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DIREITO ADMINISTRATIVO – CAS 2023 1 DIREITO ADMINISTRATIVO – CAS 2023 2 AUTORIDADES Governador do Estado do Rio de Janeiro Exmº Sr Cláudio Bonfim de Castro e Silva Secretário de Estado de Polícia Militar Exmº Sr Coronel PM Luiz Henrique Pires Subsecretário de Estado de Polícia Militar Ilmº Sr Coronel Carlos Eduardo Sarmento da Costa Diretor-Geral de Ensino e Instrução Ilmº Sr Coronel PM Ary Jorge dos Santos Comandante do CFAP 31 de Voluntários Ilmº Sr Coronel PM Marcelo André Teixeira da Silva Comandante do Centro de Educação a Distância da Polícia Militar Ilmº Sr Tenente-Coronel PM Alexandre Moreira Soares DIREITO ADMINISTRATIVO – CAS 2023 3 ATENDIMENTO PRÉ HOSPITALAR – CAS 2020 APRESENTAÇÃO Estamos vivendo a era da tecnologia, na qual a informação está cada dia mais latente e veloz em nossa rotina diária. Este curso tem por objetivo, aperfeiçoar os 2º Sargentos da Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro. Para tal, o Curso ocorrerá na modalidade a distância, disponibilizado no ambiente virtual de aprendizagem, por intermédio da Escola Virtual, no Centro de Educação a Distância da Polícia Militar (CEADPM). É fundamental o seu empenho no curso, pois você terá autonomia de estudos e de horários, mas também é necessário disciplina e dedicação para o êxito dessa jornada, pois depende do esforço coletivo e também individual para que tenhamos policiais cada vez mais qualificados, bem treinados e aperfeiçoados para cumprirmos nossa missão, buscando cada vez mais a excelência de nossas ações. O bom treinamento envolve aspectos físicos e cognitivos, na era da informação e da tecnologia, precisamos nos aprimorar cada vez mais a fim de garantir uma tropa consciente, respeitosa, pautada em valores morais e institucionais, garantindo assim o cumprimento de suas funções com dignidade e excelência. Esperamos que você aproveite ao máximo os conhecimentos adquiridos através deste curso e busque uma reflexão acerca de suas funções perante a sociedade, seus companheiros de profissão. Que seja um momento de repensar as práticas e fortalecer seu vínculo profissional, ampliando cada vez mais seus conhecimentos para lidar com as particularidades de ser um Policial Militar no Estado do Rio de Janeiro. Desejamos a todos bons estudos! Ary Jorge dos Santos - Coronel PM Diretor-Geral de Ensino e Instrução Marcelo André Teixeira da Silva - Coronel PM Comandante do CFAP DIREITO ADMINISTRATIVO – CAS 2023 4 Desenvolvedores CFAP Supervisão Geral e Coordenação Pedagógica CAP PM Ped Patrícia Kalife Paiva Equipe Técnica CB PM Juliana Pereira de Carvalho Conteudista Divisão de Ensino CFAP 31 Vol Coautor MAJ PM Paulo Sérgio Macedo Filho CEADPM Supervisão Geral EAD CAP PM Ped Vania Pereira Matos da Silva Equipe Técnica SUBTEN PM Willian Jardim de Souza 2º SGT PM Edson dos Santos Vasconcelos SD PM Lucas Almeida de Oliveira SD PM Diogo Ramalho Pereira SD PM Jorge Pereira Victorino SD PM Daniel Moreira de Azevedo Júnior SD PM Alexandre Mendes da Silva Diagramação 2º SGT PM Alan dos Santos Oliveira 3º SGT PM Michele Pereira da Silva de Oliveira Design Instrucional 3º SGT PM Michele Pereira da Silva de Oliveira Filmagem e Edição de Vídeo CB PM Renan Campos Barbosa SD PM Alexandre dos Reis Bispo Designer Gráfico / Diagramação Interativa CB PM Leonardo da Silva Ramos Suporte ao Aluno 1º SGT PM Anderson Inácio de Oliveira CB PM Tainá Pereira de Pereira DIREITO ADMINISTRATIVO – CAS 2023 5 SUMÁRIO INTRODUÇÃO .................................................................................................. 6 ADMINISTRAÇÃO DIRETA E INDIRETA ........................................................ 7 ATOS ADMINISTRATIVOS ............................................................................ 18 PODERES ADMINISTRATIVOS – PRERROGATIVAS DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA ........................................................................................................ 27 CONTROLE DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA .............................................. 33 CONTROLE ADMINISTRATIVO .................................................................... 34 SERVIDORES PÚBLICOS – GESTORES PÚBLICOS / TEORIA DA IMPUTAÇÃO .................................................................................................. 40 RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO ................................................... 46 DIREITO ADMINISTRATIVO DISCIPLINAR MILITAR – CONTROLE DA ADMINISTRAÇÃO.......................................................................................... 59 CONCLUSÃO ................................................................................................. 66 REFERENCIA BIBLIOGRÁFICA .................................................................... 67 DIREITO ADMINISTRATIVO – CAS 2023 6 INTRODUÇÃO Caro Policial, vamos aprender o que é o Direito Administrativo e sua importância para melhor execução das suas funções? O Direito Administrativo é um ramo do Direito Público, que foi criado com o advento da Revolução Francesa em função da formação do Estado Moderno. A finalidade do Direito Administrativo foi de estabelecer a regulação da atuação do novo modelo que se torna instrumento profissional no atendimento dos legítimos interesses sociais. Daí o referencial de toda a sua atuação e emprego ser dirigida ao administrado (cidadão), dentro dos parâmetros e diretrizes que passam a reger a forma de condução dos negócios públicos. A Administração Pública surge como instrumento concreto do Estado Moderno na busca e realização dos interesses coletivos, em que seus agentes, gestores públicos, encontrarão as diretrizes e princípios que nortearão suas condutas; pois, neste modelo, a referência é o Princípio da Legalidade: “O agente só pode realizar o que a lei autoriza”. Nesse sentido, a importância do Direito Administrativo é fornecer aos gestores públicos conhecimento técnico com a finalidade de desenvolver habilidades e atitudes que permitam a melhor execução de suas funções, bem como a percepção de suas responsabilidades dentro do modelo estabelecido; demonstrando, principalmente, a quem deve ser dirigido, e em benefício de que público as atividades do Estado deverão alcançar. Por fim, a disciplina Noções de Direito Administrativo tem por objetivo apresentar ao Policial Militar, em linhas gerais, o papel da administração pública, suas prerrogativas, atividades e as suas possíveis responsabilidades. DIREITO ADMINISTRATIVO – CAS 2023 7 ADMINISTRAÇÃO DIRETA E INDIRETA Organização Administrativa - Introdução Você sabia que a Administração Pública busca atender os interesses públicos da sociedade em geral, e nessa busca, a organização do Estado vem tornando cada vez mais complexa, já que os interesses dessa sociedade são heterogêneos? Com objetivo de atender esse novo perfil da sociedade, no decorrer da década de 1990 foram inseridas diversas alterações legislativas, buscando reduzir o aparato estatal, buscando uma melhoria nos resultados, delegando certas atribuições a particulares, ficando o Estado com aquelas essenciais para harmonizar os interesses tão distintos da sociedade, como por exemplo, elaboração de leis, definição de políticas públicas, onde a presença do Estado seja necessária por imposição legal ou pela necessidade do exercício do poder de autoridade, como o poder de polícia. Porém para iniciarmos é necessário compreender que o termo Administração Pública pode ser empregado em dois sentidos diversos: 1. No sentido subjetivo ou formal são as pessoas jurídicas,os órgãos e os agentes públicos que exercem atividades administrativas, como órgãos públicos, empresas públicas, autarquias, fundações e sociedade de economia mista. 2. No sentido objetivo ou material é a própria função ou atividade administrativa desenvolvida, como poder de polícia, serviços públicos, fomento e intervenção do Estado no domínio econômico. • Conceituar Administração Pública; • Compreender os princípios infraconstitucionais. Ao final desta aula você deverá: DIREITO ADMINISTRATIVO – CAS 2023 8 Desconcentração e Descentralização A organização administrativa se efetiva através de duas técnicas, chamadas de desconcentração e descentralização. Na desconcentração existe uma especialização de funções dentro da própria estrutura estatal, sem que implique em criação de nova pessoa jurídica; é um centro de competências que está dentro de uma mesma estrutura hierárquica, sendo conhecido como órgãos públicos. Já a descentralização representa a transferência da atividade administrativa para outra pessoa, física ou jurídica, integrante ou não do aparelho estatal, que no momento oportuno será estudado. Administração Direta Em seu sentido subjetivo compreende os Entes Federativos (União, Estados, DF e Municípios) e seus respectivos órgãos. O Ente atua por meios de seus órgãos de maneira centralizada, isto é, uma distribuição interna de atividades dentro de uma mesma pessoa jurídica, criando os órgãos públicos. Órgão Público São repartições internas do Estado, criadas a partir da desconcentração administrativa e necessária a sua organização, sendo justificada pela necessidade de especialização, tornando a atuação estatal mais eficiente. Entre as principais características do órgão público é não ter personalidade jurídica própria, podendo existir tanto na Administração direta quanto na indireta. Características A criação e a extinção de um órgão público dependem de lei, em