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ADENOIDECTOMIA, AMIGDALECTOMIA E UVALOPALATOFARINGOPLASTIA INDICAÇÃO, CONTRAINDICAÇÃO, TÉCNICA CIRÚRGICA E COMPLICAÇÃO Dr. Álef Lamark Alves Bezerra REFERÊNCIAS ADENOTONSILECTOMIA • As primeiras referências da tonsilectomia datam de 1000 a.C. nos escritos hindus e de 700 a.C. por Paulus em Aegina, autor do Compêndio Médico em Sete Volumes, no qual foi descrita a enucleação das tonsilas palatinas com o dedo. • Já a primeira referência da adenoidectomia data do final do século XIX, por Meyer, cirurgião dinamarquês. ADENOTONSILECTOMIA • A indicação cirúrgica atual deste procedimento está embasada principalmente nos resultados de ensaios clínicos, complementados pelo treinamento e experiência pessoal do cirurgião. INDICAÇÕES ABSOLUTAS • Sintomas não regridem após tratamento antimicrobiano criterioso. • Hiperplasia adenotonsilar: pode ocasionar síndrome do desconforto respiratório do sono, distúrbios da deglutição e da fonação e, em longo prazo, retardo do crescimento, alterações do desenvolvimento facial e do aparelho estomatognático. SAHOS • A SAHOS (apnéia do sono) geralmente está associada a hiperplasia adenotonsilar, sendo sua fisiopatologia desencadeada pela hipoventilação. • A taxa de sucesso é variável, sendo os insucessos atribuídos à obesidade, disfunção neuromuscular palatofaríngea e sobrepeso. Respirador nasal Respirador bucal INDICAÇÕES RELATIVAS • Tonsilites de repetição: • > 7 crises em 1 ano • > 5 crises/ano em 2 anos consecutivos • > 3 crises/ano em 3 anos consecutivos • Febre > 38ºC • Linfoadenite cervical anterior bilateral, > 1,5 cm de diâmetro • Exsudato tonsilar • Teste rápido para Streptococcus pyogenes positivo INDICAÇÕES RELATIVAS • Abscesso peritonsilar • Tonsilectomia “a frio”: após o tratamento do abscesso • Tonsilectomia “a quente”: associada à drenagem INDICAÇÕES RELATIVAS • Tonsilite crônica caseosa refratária a colutórios: halitose • Tonsilite crônica + Doenças imunomediadas pelo Streptococcus pyogenes: • Reumatismo poliarticular agudo • Glomerulonefrite difusa aguda • Nefropatia imunomediada pela imunoglobulina A (de Berger) • Pustulose palmoplantar • Espondilose esternocostal INDICAÇÕES RELATIVAS • Complicações locorregionais: otite média crônica secretora, rinossinusite e laringotraqueíte recorrente. • As tonsilas faríngeas, pela sua hiperplasia e/ou infecções recorrentes, são as principais responsáveis: adenoidectomia. INDICAÇÕES RELATIVAS • Má oclusão dental: respirador bucal. • Fatores genéticos • Disfunção da musculatura mastigatória e lingual • Hiperplasia adenotonsilar • Obstrução nasal crônica CONTRAINDICAÇÕES • São relativas e devem ser corrigidas no pré-operatório. • Hematológica: • Anemia carencial (ideal: Ht > 33% e Hb >11 g/dL) • Anemia congênita (talassemia e esferocitose) • Coagulação: coagulograma e consulta com hematologista • Fissura submucosa do véu palatino: úvula bífida indica esse provável diagnóstico TÉCNICAS CIRÚRGICAS • Anestesia geral + IOT • Ondansentrona + dexametasona reduz hiperêmese no pós-operatório • Antibioticoprofilaxia DU: ceftriaxona 50 mg/kg (até 1g) e/ou cefazolina na internação TONSILA FARÍNGEA • Remoção por cureta de Beckmann + visão direta pelo afastador de Love • Não