia da 
região cervical, assistência ventilatória com 
pressão positiva e choque hipovolêmico grave 
(CALIXTO-LIMA et al., 2010, p. 26).
6.5 Componentes da nutrição parenteral
As soluções de NP são formulações que 
englobam fontes calóricas destinadas ao 
fornecimento de energia para o organismo 
(carboidrato e gordura), fontes de nitrogênio 
(proteína), eletrólitos, elementos-traços, 
vitaminas e água. Tais nutrientes devem ser 
prescritos conforme objetivo específico da NP, 
situação clínico-nutricional, diagnóstico do 
paciente, presença de comorbidades, balanço 
hidroeletrolítico e estado ácido-base (CALIXTO-
LIMA et al., 2010, p. 37).
1 Sepse pode ser definida como a resposta sistêmica a um agente 
infeccioso identificável (MAHAN; ESCOTT-STUMP, 2008, p. 1012) .
Em virtude da via de administração da NP ser endove-
nosa é necessário que esses componentes sejam com-
patíveis com ela, ou seja, com o sangue. Dessa forma, 
os substratos devem ser solúveis em água, estéreis e 
apirogênicos, e apresentar-se na forma mais simplificada 
possível (CALIXTO-LIMA et al., 2010, p. 37).
- Proteínas: atualmente, as soluções-padrão de 
proteína comercialmente disponíveis são constitu-
ídas por aminoácidos cristalinos essenciais e não 
essenciais, em concentrações que variam de 6,7% 
a 15%, disponíveis em frascos de vidros de 50ml, 
100ml, 250ml 1.000ml e têm como características 
físico-químicas um pH de 5,5 a 6,5 e osmolaridade 
em torno de 900mOsm/L. as fórmulas disponíveis 
buscam composições que tenham aminoacidogra-
ma semelhante a proteínas de alto valor biológico.
Os produtos parenterais com aminoácidos po-
dem ser divididos em dois grupos: formulação de 
aminoácidos-padrão, usado naqueles pacientes 
com necessidades nutricionais normais e sem al-
terações na função orgânica e formulação de ami-
noácidos modificados, utilizado em pacientes com 
doença renal ou hepática ou em pacientes pediátri-
cos. São produtos com alto custo sem dados con-
clusivos que confirmem sua eficácia, portanto sua 
utilização é feita de forma limitada (CALIXTO-LIMA 
et al.,2010, p. 39).
A formulação comercialmente disponível para pa-
cientes com doença hepática apresenta uma concen-
tração mais elevada de aminoácidos ramificados e re-
duzida em aminoácidos aromáticos, ao passo que a 
formulação para pacientes renais se constitui apenas 
de aminoácidos essenciais, sem nenhuma adição dos 
não essenciais (exceto a histidina, que na insuficiência 
renal é considerada um aminoácido essencial) (CALIX-
TO-LIMA et al., 2010, p. 39).
Classificação das soluções de aminoácidos (CA-
LIXTO-LIMA et al., 2010, p. 39-40):
Nutrição Enteral e Parenteral
27
• Soluções de aminoácidos a 10% e a 
15% para pacientes adultos
• Soluções de aminoácidos a 10% para 
neonatos ou pacientes pediátricos (podem 
apresentar sua composição baseada no per-
fil do leite materno ou do cordão umbilical)
• Soluções de aminoácidos a 8% enri-
quecidas com aminoácidos de cadeia ramifi-
cada
• Soluções de aminoácidos que variam 
de 6,7% a 7%, compostas somente por 
aminoácidos essenciais
- Carboidratos: historicamente, várias fontes de 
carboidrato foram propostas para utilização na NP, 
como xilitol, sorbitol e frutose. Todavia, a glicose mo-
noidratada é a que apresenta maior interesse prático 
na atualidade. Sua presença é essencial nas formula-
ções parenterais, pois ocupa posição central no meta-
bolismo energético do organismo, exerce efeito pou-
pador de nitrogênio, é fundamental no metabolismo 
de alguns tecidos (SNC, leucócitos, hemácias), além 
de ser o substrato de maior disponibilidade comercial 
e menor custo (CALIXTO-LIMA et al., 2010, p. 40).
