Buscar

Resumo - Direito Penal


Continue navegando


Prévia do material em texto

Primeiro semestre de direito 
O controle social e direito penal 
O controle social é o conjunto de ações e mecanismos que visam 
regular o comportamento humano, garantir o cumprimento das 
normas e valores estabelecidos pela sociedade, bem como punir 
aqueles que descumprem as regras. O direito penal é uma das 
formas de controle social, que se utiliza da ameaça de sanções 
penais para desestimular a prática de condutas consideradas 
ilícitas e, ao mesmo tempo, promover a ressocialização do 
infrator. 
O direito penal, como forma de controle social, tem como 
finalidade proteger bens jurídicos fundamentais, tais como a vida, 
a integridade física, a liberdade, a propriedade, entre outros. Para 
alcançar esse objetivo, o direito penal prevê a aplicação de penas 
privativas de liberdade, restritivas de direitos, multas e outras 
medidas alternativas. 
No entanto, o controle social não se limita ao direito penal. Há 
outras formas de controle social, como o controle social informal 
exercido por meio da opinião pública, da família, dos grupos 
sociais, da religião, entre outros. Além disso, há também o 
controle social exercido por meio de outras áreas do direito, como 
o direito administrativo, o direito tributário, o direito ambiental, 
entre outros. 
O controle social exercido pelo direito penal deve ser pautado 
pela legalidade, proporcionalidade e humanidade, de modo a 
assegurar o respeito aos direitos fundamentais e a proteção da 
dignidade humana. Nesse sentido, é importante que o direito 
penal seja aplicado de forma seletiva e que a pena imposta seja 
adequada ao delito cometido, levando em conta as circunstâncias 
do caso concreto e as características do infrator. Além disso, é 
essencial que sejam desenvolvidas políticas públicas que 
busquem prevenir a criminalidade e promover a ressocialização 
dos infratores, de forma a reduzir a necessidade de recorrer ao 
controle social penal. 
História do direito penal 
A evolução histórica do direito penal e importantíssima para o 
julgamento correto e para a mentalidade e princípios. Desta 
forma iremos trabalhar o estudo de direito penal por períodos e 
fases. 
Período da vingança 
O período da vingança é considerado o primeiro período da 
história do direito penal. Ele ocorreu durante a Antiguidade, em 
diferentes civilizações, como a babilônica, a hebraica e a grega, 
e se estendeu até a Idade Média. 
Durante esse período, não havia um sistema formal de justiça 
criminal. A punição era realizada de forma privada e individual, 
em que a vítima ou sua família tinham o direito de buscar 
vingança contra o ofensor. As punições eram cruéis e 
desproporcionais, muitas vezes envolvendo a pena de morte, 
tortura, mutilação e banimento. 
Nesse período, o objetivo principal da punição era a vingança 
e a retaliação, em vez de proteger a sociedade ou reabilitar o 
criminoso. A ideia era que a dor e o sofrimento causados ao 
ofensor seriam uma forma de compensar a dor e o sofrimento 
causados à vítima. 
Com o tempo, esse sistema foi sendo questionado e novas 
ideias começaram a surgir. Durante a Idade Média, por 
exemplo, surgiram os tribunais de inquisição e os sistemas de 
justiça feudal, em que a punição era realizada em nome do 
rei ou da igreja, em vez da vítima. 
No entanto, foi somente com a Ilustração, no século XVIII, 
que surgiu uma crítica mais contundente ao sistema de 
punição da vingança. Pensadores como Cesare Beccaria e 
Jeremy Bentham defenderam a ideia de que a punição 
deveria ser proporcional ao crime, buscando a prevenção geral 
e a reabilitação do infrator, em vez da vingança individual. 
Esse pensamento deu origem ao período da humanização do 
direito penal, que sucedeu o período da vingança 
• ────── ✾ ────── •. 
A vingança privada foi uma forma primitiva de justiça que 
prevaleceu em muitas sociedades antigas. No sistema de 
vingança privada, a vítima ou seus parentes eram responsáveis 
por buscar vingança contra o autor do crime. A punição era, 
portanto, realizada de forma privada e individual, sem a 
intervenção do Estado. 
Esse sistema foi amplamente utilizado na Antiguidade, em 
