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Aula 1 - Jornal

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DATA 13/03/23 FAMÍLIAS E SUCESSÕES 1ª EDIÇÃO 
 
PÁGINA 1 
JORNAL ESTÁCIO 
NOÇÕES GERAIS DO DIREITO DE FAMÍLIAS E SUCESSÕES 
 
FABIANA RIKILS 
O QUE É FAMÍLIA? 
O Direito de Família é um conjunto 
de normas jurídicas (regras e 
princípios) que rege as relações 
familiares, ou seja, o vínculo (e suas 
as consequências) entre pessoas de 
uma mesma família. 
 
Entende-se por família um vínculo 
de vida comum, em que todos os 
membros se relacionam afetivamente 
para alcançar objetivos comuns, 
patrimoniais ou não. 
 
Assim, a família é vista como um 
ambiente de convivência afetiva, 
fundada em relações consanguíneas 
ou de outros tipos. 
 
 
Família 
 
 O Direito brasileiro reconhece a existência de três tipos de famílias: Família matrimonial, 
Família convivencial e Família monoparental 
Tipos de Família 
 
 
Casamento e união estável não 
se fundamentam mais na 
diversidade de sexos, ou seja, 
não são exclusivos de um 
homem com uma mulher. 
 
Admite-se a família 
homoafetiva, constituída a partir 
do casamento entre pessoas do 
mesmo sexo. A família, hoje, é 
definida para além do que 
tradicionalmente foi 
considerada, fortalecendo o 
aspecto afetivo que leva à sua 
formação e manutenção. 
 
O Direito de Família se 
fundamenta nos seguintes 
valores essenciais: 
Dignidade humana, 
Afetividade, Solidariedade, 
Boa-fé objetiva, Função 
social da família, 
Paternidade e maternidade 
responsável, Liberdade 
(autonomia) ou não 
intervenção estatal, 
Planejamento familiar, 
Pluralismo familiar, 
Monogamia, Igualdade na 
chefia familiar, Igualdade 
dos filhos e Melhor 
interesse do menor. 
DATA 13/03/23 DIA FAMÍLIAS E SUCESSÕES 1ª EDIÇÃO 
JORNAL 
ESTÁCIO 
 
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NESTA EDIÇÃO 
FILIAÇÃO RELAÇÕES DE 
PARENTESCO 
RECONHECIMENTO, 
GUARDA, TUTELA E 
CURATELA 
FILIAÇÃO 
PALAVRA-CHAVE 
Filiação Voluntária e 
Judicial 
FABIANA RIKILS 
Voluntariamente - O próprio pai reconhece 
que uma pessoa é seu filho (a). Isso pode 
acontecer no ato de registro do nascimento 
ou posteriormente, por meio de escritura 
(pública ou particular) ou testamento. 
Judicialmente - Ocorre em uma ação de 
reconhecimento de paternidade. Trata-se de 
uma investigação para averiguar se existe ou 
não a consanguinidade entre um possível pai 
e um passível filho. Se um exame de DNA, 
comprovar a paternidade, o juiz determinará 
que conste no registro do filho o nome do 
pai. Mesmo não havendo qualquer distinção 
entre filhos, existem tipos diferentes quanto 
à origem da filiação: Filiação consanguínea 
- Quando existe o vínculo biológico entre 
pais e filhos. Filiação civil ou adotiva - 
Quando os pais adotam alguém como filho. 
Não há, necessariamente, exigências de 
idade (por exemplo, que o adotado seja 
criança), bastando que exista uma diferença 
de 16 anos entre adotante e adotado. 
Filiação socioafetiva - Quando é 
constituído um forte vínculo afetivo entre 
alguém e uma pessoa que criou este alguém. 
Ocorre, na maioria das vezes, entre 
padrastos/madrastas e enteados. 
 
 
 
FABIANA RIKILS 
Filiação, na linguagem jurídica, é a 
relação de ascendência e descendência 
direta entre duas pessoas. Significa 
que alguém é pai ou mãe de um filho. 
 
Trata-se de uma relação, ou seja, um 
vínculo jurídico, além de moral. Esse 
vínculo não necessariamente se baseia 
na consanguinidade, pois pode 
decorrer de outros fatores, como a 
adoção e a afetividade, conforme o art. 
1.593 do Código Civil: “O parentesco 
é natural ou civil, conforme resulte 
de consanguinidade ou outra 
origem”. 
 
Desde a Constituição da República de 
1988, não existe mais diferença de 
tratamento entre os filhos havidos no 
casamento e os filhos havidos fora do 
casamento ou adotados. Hoje, todos 
são iguais, têm os mesmos direitos e 
recebem o mesmo tratamento. 
 