As soluções de glicose encontram-se 
disponíveis em ampolas plásticas de 10ml, 
em frascos ou bolsas plásticas de 100ml, 
250ml, 500ml, 1.000ml e 2.000ml, com pH 
em torno de 3, em concentrações que va-
riam de 5% a 70%. Cada grama de glicose 
utilizada fornece 3,4 calorias. As soluções 
de NP adequadas para serem administra-
das por veia periférica necessitam ser pres-
critas em baixas concentrações, geralmen-
te 10% ou menos, devido a osmolaridade. 
A quantidade mínima de glicose requerida 
é de 100 a 150g, e a quantidade má-
xima não deve ultrapassar 3mg/kg/min no 
paciente grave e 5mg/kg/min no paciente 
estável (taxas limítrofes para a oxidação 
plena no organismo). A administração ex-
cessiva pode provocar hiperglicemia, anor-
malidades hepáticas e aumento do esforço 
ventilatório, decorrente da produção exces-
siva de dióxido de carbono (CALIXTO-LIMA 
et al., 2010, p. 40).
- Lipídeos: a emulsão lipídica (EL) é definida como 
uma dispersão de gotículas de óleo, com dimensões 
de, aproximadamente, 0,3µm de diâmetro, homoge-
neizadas de forma a produzir uma dispersão segura 
para administração endovenosa. As ELs são usadas 
com dois objetivos principais: fornecer ácidos graxos 
essenciais e como parte da oferta calórica (CALIXTO-
-LIMA et al., 2010, p. 41).
Os produtos comercialmente disponíveis 
são fabricados em concentrações de 10% a 
30% (sendo a EL a 30% indicada somente 
para fins de composição farmacêutica), em 
frascos de vidro de 50ml, 100ml e 500ml, 
com pH variando de 6,5 a 8,8 e osmolarida-
de em torno de 273mOsm/L. São compostos 
de água, triglicerídios, emulsificante e um 
agente hipertonizante, geralmente o glicerol 
(CALIXTO-LIMA et al., 2010, p. 41). 
• Emulsão lipídica a 10% (TCL): composta por 
óleo de soja (100%)
• Emulsão lipídica a 20% (TCL): composta por 
óleo de soja (100%)
• Emulsão lipídica a 20% (TCL): composta por 
óleo de oliva (20%) e óleo de soja (80%)
Nutrição Enteral e Parenteral
28
• Emulsão lipídica a 10% (TCL/TCM): composta 
por óleo de soja (50%) e óleo de coco (50%)
• Emulsão lipídica a 20% (TCL/TCM): composta 
por óleo de soja (50%) e óleo de coco (50%)
• Emulsão lipídica a 20% (TCL/TCM): composta 
por óleo de soja (40%), óleo de coco (40%) e óleo 
de oliva (20%)
• Emulsão lipídica a 20% (TCL/TCM): composta 
por óleo de soja (30%), óleo de coco (30%), óleo de 
oliva (25%) e óleo de peixe (15%)
Como o triglicerídio é insolúvel em água, 
não pode ser administrado por via endovenosa, 
precisa ser emulsificado, ou seja, tornar-
se hidrossolúvel pela ação de um agente 
emulsificador. Atualmente, a lecitina do ovo 
é o agente emulsificante mais utilizado nas 
EL. Diferente do óleo comum, que fornece 
9kcal/g, a EL a 10% contribui com 1,1kcal/ml 
ou 11kcal/g, ao passo que a emulsão a 20% 
contém 2kcal/ml ou 10kcal/g. Isso porque a 
molécula de três carbonos (glicerol), quando 
oxidada, produz 4,3kcal (CALIXTO-LIMA et al., 
2010, p. 42).
- Eletrólitos: na NP, é preciso adicionar 
diariamente eletrólitos em doses terapêuticas ou 
de manutenção para manter o equilíbrio osmótico 
e as funções celulares. Tais constituintes podem ser 
adicionados à solução em produtos que contenham 
um ou múltiplos eletrólitos. Assim, na deficiência de 
algum eletrólito específico, sua suplementação pode 
ser feita de modo independente da NP. (CALIXTO-
LIMA et al., 2010, p. 43).
