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1 Luana Mascarenhas Couto 18.2- EBMSP Pielonefrite Introdução A ITU alta é a infecção do parênquima renal, denominada de pielonefrite aguda. O termo pielonefrite crônica é aplicado a uma entidade patológica que pode ser infecciosa ou não. Etiologia: A etiologia de uma infecção urinária está condicionada à presença ou ausência de certos dados clínicos. - Nos pacientes com ITU esporádica não complicada (sem história de cálculo, sem alteração anatômica ou manipulação urológica): a principal bactéria é a E. coli, seguida pelo S. saprophyticus Inclusive na pielonefrite. - Na ITU recorrente ou complicada: Enterococcus, Pseudomonas e Serratia assumem uma importância grande. Logo, existem 2 formas da infecção chegar aos rins: - 1ª via: ascendente quando as bactérias da bexiga alcançam os ureteres e conseguem subir até os rins. Isso ocorre habitualmente em cistites não tratadas ou tratadas inadequadamente; - 2ª via: colonização assintomática da bexiga por bactérias. Manifestações Clínicas A infecção renal aguda é caracterizada pela tríade: - Febre alta; - Calafrios; - Dor lombar: resultado da distensão da cápsula renal, podendo irradiar para abdome. Os pacientes, em geral, se apresentam toxêmicos, com queda do estado geral e sintomas inespecíficos, como cefaleia, náuseas e vômitos e diarreia. Cerca de 30% das pielonefrites desenvolvem sintomas de ITU baixa concomitantes, como disúria, polaciúria, urgência miccional e hematúria. O sinal de Giordano (dor à punho-percussão lombar) gera uma dor intensa. Diagnóstico Ao contrário da ITU baixa, os pacientes com suspeita de pielonefrite aguda devem sempre ter o diagnóstico confirmado com urocultura. - Urocultura positiva: > 10.000 UFC/ml. Além disso, deve-se coletar 2 amostras de hemocultura (obrigatório), hemograma (leucocitose) e PCR. A TC de abdome com contraste é o exame de escolha para pacientes com suspeita de pielonefrite. Nela iremos encontrar: - Aumento do volume renal; - Densificação da gordura perinefrética; - Áreas de liquefação intra ou perrirenal. Complicações A pielonefrite aguda pode se associar com uma série de complicações graves: sepse; obstrução urinária; abscesso intrarrenal; abscesso perinefrético; pielonefrite enfisematosa; necrose de papila renal; pielonefrite crônica e pielonefrite xantogranulomatosa. Sepse urinária: A pielonefrite aguda comunitária pode cursar com critérios de sepse. No hospital, a ITU é uma importante fonte de bacteremia por gram-negativos. Obstrução urinária: A pielonefrite, quando associada à obstrução do trato urinário, é dita complicada, uma vez que há perda completa do parênquima renal. A causa mais comum da obstrução é nefrolitíase. Nestes casos, é mandatório o alívio imediato da obstrução com inserção de cateter duplo-J, antes da correção definitiva do processo obstrutivo. Abscesso intrarrenal e perinefrético: O abscesso pode ser intrarrenal, localizando-se no próprio parênquima, sem ultrapassar a cápsula renal ou perinefrético, quando se estende para a gordura perirrenal. Ambos são mais comuns em pacientes diabéticos e quando há obstrução urinária associada. O que ocorre é uma pielonefrite sem melhora após 48-72 horas do início da antibioticoterapia. O diagnóstico deve ser pesquisado por USG ou TC com contraste venoso. Necrose de papila renal: Ocorrem geralmente em pacientes com diabetes, obstrução urinária, usuários de AINES. O quadro clínico típico caracteriza-se pela hematúria macroscópica e obstrução ureteral. Pielonefrite enfisematosa: É uma entidade rara, ocorrendo geralmente em diabéticos. Caracteriza-se pelo início súbito de uma pielonefrite grave, 2 Luana Mascarenhas Couto 18.2- EBMSP que evolui para sepse. Há extensa necrose com formação de gás na loja renal, que pode ser visto pela radiografia simples de abdome. Pielonefrite crônica: A pielonefrite bacteriana de repetição, mesmo que oligossintomática leva a um processo de atrofia do parênquima renal, o que podemos chamar de pielonefrite crônica. O maior fator de risco é a presença de refluxo vesicoureteral. Pielonefrite xantogranulomatosa: Representa uma evolução incomum da pielonefrite, marcada pelo desenvolvimento de um processo inflamatório peculiar, o que se estabelece por conta uma resposta imune anormal à infecção. Geralmente costuma ser unilateral, e o rim está tipicamente aumentado (fazendo efeito de massa e simulando uma neoplasia), contendo muitas vezes cálculos nas áreas de lesão. A queixa mais comum é dor lombar, associada à febre, queda do estado geral e perda de peso. Ao exame físico costuma revelar massa abdominal palpável. O diagnóstico é definido pela tomografia e o tratamento envolve a nefrectomia. Tratamento O tratamento da pielonefrite deve ser iniciado imediatamente. O esquema de antibióticos inicialmente deve ser empírico, enquanto se aguarda o resultado da urocultura. A duração do tratamento dura 14 dias. Os principais critérios de internação são: - Presença de hipotensão; - Vômitos intensos: fazendo necessária terapia intravenosa; - Febre com tremores: demonstrando episódios de bacteremia. Fluxograma: Inicialmente o tratamento deve ser iniciado com fluoroquinolonas sempre que: - Não pudermos contar com o gram; - O gram não revela bactérias; - Evidenciam-se bastonetes gram-negativos. Já para os pacientes com Bacterioscopia revelando gram- positivos pode-se usar Amoxicilina 500 mg, VO, 6/6 horas ou Ampicilina 1 g, IV 6/6 horas. Para os pacientes com quadros graves deve-se realizar Ampicilina + Fluoroquinolonas (Ciprofloxacino 200 mg, IV, 12/12 horas). OBS: A gestante deve ser tratada com cefalosporina de 3ª geração: ceftriaxone, cefotaxima ou Caftizoxima. A urocultura de controle após 2-4 semanas após o término da terapia é mandatória. - Se positiva: deve-se suspeitar de alguma complicando, indicando-se realizar USG renal.
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