regra, sendo de iniciativa do Chefe do Executivo; já seu funcionamento será estabelecido por decreto do chefe do Executivo. DIREITO ADMINISTRATIVO – CAS 2023 9 O órgão público não tem capacidade processual, isto é, não pode demandar ou ser demandado em juízo; a exceção são os órgãos públicos que atuam em defesa do consumidor ou aqueles que são órgãos de cúpula da hierarquia administrativa, atuando em defesa de suas prerrogativas institucionais, como por exemplo, um conflito entre a prefeitura e a câmara de vereadores, órgãos de cúpula, respectivamente do Executivo e Legislativo do Município. Classificação dos órgãos Os órgãos públicos podem ser classificados a partir de diversos critérios, quanto à posição que o órgão ocupa na escala governamental ou administrativa; em relação ao enquadramento federativo; quanto a composição e em relação as atividades que preponderante são exercidas pelos órgãos públicos. Quanto à posição que o órgão ocupa na escala governamental ou administrativa: a) Órgãos independentes São órgãos originários da Constituição e representativo dos Poderes do Estado (Legislativo, Executivo e Judiciário); Não se subordinam a nenhum outro órgão público, e somente submetendo-se ao controle recíproco previsto no teto constitucional. b) Órgãos autônomos Imediatamente subordinados aos órgãos independentes, isto é, aso chefes dos órgãos independentes. Desenvolve as funções de planejamento, supervisão, coordenação e controle, como Ministérios, Secretária estaduais e municipais, por exemplo, a SEPM. Ampla autonomia administrativa e financeira. c) Órgãos superiores Estão subordinados a uma chefia. São órgãos que não tem autonomia administrativa e financeira. Possui o poder de direção e controle sobre assuntos específicos de sua competência, como por exemplo, coordenadorias dentro da SEPM. d) Órgãos subalternos Aquele que se encontram na base da pirâmide, com reduzido poder de decisão. São órgãos de mera execução, como os batalhões. DIREITO ADMINISTRATIVO – CAS 2023 10 Em relação ao enquadramento federativo: a) Órgãos federais Integrantes da Administração Federal (exemplo: Presidência da República, Ministérios, Congresso Nacional) b) Órgãos estaduais Integrantes da Administração Estadual (exemplo: Governadoria, Secretarias estaduais, Assembleia Legislativa) c) Órgãos distritais Integrantes da Administração Distrital (exemplo: Governadoria e Câmara Distrital) d) Órgãos municipais Integrantes da Administração Municipal (exemplo: Prefeitura, Secretarias municipais, Câmara dos Vereadores) Quanto a composição: a) Órgãos singulares ou unipessoais Quando compostos por um agente público, como a chefia do Executivo. b) Órgãos coletivos ou pluripessoais Quando compostos por mais de um agente público, como os Conselhos do Ministério Público e Conselho Nacional de Justiça. Em relação as atividades que preponderante são exercidas pelos órgãos públicos: a) Órgãos ativos Órgãos responsáveis pela execução concreta das decisões administrativas, como órgão responsável pela execução de uma obra pública. DIREITO ADMINISTRATIVO – CAS 2023 11 b) Órgãos consultivos Órgãos responsáveis pelo assessoramento de outros órgãos, como a procuradoria c) Órgãos de controle Órgãos que fiscalizam as atividades de outros órgãos, como TCE. Administração Indireta Compreende as entidades administrativas que exercem funções administrativas a partir da descentralização legal, e que estão vinculados ao respectivo Ente Federativo, como: a) As autarquias b) As empresas públicas (e suas subsidiárias) c) As sociedades de economia mista (e suas subsidiárias) d) As fundações públicas Autarquia Pessoa jurídica de direito público, criada por lei e integrante da administração Pública Indireta, que desempenha atividade típica de Estado, como IBAMA, INSS. Características A criação é através de lei de iniciativa do chefe do Executivo, sendo que sua personalidade jurídica começa a vigência da lei criadora. A autarquia deve exercer atividades típicas de Estado, como aquelas que exercem poder de polícia, sendo vedado a autarquia desempenhar atividades econômicas. O patrimônio das autarquias é constituído por bens públicos, na forma do art. 98, CC. As mesmas têm imunidade tributária e prerrogativas processuais, no primeiro caso é a DIREITO ADMINISTRATIVO – CAS 2023 12 vedação de instituição de imposto sobre o patrimônio, a renda e os serviços d autarquias, desde que vinculados a suas finalidades essenciais ou às delas decorrentes; já em relação as prerrogativas processuais, a autarquia é enquadrada no conceito de Fazenda Pública e goza das mesmas prerrogativas, como prazos dobrados para todas as suas manifestações. Classificação a) Quanto a vinculação federativa das autarquias: Monofederativas – quando integrantes da Administração Indireta de um Ente federado determinado (autarquias federais, estaduais, distritais ou municipais). Plurifederativas – quando a autarquia integrar ao mesmo tempo a Administração Indireta de dois ou mais Entes federados, como por exemplo, associação pública. b) Em relação ao campo de atuação ou ao objeto: Autarquias assistenciais ou previdenciárias - INSS Autarquias de fomento - SUDENE Autarquias profissionais ou corporativas – CRM, CREA Culturais ou de ensino - UFRJ Autarquias de controle ou de regulação – ANP c) Quanto aos regimes jurídicos: Autarquias comuns ou ordinárias – são as autarquias em geral, responsáveis pela execução de atividades administravas tradicionais e típicas de Estado. Autarquias especiais – são as agências reguladoras. Agências Reguladoras Você já ouviu falar de agênciasreguladoras? Sabe o que é? Vamos aprender? DIREITO ADMINISTRATIVO – CAS 2023 13 As agências reguladoras existem desde 1929, no modelo de organização administrativa americano, com objetivo de ter um corrigir falhas de mercado. No Brasil, as agências reguladoras foram instituídas em 1990, com a diminuição da intervenção estatal na economia brasileira. Então podemos afirmar que as agências reguladoras são autarquias com regime jurídico especial, dotado de autonomia reforçada em relação ao Ente central, tendo em vista dois fundamentos principais: a) Despolitização – conferindo o tratamento técnico e maior segurança jurídica ao setor regulado. b) Necessidade de celeridade na regulação de determinadas atividades técnicas. Atividade regulatória As agências reguladoras envolvem o exercício de três atividades diversas, entre as quais: administrativa, poder normativo e judicante. No poder administrativo um exemplo clássico é o exercício do poder de polícia; já em relação poder normativo, as agências reguladoras têm a prerrogativa de editar atos normativos, dentro dos limites e atribuições da agência reguladora. Já em relação ao poder judicante é a possibilidade resolver conflitos entre os agentes regulados, porém não afastando a possibilidade de buscar a tutela jurisdicional. Classificação Além de regular os serviços concedidos aos particulares, outra atribuição das agências reguladoras é a necessidade de controle de determinadas atividades que são relevantes para a sociedade. Nesse caminho podemos classificar as agências reguladoras, quanto ao tipo de atividade regulada ou a partir da quantidade de setores regulados. a) Quanto ao tipo de atividade regulada. Agências reguladoras de serviços públicos concedidos Exemplos: ANEEL, ANATEL, ANTT Agências reguladoras de atividades econômicas em sentido estrito. Exemplos: ANP, ANCINE b) Quantidade de setores regulados. Agência reguladoras monossetoriais DIREITO ADMINISTRATIVO – CAS 2023 14 Exemplos: ANEEL, ANATEL, neste caso, é possível constatar que a agência regula um único setor, como de energia elétrica ou telecomunicações. Agência reguladora plurissetoriais Exemplos: AGESC (Agência Reguladora de Serviços Públicos de Santa Catarina), no caso desta agência, todos os serviços delegados pelo Ente estadual aos particulares são fiscalizados por esta autarquia especial. Características Tem autonomia administrativa, com a estabilidade reforçada dos dirigentes, impossibilidade de recurso hierárquico impróprio. Os dirigentes das agências reguladoras têm mandato fixo, não coincidente com o mandato do chefe do Executivo, buscando diminuir a influência política, e assim, reafirmando o papel de uma autarquia especial técnica. Em decorrência dessa característica o chefe do Executivo não pode exonerar o dirigente, sendo que os mesmos só perdem o cargo em três situações específicas: a) Renúncia; b) Sentença transitada em julgado c) Processo administrativo, com observância da ampla defesa e do contraditório, conforme art. 9º, da lei 9986/2000. Impossibilidade de recurso hierárquico impróprio, isto é, é quando o recurso é encaminhado para pessoa jurídica diversa daquela que proferiu a decisão recorrida. Então nas agências regulatórias o objetivo é que a decisão final na esfera administrativa seja da autarquia regulatória. Autonomia financeira e as taxas regulatórias. Já que encaminham propostas orçamentárias ao Ministério ao qual estão vinculadas e podem instituir taxas regulatórias que terão a natureza de tributo, quando a finalidade da agência regulatória for regular atividades econômicas, enquanto terá natureza de taxa quando for regular a prestação de serviços públicos. DIREITO ADMINISTRATIVO – CAS 2023 15 Empresas Estatais: Empresas Públicas e Sociedade de Economia Mista Você saberia dizer o que são empresas estatais? Empresas estatais É toda e qualquer entidade, civil ou comercial, sob controle acionário do Estado, é o gênero, sendo as espécies: as