Os eletrólitos das formulações de NP podem 
ser encontrados nas seguintes concentrações e 
apresentações (CALIXTO-LIMA et al., 2010, p. 44):
• Cloreto de sódio a 10%; cloreto de sódio a 
17,55%; cloreto de sódio a 20%; cloreto de potássio 
a 10%; cloreto de potássio a 19,1%; acetato de sódio 
(1meq/ml); acetato de potássio (1meq/ml); gliconato 
de cálcio a 10%; sulfato de magnésio a 10%; sulfato 
de magnésio a 50%; fosfato de potássio (2meq/ml): 
todos em ampola com 10ml.
• Glicerofosfato de sódio: ampola com 20ml.
- Vitaminas: constituem componentes essenciais 
para o regime diário de um paciente em NP, pois 
são necessárias para o metabolismo normal e para a 
função celular do corpo. Nos casos em que o complexo 
vitamínico existente seja composto por 12 vitaminas, 
a vitamina K pode ser ofertada diariamente na dose 
de 0,5 a 1mg/dia ou uma vez por semana na dose 5 
a 10mg/dia, separadamente da NP (CALIXTO-LIMA et 
al., 2000).
- Oligoelementos: zinco, cobre, cromo, manganês, 
selênio: quando adicionados em doses convencionais 
à solução de NP não alteram sua estabilidade. 
A presença de Ferro (Fe) nos complexos de 
oligoelementos disponíveis para NP não é usual. As 
formulações disponíveis no mercado podem apresentar 
composição e concentrações variadas, encontradas 
na forma de complexos de oligoelementos ou isolada 
(CALIXTO-LIMA et al., 2010, p. 47).
- Fluidos: as necessidades de fluidos podem ser 
calculadas de duas maneiras: 30 a 49ml de água 
para cada kg de peso corporal por dia ou 1ml de 
água para cada 1kcal ofertada. As prescrições 
variam de 1,5 a 3l e podem exceder esse valor em 
situações clínicas específicas, como as observadas 
em pacientes em terapia intensiva (CALIXTO-LIMA 
et al., 2010, p. 48).
Nutrição Enteral e Parenteral
29
- Aditivos: apesar das formulações de NP 
representarem veículos potenciais de administração 
de medicamentos, sua natureza complexa possibilita 
a ocorrência de interações físico-químicas entre as 
combinações medicamentos-nutrientes. Quando 
houver necessidade da adição de medicamentos 
na NP, é necessário que seja realizada análise 
minuciosa dos componentes da formulação de NP e 
do medicamento em questão (CALIXTO-LIMA et al., 
2010, p. 48).
6.6 Sistemas de nutrição parenteral
Em NP, o aporte de calorias não proteicas pode ser 
feito exclusivamente pela glicose ou por um substrato 
misto, constituído de glicose e lipídios. As soluções que 
contêm aminoácidos e glicose podem ser denominadas 
NP 2 em 1 ou sistema glicídico e apresentam a glicose 
como principal substrato energético utilizado. A 
associação de aminoácidos, glicose e lipídios em uma 
mesma formulação pode ser denominada NP 3 em 1 
ou mistura de nutriente total (MNT), e a proporção 
calórica mais utilizada é de 70% de glicose e 30%, 
mas uma relação de 50% para 50% também pode ser 
utilizada (CALIXTO-LIMA et al., 2010, p. 48) .
Para assegurar o fornecimento de ácidos graxos 
essenciais, as formulações de NP glicídica são usadas 
em associação com emulsões lipídicas infundidas uma 
a duas vezes por semana, em separadodos outros 
nutrientes e das demais soluções. Nos últimos anos, 
acumularam-se evidências referentes a complicações 
mecânicas e infecciosas graves relacionadas a tal 
prática. A MNT é considerada metabolicamente 
mais balanceada, pois contém todos os nutrientes, 
além de tornar a administração da NP mais simples, 
reduzir a manipulação e o risco de contaminação. A 
redução da concentração da glicose ofertada leva 
à consequente diminuição da osmolaridade final da 
solução, permitindo sua infusão em veia periférica. 
Outros benefícios do aporte energético simultâneo 
de carboidrato e gordura: melhor tolerância por 
pacientes diabéticos; menor interferência na 
função hepática; prevenção de esteatose hepática 
e da deficiência de ácidos graxos; melhor função 
do sistema imunológico; diminuição do risco de 
sobrecarga hídrica e redução do estresse respiratório 
(CALIXTO-LIMA et al., 2010, p. 48-49). 