civilizações como a babilônica, a hebraica e a grega. A ideia 
subjacente à vingança privada era que a justiça deveria ser 
aplicada pelas próprias mãos da vítima ou de seus familiares, 
sem a necessidade de um processo formal. 
As punições eram geralmente desproporcionais ao crime, 
envolvendo a pena de morte, mutilação, banimento ou outras 
formas de tortura. A vingança privada frequentemente 
resultava em ciclos de violência, em que os familiares do 
ofensor buscavam vingança contra os familiares da vítima, 
perpetuando uma espiral de violência e retaliação. 
Com o tempo, as sociedades começaram a reconhecer as 
desvantagens da vingança privada e a buscar alternativas mais 
eficazes para lidar com a criminalidade. Surgiram então os 
sistemas de justiça criminal, em que o Estado assumiu o papel 
de aplicar a lei e a justiça, em vez de deixar isso a cargo das 
vítimas. 
Embora a vingança privada tenha caído em desuso na maioria 
das sociedades modernas, ainda existem algumas 
comunidades onde essa forma de justiça continua a ser 
praticada, principalmente em áreas rurais ou em países com 
baixo nível de desenvolvimento institucional. No entanto, a 
maioria das sociedades reconhece que a vingança privada é 
uma forma primitiva e ineficaz de lidar com a criminalidade, 
e que é necessário um sistema formal de justiça criminal para 
garantir a segurança e a proteção dos cidadãos. 
• ────── ✾ ────── • 
A vingança divina é uma concepção de justiça que prevaleceu 
em muitas sociedades antigas e que ainda é encontrada em 
algumas culturas e religiões. Segundo essa concepção, a 
punição pelos crimes não é feita por seres humanos, mas sim 
por uma força divina ou sobrenatural. 
Na antiguidade, essa ideia era comum em muitas civilizações, 
como a egípcia, a grega, a romana e a hebraica. Em algumas 
religiões, como o cristianismo e o islamismo, a punição divina 
é vista como uma forma de justiça divina, em que Deus ou 
Alá é o responsável por julgar e punir os pecadores. 
Na concepção de vingança divina, a punição é vista como uma 
forma de reparação moral e religiosa, em que o criminoso é 
julgado não apenas pelos seus atos, mas também pela sua 
relação com o divino. A punição é, portanto, uma forma de 
expiação e purificação, que busca restabelecer o equilíbrio 
entre o homem e o sagrado. 
Com o tempo, a vingança divina foi sendo gradualmente 
substituída por sistemas de justiça criminal mais seculares, 
em que a punição é realizada pelo Estado e não por uma força 
divina. No entanto, a ideia de que os crimes devem ser punidos 
como uma forma de reparação moral e social ainda é comum 
em muitas sociedades, e muitas religiões continuam a pregar 
a ideia de que a punição divina é uma forma de justiça e 
reparação. 
• ────── ✾ ────── • 
A vingança pública foi uma forma de justiça criminal que 
surgiu na antiguidade e que consistia em uma punição pública 
e exemplar para os criminosos. Na vingança pública, o Estado 
era o responsável por aplicar a punição, que muitas vezes era 
realizada em público, diante de uma multidão, para 
demonstrar o poder e a autoridade do Estado e dissuadir 
outras pessoas de cometer crimes. 
Na antiguidade, a vingança pública era frequentemente 
realizada por meio de execuções, torturas e outros castigos 
físicos, muitas vezes cruéis e desumanos. A ideia subjacente 
era que a punição severa e pública era necessária para manter 
a ordem e a disciplina na sociedade. 
Com o tempo, as sociedades começaram a questionar a 
eficácia e a moralidade da vingança pública, e surgiram 
movimentos que propunham uma abordagem mais 
humanitária e reformista para a justiça criminal. Surgiram 
então os sistemas de justiça criminal modernos, baseados em 
princípios de proporcionalidade, justiça e respeito pelos 
direitos humanos. 
Hoje em dia, a vingança pública ainda existe em alguns países 
e culturas, mas é vista comouma forma primitiva e ineficaz 
de justiça, que muitas vezes leva à violência, ao sofrimento e 
à injustiça. A maioria das sociedades modernas reconhece a 
necessidade de um sistema de justiça criminal justo, 
equilibrado e baseado na lei, que proteja a sociedade e 
respeite os direitos humanos dos criminosos e das vítimas.