empresas públicas, as sociedades de economia mista, suas subsidiárias e as demais sociedades controladas pelo Estado. Empresa pública É uma pessoa jurídica de direito privado, integrante da Administração Indireta, criada por autorização legal, sob qualquer forma societária admitida em direito, que prestam serviços públicos ou executam atividades econômicas. Sociedade de Economia Mista É uma pessoa jurídica de direito privado, integrante da Administração Indireta, criada por autorização legal, sob a forma sociedade de sociedade anônima, que presta serviços públicos ou executa atividades econômicas. Empresa Pública x Sociedade Economia Mista – As Diferenças Diferença Empresa Pública Sociedade de Economia Mista Composição do Capital É formado por capital público. Formada por capital público e privado, mas o controle acionário é do Estado. Forma societária Pode ser revestida por qualquer forma societária admitida em direito. São sociedade anônimas. Foro competente para julgamento de litígios O foro competente é a Justiça Federal para as empresas públicas federais, as demais, o foro competente é a Justiça Estadual. O foro competente é a Justiça Estadual, é a regra. Poderá ir para a Justiça Federal, se a União intervier como assistente ou oponente ou para julgar mandado de segurança contra ato praticado por sociedade de economia mista federal. DIREITO ADMINISTRATIVO – CAS 2023 16 Características em comum Criação Para a sua criação deve ser por uma lei específica, porém o início da personalidade jurídica ocorrerá com a inscrição dos atos constitutivos no respectivo registro (art. 45, CC). Objeto Podem desenvolver atividades econômicas ou prestação de serviços públicos. Regime de pessoal O regime é celetista (CLT), porém a demissão desses empregados deverá ser motivada, visto o respeito aos princípios constitucionais da moralidade e impessoalidade. Patrimônio O patrimônio é privado, porém sofre modulações do direito público, visto que aquelas empresas ou sociedade de economia mista que prestam serviço público a limitação do patrimônio, como a penhora, não pode atingir os bens que estiverem afetados ao serviço público e forem necessários a sua continuidade. Os bens privados das empresas estatais podem ser adquiridos por usucapião, independentemente da natureza do serviço ou atividade econômica desempenhados. Fundações Públicas Você sabia que as fundações públicas são entidades ligadas à Administração Indireta, instituída por lei, com objetivo de exercer atividades sociais, sem fins lucrativos? As fundações públicas devem se destinar às atividades que de alguma forma tenham um fim coletivo, como relacionadas à assistência social, médica e hospitalar, educação e ensino, pesquisa e atividades culturais, todas de relevo coletivo o que justifica a vinculação de bens e recursos públicos para sua realização. DIREITO ADMINISTRATIVO – CAS 2023 17 O regime de pessoal daqueles que trabalham nas fundações públicas é estatutário; já em relação ao patrimônio é composto por bens públicos. O foro processual das fundações públicas será o foro destinado ao ente federativo instituidor, ou seja, Justiça Federal para as fundações públicas criadas pela União e, Justiça Estadual para as que forem criadas pelos Estados e Municípios, excetuando-se os casos de falência, acidentes de trabalho e as demandas sujeitas à Justiça Eleitoral.N no Em re Terceiro Setor São entidades da sociedade civil sem fins lucrativos, que desempenham atividades de interesse social, mediante vínculo formal de parceria com o Estado. O terceiro setor está situado entre o Estado e o mercado, executando atividadessociais e recebendo benefícios públicos. Entre as entidades do terceiro setor podemos indicar: os serviços sociais autônomos (sistema S); as organizações sociais (OS); as organizações da Sociedade Civil de Interesse Público (OSCIPs). Serviços sociais autônomos – Sistema S Criados pelas Confederações privadas, após autorização legal, para exercer atividades de amparos para determinadas categorias profissionais, através das contribuições sociais. Os exemplos são SESI, SENAI, SENAC Organizações Sociais (OS) São entidades privadas que celebram contratos de gestão com o Estado para cumprimentos de determinadas metas de desempenho e recebimento de benefícios públicos. Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público (OSCIPS) Entidades privadas que não exercem atividades lucrativas e desempenham atividades sociais especialmente citadas pela lei, devendo atender um dos objetivos previstos na lei 9.790/99, que são: a) Promoção da assistência social; promoção da cultura, defesa e conservação do patrimônio histórico e artístico; promoção gratuita da educação; promoção gratuita da saúde; DIREITO ADMINISTRATIVO – CAS 2023 18 promoção da segurança alimentar e nutricional; defesa, preservação e conservação do meio ambiente e promoção do desenvolvimento sustentável; promoção do voluntariado; promoção do desenvolvimento econômico e social e combate à pobreza; experimentação, não lucrativa, de novos modelos sócio produtivos e de sistemas alternativos de produção, comércio, emprego e crédito; promoção de direitos estabelecidos, construção de novos direitos e assessoria jurídica gratuita de interesse suplementar; promoção da ética, da paz, da cidadania, dos direitos humanos, da democracia e de outros valores universais; estudos e pesquisas, desenvolvimento de tecnologias alternativas, produção e divulgação de informações e conhecimentos técnicos e científicos que digam respeito às atividades mencionadas neste artigo; estudos e pesquisas para o desenvolvimento, a disponibilização e a implementação de tecnologias voltadas à mobilidade de pessoas, por qualquer meio de transporte. Características São criadas pela iniciativa privada. Não possuem finalidade lucrativa. Não integram a Administração Pública Indireta Prestam atividade privadas de relevância social Possuem vínculo legal ou o negocial com o estado Recebem benefícios públicos. E relação ao regime de pessoal todos são celetistas (CLT), porém a contratação deve ser através de processo seletivo objetivo, observando os princípios da impessoalidade e moralidade. Os bens são privados, porém os bens adquiridos com recursos públicos repassados pelo Poder Público sofrem as limitações do regime público. As imunidades tributárias são estendidas as instituições privadas de educação de assistencial social, em relação aos impostos sobe patrimônio, renda e serviços relacionados com as suas finalidades. ATOS ADMINISTRATIVOS Sargento, agora que já estudamos administração direta e indireta. Que tal estudarmos os atos administrativos? Vamos lá? DIREITO ADMINISTRATIVO – CAS 2023 19 Conceitos A manifestação unilateral da vontade da Administração Pública e seus delegatórios que buscam produzir efeitos jurídicos com objetivo de implementar o interesse público. Uma outra forma de conceituar ato administrativo é como sendo a exteriorização da vontade de agentes da Administração Pública ou de seus delegatários, nessa condição, que, sob regime de direito público, vise à produção de efeitos jurídicos, com o fim de atender ao interesse público. Ao analisar o conceito deve ser levado em consideração três pontos fundamentais para a caracterização do ato administrativo. É necessário que a vontade emane de agente da administração pública ou dotado de prerrogativas desta. Que seu conteúdo propicie a produção de efeitos jurídicos com o fim público. Por fim, deve toda essa categoria de atos serem regidos basicamente pelo direito público. Elementos O ato administrativo praticado sem a observância dos elementos formadores ou requisitos de validade estará contaminado de vício de legalidade, fato que o deixará sujeito à anulação, bastando tão somente a inobservância de um deles, que são: competência, objeto, forma, motivo e finalidade. Competência A competência é a prerrogativa atribuída pelo ordenamento jurídico às entidades administrativas e aos órgãos públicos, habilitando os seus agentes públicos para o exercício da função pública. Dessa maneira, o agente poderá exercer legitimamente suas atividades. Características Irrenunciabilidade: o agente público não pode renunciar à prática de ato que é de sua competência (relembramos: trata-se de um poder-dever). Tal característica tem caráter relativo em função dos institutos da delegação e da avocação. • Explicar o direito administrativo à luz daCRFB/88; • Associar a atividade policial aos princípios. Ao final desta aula você deverá: DIREITO ADMINISTRATIVO – CAS 2023 20 Inderrogabilidade: um agente (ou órgão público) não pode transferir a outro, por acordo ou por assentimento das partes da Administração envolvidas, atribuições típicas que são de sua exclusiva competência. Improrrogabilidade: o agente só pode praticar os atos para os quais a lei lhe conferiu competência, ressalvadas as hipóteses de delegação e avocação. Imprescritibilidade: As competências devem ser exercidas a qualquer tempo, salvo, é claro, nos casos em que a lei estabelece prazos para a Administração. CRITÉRIOS DE FIXAÇÃO DA COMPETÊNCIA a) Em razão da matéria As matérias são distribuídas conforme a especificidade da função para sua melhor execução, por exemplo Secretaria de Educação, Secretaria de Saúde. b) Em razão do território As funções administrativas são distribuídas, em razão, do território, permitindo uma maior aproximação entre o administrado e a Administração Pública. O exemplo pode ser as subprefeituras, as seccionais de órgãos públicos. c) Em razão da