 
6.7 Métodos de infusão
A infusão da solução de NP pode ser de forma 
contínua ou intermitente (cíclica):
Bolsas com um 
componete
Bolsaas com 
componentes 
combinados
Misturas 2 em 1 Misturas 3 em 1
Aminoácidos x
x X
x
Glicose x
Lipídio x x x
Fonte: adaptado de Calixto-Lima et al. (2010, p. 49).
Quadro 14 – Sistemas de nutrição parenteral
Nutrição Enteral e Parenteral
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Nutrição parenteral contínua: a solução é 
infundida de forma ininterrupta, em 24 horas, 
não permitindo qualquer período pós-prandial, 
ou seja, o metabolismo do paciente é mantido 
em uma modalidade de armazenamento de 
nutrientes que inibe a situação metabólica 
na qual esses nutrientes armazenados seriam 
redistribuídos. Nutrição parenteral cíclica: 
a NP é administrada de forma intermitente, 
por períodos de 8 a 12 horas, geralmente à 
noite, para permitir um período livre de 12 a 
16 horas durante o dia, possibilitando, assim, 
melhor qualidade de vida ao paciente. Essa 
forma intermitente de administrar NP foi 
originalmente desenvolvida para pacientes 
em regime de NP domiciliar. É contraindicada 
na presença de intolerância à glicose ou 
líquidos. Para melhor controle metabólico, 
é recomendado o uso de bomba de infusão 
para administração da NP, independentemente 
do método de infusão (CALIXTO-LIMA et al., 
2010, p. 74).
6.8 Complicações
Complicações técnicas ou associadas ao cateter: 
pneumotórax; embolia gasosa; embolia por cateter; 
lesão do ducto torácico; localização inadequada do 
cateter e lesão arterial; trombose venosa; oclusão do 
acesso venoso e saída acidental do cateter.
Complicações infecciosas: falta de cuidados na 
punção do acesso venoso e na higienização do local 
de inserção do cateter. Infecções relacionadas ao 
cateter, ao paciente e à formulação.
Complicações metabólicas: hipoglicemia; 
hiperglicemia; hipercapnia; deficiência de 
ácidos graxos essenciais; hipertrigliceridemia; 
imunossupressão; síndrome de realimentação.
Complicações gastrintestinais: alterações 
hepáticas; atrofia da mucosa gastrintestinal; gastrite 
e úlcera (CALIXTO-LIMA et al., 2000).
7 CASO CLÍNICO
7.1 Dados do paciente
T. R. J., 61 anos, recebeu alta hospitalar há 
uma semana, após internação por ter sofrido um 
acidente vascular cerebral hemorrágico. Não tem 
conseguido se alimentar de forma adequada por via 
oral em função de comprometimento neurológico do 
mecanismo da deglutição - sequela da enfermidade. 
Paciente até então hígido, orientado e coerente. Foi 
indicada sonda nasoenteral para alimentação que 
foi passada há dois dias atrás. Paciente estava em 
uso da via oral, com alimentos líquidos e pastosos, 
entretanto teve episódios de tosse e desconforto. 
Devido ao risco de aspiração, a dieta via oral foi 
suspensa pelo médico. A esposa é a cuidadora e o 
paciente apresenta dificuldade de comunicação e 
deambulação. As despesas estão sendo cobertas 
pelos filhos do paciente. 
7.2 Dados da avaliação nutricional
Avaliação nutricional subjetiva global (ANSG): 
eutrofia. Esposa informa que o paciente não apresentou 
perda de peso até a ocorrência do episódio.
Antropometria: PU (peso usual) = 75kg (esposa 
informou) / Altura recumbente = 178cm / IMC (PU - 
idosos) = 2Kg/m2 = Eutrofia
Exames bioquímicos: somente hemograma, que 
está com os parâmetros normais. Outros exames 
ficaram no hospital. A esposa informa que o paciente 
não tem história de diabetes ou outra doença 
crônica, exceto uma hipertensão arterial sistêmica 
há muitos anos.
Avaliação física: mucosas úmidas, coradas, pele com 
bom aspecto, sem lesões, petéquias ou escamações. 