No caso da maternidade, existe o 
princípio do mater semper certa est, 
ou seja, a mãe é sempre a mulher que 
deu à luz, embora hoje as técnicas de 
reprodução assistida tenham abalado 
tal conclusão. 
 
Quanto à paternidade, existem duas 
maneiras de ser reconhecida: 
Voluntariamente e Judicialmente. 
 
 
Filiação voluntária 
 
Filiação judicial – nova certidão de 
nascimento 
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JORNAL 
ESTÁCIO 
 
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RELAÇÕES DE 
PARENTESCO 
FABIANA RIKILS 
Parentesco é uma relação jurídica baseada em 
um ancestral em comum, ou seja, é um vínculo 
entre pessoas que descendem de um mesmo 
tronco. Existem duas linhas: Linha reta - De 
acordo com o art. 1.591 do CC, são parentes em 
linha reta as pessoas que estão umas para com 
as outras na relação de ascendentes e 
descendentes. Assim, o parentesco em linha reta 
é aquele entre ascendestes e descendentes. 
Exemplo: bisavô, avô, pai, filho, neto, bisneto 
etc. Linha colateral - De acordo com o art. 
1.592 do CC, são parentes, em linha colateral ou 
transversal, as pessoas provenientes de um só 
tronco, sem descenderem uma da outra. Aqui, o 
parentesco é determinado porque esses parentes 
têm um ascendente comum. Exemplo: irmão, 
sobrinho, tio, primo, “tio-avô” etc. Se 
compararmos o parentesco a uma árvore, o 
tronco seria o parentesco em linha reta e os 
galhos o parentesco na linha colateral. 
PALAVRA-CHAVE 
3 Tipos de Relações de Parentesco 
FABIANA RIKILS 
De acordo com o art. 1.593, o parentesco é 
natural ou civil, conforme resulte de 
consanguinidade ou outra origem. Logo, existem 
3 tipos de relações de parentesco: Parentesco 
consanguíneo ou natural - Quando existe o 
vínculo biológico, ou seja, o parentesco baseado 
no sangue. Aqui, os parentes descendem 
geneticamente de um ancestral comum. 
Parentesco por afinidade - Quando se constitui 
um casamento ou uma união estável, o cônjuge e 
o companheiro se tornam parentes dos parentes 
do seu cônjuge ou companheiro. Exemplo: sogro, 
cunhado. 
 
Parentesco civil - Chamado de “parentesco de 
outra origem” é todo vínculo que não é 
parentesco consanguíneo ou por afinidade. 
Exemplos: adoção e paternidade socioafetiva. 
Dentro do parentesco, existem graus de 
proximidade e de distância usados para 
determinar o número de gerações. Esse dado é 
relevante para fins de fixação de alimentos e de 
sucessão legítima. Por exemplo, no caso de 
herança: entre os descendentes, os em grau mais 
próximo excluem os mais remotos; na classe dos 
ascendentes, o grau mais próximo exclui o mais 
remoto; se não houver cônjuge sobrevivente, 
serão chamados a suceder os colaterais até o 4º 
grau. 
Daí a importância de saber qual o grau de 
proximidade entre os parentes. 
Para calcular o grau de parentesco entre dois 
parentes, deve-se: 
1 - Encontrar o ascendente comum; 
2 - Colocar as gerações entre o parente comum e 
o parente que se quer determinar o grau; 
3 - Contar as gerações; cada geração corresponde 
a um grau. 
 
 
 
Jogo de palavras – filiação – relação de parentesco 
O parentesco na linha reta (ascendentes e descendentes) é infinito e 
ilimitado; já na linha colateral, o parentesco irá somente até o 4º grau 
(primos). Isso tem um efeito na herança, pois, de acordo com o art. 
1.839, se não houver ascendentes, descendentes e cônjuge ou 
companheiro sobrevivente, serão chamados a suceder os colaterais até 
o 4º grau. 
No caso do parentesco civil (adoção), aplicam-se as mesmas regras dos 
graus de parentesco consanguíneo, afinal, a adoção incorpora a pessoa 
à família como se fosse filho de sangue, sem discriminação. Já no caso 
do parentesco por afinidade, quando cada cônjuge ou companheiro é 
vinculado aos parentes do outro, ele se limita aos ascendentes, aos 
descendentes e aos irmãos do cônjuge ou companheiro. Ou seja, não 
atinge tios e primos. 
Com o fim da união estável ou do casamento (por morte, dissolução ou 
divórcio),o parentesco por afinidade na linha colateral (cunhados) é 
extinto; na linha reta, porém, a afinidadenão se extingue, ou seja, não 
existe “ex-sogra” e “ex-enteado”(§ 2º do art. 1.595 do Código Civil). 
Relação de parentesco 
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Reconhecimento dos filhos, guarda, tutela e curatela 
FABIANA RIKILS 
Reconhecimento de filho é o ato no qual um 
homem reconhece ser pai de uma pessoa ou, 
então, uma mulher reconhece ser mãe de uma 
pessoa. Geralmente, ocorre nos casos de 
nascimento de filhos fora do casamento. É mais 
comum na hipótese de homem reconhecer 
paternidade sobre um filho, mas também pode 
ocorrer com mães. Existem 4 tipos de 
reconhecimento de filhos: Por registro do 
nascimento - Quando pai e mãe, 
voluntariamente, se dirigem ao Cartório de 
Registro da Pessoa Natural para declarar o 
nascimento do filho e se declaram pais da 
criança para constar no registro. Por presunção 
- Existe a presunção mater semper certa est, 
pela qual mãe é aquela que gestou a criança e 
deu à luz, e a presunção pater is est, pela qual 
pressupõem-se que o pai da criança é o marido 
ou o companheiro da mãe. Por ato voluntário - 
Quando o pai ou mãe, por meio de um 
documento (escritura pública, documento 
particular ou testamento), declaram que 
reconhecem que determinada pessoa é seu filho. 
 