hierarquia As matérias podem ser distribuídas a partir da posição hierárquica do agente público. O exemplo são as matérias de atribuição exclusiva de uma determinada autoridade. d) Em razão do tempo Algumas funções administrativas só podem ser exercidas, em determinado período de tempo. O exemplo clássico é o exercício do mandato eletivo, onde aquele só poderá praticar seus atos de ofício durante o exercício do mandato. Delegação e Avocação a) Delegação de competência é quando a norma autorizar que um agente transfira a outro, normalmente em plano hierárquico inferior, funções que originariamente lhe são atribuídas. b) Avocação, quando o delegante atrai para a sua esfera decisória a prática de ato objeto de delegação, sendo esse um meio de evitar decisões concorrentes e eventualmente contraditórias. DIREITO ADMINISTRATIVO – CAS 2023 21 Objeto É a alteração no mundo jurídico que o ato administrativo se propõe a processar. Significa, como informa o próprio termo, o objetivo imediato da vontade exteriorizada pelo ato, a proposta do agente que manifestou a vontade com vistas a determinado alvo. O objeto deve ser lícito, isto é, em conformidade com ordenamento jurídico, também deve ser possível (realizável concretamente) e por fim, moral (de acordo com os padrões éticos ou morais) Discricionariedade e Vinculação A vontade do agente, exteriorizada pelo ato administrativo, tem que reproduzir, às vezes, a própria vontade do legislador. Em outras situações, é a lei que permite ao agente que faça o delineamento do que pretende com sua manifestação de vontade. Quando se trata de atividade vinculada, o autor do ato deve limitar-se a fixar como objeto desse o mesmo que a lei previamente já estabeleceu. Aqui podedizer-se que se trata de objeto vinculado. Em outras hipóteses, é permitido ao agente traçar as linhas que limitam o conteúdo de seu ato, mediante a avaliação dos elementos que constituem critérios administrativos. Constitui a parte variável do ato, sendo possível a fixação de termos, condições e modos. Nesse caso estamos diante de objeto discricionário. Forma É a forma é o meio pelo qual se exterioriza a vontade, é o revestimento externo do ato administrativo para a produção de efeitos jurídicos. A vontade, tomada de modo isolado, reside na mente como elemento de caráter meramente psíquico, interno. Quando se projeta, é necessário que o faça através da forma. Por isso a forma é elemento que integra a própria formação do ato. Sem sua presença, o ato não completa o ciclo de existência. Princípio da Solenidade das Formas Você sabia que no Direito Privado é consagrado o princípio da liberdade das formas, o que reforça a autonomia de vontade entre particulares e que no Direito Administrativo vigora o princípio da solenidade das formas e que nesse princípio exige que o agente público atenda as formalidades legais para a edição dos atos? DIREITO ADMINISTRATIVO – CAS 2023 22 A solenidade das formas funciona como garantia para o administrado, trazendo a certeza que o agente praticou o ato de acordo com o estabelecido em lei, sob pena de vício de legalidade suficiente para a sua invalidação. Ocorre situações que a própria vontade administrativa permite que a Administração Pública possa exteriorizar suas vontades por outros meios como é o caso de gestos (guardas de trânsito), palavras (atos de polícia de segurança pública) ou sinais (semáforos e placas de trânsito), esses meios, porém, são excepcionais. Motivo O motivo é a situação de fato ou de direito que gera a vontade do agente quando pratica o ato administrativo. O motivo é a causa do ato. Motivo discricionário (motivo de fato) e motivo vinculado (motivo de direito) a) Motivo de direito (vinculado): É a situação de fato eleita pela norma legal como ensejadora da vontade administrativa, é por exemplo, quando o servidor atinge determinada idade prevista em lei, o mesmo é aposentado compulsoriamente, restando ao administrador cumpri-la; É uma escolha do legislador. b) Motivo de fato (discricionário) É a própria situação de fato ocorrida sem descrição na norma legal, um exemplo é a dispensa da licitação em determinados casos que a lei prevê; neste caso o administrador pautado nos princípios constitucionais poderá atuar conforme oportunidade e conveniência, já que a lei não determinou de maneira taxativa a adoção de determinada medida. É uma escolha do administrador. . Motivo e Motivação O motivo é a situação de fato por meio da qual ocorre a manifestação de vontade da Administração. A motivação é a justificativa do pronunciamento tomado, exprime de modo expresso e textual todas as situações de fato que levaram o agente à manifestação da vontade. DIREITO ADMINISTRATIVO – CAS 2023 23 Teoria dos Motivos Determinantes Baseia-se no princípio de que o motivo do ato administrativo deve sempre guardar compatibilidade com a situação de fato que gerou a manifestação da vontade. Mesmos naqueles atos que não exijam motivação do ato administrativo, caso o administrador o faça, a validade da medida dependerá da citada correspondência com a realidade. Finalidade A finalidade do ato administrativo é o atendimento do interesse público. A finalidade é o resultado do ato. Um exemplo é quando a Vigilância Sanitária apreende em estabelecimentos comerciais produtos impróprios para o consumo; a finalidade do ato de apreender esses produtos é a proteger a saúde das pessoas. Desvio de Finalidade O atendimento de interesses meramente privado, em desacordo com a legislação, é conhecido como desvio de poder, que acarreta nulidade do ato. Finalidade e Objeto A finalidade e o objeto podem ser considerados como vetores do resultado do ato, mas o objeto representa o fim imediato, ou seja, o resultado prático a ser alcançado pela vontade administrativa. A finalidade, ao contrário, reflete o fim mediato, o interesse coletivo que deve o administrador perseguir. Atributos Os atributos são qualidades ou características dos atos administrativos, enquanto que os requisitos dos atos administrativos constituem condições que devem ser observadas para sua validação. Os atributos podem ser entendidos como as características inerentes aos atos administrativos. Os atributos dos atos administrativos são: presunção de legitimidade, imperatividade, autoexecutoriedade e tipicidade; sendo que o segundo e terceiro atributos são observáveis somente em determinadas espécies de atos administrativos. Presunção de Legitimidade Os atos administrativos presumem-se editados em conformidade com ordenamento jurídico (presunção de legitimidade), bem como as informações nele contidas presumem-se verdadeiras (presunção de veracidade), visto que os agentes públicos estão sujeitos ao princípio DIREITO ADMINISTRATIVO – CAS 2023 24 da legalidade, a necessidade de cumprimento de certas formalidades, atendimento do interesse público. A presunção de legitimidade tem o caráter relativo, isto é, admite-se prova em contrário. Um dos efeitos que a presunção de legitimidade são a autoexecutoriedade dos atos administrativos, visto que editado o ato, o administrado é obrigado a cumpri-los. Imperatividade A imperatividade traduz a possibilidade de a administração pública, unilateralmente, criar obrigações para os administrados, ou impor-lhes restrições. Este atributo não está presente em qualquer ato administrativo, mas apenas naqueles atos que implicam obrigação para o administrado, ou que são a ele impostos, e devem ser por ele obedecidos, sem necessidade de seu consentimento, como é nos casos punitivos e no exercício do poder de polícia. Em decorrência do atributo da presunção de legitimidade, presente em todos os atos administrativos, os atos caracterizados pela imperatividade podem ser imediatamente imposto aos particulares a partir de sua edição. Autoexecutoriedade Atos autoexecutórios são os que podem ser materialmente implementados pela administração, diretamente, inclusive mediante o uso da força, se necessária, sem que a administração precise obter autorização judicial prévia. A autoexecutoriedade não é um atributo presente em todos os atos administrativos. Afirma-se que ela é qualidade própria dos atos inerentes ao exercíciode atividades típicas da administração, quando está atuando na condição de poder público. A necessidade de defesa ágil dos interesses da sociedade justifica essa possibilidade de a administração agir sem prévia intervenção do Poder Judiciário, especialmente no exercício do poder de polícia. A presteza requerida evidentemente faltaria, se fosse necessário recorrer ao Judiciário toda vez que o particular opusesse resistência às atividades administrativas contrárias a seus interesses. DIREITO ADMINISTRATIVO – CAS 2023 25 Tipicidade É o atributo pelo qual o ato administrativo deve corresponder a figuras definidas previamente pela lei como aptas a produzir determinados resultados. Esse atributo, corolário do princípio da legalidade, teria o condão de afastar a possibilidade da administração praticar atos inominados. Dessa forma, para cada finalidade que a administração pretenda alcançar, deve existir um ato típico definido em lei. Como consequências desse atributo, temos a representação de uma garantia para o administrado, pois impede que a administração pratique um ato, unilateral e coercitivo, sem prévia previsão legal, e afasta também a possibilidade de ser praticado um ato totalmente discricionário; pois a lei, ao prever oato, já define os limites em que a discricionariedade poderá ser exercida. Extinção dos Atos Administrativos Você saberia dizer