remove tonsila faríngea tubária: disfunção tubária, otite média crônica secretora e atelectasia da orelha média • A aplicação do eletrocautério bipolar proporciona vaporização de restos adenoideanos e hemostasia, no término da adenoidectomia. TONSILA FARÍNGEA • Técnica atual: controle visual direto pela telescopia + remoção pelo microdebridador. • A aspiração dos tecidos removidos impede a colheita de uma amostra representativa para o exame histopatológico. TONSILA PALATINA • Tonsilectomia extracapsular: extração das tonsilas com a cápsula • Tonsilectomia intracapsular: remove o tecido linfoide e preserva a cápsula tonsilar. TONSILECTOMIA EXTRACAPSULAR • Técnica de Sluder: utiliza-se o tonsilótomo de Sluder, que executa uma dissecção romba na loja tonsilar. TONSILECTOMIA EXTRACAPSULAR • Dissecção extracapsular auxiliada pelo eletrocautério bipolar • Via de acesso transoral com afastador de McIvor • Hiperextensão cervical de Rose: facilita acesso ao polo inferior das tonsilas • Incisão de acesso à loja tonsilar: bordo marginal mediano do pilar tonsilar anterior, em toda a sua extensão, com bisturi em foice tonsilar e/ou lâmina nº 12 • O descolador de Hurd procede à dissecção extracapsular da tonsila, do polo superior ao inferior • O eletrocautério bipolar promove a hemostasia e auxilia a dissecção extracapsular TONSILECTOMIA EXTRACAPSULAR • Dissecção extracapsular auxiliada pelo eletrocautério bipolar • O pedículo inferior é seccionado por alça fria e a tonsila palatina, removida • A hemostasia complementar de vasos sanguíneos de maior calibre é feita com pontos separados de catgute 2.0 simples • O preenchimento das lojas tonsilares com subgalato de bismuto (hemostático) é opcional TONSILECTOMIA INTRACAPSULAR • Microdebridador, bisturi bipolar de alta frequência e bisturi de alta radiofrequência pulsada. • Dor pós-operatória em menor intensidade. COMPLICAÇÕES • Mais frequentes: sangramento, dor, hiperêmese e desidratação hiponatrêmica • Sangramento imediato: até 1 dia após a cirurgia • Sangramento tardio: > 1 dia após a cirurgia (geralmente entre 5~10 dias) • Dor: exposição da loja tonsilar e neuropatia pelos nn. glossofaríngeo e vago • Criança: dipirona + AINEs • Adulto: codeína com paracetamol ou tramadol • A administração de dexametasona 0,15~1,00 mg/Kg DU facilita a alimentação COMPLICAÇÕES • Hiperêmese pode provocar desidratação hiponatrêmica: torpor, adinamia, rebaixamento das respostas reflexas motoras e PCR • Antieméticos (ondansentrona, dimenidrinato) + Protetor gástrico (IBPs) + Hidratação EV • Período de observação: hospital-dia ou internação por 1 dia • Complicações mais prevalentes: hemorragia imediata, síndrome do desconforto respiratório, hiperêmese com desidratação e desconforto da dor. • Crianças: síndrome do desconforto respiratório, hemorragia imediata e hiperêmese com desidratação. COMPLICAÇÕES • Fatores de risco: • < 3 anos • Síndrome da apneia e hipopneia obstrutiva do sono • Sobrepeso • Afecções cardiorrespiratórias • Anemias • Malformações craniofaciais • Crianças sindrômicas: observação mínima por 1 dia após a cirurgia COMPLICAÇÕES • Adenoidectomia apresenta menor taxa de complicação e é restrita a sangramento imediato nas primeiras 6 horas do pós-operatório. DESTAQUES • Técnicas com instrumentais especiais e novas tecnologias não garantem maior benefício que a técnica de dissecção tradicional. UVALOPALATOFARINGOPLASTIA • Tratamento do ronco e para SAOS • Originalmente: necessidade de remoção de mucosa e submucosa redundantes da orofaringe com preservação das camadas musculares, com redução acentuada ou amputação da úvula e deslocamento anterior do arco palatofaríngeo com suturas. • Modificação: maior ressecção palatal na linha média (técnica não prosperou). • Sensação de corpo estranho na faringe, boca seca, insuficiência velofaríngea e estenose nasofaríngea. UVALOPALATOFARINGOPLASTIA • Nova modificação: aumento da dimensão lateral da orofaringe, alterar a função de esfíncter da musculatura faríngea, aumentando a patência da nasofaringe, encurtar o palato mole nos ângulos laterais, preservando a musculatura da linha média. • Atualmente: tonsilectomia com ressecção de tecido redundante supratonsilar em palato mole, seguido de suturas com fio absorvível (Vycril 3.0) unindo os músculos palatofaríngeos, constritor superior (parede lateral) e palatoglosso. UVALOPALATOFARINGOPLASTIA • Atualmente: tonsilectomia com ressecção de tecido redundante supratonsilar em palato mole, seguido de suturas com fio absorvível (Vycril 3.0) unindo os músculos palatofaríngeos, constritor superior (parede lateral) e palatoglosso. AMIGDALECTOMIA AMPLIADA • A técnica cirúrgicautilizada nos pacientes com tonsilas hipertróficas é conservadora, pois o principal objetivo é a ampliação lateral da faringe com preservação e reposicionamento dos pilares. • Aborda-se principalmente a parede lateral da orofaringe, poupando a região do palato mole e da úvula (linha média). AMIGDALECTOMIA AMPLIADA • Amigdalectomia bilateral: incisão unciforme periamigdaliana na mucosa que recobre os músculos palatofaríngeo e palatoglosso, após tração medial da mesma, visando a máxima preservação da mucosa desta região. • Sugere-se remoção da amígdala por dissecação junto à cápsula da tonhemostasia através de cautério bipolar e pontos simples com fio vicryl rapid 3.0. AMIGDALECTOMIA AMPLIADA • É feito então o fechamento do plano muscular da loja amigdaliana, com pontos simples no sentido craniocaudal, usando o fio vicryl rapid 3.0. • Após o fechamento do plano muscular, é feita a remoção do palato “web” (membrana formada pela inserção baixa do pilar posterior da úvula), quando presente, através de bisturi elétrico ou tesoura, sendo esse o limite superior da ressecção na linha média. AMIGDALECTOMIA AMPLIADA • Segue-se então o fechamento do plano mucoso, com fio vycril rapid 3.0, com pontos simples, no sentido craniocaudal. • Caso a úvula seja considerada longa, segue a realização da uvulectomia parcial, correspondente ao terço distal da mesma. AMIGDALECTOMIA AMPLIADA • Objetivo: ampliação lateral da faringe e anteriorização do palato mole. • Antibioticoterapia: amoxicilina 50 mg/kg/d por 07 dias. • Analgesia sem opioides: paracetatmol e dipirona. • Retornos: 1, 3, 12, 18 e 24 semanas. UVALOPALATOFARINGOPLASTIA • Classificação de Friedman et al.: posição relativa entre o palato e a língua, tamanho das tonsilas palatinas e IMC. Posição do palato de Freidman Tamanho da tonsila palatina IMC (kg/m2) Sucesso Estádio I 1 