 
Quanto a esta hipótese, salienta-se que o filho 
havido fora do casamento ou da união estável, 
reconhecido por um dos cônjuges ou 
companheiros, não poderá residir no lar do 
casal sem o consentimento do outro cônjuge 
ou companheiro. Qualquer pessoa que tenha 
um interesse legítimo pode, judicialmente, 
tentar revogar este reconhecimento 
paternidade ou maternidade. 
Por sentença judicial - Quando há resistência 
do pai ou da mãe em reconhecer que alguém é 
seu filho e este propõe uma ação judicial na 
qual, se houver prova do vínculo genético, 
haverá a declaração em sentença da existência 
do vínculo de filiação e paternidade. Nesses 
casos, a sentença que julgar procedente a ação 
de investigação produzirá os mesmos efeitos 
do reconhecimento. Qualquer pessoa que 
tenha um interesse legítimo pode contestar a 
ação de investigação de paternidade ou 
maternidade. Em exemplo: um filho havido no 
casamento pode contestar a ação proposta por 
um suposto filho originado de caso 
extraconjugal; neste caso, um interesse que ele 
pode ter é quanto à herança. 
 
 
 
Guarda e tutela 
 
Curatela 
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Reconhecimento de um filho PODER DE FAMÍLIA 
FABIANA RIKILS 
O reconhecimento de um filho pode ser feito nos seguintes momentos: 
antes do nascimento do filho; durante a vida do filho; 
posteriormente ao falecimento do filho, somente se ele deixar 
descendentes. E quanto ao filho reconhecido, qual seu papel nesse 
processo? Existem duas respostas, dependendo da idade do filho: Filho 
maior de idade - Não pode ser reconhecido sem o seu consentimento. 
Filho menor de idade - Seu consentimento é irrelevante,porém pode 
rejeitar oreconhecimento nos quatro anosque se seguirem à sua 
maioridadeou à sua emancipação. Quanto ao reconhecimento, prevalece 
o princípio da irrevogabilidade, pelo qual o reconhecimento não pode 
ser revogado, nem mesmo por testamento. Somente judicialmente é que 
se pode anular o reconhecimento se comprovado erro, ou seja, que o 
filho reconhecido não é filho biológico daquele que o reconheceu. Mas, 
veja, irrevogabilidade é a proibição de voltar atrás no ato que 
reconheceu alguém como filho. Isso não impede, porém, uma anulação 
do ato de reconhecimento, caso se comprove que o pai que reconheceu 
foi induzido ao erro ou praticou alguma fraude. 
Poder familiar é o poder-dever que os pais têm de gerir a vida dos filhos 
menores de 18 anos. Fala-se em poder-dever porque os pais devem 
exercer esse poder, nas melhores condições para a vida do menor. Daí 
porque hoje a doutrina tem preferido se referir a este poder como 
“autoridade parental”. Assim, os pais têm direito de gerir a vida dos 
filhos menores, mas, ao mesmo tempo, têm o dever de exercer esses 
direitos. 
O poder familiar é exercido igualmente entre os pais, caso sejam ambos 
vivos.Se um é morto, o outro genitor exercerá sozinho tal poder. Assim, 
conforme o art.1.631 do Código Civil, durante o casamento e a união 
estável, compete o poder familiar aos pais; na falta ou impedimento de 
um deles, o outro o exercerá com exclusividade. 
Não confunda poder familiar e guarda. O fato de um dos pais ter a 
guarda não retira o poder familiar do outro genitor. Mesmo não tendo a 
guarda, ele permanece tendo poderes de decidir a vida do filho, 
obviamente que em conjunto com o outro genitor. 
 
Na próxima edição... 
 PODER FAMILIAR, O QUE É?

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