como são extintos os atos administrativos? Os atos administrativos são extintos em determinado momento, podendo essa extinção ser de diversas maneiras, como uma extinção natural, subjetiva, objetiva, por manifestação de vontade do particular ou por manifestação de vontade do Estado. Entre as principais estão as manifestações de vontade do particular e do Estado, podendo ser elencados, a recusa e renúncia no caso do particular e caducidade, cassação, anulação e revogação, pelo Estado. Recusa É a extinção do ato administrativo antes da produção de seus efeitos. Renúncia É a extinção do ato administrativo por vontade unilateral do particular. DIREITO ADMINISTRATIVO – CAS 2023 26 Caducidade É a extinção do ato administrativo quando a situação nele contemplada não é mais tolerada pela nova legislação, tornando-se ilegal, em virtude da alteração legislativa. É importante ressaltar que a caducidade somente irá incidir sobre os atos discricionários e precários, que não geram direito subjetivo aos particulares, já que os atos vinculados geram direito adquirido ao administrado. Cassação É quando o ato administrativo por descumprimento das condições fixadas pela Administração ou ilegalidade superveniente imputada ao beneficiário do ato, como por exemplo, cassação de licença profissional ou cassação a licença para dirigir. Anulação É a invalidação do ato administrativo editado em desconformidade com a legislação vigente, como por exemplo, conceder uma licença ao particular que não preenche os requisitos. A competência para anulação do ato fundado na ilegalidade pode ser por qualquer um dos três Poderes, sendo quando for a anulação oriunda do Poder que a editou está exercendo o seu poder de autotutela. O ato anulado deve se submeter aos princípios do contraditório e ampla defesa. Importante ressaltar que a Administração Pública tem o dever de anular o ato administrativo que viola o ordenamento jurídico, sendo que tal anulação tem o caráter vinculado. Revogação É a extinção do ato administrativo legal por razões de conveniência e oportunidade do administrador, isto é, daquele que editou o ato; como por exemplo, a concessão ou não de determinado espaço público para particulares. É importante ressaltar que o ato revogado era válido, porém o administrador entendeu como inoportuno ou inconveniente, ponderando os interesses por parte do administrador. Também importante perceber que são impostos limites a revogação dos atos administrativos, sendo que alguns atos administrativos são irrevogáveis, como por exemplo: a) Os atos vinculados; DIREITO ADMINISTRATIVO – CAS 2023 27 b) Os atos que exauriam seus efeitos ou com prazo expirado; c) Os atos preclusos no processo administrativo – é quando no decorrer do ato; d) Os atos que geram direitos adquiridos – são aqueles atos que geram direitos adquiridos, tendo em vista o art. 5º, XXXVI, CF e) Os meros atos administrativos – as exemplos certidões, atestados, pareceres, pois os efeitos desses atos estão estabelecidos em lei. Convalidação dos Atos Administrativos É o salvamento do ato administrativo que apresenta vícios sanáveis, produzindo efeitos retroativos, preservando o ato ilegal anteriormente editado. Na convalidação os vícios sanáveis são aqueles relacionados à competência, à foram e ao objeto, quando este último for plúrimo, isto é, mais de um objeto. De forma contrária, os vícios relativos ao motivo, finalidade, ao objeto (quando for único) e à falta de congruência entre motivo e resultado do ato administrativo não admitem convalidação. PODERES ADMINISTRATIVOS – PRERROGATIVAS DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA Você saberia dizer quais são as prerrogativas da administração pública? São prerrogativas instrumentais conferidas aos agentes públicos para que, no desempenho de suas atividades, alcancem o interesse público. Trata-se de um poder-dever, já que seu exercício é irrenunciável. • Empregar o poder de polícia com a devida observância dos princípios administrativos e constitucionais; Ao final desta aula você deverá: DIREITO ADMINISTRATIVO – CAS 2023 28 Esses poderes são exercidos pelos administradores públicos nos termos da lei, com observância dos princípios jurídicos e respeito aos direitos e garantias fundamentais, o devido processo legal, as garantias do contraditório e da ampla defesa, a garantia da inafastabilidade da tutela judicial, etc. Excesso e Desvio de Poder É quando o agente público utiliza os poderes administrativos de forma abusiva. Esse abuso de poder pode ocorrer de duas formas: a) Excesso de poder É quando a atuação do agente extrapola a competência estipulada em lei. b) Desvio de poder É quando o agente pretende alcançar finalidade diversa do interesse público. Espécies de Poderes Administrativos Sargento, vamos estudar as espécies dos poderes administrativos? As espécies dos poderes administrativos são: regulamentar (normativo); de polícia, disciplinar, hierárquico, vinculado e discricionário. Poder Regulamentar ou Normativo É a prerrogativa reconhecida à Administração Pública para editar atos administrativos gerais para fiel execução das leis, isto é, complementando o sentido da lei. Poder Hierárquico A hierarquia é uma relação de subordinação administrativa entre agentes públicos, que pressupõe a destruição e o escalonamento vertical de funções no interior das organizações. As relações de natureza hierárquica, entre superior-subordinado, são típicas da organização administrativa, não havendo, entretanto, hierarquia entre diferentes pessoas jurídicas, nem entre os Poderes da República, nem mesmo entre a administração e os administrados. DIREITO ADMINISTRATIVO – CAS 2023 29 Como decorrência do poder hierárquico temos as prerrogativas exercidas pelo superior sobre os seus subordinados, que são as de dar ordens, fiscalizar, controlar, aplicar sanções, delegar e avocar competências. As prerrogativas de dar ordens, permite ao superior hierárquico que assegure o adequado funcionamento dos serviços sob sua responsabilidade, dando ordens diretas, verbais ou escritas, como também edita os atos administrativos ordinatórios, como ordens de serviço, portarias, instruções, circulares internas, que obrigam os agentes subordinados a executar as tarefas neles disciplinadas. Poder Vinculado É aquele de que dispões a administração para a prática de atos administrativos em que é mínima ou inexistente a sua liberdade de atuação, é o poder de que ela se utiliza quando pratica atos vinculados. Com relação aos atos vinculados, não cabe à administração fazer juízo de oportunidade e conveniência, nem escolher seu conteúdo. O poder vinculado apenas possibilita à administração executar o ato vinculado nas estritas hipóteses legais, observando o conteúdo rigidamente estabelecido na lei. Assim, o poder vinculado é mais um dever da administração pública, do que um poder, pois quando pratica um ato vinculado a administração está muito mais cumprindo um dever do que exercendo uma prerrogativa. Poder Discricionário É conferido à administração para a prática de atos discricionários. É aquele em que o agente administrativo dispõe de uma razoável liberdade de atuação, podendo valorar a oportunidade e conveniência da prática do ato, quanto ao seu motivo e escolher dentro dos limites legais o seu conteúdo. O poder discricionário tem como núcleo a autorização legal para que o agente público decida, nos limites da lei, acerca da conveniência e da oportunidade de praticar, ou não, um ato administrativo. Sendo, portanto, o núcleo essencialdo poder discricionário o denominado mérito administrativo. Diante de um caso concreto, a administração, nos termos e limites da lei, decidirá, segundo seus critérios de oportunidade e conveniência administrativas, a conduta, dentre as previstas na lei, mais condizente com a satisfação do interesse público. DIREITO ADMINISTRATIVO – CAS 2023 30 Observe-se que, também, tem fundamento no poder discricionário a revogação de atos discricionários que a administração pública tenha praticado e que num momento posterior, passe a considerar inoportunos ou inconvenientes. Quanto aos limites do poder discricionário, além do próprio conteúdo da lei, os princípios jurídicos administrativos, sobretudo os da razoabilidade e da proporcionalidade. A extrapolação dos limites legais, assim como a atuação contrária aos princípios administrativos, configura arbitrariedade, caso em que, por ser um ato ilegal ou ilegítimo, poderá ser anulado. Poder Disciplinar O poder disciplinar é um poder-dever que possibilita à administração pública punir internamente as infrações funcionais de seus servidores e punir infrações administrativas cometidas por particulares a ela ligados mediante algum vínculo jurídico específico. Quando a administração aplica uma sanção disciplinar a um agente público, essa atuação decorre imediatamente do poder disciplinar e mediatamente do poder hierárquico. Entretanto, quando a administração pública aplica uma sanção administrativa a alguém que descumpriu um contrato administrativo, há exercício do poder disciplinar, mas não existe liame hierárquico. Nesses casos, o poder disciplinar não está relacionado ao poder hierárquico. Não se deve confundir o poder disciplinar da administração pública com o poder punitivo do Estado, que é exercido pelo Poder Judiciário e diz respeito à repressão de crimes e contravenções tipificadas nas leis penais. Poder de Polícia É a prerrogativa reconhecida à Administração Pública para restringir e condicionar, com fundamento na lei, o exercício