ou 2 3 ou 4 < 40 80,6 % Estádio II 1 ou 2 3 ou 4 0, 1 ou 2 3 ou 4 < 40 < 40 37,9 % Estádio III 0, 1 ou 2 0, 1 ou 2 < 40 8,1 % Estádio IV Qualquer Qualquer > 40 Sem cirurgia ÍNDICE DE MALLAMPATI TAMANHO DA TONSILA PALATINA UVALOPALATOFARINGOPLASTIA • Vidigal et al. propôs mudança na classificação de Friedman, pois, em seu estudo restropectivo de 2014 ele observou sucesso com UPFP entre 75~100% dos pacientes com tonsilas palatinas grau 3 e 4, independente da posição do palato-língua e mesmo em pacientes com IMC > 40 kg/m2. • Por outro lado, a taxa de sucesso em pacientes com tonsilas normais declinou significativamente, independente da posição do palato-língua. COMPLICAÇÕES • Fatores de risco: comorbidades, gravidade da SAOS, IMC e procedimentos associados na base da língua. • Complicações: dor, dessaturação de oxiemoglobina e sangramento. • Complicações graves: obstrução da via aérea e dessaturação de oxiemoglobina (em geral, até 4 horas após a cirurgia). • Mortalidade: 0,2% em 30 dias. COMPLICAÇÕES • Incidência de sangramento pós-operatório é de 4~8%. • Dor local associada à disfagia e desidratação são comuns. • Insuficiência velofaríngea geralmente é transitória. • Outras complicações: hipotensão, infecção local, deiscência de suturas, alteração na fala, boca seca, sensação de corpo estranho na faringe e estenose nasofaríngea. COMPLICAÇÕES • Melhora sonolência e qualidade de vida. • Melhora risco cardiovascular (?) UVALOPALATOFARINGOPLASTIA • Taxa de sucesso quando indicada de forma indiscriminada: 40%. • Fatores desfavoráveis: gravidade da doença, idade, múltiplos locais de obstrução, obesidade e alterações anatômicas da maxila e mandíbula. UVALOPALATOFARINGOPLASTIA • O procedimento de uvalopalatofaringoplastia isolado, com ou sem amigdalectomia, interfere no índice de apneia e hipopneia, porém mantém a SAOS residual, principalmente se SAOS moderada acentuada. Slide 1: ADENOIDECTOMIA, AMIGDALECTOMIA E UVALOPALATOFARINGOPLASTIA Slide 2: REFERÊNCIAS Slide 3: adenotonsilectomia Slide 4: adenotonsilectomia Slide 5: INDICAÇÕES ABSOLUTAS Slide 6: SAHOS Slide 7: INDICAÇÕES RELATIVAS Slide 8: INDICAÇÕES RELATIVAS Slide 9: INDICAÇÕES RELATIVAS Slide 10: INDICAÇÕES RELATIVAS Slide 11: INDICAÇÕES RELATIVAS Slide 12: CONTRAINDICAÇÕES Slide 13: TÉCNICAS CIRÚRGICAS Slide 14: Tonsila faríngea Slide 15: Tonsila faríngea Slide 16: Tonsila PALATINA Slide 17: TONSILECTOMIA EXTRACAPSULAR Slide 18: TONSILECTOMIA EXTRACAPSULAR Slide 19: TONSILECTOMIA EXTRACAPSULAR Slide 20: TONSILECTOMIA INTRACAPSULAR Slide 21: COMPLICAÇÕES Slide 22: COMPLICAÇÕES Slide 23: COMPLICAÇÕES Slide 24: COMPLICAÇÕES Slide 25: DESTAQUES Slide 26: UVALOPALATOFARINGOPLASTIA Slide 27: UVALOPALATOFARINGOPLASTIA Slide 28: UVALOPALATOFARINGOPLASTIA Slide 29: AMIGDALECTOMIA AMPLIADA Slide 30: AMIGDALECTOMIA AMPLIADA Slide 31: AMIGDALECTOMIA AMPLIADA Slide 32: AMIGDALECTOMIA AMPLIADA Slide 33: AMIGDALECTOMIA AMPLIADA Slide 34: UVALOPALATOFARINGOPLASTIA Slide 35: ÍNDICE DE MALLAMPATi Slide 36: TAMANHO DA TONSILA PALATINA Slide 37: UVALOPALATOFARINGOPLASTIA Slide 38: COMPLICAÇÕES Slide 39: COMPLICAÇÕES Slide 40: COMPLICAÇÕES Slide 41: UVALOPALATOFARINGOPLASTIA Slide 42: UVALOPALATOFARINGOPLASTIA
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