Nutrição Enteral e Parenteral
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Aspecto dos olhos, unhas e cabelos normais. Sem 
edema. Dificuldade para deambulação e necessidade 
de auxílio para higiene e alimentação. Massa gorda 
e muscular ainda preservadas. Eliminações normais, 
mas atualmente apresentando leve constipação e 
distensão abdominal com flatulência excessiva. Uso 
de droga anti-hipertensiva.
7.3 Prescrição dietética
a) Cálculo das necessidades nutricionais
– Necessidade hídrica: paciente sem necessidade 
de restrição hídrica e bem hidratado. Por isso a 
escolha de 1ml/kcal prescrita.
– Necessidade energética: fórmula de bolso – 
stress moderado = 30kcal/kg.
Assim, 30 x 75kg = 2.250kcal e 2.250ml de líquidos.
– Necessidade proteica: stress moderado = 1,2g/
kg. Assim, 1,2 x 75kg = 90g.
b) Seleção da via de acesso
O ideal é que a sonda seja transpilórica para reduzir 
o risco de aspiração. Pelo prognóstico do paciente, 
talvez necessite de terapia nutricional de longo prazo, 
por isso deve-se discutir com o médico a possibilidade 
de uma estomia.
c) Seleção do método de administração
 Método intermitente gravitacional. A 
alimentação intermitente é indicada para pacientes 
com esvaziamento gástrico normal e com NE 
domiciliar. Para administração do método intermitente 
em uma sonda transpilórica, a velocidade inicial de 
gotejamento não deve ultrapassar 60ml/h.
d) Seleção da fórmula enteral
Fórmula polimérica, pois o paciente sem 
comprometimento de digestão e absorção. Atenção 
à osmolaridade, pois as porções distais do TGI 
respondem melhor às formulações isosmolares. 
Entretanto, a administração lenta de dietas 
hiperosmolares pode ter boa tolerância mesmo nas 
porções pós-pilóricas. Densidade calórica: dieta 
normocalórica = 1,2kcal/ml. Dieta padrão.
e) Determinação da dose e velocidade de 
administração
GET = 2250kcal / DC = 1,2kcal/1ml
Serão infundidos 1875ml de dieta
Se for administrar com pausa noturna, descontar 
6 horas noturnas das 24 horas do dia. Assim, 24 – 6 
= 18 horas/3 = 6 frascos de dieta a cada 3 horas.
Dividir a quantidade a ser infundida pelo número 
de vezes: 1875ml / 6 vezes ao dia = 312,5ml de dieta 
por frasco a cada 3h, podendo ser: às 6-9-12-15-18-
21h.
Supondo que a dieta iniciará com administração 
por duas horas (uma hora de intervalo), dividir o 
volume do frasco por 2, para descobrir a medida de 
ml por hora. Assim, 312,5ml/2 = 156,25ml/h. Não 
se pode iniciar com este volume, portanto, no 1º dia 
iniciar com infusão de 60ml/h e avançar dia a dia até 
atingir a meta nutricional. Desta forma, dependendo 
da tolerância do paciente, em aproximadamente três 
dias (ou 72h) o paciente atinge a meta nutricional.
Por fim, calcular o gotejamento. Se forem 
administrados 156, 25ml por hora:
156,25ml ------ 60min
 X ------ 1min
Nutrição Enteral e Parenteral
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 X = 2,60ml/min 
Considerando que 1ml = 20 gotas:
 1ml ----- 20 gotas
2,60ml ----- x
x = 52 gotas/min – este deverá ser o gotejamento 
para que o paciente receba 156,25ml por hora no 
terceiro dia.
Nutrição Enteral e Parenteral
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria nº 272, de 08 
de abril de 1998. Dispõe sobre o Regulamento Técnico 
para a Terapia de Nutrição Parenteral. Brasília, 1998. 
Disponível em: <http://portal.anvisa.gov.br/wps/
wcm/connect/d5fa69004745761c8411d43fbc4c6735/
PORTARIA_272_1988.pdf?MOD=AJPERES>. Acesso 
em 04 nov. 2013.
BRASIL. Ministério da Saúde. Resolução nº 63, de 
06 de julho de 2000. Dispõe sobre o Regulamento 
Técnico

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