de direitos com o objetivo de atender o interesse público. O conceito do poder de polícia está previsto no art. 78, CTN. Art.78. Considera-se poder de polícia a atividade da administração pública que, limitando ou disciplinando o direito, interesse ou liberdade, regula a prática de ato ou abstenção de fato, em razão de interesse público concernente à segurança, à higiene, à ordem, aos costumes, à disciplina da produção e do mercado, ao exercício de atividades econômicas dependentes de concessão ou autorização do Poder Público, à tranquilidade pública ou ao respeito à propriedade e aos direitos individuais ou coletivos. DIREITO ADMINISTRATIVO – CAS 2023 31 Polícia Administrativa x Polícia Judiciária a) A polícia administrativa se exaure em si mesma, a judiciária é preparatória para a atuação do Poder Judiciário. b) A polícia administrativa atua sobre atividades, bens e direitos dos indivíduos e a judiciária sobre os próprios indivíduos. c) O caráter de polícia administrativa é basicamente preventivo, enquanto a judiciária é predominante repressiva. O Ciclo do Poder de Polícia a) Ordem É a norma legal que estabelece as restrições e as condições para o exercício das atividades privadas. b) Consentimento É anuência do Estado para que o particular desenvolva determinada atividade ou utilize a propriedade particular. O consentimento pode ser: licença ou autorização. A licença é quando o ato é vinculado, por meio do qual a Administração reconhece o direito do particular. A autorização é o ato discricionário pelo qual a Administração, após avaliar a conveniência e oportunidade, faculta o exercício de determinada atividade privada ou utilização de bens, sem criação, em regra, de direito subjetivos ao particular. c) Fiscalização É verificado do cumprimento, pelo particular, da ordem e do consentimento de polícia. d) Sanção É a medida coercitiva aplicada ao particular que descumpre a ordem de polícia ou os limites impostos no consentimento de polícia. Características do Poder de Polícia a) Discricionariedade É a liberdade conferida pelo legislador ao administrador para escolher, por exemplo, o melhor momento de sua atuação ou sanção mais adequada ao caso concreto quando há previsão legal de duas ou mais sanções para determinada infração. DIREITO ADMINISTRATIVO – CAS 2023 32 b) Coercibilidade O ato de poder de polícia impõe restrições ou condições que devem ser obrigatoriamente cumpridas pelos particulares. c) Autoexecutoriedade É a prerrogativa conferida à Administração para implementar os seus atos, sem a necessidade de manifestação prévia do Poder Judiciário. Delegação do Poder de Polícia O poder de polícia é monopólio do Estado, sendo exercido pelas pessoas jurídicas de direito públicos (Entes federados, autarquias e fundações estatais de direto público) e seus respectivos servidores. Porém, em situações excepcionais, esse poder pode ser delegado a pessoas físicas ou jurídicas de direito privado, como por exemplo, aos comandantes de aeronaves, conforme o Código Brasileiro de Aeronáutica. Mas quando se fala em delegação devemos fazer a remissão ao ciclo de polícia, já que a posição jurisprudencial é que as fases do consentimento e fiscalização de polícia podem ser delegadas a terceiros, ficando afastada a ordem e sanção de polícia; mas ainda existem posições que o poder de polícia não pode ser delegado, deve ser exercido integralmente pela administração pública. DIREITO ADMINISTRATIVO – CAS 2023 33 CONTROLE DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA Você sabia que a Administração Pública deve exercer suas funções administrativas, sempre em prol do interesse público? Porém existe a necessidade no Estado Democrático de Direito de verificar se a Administração Pública está exercendo suas funções nos limites impostos pelo ordenamento jurídico. Daí surgindo os controles realizados pela própria administração ou por órgãos externos. Espécies de Controle As espécies de controle podem ser classificadas por diversos critérios. Iremos apresentar alguns critérios. Quanto ao órgão que exerce responsável pelo controle a) Controle interno ou autocontrole É o controle realizado pelo próprio Poder Executivo. b) Controle externo É o controle exercido pelo Poder Judiciário e pelo Poder Legislativo, com auxílio do Tribunal de Contas. c) Controle social É implementada pela sociedade civil, por meio da participação popular no planejamento, acompanhamento e avaliação das políticas públicas. • Guiar toda a atividade policial com foco naCRFB/88; • Montar, corrigir e reelaborar, se preciso for, novas formas de abordagem policial, na busca de maiores aperfeiçoamentos pessoal e profissional. Ao final desta aula você deverá: DIREITO ADMINISTRATIVO – CAS 2023 34 Quanto ao momento do controle a) Controle prévio É o controle realizado antes da publicação do ato administrativo. b) Controle posterior É o controle realizado sobre o ato administrativo, após finalizado. Seu objetivo é desfazê-lo, se ilegal, inconveniente ou inoportuno, corrigi-lo ou confirma-lo. Controle de legalidade e controle de mérito a) Controle de legalidade É verificado no âmbito interno, na autotutela ou no controle externo, da compatibilidade formal do ato administrativo com a legislação infraconstitucional. b) Controle de mérito É avaliação da conveniência e da oportunidade relativos ao motivo e objeto, que ensejaram a edição do ato administrativo discricionário. CONTROLE ADMINISTRATIVO Você já ouviu falar sobre controle administrativo? Vamos aprender? É a prerrogativa que tem à Administração Pública para fiscalizar e corrigir sua própriaatuação, utilizando critérios de legalidade ou de mérito. Esse controle é conhecido como autotutela, podendo ser exercido em quaisquer um dos Poderes constituídos, no exercício das • Desenvolver uma maior consciência da ética na gestão da coisa pública; • Desenvolver a consciência da importância de sua profissão na busca do interesse público. Ao final desta aula você deverá: DIREITO ADMINISTRATIVO – CAS 2023 35 suas atribuições administrativas exercem sobre seus próprios atos; de forma provocada ou de oficio. Controle Legislativo É exercido pelo Poder Legislativo sobre atos do Poder Executivo, a partir de critérios políticos e financeiros e nos limites do texto constitucional. Os casos de controle são os seguintes: sustação de atos normativos, convocação de autoridade e requisição de informações, autorização e aprovação de ato administrativos, comissões parlamentares de inquérito (CPI), julgamento do chefe do Executivo e controle financeiro. Tribunal de Contas É um órgão que tem por objetivo a fiscalização financeira e orçamentária a parir de três critérios: legalidade, legitimidade e economicidade. As suas atribuições são consultivas, fiscalizadora, julgadora, registro, sancionadora, corretiva e ouvidoria. Controle Jurisdicional É apreciação pelo Poder Judiciário dos atos administrativos oriundos do próprio poder, bem como d o Legislativo e Executivo. O controle jurisdicional sobre os atos do Poder Legislativo ou do Executivo é apenas nos aspectos de legalidade. DIREITO ADMINISTRATIVO – CAS 2023 36 Instrumentos de Controle Judicial da Administração Pública Sargento, vamos estudar os instrumentos de controle judicial da administração pública? Habeas Corpus É uma ação constitucional que tem por objetivo corrigir ou evitar violência ou coação em sua liberdade de locomoção, por ilegalidade ou abusou de poder. Pode ser dividido em habeas corpus preventivo ou repressivo. O habeas corpus será preventivo quando houver ameaça de violência ou coação de locomoção, onde será expedido o “salvo-conduto”. O habeas corpus será repressivo quando cessar a efetiva violência ou coação à liberdade de locomoção, é chamado de “alvará de soltura”. A legitimidade ativa, isto é, qualquer pessoa, nacional ou estrangeira, poderá impetrar em seu nome ou de terceiros, sem necessidade de representação ou assistência. Na legitimidade ativa a pessoa que sofre a ameaça é chamada de paciente e aquela que impetra o habeas corpus é chamada de impetrante. Não tem prazo para impetrar o habeas corpus, desde que verificada a lesão ou ameaça de lesão à liberdade de locomoção do indivíduo. A competência será delimitada dependendo da qualificação da autoridade coatora ou do paciente. A legitimidade passiva são as autoridades ou particulares responsáveis pela ilegalidade, que são chamados de coatores. DIREITO ADMINISTRATIVO – CAS 2023 37 Mandado de Segurança É ação constitucional que tem por objetivo proteger direito líquido e certo, não amparado por habeas corpus ou habeas data, contra atos ilegais ou abuso de poder praticados pelo Estado ou por seus delegatários. Espécies de Mandado de Segurança a) Quanto ao momento de impetração Mandado de segurança preventivo – quando houver ameaça (justo receio) de lesão ao direito líquido e certo. Mandado de segurança repressivo – quando buscar reparar a lesão efetiva ao direito líquido e certo. b) Em relação ao objeto da impugnação e dos legitimados Mandado de segurança individual – defende direito líquido e certo do próprio impetrante. Mandado de segurança coletivo – é impetrado defender direitos coletivos e individuais homogêneos, líquidos e certos. A legitimidade ativa para os mandados de segurança individual é da pessoa física (nacional ou estrangeira) ou jurídica; já para o mandado de segurança coletivo é pelos partidos políticos com representação no Congresso Nacional; organizações sindicais, entidades de classe e associações legalmente constituídas, por no mínimo um ano. A legitimidade passiva atualmente é da autoridade coatora, bem como, da pessoa jurídica. A autoridade coatora é o agente público que exerce a função pública. O prazo é 120 dias a partir da ciência do interessado, do ato impugnado. A competência para o julgamento depende, em regra, da qualificação da autoridade coatora (federal, estadual, distrital ou municipal), levando em consideração a função exercida pela autoridade coatora. DIREITO ADMINISTRATIVO – CAS 2023 38 Mandado de Injunção É uma ação constitucional que tem por objetivo suprir omissão normativa e efetivar o exercício dos direitos e liberdades constitucionais das prerrogativas inerentes à nacionalidade, à soberania e à cidadania. Espécies de mandado de injunção a) Mandando de injunção individual A finalidade é efetivar direitos, liberdade e prerrogativas constitucionais do impetrante. b) Mandado de injunção coletivo Já em relação ao mandado de injunção coletivo é impetrado para defender direitos coletivos e individuais homogêneos A legitimidade ativa é de todos aqueles prejudicados pela ausência de norma reguladora, entre eles: as pessoas físicas e jurídicas, o Ministério Público, partido político e organização sindical, entidade de classe ou associação, nos mesmos moldes do mandado de segurança coletivo. A legitimidade passiva – é da autoridade ou órgão público responsável pela omissão legislativa, sendo essa posição majoritária. A competência para o processo e julgamento de mandado de injunção depende do órgão o da autoridade responsável pela edição da norma regulamentadora faltante. Habeas Data É uma ação constitucional que tem por objetivo assegurar o conhecimento, retificação ou anotação de informações relativas à pessoa do impetrante, constantes de registros ou banco de dados de entidade governamental ou de caráter público. A legitimidade ativa – qualquer pessoa, física ou jurídica, nacional ou estrangeira. A legitimidade passiva – são as entidades governamentais ou de caráter público. A qualquer momento pode impetrar o habeas data, não estabelecendo prazo fatal. DIREITO ADMINISTRATIVO – CAS 2023 39 A competência para julgar dependerá da autoridade ou do órgão que recusou a fornecer informações ao impetrante. Ação Popular É uma ação constitucional que pode ser proposta por todo e qualquer cidadão com objetivo de invalidar atos e contratos administrativos considerados ilegais e lesivos ao patrimônio público, à moralidade administrativas, ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e cultural. A legitimidade ativa – é de qualquer cidadão, é aquele que se encontra no pleno gozo de seus direitos políticos ativos. A legitimidade passiva – são os entes da Administração Direita e Indireta; entidades privadas com participação do Estado ou que recebam subvenção dos cofres públicos, autoridades, funcionários ou administradores que tenham aprovado, praticado ou ratificado o ato impugnado e os beneficiários diretos do ato. O prazo prescricional é de 05 (cinco) anos, ressalvadas as hipóteses de ressarcimento ao erário. A competência é do juiz de 1ª instância, federal ou estadual, dependendo da origem do ato impugnação, não se aplicado o foro por prerrogativa de função às ações populares. Ação Civil Pública É um instrumento processual que tem por objetivo prevenir ou reprimir danos causados a qualquer interesse difuso ou coletivo. A legitimidade ativa – é restrita ao Ministério Público, Defensoria Púbica, aos Entes federados e as entidades da Administração Pública Indireta e as associações constituídas, há pelo menos 01 (um) ano. A legitimidade passiva – é toda equalquer pessoa física ou jurídica, de direito público ou de direito privado, responsável pela ameaça ou lesão aos interesses e direitos coletivos tutelados pela lei. DIREITO ADMINISTRATIVO – CAS 2023 40 Em relação ao prazo a lei é omissa, ficando o prazo prescricional de 05 (cinco) anos, no mesmo sentido na Ação Popular. A competência deve ser proposta no foro do local onde correr o dano, perante a Justiça Estadual, salvo nos casos que a União, autarquias federais e as empresas públicas federais estejam nas condições de autoras, rés, assistente e oponente, sendo que a partir daí a competência será da Justiça Federal. SERVIDORES PÚBLICOS – GESTORES PÚBLICOS / TEORIA DA IMPUTAÇÃO Agentes Públicos: Conceito e Classificação Você saberia dizer o significado da expressão agentes públicos? Conceito A expressão agentes públicos tem sentido amplo. Significa o conjunto de pessoas que, a qualquer título, exercem uma função pública como prepostos do Estado. Essa função pode ser remunerada ou gratuita, definitiva ou transitória, política ou jurídica. Tais agentes quando atuam no mundo jurídico estão de alguma forma vinculados ao Poder Público. O Estado só se faz presente através das pessoas físicas que em seu nome manifestam determinada vontade, e é por isso que essa manifestação volitiva acaba por ser imputada ao próprio Estado. São todas essas pessoas físicas que constituem os agentes públicos. • Dialogar com os problemas, na busca, sempre, menos graves para suasolução. Ao final desta aula você deverá: DIREITO ADMINISTRATIVO – CAS 2023 41 Classificação Sendo quantitativa e qualitativamente tão abrangente a categoria dos agentes públicos, há que se reconhecer a existência de grupamentos que guardem entre si algum fator de semelhança. Para melhor compreensão, torna-se necessário agrupar os agentes públicos em categorias que denotem referenciais básicos distintivos. Trata-se de classificação de natureza didática, relevante para a formação de um sistema lógico de identificação: Agentes Políticos São aqueles aos quais incumbe a execução das diretrizes traçadas pelo Poder Público. São estes agentes que desenham os destinos fundamentais do Estado e que criam as estratégias políticas por eles consideradas necessárias e convenientes para que o Estado atinja os seus fins. Caracterizam-se por terem funções de direção e orientação estabelecidas na Constituição e por ser normalmente transitório o exercício de tais funções. Como regra, sua investidura se dá através de eleição, que lhes confere o direito a um mandato, e os mandatos eletivos caracterizam-se pela transitoriedade do exercício das funções, como deflui dos postulados básicos das teorias democráticas e republicana. Por outro lado, não se sujeitam às regras comuns aplicáveis aos servidores públicos em geral; a eles são aplicáveis normalmente as regras constantes da Constituição, sobretudo as que dizem respeito às prerrogativas e à responsabilidade política. São eles os Chefes de Estado (Presidente, Governadores e Prefeitos), seus auxiliares (Ministros e Secretários Estaduais e Municipais) e os membros do Poder Legislativo (Senadores, Deputados e Vereadores). Agentes Particulares Colaboradores Esta categoria de agentes públicos, embora sejam particulares, executam certas funções especiais que podem se qualificar como públicas, sempre como resultado do vínculo jurídico que os prende ao Estado. Alguns deles exercem verdadeiro munus público, ou seja, sujeitam-se a certos encargos em favor da coletividade a que pertencem, caracterizando-se, nesse caso, como transitórias as suas funções. São exemplos: os jurados e pessoas convocadas para serviços eleitorais. DIREITO ADMINISTRATIVO – CAS 2023 42 Servidores Públicos A categoria dentre os agentes públicos que contém a maior quantidade de integrantes, formando uma grande massa dos agentes do Estado, desenvolvendo, em consequência, as mais variadas funções. Tais agentes se vinculam ao Estado por uma relação permanente de trabalho e recebem, a cada período de trabalho, a sua correspondente remuneração. As categorias de servidores públicos são classificadas em: Servidores Públicos Civis e Militares; Servidores Públicos Comuns e Especiais; Servidores Deveres dos Servidores Sargento, agora que você já sabe o conceito e a classificação dos agentes públicos. Saberia dizer quais são os deveres dos servidores? Os regimes jurídicos modernos impõem uma série de deveres aos servidores públicos como requisitos para o bom desempenho de seus encargos e regular funcionamento dos serviços públicos. Há duas espécies de deveres funcionais: os gerais, que se aplicam a todos os servidores, e os especiais, que obrigam a determinadas classes ou em razão de determinadas funções. Quanto aos deveres gerais, são classificados ainda em internos e externos, conforme se dirijam à conduta do servidor no desempenho de suas atribuições ou ao seu procedimento na vida privada. São eles: Dever de lealdade Também denominado dever de fidelidade, exige de todo servidor a maior dedicação ao serviço e o integral respeito às leis e às instituições constitucionais, identificando-o com os superiores interesses do Estado. Se o servidor agir contra os fins e objetivos legítimos da Administração, incorre em infidelidade funcional, ensejadora da mais grave penalidade, que é a demissão. Dever de obediência Impõe ao servidor o acatamento às ordens legais de seus superiores e sua fiel execução. Está assentado no princípio disciplinar que informa toda organização administrativa. DIREITO ADMINISTRATIVO – CAS 2023 43 Dever de conduta ética Decorre do princípio constitucional da moralidade administrativa e impõe ao servidor público a obrigação de jamais desprezar o elemento ético de sua conduta. De acordo com o Código de ética profissional do servidor público civil federal (Decreto 1.171/94), a dignidade, o decoro, o zelo, a eficácia e a consciência dos princípios morais são primados maiores que devem nortear o servidor público. O dever de honestidade aqui se inclui. a) Assiduidade: É a regularidade do cumprimento das obrigações funcionais. Os estatutos deverão conter uma disciplina de faltas, limitando-as por períodos e estabelecendo os critérios de justificação. b) Sigilo: Impõe ao servidor o dever de nada divulgar acerca de assuntos de que tinha conhecimento em razão de suas funções ou, mesmo, acidentalmente, apresentem ou não caráter confidencial ou secreto. c) Probidade: é a particularização do dever ético geral do servidor público, sendo que a lei federal nº. 8.429/92 define os atos de improbidade administrativa, simples e qualificados (arts. 9º, 10º, 10-A e 11º), estabelecendo-lhes penas específicas, independentemente das cominadas em outros diplomas. d) Boa conduta: Dever externo. O servidor deve manter sempre correção de atitudes, decoro em seus hábitos e dignidade de procedimento. A sua vida íntima não revela senão na medida em que não se torne escandalosa. e) Proibição de intermediação: Compreende-se na proibição a aceitação, a qualquer título, de gratificações, propinas e gorjetas oferecidas pelas partes. Outros deveres São aqueles especificados nos estatutos, onde procura adequar a conduta do servidor ao serviço que lhe é cometido. Dentre as restrições que a função pública impõe aos seus exercentes destacam-se a de se sujeitarem aos impedimentos estabelecidos para o desempenho do cargo. Nesse sentido, é permitido ao Poder Público impedir contratos de seus servidores com a Administração, estabelecer incompatibilidades entre o exercício do cargo ou da função e certas atividades públicas ou particulares, impor exigências de residência no local do trabalho e quaisquer outros requisitos de eficiênciae moralidade do serviço público, desde que não afronte os direitos fundamentais do servidor, resguardados pela CF/88. DIREITO ADMINISTRATIVO – CAS 2023 44 Direitos dos Servidores Você já estudou os deveres dos servidores? Que tal aprender também seus diretos? Direito à função pública Surge com a estabilidade ou com a vitaliciedade (esta em grau mais elevado, como direito ao cargo público), consiste em não poder ser discricionariamente, senão por ato material e formalmente vinculado, dela desprovido; Direito ao exercício É espécie do gênero direito ao trabalho; seria incompatível com a dignidade do homem e com o interesse público que a Administração resolvesse manter, por considerações inconfessáveis, o servidor em indefinido afastamento. O afastamento tem seus pressupostos fixados em lei. Além do mais, é do exercício que derivarão os demais direitos funcionais, entre os quais a percepção ordinária dos vencimentos. Os direitos que se fundam no exercício são de várias espécies: a contagem do tempo de serviço, para vários efeitos, a estabilidade, as férias, as licenças e a percepção da remuneração, acumulação de cargos e funções, acessibilidade. O direito ao amparo social e a dignidade do status integram o elenco, consagrando-se, no que respeita à função pública, certos princípios gerais do trabalho (art. 39, § 2º, CF). Entre outros, podemos citar o direito à assistência, à previdência, à associação, à petição, direito à defesa e direito de representação. DIREITO ADMINISTRATIVO – CAS 2023 45 A Constituição da República, ao cuidar do servidor público (arts. 37 a 41), detalhou seus direitos, indicando especificadamente os que lhe são extensivos dentre os reconhecidos aos trabalhadores urbanos e rurais (art. 7º, CF). Responsabilidade dos Servidores – Civil, Penal e Administrativa Responsabilidade Civil Você sabia que a responsabilidade civil é a imputação, ao servidor público, da obrigação de reparar o dano que tenha causado à Administração ou a terceiro, em decorrência de conduta culposa ou dolosa, de caráter comissivo ou omissivo? Para imputar-se a responsabilidade civil ao servidor é preciso que haja a comprovação do dano causado, seja lesada a Administração, seja o terceiro. Sem o dano inexiste responsabilização. Cumpre também que haja a comprovação de que o servidor agiu com culpa civil, isto é, por meio de comportamento doloso ou culposo. Se o dano for causado à Administração, o servidor público é responsável direto com relação a ela. Contudo, se causa danos a terceiros, pode o servidor responder diretamente, sendo acionado pelo lesado, ou indiretamente, por meio do direito de regresso assegurado à Administração, caso em que esta já terá sido acionada diretamente pela vítima. Responsabilidade Penal A responsabilidade penal do servidor é a que decorre de conduta que a lei penal tipifica como infração penal. O servidor pode ser responsabilizado apenas penalmente, mas se o ilícito penal acarretar prejuízo à Administração será também civilmente responsável. Os crimes contra a Administração são basicamente os dos artigos 312 a 326 do código penal – crimes praticados por funcionário público contra a Administração Pública. DIREITO ADMINISTRATIVO – CAS 2023 46 Diga-se, por oportuno, que a responsabilidade penal pode ser, ou não, pertinente à função administrativa. Quando está fora de sua função pública, a eventual prática de ilícito penal pode não causar nenhuma influência no âmbito da Administração. Responsabilidade Administrativa Quando o servidor pratica um ilícito administrativo, a ele é atribuída responsabilidade administrativa. O ilícito pode verificar-se por conduta comissiva ou omissiva e os fatos que o configuram são os previstos na legislação estatutária. A responsabilidade administrativa deve ser apurada em processo administrativo, assegurando-se ao servidor o direito à ampla defesa e ao contraditório, bem como a maior margem probatória, a fim de possibilitar mais eficientemente a apuração do ilícito. Constatada a prática do ilícito, a responsabilidade importa a aplicação da adequada sanção administrativa. Os servidores públicos podem ser responsabilizados civil, penal e administrativamente, sendo assegurado aos servidores, o direito à ampla defesa e ao contraditório, cabendo ao Estado na constatação do ilícito, a ação regressiva em face do mesmo. RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO Conceito A responsabilidade civil tem sua origem no Direito Civil. Consubstancia-se na obrigação de indenizar um dano patrimonial ou moral decorrente de um fato humano. É modalidade de obrigação extracontratual e, no direito privado, a regra geral é a necessidade de estarem presentes os seguintes elementos: • Compreender a responsabilidade estatal no direito positivo brasileiro; • Identificar as causas de excludentes e atenuantes. Ao final desta aula você deverá: DIREITO ADMINISTRATIVO – CAS 2023 47 a) Uma atuação lesiva culposa ou dolosa do agente; a regra geral no direito privado é a exigência de caracterização de culpa em sentido amplo na conduta; a culpa em sentido amplo abrange o dolo (intenção) e a culpa em sentido estrito (negligência, imprudência ou imperícia); b) A ocorrência de um dano patrimonial ou moral; e c) O nexo de causalidade entre o dano havido e a conduta do agente, o que significa ser necessário que o dano efetivamente haja decorrido da ação do agente (ou de sua omissão ilícita, se fosse o caso de o agente ter o dever de agir). Responsabilidade Estatal no Direito Positivo Brasileiro No direito brasileiro a responsabilidade civil da Administração Pública evidencia-se na obrigação que tem o Estado de indenizar os danos patrimoniais ou morais que seus agentes, atuando em seu nome, ou seja, na qualidade de agentes públicos, causem à esfera juridicamente tutelada dos particulares. Traduz-se, na obrigação de reparar economicamente danos patrimoniais, e com tal reparação se exaure. Não se confunde a responsabilidade civil com as responsabilidades administrativas e penais, sendo essas três esferas de responsabilização, em regra, independentes entre si, podendo as sanções correspondentes ser aplicadas separada ou cumulativamente de acordo com cada caso. A responsabilidade penal resulta da prática de crimes ou contravenções tipificadas em lei prévia ao ato ou conduta. Já a responsabilidade administrativa decorre de infração, pelos agentes da Administração Pública, das leis e regulamentos administrativos que regem seus atos e condutas. Causas Excludentes e Atenuantes No âmbito da responsabilidade objetiva o nexo de causalidade é o fundamento da responsabilidade civil do Estado, sendo que esta deixará de existir ou incidirá de forma atenuada quando o serviço público não for a causa do dano ou quando estiver aliado a outras circunstâncias, ou melhor delineando, quando não for a causa única. Como hipóteses das causas excludentes da responsabilidade podemos apontar a ocorrência do caso fortuito ou força maior, ou culpa exclusiva ou concorrente da vítima. No caso fortuito ou força maior ocorre um acontecimento imprevisível, inevitável e estranho a vontade das partes, provocado pelo homem ou pela força da natureza. Visualiza-se DIREITO ADMINISTRATIVO – CAS 2023 48 que não sendo imputável a Administração, não pode incidir a responsabilidade do Estado, pois não há um nexo de causalidade entre o dano e o comportamento da Administração. Já quando houver culpa da vítima, deve-se analisar se é uma culpa exclusiva da mesma ou concorrente com a do Poder Público, pois no primeiro caso, o Estado não responde e no segundo (culpa concorrente) atenua-se a sua responsabilidade, que se reparte com a da vítima. A Constituição autoriza a ação regressiva da
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